CONCURSO
NÍVEL MÉDIO
TÉCNICO EM REGULAÇÃO
LÍNGUA PORTUGUESA
INFORMÁTICA
ÉTICA
DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITO ADMINISTRATIVO
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Publisher
DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVA:
Essa obra foi desenvolvida para o Projeto Biblos baseado nos princípios do Millenium
Project da ONU e no Programa Biblioteca sem Fronteiras da ONG Conhecimento sem
Fronteiras, para atendimento de Projetos de Inclusão Social e os recursos obtidos pela
sua comercialização destinam-se á manutenção e expansão desses Projetos Sociais.
Ficha Catalográfica
APOSTILA ANATEL: Nível Médio – Técnico. Curitiba: Editora Sem Fronteiras, 2006.
Coleção Cadernos Digitais. Série Concurso. 595 p.
CDD 341.3513
Sumário
FASCÍCULO PÁGINA
LÍNGUA PORTUGUESA 05
INFORMÁTICA 121
ÉTICA 165
DIREITO CONSTITUCIONAL 220
DIREITO ADMINISTRATIVO 342
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 454
CADERNOS DIGITAIS
CADERNOS DIGITAIS
SÉRIE CONCURSO
FASCÍCULO
LÍNGUA
PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
COMPREENSÃO, INTERPRETAÇÃO E REESCRITURA DE TEXTOS
Interpretar significa comentar, explicar algo. Podemos dizer que interpretar um fato é dar
a ele um valor, uma importância pessoal. Para mim, o fato do Flamengo estar fazendo uma
campanha desastrosa é muito triste, para outro torcedor, do Palmeiras, isto pode ser uma
alegria!
O autor pensa em algo quando escreve o texto, nós, quando lemos o texto, podemos dar
a ele nosso valor, nossa interpretação pessoal ao texto, mas mesmo assim, ele ainda possuirá
uma idéia básica, cabe a nós também acharmos essa idéia.
Nas provas, é essa idéia que precisamos encontrar ao lermos o texto e ao responder as
questões de interpretação.
O primeiro passo para interpretar um texto, depois de lê-lo, é identificar qual o tipo de
texto que lemos.
a) Descrição
b) Narração
c) Dissertação
NARRAÇÃO: um texto é narrativo, quando ele conta um fato seja ele verdadeiro ou não
(real ou ficcional).
DISSERTAÇÃO: um texto é uma dissertação, quando discute uma idéia, defende uma
proposta. Cada tipo de texto possui uma maneira específica de ser escrito, importante dizer
que na NARRAÇÃO, aparece o texto descritivo; nas provas não aparece o texto descritivo
sozinho, ele sempre vem incluído na história.
NARRADOR: é aquele que conta a história para nós (que quando lemos somos leitores).
PERSONAGEM: é aquele ou aquela que vive a história; personagem pode ser pessoa, animal,
objeto, etc. Há a personagem protagonista, que é sempre do lado do bem; há a personagem
antagonista que é sempre personagem do mal.
ESPAÇO: o local onde acontece a história, pode ser um local que existe (real) ou não
(ficcional).
O FATO: é o motivo que deu origem à história; a história toda começou, por causa do fato.
INTRODUÇÃO: nela apresentamos nossa proposta (tese), a idéia que queremos defender.
CONCLUSÃO: aqui daremos um fecho para nossa idéia, diremos se é para agora, se nunca
poderá ser feita, apesar de ser uma boa idéia, etc.
Texto 1
O CARACOL E A PITANGA
MilIor Fernandes
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Texto 2
CLARISSA
Sei que vou encontrar lá as mesmas pessoas de sempre, que a orquestra vai tocar as
mesmas músicas e que o Dr. Penteado vai me dizer as mesmas frases. Não faz mal. Ao menos
a gente se diverte um tiquinho. Eu já ando muito triste com essas coisas que acontecem aqui
em casa. Só se fala em dinheiro, negócios e coisas tristes. Todo mundo anda com cara de
condenado. Se continua nessa vida, acabo ficando velha depressa. Assim como a tia Zezé. Um
dia desses, estive reparando bem na carinha dela. Está toda enrugada, parece um mapa
hidrográfico que temos lá no colégio. Coitadinha!
— Não pode durar muito. Que Deus a conserve com saúde! Se ela morresse, então vinha mais
tristeza e tudo ficava pior. Já estou me desviando do assunto. Pois tia Zezé foi moça e bonita.
(Dizem, está claro que não vi). Um dia mamãe me mostrou um jornal do tempo antigo, todo
amarelado e roído de traça. Trazia uma noticia que falava na prendada Srta. Maria José de
Albuquerque, uma das flores mais lindas que enfeitam os jardins de Jacareacanga. Os moços
andavam ao redor dela. Houve um que lhe dedicou um livro de sonetos. Quando mamãe me
contou isso, fiz força para não rir na cara dela, porque tive a impressão perfeita de que os
sonetos de amor eram para esta tia Zezé e não para a tia Zezé jovem do século passado.
Fiquei pensando muito na velhice. Parece mentira que uma moça pode ser bonita, viva,
inspirar versos a poetas, ter apaixonados e depois o tempo passa e essa moça vai ficando
mais velha, mais velha, até virar passa de figo: enrugada, encurvada, de cabelos brancos, sem
dentes (que horror! sem dentes!). A vida é muito engraçada. Não, a vida é muito triste. Haverá
coisa mais terrível do que a gente ser velha e lembrar de que foi moça. Ser velha e ir olhar num
espelho e ver dentro dele uma cara que é quase uma caveira? E quando vem a caduquice? A
gente anda resmungando pelos cantos, mascando fumo e se portando como criança de três
anos.
Só de escrever isso, já me sinto velha. Eu estou vendo a minha cara ali no espelho.
Graças a Deus ainda tenho dezesseis anos. Hoje o dia está muito alegre. Os passarinhos
cantam na paineira. E sábado de Aleluia e Jesus Cristo já ressuscitou. Não é pecado estar
alegre e cantar.
Ainda não fui tomar café e são nove horas. Tenho medo de descer, dar com a cara triste
de papai e ficar triste também.
Não! Preciso ir ao baile, dançar um pouco e continuar alegre. Amanhã a gente vira passa
de figo. Vamos aproveitar a vida.
1) O texto lido é:
a) narrativo
b) descritivo
c) dissertativo
d) um diálogo
e) n.d.a.
a) um livro de cabeceira.
b) um caderno onde são registrados assuntos sobre dinheiro e negócios.
c) um caderno ou álbum onde se registram fatos cotidianos da vida de uma pessoa.
d) um caderno onde se registram poemas dedicados pessoa.
e) n.d.a.
a) muito animado.
b) muito diferente dos outros.
c) muito monótono.
d) um pouco diferente dos outros.
e) n.d.a.
4) Os acontecimentos domésticos:
5) Clarissa sentia:
Texto 3
Não é nada fácil para a mãe que trabalha fora ouvir, na hora de sair, o filho chorar e pedir
para que não vá trabalhar. É um momento doloroso e traumático para a criança, que ocorre tão
logo ela comece a ter noção da mãe como indivíduo. Se for bem trabalhado, este sentimento
de culpa e perda que mãe e filho sentem tende a desaparecer com o tempo.
Hoje em dia, trabalhar fora não é só uma opção, mas também uma necessidade na vida
da mulher moderna, que ajuda no orçamento familiar e busca sua realização na sociedade. É
importante que ela entenda seus papéis e seus limites no mundo moderno. Isso a ajuda a se
relacionar com seu filho sem culpa, o que é fundamental para a criança.
1) Este é um texto:
a) Narrativo
b) Descritivo
c) Dissertativo
d) Narrativo-descritivo
e) n.d.a.
5) Qual a solução que o autor apresenta para o problema da mãe trabalhar fora?
a) Não trabalhar.
b) Trabalhar em casa, fazendo doces e salgados.
o) Não ter filhos.
d) Ter duas empregadas.
e) n.d.a.
Respostas
Texto 2 – 1) a 4) d 7) b 10) d
2) c 5) d 8) d 11) a
3) c 6) c 9) b
Texto 3 – 1) c 2) a 3) b 4) c 5) e
Obs.: Não se esqueça de que as suas respostas devem ser retiradas do texto, daquilo quem
está escrito no texto.
Para se entender melhor o domínio das relações, é preciso distinguir a língua em duas
situações: a de pensamento e a de comunicação, salientando que qualquer atividade
Iingüística está impregnada na visão do mundo que os usuários tem.
A gramática das palavras se divide em dez classes, a gramática da frase tem relações
com critérios ora morfossintáticos, dividindo a oração em termos essenciais e acessórios; ora
sintáticos, tratando da transitividade direta e/ou indireta, considerando a unidade lingüística da
frase um pouco mais complexa que a da palavra.
Veja, abaixo, a reunião dessas duas análises na oração: Elas são tão lindas.
Morfologia Sintaxe
Análise morfológica Análise sintática
(classes gramaticais) (função das palavras)
Elas - sujeito
Elas - pronome pessoal são tão lindas -
são - verbo predicado
tão - advérbio tão - adjunto
lindas - adjetivo adverbial lindas -
predicativo do sujeito
(Análise Sintática)
oração
sujeito predicado
(Análise Morfológica)
Todo texto, oral ou escrito, é produzido num determinado contexto que envolve aspectos
como quem está falando, com quem, por que, dando o sentido global do texto. E através desse
conjunto de fatores que formam a situação, a qual chamamos contexto discursivo.
TIPOLOGIA TEXTUAL
Texto
Em um cinema, um fugitivo corre desabaladamente por uma floresta fechada, fazendo zigue-zagues. Aqui
tropeça em uma raiz e cai, ali se desvia de um espinheiro, lá transpõe um paredão de pedras ciclópicas, em seguida
atravessa uma correnteza a fortes braçadas, mais adiante pula um regato e agora passa, em carreira vertiginosa, por
pequena aldeia, onde pessoas se encontram em atividades rotineiras.
Neste momento, o operador pára as máquinas e tem-se na tela o seguinte quadro: um homem (o fugitivo),
com ambos os pés no ar, as pernas abertas em larguíssima passada como quem corre, um menino com um cachorro
nos braços estendidos, o rosto contorcido pelo pranto, como quem oferece o animalzinho a uma senhora de olhar
severo que aponta uma flecha para algum ponto fora do enquadramento da tela; um rapaz troncudo puxa, por uma
corda, uma égua que se faz acompanhar de um potrinho tão inseguro quanto desajeitado; um pajé velho, acocorado
perto de uma choça, tira baforadas de um longo e primitivo cachimbo; uma velha gorda e suja dorme em uma já
bastante desfiada rede de embira fina, pendurada entre uma árvore seca, de galhos grossos e retorcidos e uma cabana
recém-construída, limpa, alta, de palhas de buriti muito bem amarradas...
Descrever é pintar um quadro, retratar um objeto, um personagem, um ambiente. O ato descritivo difere do
narrativo, fundamentalmente, por não se preocupar com a seqüência das ações, com a sucessão dos momentos,
com o desenrolar do tempo. A descrição encara um ou vários objetos, um ou vários personagens, uma ou várias
ações, em um determinado momento, em um mesmo instante e em uma mesma fração da linha cronológica. É a
foto de um instante.
A descrição pode ser estática ou dinâmica.
• A descrição dinâmica apresenta um conjunto de ações concomitantes, isto é, um conjunto de ações que
acontecem todas ao mesmo tempo, como em uma fotografia. No texto, a partir do momento em que o operador
pára as máquinas projetoras, todas as ações que se vêem na tela estão ocorrendo simultaneamente, ou seja,
estão compondo uma descrição dinâmica. Descrição porque todas as ações acontecem ao mesmo tempo,
dinâmica porque inclui ações.
Nesses exemplos, tomados do historiador norte-americano Carlton Hayes, nota-se bem que o emissor
não está tentando fazer um retrato (descrição); também não procura contar uma história (narração); sua
preocupação se firma em desenvolver um raciocínio, elaborar um pensamento, dissertar.
Quase sempre os textos, quer literários, quer científicos, não se limitam a ser puramente descritivos,
narrativos ou dissertativos. Normalmente um texto é um complexo, uma composição, uma redação, onde se
misturam aspectos descritivos com momentos narrativos e dissertativos e, para classificá-lo como narração,
descrição ou dissertação, procure observar qual o componente predominante.
Exercícios de fixação
Classifique os exercícios a seguir como predominantemente narrativos, descritivos ou dissertativos.
II. Subúrbio
O subúrbio de S. Geraldo, no ano de 192..., já misturava ao cheiro de estrebaria algum progresso.
Quanto mais fábricas se abriam nos arredores, mais o subúrbio se erguia em vida própria sem que os habitantes
pudessem dizer que a transformação os atingia. Os movimentos já se haviam congestionado e não se poderia
atravessar uma rua sem deixar-se de uma carroça que os cavalos vagarosos puxavam, enquanto um automóvel
impaciente buzinava lançando fumaça. Mesmo os crepúsculos eram agora enfumaçados e sanguinolentos. De
manhã, entre os caminhões que pediam passagem para a nova usina, transportando madeira e ferro, as cestas de
peixe se espalhavam pela calçada, vindas através da noite de centros maiores.
(LISPECTOR, Clarice. A cidade sitiada. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1982. p. 13.)
IV.
.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela Assembléia-Geral das Nações
Unidas, manteve-se silente em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais, o que era compreensível pelo
momento histórico de afirmação plena dos direitos individuais.
V.
"Depois do almoço, Leôncio montou a cavalo, percorreu as roças e cafezais, coisa que bem raras vezes
fazia, e ao descambar do Sol voltou para casa, jantou com o maior sossego e apetite, e depois foi para o salão,
onde, repoltreando-se em macio e fresco sofá, pôs-se a fumar tranqüilamente o seu havana."
VI.
"Os encantos da gentil cantora eram ainda realçados pela singeleza, e diremos quase pobreza do modesto
trajar. Um vestido de chita ordinária azulclara desenhava-lhe perfeitamente com encantadora simplicidade o porte
esbelto e a cintura delicada, e desdobrando-se-lhe em rodas amplas ondulações parecia uma nuvem, do seio da
qual se erguia a cantora como Vênus nascendo da espuma do mar, ou como um anjo surgindo dentre brumas
vaporosas."
VII.
"Só depois da chegada de Malvina, Isaura deu pela presença dos dois mancebos, que a certa distância a
contemplavam cochichando a respeito dela. Também pouco ouvia ela e nada compreendeu do rápido diálogo que
tivera lugar entre Malvina e seu marido. Apenas estes se retiraram ela também se levantou e ia sair, mas
Henrique, que ficara só, a deteve com um gesto."
VIII.
"Bois truculentos e nédias novilhas deitadas pelo gramal ruminavam tranqüilamente à sombra de altos
troncos. As aves domésticas grazinavam em torno da casa, balavam as ovelhas, e mugiam algumas vacas, que
vinham por si mesmas procurando os currais; mas não se ouvia, nem se divisava voz nem figura humana. Parecia
que ali não se achava morador algum."
(GUIMARAES, Bernardo. A escrava Isaura. 17ª ed., São Paulo, Ática, 1991.)
IX.
A demissão é um dos momentos mais difíceis na carreira de um profissional. A perda do emprego
costuma gerar uma série de conflitos internos: mágoa, revolta, incerteza em relação ao futuro e dúvidas sobre sua
capacidade. Mesmo sendo uma possibilidade concreta na vida de qualquer profissional, somos quase sempre
pegos de surpresa pela notícia.
X.
Não basta a igualdade perante a lei. É preciso igual oportunidade. E igual oportunidade implica igual
condição. Porque, se as condições não são iguais, ninguém dirá que sejam iguais as oportunidades.
XI.
"A palavra nepotismo foi cunhada na Idade Média para designar o costume imperial dos antigos papas de
transformar sobrinhos e netos em funcionários da Igreja. Meio milênio depois, tais hábitos se multiplicaram na
administração pública brasileira. Investidos em seus mandatos, os deputados de Brasília chamam a família para
assessorá-los, como se fossem levar problemas domésticos, e não os da comunidade, para o plenário."
GABARITO
I – Narrativo
II – Descritivo
III - Dissertativo-Argumentativo
IV - Dissertativo
V – Narrativo
VI – Descritivo
VII – Narrativo
VIII – Descritivo
IX – Dissertativo
X – Dissertativo
XI - Dissertativo-Informativo
PARÁFRASE
Paráfrase é o comentário amplificativo de um texto ou a explicação desenvolvida de um texto.
O maior perigo que enfrenta quem explica um texto é a paráfrase. Vamos tomar como exemplo:
"Um gosto que hoje se alcança,
Amanhã já não o vejo;
Assim nos traz a mudança
De esperança em esperança
E de desejo em desejo.
Mas em vida tão escassa
Que esperança será forte?
Fraqueza da humana sorte,
Que, quanto na vida passa,
Está receitando a morte."
(Camões)
Poderíamos, assim, continuar indefinidamente, dando voltas ao redor do texto, sem penetrar em seu
interior, sem saber o que é que realmente existe nele. Ou então, tendo em mente a forma em que o poema é
construído, poderíamos acrescentar umas observações vulgares:
" ... estes versos são muito bonitos; soam muito bem e elevam o espírito. Constituem uma décima."
Um exercício realizado assim não é uma explicação, é palavreado inútil. A paráfrase pode ser bela
quando realizada por um grande escritor ou por um bom orador.
Não devemos usar o texto como pretexto, ou seja, o comentário de um texto não deve servir de meio
para expormos certos conhecimentos que não iluminam ou esclarecem diretamente a passagem que
comentamos.
Para tornar isto claro, voltemos ao exemplo anterior. Se alguém tomasse a estrofe de Camões como
pretexto para mostrar seus conhecimentos histórico-literários poderia escrever, por exemplo, o seguinte:
"Estes versos são de Luís Vaz de Camões. Este poeta nasceu em Lisboa, em 1524. Supõe-se que
estudou em Coimbra, onde teria iniciado suas criações poéticas. Escreveu poesias líricas, peças de teatro e ‘Os
Lusíadas’, o imortal poema épico da raça lusitana..."
Quem assim procede perde-se num emaranhado de idéias secundárias, desprezando o essencial. Utiliza
o texto como pretexto, mas não o explica.
Para comentar ou explicar um texto não devemos deter-nos em dados acidentais, perdendo de vista o
que é mais importante.
Em resumo:
1°) explicar um texto não consiste em uma paráfrase do conteúdo, ou em elogios banais da estrutura.
2°) não consiste, também, num alarde de conhecimentos a propósito de uma passagem literária.
A interpretação de textos exige uma ordem, afim de que as observações não se misturem. As fases que
constituem o comentário obedecem, pois, à seguinte ordem:
Observe:
Qual destas acepções interessa ao texto, para que o entendamos? A resposta é regozijar-se.
2) LOCALIZAÇÃO DO TEXTO
Em primeiro lugar, devemos procurar saber se um determinado texto é independente ou fragmento.
Geralmente percebemos isto no primeiro contato com o texto.
Quando se tratar de um texto completo, devemos localizá-lo dentro da obra total do autor.
Quando se tratar de um fragmento, devemos localizá-lo dentro da obra total do autor e a que obra
pertence. Se não nos for dito se o texto está completo ou fragmentário, iremos considerá-lo como completo se
tiver sentido total.
3) DETERMINAÇÃO DO TEMA
O êxito da interpretação depende, em grande parte, do nosso acerto neste momento do exercício.
Procuremos fixar o conceito de tema. Isto exige atenção e reflexão. É a fase de importância capital, pois
dela depende o sucesso do trabalho, que é interpretar.
Consideremos, por exemplo, a seguinte passagem do romance "Vidas Secas", de Graciliano Ramos:
Estavam no pátio de uma fazenda sem vida. O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e também
deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono. Certamente o gado se finara e os moradores
tinham fugido.
Fabiano procurou em vão perceber um toque de chocalho. Avizinhou-se da casa, bateu, tentou forçar a
porta. Encontrando resistência, penetrou num cercadinho cheio de plantas mortas, rodeou a tapera, alcançou o
terreiro do fundo, viu um barreiro vazio, um bosque de catingueiras murchas, um pé de turco e o prolongamento
da cerca do curral. Trepou-se no mourão do canto, examinou a caatinga, onde avultavam as ossadas e o negrume
dos urubus. Desceu, empurrou a porta da cozinha. Voltou desanimado, ficou um instante no copiar, fazendo
tenção de hospedar ali a família. Mas chegando aos juazeiros, encontrou os meninos adormecidos e não quis
acordá-los. Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio roída pelo cupim,
arrancou toureiras de macambira, arrumou tudo para a fogueira.
Acreditamos que a noção de assunto é clara, pois seu uso é comum quando se faz referência ao
"assunto" de um filme ou de um romance. Um texto pequeno, como este fragmento de Graciliano Ramos, também
tem um assunto; poderíamos contá-lo da seguinte maneira:
"Fabiano estava no pátio de uma fazenda. Ao seu redor, só havia ruínas. Não havia ninguém, nem
mesmo dentro da casa. As plantas e os animais estavam mortos. Ele procurava um lugar para alojar a família.
Como a casa estava fechada, pensou em ficar por ali mesmo e resolveu acender uma fogueira."
Trata-se, como podemos verificar, de uma simples redução do citado trecho, de uma síntese daquilo que
o texto narra de maneira mais extensa. Mas, os detalhes mais importantes da narração permanecem.
Para chegarmos ao tema devemos tirar do assunto, que contamos acima, todos os detalhes e procurar a
intenção do autor ao escrever estes parágrafos.
4) DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA
Um texto literário não é um caos. O autor, ao escrever, vai compondo. Compor é colocar as partes de
um todo de tal modo que possam constituir um conjunto.
Até o menor texto - aquele que nos dão para comentar, por exemplo -, possui uma composição ou
estrutura precisa.
Os elementos da estrutura são solidários: todas as partes de um texto se relacionam entre si. E isto por
uma razão muito simples: se, num determinado texto, o autor quis expressar um tema, todas as partes que
possamos achar como integrantes daquele fragmento, estão contribuindo, forçosamente, para expressar o tema e,
portanto, relacionam-se entre si.
Para que se torne clara a explicação desta fase, fragmento é cada uma das partes que podemos
descobrir no texto.
Por outro lado, há textos tão breves e simples, que se torna difícil, ou mesmo impossível, definir sua
composição.
5) CONCLUSAO
A conclusão é um balanço de nossas observações; é, também, uma impressão pessoal.
Deve terminar com uma opinião sincera a respeito do texto: muitas vezes, nos textos que nos
apresentam, temos que elogiar, se assim exigir a sua qualidade. Outras vezes, porém, o sentido moral ou o tema
talvez não nos agradem, e devemos dizê-lo.
Não devemos, também, repetir opiniões alheias. Nunca devemos dizer: "... é um texto (ou passagem)
muito bonito"; ou: "tem muita musicalidade ...". Ainda: "... descreve muito bem e com muito bom gosto", etc.
Podemos, então, rematar a conclusão do exame do texto de Graciliano Ramos, da seguinte maneira:
"O autor atinge plenamente seus fins através da expressão elaborada, que se condensa, despindo-se de
acessórios inúteis, numa plena adequação ao tema. Sem sentimentalismo algum, toca a sensibilidade do leitor,
através do depoimento incisivo e trágico da condição sub-humana em que se acham aquelas criaturas, que
escapam de sua posição de meras personagens de uma obra de ficção para alçarem-se em protagonistas do
drama social e humano que se desenrola no Nordeste brasileiro”.
Em essência, este é o método de comentário de textos. É preciso que tudo o que foi exposto seja
compreendido e fixado para que se torne possível a perfeita assimilação das normas do método.
PERÍFRASE
É o rodeio de palavras ou a frase que substitui o nome comum do próprio. Na perífrase sempre se
destaca algum atributo do ser. Exemplos:
! Visitei a Cidade Maravilhosa. (= Rio de Janeiro)
! O astro rei brilha para todos. (= Sol)
! O Rei do Futebol será homenageado em Paris. (= Pelé)
SÍNTESE E RESUMO
1) O QUE É UM TEXTO LITERÁRIO
Um texto literário pode ser uma obra completa (um romance, um drama, um conto, um poema ... ), ou um
trecho de uma obra.
De modo geral, os textos dados para comentário e interpretação devem ser breves; por isso, salvo
quando se trata de uma poesia curta, costumam ser fragmentos de obras literárias mais extensas. Atualmente,
crônicas e artigos de jornais e revistas costumam ser tomados para estudo e explicação.
2) COMENTANDO UM TEXTO
Embora não se trate de uma tarefa demasiado difícil, comentar um texto consiste em ir raciocinando,
passo a passo, sobre o porquê daquilo que o autor escreveu. Isto pode ser feito com maior ou menor
profundidade. Temos que ir dando conta, ao mesmo tempo, daquilo que um autor diz e de como o diz.
O comentário de textos exige uma ordem, a fim de que as observações não se misturem; são fases que
obedecem à seguinte ordem:
a) LEITURA ATENTA DO TEXTO
A leitura atenta do texto, que nos levará à sua compreensão. Para isto é preciso ler devagar e
compreender todas as palavras; requer, portanto, o uso constante do dicionário, o que nos proporciona
conhecimentos que serão úteis em certas ocasiões, tais como provas e exames, quando já não será possível
recorrer a nenhuma fonte de consulta.
Ao consultar o dicionário, temos que ficar atentos aos vários sinônimos de uma palavra e verificar
somente a acepção que se adapta ao texto.
b) DETERMINAÇÃO DO TEMA
O êxito da interpretação depende, em grande parte, do nosso acerto neste momento do estudo.
Procuremos fixar o conceito de tema. Isto exige atenção e reflexão.
É a fase de importância capital, pois dela depende o sucesso do trabalho, que é interpretar.
O tema deve ter duas características importantes: clareza e brevidade. Se tivermos que usar muitas
palavras para definir o tema, é quase certo que estamos enganados e que não chegamos, ainda, a penetrar no
âmago do texto.
O núcleo fundamental do tema poderá, geralmente, ser expresso por meio de uma palavra abstrata,
acompanhada de complementos.
3) TEMA E ASSUNTO
Acreditamos que a noção de assunto é clara, pois seu uso é comum quando se faz referência ao
"assunto" de um filme ou de um romance.
Consideremos, por exemplo, a seguinte passagem do romance "Vidas Secas", de Graciliano Ramos:
"Estavam no pátio de uma fazenda sem vida. O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e
também deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono. Certamente o gado se finara e os
moradores tinham fugido.
Fabiano procurou em vão perceber um toque de chocalho. Avizinhou-se da casa, bateu, tentou forçara
porta. Encontrando resistência, penetrou num cercadinho cheio de plantas mortas, rodeou a tapera, alcançou o
terreiro do fundo, viu um barreiro vazio, um bosque de catingueiras murchas, um pé de turco e o prolongamento
da cerca do curral. Trepou-se no mourão do canto, examinou a caatinga, onde avultavam as ossadas e o negrume
dos urubus. Desceu, empurrou a porta da cozinha. Voltou desanimado, ficou um instante no copiar, fazendo
tenção de hospedar ali a família. Mas chegando aos juazeiros, encontrou os meninos adormecidos e não quis
acorda-los. Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio roída pelo cupim,
arrancou touceiras de macambira, arrumou tudo para a fogueira."
Um texto pequeno como o fragmento acima tem um assunto, que pode ser contado da seguinte maneira:
"Fabiano estava no pátio de uma fazenda. Ao seu redor, só havia ruínas. Não havia ninguém, nem
mesmo dentro da casa. As plantas e os animais estavam mortos. Ele procurava um lugar para alojar a família.
Como a casa estava fechada, pensou em ficar ali mesmo e acendeu uma fogueira."
Trata-se de uma simples redução do citado trecho, de uma síntese, um resumo daquilo que o texto
narra de maneira mais extensa. Mas, os detalhes mais importantes da narração permanecem.
Portanto, para chegarmos ao tema de um texto, devemos tirar do assunto todos os detalhes e procurar a
intenção do autor ao escrever. No segmento apresentado, a célula germinal (o tema) é a inutilidade da ação do
homem, subjugado pelo flagelo implacável da seca.
É uma definição clara, breve e precisa do tema, sem sobra ou falta de elementos.
Quando resumimos um texto, seja ele fragmentário ou completo, retiramos dele tudo o que é essencial
ao seu entendimento, "desprezando" aquilo que é supérfluo, para não ficarmos girando ao redor do texto e incidir
em paráfrase, que é um comentário amplificativo, ao contrário do resumo. Veja:
A SANTA INÊS
Cordeirinha linda
Como folga o povo
Porque vossa vinda
Lhe dá lume novo!
Cordeirinha santa,
De lesu querida,
Vossa santa vinda
O diabo espanta.
Por isso vos canta,
Com prazer o povo,
Porque vossa vinda
Lhe dá lume novo.
Virginal cabeça
Pola fé cortada,
Com vossa chegada,
Já ninguém pereça.
Vinde mui depressa
Ajudar o povo,
Pois com vossa vinda
Lhe dais lume novo.
(Anchieta)
Se, numa prova, nos pedissem para explicar resumidamente o sentido destes versos, responderíamos:
"O poeta comunica-nos a alegria que todos sentem por causa da vinda da mártir Santa Inês, ou porque
necessitam do auxílio divino para manter a fé, segundo o ponto de vista do poeta catequista, ou porque é uma
ocasião festiva."
Como isto pudesse parecer insuficiente, acrescentaríamos alguns detalhes que justificassem as
afirmações:
“Mesmo falando da culpa do homem, do martírio de Santa Inês ou suplicando os benefícios da santa, o
sentimento preponderante é a alegria, pois a fé profunda traz a certeza de que os bens almejados serão obtidos.
O martírio é encarado como a causa da glorificação da Santa, cuja cabeça resplandecente simboliza as graças
que iluminam as almas”.
Para finalizar, devemos ter em mente que as provas em concurso são, na maioria das vezes, em forma
de testes; assim, escolha a alternativa que melhor resuma o texto. É claro que este resumo deve conter o tema.
Indique, entre as alternativas a seguir, a que poderia substituir a palavra grifada sem alteração do sentido da
frase):
a) bonita
b) formosa
c) harmoniosa
d) coerente
e) distinta
A alternativa que melhor se adequa à questão é a letra e, pois eminente tem como sinônimos, no
dicionário, distinta, elevada, alta, superior.
2) Se a palavra está sendo usada fora do seu verdadeiro significado, deve-se escolher a alternativa que melhor se
ASSOCIA a essa significação. Por exemplo:
! Todos tinham conhecimento, no bairro, de que Joãozinho morria de amores por Mariazinha.
a) finava-se
b) matava-se
c) gostava
d) falecia
e) chorava
A resposta seria, naturalmente, a letra c, pois gostava é a palavra que se associa a morria de amores,
embora as letras a, b, c, d e e pudessem servir de sinônimos à expressão grifada.
- compreender sintagmas:
! boa cara (boa aparência) ! maleta cara (=de alto preço)
- compreender frases:
! Procuro a chave do carro.
! Procuro a chave da porta.
A coesão de um texto deve-se a uma série de elementos que permitem os encadeamentos lingüísticos, à
maneira como são ligados os elementos fonéticos, gramaticais, semânticos e discursivos do texto. Veja o
exemplo:
O emprego do pronome estabelece uma coesão, pois o sujeito já havia sido expresso.
Entre os elementos que permitem a coesão textual estão:
- o emprego adequado dos artigos, pronomes, conjunções, preposições;
- o emprego adequado dos tempos e modos;
- as construções por coordenação e subordinação;
- a presença do discurso direto, indireto ou indireto livre;
- o conjunto do vocabulário distribuído no texto (coesão semântica) etc.
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
A B C
Podemos observar que esse período é formado por três orações : A, B, C, as quais são, do ponto de vista
sintático, independentes, isto é, nenhuma exerce função sintática em relação a outra, e por isso são
denominadas Orações Coordenadas.
Como já foi dito, as orações coordenadas podem ou não vir introduzidas por conjunções coordenativas;
daí sua classificação em:
1) orações coordenadas assindéticas: não são introduzidas por conjunções coordenativas.
! Caiu, levantou, sumiu.
Observação: As orações coordenadas assindéticas, por não virem introduzidas por conjunção, devem ser
sempre separadas por vírgula.
2) orações coordenadas sindéticas: são introduzidas por uma das conjunções coordenativas. As orações
coordenadas sindéticas classificam-se de acordo com a conjunção que as introduz.
Adversativas - exprimem oposição, contraste, compensação de pensamentos: mas, porém, todavia, contudo,
entretanto, no entanto, etc.
! Os operários da construção civil trabalham muito, mas ganham pouco.
! Não fomos campeões, todavia exibimos o melhor futebol.
Alternativas - exprimem escolha de pensamentos: ou, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer, seja ... seja
! Você fica ou vai conosco?
! Ou você vem conosco, ou fica em casa sozinho!
Conclusivas - exprimem conclusão de pensamento: portanto, logo, por isso, por conseguinte, pois (depois do
verbo), assim.
! Choveu muito, portanto a colheita está garantida.
! Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
EXERCÍCIOS
1) Classifique as orações coordenadas grifadas, usando o código:
1. oração coordenada assindética
2. oração coordenada sindética aditiva
3. oração coordenada sindética adversativa
4. oração coordenada sindética alternativa
5. oração coordenada sindética explicativa
6. oração coordenada sindética conclusiva
( ) O lábio de Jandira emudeceu, mas o coração soluçou.
( ) Ou fique, ou saia, mas nunca volte.
( ) Levante-se, que é tarde.
( ) Ataliba saiu, todavia voltou rápido.
( ) Uns morrem, outros, porém, nascerão.
( ) Ele é rico, e não papa suas dívidas.
( ) Estudo muito, logo devo passar no concurso
( ) O adulador tem o mel na boca e o fel no coração.
( ) Não desanime, pois a vida é luta.
( ) Trabalha e estuda.
( ) O filho de Ataliba caiu da escada rolante, mas não se machucou.
( ) Cheguei, empurrei a porta, entrei.
( ) Os livros não só instruem, mas também educam.
( ) Não só estudo mas ainda trabalho na loja do Rubinho.
( ) A razão ordena, o coração pede.
( ) Não diga nada que ele poderá desconfiar de nós dois.
( ) O doente sofria muito, mas não se queixava.
( ) Fabiano desceu as escadas e foi ao curral das cabras.
( ) Trabalho muito, no entanto, não tenho dinheiro.
( ) Beduíno herdou uma casa e ganhou na loteria esportiva.
9) No período: Todos os médicos a quem contei as moléstias dele foram unânimes, em que a morte era certa e só
se admiravam de ter resistido a tanto tempo, ocorre(m):
a) uma oração coordenada aditiva
b) duas orações coordenadas aditivas
c) duas orações coordenadas, uma assindética e outra aditiva.
d) três orações coordenadas.
e) n.d.a
RESPOSTAS:
1) 3 / 4 / 5 / 3 / 3 / 3 / 6 / 2 / 5 / 2 / 3 / 1 / 2 / 2 / 1 / 5 / 3 / 2 / 3 / 2
2) a 3) b 4) a 5) d 6) a 7) e 8) e 9) e
10) a) Oração Coordenada Adversativa
b) Oração Coordenada Aditiva
c) Oração Coordenada Conclusiva
d) Oração Coordenada Alternativa
e) Oração Coordenada Adversativa
f) Oração Coordenada Explicativa
Em "a", temos um período simples, em que sua chegada exerce a função sintática de objeto direto, cujo
núcleo é o substantivo chegada.
Em "b", temos um período composto formado por duas orações - Espero e que você chegue. Observe
que a oração que você chegue está funcionando como objeto direto do verbo Espero.
De acordo com a função sintática que exercem, as orações subordinadas substantivas classificam-se em:
1) subjetivas: exercem a função sintática de sujeito do verbo da oração principal.
Oração oração subordinada
principal substantiva subjetiva
Pode-se observar que nesse tipo de oração, o verbo da oração principal estará sempre na terceira
pessoa do singular, e a oração principal não terá sujeito nela mesma, já que o sujeito dela é a oração
subordinada.
2) objetivas diretas: exercem a função sintática de objeto direto do verbo da oração principal.
Oração oração subordinada
principal substantiva objetiva direta
3) objetivas indiretas: exercem a função sintática de objeto indireto do verbo da oração principal.
Oração oração subordinada
principal substantiva objetiva indireta
5) completivas nominais: exercem a função sintática de complemento nominal de um nome da oração principal.
Oração oração subordinada
principal substantiva completiva nominal
Observação: As orações subordinadas substantivas são normalmente introduzidas por uma das conjun-
ções integrantes: que e se. Nada impede, porém, que sejam introduzidas por outras palavras, conforme
abaixo:
Oração principal oração subordinada substantiva
EXERCÍCIOS
1) Na frase: Suponho que nunca teria visto um macaco, a subordinada é:
a) substantiva objetiva direta
b) substantiva completiva nominal
c) substantiva predicativa
d) substantiva apositiva
e) substantiva subjetiva
2) Pode-se dizer que a tarefa crítica é puramente formal. Nesse enunciado, temos uma oração destacada que é:
a) substantiva objetiva direta
b) substantiva predicativa
c) substantiva subjetiva
d) substantiva objetiva predicativa
e) n.d.a
5) Marque a opção com os nomes das orações grifadas: Digo que tens receio de que ele morra.
a) subjetiva e objetiva direta
b) objetiva indireta e objetiva direta
c) adjetiva restritiva e adjetiva explicativa
d) objetiva direta e completiva nominal
e) subjetiva e objetiva indireta
6) Aponte a opção com o nome da oração grifada: Cumpre que todos se esforcem.
a) objetiva direta
b) objetiva indireta
c) subjetiva
d) predicativa
e) completiva nominal
b) predicativa
c) objetiva direta
d) completiva nominal
e) subjetiva
8) No período: D. Mariquinha mandou o aviso de que já estava na mesa a ceiazinha, a oração grifada é:
a) completiva nominal d) predicativa
b) objetiva indireta e) subjetiva
c) objetiva direta
9) Nos períodos: É bom que você venha; e Não esqueça que sua presença é importante; as orações grifadas são,
respectivamente:
a) predicativa e objetiva direta
b) subjetiva e objetiva direta
c) predicativa e objetiva indireta
d) subjetiva e subjetiva
e) completiva nominal e predicativa
RESPOSTAS
1) a 3) a 5) d 7) a 9) b
2) c 4) b 6) c 8) a
12) 1. a 3. a 5. b 7. c
2. e 4. e 6. f 8. c
b) EXPLICATIVAS - Explicam, isto é, realçam a significação do nome a que se referem, acrescentandolhe uma
característica que já lhe é própria. São marcadas na fala por forte pausa, o que, na escrita, significa que serão
separadas por vírgula.
Machado de Assis, que escreveu Dom Casmurro, fundou a Academia Brasileira de Letras.
EXERCÍCIOS
1) Transforme os termos grifados em orações adjetivas:
a) Ela tem um olhar fascinante.
b) Há insetos transmissores de doenças.
c) Aquele vendedor irritante me deixou nervosa.
d) A mãe preocupada saiu à procura da filha.
e) Aquela senhora simpática e alegre mora na casa ao lado.
a) ______________________________________
b) ______________________________________
c) ______________________________________
d) ______________________________________
e) ______________________________________
2) O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom (...). A oração
destacada é:
a) subordinada adjetiva explicativa
b) subordinada substantiva apositiva
c) subordinada substantiva completiva nominal
d) subordinada adjetiva restritiva
e) subordinada substantiva objetiva direta
3) Não compreendíamos a razão por que o ladrão não montava a cavalo. A oração destacada é:
a) subordinada adjetiva restritiva
b) subordinada adjetiva explicativa
c) subordinada adverbial causal
d) subordinada adverbial final
e) subordinada substantiva completiva nominal
RESPOSTAS
1) a) Ela tem um olhar que fascina.
b) Há insetos que transmitem doenças.
c) Aquele vendedor que é irritante me deixou nervosa.
d) A mãe que estava preocupada saiu à procura da filha.
e) Aquela senhora que é simpática e alegre mora na casa ao lado.
2) d - 3) a
4) 1. E 3. R 5. R 7. E 9. R
2. R 4. E 6. R 8. E 10. E
5) (1) (2) (2) (1)
Em "a", temos uma única oração, portanto um período simples, em que o termo destacado, um advérbio,
exerce a função sintática de adjunto adverbial.
Já em "b", temos duas orações (Chegamos e quando ainda era cedo). Trata-se, portanto, de um período
composto. Observe que, nesse exemplo, a função sintática de adjunto adverbial não é mais exercida por um
simples advérbio, mas por uma oração inteira. A essa oração que exerce a função de adjunto adverbial em
relação a uma outra oração, chamada principal, damos o nome de:
oração: porque apresenta verbo.
subordinada: porque exerce uma função sintática em relação a outra oração.
adverbial: porque exerce a função sintática de adjunto adverbial, função própria do advérbio.
EXERCÍCIOS
1) Classifique as orações subordinadas adverbiais grifadas, usando o código:
1. causal 6. consecutiva
2. temporal 7. proporcional
3. condicional 8. comparativa
4. concessiva 9. Conformativa
5. final
3) No período "Bentinho estaria metido no seminário, para não mais se encontrar com Capitu”, a oração adverbial
grifada é:
a) concessiva
b) final
c) comparativa
d) proporcional
e) consecutiva
4) No período: Visto que estivesse cansado, fiquei no escritório até mais tarde. A oração grifada é:
a) principal
b) subordinada adverbial causal
c) subordinada adverbial concessiva
d) subordinada adverbial temporal
e) n.d.a
5) As orações destacadas nos períodos compostos são subordinadas adverbiais. Coloque o número
correspondente à idéia que cada uma delas acrescenta à principal:
(1) tempo
(2) causa
(3) conseqüência
(4) condição
(5) finalidade
(6) proporção
RESPOSTAS
1) a) 3 d) 1 g) 8 j) 1 n) 5
b) 2 e) 4 h) 2 I) 9 o) 3
c) 1 f) 9 i) 7 m) 6
2) a
3) b
4) c
5) 5 / 5 / 4 / 6 / 1 / 2 / 1 / 3 / 2 / 4
6) causal / b
7) a
MORFOLOGIA
O estudo das palavras, quanto a sua espécie, quer dizer, a morfologia, leva em conta a natureza de cada
palavra: como se comporta, como se flexiona em gênero, número e grau. Em português, há dez categorias,
espécies de palavras, que chamamos de classe gramatical. Cada classe gramatical possui sua peculiaridade. As
classes são divididas em variáveis e invariáveis. São variáveis: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome,
verbo. As invariáveis são: advérbio, preposição, conjunção e interjeição.
SUBSTANTIVO
É a palavra que usamos para nomear os seres, os inanimados, os sentimentos, enfim, nomeia todos os
seres em geral. Os substantivos são classificados em:
a) COMUNS E PRÓPRIOS
Comuns são os substantivos que indicam todos os seres da mesma espécie.
Próprios são os substantivos que indicam exclusivamente um elemento da espécie.
Exemplos:
mãe, terra, água, respostas – comuns
João, França, Marta, Rex - próprios
b) CONCRETO E ABSTRATO
Concreto é aquele que se refere ao ser propriamente dito, ou seja, os nomes das pessoas, das ruas, das
cidades, etc.
Abstrato é aquele que se refere a qualidades (bravura, mediocridade); sentimentos (saudades, amor,
ódio); sensações (dor, fome); ações (defesa, resposta); estados (gravidez, maturidade).
Exemplos:
mulher, gato, Paulo – concretos
doença, vida, doçura - abstratos
c) PRIMITIVO E DERIVADO
Primitivo é aquele que dá origem a outras palavras da mesma família.
Derivado é aquele que foi gerado por outra palavra.
Exemplos:
Ferro, Terra, Novo- primitivos
ferreiro, subterrâneo, novidade - derivados
d) SIMPLES E COMPOSTO
Simples é aquele que possui apenas uma forma gráfica.
Composto é aquele que possui mais de uma forma gráfica.
Exemplos:
couve, alto, perna – simples
couve-flor, alto-falante, pernalonga - compostos
e) COLETIVO
Refere-se ao conjunto dos seres.
Exemplos:
bois - manada
ilhas - arquipélago
PRINCIPAIS COLETIVOS
abelhas ............................................... colméia
assembléia religiosa ........................... sínodo
astros ................................................. constelação
barcos ................................................ arriçada, frota
bois .................................................... armento, armentio
burros ................................................ burrama
cabelos .............................................. madeixa, chumaço
cabras ................................................ fato
cães ................................................... matilha
camelos ............................................. cáfila
caranguejos ....................................... mexoalha
cardeais ............................................. consistório, conclave
cebolas .............................................. réstia
cônegos ............................................. cabido
deputados .......................................... congresso, câmara
dogmas .............................................. doutrina
escritores ........................................... plêiade
espigas .............................................. atilho, ganela
feixes ................................................. farrucho, fascículo
gado .................................................. armentio
hinos ................................................. hinário
imigrantes ..............……………......... leva, colônia
irmãos ..............………………........... irmandade
javalis ..............………………............ encame
ladrões .........………………….......... quadrilha, caterva
leis .........................………………..... código
lobos ..............……………................ alcatéia
mapas ...................…………............ Atlas
montanhas ………………................. serra, cordilheira
ovelhas ..........……………................ chafardel
peixes .................……………........... cardume
porcos ...........…………....................vara
questões ............………………........ questionários
rãs ............……………….................. ranário
sábios ......……………...................... academia
sinos .............……………................. carrilhão
tolices ..............…………….............. acervo
trapos ................………………......... mancalho
tripas ....................………………...... maranho
uvas .....................…………….......... cachos
vacas .................……………............ manada
vadios .........………………................ cambada
FLEXÃO NOMINAL
O substantivo pode flexionar-se em gênero, número e grau.
A flexão em gênero é a mudança de feminino para masculino nas palavras. Essa mudança ocorre pela
desinência de gênero a; por exemplo: gato /gata.
Contudo, há ainda outras formas de flexionarmos em gênero:
a) Terminações em: esa / isa / ina / essa / iz:
maestro - maestrina
ator – atriz
visconde – viscondessa
embaixador – embaixatriz
profeta – profetisa
solteirão - solteirona
Quando os substantivos flexionam-se em gênero, dizemos que são biformes; contudo, há substantivos
que não possuem flexão de gênero, são os substantivos uniformes. Os substantivos uniformes se classificam em:
a) Epicenos - Referem-se a nomes de animais, acrescidos dos termos macho / fêmea ou outros adjetivos que
façam o mesmo efeito.
Exemplos: cobra macho / fêmea
tatu macho / fêmea
c) Comum de dois gêneros - Referem-se a pessoas; são substantivos que apresentam uma única forma.
O artigo é que distinguirá o gênero.
Exemplos: o colega l a colega o cliente l a cliente
Alguns substantivos mudam sua significação ao mudarem de gênero; eis alguns mais importantes:
o baliza (soldado) a baliza (marco)
o cabeça (chefe) a cabeça (parte do corpo)
o capital (dinheiro) a capital (cidade)
o guia (pessoa) a guia (documento)
o rádio (aparelho) a rádio (estação receptora)
o coral (grupo / cor) a coral (cobra)
o lente (professor) a lente (vidro de aumento)
Obs.: Eis alguns substantivos que muitos confundem seu gênero: o telefonema, a personagem, o diabete, o tapa,
o dó (pena), a omoplata, o suéter, o champanha, o lança-perfume, o eclipse.
Os substantivos são flexionados em número: singular e plural. O singular é marcado pela ausência do s
(desinência de número) e o plural, pela presença do s. Existem outras regras que norteiam a flexão de número.
1) O plural dos substantivos terminados em vogal ou ditongo forma-se pelo acréscimo de s ao singular.
Singular I Plural
abacaxi abacaxis
jê jês
álcali álcalis
jiló jilós
babalaô babalaôs
liceu liceus
boi bois
mão mãos
café cafés
órgão órgãos
degrau degraus
rei reis
grau graus
tiziu tizius
guaraná guaranás
troféu troféus
herói heróis
urubu urubus
Incluem-se nesta regra os substantivos terminados em vogal nasal. Como a nasalidade das vogais e, i, o
e u, em posição final, é representada graficamente por m e não se pode escrever ms, muda-se o m em n. Assim:
virgem faz no plural virgens, pudim faz pudins, tom faz tons, atum faz atuns.
Observações:
1ª) Neste grupo incluem-se os monossílabos tônicos chão, grão, mão e vôo, que fazem no plural chãos, grãos,
mãos e vôos.
2ª) Artesão, quando significa "artífice", faz no plural artesãos; no sentido de "adorno arquitetônico", o seu plural
pode ser artesãos ou artesões.
3ª) Para alguns substantivos finalizados em ão, não há ainda uma forma de plural definitivamente fixada, notando-
se, porém, na linguagem corrente, uma preferência sensível pela formação mais comum, em ões.
É o caso dos seguintes:
Singular I Plural
alãos alão - alões – alães
ermitão ermitãos- ermitões - ermitães
alazão alazões – alazães
hortelão hortelãos - hortelões
aldeãos aldeão - aldeões – aldeães
refrão refrões - refrãos
anão anãos – anões
rufião rufiães - rufiões
anciãos ancião – anciões – anciães
sultão sultões – sultãos - sultães
castelão castelãos – castelões
truão truães - truões
corrimão corrimãos – corrimões
verão verões - verãos
deão deães – deões
vilão vilãos - vilões
Observações:
1ª) Corrimão, como composto de mão, deveria apresentar apenas o plural corrimãos; a existência de corrimões
explica-se pelo esquecimento da formação original da palavra.
2ª) A lista destes plurais vacilantes poderia ser acrescida com formas como charlatões, cortesões, guardiões e
sacristãos, que coexistem com charlatães, cortesãos, guardiães e sacristães, as preferidas na língua culta.
3ª) Os substantivos terminados em r, z e n formam o plural pelo acréscimo de es ao singular.
Singular I Plural
abdômen abdômenes
feitor feitores
açúcar açúcares
líquen líquenes
cânon cânones
matiz matizes
cartaz cartazes
mulher mulheres
cruz cruzes
pilar pilares
dólmen dólmenes
vez vezes
Caráter faz no plural caracteres, com deslocamento do acento tônico e com permanência do c que
possuía de origem.
Também com deslocamento do acento é o plural dos substantivos espécimen, Júpiter e Lúcifer:
especímenes, Jupíteres e Lucíferes.
Observações:
1ª) O monossílabo cais é invariável. Cós é geralmente invariável, mas documenta-se também o plural coses.
2ª) Como os paroxítonos terminados em s, os poucos substantivos existentes finalizados em x, são invariáveis: o
tórax - os tórax, o ônix - os ônis.
Observação: Excetuam-se as palavras mal, real (moeda antiga), cônsul e seus derivados, que fazem, respectiva-
mente, males, réis, cônsules e por este, procônsules, vice-cônsules.
Observação:
a
1 ) A palavra projétil possui uma escrita variante: projetil; conseqüentemente, o plural poderá ser feito em projéteis
ou projetis.
a
2 ) A palavra réptil pode ser escrita reptil, tendo o plural em reptis.
O substantivo também flexiona-se em grau. Grau é a capacidade que o substantivo possui para indicar
palavras aumentativas, diminutivas e normais. Por exemplo: Rapaz está no grau normal; para indicarmos o
aumentativo, dizemos Rapagão; para indicarmos o diminutivo, dizemos Rapazinho.
O aumentativo e o diminutivo são feitos acrescentando-se sufixos ou através de certas expressões, tais
como: grande, pequeno, etc.
Quando fazemos o aumentativo / diminutivo com o auxílio dos sufixos, dizemos que é sintético; quando
fazemos com os adjetivos, dizemos que é analítico. Exemplos:
! A casa grande foi vendida. (aumentativo analítico)
! A casa pequena foi vendida. (diminutivo analítico)
! O casarão foi vendido. (aumentativo sintético)
! A casinha foi vendida. (diminutivo sintético)
Diminutivo Analítico:
! A criança habitava a pequena aldeia indígena.
! Pegaram as pequenas pedras do caminho.
Diminutivo Sintético:
! A criança habitava a aldeota indígena.
! Pegaram os pedriscos do caminho.
EXERCÍCIOS
1) Dê o plural de:
a) cirurgião-dentista !
b) livre-pensador !
c) porta-retrato !
d) água-marinha !
e) grão-duque !
f) abaixo-assinado !
g) quinta-feira !
h) abelha-mestra !
i) alto-falante !
6) Passando os substantivos em destaque na frase: "O indiozinho queria comprar botão e papel." para o
diminutivo plural, tem-se como resultado:
a) botãozinhos e papelzinhos
b) botõesinhos e papelzinhos
c) botãozinhos e papeizinhos
d) botõezinhos e papeizinhos
e) botõezinhos e papelzinhos
RESPOSTAS:
1) a) cirurgiões-dentistas ou cirurgiães-dentistas;
b) livres-pensadores;
c) porta-retratos;
d) águas-marinhas;
e) grão-duques;
f) abaixo-assinados;
g) quintas-feiras;
h) abelhas-mestras;
i) alto-falantes;
2) d - 4) d - 6) d
3) b - 5) e
ADJETIVO
1. CLASSIFICAÇÃO SEMÂNTICA
1. Restritivo
Não pode ser aplicado a todos os seres da mesma espécie.
! Aluno inteligente. Mulher sincera. Homem fiel. Cidade limpa.
2. CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURAL
1. Simples (um só radical): lindo, elegante, bom, verde, claro.
Exceções:
1. Cores, indicadas com auxílio de substantivo, ficam invariáveis:
Vestido rosa ! Vestidos rosa.
Blusa gelo ! Blusas gelo.
Bandeira azul-turquesa ! Bandeiras azul-turquesa.
Terno cinza-chumbo ! Ternos cinza-chumbo.
4. GRAU DO ADJETIVO
1. COMPARATIVO
a) de igualdade (tão/tanto ... como/quanto)
! Os alunos eram tão dedicados como/quanto os mestres.
! Os alunos eram tão dedicados como/quanto inteligentes.
2. SUPERLATIVO
a) relativo de inferioridade (o menos ... de)
! Seu chute era o menos confiável do time.
! Modelos magríssimos.
Observação:
Usam-se as formas mais bom, mais mau, mais grande e mais pequeno, quando se comparam qualidades do
mesmo ser:
! Aquele aluno é mais bom que inteligente. Esta sala é mais grande do que confortável.
Múltipla escolha
11. Assinale a opção em que se empregam adjetivos.
a) "Então é feriado, raciocina o escriturário."
b) "É, não é, e o dia se passou na dureza."
c) "Nossas repartições atingiram tal grau de dinamismo e fragor."
d) "Para que os restantes possam, na clama, produzir um bocadinho."
e) "Para afastar os servidores menos diligentes e os mais futebolísticos."
12. Dentre as frases seguintes, marque a que apresenta um nome no grau superlativo absoluto analítico. a) Esta
frase congregou em torno de João Pina a gente mais resoluta da vila.
b) Este fato é um documento altamente honroso para a sociedade do tempo.
c) Compreendeu que a sua perda era irremediável, se não desse um grande golpe.
d) Os cérebros bem organizados que ele acabava de curar eram tão desequilibrados como os outros.
e) D. Evarista, contentíssima com a glória do marido, vestira-se luxuosamente.
GABARITO
1.F 4.F 7.V 10.F 13.A
2.V 5.F 8.V 11.E 14.B
3.F 6.F 9.V 12.B 15.E
ARTIGO
Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para determiná-los, indicando, ao mesmo tempo,
gênero e número.
Dividem-se os artigos em: definidos: o, a, os, as e indefinidos: um, uma, uns, umas.
Os definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular:
! Viajei com o médico.
Os indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso, geral:
! Viajei com um médico.
7ª) Em um / num.
Os artigos definidos e indefinidos contraem-se com preposições:
de + o= do, de + a= da, etc.
As formas de + um e em + um podem-se usar contraídas (dum e num) ou separadas (de um, em um).
! Estava em uma cidade grande. Estava numa cidade grande.
EXERCÍCIOS
1) Procure e assinale a única alternativa em que há erro, quanto ao problema do emprego do artigo.
a) Nem todas as opiniões são valiosas.
b) Disse-me que conhece todo o Brasil.
c) Leu todos os dez romances do escritor.
d) Andou por todo Portugal.
e) Todas cinco, menos uma, estão corretas.
2) Nas frases que seguem, há um artigo (definido ou indefinido) grifado. Indique o seu valor, de acordo com o
código que segue:
1 - O artigo está especificando o substantivo.
2 - O artigo está generalizando o substantivo.
3 - O artigo está intensificando o substantivo.
4 - O artigo está designando a espécie toda do substantivo.
5 - O artigo está conferindo maior familiaridade ao substantivo.
6 - O artigo está designando quantidade aproximada.
3) Coloque o artigo nos espaços vazios conforme o termo subseqüente o aceite ou não. Quando necessário, faça
a contração da preposição com o artigo.
a) Afinal, estamos em .......................... Brasil ou em ...................... Portugal?
b) Viajamos para .............. Estados Unidos, fora isso nunca saímos de .............. casa.
c) Todos .............. casos estão sob controle.
d) Toda .............. família estrangeira que vem para o Brasil procura logo seus parentes.
e) Todos .............. vinte jogadores estão gripados.
f) Todos .............. quatro saíram.
RESPOSTAS:
1) d
2) a) 5 c) 3 e) 2
b) 4 d) 1 f) 6
3) a) no; - c) os e) os
b) os; d) - f) -
NUMERAL
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
1ª) Na designação de papas, reis, séculos, capítulos, tomos ou partes de obras, usam-se os ordinais para a série
de 1 a 10; daí em diante, usam-se os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo.
Exemplos: D. Pedro II (segundo), Luís XV (quinze), D. João VI (sexto), João XXIII (vinte e três), Pio X (décimo),
Capítulo XX (vinte).
3ª) Na numeração de artigos, leis, decretos, portarias e outros textos legais, usa-se o ordinal até 9 e daí em diante
o cardinal.
Exemplos: artigo 1° (primeiro), artigo 12 (doze).
4ª) Aos numerais que designam um conjunto determinado de seres dá-se o nome de numerais coletivos.
Exemplos: dúzia, centena.
5ª) A leitura e escrita por extenso dos cardinais compostos deve ser feita da seguinte forma:
a) Se houver dois ou três algarismos, coloca-se a conjunção e entre eles.
Exemplos: 94 = noventa e quatro ; 743 = setecentos e quarenta e três.
b) Se houver quatro algarismos, omite-se a conjunção e entre o primeiro algarismo e os demais (isto é,
entre o milhar e a centena). Exemplo: 2438 = dois mil quatrocentos e trinta e oito.
Obs.: Se a centena começar por zero, o emprego do e é obrigatório.
5062 = cinco mil e sessenta e dois.
Será também obrigatório o emprego do e se a centena terminar por zeros.
2300 = dois mil e trezentos.
c) Se Houver vários grupos de três algarismos, omite-se o e entre cada um dos grupos.
5 450 126 230 = cinco bilhões quatrocentos e cinqüenta milhões, cento e vinte e seis mil duzentos e trinta.
EXERCÍCIOS
1) O ordinal trecentésimo setuagésimo corresponde a:
a) 37 b) 360 c) 370
6) Assinale os itens em que a correspondência cardinal / ordinal está incorreta; em seguida, faça a devida
correção.
a) 907 = nongentésimo sétimo
b) 650 = seiscentésimo qüingentésimo
c) 84 = octingentésimo quadragésimo
d) 321 = trigésimo vigésimo primeiro
e) 750 = setingentésimo qüinquagésimo
RESPOSTAS:
1) c 2) b 3) b 4) c 5) d
6) b (seiscentésimo qüinquagésimo)
c) (octogésimo quarto)
d) (trecentésimo)
PRONOMES
1. PRONOMES PESSOAIS
EMPREGO E FORMAS DE TRATAMENTO
Designam as pessoas gramaticais:
Classificação:
Retos Oblíquos
- sujeito - outras funções - observações
Eu me, mim, comigo 1. Os pronomes eu e tu são normalmente
pronomes retos.
Tu te, ti, contigo
Ele se, si, o/a, lhe,
consigo
Nós nos, conosco 2. Os demais pronomes: ele, nós, vós, eles -
serão oblíquos quando em outras funções sin-
Vós vos, convosco
táticas.
Eles se, si, os/as, lhes,
consigo
b. Entre mim e ti
Os pronomes eu e tu não podem vir preposicionados.
! O namoro acabou, nada mais há entre mim e ti.
! Pesam suspeitas sobre você e mim.
2) Contigo
Pronome não-reflexivo de 2ª pessoa do singular.
! Leva contigo tuas lembranças e segredos.
3) Com você(s)
Pronome não-reflexivo de 3ª pessoa.
! Espere um pouquinho: quero falar com você.
- os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes (O.I.) combinam-se com o, a. os, as (O.D.), da seguinte forma:
me + o, a, os, as > mo, ma, mos, mas.
te + o, a, os, as > to, ta, tos, tas.
lhe + o, a, os, as > lho, lha, lhos, lhas.
nos + o, a, os, as > no-lo, no-la, no-los, no-las.
vos + o, a, os, as > vo-lo, vo-la, vo-los, vo-las.
lhes + o, a, os, as > lho, lha, lhos, lhas
! Não perdoará os crimes aos maus.
obj. direto obj. indireto
2) lhe, lhes
- objeto indireto (pessoa)
! Não façam apenas o que lhes convém.
- adjunto adnominal ou objeto indireto de posse (valor de um possessivo)
! A flecha transpassou-lhe o coração.
- complemento nominal (acompanha verbo de ligação)
! Era-lhe impossível sorrir.
Pronomes de Tratamento
Referem-se às pessoas de modo cerimonioso ou oficial.
Observação:
ª
Vossa ______ - para falar com (2 pes. gram. - o receptor)
Sua _____ - para falar de (3ª pes. gram. - o assunto)
Múltipla escolha
11. Complete as lacunas com me, eu ou mim.
1. Não há desentendimentos entre vocês e _________.
2. O plano era para _______ desistir.
3. É triste para _______ aceitar isso.
4. Já houve discussões sobre você e _________ .
5. Deixem _________ explicar o que houve.
13. Assinale a alternativa em que o pronome "lhe" pode ser adjunto adnominal.
a) ... anunciou-lhe: Amanhã partirei.
b) Ao traidor, não lhe perdoarei nunca.
c) A mãe apalpava-lhe o coração.
d) Comuniquei-lhe o fato pela manhã.
e) Sim, alguém lhe propôs o emprego.
14. De acordo com a práxis consagrada do uso dos pronomes de tratamento, assinale a alternativa correta.
a) Pela presente, enviamos a V Sª. a relação de seus débitos e solicitamos-lhe a gentileza de saldá-los com
urgência. (correspondência comercial)
b) Vossa Alteza Real, o Príncipe de Gales, virá ao Brasil para participar da ECO-92. (nota de jornal)
c) Sua Santidade pode ter a certeza de que sua presença entre nós é motivo de júbilo e, de místico fervor.
(discurso pronunciado em recepção diplomática ao Sumo Pontífice)
d) Solicito a V. Exª. dignar-vos aceitar as homenagens devidas, por justiça, a quem tanto engrandeceu a pátria.
(ofício dirigido a ministro do Supremo Tribunal)
GABARITO
1. F 4. F 7. V 10. V 13. C
2. F 5. V 8. V 11. D 14. A
3. F 6. V 9. V 12. D 15. B
2. PRONOMES POSSESSIVOS
Indicam "posse" e "possuidor", posicionam os seres em relação às pessoas gramaticais.
1ª pes. 2ª pes. 3ª pes. 1ª pes. pl. 2ª pes. pl.
meu(s) teu(s) seu(s) nosso(s) vosso(s)
minha(s) tua(s) sua(s) vossa(s) vossa(s)
c. Constitui pleonasmo vicioso usar pronome possessivo referindo-se às partes do próprio corpo:
! Estou sentindo muita dor no meu joelho.
Poderia sentir dor no joelho de outra pessoa?
PRONOMES RELATIVOS
Substituem um termo comum a duas orações, estabelecendo uma relação de subordinação entre elas.
Regência
Os pronomes relativos vêm precedidos das preposições exigidas pelos verbos das respectivas orações.
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Demonstram a posição dos seres no tempo e no espaço.
! Diálogo entre pais e filhos é difícil: estes não querem ouvir nada, e aqueles
querem falar muito.
a) o, a, os, as
! Todos diziam o que queriam. (isso, aquilo)
! Conheço o idioma latino e o grego. (idioma)
b) tal
! Jamais fiz tal assertiva. (essa, aquela)
PRONOMES INDEFINIDOS
Referem-se a verbos e a substantivos, dando-lhes sentido vago ou quantidade indeterminada.
Observação
Alguns podem pertencer a mais de uma classe gramatical:
Vocábulos Pronome indefinido Advérbio de intensidade
Muito Quando substituir ou Quando acompanhar e um modificar:
Pouco modificar substantivo - verbos
Mais - adjetivos
Menos - advérbios
Bastante
6. PRONOMES INTERROGATIVOS
Que, quem, qual e quanto, usados em frases interrogativas.
! Quem inventou a pinga?
! Que loucura é essa?
! Qual é o plano?
! Quantos candidatos foram aprovados?
b. Pergunta indireta: pronome após verbos "dicendi", como, saber, responder, informar, indagar, ver, ignorar,
etc...
! Não sei quem fez tal acusação.
! Gostaria de saber qual é seu nome.
Observação:
Outras palavras usadas em frase interrogativa, serão, com certeza, advérbios interrogativos.
! Quando começaram as provas? (adv. de tempo)
! Como tens vindo para o trabalho? (adv. de modo)
! Poderias dizer aonde queres ir? (adv. de lugar)
Falso / Verdadeiro
1. ( ) Qualquer problema o deixa abalado. Pronome indefinido adjetivo.
2. ( ) Todos foram responsáveis pelo sucesso. Pronome relativo substantivo.
3. ( ) Explique-me o que deve ser feito. Pronome demonstrativo.
4. ( ) Ela irá conosco ao desfile. Pronome pessoal reto.
5.( ) Todo concursando deve ser muito entusiasmado. Pronomes indefinidos.
6. ( ) Na cidade do México, os veículos com placas de final par circulam às segundas, quartas e sextas-feiras;
os automóveis que as placas têm final ímpar rodam às terças, quintas e sábados.
7. ( ) Contadas todas as horas onde ficam enredados no tráfego, os brasileiros perdem quatro dias a cada
ano; os americanos passam, no mínimo, dois meses por ano esperando o sinal abrir.
8. ( ) A proposta do secretário, com a qual, lamentavelmente, o prefeito não concorda, poderia solucionar os
graves problemas de congestionamento no tráfego da cidade.
9. ( ) Na reunião do conselho diretor, durante a qual foram discutidas questões fundamentais para a
reestruturação do anel viário da cidade, fechou-se um acordo com os políticos.
10. ( ) Tendo em vista a falta de soluções de longo prazo, os técnicos em engenharia de trânsito, cujos
trabalham para a prefeitura de São Paulo, estão apelando para operações de emergência.
Múltipla escolha
16. Aponte, nas séries abaixo, a construção errada que envolve pronome relativo.
a) Aquele livro ali já está vendido.
b) O filme a que assistimos é interessante.
c) Não foram poucas as pessoas que visitaste.
d) Esta foi a questão de que te esqueceste.
e) Ligando o rádio, ouvirás as canções que mais gostas.
17. Destaque a frase em que o pronome relativo e a regência foram usados corretamente.
a) É um cidadão em cuja honestidade se pode confiar.
b) Feliz o pai cujos os filhos são ajuizados.
c) Comprou uma casa maravilhosa, cuja casa lhe custou uma fortuna.
d) Preciso de um pincel delicado, sem o cujo não poderei terminar o quadro.
e)Os jovens, cujos pais conversei com eles, prometeram mudar de atitude.
20. Na frase: "Os que ficarem nesta sala saberão de algumas novidades."
Pronomes:
a) 1; b) 2; c) 3; d) 4; e) 5.
GABARITO
1. V 5. F 9. V 13. C 17. A
2. F 6. F 10. F 14. D 18. D
3. V 7. F 11. E 15. E 19. D
4. V 8. V 12. A 16. E 20. D
VERBO
Verbo é uma palavra que exprime ação, estado, fato ou fenômeno. Dentre as classes de palavras, o
verbo é a mais rica em flexões. Com efeito, o verbo possui diferentes flexões para indicar a pessoa do discurso, o
número, o tempo, o modo e a voz.
O verbo flexiona-se em número e pessoa:
Singular Plural
a
1 pessoa: eu penso nós pensamos
a
2 pessoa: tu pensas vós pensais
a
3 pessoa: ele pensa eles pensam
O Presente designa um fato ocorrido no momento em que se fala; o Pretérito, antes do momento em
que se fala; e o Futuro, após o momento em que se fala.
! Leio uma revista instrutiva. (Presente)
! Li uma revista instrutiva. (Pretérito)
! Lerei uma revista instrutiva. (Futuro)
Dados os tempos do modo indicativo, veremos, em seguida, o emprego dos mesmos e sua correlação.
PRESENTE
O presente do indicativo emprega-se:
1) Para enunciar um fato atual:
! Cai a chuva.
! O céu está limpo.
5) Para marcar um fato futuro, mas próximo; neste caso, para impedir qualquer ambigüidade, se faz acompanhar
geralmente de um adjunto adverbial:
"Outro dia eu volto, talvez depois de amanhã...”`(A. Bessa Luís)
PRETÉRITO IMPERFEITO
A própria denominação deste tempo - Pretérito Imperfeito - ensina-nos o seu valor fundamental: o de
designar um fato passado, mas não concluído (imperfeito = não perfeito, inacabado). Podemos empregá-lo
assim:
1) Quando, pelo pensamento, nos transportamos a uma época passada e descrevemos o que então era
presente:
! O calor ia aumentando e o vento despenteava meu cabelo.
2) Pelo futuro do pretérito, para denotar um fato que seria conseqüência certa e imediata de outro, que não
ocorreu, ou não poderia ocorrer:
! Se eu não fosse mulher, ia também!
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO
1) O Pretérito Mais-Que-Perfeito indica uma ação que ocorreu antes de outra já passada:
! A conversa ficara tão tediosa, que o homem se desinteressou.
FUTURO DO PRESENTE
1) O futuro do presente emprega-se para indicar fatos certos ou prováveis, posteriores ao momento em que se
fala:
! As aulas começarão depois de amanhã.
3) Como expressão de uma súplica, desejo ou ordem; neste caso, o tom de voz pode atenuar ou reforçar o caráter
imperativo:
Honrarás pai e mãe!
"Lerás porém algum dia
Meus versos, d 'alma arrancados, ... "
(G. Dias)
FUTURO DO PRETÉRITO
1) O futuro do pretérito emprega-se para designar ações posteriores à época em que se fala:
! Depois de casado, ele se transformaria em um homem de bem.
Quando nos servimos do modo indicativo, consideramos o fato expresso pelo verbo como real, certo,
seja no presente, seja no passado, seja no futuro.
Ao empregarmos o modo subjuntivo, encaramos a existência ou não existência do fato como uma coisa
incerta, duvidosa, eventual ou, mesmo, irreal. Observemos estas frases:
! Afirmo que ela estuda. (modo indicativo)
! Duvido que ela estude. (modo subjuntivo)
! Afirmei que ela estudava. (modo indicativo)
Duvidei que ela estudasse. (modo subjuntivo)
PRESENTE DO SUBJUNTIVO
Pode indicar um fato:
1) Presente:
! Não quer dizer que se conheçam os homens quando se duvida deles.
2) Futuro:
! "No dia em que não faça mais uma criança sorrir, vou vender abacaxi na feira." (A. Bessa Luís)
IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO
Pode ter o valor de:
1) Passado:
! Todos os domingos, chovesse ou fizesse sol, estava eu lá.
2) Futuro:
! Aos sábados, treinava o discurso destinado ao filho que chegasse primeiro.
3) Presente:
! Tivesses coração, terias tudo.
! Como imaginar alguém que não precisasse de nada? (= precise)
PERFEITO DO SUBJUNTIVO
Pode exprimir um fato:
1) Passado (supostamente concluído):
! Espero que você tenha encontrado aquele endereço.
MAIS-QUE-PERFEITO DO SUBJUNTIVO
Pode indicar:
1) Uma ação anterior a outra passada.
! Esperei-a um pouco, até que tivesse terminado seu jantar.
MODOS DO VERBO
Os modos indicam as diferentes maneiras de um fato se realizar. São três:
o
1 ) o Indicativo:
Exprime um fato certo, positivo: Vou hoje. Sairás cedo.
2°) o Imperativo:
Exprime ordem, proibição, conselho, pedido:
! Volte logo. Não fiquem aqui. Sede prudentes.
3°) o Subjuntivo:
Enuncia um fato possível, duvidoso, hipotético:
! É possível que chova. Se você trabalhasse...
Além desses três modos, existem as formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio, particípio), que
enunciam um fato de maneira vaga, imprecisa, impessoal.
o
1) Infinitivo: plantar, vender, ferir.
2°) Gerúndio: plantando, vendendo, ferindo.
3°) Particípio: plantado, vendido, ferido.
Chamam-se formas nominais porque, sem embargo de sua significação verbal, podem desempenhar as
funções próprias dos nomes substantivos e adjetivos: o andar, água fervendo, tempo perdido.
O Infinitivo pode ser Pessoal ou Impessoal.
o
1 ) Pessoal, quando tem sujeito:
! Para sermos vencedores é preciso lutar. (sujeito oculto nós)
2°) Impessoal, quando não tem sujeito:
! Ser ou não ser, eis a questão.
Verbos Auxiliares são os que se juntam a uma forma nominal de outro verbo para constituir os tempos
compostos e as locuções verbais: ter, haver, ser, estar.
! Tenho estudado muito esta semana.
! Jacinto havia chegado naquele momento.
! Somos castigados pelos nossos erros.
! O mecânico estava consertando o carro.
! O secretário vai anunciar os resultados.
Num verbo devemos distinguir o radical, que é a parte geralmente invariável e as desinências, que
variam para denotar os diversos acidentes gramaticais.
Radical Desinências Radical Desinências
cant- ar cant- o
bat- er bat- Ias
part- ir part- Imos
diz- er diss- eram
DMT
a
A DNP (desinência número-pessoal) indica que o verbo está na 1 pessoa do plural. A DMT (desinência
modo-temporal) indica que o verbo está no futuro do presente do indicativo.
Dividem-se os tempos em primitivos e derivados.
São tempos primitivos:
1) o Infinitivo Impessoal.
a a a
2) o Presente do Indicativo (1 e 2 pessoa do singular e 2 pessoa do plural).
a
3) o Pretérito Perfeito do Indicativo (3 pessoa do plural).
FORMAÇÃO DO IMPERATIVO
O imperativo afirmativo deriva do presente do indicativo, da segunda pessoa do singular (tu) e da
segunda do plural (vós), mediante a supressão do s final; as demais pessoas (você, nós, vocês) são tomadas do
presente do subjuntivo.
O imperativo negativo não possui, em Português, formas especiais; suas pessoas são iguais às
correspondentes do presente do subjuntivo.
Atente para o seguinte quadro da formação do imperativo:
Imperativo Imperativo
Pessoas Indicativo Subjuntivo
Afirmativo Negativo
Tu dize " digas ! não digas
dizes ! (-s)
Você diga " diga ! não diga
2) Os tempos compostos da voz passiva se formam com o concurso simultâneo dos auxiliares ter (ou haver) e ser,
seguidos do particípio do verbo principal:
! Tenho sido maltratado.
! Tinham (ou haviam) sido vistos no cinema.
Outro tipo de conjugação composta - também chamada conjugação perifrástica - são as locuções
verbais, constituídas de verbo auxiliar mais gerúndio ou infinitivo:
! Tenho de ir hoje.
! Hei de ir amanhã.
! Estava lendo o jornal.
2) Irregulares: os que sofrem alterações no radical e nas terminações afastando-se do paradigma. Dar, ouvir, etc.
Entre os irregulares, destacam-se os anômalos, como o verbo pôr (sem vogal temática no infinitivo), ser
e ir (que apresentam radicais diferentes). São verbos que possuem profundas modificações em seus radicais.
3) Defectivos: os que não possuem a conjugação completa, não sendo usados em certos modos, tempos ou
pessoas: abolir, reaver, precaver, etc.
FUTURO DO PRESENTE
serei estarei terei haverei
serás estarás terás haverás
será estará terá haverá
seremos estaremos teremos haveremos
sereis estareis tereis havereis
serão estarão terão haverão
FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO
terei sido terei estado terei tido terei havido
terás sido terás estado terás tido terás havido
terá sido terá estado terá tido terá havido
teremos sido teremos estado teremos tido teremos havido
tereis sido tereis estado tereis tido tereis havido
terão sido terão estado terão tido terão havido
FUTURO DO PRETÉRITO
seria estaria teria haveria
serias estarias terias haverias
seria estaria teria haveria
seríamos estaríamos teríamos haveríamos
seríeis estaríeis teríeis haveríeis
seriam estariam teriam haveriam
FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO
teria sido teria estado teria tido teria havido
terias sido terias estado terias tido terias havido
teria sido teria estado teria tido teria havido
teríamos sido teríamos estado teríamos tido teríamos havido
teríeis sido teríeis estado teríeis tido teríeis havido
teriam sido teriam estado teriam tido teriam havido
MODO SUBJUNTIVO
PRESENTE
seja esteja tenha haja
sejas estejas tenhas hajas
seja esteja tenha haja
sejamos estejamos tenhamos hajamos
sejais estejais tenhais hajais
sejam estejam tenham hajam
PRETÉRITO IMPERFEITO
fosse estivesse tivesse houvesse
fosses estivesses tivesses houvesses
fosse estivesse tivesse houvesse
fôssemos estivéssemos tivéssemos houvéssemos
fôsseis estivésseis tivésseis houvésseis
fossem estivessem tivessem houvessem
NEGATIVO
não sejas tu não estejas tu não tenhas tu não hajas tu
não seja você não esteja você não tenha você não haja você
não sejamos nós não estejamos nós não tenhamos nós não hajamos nós
não sejais vós não estejais vós não tenhais vós não hajais vós
não sejam vocês não estejam vocês não tenham vocês não hajam vocês
FORMAS NOMINAIS
INFINITIVO IMPESSOAL
PRESENTE
PRETÉRITO
ter sido ter estado ter tido ter havido
teres sido teres estado teres tido teres havido
ter sido ter estado ter tido ter havido
termos sido termos estado termos tido termos havido
terdes sido terdes estado terdes tido terdes havido
terem sido terem estado terem tido terem havido
GERÚNDIO
PRESENTE
sendo estando tendo havendo
PRETÉRITO
tenho sido tenho estado tenho tido tenho havido
PARTICÍPIO
sido estado tido havido
a a a
1 CONJUGAÇÃO – AR 2 CONJUGAÇÃO – ER 3 CONJUGAÇÃO – IR
PRETÉRITO IMPERFEITO
cantava batia partia
cantavas batias partias
cantava batia partia
cantávamos batíamos partíamos
cantáveis batíeis partíeis
cantavam batiam partiam
PRETÉRITO PERFEITO
cantei bati parti
cantaste bateste partiste
cantou bateu partiu
cantamos batemos partimos
cantastes batestes partistes
cantaram bateram partiram
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO
cantara batera partira
cantaras bateras partiras
cantara batera partira
cantáramos batêramos partíramos
cantáreis batêreis partíreis
cantaram bateram partiram
PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO
tinha cantado tinha batido tinha partido
tinhas cantado tinhas batido tinhas partido
tinha cantado tinha batido tinha partido
tínhamos cantado tínhamos batido tínhamos partido
tínheis cantado tínheis batido tínheis partido
tinham cantado tinham batido tinham partido
FUTURO DO PRESENTE
cantarei baterei partirei
cantarás baterás partirás
cantará baterá partirá
cantaremos bateremos partiremos
cantareis batereis partireis
cantarão baterão partirão
MODO SUBJUNTIVO
PRESENTE
cante bata parta
cantes batas partas
cante bata parta
cantemos batamos partamos
canteis batais partais
cantem batam partam
PRETÉRITO IMPERFEITO
MODO IMPERATIVO
AFIRMATIVO
canta tu bate tu parte tu
cante você bata você parta você
cantemos nós batamos nós partamos nós
cantai vós batei vós parti vós
cantem vocês batam vocês partam vocês
NEGATIVO
não cantes tu não batas tu não partas tu
não cante você não bata você não parta você
não cantemos nós não batamos nós não partamos nós
não canteis vós não batais vós não partais vós
não cantem vocês não batam vocês não partam vocês
FORMAS NOMINAIS
INFINITIVO
PRESENTE IMPESSOAL
cantar bater partir
PRESENTE PESSOAL
cantar bater partir
cantares bateres partires
cantar bater partir
cantarmos batermos partirmos
cantardes baterdes partirdes
cantarem baterem partirem
PRETÉRITO IMPESSOAL
DAR
Indicativo Presente: dou, dás, dá, damos, dais, dão. Pretérito Imperfeito: dava, davas, dava, dávamos, dáveis,
davam. Pretérito Perfeito: dei, deste, deu, demos, destes, deram. Pretérito Mais-Que-Perfeito: dera, deras,
dera, déramos, déreis, deram. Futuro do Presente: darei, darás, dará, daremos, dareis, darão. Futuro do
Pretérito: daria, darias, daria, daríamos, daríeis, dariam. Imperativo Afirmativo: dá, dê, demos, dai, dêem.
Subjuntivo Presente: dê, dês, dê, demos, deis, dêem. Pretérito Imperfeito: desse, desses, desse, déssemos,
désseis, dessem. Futuro: der, deres, der, dermos, derdes, derem. Infinitivo Presente Impessoal: dar. Infinitivo
Presente Pessoal: dar, dares, dar, darmos, dardes, darem. Gerúndio: dando. Particípio: dado.
AGUAR
Indicativo Presente: águo, águas, água, aguamos, aguais, águam. Pretérito Perfeito: agüei, aguaste, aguou,
etc. Subjuntivo Presente: ágüe, ágües, ágüe, agüemos, agüeis, ágüem, etc. Verbo regular nos demais tempos.
Assim se conjugam desaguar, enxaguar e minguar.
MAGOAR
Indicativo Presente: magôo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam. Subjuntivo Presente: magoe,
magoes, magoe, magoemos, magoeis, magoem. etc. Verbo regular nos demais tempos. Assim se conjugam os
verbos em oar: abençoar, doar, abotoar, soar, voar, etc.
RESFOLEGAR
Indicativo Presente: resfólego, resfolegas, resfolega, resfolegamos, resfolegais, resfolegam. Imperfeito:
resfolegava, resfolegavas, etc. Pretérito Perfeito: resfoleguei, etc. Subjuntivo Presente: resfólegue, resfolegues,
resfólegue, resfoleguemos, resfolegueis, resfóleguem, etc.
NOMEAR
Indicativo Presente: nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam. Pretérito Imperfeito: nomeava,
nomeavas, nomeava, nomeávamos, nomeáveis, nomeavam. Pretérito Perfeito: nomeei, nomeaste, nomeou,
nomeamos, nomeastes, nomearam. Subjuntivo Presente: nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos, nomeeis,
nomeiem. Imperativo Afirmativo: nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem, etc. Assim se conjugam:
apear, atear, cear, folhear, frear, passear, gear, bloquear, granjear, hastear, lisonjear, semear, arrear, recrear,
estrear, etc.
COPIAR
Indicativo Presente: copio, copias, copia, copiamos, copiais, copiam. Pretérito Perfeito: copiei, copiaste, copiou,
etc. Pretérito Mais-Que-Perfeito: copiara, copiaras, etc. Subjuntivo Presente: copie, copies, copie, copiemos,
copieis, copiem. Imperativo Afirmativo: copia, copie, copiemos, copiai, copiem, etc.
ODIAR
Indicativo Presente: odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam. Pretérito Imperfeito: odiava, odiavas,
odiava, etc. Pretérito Perfeito: odiei, odiaste, odiou, etc. Pretérito Mais-Que-Perfeito: odiara, odiaras, odiara,
odiáramos, odiáreis, odiaram. Subjuntivo Presente: odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem. Imperativo
Afirmativo: odeia, odeie, odiemos, odiai, odeiem, etc.
ABSTER-SE
Indicativo Presente: abstenho-me, absténs-te, abstémse, abstemo-nos, abstendes-vos, abstêm-se. Pretérito
Imperfeito: abstinha-me, etc. Pretérito Perfeito: abstiveme, etc. Pretérito Mais-Que-Perfeito: abstivera-me, etc.
Futuro do Presente: abster-me-ei, etc. Futuro do Pretérito: abster-me-ia, etc. Imperativo Afirmativo: abstém-
te, abstenha-se, abstenhamo-nos, abstende-vos, abstenham-se. Subjuntivo Presente: que me abstenha, etc.
Pretérito Imperfeito: se me abstivesse, etc. Futuro: se me abstiver. Gerúndio: abstendo-se. Particípio: abstido.
CABER
Indicativo Presente: caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem. Pretérito Perfeito: coube, coubeste, coube,
coubemos, coubestes, couberam. Pretérito Mais-Que-Perfeito: coubera, couberas, coubera, coubéramos,
coubéreis, couberam. Subjuntivo Presente: caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam. Pretérito
Imperfeito: coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, coubessem. Futuro: couber, couberes,
couber, coubermos, couberdes, couberem. Gerúndio: cabendo. Particípio: cabido. Não tem imperativo.
CRER
Indicativo Presente: creio, crês, crê, cremos, credes, crêem. Pretérito Imperfeito: cria, crias, cria, criamos,
crieis, criam. Pretérito Perfeito: cri, creste, creu, cremos, crestes, creram. Imperativo: crê, creia, creiamos,
crede, creiam. Subjuntivo Presente: creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam. Pretérito Imperfeito: cresse,
cresses, cresse, crêssemos, crêsseis, cressem. Futuro: crer, creres, etc. Gerúndio: crendo. Particípio: crido.
Assim se conjugam descrer, ler e seus compostos reler e tresler.
DIZER
Indicativo Presente: digo, dizes, diz, dizemos, dizei, dizem. Pretérito Imperfeito: dizia, dizias, etc. Pretérito
Perfeito: disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram. Pretérito Mais-que-Perfeito: dissera, disseras,
etc. Futuro do Presente: direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão. Futuro do Pretérito: diria, dirias, diria, diríamos,
diríeis, diriam. Imperativo Afirmativo: dize, diga, digamos, digais, digam. Pretérito Imperfeito: dissesse,
dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis, dissessem. Futuro: disser, disseres, disser, dissermos, disserdes,
disserem. Infinitivo Impessoal: dizer. Infinitivo Pessoal: dizer, dizeres, dizer, etc. Gerúndio: dizendo.
Particípio: dito.
Seguem este paradigma os compostos bendizer, condizer, contradizer, desdizer, entredizer, maldizer, predizer,
redizer.
ESCREVER
Escrever e seus compostos descrever, inscrever, prescrever, proscrever, reescrever, sobrescrever, subscrever,
são irregulares apenas no particípio: escrito, descrito, inscrito, prescrito, proscrito, reescrito, sobrescrito, subscrito.
2
As outras conjugações seguem o paradigma de 2 conjugação regular.
FAZER
Indicativo Presente: faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem. Pretérito Perfeito: fiz, fizeste, fez, fizemos,
fizestes, fizeram. Pretérito Mais-que-Perfeito: fizera, fizeras, etc. Futuro do Presente: farei, farás, fará, faremos,
fareis, farão. Futuro do Pretérito: faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam. Imperativo Afirmativo: faze, faça,
façamos, fazei, façam. Subjuntivo Presente: faça, faças, faça, façamos, façais, façam. Pretérito Imperfeito:
fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem. Futuro: fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem.
Infinitivo Impessoal: fazer. Infinitivo Pessoal: fazer, fazeres, etc. Gerúndio: fazendo. Particípio: feito.
Como fazer, conjugam-se os seus compostos: afazer-se, desfazer, refazer, perfazer, satisfazer, etc.
PERDER
Indicativo Presente: perco, perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem. Subjuntivo Presente: perca, percas,
perca, percamos, percais, percam.
Regular nos demais tempos e modos.
PODER
Indicativo Presente: posso, podes, pode, podemos, podeis, podem. Pretérito Imperfeito: podia, podias, podia,
podíamos, podíeis, podiam. Pretérito Perfeito: pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam. Pretérito
Mais-Que-Perfeito: pudera, puderas, etc. Imperativo: não existe. Subjuntivo Presente: possa, possas, possa,
possamos, possais, possam. Pretérito Imperfeito: pudesse, pudesses, etc. Futuro: puder, puderes, puder,
pudermos, puderdes, puderem. Infinitivo Impessoal: Poder. Infinitivo Pessoal: poder, poderes, poder,
podermos, poderdes, poderem. Gerúndio: podendo. Particípio: podido.
PÔR
Indicativo Presente: ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem. Pretérito Imperfeito: punha, punhas, punha,
púnhamos, púnheis, punham. Pretérito Perfeito: pus, puseste, pôs, pusemos, pusestes, puseram. Pretérito Mais
-Que-Perfeito: pusera, puseras, pusera, puséramos, puséreis, puseram. Futuro do Presente: porei, porás, porá,
poremos, poreis, porão. Futuro do Pretérito: poria, porias, poria, poríamos, poríeis, poriam. Imperativo
Afirmativo: põe, ponha, ponhamos, ponde, ponham. Subjuntivo Presente: ponha, ponhas, ponha, ponhamos,
ponhais, ponham. Pretérito Imperfeito: pusesse, pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis, pusessem.
Futuro: puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem. Infinitivo Pessoal: pôr, pores, pôr, pormos,
pordes, porem. Infinitivo Impessoal: pôr. Gerúndio: pondo. Particípio: posto.
QUERER
Indicativo Presente: quero, queres, quer, queremos, quereis, querem. Pretérito Imperfeito: queria, querias,
queria, queríamos, queríeis, queriam. Pretérito Perfeito: quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram.
Pretérito Mais-Que-Perfeito: quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quiséreis, quiseram. Futuro do Presente:
quererei, quererás, quererá, quereremos, querereis, quererão. Futuro do Pretérito: quereria, quererias, etc.
Imperativo Afirmativo: quer tu, queira você, queiramos nós, querei vós, queiram vocês. Imperativo Negativo:
não queiras, não queira, não queiramos, não queirais, não queiram. Subjuntivo Presente: queira, queiras, queira,
queiramos, queirais, queiram. Imperfeito: quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis, quisessem.
Futuro: quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem. Gerúndio: querendo. Particípio: querido. Os
compostos benquerer e malquerer, além do particípio regular, benquerido e malquerido, têm outro, irregular:
benquisto e malquisto, usados como adjetivos.
SABER
Indicativo Presente: sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem. Pretérito Perfeito: soube, soubeste, soube,
soubemos, soubestes, souberam. Pretérito Mais-QuePerfeito: soubera, souberas, soubera, etc. Subjuntivo
Presente: saiba, saibas, saiba, saibamos, saibais, saibam. Pretérito Imperfeito: soubesse, soubesses, etc.
Futuro: souber, souberes, souber, etc. Imperativo Afirmativo: sabe, saiba, saibamos, sabei, saibam. Regular
nos demais.
TRAZER
Indicativo Presente: trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem. Pretérito Imperfeito: trazia, trazias, etc.
Pretérito Perfeito: trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram. Pretérito Mais-Que-Perfeito:
trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, trouxéreis, trouxeram. Futuro do Presente: trarei, trarás, trará,
traremos, trareis, trarão. Futuro do Pretérito: traria, trarias, traria, traríamos, traríeis, trariam. Imperativo
Afirmativo: traze, traga, tragamos, trazei, tragam. Subjuntivo Presente: traga, tragas, traga, tragamos, tragais,
tragam. Pretérito Imperfeito: trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis, trouxessem. Futuro:
trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem. Infinitivo Pessoal: trazer, trazeres, trazer,
trazermos, trazerdes, trazerem. Gerúndio: trazendo. Particípio: trazido.
VALER
Indicativo Presente: valho, vales, vale, valemos, valeis, valem. Subjuntivo Presente: valha, valhas, valha,
valhamos, valhais, valham. Imperativo Afirmativo: vale, valha, valhamos, valei, valham. Nos outros tempos é
regular. Assim se conjugam equivaler e desvaler.
VER
Indicativo Presente: vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem. Pretérito Perfeito: vi, viste, viu, vimos, vistes, viram.
Pretérito Mais-Que-Perfeito: vira, viras, vira, víramos, víreis, viram. Imperativo Afirmativo: vê, veja, vejamos,
vede, vejam. Subjuntivo Presente: veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam. Pretérito Imperfeito: visse, visses,
visse, víssemos, vísseis, vissem. Futuro: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem. Gerúndio: vendo. Particípio: visto.
Como ver, se conjugam: antever, entrever, prever, rever.
ABOLIR (Defectivo)
a
Indicativo Presente: não possui a 1 pessoa do singular, aboles, abole, abolimos, abolis, abolem. Imperativo
Afirmativo: abole, aboli. Subjuntivo Presente: não existe. Defectivo nas formas em que ao L do radical seguiria
A ou O, o que ocorre apenas no Indicativo Presente e derivados.
CAIR
Indicativo Presente: caio, cais, cai, caímos, caís, caem. Subjuntivo Presente: caia, caias, caia, caiamos, caiais,
caiam. Imperativo Afirmativo: cai, caia, caiamos, caí, caiam. Regular nos demais.
Seguem este modelo os verbos em -air: decair, recair, sair, sobressair, trair, distrair, abstrair, detrair, subtrair, etc.
COBRIR
Indicativo Presente: cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem. Subjuntivo Presente: cubra, cubras, cubra,
cubramos, cubrais, cubram. Imperativo Afirmativo: cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram. Particípio: coberto.
Note: o ! u na primeira pessoa do singular do Indicativo Presente e em todas as pessoas do Subjuntivo Presente.
Assim se conjugam: dormir, embolir, tossir, descobrir, encobrir. Os três primeiros porém, têm o particípio regular.
Abrir, entreabrir e reabrir seguem cobrir no particípio: aberto, entreaberto, reaberto.
FALIR
Indicativo Presente: (não possui as outras pessoas) falimos, falis. Pretérito Imperfeito: falia, falias, falia, etc.
Pretérito Perfeito: fali, faliste, faliu, etc. Pretérito Mais-Que-Perfeito: falira, faliras, falira, etc. Particípio: falido.
Verbo regular defectivo. Usa-se apenas nas formas em que ao L segue o I. Não possui Presente do Subjuntivo e
Imperativo Negativo. Seguem falir: aguerrir, empedernir, espavorir, remir, etc.
MENTIR
Indicativo Presente: minto, mentes, mente, mentimos, mentis, mentem. Subjuntivo Presente: minta, mintas,
minta, mintamos, mintais, mintam. Imperativo Afirmativo: mente, minta, mintamos, menti, mintam. Regular no
resto da conjugação. Como no verbo ferir, a vogal E muda em I na primeira pessoa do Indicativo Presente e em
todo o Subjuntivo Presente, mas, por ser nasal, conserva o timbre fechado na segunda e terceira pessoa do
singular e terceira do plural do Presente do Indicativo. Seguem este modelo: desmentir, sentir, consentir, ressentir,
pressentir.
FRIGIR
Indicativo Presente: frijo, freges, frege, frigimos, frigis, fregem. Subjuntivo Presente: frija, frijas, frija, etc.
Imperativo Afirmativo: frege, frija, frijamos, frigi, frijam. Particípio: frito. Regular no resto da conjugação.
IR
Indicativo Presente: vou, vais, vai, vamos, ides, vão. Pretérito Imperfeito: ia, ias, ia, íamos, íeis, iam. Pretérito
Perfeito: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram. Pretérito Mais-Que-Perfeito: fora, foras, fora, etc. Futuro do
Presente: Irei, irás, irá, etc. Futuro do Pretérito: iria, irias, iria, etc. Imperativo Afirmativo: vai, vá, vamos, ide,
vão. Subjuntivo Presente: vá, vás, vá, vamos, vades, vão. Pretérito Imperfeito: fosse, fosses, fosse, etc.
Futuro: for, fores, for, formos, fordes, forem. Gerúndio: indo. Infinitivo Pessoal: ir, ires, ir, irmos, irdes, irem.
Particípio: ido.
OUVIR
Indicativo Presente: ouço, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem. Imperativo Afirmativo: ouve, ouça, ouçamos,
ouvi, ouçam. Subjuntivo Presente: ouça, ouças, ouça, etc. Particípio: ouvido. Regular no resto da conjugação.
PEDIR
Indicativo Presente: peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem. Imperativo Afirmativo: pede, peça, peçamos,
pedi, peçam. Subjuntivo Presente: peça, peças, peça, peçamos, peçais, peçam. Regular no resto da
conjugação. Conjugam-se assim: despedir, expedir, impedir, desimpedir, medir.
RIR
Indicativo Presente: rio, ris, ri, rimos, rides, riem. Pretérito Perfeito: ri, riste, riu, rimos, ristes, riram. Imperativo
Afirmativo: ri, ria, riamos, ride, riam. Subjuntivo Presente: ria, rias, ria, riamos, riais, riam. Imperfeito: risse,
risses, risse, etc. Particípio: rido.
VIR
Indicativo Presente: venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm. Pretérito Imperfeito: vinha, vinhas, vinha,
vínhamos, vínheis, vinham. Pretérito Perfeito: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram. Pretérito Mais-Que-
Perfeito: viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram. Futuro do Presente: virei, virás, virá, etc. Futuro do
Pretérito: viria, virias, viria, etc. Imperativo Afirmativo: vem, venha, venhamos, vinde, venham. Subjuntivo
Presente: venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham. Pretérito Imperfeito: viesse, viesses, viesse,
viéssemos, viésseis, viessem. Futuro: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem. Infinitivo Pessoal: vir, vires, vir,
virmos, virdes, virem. Gerúndio: vindo. Particípio: vindo. Por este, se conjugam: advir, convir, intervir, provir,
sobrevir, avir-se, desavir-se. Desavindo, além do particípio, é adjetivo: casais desavindos.
CONTER
Indicativo Presente: contenho, conténs, contém, contemos, contendes, contêm. Pretérito Perfeito: contive,
contiveste, conteve, contivemos, contivestes, contiveram. Pretérito Imperfeito: continha, continhas, continha,
contínhamos, contínheis, continham. Pretérito Mais-Que-Perfeito: contivera, contiveras, contivera, contivéramos,
contivéreis, contiveram. Futuro do Presente: conterei, conterás, conterá, conteremos, contereis, conterão. Futuro
do Pretérito: conteria, conterias, conteria, conteríamos, conteríeis, conteriam. Imperativo Afirmativo: contém tu,
contenha você, contenhamos nós, contende vós, contenham vocês. Imperativo Negativo: não contenhas tu, não
contenha você, não contenhamos nós, não contenhais vós, não contenham vocês. Subjuntivo Presente:
contenha, contenhas, contenha, contenhamos, contenhais, contenham. Pretérito Imperfeito: contivesse,
contivesses, contivesse, contivéssemos, contivésseis, contivessem. Futuro: contiver, contiveres, contiver,
contivermos, contiverdes, contiverem. Gerúndio: contendo. Particípio: contido. Infinitivo Pessoal: conter,
conteres, conter, contermos, conterdes, conterem. Infinitivo Impessoal: conter.
REAVER (Defectivo)
Indicativo Presente: (não possui as outras pessoas) reavemos, reaveis. Pretérito Perfeito: reouve, reouveste,
reouve, reouvemos, reouvestes, reouveram. Pretérito Imperfeito: reavia, reavias, reavia, reavíamos, reavíeis,
reaviam. Pretérito Mais-Que-Perfeito: reouvera, reouveras, reouvera, reouvéramos, reouvéreis, reouveram.
Futuro do Presente: reaverei, reaverás, reaverá, reaveremos, reavereis, reaverão. Futuro do Pretérito: reaveria,
reaverias, reaveria, reaveríamos, reaveríeis, reaveriam. Imperfeito Subjuntivo: reouvesse, reouvesses,
reouvesse, reouvéssemos, reouvésseis, reouvessem. Futuro do Subjuntivo: reouver, reouveres, reouver,
reouvermos, reouverdes, reouverem. Gerúndio: reavendo. Particípio: reavido. Infinitivo Pessoal: reaver,
reaveres, reaver, reavermos, reaverdes, reaverem. Infinitivo Impessoal: reaver.
DEPOR
Indicativo Presente: deponho, depões, depõe, depomos, depondes, depõem. Pretérito Perfeito: depus,
depuseste, depôs, depusemos, depusestes, depuseram. Pretérito Imperfeito: depunha, depunhas, depunha,
depúnhamos, depúnheis, depunham. Futuro do Presente: deporei, deporás, deporá, deporemos, deporeis,
deporão. Futuro do Pretérito: deporia, deporias, deporia, deporíamos, deporíeis, deporiam. Subjuntivo
Presente: deponha, deponhas, deponha, deponhamos, deponhais, deponham. Subjuntivo Imperfeito:
depusesse,depusesses, depusesse, depuséssemos, depusésseis, depusessem. Futuro do Subjuntivo: depuser,
depuseres, depuser, depusermos, depuserdes, depuserem. Gerúndio: depondo. Particípio: deposto. Infinitivo
Pessoal: depor, depores, depor, depormos, depordes, deporem. Infinitivo Impessoal: depor.
ANTEVER
Indicativo Presente: antevejo, antevês, antevê, antevemos, antevedes, antevêem. Pretérito Perfeito: antevi,
anteviste, anteviu, antevimos, antevistes, anteviram. Pretérito Imperfeito: antevia, antevias, antevia, antevíamos,
antevíeis, anteviam. Pretérito Mais-Que-Perfeito: antevira, anteviras, antevira, antevíramos, antevíreis,
anteviram. Futuro do Presente: anteverei, anteverás, anteverá, anteveremos, antevereis, anteverão. Futuro do
Pretérito: anteveria, anteverias, anteveria, anteveríamos, anteveríeis, anteveriam. Subjuntivo Presente:
anteveja, antevejas, anteveja, antevejamos, antevejais, antevejam. Imperfeito do Subjuntivo: antevisse,
antevisses, antevisse, antevíssemos, antevísseis, antevissem. Futuro do Subjuntivo: antevir, antevires, antevir,
antevirmos, antevirdes, antevirem. Gerúndio: antevendo. Particípio: antevisto. Infinitivo Impessoal: antever.
Infinitivo Pessoal: antever, anteveres, antever, antevermos, anteverdes, anteverem.
INTERVIR
Indicativo Presente: intervenho, intervéns, intervém, intervimos, intervindes, intervêm. Pretérito Perfeito: intervi,
intervieste, interveio, interviemos, interviestes, intervieram. Pretérito Mais-Que-Perfeito: interviera, intervieras,
interviera, interviéramos, interviéreis, intervieram. Futuro do Presente: intervirei, intervirás, intervirá, interviremos,
intervireis, intervirão. Futuro do Pretérito: interviria, intervirias, interviria, interviríamos, interviríeis, interviriam.
Subjuntivo Presente: intervenha, intervenhas, intervenha, intervenhamos, intervenhais, intervenham. Imperfeito:
interviesse, interviesses, interviesse, interviéssemos, interviésseis, interviessem. Futuro: intervier, intervieres,
intervier, interviermos, intervierdes, intervierem. Gerúndio: intervindo. Particípio: intervindo. Infinitivo Pessoal:
intervir, intervires, intervir, intervirmos, intervirdes, intervirem. Infinitivo Impessoal: intervir.
Obs.: Prover é composto de ver em alguns tempos e por ele se conjuga, salvo no pretérito perfeito, no mais-que-
perfeito, no imperfeito do subjuntivo e no particípio. O e da sílaba ver é sempre fechado. Por ele se conjuga
desprover. Não confundir com provir.
Indicativo Presente: provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem. Pretérito Perfeito: provi, proveste,
proveu, provemos, provestes, proveram. Pretérito Imperfeito: provia, provias, provia, províamos, províeis,
proviam. Pretérito Mais-Que-Perfeito: provera, proveras, provera, provêramos, provêreis, proveram. Futuro do
Presente: proverei, proverás, proverá, proveremos, provereis, proverão. Futuro do Pretérito: proveria, proverias,
proveria, proveríamos, proveríeis, proveriam. Subjuntivo Presente: proveja, provejas, proveja, provejamos,
provejais, provejam. Imperfeito: provesse, provesses, provesse, provêssemos, provêsseis, provessem. Futuro:
prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem. Gerúndio: provendo. Particípio: provido. Infinitivo
Impessoal: prover. Infinitivo Pessoal: prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem.
PRECAVER (Defectivo)
Não sendo composto de ver, por este não se conjuga, sendo pois altamente errôneas as formas
precavejo, precaves, precavê, etc., que por vezes se lêem e se ouvem. Tampouco é composto de vir, sendo
igualmente errôneas as formas precavenha, precavéns, precavám, etc., com que claudicam até pessoas bastante
cultas. O verbo é defectivo: só se usa nas formas arrizotônicas, mas nas formas em que se usa, é regular.
Presente Indicativo: precavemos, precaveis. Pretérito Imperfeito: precavia, precavias, precavia, precavíamos,
precavíeis, precaviam. Pretérito Perfeito: precavi, precaveste, precaveu, precavemos, precavestes, precaveram.
Pretérito Mais-Que-Perfeito: precavera, precaveras, precavera, precavêramos, precavêreis, precaveram. Futuro
do Presente: precaverei, precaverás, precaverá, precaveremos, precavereis, precaverão. Futuro do Pretérito:
precaveria, precaverias, precaveria, precaveríamos, precaveríeis, precaveriam. Subjuntivo Presente: Não há.
Imperfeito: precavesse, precavesses, precavesse, precavêssemos, precavêsseis, precavessem. Futuro:
VOZES DO VERBO
Voz do verbo é a forma que este toma para indicar que a ação verbal é praticada ou sofrida pelo sujeito.
Três são as vozes dos verbos: a ativa, a passiva e a reflexiva.
Um verbo está na voz ativa quando o sujeito é agente, isto é, faz a ação expressa pelo verbo. Ex.: O
caçador abateu a ave.
Um verbo está na voz passiva quando o sujeito é paciente, isto é, sofre, recebe ou desfruta, a ação
expressa pelo verbo. Ex.: A ave foi abatida pelo caçador.
Obs.: Só verbos transitivos podem ser usados na voz passiva.
2) Com o pronome apassivador se associado a um verbo ativo da terceira pessoa (passiva pronominal).
Ex.: Regam-se as plantas.
Organizou-se o campeonato.
(sujeito paciente)
(pronome apassivador ou partícula apassivadora)
VOZ REFLEXIVA
Na voz reflexiva o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente: faz uma ação cujos efeitos ele mesmo
sofre.
Ex.: O caçador feriu-se.
A menina penteou-se.
O verbo reflexivo é conjugado com os pronomes reflexivos me, te, se, nos, vos, se. Estes pronomes são
reflexivos quando se lhes podem acrescentar: a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo, a nós mesmos, etc.,
respectivamente.
pronome reflexivo
Uma variante da voz reflexiva é a que denota reciprocidade, ação mútua ou correspondida. Os verbos
desta voz, por alguns chamados recíprocos, usam-se geralmente, no plural e podem ser reforçados pelas
expressões um ao outro, reciprocamente, mutuamente.
Ex.: Amam-se como irmãos.
Os pretendentes insultaram-se. (Pronome reflexivo recíproco)
VERBOS ANÔMALOS
São chamados de anômalos os verbos que apresentam mais de um radical em sua conjugação. Em
português, são anômalos os verbos ser, ir, pôr e vir, cujas conjugações já vimos.
VERBOS DEFECTIVOS
Verbos defectivos são os que não possuem a conjugação completa por não serem usados em certos
modos, tempos ou pessoas. A defectividade verbal verifica-se principalmente em formas que, por serem
antieufônicas (exemplos: abolir, primeira pessoa do singular do Indicativo Presente) ou homofônicas (exemplo:
soer, primeira pessoa do singular do Presente do Indicativo), não foram vivificadas pelo uso. Há, porém, casos de
verbos defectivos que não se explicam por nenhuma razão de ordem fonética, mas pelo simples desuso. Registra-
se maior incidência de defectividade verbal na terceira conjugação e em formas rizotõnicas.
Os verbos defectivos podem ser distribuídos em quatro grupos:
o
1 ) Os que não têm as formas em que ao radical seguem "A" ou "O", o que ocorre apenas no Presente do
Indicativo e do Subjuntivo e no Imperativo. O verbo abolir serve de exemplo:
Indicativo Subjuntivo Imperativo
Presente Presente Afirmativo Negativo
…….. …….. …….. ……..
aboles …….. abole ……..
abole …….. …….. ……..
abolimos …….. …….. ……..
abolis …….. aboli ……..
abolem …….. …….. ……..
Pertencem a este grupo, entre outros, aturdir, brandir, carpir, colorir, delir, demolir, exaurir, explodir,
fremir, haurir, delinqüir, extorquir, puir, ruir, retorquir, latir, urgir, tinir, nascer.
Obs.: Em escritores modernos aparecem, no entanto, alguns desses verbos, na primeira pessoa do Presente do
Indicativo, como explodo, lato, etc.
2°) Os que só se usam nas formas em que ao radical segue "I", ou seja, nas formas arrizotônicas.
A defectividade desses verbos, como nos do primeiro grupo, só se verifica no Presente do Indicativo e do
Subjuntivo e no Imperativo. Sirva de exemplo, o verbo falir.
Indicativo Subjuntivo Imperativo
Presente Presente Afirmativo Negativo
…….. …….. …….. ……..
…….. …….. …….. ……..
…….. …….. …….. ……..
falimos …….. …….. ……..
falis …….. fali ……..
…….. …….. …….. ……..
Seguem este paradigma: aguerrir, embair, empedernir, remir, transir, etc. Pertencem também a este
grupo os verbos adequar e precaver-se, pois só possuem as formas arrizotônicas.
Obs.: Rizotônicos são os vocábulos cujo acento tônico incide no radical. Aqueles, pelo contrário, que têm o
acento tônico depois do radical, se dizem arrizotônicos.
3°) Verbos, que pela sua significação, não podem ter Imperativo (acontecer, poder e caber) ou que, por exprimir
ação recíproca (entrechocar-se, entreolhar-se) se usam exclusivamente nas três pessoas do plural.
4°) Os três seguintes, já estudados, que apresentam particularidades especiais: reaver, prazer e soer.
Verbos que exprimem fenômenos meteorológicos, como chover, ventar, trovejar, etc. a rigor não são
defectivos, uma vez que, em sentido figurado, podem ser usados em todas as pessoas.
As formas inexistentes dos verbos defectivos são compensadas:
a) com as de um verbo sinônimo: eu recupero, tu recuperas, etc. (para reaver); eu redimo, tu redimes, ele redime,
eles redimem (para remir); eu me previno ou me acautelo, etc. (para precaver);
b) com construções perifrásticas: estou demolindo, estou colorindo, vou à falência; embora o cachorro comece a
latir, etc.
VERBOS ABUNDANTES
Verbos abundantes são os que apresentam duas ou mais formas em certos tempos, modos ou pessoas:
comprazi-me e comprouve-me, apiedo-me e apiado-me, elegido e eleito.
Estas variantes verbais são mais comuns no particípio, havendo numerosos verbos, geralmente
transitivos, que, ao lado do particípio regular em "ado" ou "ido", possuem outro, irregular, às vezes, proveniente
do particípio latino. Eis alguns desses verbos:
absolver: absolvido, absolto
aceitar: aceitado, aceito
acender: acendido, aceso
anexar: anexado, anexo
assentar: assentado, assente
benzer: benzido, bento
confundir: contundido, contuso
despertar: despertado, desperto
dispersar: dispersado, disperso
As formas regulares usam-se, via de regra, com os auxiliares ter e haver (voz ativa) e as irregulares com
os auxiliares ser e estar (voz passiva). Exemplos:
Foi temeridade haver aceitado o convite.
O convite foi aceito pelo professor.
O caçador tinha soltado os cães.
Os cães não seriam soltos pelo caçador.
O pescador teria salvado o náufrago.
O náufrago (estaria ou seria) salvo.
Esta regra, no entanto, não é seguida rigorosamente, havendo numerosas formas irregulares que se
usam tanto na voz ativa como na passiva, e algumas formas regulares também são empregadas na voz passiva.
Exemplos:
Tinha aceitado ou aceito o convite.
O convite foi aceito.
Tinha acendido ou aceso as velas.
As velas eram acesas ou acendidas.
Tinham elegido ou eleito os candidatos.
Os candidatos são ou estão eleitos.
As formas irregulares, sem dúvida por serem mais breves, gozam de franca preferência, na língua atual e
algumas, tanto se impuseram, que acabaram por suplantar as concorrentes. É o caso de ganho e pago, que vêm
tornando obsoletos os particípios ganhado e pagado. Assim também se explicam as formas pasmo e empregue,
por pasmado e empregado, indevidamente condenadas por alguns autores, mas de largo uso na língua falada e
escrita.
VERBOS IMPESSOAIS
Sabemos o que vem a ser sujeito; pois bem, um verbo se diz impessoal quando a ação não faz referência
a nenhum sujeito especificado, a nenhuma causa determinada.
Se, por um lado, há verbos como escrever, ler, abrir, quebrar, que sempre apresentam a ação em relação
com uma causa produtora, com uma pessoa gramatical - chamando-se por isso, verbos pessoais - por outro lado
há certos verbos como chover, trovejar, ventar, nevar, relampejar, anoitecer e outros, cuja ação não é atribuída a
nenhum sujeito, constituindo estes verbos a classe dos verbos impessoais.
Exemplos: "Chovia torrencialmente."
"Ventou muito durante a noite."
Obs.: Nessas orações acima, não há quem pratique a ação dos verbos destacados.
Dos verbos impessoais, há os que são essencialmente impessoais e os que são acidentalmente
impessoais.
IMPESSOAIS ESSENCIAIS
Um verbo se diz impessoal essencial quando, no seu sentido verdadeiro e usual, não atribui a ação a
nenhuma causa verdadeira, isto é, a nenhum sujeito.
Os verbos que indicam fenômenos da natureza inorgânica ou fenômenos meteorológicos, ou seja, os que
indicam fenômenos da atmosfera, pertencem à classe dos impessoais essenciais.
Exemplos: "Chove hoje. "
“Anoitecia quando ele chegou."
"Ontem trovejou."
São orações em que os verbos (chove, anoitecia, trovejou) são impessoais essenciais, pois nesse
sentido são comumente usados sem atribuir a ação de chover, de anoitecer, de trovejar a nenhum sujeito. Todos
a
esses verbos só se conjugam na 3 pessoa do singular.
Obs.: Tais verbos podem deixar de ser impessoais uma vez que se lhes dê um sujeito que se apresente ao
espírito como causa da ação por eles expressa; se dissermos: "Os céus chovem", "As nuvens trovejam", "O dia
amanheceu nublado" - passamos a empregar esses verbos pessoalmente, pois estamos a eles atribuindo um
sujeito (os céus, as nuvens, o dia).
Ainda um segundo processo existe de tornar pessoal um verbo impessoal: empregá-lo em sentido
figurado, comparado. Exemplos:
"Os canhões trovejam."
“A vida já nos anoitece."
"As baionetas relampagueavam."
“Amanhecemos alegres.
(Estávamos alegres quando amanheceu.)
Os verbos dessas orações estão empregados comparativamente, isto é, em sentido que não lhes é
próprio, em sentido figurado, comparado.
IMPESSOAIS ACIDENTAIS
Ao lado dos verbos impessoais essenciais há os impessoais acidentais; assim se denominam os verbos
que, em sua significação natural, isto é, como comumente são usados, têm sempre o respectivo sujeito, mas que,
em determinados casos, ou seja, acidentalmente, tornam-se impessoais.
Se no parágrafo anterior o verbo era de natureza impessoal e só eventualmente se tornava pessoal,
agora temos o caso contrário.
São verbos impessoais:
o
1 ) HAVER
a
sendo, portanto, usado invariavelmente na 3 pessoa do singular, quando significa:
Existir:
"Sofria sem que houvesse motivos."
"Há plantas carnívoras."
"Havia rosas em todo o canto. "
Acontecer, Suceder:
Decorrer, Fazer:
"Há meses que não o vejo. "
"Haverá nove dias que ele nos visitou."
"Havia já duas semanas que não trabalhava."
Realizar-se:
"Houve festas e jogos."
Obs.: O verbo haver transmite a sua impessoalidade aos verbos que com ele formam locução, os quais, por isso,
a
permanecem invariáveis na 3 pessoa do singular:
Locução verbal
Locução verbal
Obs.: Estes verbos também passam a sua impessoalidade para os seus auxiliares na locução verbal.
"Vai fazer cinco anos que ele morreu. "
locução verbal
EXERCÍCIOS
1) Se você ........................... no próximo domingo e .................... de tempo .................. assistir a final do
campeonato.
a) vir / dispor / vá
b) vir / dispuser / vai
c) vier / dispor / vá
d) vier / dispuser / vá
e) vier / dispor / vai
2) Ele ............... que lhe ............... muitas dificuldades, mas enfim ............... a verba para a pesquisa.
a) receara / opusessem / obtera
b) receara / opusessem / obtivera
c) receiara / opossem / obtivera
d) receiara / oposessem / obtera
e) receara / opossem / obtera
b) precavieste
c) precaveste
d) precaviste
e) n. d. a.
4) Assinale a alternativa que se encaixe no período seguinte: "Se você ....................... e o seu irmão ....................,
quem sabe você ............... o dinheiro.”
a) requeresse / interviesse / reouvesse
b) requisesse / intervisse / reavesse
c) requeresse / intervisse / reavesse
d) requeresse / interviesse / reavesse
e) requisesse / intervisse / reouvesse
5) Assinale a opção que completa corretamente as lacunas da seguinte frase: "Quando ............... mais
aperfeiçoado, o computador certa mente ............... um eficiente meio de controle de toda a vida social."
a) estivesse / será d) estivesse / era
b) estiver / seria e) estiver / será
c) esteja / era
6) Quando ........................ todos os documentos, ............... um requerimento e ............... a chamada de seu nome.
a) obtiver / redija / aguarda
b) obteres / rediges / aguardes
c) obtiveres / redige / aguarda
d) obter / redija / aguarde
e) obtiver / redija / aguarde
7) Ele ............... numa questão difícil de ser resolvida e ............... seus bens graças ao bom senso.
a) interviu / reouve d) interveio / reouve
b) interveio / rehaveu e) interviu / rehouve
c) interviu / reaveu
RESPOSTAS
1) d 4) a 7) d
2) b 5) e 8) c
3) c 6) e 9) b
ADVÉRBIO
É uma palavra que modifica (que se refere) a um verbo, a um adjetivo, a um outro advérbio.
A maioria dos advérbios modifica o verbo, ao qual acrescenta uma circunstância. Só os de intensidade é
que podem também modificar adjetivos e advérbios.
! Mora muito longe. (muito = modifica o advérbio longe).
! Sairei cedo para alcançar os excursionistas (cedo = modifica o verbo sairei).
! Eram exercícios bem difíceis (bem = modifica o adjetivo difíceis).
3º) De Intensidade: muito, mui, pouco, assaz, bastante, mais, menos, tão, demasiado, meio, todo,
completamente, profundamente, demasiadamente, excessivamente, demais, nada, ligeiramente, levemente, quão,
quanto, bem, mas, quase, apenas, como.
4º) De Lugar: abaixo, acima, acolá, cá, lá, aqui, ali, aí, além, algures, aquém, alhures, nenhures, atrás, fora, afora,
dentro, longe, adiante, diante, onde, avante, através, defronte, aonde, donde, detrás.
5º) De Modo: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, adrede, debalde, melhor, pior, aliás, calmamente,
livremente, propositadamente, selvagemente, e quase todos os advérbios terminados em "mente".
6º) De Negação: não, absolutamente.
7º) De Tempo: agora, hoje, amanhã, depois, ontem, anteontem, já, sempre, amiúde, nunca, jamais, ainda, logo,
antes, cedo, tarde, ora, afinal, outrora, então, breve, aqui, nisto, aí, entrementes, brevemente, imediatamente,
raramente, finalmente, comumente, presentemente, etc.
Há ainda advérbios interrogativos: onde? aonde? quando? como? por quê?: Onde estão eles? Quando
sairão? Como viajaram? Por que não telefonaram?
LOCUÇÕES ADVERBIAIS
São duas ou mais palavras com função de advérbio: às tontas, às claras, às pressas, às ocultas, à toa, de vez
em quando, de quando em quando, de propósito, às vezes, ao acaso, ao léu, de repente, de chofre, a olhos vistos,
de cor, de improviso, em breve, por atacado, em cima, por trás, para trás, de perto, sem dúvida, passo a passo,
etc.
PREPOSIÇÃO
2º) Preposições Acidentais: conforme, consoante, segundo, durante, mediante, visto, como, etc. Exemplos:
! Os heróis tiveram como prêmio uma coroa de louros.
! Vovô dormiu durante a viagem.
LOCUÇÕES PREPOSITIVAS
São expressões com a função das preposições. Em geral são formadas de advérbio (ou locução
adverbial) + preposição: abaixo de, acima de, por trás de, em frente de, junto a, perto de, longe de, depois de,
antes de, através de, embaixo de, em cima de, em face de, etc.
Exemplo: Passamos através de mata cerrada.
COMBINAÇÕES E CONTRAÇÕES
As preposições a, de, em, per e para, unem-se com outras palavras, formando um só vocábulo. Há
combinação quando a preposição se une sem perda de fonema; se a preposição sofre queda de fonema, haverá
contração.
A preposição combina-se com os artigos, pronomes demonstrativos e com advérbios.
As preposições a, de, em, per contraem-se com os artigos, e, algumas delas, com certos pronomes e
advérbios.
a+a=à
a + as = às
a + aquele = àquele
a + aquela = àquela
a + aquilo = àquilo
de + o = do
de + ele = dele
de + este = deste
de + isto = disto
de + aqui = daqui
em + esse = nesse
em + o = no
em + um = num
em + aquele = naquele
per + o = pelo
INTERJEIÇÃO
Interjeição é a palavra que exprime um estado emotivo. As interjeições são um recurso da linguagem
afetiva e emocional. Podem exprimir e registrar os mais variados sentimentos.
Classificam-se em:
1) de dor: ai! ui! ai de mim!
2) de desejo: oxalá! tomara!
3) de alegria: ah! oh! eh! viva!
4) de animação: eia! coragem! avante! upa! força! vamos!
5) de aplauso: bem! bravo! apoiado!
6) de aversão: ih! chi! irra! ora bolas!
7) de apelo: ó!. alô! psit! psiu!
8) de silêncio: psiu! silêncio!
9) de repetição: bis!
10 de saudação: alô! olá! salve! bom dia!
11) de advertência: cuidado! devagar! atenção!
12) de indignação: fora! morra!
LOCUÇÃO INTERJETIVA
É uma expressão formada de mais de uma palavra, com valor de interjeição: Meu Deus! Muito bem! Ai de
mim! Ora bolas! Valha-me Deus! Quem me dera!
As interjeições são proferidas em tom de voz especial e, dependendo desta circunstância, a mesma
interjeição pode expressar sentimentos diversos.
EXERCÍCIOS
1) Assinale a alternativa em que ocorre combinação de uma preposição com um pronome demonstrativo.
a) Estou na mesma situação.
b) Neste momento, encerramos nossas transmissões.
c) Daqui não saio.
d) Ando só pela vida.
e) Acordei num lugar estranho.
2) Assinale a alternativa em que a análise morfológica das palavras grifadas está incorreta.
a) Os candidatos começaram a escrever. = advérbio
b) Eu a vi ontem. = pronome pessoal do caso oblíquo.
c) Veja o que você fez! = pronome demonstrativo.
d) O inspetor acaba de chegar. = artigo definido
5) O policial recebeu o ladrão a bala. Foi necessário apenas um disparo; o assaltante recebeu a bala na cabeça e
morreu na hora.
No texto, os vocábulos grifados são respectivamente:
a) preposição e artigo
b) preposição e preposição
c) artigo e artigo
d) artigo e preposição
e) artigo e pronome indefinido
6) "Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir
algumas..."
Assinale a opção incorreta.
a) pouco = pronome indefinido.
b) compridas = adjetivo biforme.
c) e = conjunção coordenativa.
d) da = combinação de preposição mais artigo.
e) algumas = pronome indefinido.
RESPOSTAS:
1) b 3) d 5) a
2) a 4) b 6) a
OS ELEMENTOS MÓRFICOS
1) Radical - É a forma mínima que indica o sentido básico da palavra, ou seja, seu significado. É a parte invariável
da palavra. Exemplos:
gat - o, gat - a, gat - inho etc.
2) Afixos - São elementos colocados antes (prefixos) ou depois (sufixos) dos radicais. Exemplos:
infeliz - felizmente
prefixo sufixo
3) Vogal Temática e Tema - É o elemento que, juntado ao radical, possibilita a ligação entre este e a desinência.
O radical acrescido da vogal temática recebe a denominação de tema. Exemplo: vender. O radical é vend- (pode
formar vendido, venda, vendável, etc.); a desinência é -r. Entretanto, na língua portuguesa, é impossível a
ligação vend- + -r. É necessário mais um elemento, no caso, a vogal temática. Dessa forma, temos:
vend- (radical)
vende- (tema, isto é, radical mais vogal temática)
vender (tema mais desinência)
4) Desinências - são elementos colocados no final das palavras para indicar certos aspectos gramaticais.
Dividem-se em:
a) desinências nominais: indicam o gênero e o número de nomes (substantivos, adjetivos, pronomes, numerais).
Por exemplo:
alun – o
alun – a
alun – o – s
alun – a – s
b) desinências verbais: indicam as flexões de verbos em número, pessoa, modo, tempo. Por exemplo:
cant - á - sse – mos
cant - (radical)
- á - (vogal temática)
- sse - (desinência de modo subjuntivo e de tempo perfeito)
- mos (desinência de primeira pessoa e de número plural)
5) Vogais e consoantes de ligação - são vogais ou consoantes colocadas entre dois morfemas apenas para
facilitar a pronúncia. Exemplos:
pe / z / inho, paris / i / ense.
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Há, basicamente, dois processos para a formação de palavras: a derivação e a composição.
DERIVAÇÃO
É o processo de estruturação de urna palavra, tendo como base uma outra já existente.
A formação de palavras por derivação pode ocorrer de várias formas:
- por prefixação - quando se antepõe um prefixo ao radical: rever, compor, infeliz, subnutrido.
- por sufixação - quando se acrescenta um sufixo ao radicar felizmente, unhada, gritaria, vendedor.
- por derivação parassintética - quando são acrescidos ao radical um prefixo e um sufixo: infelizmente,
anoitecer, desnorteado.
- por derivação imprópria - quando uma palavra é empregada em classe gramatical diferente da habitual.
Exemplos:
Só aceito um sim como resposta.
- por derivação regressiva - quando a terminação de um verbo é substituída pelas desinências: -a, -e ou -o,
dando origem a um substantivo:
buscar ! busca;
ajudar ! ajuda;
combater ! combate, etc.
COMPOSIÇÃO
É o processo de estruturação de uma palavra pela reunião de outras já existentes.
A formação de palavras por composição pode ocorrer de duas formas:
- por justaposição - quando se unem duas ou mais palavras sem modificar suas estruturas: segunda-feira,
passatempo, amor-perfeito, etc.
- por aglutinação - quando se unem duas ou mais palavras, modificando suas estruturas: aguardente (água +
ardente); vinagre (vinho + acre); pernalta (perna + alta); planalto (plano + alto), etc.
moto (motocicleta)
foto (fotografia)
2 - Sigla - é um caso especial de abreviatura, onde se forma a partir das iniciais das palavras:
OAB (Ordem dos Advogados do Brasil);
PT (Partido dos Trabalhadores);
SP (São Paulo), etc.
3 - Onomatopéia - É a reprodução de som por meio de uma palavra: tique-taque, pingue-pongue, miau, pocotó,
etc.
EXERCÍCIOS
1) Associe as palavras ao seu processo de formação:
1 - Derivação por prefixação
2 - Derivação por sufixação
3 - Derivação parassintética
4 - Derivação imprópria
5 - Derivação regressiva
( ) trabalho
( ) amoroso
( ) desamor
( ) o porquê
( ) esfriar
( ) amadurecer
2) Identifique o processo de composição das palavras abaixo, escrevendo CJ para composição por justaposição e
CA para composição por aglutinação.
( ) televisão
( ) sexta-feira
( ) pernilongo
( ) embora
( ) fidalgo
( ) vaivém
RESPOSTAS
1) ( 5 ) trabalho ( 4 ) o porquê
( 2 ) amoroso ( 3 ) esfriar
( 1 ) desamor ( 3 ) amadurecer
2) ( CJ ) televisão ( CA ) embora
( CJ ) sexta-feira ( CA ) fidalgo
( CA) pernilongo ( CJ ) vaivém
3) ( 2 ) ONU ( 1 ) metrô
( 1 ) Zôo ( 2 ) IBGE
( 3 ) bem-te-vi
ORTOGRAFIA OFICIAL
Sílaba inicial e > usa-se x - exame, exemplo, exímio, êxodo, exumar ...
Exceções: esôfago, esotérico, (há também exotérico)
Sílaba inicial i > usa-se s - isento, isolado, Isabel, Isaura, Isidoro ...
b) No segmento final da palavra (sílaba ou sufixo), pode ser representado pelas letras z e s:
1) letra z - se o fonema /z/ não vier entre vogais:
az, oz - (adj. oxítonos) audaz, loquaz, veloz, atroz ...
iz, uz - (pal. oxítonas) cicatriz, matriz, cuscuz, mastruz ...
Exceções: anis, abatis, obus.
ez, eza - (subst. abstratos) maciez, embriaguez, avareza ...
c) Verbos:
Terminação izar - derivados de nomes sem "s" na última sílaba:
! utilizar, avalizar, dinamizar, centralizar ...
- cognatos (derivados com mesmo radical) com sufixo "ismo":
! (batismo) batizar - (catecismo) catequizar ...
e) Depois de ditongos:
letra s - lousa, coisa, aplauso, clausura, maisena, Creusa ...
b) depois de ditongos:
! caixa, ameixa, frouxo, queixo ...
Exceção: recauchutar.
agem – viagem
ege – herege
igem – vertigem
oge – paragoge
ugem – penugem
Exceções: pajem, lajem, lambujem.
2. Letra c (ç)
a) nos sufixos:
! barcaça, viração, cansaço, bonança, roliço.
b) depois de ditongos:
! louça, foice, beiço, afeição.
c) cognatas com "t":
! exceto > exceção - isento > isenção.
d) derivações do verbo "ter":
! deter > detenção, obter > obtenção.
3. Letra s / ss
Nas derivações, a partir das terminações verbais:
ender pretender > pretensão;
ascender > ascensão.
ergir imergir > imersão;
submergir > submersão.
erter inverter > inversão;
perverter > perversão.
pelir repelir > repulsa;
compelir > compulsão.
correr discorrer > discurso;
percorrer > percurso.
ceder ceder > cessão;
conceder > concessão.
gredir agredir > agressão;
regredir > regresso.
primir exprimir > expressão;
comprimir > compressa.
tir permitir > permissão;
discutir > discussão.
Múltipla escolha
26. Assinale a opção onde há erro no emprego do dígrafo sc:
a) aquiescer; d) florescer;
b) suscinto; e) intumescer.
c) consciência;
27. Assinale o vocábulo cuja lacuna não deve ser preenchida com "i":
a) pr___vilégio; d) cum___eira;
b) corr___mão; e) cas___mira.
c) d___senteria;
GABARITO
1.F 7.F 13.F 19.F 25.F
2.V 8.V 14.F 20.V 26.B
3.F 9.F 15.F 21.F 27.D
4.V 10.V 16.V 22.V 28.A
5.F 11.V 17.F 23.F 29.B
6.F 12.F 18.V 24.F 30.C
PONTUAÇÃO
A VíRGULA
É o sinal que indica pequena pausa na leitura. Separa termos de uma oração e certas orações no período.
A VÍRGULA SEPARANDO TERMOS DA ORAÇÃO
a) Termos coordenados, isto é, de mesma função sintática.
! Era um rapagão corado, forte, risonho.
! A terra, o mar, o céu, tudo glorifica Deus.
Observação:
Normalmente não se separam termos unidos por e, nem e ou.
! Possuía lavouras de trigo, arroz e linho.
! Não aprecia cinema, teatro nem circo.
! Os mendigos pediam dinheiro ou comida.
Observação:
Adjunto adverbial de pequeno corpo costuma dispensar a vírgula.
! Amanhã(,) o Presidente viajará.
Quando usada, serve para dar ênfase.
Observação:
Usa-se vírgula com a conjunção "e":
(1) Orações coordenadas aditivas com sujeitos diferentes:
! Afinal vieram outros cuidados, e não pensei mais nisso.
! O concurso foi difícil, e a prova não correspondeu ao programa.
Observações:
Com orações adverbiais pospostas, só é recomendável usar vírgula:
(1) Se a oração principal for muito extensa;
! O ar poluído corrói a saúde do povo, embora não se perceba a curto prazo.
e) Orações interferentes.
! A História, disse Cícero, é a grande mestra da vida.
O PONTO-E-VÍRGULA
Assinala pausa maior que a vírgula e menor que o ponto.
Usa-se o ponto-e-vírgula nos seguintes casos:
a. separando os itens de uma enumeração;
A gramática normativa trata dos seguintes assuntos:
1) fonética;
2) morfologia;
3) sintaxe;
4) estilística.
b. separando as partes principais de um período, cujas secundárias já foram separadas por vírgula;
! Na volta da escola, alguns brincavam; outros, no entanto, vinham sérios; quando chegamos. todos riam.
OS DOIS-PONTOS
Assinalam uma pausa para indicar que a frase não foi concluída, isto é, há algo a se acrescentar.
Usam-se dois-pontos nos seguintes casos:
1. introduzindo citação ou transcrição;
! Diz um provérbio árabe: "A agulha veste os outros, e anda nua".
2. introduzindo enumeração;
! Os meios legítimos de adquirir fortuna são três: ordem, trabalho e sorte.
Múltipla escolha
16. "... chega a ser desejável o não-comparecimento de 90 por cento dos funcionários, para que os restantes
possam, na calma, produzir um bocadinho." A mesma justificativa para o emprego das vírgulas em "na calma"
pode ser usada em:
a) "João Brandão, o de alma virginal, não entendia assim."
b) "... assinar o ponto no Instituto Nacional da Goiaba, que, como é de domínio público, estuda as..."
c) "Encontrou cerradas as grandes portas de bronze, ouro e pórfiro, e nenhum sinal de vida nos arredores."
d) "João Brandão aquiesceu, porque o outro, pelo tom de voz, parecia disposto a tudo..."
17. As opções a seguir apresentam um parágrafo de "O Povo Brasileiro" pontuado de diferentes maneiras.
Assinale aquela cuja pontuação está correta.
a) Somos povos novos ainda na luta para nos fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo, que nunca
existiu antes. Tarefa muito mais difícil e penosa, mas também muito mais bela e desafiante.
b) Somos povos novos, ainda na luta para nos fazermos, a nós mesmos como um gênero humano - novo, que
nunca existiu antes. Tarefa muito mais difícil e penosa-mas também muito mais bela e desafiante.
c) Somos povos novos. Ainda na luta para nos fazermos a nós mesmos, como um gênero humano novo que
nunca existiu antes, tarefa muito mais difícil e penosa. Mas também muito mais bela e desafiante!
d) Somos povos novos ainda; na luta para nos fazermos a nós mesmos, como um gênero humano novo que
nunca existiu antes, tarefa muito mais difícil e penosa; mas também muito mais bela e desafiante.
e) Somos povos; novos ainda na luta para nos fazermos a nós, mesmos. Como um gênero humano novo, que
nunca existiu antes, tarefa muito mais difícil. Penosa, mas também muito mais bela e desafiante.
18. Pode-se atribuir o emprego de dois-pontos, em "Um poeta é sempre irmão do vento e da água: deixa seu ritmo
por onde passa." (Discurso, Cecília Meireles), à intenção de anunciar:
a) uma citação;
b) uma explicação;
c) um esclarecimento;
d) um vocativo;
e) uma separação, em um período, de orações com a mesma natureza.
19. No trecho "Temos de cobrar dos deputados e senadores as leis necessárias para punir esses assassinos. Das
autoridade do trânsito, fiscalização e multas vigorosas para quem desobedece às leis e à sinalização. E da justiça
, rapidez e dureza com os infratores." (Nicole Puzzi, Veja 1280, ano 26, n° 12) empregam-se as vírgulas para:
a) separar termos coordenados;
b) separar as orações adjetivas;
c) isolar orações intercaladas;
d) isolar adjuntos adverbiais;
e) indicar a supressão do verbo.
22. Marque o item em que o uso incorreto da vírgula prejudica a coesão frasal.
a) No ano passado, 35.000 turistas estrangeiros escolheram a Amazônia com roteiro de férias e injetaram no
complexo turístico da região 90 milhões de dólares.
b) O filão turístico da Amazônia foi impulsionado por um estrangeiro, o suíço naturalizado brasileiro Heinz Gerth.
c) Em 1984, ele inaugurou o hotel Amazon Lodge, uma casa rústica flutuante, com capacidade para dezoito
pessoas, situado no Lago Juma, 80 quilômetros ao sul de Manaus.
d) A Transamazon, organiza as excursões e recepciona os turistas estrangeiros no Aeroporto Eduardo Gomes.
e) Com o sucesso de seu primeiro empreendimento, o suíço construiu em 1986 um hotel de porte maior, às
margens do Lago Poraquequara, a 30 quilômetros de Manaus.
23. Marque o item em que o uso do ponto-e-vírgula quebra a estrutura sintática da frase.
a) É preciso observar que; para estar em forma é necessário adotar hábitos alimentares equilibrados; de acordo
com o nível de atividades física e metabólica do organismo.
b) A atividade aeróbica traz muitos benefícios ao corpo humano; é recomendável, contudo, conversar com o
médico antes de iniciar qualquer esporte.
c) O ciclismo é um bom exercício aeróbico para o sistema cardiovascular; a natação exercita todo o corpo o vôlei
proporciona bom condicionamento aeróbico.
d) Um pedaço de chocolate do tamanho de uma caixa de fósforos tem 150 calorias; um pouco de manteiga igual a
uma tampinha de garrafa tem 25 calorias.
c) Para entrar em forma, é preciso empenho: de um lado praticar esportes com freqüência; do outro, ajustar a
alimentação ao metabolismo e às atividades.
25. Marque a alternativa em que a vírgula indica anteposição da oração adverbial à oração principal.
a) Os pandeiros e os atabaques, já não há quem os toque.
b) É necessário ter calma, pois não há perigo iminente.
c) Em todas as suas atitudes, notava-se grande determinação.
d) Que ambos já não se amavam, os pais já sabiam.
e) Ao ver-se sozinha, começou a temer por seu destino.
26. "Durante muitos anos o TUCA o Teatro da Universidade Católica foi em São Paulo o templo da música
brasileira."
No período acima, corretamente pontuado, há:
a) 1 vírgula; d) 4 vírgulas;
b) 2 vírgulas; e) 5 vírgulas. c) 3 vírgulas;
27. Examine as construções abaixo e marque, com relação à colocação de vírgulas, a alternativa correta.
I - Os candidatos, ansiosos, aguardavam o concurso.
II - Ansiosos, os candidatos aguardavam o concurso.
III - Os candidatos aguardavam, ansiosos, o concurso.
IV - Os candidatos aguardavam ansiosos, o concurso.
a) O presidente descobriu, que tinha aliados, virou a agenda de cabeça para baixo e partiu para a reforma
administrativa.
b) O presidente, descobriu que tinha aliados, virou a agenda de cabeça para baixo e partiu para a reforma
administrativa.
c) O presidente descobriu que tinha aliados, virou a agenda de cabeça para baixo e partiu para a reforma
administrativa.
d) O presidente descobriu que tinha aliados virou a agenda de cabaça para baixo, e partiu para a reforma
administrativa.
e) O presidente descobriu que tinha aliados, virou a agenda, de cabaça para baixo e partiu para a reforma
administrativa.
GABARITO
1. F 7. V 13. F 19. E 25. E
2. V 8. V 14. F 20. A 26. E
3. F 9. F 15. F 21. A 27. B
4. F 10. F 16. D 22. D 28. C
5. V 11. F 17. A 23. A 29. E
6. F 12. F 18. B 24. A 30. C
CONCORDÂNCIA NOMINAL
superpovoadas.
2) vai para o plural no gênero predominante (em caso de gêneros diferentes, predomina o masculino).
! Os concursandos passam por problemas e provas complicados.
masc. fem. masc. plural
b) Adjetivo anteposto:
1) o adjunto adnominal concorda apenas com o mais próximo.
! O cavalheiro oferecera-lhe perfumadas rosas e lírios.
adj. adn.
Observação:
Segundo alguns autores, o predicativo anteposto pode também concordar com o núcleo mais próximo.
! É preciso que se mantenham limpas as ruas e os jardins. (Cegalla)
predic.
Observação:
Invariável, quando se referir a verbos ou denotar inclusão.
! As mulheres exigiram mesmo igualdade de direitos.
! Mesmo as mulheres querem tirar vantagem de sua condição.
b) Bastante
Concorda com o nome a que se refere.
! O estudo gera bastantes ansiedades e poucas certezas.
Observação:
Invariável, quando se referir a verbos, adjetivos ou advérbios.
! Não a procuramos bastante para encontrá-la.
! Todos parecem bastante ansiosos.
! O ancião, na noite anterior, passara bastante mal.
c) Meio
Concorda com o substantivo a que se refere (indicando fração).
! Não serei homem de meias palavras.
Observação:
Invariável, quando advérbio (referindo-se a adjetivos).
! A funcionária sentiu-se meio envergonhada com a situação.
d) Leso
Concorda em gênero e número com o 2° vocábulo do composto.
! Seu comportamento revela desvios de lesos-caracteres.
e) Quite
Concorda com o nome a que se refere.
! Os eleitores ficaram quites com suas obrigações cívicas.
! Só fará prova o aluno quite com a tesouraria do colégio.
f) Só
Adjetivo (só = sozinho), concorda com o nome a que se refere.
! Merecem elogios os meninos que se fazem por si sós.
Observação:
A locução a sós é invariável.
Nesses casos, nada melhor que uma conversa a sós.
Observação:
As locuções em anexo e em separado são invariáveis.
! Em anexo, seguirão as duplicatas correspondentes.
! Seguem, em separado, as cópias das notas fiscais.
h) Possível
Concorda com o nome a que se refere.
! Já fizemos todas as tentativas possíveis.
No singular, com as expressões superlativas o mais, o menos, o melhor, o pior.
! Mantenha os alunos o mais ocupados possível.
No plural, com essas expressões no plural: os / as mais, os / as menos, os / as melhores, os / as piores.
! Na Suíça, fabricam-se os melhores relógios possíveis.
Observação:
A expressão (o) quanto possível é invariável.
! Gosto de cervejas tão geladas (o) quanto possível.
Observação:
Com determinante a concordância será obrigatória.
! Aquela mulher é talhada para secretária.
! Nenhuma bebida é boa como a água.
m) A olhos vistos
Na linguagem contemporânea, invariável.
! A menina emagrecia a olhos vistos.
Observação:
Em linguagem já arcaica, o particípio "visto" concorda com o sujeito (aquilo que se vê).
! A menina emagrecia a olhos vista.
n) Tal qual
Em função predicativa, concordam com os respectivos sujeitos.
! Os jogadores do Flamengo são tais qual o
suj.
próprio time.
suj.
Múltipla escolha
16. Considerando o período: "Reincidente, terá sua carteira permanentemente cassada na terceira vez.", assinale
a opção que se apresenta de acordo com a norma culta do Português.
a) Reincidentes, terão sua carteira permanentemente cassada nas terceiras vezes.
b) Reincidentes, terão suas carteiras permanentementes cassadas na terceira vez.
c) Reincidente, terão suas carteiras permanentemente cassadas na terceira vez.
d) Reincidentes, terão suas carteiras permanentemente cassadas na terceira vez.
19. Aponte a opção cuja seqüência preenche corretamente as lacunas deste período.
"Muito ___________, disse ela. Vocês procederam __________ considerando meu ponto de vista e minha
argumentação ___________ .”
Estão corretas:
a) 1,2e3 d) 2e3
b) 3e4 e) 1 e4
c) 1 e 2
21. Todos os períodos abaixo estão corretos. Existem, porém, dentre eles alguns que admitem outra forma de
concordância, correta também. Indique a alternativa que abrange estes períodos.
1. Eram agastamentos e ameaças fingidos.
2. Pai e mãe extremosos não pouparam sacrifícios para educar os filhos.
3. Tinha por ele alta admiração e respeito.
4. Leu atentamente os poemas camoniano e virgiliano.
5. Vivia em tranqüilos bosques e montanhas.
a) 1,2 e 3 d) 1,2e5
b) 1,2 e 4 e) 3 e 5
c) 2, 3 e 5
22. Tendo em vista as normas de concordância, assinale a opção em que a lacuna só pode ser preenchida por um
dos termos colocados entre parênteses.
a) Cabelo e pupila _____________ . ( negros/negra)
b) Cabeça e corpo _____________ . (monstruoso/ monstruosos)
c) Calma e serenidade _____________. (invejável/invejáveis)
d) Dentes e garras _____________ . (afiados/afiadas)
e) Tronco e galhos _____________ . (seco/secos)
GABARITO
1.V 7.V 13.F 19.B 25.D
2.F 8.V 14.F 20.C 26.A
3.V 9.F 15.V 21.B 27.B
4.F 10.V 16.D 22.E 28.C
5.F 11.F 17.A 23.D
6.F 12.V 18.B 24.A
REGÊNCIA VERBAL
É a maneira de o verbo relacionar-se com seus complementos.
Observação:
O pronome lhe será usado quando o objeto indireto for palavra que indique pessoa; caso contrário, usar-se-á o
pronome ele com a respectiva preposição.
Observação:
Se ocorrer ambigüidade, deve ser usado apenas como v.t.d.
! A enfermeira assistiu ao transplante. (viu ou deu assistência?)
! A enfermeira assistiu o transplante.
Observação:
Alguns gramáticos dão preferência ao uso do pronome "o".
! Chamaram-no inteligente.
o.d. predic. o.d.
! Chamaram-no de inteligente.
o.d. predic. o.d.
! Chamaram-lhe inteligente.
o.i. predic. o.i.
! Chamaram-lhe de inteligente.
o. i. predic. o.i.
Observação:
Como se pode ver, o objeto indireto é pessoa e o sujeito, oracional; devendo, portanto, evitar-se:
! Os alunos custaram a entender tais assuntos.
Observação:
Essa é construção clássica que tem como sujeito o ser lembrado.
Observação:
Alguns autores clássicos o empregaram como v.t.d. - porém, na linguagem atual, esse procedimento não tem mais
trâmites.
Observações:
a) Seguido de infinitivo, pode a preposição ficar subentendida.
! O pequenino visava conquistar a simpatia de todos.
b) Apesar de exemplos clássicos como transitivo direto, não se recomenda tal procedimento na linguagem
hodierna.
Observação:
O erro comum é o uso da preposição em em vez de a.
! Quando cheguei em Brasília. (incorreto)
Observação:
O erro comum é usar a preposição em.
! Com licença, preciso ir no banheiro. (incorreto)
Namorar (v.t.d.)
! Paula namorava todos os rapazes da rua.
Observação:
O erro comum é usar-se com a preposição com.
! Raimunda só foi feliz namorando com Ricardo. (incorreto)
Observação:
O erro comum tem sido usá-los como transitivos diretos.
! Pedrinho, não desobedeças teu pai! (incorreto)
Observação:
O erro comum é a construção com objeto direto "pessoa".
! Amanhã pagaremos os funcionários. (incorreto)
Preferir (v.t.d.i. )
! Há indivíduos que preferem o sucesso fácil ao triunfo meritório.
Observação:
O erro comum é o uso redundante de "reforços" (antes, mais, muito mais, mil vezes, etc) e de "comparativos"
(que ou do que).
! Prefiro mil vezes um inimigo do que um falso amigo. (incorreto)
Observações:
Têm a mesma regência os verbos morar, situar-se, estabelecer-se e os adjetivos derivados sito, residente,
morador, estabelecido.
! Ela reside na SQN 315, estabeleceu-se na QNG, sito na casa 10.
O erro comum é usar-se a preposição a.
! Todos estarão tio local determinado, sito a SCLN 314. (incorreto)
Observação:
O erro comum é usá-lo como verbo pronominal, reflexivo.
! Nunca me simpatizei com modas. (incorreto)
o.d. o. i.
Observação:
O erro comum, com esses verbos, é a construção em que aparecem dois objetos diretos ou dois indiretos, isto é,
por excesso ou omissão de preposição.
Avisei-os que a prova fora transferida. (incorreto)
o.d. o.d. > dois objetos diretos
REGÊNCIA NOMINAL
É a relação de subordinação entre o nome e seus complementos, devidamente estabelecida por
intermédio das preposições correspondentes.
Acostumado (a, com)
Estava acostumado a / com qualquer coisa.
Afável (a, com, para com)
Parecia afável a / com / para com todos.
Afeiçoado (a, por)
Afeiçoado aos estudos. Afeiçoado pela vizinha.
Aflito (com, por)
Aflito com a notícia. Aflito por não ter notícia.
Amizade (a, por, com)
Amizade à / pela / com a irmã mais velha.
Analogia (com, entre)
Não há analogia com / entre os fatos históricos.
Apaixonado (de, por)
Era um apaixonado das / pelas flores.
Apto (a, para)
Estava apto ao / para o desempenho das funções.
Ávido (de, por)
Um homem ávido de / por novidades.
Constituído (de, por)
Um grupo constituído de / por várias turmas.
Contemporâneo (a, de)
Um estilo contemporâneo ao / do Modernismo.
Devoto (a, de)
Um aluno devoto às / das artes.
Falho (de, em)
Um político falho de / em caráter.
Imbuído (de, em)
Imbuído de / em vaidades.
Incompatível (com)
Múltipla escolha
11. Assinale a opção correta quanto à regência verbal.
a) Eu não lhe vi avançar o sinal, mas assisti o seu desrespeito ao pedestre, conduzindo o veículo, em alta
velocidade, pelo acostamento.
b) Não lhe conheço bem para afirmar que ele tem o hábito de namorar com a vítima dentro do automóvel.
c) Informou-lhe que as medidas de prevenção de acidentes no trânsito não implicavam custo adicional para a
administração.
d) O agente de trânsito tentava explicar ao motorista de que não visava o agravamento da punição e, sim, que
queria ajudar-lhe.
14. Quanto à regência verbal, escreva (1) nas corretas e (2) nas incorretas.
( ) Logo que chegou, eu o ajudei como pude.
( ) Preferia remar do que voar de asa delta.
( ) Naquela época, eu não visava o cargo de diretor.
( ) Sem esperar, deparei com ela bem perto de mim.
( ) Nós tentamos convencê-lo que tudo era imaginação.
c) "Para lembrar o assassinato de Zumbi, muitos estarão somente dançando e tocando tambor - o que somente
acontecerá em reforço aos estereótipos atiçados sobre seus descendentes." (Folha de S. Paulo, 26/3/95)
d) "Art. 3. São direitos de cada condômino: reclamar à Administração, exclusivamente por escrito, todas e
quaisquer irregularidades que observe, ou que esteja sendo vítima."
e) "4.1 - Este contrato é irrevogável e irretratável. Desejando o assinante cancelá-lo, deverá remeter à editora
cópia xerográfica da face preenchida deste documento, acompanhada de carta explicativa dos motivos do
cancelamento."
19. Assinale a opção que contém erro, segundo os padrões formais da língua portuguesa.
a) Algumas idéias vinham ao encontro das reivindicações dos funcionários, contentando-os, outras não.
b) Todos aspiravam a uma promoção funcional, entretanto poucos se dedicavam àquele trabalho, por ser
desgastante.
c) Continuaram em silêncio, enquanto o relator procedia à leitura do texto final.
d) No momento este Departamento não pode prescindir de seus serviços devido ao grande volume de trabalho.
e) Informamos a V. Sa. sobre os prazos de entrega das novas propostas, às quais devem ser respondidas com
urgência.
20. De acordo com a norma culta, há erro de regência do termo destacado em:
a) Meu apartamento é contíguo ao do meu irmão.
b) O candidato julgou estar apto a fazer um bom exame.
c) A sociedade não pode ficar imune a essas solicitações.
d) A tolerância, mesmo exagerada, é preferível do que o ódio.
e) A Justiça do Trabalho é que julga os dissídios entre trabalhadores e patrões.
22. Aponte, entre as alternativas abaixo, aquela que relaciona os elementos que preenchem corretamente as
lacunas do texto abaixo.
"A ida dos meninos _____ casa da fazenda fez _____ que o velho, sempre intolerante _____ crianças e fiel
______ seu costume de assustá-las, persistisse ______ busca _____ um plano para pô-las ____ fuga."
a) à – com – com – a – na – de – em;
b) para – a – às – em – na – a – na;
c) na – em – das – do – com – por – de;
d) a – em – de – de – com a – para – com;
e) à – com – nas – à – com – por – em.
27. Assinale a opção cuja lacuna não pode ser preenchida pela preposição entre parênteses.
a) Uma grande mulher, __________ cuja figura os velhos se comoviam. (com)
b) Uma grande mulher, _______ cuja figura já nos referimos antes. (a)
c) Uma grande mulher, _________ cuja figura havia um ar de decadência. (em)
d) Uma grande mulher, _______ cuja figura todos estiveram apaixonados. (por)
e) Uma grande mulher, _______ cuja figura as crianças se assustavam. (de)
28. Aponte a opção em que a substituição da preposição (entre parênteses) contraria os preceitos gramaticais da
norma culta.
a) Contribuição decisiva à (para) solução do problema.
b) Verdades incômodas relacionadas com (a) a situação da leitura.
c) Fugir a (de) novas oportunidades.
d) Embora não tenha para (a) apoiar-me estatísticas oficiais.
e) Verificam-se problemas oriundos de (em) causas gerais.
GABARITO
1. F 7. F 13. B 19. E 25. C
2. F 8. F 14. D 20. D 26. D
CADERNOS DIGITAIS
SÉRIE CONCURSO
FASCÍCULO
INFORMÁTICA
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Atualmente, todos os equipamentos eletrônicos, inclusive os computadores, são formados por inúmeros
chips, cada um com uma função definida, esses chips são soldados (colados com solda) em uma estrutura de
plástico com alguns caminhos condutores, essas estruturas são denominadas placas de circuitos, ou somente
placas.
Que bicho é esse? Você pode se perguntar quando vislumbra um computador, não se preocupe, se
trata apenas de mais um eletrodoméstico das famílias do novo milênio. O computador pode ser divido de forma
didática, como apresentamos a seguir:
Monitor
Gabinete
Mouse
Teclado
Gabinete: É a parte mais importante do computador, podemos dizer que o gabinete é o computador
propriamente dito. Dentro dele, há vários componentes que fazem o processamento da informação. Mas atenção,
NÃO CHAME DO GABINETE DE CPU, pois são coisas diferentes (algumas pessoas, inclusive técnicos costumam
chamar o gabinete de CPU porque esta – a CPU – está dentro do gabinete).
Monitor: É a tela que nos mostra as respostas que o computador nos dá. É um periférico de saída (pois a
informação sai do computador para o usuário).
Teclado: conjunto de teclas que permite que operemos o computador através de comandos digitados. É um
periférico de entrada.
Mouse: Através dele, controlamos uma setinha que aponta para os itens na nossa tela. Também é um
periférico de entrada.
MOMENTO, NA RAM. Toda e qualquer informação que estiver sendo processada, todo e qualquer programa que
esteja sendo executado está na memória RAM. A memória RAM é vendida na forma de pequenas placas chamadas
“pentes”.
RAM significa Memória de Acesso Aleatório, ou seja, o computador altera seu conteúdo constantemente,
sem permissão da mesma, o que é realmente necessário. Como a memória RAM é alimentada eletricamente, seu
conteúdo é esvaziado quando desligamos o computador. Sem chance de recuperação, ou seja, é um conteúdo
volátil.
Memória cache : É uma memória que está entre o processador e a RAM, para fazer com que o acesso à RAM
seja mais veloz. A Memória Cache normalmente é formada por circuitos dentro do processador, para que sua
velocidade seja ainda maior. Uma vez acessada uma informação, ela não precisará ser acessada mais uma vez na
RAM, o computador vai buscá-la na Cache, pois já estará lá.
Disco Rígido: também conhecido como wincheste r ou HD, é um dispositivo de armazenamento magnético
na forma de discos sobrepostos. É no Disco Rígido que as informações são gravadas de forma permanente, para que
possamos acessá-las posteriormente. As informações gravadas nos discos rígidos (ou nos disquetes) são chamadas
arquivos.
Barramento: também conhecido como BUS é o nome dado ao conjunto de vias que fazem a informação
viajar dentro do computador. O BUS liga o processador aos periféricos e às placas externas que se encaixam na placa
mãe.
Slots: São “fendas” na placa mãe que permitem o encaixe de outras placas, como as de vídeo, som, rede,
etc. Veremos, a seguir, mais detalhadamente os Slots, os barramentos e suas características.
Podemos observar na figura seguinte, o formato dos discos rígidos e da memória RAM, assim como, um
pequeno exemplo de microprocessador, e um esquema do funcionamento deles:
Memória RAM
Monitor de Vídeo
Processador
informação, até mesmo as teclas que você pressiona enquanto digita uma carta no computador, ou o momento em
que grava sua voz pelo microfone.
(hoje em dia)
A Velocidade de processamento do
Microprocessador MHz (MegaHertz) De 400 a 1700
computador
Capacidade de armazenamento de
Disquete MB (MegaBytes) 1,38 MB
informação
Capacidade de armazenamento de
Disco Rígido GB (GigaBytes) De 20 a 80 GB
informação
Capacidade de armazenamento de
Memória RAM MB (MegaBytes) De 64 a 512 MB
informação
Kbps Velocidade de transmissão e recepção
Fax/Modem 56 Kbps
(KiloBits por Segundo) de dados através do Modem (Internet)
Como podemos ver, existem Kilos, Megas e Gigas demais, que podem até nos confundir, por causa disso,
vamos estudá-los para que não sejam mais um mistério:
Quando algum valor é muito grande, usamos prefixos nas palavras para indicar seu valor multiplicado, por
exemplo: 100 Kg são 100 Kilogramas ou 100 mil gramas, ou seja, Kilo significa MIL VEZES. Verifique a tabela
abaixo:
1K = 1 Kilo = 1.000 vezes
1M = 1 Mega = 1.000.000 de vezes
1G = 1 Giga = 1.000.000.000 de vezes
MAS ATENÇÃO! à Pelo fato de a linguagem binária, utilizada no computador, ser matematicamente baseada
no número 2, 1 Kilo, no mundo dos Bits e Bytes, não é exatamente 1000 vezes, mas 1024 vezes, bem como os
outros valores: 1 Mega são exatamente 1024 x 1024 vezes e 1 Giga equivale a 1024 x 1024 x 1024 vezes. Ainda
não precisamos passar da ordem dos Giga, mas depois dela vem a ordem dos Tera, dos Peta , dos Exa, etc...
O barramento SCSI (lê-se ISCÂSI) não é comum aos computadores atuais, ou seja, não vêm junto com a
placa-mãe, portanto, é necessário possuir uma placa externa que controle os componentes SCSI para que estes
funcionem, esta placa é chamada Placa Controladora SCSI. O SCSI é um barramento concorrente do IDE e muito mais
rápido que este. Uma das características técnicas do barramento SCSI é permitir a conexão de até 15 equipamentos
em série.
O barramento AGP (Porta de Gráficos Acelerada) é comum nos computadores mais novos e permite a conexão
das novas placas de vídeo (especialmente as placas de vídeo com característica 3D).
segue a listagem que apresenta os mais comuns tipos de interfaces de comunicação e suas utilizações quanto ao tipo
de periférico a ser conectado:
Impressoras / Scanners /
USB (Universal Serial Permite a conexão de até 127 equipamentos em série (em
Monitores / Unidades Externas
Bus) apenas uma conexão traseira do micro).
/ mouses / joysticks / teclados
O barramento USB (mais novo de todos) está sendo largamente utilizado na indústria para a construção de
novos equipamentos, como impressoras, scanners, monitores, etc. Além de ser possível a conexão de até 127
equipamentos em série, pode-se comprar o que chamamos de HUB USB (um equipamento que funciona como um “T”
(Benjamin) para unir vários equipamentos numa única porta de conexão). Apesar de ser um barramento SERIAL, a
proposta do USB é substituir os barramentos Seriais e paralelos existentes.
CONFIGURAÇÃO DE UM COMPUTADOR
Quando vemos em um jornal ou revista um anúncio de computador para vender, nos deparamos com uma
série de informações conturbadas e que podem gerar uma verdadeira confusão em nossas cabeças (a menos que você
tenha lido esta apostila e entendido tudo que ela quis mostrar até agora). A configuração de um computador é, nada
mais, nada menos que a “receita” do computador, ou seja, a listagem dos equipamentos que o formam. É necessário
conhecer todos os equipamentos e suas capacidades para avaliar se um computador é mais potente, e
conseqüentemente mais caro, que outro.
Listo abaixo algumas configurações de computadores para avaliarmos todas as possibilidades apresentadas
em concursos:
1) PENTIUM III 800 MHz ; 128MB RAM; 20GB HD; CD 52X; Modem 56K; Vídeo 8MB; Monitor 15"
2) ATHLON 1 GHz; 64MB RAM; 20GB HD; CD 52X; Modem 56K; Vídeo 3D 32MB; Monitor 17"
3) CELERON 700 MHz ; 64MB; 30GB HD; CDRW 8x4x32x; Placa ISDN; Vídeo 8MB; Placa Ethernet 10/100;
Monitor 15"
Vamos às explicações:
1) Onde aparece PENTIUM III 800 MHz, ATHLON 1 GHz e CELERON 700 MHZ, estamos falando do Processador do
computador em questão. Por exemplo, PENTIUM é o modelo dele (do processador) e 800 MHZ é o Clock do mesmo
(clock é sinônimo de freqüência do processador). Ou seja, no caso do computador da configuração 1, o processador
que está dentro dele é um chip do modelo PENTIUM III cuja freqüência de trabalho é de 800 Mhz.
Esses 800 MHz significam 800 milhões de Hertz (1 Hertz é a repetição de um determinado acontecimento
uma vez por segundo). Essa unidade é chamada freqüência (repetição, ciclo). Portanto, um processador de 800 MHz é
um processador que possui um pequeno cristal que oscila (pisca) cerca de 800 milhões de vezes por segundo,
imprimindo-lhe a velocidade que ele apresenta. Portanto, quanto maior o CLOCK (freqüência) do processador, maior
será a velocidade do computador.
Verifique abaixo uma pequena listagem dos processadores mais comuns hoje em dia, que podem ser citados
em concursos públicos (esta tabela apresenta os modelos de alguns processadores, além da empresa fabricante e
algumas explicações). Lembre-se: Processadores em uma mesma linha são “equivalentes”, ou seja, são da mesma
“geração”:
Empresa Fabricante
Observações importantes
INTEL AMD
criar uma questão difícil de responder, portanto, se evita isso). Mas é possível comparar o PENTIUM III com o
CELERON (o primeiro é superior ao segundo), para saber a “ordem” dos mais “fortes”, analise a tabela, ela começa
dos mais “fracos” para os mais robustos.
2) Na mesma configuração acima, onde aparece 128MB e 64MB, estas são as quantidades de memória RAM dos
computadores acima citados. Quando mais memória RAM, mais “livre” será executado o trabalho no seu computador,
tornando-o um pouco mais rápido. (existem vários tipos de memória RAM, como SDRAM, DRAM, EDO RAM, RAMBUS,
etc... mas esse nível de conhecimento, como as diferenças entre elas não são cobradas em concursos).
3) 20GB e 30GB, apresentados nas configurações anteriores, apontam as capacidades de armazenamento dos HDs
(Discos Rígidos daquelas máquinas). Um Disco Rígido maior não afeta, de maneira substancial, a velocidade de um
computador, mas sim, permite que se possa armazenar mais dados de forma permanente.
4) As unidades de CD dos dois primeiros micros são leitoras e trabalham com uma taxa de transferência de 50X (50
vezes 150Kbps). Já a unidade de CD do terceiro computador é uma unidade que permite a gravação de CDs (Gravador
de CD) e suas velocidades são: 8X para Gravar um CD, 4X para Regravar um CD, 32X para ler um CD.
5) Modem 56Kbps é a placa de Modem, que permite a comunicação de dados através de uma linha telefônica
convencional. O terceiro micro apresenta uma Placa ISDN, que é um dispositivo que permite a comunicação através de
uma linha telefônica DIGITAL (cujo sistema é chamado de ISDN).
6) Placa de vídeo é o nome dado ao equipamento que recebe os dados do processador e os “desenha” no monitor.
Dois dos computadores citados acima usam uma placa de vídeo com 8MB de capacidade de memória (chamada
memória de vídeo). O computador do meio usa uma placa de vídeo aceleradora (ideal para programas e jogos que
usam recursos de 3D) com 32MB de memória de vídeo.
7) O Monitor é apenas o equipamento que apresenta os dados para o usuário, ele não influencia na velocidade do
computador, o monitor só afeta o preço da máquina. Portanto, um monitor de 17” (17 polegadas – tamanho da
diagonal do monitor) não é mais “rápido” que um de 15”.
8) O terceiro computador da listagem ainda apresenta uma Placa Ethernet 10/100, que é uma placa de rede. Permite
que o computador se conecte a outros através de uma rede local (usando cabos específicos, chamados Cabos de
Rede).
APÊNDICE – HARDWARE
Alguns assuntos que eu esqueci de inserir nas versões anteriores das apostilas serão, finalmente, adicionadas
a um material meu. São apenas explicações sobre alguns termos técnicos muito comuns na área de Hardware:
TIPOS DE IMPRESSORAS
Impressora Matricial: é uma impressora que utiliza uma matriz (conjunto) de agulhas que pressionam uma fita de
tinta contra o papel. Essa é a única impressora atual que imprime por contato (tocando no papel), portanto ela
permite a impressão de várias vias carbonadas (papel carbono).
Impressora Jato de Tinta: é uma impressora que imprime utilizando-se de cartuchos cheios de tinta que “cospem”
tinta no papel. Não há contato físico da cabeça de impressão com o papel.
Impressora Laser: Utiliza um canhão que dispara um feixe de laser num rolo imerso em pó que serve de tinta (este
pó chama-se toner). A parte impressa no rolo se “prende” ao papel, por meio de processos químicos. Neste tipo de
impressão também não há contato da cabeça de impressão com o papel.
Plotter ou Plotadora: Nome dado às impressoras de grande porte (que são usadas para imprimir plantas baixas de
apartamentos e casas em engenharia e arquitetura). Essas impressoras têm uma área lateral muito grande, o que
permite a impressão de páginas muito largas, ideais para as plantas nas quais são impressas. Atualmente já existem
plotters que imprimem como as impressoras Jato de Tinta.
Nosso computador é um equipamento físico completo, cheio de partes interligadas que formam um conjunto
harmônico e funcional e, por isso, não necessita de mais nada, certo?
Errado! A “máquina” em si está completa, mas não tem “alma”, está funcionando como um corpo morto, que
não possui conteúdo vivo para fazer ele funcionar. De que adianta ter um corpo se não sentimos, pensamos,
lembramos, imaginamos, calculamos? Da mesma forma como nesta analogia espiritualista, o nosso computador
funciona.
Todas as partes físicas do computador são chamadas de Hardware, mas que não funcionam se não
estiverem associados a um Software (toda a parte lógica, gravada nos discos, que faz o computador funcionar).
Software é todo e qualquer conjunto de instruções (ordens) que o computador executa. Seja um programa
para fazer cálculos de engenharia, até um simples calendário que apresenta as datas na tela do computador.
SISTEMA OPERACIONAL
Todo computador precisa, além das partes físicas, de programas que façam essa parte física funcionar
corretamente. Existem vários programas para várias funções, como digitar textos, desenhar, calcular, fazer mapa
astral, e muitas outras...
Para poder utilizar os programas que têm função definida (como os citados acima), é necessário que o
computador tenha um programa chamado Sistema Operacional. O SO (abreviação que vamos usar a partir de agora
para substituir Sistema Operacional) é o primeiro programa a “acordar” no computador quando este é ligado, ou seja,
quando ligamos o computador, o SO é automaticamente iniciado, fazendo com que o usuário possa dar seus
comandos ao computador.
Entre as atribuições do SO, estão: o reconhecimento dos comandos do usuário, o controle do processamento
do computador, o gerenciamento da memória, etc. Resumindo, quem controla todos os processos do computador é o
sistema operacional, sem ele o computador não funcionaria.
Existem diversos tipos e versões de Sistemas Operacionais no mundo, entre eles podemos citar, para
conhecimento: Windows, Linux, Unix, Netware, Windows NT e 2000, OS 2, MacOS, entre outros. O Sistema
operacional que vamos estudar, por ser o mais difundido entre os computadores pessoais e por ser cobrado nos
concursos é o Windows (Millenium Edition ou 2000).
Logo que o sistema operacional é “requisitado” pela BIOS, ela deixa de funcionar (volta a dormir) e ele
é carregado de onde estava gravado para a memória RAM. O SO não foge à regra do mundo da informática, ele
só pode ser gravado em alguma unidade de disco, na forma de arquivos. Só para se ter uma idéia, o sistema
Windows 98 ocupa cerca de 120 MB de informação.
Onde o Sistema Operacional tem que estar gravado para que possa, toda vez que ligarmos o micro, ser
carregado para a RAM?
Se a resposta foi Disco Rígido, está absolutamente certo, a única unidade de disco que está 100%
disponível para utilização é o HD (Sigla para Hard Disk – Disco Rígido). Pois o disquete nem sempre está dentro
do DRIVE (“garagem” onde ele é colocado para ser usado).
Windows 95 Windows NT
Windows 98
O Windows possui algumas características que devemos levar em conta para o concurso, pois é quase certo
que se toque neste assunto:
O Windows é Gráfico: Significa que ele é baseado em imagens, e não em textos, os comandos não são
dados pelo teclado, decorando-se palavras chaves e linguagens de comando, como era feito na época do DOS,
utilizamos o mouse para “clicar” nos locais que desejamos.
O Windows é multitarefa preemptiva: Ser Multitarefa significa que ele possui a capacidade de executar
várias tarefas ao mesmo tempo, graças a uma utilização inteligente dos recursos do Microprocessador. Por exemplo, é
possível mandar um documento imprimir enquanto se altera um outro, o que não era possível no MS -DOS. A
característica “preemptiva” significa que as operações não acontecem exatamente ao mesmo tempo, mas cada
programa requisita seu direito de executar uma tarefa, cabendo ao Windows decidir se autoriza ou não. Ou seja, o
windows gerencia o tempo de utilização do processador, dividindo-o, inteligentemente, entre os programas.
O Windows é 32 bits: Significa que o Windows se comunica com os barramentos e a placa mãe enviando e
recebendo 32 bits de dados por vez. O DOS (antecessor do Windows) era um Sistema Operacional de 16 bits.
O Windows é Plug n’ Play: Este termo em inglês significa Conecte e Use, e designa uma “filosofia” criada
há alguns anos por várias empresas da área de informática (tanto hardware como software). Ela visa criar
equipamentos e programas que sejam tão fáceis de instalar quanto qualquer eletrodoméstico.
Abaixo segue uma cópia da tela inicial do Windows, aproveito para destacar os componentes mais comuns
deste ambiente, que chamamos de área de trabalho ou desktop:
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1) Botão Iniciar: Parte mais importante do Windows, através dele conseguimos iniciar qualquer aplicação presente
no nosso computador, como os programas para texto, cálculos, desenhos, internet, etc.
2) Barra de tarefas: É a barra cinza (normalmente) onde o Botão Iniciar fica localizado, ela permite fácil acesso aos
programas que estiverem em execução no nosso computador, criando para cada um, um botão. Note no exemplo
dois botões, um para a janela do meu Computador e outro para o documento Concurso Polícia Federal.
3) Ícones: São pequenas imagens que se localizam no desktop, representam sempre algo em seu computador. Os
ícones são a “alma” da teoria do Windows, todos os arquivos e pastas, bem como unidades de disco ou qualquer
coisa em nosso micro ganham um ícone, esta e a razão pela qual o Windows é GRÁFICO.
4) Área de notificação: Pequena área localizada na Barra de Tarefas, na parte oposta ao Botão Iniciar, ela guarda o
relógio (fácil acesso para visualização e alteração do horário) e também guarda os ícones de certas aplicações que
estão sendo executadas em segundo plano (ou seja, sem a intervenção do usuário e sem atrapalhar o mesmo)
como o ANTIVIRUS, por exemplo. A maioria dos programas que são executados quando o Windows inicia, ficam
com seu ícone aqui.
5) Janela: Janelas são áreas retangulares que se abrem mostrando certos conteúdos, no caso anterior, a janela que
está aberta é a do Meu Computador, nós abrimos uma janela quando executamos (com dois cliques) um ícone.
Na verdade, ícones e janelas são a mesma coisa, apenas representam um objeto, seja ele uma pasta, um arquivo
ou uma unidade de disco. Ícone é a representação mínima, apenas mostra que o objeto existe, Janela é a
máxima, mostra também o conteúdo do objeto em questão.
Apresentamos abaixo os componentes da janela:
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1) Barra de título: É a barra horizontal que apresenta o nome da janela. Para mover a janela, clicamos aqui e
arrastamo-la. Um duplo clique nesta barra maximiza ou restaura uma janela.
2) Ícone de Controle: Apresenta as funções mais comuns da janela em forma de menu, basta clicar aqui. Atenção:
um duplo clique neste ícone, significa fechar a janela.
3) Botões de Comando: é o conjunto de botões formados, normalmente, por Minimizar (o sinal de menos),
Maximizar (o ícone do quadrado) e Fechar (o X), há também o botão restaurar, que substitui o Maximizar quando
a janela já se encontra maximizada.
4) Bordas da Janela: Rodeiam a janela completamente, se passarmos o mouse por este componente, o ponteiro se
transformará em uma seta dupla (↔) na direção do movimento, para dimensionarmos a janela.
5) Barra de Status: Área da parte inferior da janela que apresenta informações referentes ao estado atual da
janela, como quantidade de objetos presentes, o tamanho, em bytes, de um arquivo selecionado, entre outras
coisas... PRESTE BEM ATENÇÃO À BARRA DE STATUS DAS JANELAS APRESENTADAS NOS CONCURSOS,
ELAS APRESENTAM VÁRIAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES!
A grande maioria das janelas (inclusive os aplicativos como
Word e Excel) apresenta estes componentes, o que permite -nos não
cita-los nas próximas vezes em que aparecerem nesta apostila.
Quando clicamos no botão iniciar, o menu de mesmo nome
(MENU INICIAR) aparece, e suas opções se tornam disponíveis.
Podemos verificar a existência de opções com setinhas pretas e opções
sem as mesmas: As que possuem setinha, são subdivididas, e não
necessitam que se clique nelas, apenas que se coloque o mouse para
que se abram. Já as opções sem setinha, são executadas ao clique no
mouse. Abaixo estão pequenas descrições das opções contidas no
menu iniciar:
Programas: Reúne os ícones dos atalhos para todos os programas
instalados no seu computador, Os ícones podem estar diretamente
dentro da opção PROGRAMAS, ou dentro de um dos grupos que o
subdividem (exemplo: Acessórios, que contém outras opções).
Documentos: Será apresentada uma listagem dos últimos 15
documentos que foram trabalhados no computador. Os ícones
existentes aqui não são os ícones dos verdadeiros documentos, mas
sim, atalhos para eles.
Configurações: Apresenta opções referentes aos ajustes do computador, é dentro desta opção que encontramos o
Painel de Controle, que é a grande central de controle do Windows.
Localizar: Perdeu um arquivo que não sabe onde salvou? Quer encontrá-lo ou encontrar um computador na rede?
Esta opção nos dá todos os subsídios para encontrar qualquer informação em nosso micro (mas se ela existir, lógico).
Executar: Quer executar um programa que não possua um ícone definido ou um atalho no menu Programas? Solicite
a opção Executar e digite aqui o nome para encontrar o arquivo que deseja executar. Por exemplo, queremos executar
um arquivo chamado SETUP.EXE que está localizado na unidade D: (CD-ROM), devemos digitar D:\SETUP.EXE e o
Windows o executará... Para instalar novos programas na máquina, normalmente utilizamos este procedimento.
Desligar: Para se desligar o computador com o Windows não se deve “meter o dedão” no botão da força, não. Deve-
se solicitar ao Sistema Operacional que esteja preparado para desligar, vindo nesta opção e confirmando o
procedimento. Somente após a confirmação do Sistema Operacional, com a mensagem: SEU COMPUTADOR JÁ
PODE SER DESLIGADO COM SEGURANÇA é que podemos prosseguir com o desligamento do mesmo da energia.
Painel do conteúdo
No lado esquerdo, vê-se um painel, com todas as pastas do computador, organizado na forma de “árvore”,
com a hierarquia bem definida, vê-se, por exemplo, que a pasta arquivos de programas está dentro da Unidade C:
(ícone do disco, com o nome João). No painel direito (o maior) vê-se o conteúdo da pasta que estiver selecionada, no
caso, a pasta Meus Documentos. Para acessar o Windows Explorer, acione Iniciar / Programas / Windows Explorer.
Copiando um Arquivo: Para copiar um arquivo, selecione-o no painel do conteúdo e arraste -o para a pasta
de destino com a tecla CTRL pressionada. Você verá que o mouse será substituído por uma seta com um sinal de +
(adição) durante o arrasto. Depois do processo, haverá duas cópias do arquivo, uma na pasta de origem e outra na
pasta de destino.
Movendo um Arquivo: De maneira análoga à anterior, clique e arraste o arquivo desejado, mas pressione a
tecla SHIFT, o arquivo deixará o local de origem e ficará no local de destino.
Nas duas maneiras apresentadas acima para copiar ou mover arquivos, é necessário o pressionamento das
teclas citadas, correto? Não! (você pode arrastar o arquivo desejado sem pressionar nenhuma tecla). Mas... (preste
atenção a isso)
ARRASTAR UM ARQUIVO ENTRE UNIDADES DIFERENTES: Significa Copiar o arquivo
ARRASTAR UM ARQUIVO ENTRE PASTAS DA MESMA UNIDADE: Significa Mover o arquivo
Ainda podemos utilizar, para mover e copiar arquivos e pastas, três comandos presentes no Windows
Explorer:
Menu / Comando - Tecla de atalho Ferramenta Função
Menu Editar / Comando Recortar Inicia o processo para MOVER um ou mais
arquivos selecionados. Basta selecionar
Tecla de Atalho: CTRL+X o(s) arquivo(s) e então acionar este
comando.
Excluindo um Arquivo: Também existe um “passo a passo” de como excluir um arquivo ou uma pasta. Siga-
o corretamente para não escorregar nas questões mais “fingidas”. São apenas 3 passos:
1) Selecione o objeto desejado (ou, no caso, indesejado, não é?);
2) Acione o comando para a exclusão (existem 4 maneiras de acioná-lo):
a. Acionar Arquivo / Excluir;
b. Clicar no botão Excluir (mostrado ao lado);
c. Pressionar a tecla DELETE, no teclado;
d. Clicar com o botão direito e acionar Excluir, no menu que se apresenta.
3) Confirme a exclusão (o Windows perguntará se você realmente tem certeza).
Caso o arquivo excluído esteja numa unidade de Disco Rígido, o arquivo na verdade não será apagado, ele
será movido para uma pasta especial chamada LIXEIRA. A lixeira é uma pasta que guarda os arquivos que tentamos
apagar dos nossos discos rígidos. Esses arquivos ficam na lixeira até que nós os apaguemos de lá. Uma vez dentro da
lixeira, o arquivo pode ser recuperado para sua pasta de origem, ou pode ser apagado definitivamente (não tendo
mais volta).
Se o arquivo estiver dentro de uma unidade removível (disquete, por exemplo), o arquivo não tem direito de
ir para a lixeira, portanto, se apagado, não tem mais volta, é definitivo.
Renomeando um Arquivo: Para mudar o nome de um arquivo ou de uma pasta, siga os passos:
1) Selecione o objeto desejado (como se fosse necessário dizer);
2) Acione o comando que permitirá a inserção do novo nome (existem 4 maneiras)
a. Acionar Arquivo / Renomear;
b. Clicar no nome do objeto (apenas no nome, não no ícone em si);
c. Pressionar F2 no teclado;
d. Acionar a opção Renomear no menu resultante do botão direito do mouse.
3) Digite o novo nome do objeto;
4) Confirme a operação (ou pressionando ENTER, ou clicando com o mouse em qualquer local da janela);
Criando uma pasta: para criar uma pasta com o Windows Explorer, selecione o local onde a pasta será
criada, depois selecione, no menu ARQUIVO, a opção NOVO / PASTA.
Ainda na tela do explorer, podemos verificar se uma pasta possui subpastas, basta
que ela se apresente, na árvore com um sinal de MAIS ou com um sinal de MENOS
em sua ramificação. Caso a pasta não apresente estes sinais, ela não possui pastas
dentro dela (podendo possuir arquivos). Veja que as pastas Meus Documentos,
Inteligência, Iw e João possuem sinais, e, portanto, possuem pastas dentro.
Apostilas e Flas não possuem subpastas, mas não podemos afirmar que elas estão
vazias, pois pode haver arquivos dentro das mesmas. Podemos verificar ainda que a
pasta Flas é subpasta da pasta João.
Adicionar e Remover programas: é a maneira mais segura de se desinstalar ou instalar programas do nosso
computador. Há pessoas que, quando não querem mais um programa, acham que é o suficiente excluí-los do disco
rígido – ledo engano. Deve-se desinstalá-los, e a maneira mais segura é por aqui. Nesta opção também podemos
instalar/remover componentes do Windows e criar um Disco de Inicialização (Disquete que contém os
arquivos necessários para a inicialização de um computador, também chamado DISCO DE BOOT).
Configurações Regionais: Ajusta algumas configurações da região onde o Windows se localiza. Como tipo da
moeda, símbolo da mesma, número de casas decimais utilizadas, formato da data e da hora, entre outras...
Data/Hora: Permite alterar o relógio e o calendário internos do computador, bem como informá-lo se este deve ou
não entrar em horário de verão automático.
Mouse: Ajusta configurações referentes ao Ponteiro do computador, sua velocidade, se ele tem rastro ou não, se o
duplo clique será rápido ou mais lento, pode-se até escolher um formato diferente para o dito cujo.
Teclado: permite ajustar as configurações do teclado, como a velocidade de repetição das teclas, o idioma utilizado e
o LAYOUT (disposição) das teclas.
Vídeo: permite alterar as configurações da exibição do Windows, como as cores dos componentes do Sistema, o papel
de parede, a proteção de tela e até a qualidade da imagem, e configurações mais técnicas a respeito da placa de vídeo
e do monitor.
Impressoras: guarda uma listagem de todas as impressoras instaladas no micro, pode-se adicionar novas, excluir as
existentes, configurá-las, decidir quem vai ser a impressora padrão e até mesmo cancelar documentos que estejam
esperando na fila para serem impressos.
Opções de Internet: Permite o acesso às configurações da Internet no computador, esta janela pode ser acessada
dentro do programa Internet Explorer, no menu Ferramentas.
Os demais ícones do painel de controle têm suas funções bem definidas, mas não cabe aqui estudá-los, e
alguns dos ícones apresentados a figura acima não existem apenas no Windows, eles são colocados lá quando se
instala outro programa, como é o caso do ícone Real Player G2, entre outros...
Menu Localizar é um sistema
de busca interessante do Windows.
Quando não sabemos onde um
determinado arquivo está ou que nome
ele tem, ou por qualquer razão, de
ordem etílica ou não, perdemos algum
arquivo ou pasta, podemos encontrá-lo
com este poderoso aliado. O Menu
Localizar recebe outro nome nas
versões mais novas do Windows, ele
passou a se chamar Menu
PESQUISAR.
A ferramenta Localizar permite
encontrar um arquivo por alguns
critérios: Nome do Arquivo, Data da
última Modificação do arquivo, Data da Criação, Data do último acesso, Tipo do Arquivo, Texto inserido no mesmo e
até mesmo tamanho (em Bytes) do arquivo.
No exemplo acima, podemos ver a tela do localizar em ação: o usuário está solicitando localizar um arquivo
(do qual não lembra o nome), mas que lembra que, dentro do arquivo, existe o texto: “Querido Fernando Henrique”.
Ferramentas de Sistema é o nome de uma pasta que contém um conjunto de utilitários do windows
localizados em INICIAR / PROGRAMAS / ACESSÓRIOS. Neste grupo podemos encontrar:
Scandisk: Varre os discos magnéticos (Disquetes e HDs) em busca de erros lógicos ou físicos em setores. Se
existir um erro lógico que possa ser corrigido, o Scandisk o faz, mas se existe um erro físico, ou mesmo um lógico que
não possa ser corrigido, o Scandisk marca o setor como defeituoso, para que o Sistema Operacional não mais grave
nada neste setor.
Desfragmentador: Como o nome já diz, ele reagrupa os fragmentos de arquivos gravados no disco, unindo-
os em linha para que eles possam ser lidos com mais rapidez pelo sistema de leitura do disco rígido. Quando um
arquivo é gravado no disco, ele utiliza normalmente vários setores, e estes setores nem sempre estão muito próximos,
forçando o disco a girar várias vezes para poder ler o arquivo. O desfragmentador corrige isso, juntando os setores de
um mesmo arquivo para que o disco não precise girar várias vezes.
ACESSÓRIOS DO WINDOWS
Os acessórios são pequenos aplicativos com funções bem práticas ao usuário e que acompanham o Windows
em sua instalação padrão. Os acessórios do Windows são:
Calculadora: Pequeno aplicativo que simula uma máquina calculadora em dois formatos, a calculadora
padrão (básica) e a calculadora científica. A Calculadora do Windows não apresenta formato de Calculadora Financeira
e não pode salvar (não possui o comando SALVAR).
WordPad: pequeno processador de textos que acompanha o Windows, pode ser considerado como um “Word
mais fraquinho”, ou seja, sem todos os recursos. Quando salvamos um arquivo no WordPad, este assume a extensão
.DOC (a mesma dos arquivos do Word), mas o formato é de um arquivo do Word 6.0.
Paint: Programinha para pintar imagens Bitmap (formadas por pequenos quadradinhos). Os arquivos
gerados pelo Paint tem extensão .BMP. No Windows, pode-se usar figuras do tipo BMP (GIF e JPG também)
para servir de papel de parede (figura que fica enfeitando o segundo plano do DESKTOP).
Bloco de Notas (NotePad): é um editor de texto, ou seja, um programa que apenas edita arquivos
de texto simples, sem formatação, sem enfeites. Quando salvamos arquivos do Bloco de Notas, sua extensão é
.TXT. Os arquivo feitos no NotePad não aceitam Negrito, Itálico, Cor da letra, ou seja: nenhuma formatação!
Não existiria nenhuma função no computador se este não possuísse programas que pudéssemos usar na vida
profissional, estes programas que têm funções definidas para nosso uso são chamados de APLICATIVOS.
Os aplicativos estão divididos (acho que de forma didática) em várias categorias, como: Processadores de
texto, Planilhas, Bancos de Dados, Linguagens de Programação, Jogos, Ilustradores gráficos, Animadores, Programas
de Comunicação e assim vai...
Abaixo estão listados alguns dos mais comuns programas:
Processadores de Texto: Microsoft Word, Word Perfect, Carta, etc...
Planilha de Cálculos: Microsoft Excel, Quattro Pro, Lotus 123, etc...
Bancos de Dados: Microsoft Access, Paradox, SQL, Oracle, dBase, etc...
Programação: Microsoft Visual Basic, Delphi, Clipper, C++, Java, etc...
Jogos: Uma infinidade...
Gráficos: Corel Draw, Adobe Illustrator, Macromedia Freehand, etc...
Animação: Macromedia Flash, Macromedia Director, etc...
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Componentes da tela do Word:
1) Barra de Menus: Contém todos os comandos utilizados no Word listados em sua forma de texto. Em cada
menu daqueles (Arquivo, Editar, Exibir, etc...) existem várias outras opções. No menu ARQUIVO, por
exemplo, existem as opções SALVAR, ABRIR, NOVO, IMPRIMIR, SAIR, CONFIGURAR PÁGINA, etc. Para
acessar um menu sem usar o Mouse, basta pressionar a tecla correspondente à letra sublinhada enquanto
segura a tecla ALT (no teclado). Por exemplo, para acessar o Menu Arquivo sem usar o mouse, deve-se
pressionar ALT+A.
2) Barras de Ferramentas: São coleções de botões que executam comandos do programa. Os comandos
contidos nestas barras não são novos, são os mesmo comandos existentes nas barras de menu, apenas são
mais rápidos de acessar. Cada linha horizontal cheia de botões é uma barra de ferramentas, temos lá em
cima as barras Padrão e Formatação, e na parte inferior da tela, a barra Desenho.
3) Página de trabalho: É a parte do Word onde nós digitamos nosso texto, é bem parecida com uma página
mesmo, e suas dimensões são idênticas às de uma página normal (dependendo do tamanho que se tenha
escolhido no menu Arquivo, na opção configurar página). Quando a página chega ao fim, o Word
automaticamente cria uma nova página e a apresenta na tela (mostrado a seguir):
4) Barras de rolagem: Existem duas: horizontal (localizada na parte inferior da tela) e vertical (localizada na
parte direita da mesma). Servem para “rolar” a visualização do documento. Por exemplo, estamos digitando a
página 16 e queremos voltar para ver o conteúdo da página 10, é só clicar e arrastar a barra vertical para
voltar lá.
5) Barra de Satus: Apresenta as informações pertinentes ao documento naquele instante, como página atual,
linha e coluna onde o cursor está, entre outras informações.
Obs: Nem todos os comandos do Word apresentados na tabela acima estão com suas teclas de atalho
descritas, resolvi listar apenas as teclas de atalho mais cobradas em concursos (para melhor direcionar o
estudo e evitar que seus neurônios queimem de tanto memorizar!!)
computador. Acompanhe, a partir da figura abaixo, uma explicação fácil sobre as várias teclas de que seu computador
dispõe para mover o cursor:
Na figura acima visualizamos um texto do Word com dois parágrafos visíveis na tela, também podemos
observar que o Cursor (ou Ponto de Inserção) está localizado entre as letras “a” e “m” da palavra “amplamente”,
na segunda linha do primeiro parágrafo (não se preocupe em localizá-lo, a própria questão apontará sua localização).
1) Para mover o cursor usando o mouse: Apenas clique no local onde deseja que o cursor esteja.
2) Para mover o cursor usando o teclado: Há várias teclas e combinações de teclas que trazem este resultado.
Conheça-as a seguir:
ß. e à. Saltam um caractere na direção em que apontam Saltam para o início da palavra que estiver
(esquerda e direita) na direção em que apontam.
á. e â. Saltam uma linha (acima ou abaixo Saltam para o início do parágrafo (acima ou
respectivamente) abaixo, respectivamente)
HOME Posiciona o cursor no início da linha atual (ou seja, Posiciona o cursor no início do texto (ou
da linha onde o cursor já se encontra) seja, antes de tudo que já foi digitado)
END Posiciona o cursor no final da linha atual (ou seja, Posiciona o cursor no final do texto (ou seja,
da linha onde o cursor já se encontra) depois de tudo o que foi digitado)
PAGE UP Rola a página para cima Posiciona o cursor no início da página que
estiver acima da posição atual do cursor
PAGE DOWN Rola a página para baixo Posiciona o cursor no início da página que
estiver abaixo da posição atual do cursor
(próxima página)
DELETE Apaga um caractere à direita do cursor
3) Para selecionar um trecho de texto com o teclado: basta movimentar o cursor (como mostrado na tabela
acima) com a tecla SHIFT pressionada. Por exemplo, se o usuário segurar a tecla SHIFT e pressionar a tecla HOME
(SHIFT+HOME), o Word irá selecionar desde a posição atual do cursor até o início da linha atual (usando a
característica da tecla HOME de saltar ao início da linha). Lembre-se que a função do movimento permanece a mesma,
só vai acrescentar o fato de se estar selecionando (porque o SHIFT está pressionado).
4) Para selecionar um trecho de texto com o mouse: há algumas maneiras de selecionar um texto com o mouse,
entre elas podemos destacar as seguintes.
O que? Onde? Para que?
Duplo clique Em qualquer lugar do texto Selecionar a palavra
PLANILHAS ELETRÔNICAS
MICROSOFT EXCEL
A Microsoft não ficou de fora na briga dos programas de Planilha, o Excel é o mais fácil e poderoso programa
de cálculos que existe. A “cara” do Excel está apresentada a seguir, bem como, as explicações mais básicas de seus
componentes:
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1) Barras de Menus e Barras de Ferramentas: Têm as mesmas funções no Word, os comandos dos menus
Arquivo e Editar são basicamente os mesmos, algumas ferramentas também (pode comparar com a foto da
tela do Word). Todos os comandos do Excel estão aqui.
2) Barra de Fórmulas: O que se escreve em qualquer parte do Excel, é apresentado ao mesmo tempo nesta
barra em branco (que só está em branco porque não há nada escrito). Se em algum lugar do Excel existir um
valor numérico obtido por uma fórmula, esta barra mostrará a fórmula que estiver por trás do número.
3) Barra de Endereço: Apresenta o endereço da célula onde nos encontramos naquele momento. O endereço
pode ser o padrão do Excel, como F79, ou podemos renomeá-lo, por exemplo, para TOTAL, ou qualquer outra
coisa.
4) Área de trabalho do Excel: A área de trabalho do Excel tem algumas particularidades que devemos
compreender: O Excel não se parece com uma página (ele não tem essa preocupação, como o Word tem). Ele
é formado por 256 colunas (da A até a IV) e 65536 linhas (numeradas). O encontro de uma linha com uma
coluna forma uma célula, que é o local onde escrevemos os dados no Excel. Por exemplo, O encontro da
coluna B com a linha 4 forma a célula denominada B4. O encontro da coluna GF com a linha 7845 forma a
célula GF7845. Para escrever numa célula basta Clicar nela e começar a digitar, se confirmarmos com ENTER,
o conteúdo fica na célula, se cancelarmos com ESC, o conteúdo não chega a entrar na célula.
5) Guias das planilhas: O Arquivo do Excel é chamado PASTA DE TRABALHO, isso significa que quando você
salva um documento no excel, este é chamado de Pasta de Trabalho. Um arquivo do Excel pode possuir
várias planilhas (pense nas planilhas como “páginas” das pastas de trabalho). Cada planilha possui 256
colunas e 65536 linhas independentes das outras planilhas. Inicialmente o Excel possui 3 planilhas, que
podem ser renomeadas (dando dois cliques na guia da planilha) e podemos também acrescentar mais
planilhas (Menu Inserir / Planilha). Podemos excluir uma planilha que não desejemos mais no Menu Editar,
opção Excluir Planilha.
6) Barras de rolagem: Como não é possível colocar todas as 256 colunas e 65536 linhas numa tela só,
podemos utilizar as barras de rolagem para visualizar as partes da planilha que porventura estiverem sendo
escondidas.
Note que cada informação foi digitada em uma célula diferente, inclusive o título, que, por ser muito maior
que a largura da célula, se estendeu pelas células adjacentes (mas foi digitado somente na célula A1). A Célula C11 é
chamada de Célula Ativa, pois o cursor (borda mais grossa) está apontando para ela neste momento.
Basicamente, toda informação digitada no Excel pode ser interpretada de 3 formas: Ou é um texto, ou um
número, ou um cálculo. Em suma, quando digitamos algo no Excel, o programa lê o que foi digitado, no momento em
que confirmamos a célula, e verifica se o que foi digitado é um texto, ou um número ou um cálculo. Não existe
nenhuma outra maneira de interpretação da informação por parte do Excel, somente essas três.
Seguem abaixo os critérios para que o excel interprete as informações:
Texto: Contendo letras, espaços, sem que seja número ou cálculo, o excel interpreta como se fosse texto,
exemplo: Av. Bernardo Vieira de Melo, 123
Número: quando possuir apenas caracteres numéricos, ou pontos ou vírgulas em posições corretas, é
entendido como número, exemplo: 123 ou 1.300,00
Cálculo: Toda vez que começamos a célula com o sinal de = (igual), + (mais), – (menos) ou @(arroba) o
excel tende a interpretar como cálculo, exemplo: =A10+(A11*10%)
NOTA: Quando iniciamos uma célula com os sinais de + (mais), – (menos) e @ (arroba), o próprio Excel se encarrega
de colocar o sinal de = (igual) antes da expressão.
Pode-se ver que a célula ativa (no caso, E11) está apresentando o valor 160, mas seu verdadeiro conteúdo
está sendo mostrado na Barra de Fórmulas (=E4+E5), que é a fórmula que Soma o valor que está a célula E4 com o
valor da E5. Ou seja, quando preenchemos uma célula com um cálculo, este implica no aparecimento do resultado,
mas a fórmula ainda pode ser vista com a ajuda da Barra de Fórmulas.
Não é comum construir fórmulas deste tipo: =12+140, pois esta fórmula está somando dois valores fixos,
portanto, seu resultado sempre será fixo (152, no caso). A maneira mais usada (e ideal) de se utilizar cálculos é
usando referências de outras células (como no caso anterior, que se falou em E4 e E5).
Portanto, os cálculos no Excel, sejam fórmulas ou funções (que iremos ver posteriormente), são utilizados
para automatizar a planilha de cálculos, desde que se utilize referência de outras células, onde estão localizados os
dados a serem calculados.
Fórmulas são os cálculos no Excel que parecem com expressões matemáticas, e que utilizam apenas
operadores matemáticos e referências de células ou valores. Em suma, quando o cálculo possuir apenas números e
sinais matemáticos, é uma fórmula. Exemplos de fórmulas: =E1+12 =C1*C2 =A1*(3-B1)/(2-F40) =A1+A2
=J17*2%-E1*3%
O uso dos parênteses tem a mesma função no Excel que possui na matemática, que é forçar a resolver uma
determinada parte do cálculo antes de outra que teria maior prioridade. Sabemos que a multiplicação e a divisão têm
maior prioridade que a adição e a subtração, e que, numa expressão, elas seriam resolvidas primeiro. Mas se
possuirmos parênteses, a história pode tomar rumos diferentes, verifique os exemplos abaixo:
2+4*2 = 2+8 = 10 (Multiplicação realizada primeiramente, pois tem prioridade)
(2+4)*2 = 6*2 = 12 (Adição realizada primeiro, por causa dos parênteses)
Como escrever equações complexas com o Excel? Não se preocupe, isso é só um problema de “tradução”, que
seria apenas a mudança do modo de escrita conhecido por todos que entendem matemática para o modo que o excel
entende, veja abaixo:
Funções são comandos que existem somente no Excel, para executarmos equações matemáticas complexas,
ou equações de comparação, referência, condição, contagem, e até mesmo, operações com texto.
Existem 227 funções diferentes, para as mais diferentes áreas de utilização de cálculos, como engenharia,
matemática geral e financeira, trigonometria, geometria, estatística, contabilidade, e funções gerais como as que
trabalham exclusivamente com hora e data, com texto e com referências condicionais.
Basicamente qualquer função do Excel pode ser escrita com a seguinte Sintaxe:
=NOME_DA_FUNÇÃO (ARGUMENTOS)
Onde NOME_DA_FUNÇÃO é o nome da mesma (cada função tem o seu) e os ARGUMENTOS são
informações que fazer a função trabalhar corretamente. Algumas funções solicitam um argumento, outras podem
solicitar vários argumentos, outras funções simplesmente requerem os parênteses vazios. Se alguma função necessita
de mais de um argumento, eles vêm separados por ; (ponto e vírgula) dentro dos parênteses. Se, no lugar do ;,
aparecer um sinal de : (dois pontos), significa que estamos apontando para um intervalo de células (ou seja, C4;C20
é lido como C4 e C20 e a expressão C4:C20 é lido C4 até C20, incluindo tudo o que estiver no meio delas).
Abaixo uma listagem das mais usadas funções do programa, com suas explicações e, é claro, os exemplos de
como utilizá-las. Cabe aqui apenas um lembrete, não existem funções para realizar todos os tipos de cálculos,
portanto, se for necessário criar um cálculo específico (como a média ponderada de uma determinada faculdade),
deve-se utilizar fórmulas, não funções.
LISTAGEM DAS FUNÇÕES MAIS USADAS NO EXCEL
Ainda há muitas funções que podem ser úteis para os mais variados tipos de profissionais, como contadores,
engenheiros, professores, ou qualquer um que queira trabalhar com o Excel como sua ferramenta de trabalho.
Não se preocupe com a quantidade de fórmulas que você vai ter de digitar, na verdade, com o recurso da
ALÇA DE PREENCHIMENTO, o excel construirá as outras fórmulas baseadas no formato da original.
Como funciona? Verifique na figura ao lado, com a média já
pronta que a Célula Ativa possui um quadradinho preto em sua
extremidade inferior direita. Ele aparece em todas as células que
selecionamos e se chama Alça de
Preenchimento. Depois que
construir a fórmula que deseja
copiar, arraste -a por essa Alça até
atingir a linha desejada (ou coluna,
pois podemos arrastar lateralmente
também).
O interessante desta estória é que, a segunda fórmula (que no caso da figura é a média de SICLANO) não
pode ter o mesmo conteúdo da primeira, afinal =MÉDIA(B4:E4) é pra ser somente a de FULANO. Mas o Excel atualiza
a cópia das fórmulas, pois as referências são relativas, então, na segunda linha teremos MÉDIA(B5:E5) e abaixo
MÉDIA(B6:E6) e assim por diante. Como podemos ver na figura ao lado (já com as fórmulas prontas).
Esse recurso de copiar fórmulas não é possível somente com o uso da Alça de Preenchimento, também
podemos realiza-lo com Copiar (CTL+C) e colar (CTRL+V), ou arrastando o conteúdo da célula com o CTRL
pressionado (que significa COPIAR).
ATENÇÃO: Se usar CTRL+X (recortar) para depois colar, a fórmula presente na célula não se alterará, ou
seja, continuará apontando para as referências para as quais estava apontando antes, isso serve para arrastar o
conteúdo da célula sem o CTRL também.
ATENÇÃO 2: Se quiser Fixar uma referência antes de copiar uma fórmula, para que ela não seja atualizada
com o movimento, basta colocar $ (cifrão) antes da componente que deseja fixar (ou seja, se quer fixar a coluna da
célula A4, escreva $A4, se quer fixar a linha, escreva A$4, se quer fixar Coluna e linha, escreva $A$4)
Por exemplo, se copiarmos a fórmula =B4+C4 para duas linhas abaixo, ela vai se tornar =B6+C6, mas se a
escrevermos =B4+C$4, ao copiarmos para duas linhas abaixo, ela se tornará =B6+C$4 (espero que tenha entendido
que o 4 não variou por conta do cifrão).
NOTA: se a Alça de Preenchimento for usada em palavras, elas se repetem, a menos que as palavras existam
num conjunto de listas (seqüências) que o Excel possui. Por exemplo, se você digitar SEG e arrastar a alça, o Excel
criará TER, QUA, QUI, etc... O mesmo acontece com Textos seguidos de números ALUNO1, ALUNO2, etc...
ERROS #
Algumas vezes cometemos erros de construção da fórmula, não pela sintaxe da mesma, mas por erros nas
referências das células utilizadas. O Excel às vezes nos retorna mensagens de erro, normalmente precedidas pelo sinal
de # (sustenido).
As mensagens de erro # mais comuns estão listadas abaixo:
#VALOR!: Este erro é apresentado quando criamos uma fórmula que aponta para uma referência que possui
TEXTO. Esse erro não é apresentado quando utilizamos uma função, apenas quando foi utilizada uma fórmula.
#NOME!: Este erro ocorre quando digitamos errado no nome de uma função.
# DIV/0!: O Excel apresenta este erro quando, em algum momento do trabalho, enviamos uma solicitação
para que ele use 0 (zero) como divisor em alguma fórmula.
# REF!: este erro ocorre quando a referência de célula não existe na planilha.
Ajusta o formato dos números de uma célula, como o número de casas decimais, os símbolos
Número decimais e de milhar, os separadores de hora e data, o formato do úmero negativo, o formato
dos valores de moeda, e muitos outros ajustes.
Ajusta a forma como o texto se comporta na célula, se está à direita ou à esquerda, no centro
Alinhamento (tanto horizontal como vertical), e até mesmo se o texto ficará inclinado ou não. Há também
como fazer o texto estar em duas linhas na mesma célula.
Fonte Ajusta a formatação das letras da planilha.
Altera o formato das bordas que cercam uma célula, é possível alterar estilos, largura, cor e
Borda
qualquer outra configuração.
Padrões Altera as cores de fundo das células, que podem não ser brancas.
Informa se a célula pode ser ou não alterada quando travamos a planilha. Se marcarmos que a
Proteção célula está travada, no momento em que protegemos a planilha, ela não poderá ser mais
alterada, apenas pela pessoa que possua a senha para desprotegê-la.
Outros comandos do Microsoft Excel serão mostrados a seguir para conhecimento e “decoreba” mesmo.
AUTOSOMA
AUTO FILTRO
De uma lista completa, que mostra tudo, pode-se tirar apenas as informações que se quer, utilizando um auto
filtro com este, no qual solicito apenas os dados de João.
Construir um gráfico é uma operação muito fácil, basta escolher os dados que farão parte do gráfico (para
isso, selecionamos as células) e então solicitar a ajuda do assistente de gráfico (ferramenta vista anteriormente).
LAN (REDE LOCAL): Uma rede que liga computadores próximos (normalmente em um mesmo prédio ou, no
máximo, entre prédios próximos) e podem ser ligados por cabos apropriados (chamados cabos de rede). Ex:
Redes de computadores das empresas em geral.
WAN (REDE EXTENSA): Redes que se estendem além das proximidades físicas dos computadores. Como, por
exemplo, redes ligadas por conexão telefônica, por satélite, ondas de rádio, etc. (Ex: A Internet, as redes dos
bancos internacionais, como o CITYBANK).
UM PEQUENO HISTÓRICO
Em 1969, “segundo reza a lenda”, foi criada uma conexão, através de um cabo, entre dois grandes
centros de Informática, leia-se dois quartéis militares americanos. Estava consumada a primeira “rede” de
computadores. Uma rede é, simplesmente, uma conexão física e lógica entre computadores no intuito de
poderem “trocar informações”.
Essa rede foi crescendo, tomando de assalto as centrais de informática de Universidades e Centros de
Pesquisa do País até formar o que eles batizaram de ARPANET, uma rede militar e de pesquisa que atingia a maioria
das Escolas e quartéis da terra do Tio Sam.
Nesta época, o acesso a essa rede era limitado aos professores, alguns alunos e líderes militares, cada um
com seus limites bem definidos. Só que alguns rebeldes (alunos, funcionários, soldados, o que quer que fossem),
acabaram por se tornar conhecedores muito bons do sistema e sabiam burlar a segurança digital e ter acesso a
informações antes proibidas a eles, inclusive passariam a acessar de casa, de seus pequenos computadores TK85,
CP200 e outras maquininhas que hoje não parecem tão poderosas... Esses “espertinhos” viriam a se tornar o que
chamamos hoje de Hackers (termo que, na verdade, significa fuçador).
E a rede cresceu, se tornou popular, comercial (o que, por Deus, tendo nascido na “Capital do Capitalismo
Selvagem”, não se tornaria comercial, não é?) além de divertida, variada e, por muitas vezes, perigosa. Internet
(Rede Internacional) é, de longe, a maior de todas as redes de computadores do mundo, chegando ao patamar de 300
milhões de usuários atualmente.
A INTERNET HOJE
A Internet apresenta -nos uma série de serviços, como uma grande loja de departamentos, que tem de tudo
para vender. Podemos usar a Rede somente para comunicação, com nosso endereço de E-mail (daqui a pouco, será
mais usado que o correio tradicional, se já não é), podemos apenas buscar uma informação sobre um determinado
assunto e até mesmo comprar sem sair de casa. Ah! Tem mais: Assistir filmes e desenhos animados, paquerar,
vender, tirar extratos bancários, fazer transferências, pagar o cartão de crédito, jogar uma partidinha de xadrez com o
sobrinho do Kasparov na Rússia, marcar hora no dentista, etc...
A Internet está fisicamente estruturada de forma “quase” centralizada. Explicando: não há um “computador
central” na rede, não há um “cérebro” que a controle, mas existe uma conexão de banda muito larga (altíssima
velocidade) que interliga vários centros de informática e telecomunicações de várias empresas, esta “rodovia” é
chamada Backbone (mais ou menos como “Coluna vertebral”). Veja na figura seguinte uma representação bastante
simplificada da estrutura física da Internet, e imagine que cada um de nós está na ponta das linhas mais externas...
Em cinza podemos ver o Backbone, interligação entre grandes (grandes mesmo) empresas em todo o mundo
(os quadrados), e os meios pelos quais elas transferem informações entre si (pela necessidade de grande tráfego,
normalmente usam satélites, fibra ótica, microondas e outras coisas que nem temos coragem de imaginar).
As bolinhas brancas são as empresas que chamamos de provedores, elas “compram” o acesso à rede e o
revendem, como cambistas em um jogo de futebol, ainda existe certa velocidade entre os provedores menores e os do
Backbone.
Nós, meros usuários, estamos na ponta das linhas que saem dos provedores, normalmente conectados pela
linha telefônica. Mas hoje em dia existem novos sistemas, acessíveis a grande parte da população internauta do
mundo, para realizar um acesso mais rápido, como ondas de rádio, sub-redes em condomínios, discagem mais veloz,
etc.
O mais interessante sobre a internet é o fato de o usuário A, residente no Brasil (em nosso esquema acima),
fazer parte da mesma rede que o amigo nipônico B. E, por isso, teoricamente, eles possuem acesso às mesmas
informações, e podem, desde que usando programas adequados, se comunicar via correspondência (E-mail) ou em
tempo real em um bate-papo (Chat) que literalmente atravessa o mundo em segundos.
E na Internet, imagine um provedor (empresa que “dá” acesso à Rede) que oferece, além do serviço de
acesso (que está inerente à sua função como empresa), oferece o serviço de E-mail, atribuindo ao usuário uma caixa
postal para envio e recebimento de mensagens eletrônicas. Já temos, para fins de comparação, quem oferece e quem
usa, mas quem realiza o serviço?
A resposta é: Um Servidor. Servidor é o nome dado a um computador que “serve” a outros computadores,
que “trabalha” realizando serviços em tempo integral (normalmente), que está inteira ou parcialmente dedicado à
realização de uma determinada tarefa (manter aquele dado serviço funcionando). Neste computador está sendo
executada uma aplicação servidora, ou seja, um programa que tem por função “realizar” as tarefas solicitadas pelos
computadores dos usuários. Na maioria das vezes, o servidor nem dispões de teclado ou monitor para acesso ao seu
console, está simplesmente funcionando sem a presença de um usuário em frente a ele.
Uma empresa pode ter diversos servidores: um somente para e-mail interno, outro somente para e-mail
externo, outro para manter os sites acessíveis, outro servidor para manter arquivos disponíveis para cópia, outro
ainda para possibilitar o “bate-papo” em tempo real. Em suma, para cada serviço que uma rede oferece, podemos ter
um servidor dedicado a ele.
Todos os servidores têm seu endereço próprio, assim como cada computador ligado à Rede. Esse endereço é
dado por um conjunto de 4 números, e é chamado de endereço IP, convencionado a partir das regras que formam o
Protocolo TCP/IP, usado na Internet (veremos adiante).
CLIENTES
Programas “clientes” são aqueles que solicitam algo aos servidores (leia-se aqui como os computadores que
possuem as aplicações servidoras). Tomemos um exemplo: para que o serviço de Correio Eletrônico seja
perfeitamente realizado, deve haver uma aplicação servidora funcionando corretamente, e os usuários devem ter uma
aplicação cliente que sirva para solicitar o serviço e entender a resposta proveniente do servidor.
Quando um e-mail é recebido, ele não chega diretamente ao nosso computador, ou ao nosso programa
cliente. Qualquer mensagem que recebemos fica, até que as solicitemos, no servidor. Quando enviamos uma
mensagem, ela fica em nossa máquina até o momento em que requisitamos seu envio (que também passa pela
“autorização” do servidor).
Esta comunicação funciona mais ou menos como descrita abaixo:
Servidores
Cliente Cliente
As linhas curvas identificam processos que são executados com nossa requisição, ou seja, envio e
recebimento de mensagens de/para nosso computador. A comunicação entre servidores acontece alheia à nossa
vontade.
Os Servidores só se comunicam entre si e com os clientes porque conseguem identificar o endereço IP
(novamente) de cada um.
Resumindo, a Internet é uma grande rede Cliente-Servidor, onde a comunicação é requisitada por clientes
(programas que os usuários utilizam) e mantida/realizada por aplicações servidoras, dedicadas ao objetivo de
completá-la. Isso funciona para qualquer serviço, não somente para o serviço de Correio Eletrônico.
Para a Internet, foi criado um protocolo chamado TCP/IP (Transmission Control Protocol / Internet Protocol)
que tem como característica principal o fato de que cada computador ligado à Rede deve possuir um endereço,
chamado endereço IP, distinto dos outros.
O Endereço IP é formado por 4 números, que variam de 0 a 255, separados por pontos, como no exemplo:
203.12.3.124 ou em 2.255.255.0 ou até 17.15.1.203. Acho que já deu pra entender.
Dois computadores não podem ter, ao mesmo tempo, o mesmo endereço IP, isso acarretaria problemas no
recebimento de qualquer tipo de informações. Para certificar-se que não haverá dois computadores com o mesmo
endereço IP na Internet – que é muito vasta – foi desenvolvido um sistema de atribuição automática desse endereço.
Quando um computador se conecta na Internet, através de um provedor, este recebe o endereço IP de um
servidor localizado na empresa que provê seu acesso. Este servidor não vai atribuir aquele endereço IP a nenhum
outro computador que se conectar enquanto este ainda permanecer on-line. Após a saída (desconexão) do
computador, o endereço IP poderá ser atribuído a qualquer outro computador.
Nas redes internas, em empresas, normalmente os endereços IP são fixos, ou seja, cada máquina já traz
consigo seu endereço, cabe ao administrador da rede projeta-la para evitar conflitos com outras máquinas.
O protocolo TCP/IP não é apenas um protocolo, é um conjunto deles, para que as diversas “faces” da
comunicação entre computadores sejam realizadas, podemos citar alguns dos protocolos que formam esta complexa
“língua”:
TCP (Protocolo de Controle de Transmissão): Protocolo responsável pelo “empacotamento” dos dados na
origem para possibilitar sua transmissão e pelo “desempacotamento” dos dados no local de chegada dos dados.
IP (Protocolo da Internet): Responsável pelo endereçamento dos locais (estações) da rede (os números IP
que cada um deles possui enquanto estão na rede).
POP (Protocolo de Agência de Correio): Responsável pelo recebimento das mensagens de Correio
Eletrônico.
SMTP (Protocolo de Transferência de Correio Simples): Responsável pelo Envio das mensagens de
Correio Eletrônico.
HTTP (Protocolo de Transferência de Hiper Texto): Responsável pela transferência de Hiper Texto, que
possibilita a leitura das páginas da Internet pelos nossos Browsers (programas navegadores).
FTP (Protocolo de Transferência de Arquivos): Responsável pela Transferência de arquivos pelas
estações da rede.
Podemos destacar alguns dos serviços, oferecidos pelas empresas especializadas em Internet, para o perfeito
uso da Grande Rede. Entre eles, o “xodó”, e filho mais velho é o correio eletrônico (E-mail).
2
1
1) Painel das pastas: Possui algumas pastas (compartimentos) onde podemos guardar as mensagens
recebidas, caso queiramos criar uma pasta, como por exemplo, a pasta AMIGOS, para guardar os e-mails
recebidos por pessoas mais próximas, basta acionar ARQUIVO / NOVA PASTA. Algumas pastas são especiais,
como a caixa de entrada que guarda os e-mails recém recebidos. Explicações mais detalhadas a seguir.
2) Painel das mensagens: Mostra uma listagem das mensagens presentes na pasta selecionada (no caso da
foto, a Caixa de Entrada possui seis mensagens). Quando a mensagem está selecionada, seu conteúdo
aparece no painel do conteúdo. Quando uma mensagem apresenta um CLIP (ícone) significa que esta
mensagem trouxe um arquivo anexado (atachado). No caso das mensagens da foto, além das mensagens
propriamente ditas, recebi arquivos, que posso desanexar e abrir normalmente em algum aplicativo.
3) Painel do Conteúdo: Mostra o conteúdo escrito na mensagem selecionada. O botão grande do CLIP na
extremidade superior direita serve para ver os arquivos anexos, ou mesmo, desanexá-los.
4) Painel dos Contatos: Apresenta uma lista das pessoas que estão cadastradas no seu livro de endereços (um
banco de dados que contém as informações das pessoas com quem você troca mensagens)
O Outlook Express apresenta algumas pastas especiais, que o acompanham desde a instalação (outras podem
ser criadas com o decorrer do uso). Essas pastas especiais são:
Caixa de Entrada: Nesta pasta ficam as mensagens que recebemos. Inbox em inglês.
Caixa de Saída (Outbox): Quando escrevemos novas mensagens, e clicamos em Enviar, as mensagens não
são imediatamente enviadas ao provedor, elas ficam guardadas na Caixa de Saída até que eu mande definitivamente
enviá-las. Isso é um recurso muito útil, pois podemos escrever várias mensagens, para vários destinatários diferentes
enquanto nosso micro estiver desligado da INTERNET, depois é só conectá -lo à rede e enviar todas as mensagens
(economia de dinheiro, pela conta telefônica).
Itens Enviados (Sent): Guarda cópias das mensagens que já foram definitivamente enviadas, isso garante
que tenhamos uma cópia de tudo o que mandamos, para conferência posterior.
Itens Excluídos (Trash): é a famosa LIXEIRA. Quando tentamos apagar alguma mensagem, esta vai para a
lixeira do programa, e de lá poderá ser expurgada definitivamente.
A barra de ferramentas do programa é muito simples de entender, vamos a ela:
NOVO MEMO (NOVA MENSAGEM): Abre a janela para criação de uma nova mensagem e posterior envio.
RESPONDER AO REMETENTE: Clique neste botão caso queira responder ao Remetente da mensagem selecionada no
painel das mensagens.
RESPONDER A TODOS: Clique neste botão para responder a todas as pessoas que receberam a mensagem a ser
respondida (caso o remetente a tenha mandado para mais alguém além de você)
ENCAMINHAR: Reenvia uma mensagem de correio para um outro destinatário
IMPRIMIR: Imprime a mensagem selecionada
EXCLUIR: Envia a mensagem selecionada para a pasta ITENS EXCLUÍDOS. Caso a pasta já seja esta, a mensagem é
apagada definitivamente.
ENVIAR/RECEBER: Envia todas as mensagens que estiverem na Caixa de Saída e solicita o recebimento de todas as
mensagens que estiverem na caixa postal no servidor.
ENDEREÇOS: Apresenta uma listagem dos endereços que estão cadastrados no seu Livro de Endereços (um pequeno
programa que guarda num banco de dados os seus amigos organizadamente)
Para enviar uma mensagem para alguém que não esteja em sua lista de contatos, execute um clique no botão
NOVO MEMO, na tela principal do Outlook. Caso o destinatário da mensagem esteja em sua lista de contatos, basta
acionar um duplo clique no nome correspondente na listagem, de qualquer maneira, a tela apresentada será como na
figura da página anterior.
O campo DE: mostra a conta de correio que você está usando para enviar (o outlook pode gerenciar várias
contas de correio). Digite o endereço eletrônico do destinatário no campo PARA: Se quiser que outra(s) pessoa(s)
receba(m) a mesma mensagem, escreva seu(s) endereço(s) no campo CC:.
No campo ASSUNTO: informe, de
maneira breve, sobre o que a mensagem se
trata, e, por fim, no grande campo branco,
digite o corpo de sua mensagem. Regras de
etiqueta em cartas comerciais / formais são
perfeitamente aceitas no mundo Virtual!
Caso deseje enviar um arquivo
anexado à mensagem de correio, Clique no
botão ANEXAR (o botão do Clip, na barra de
ferramentas). Os arquivos anexados fazem o
e-mail ser enviado e recebido mais
lentamente, devido ao “peso” em bytes do
arquivo, portanto avalie bem se o arquivo
está com o tamanho mínimo possível, e, se
puder, compacte -o.
Quando receber um arquivo
anexado em alguma mensagem, avalie duas
coisas: Quem mandou? Por que mandou?
Lembre-se que a INTERNET é o maior canal
de proliferação de vírus de computador do
planeta, e você só poderá ser infectado por algum se executar um arquivo infectado, portanto, se executar um arquivo
que tenha recebido por E-mail. Remetentes desconhecidos são desconfiáveis: NUNCA ABRA UM ARQUIVO
ANEXADO DE UMA PESSOA QUE NÃO CONHECE.
Os botões apresentados na parte superior da tela do Browser são muito úteis durante uma navegação um
pouco mais demorada:
VOLTAR: Faz com que o Browser volte à página que estava sendo visualizada antes da atual.
AVANÇAR: Caso se tenha voltado demais, pode-se avançar para uma página à frente.
PARAR: Se a página estiver demorando muito para ser carregada e suas informações ainda não estiverem sendo
mostradas (consumindo completamente a paciência) pode-se clicar neste botão para solicitar ao Browser que não a
carregue mais.
ATUALIZAR: Botão que solicita ao Browser uma nova carga da página, caso a mesma tenha sido interrompida por
algum motivo.
PÁGINA INICIAL: Faz o Browser voltar à página que estiver configurada como página inicial em suas configurações.
IMPRIMIR: Imprime a página que estiver sendo visualizada (embora seja mais interessante acionar o comando
ARQUIVO / IMPRIMIR).
Um recurso muito utilizado pela WWW e que foi copiado pelos programas mais novos (como WORD, EXCEL,
etc.) é o HYPERLINK (área na página onde o mouse vira uma “mãozinha”). Link ou Hyperlink é uma ligação entre
duas informações, quando clicamos em um link (como o da coca-cola, acima) somos imediatamente transportados
para o determinado endereço e passamos a ver aquela informação pelo nosso Browser.
É isso que faz da WWW uma rede interligada, cada página tem um ou mais links, que ligam a outras páginas
com mais links, formando uma rede de informações que levaria “a vida toda e mais seis meses” para ser vista por
completo...
Na WWW encontramos vários tipos de assuntos, como Futebol, Medicina, Empresas prestadoras de serviço, e
até compras On-Line (o chamado E-Commerce, ou comércio eletrônico). Podemos comprar sem sair de casa, é só
entrar numa página que venda alguma coisa, clicar para escolher o que se quer comprar, digitar o número do cartão
de crédito, preencher um formulário com os dados pessoais e: PRONTO, é esperar a encomenda chegar (pode-se
comprar até do exterior).
Se você não sabe qual o endereço que contém aquela informação que você procura, pode iniciar sua jornada
num SITE DE BUSCA (Página que ajuda você a procurar por assuntos):
www.cade.com.br www.altavista.com.br
www.yahoo.com www.google.com.br
www.radix.com.br www.ondeir.com.br
A seguir são apresentadas duas páginas na Internet, a da Celpe e a do Conselho Estadual de Defesa dos
Direitos da Criança e do Adolescente – CEDCA, verifique a diferença no conteúdo das duas:
A tela da conexão à rede pelo DIAL UP em três momentos diferentes, todos após a solicitação de conexão
efetuada na tela anterior. Após estas janelas, estaremos conectados à REDE pelo Telefone, e nossa linha estará
ocupada para quem tentar ligar para nós. O preço da tarifa telefônica gasta em internet é o mesmo de uma ligação
local, afinal, seu computador está se comunicando com outro telefone em Recife mesmo.
“MODO DE FAZER”
Gravando um Site Visitado nos Favoritos:
1) Já com o seu Browser aberto e visualizando a página que você deseja marcar como favorita, Clique em Favoritos
e acione Adicionar a favoritos.
2) Coloque uma descrição da página desejada, normalmente o título da página já aparece aqui, mas você pode
alterar para o que quiser.
3) Caso queira colocar a página dentro de uma pasta (para ficar mais organizado) é só escolher o nome da pasta ou
informar que irá criá-la, Clique em OK para finalizar.
O QUE É?
INTERNET
Maior Rede de Computadores do mundo, é uma junção de vários computadores, oferecendo e recebendo
informações constantemente. Essas informações podem ser separadas pelo tipo de serviço que se usa para acessá-las.
INTRANET
Rede privada de computadores que apresenta os mesmos serviços que a Internet oferece. Não é correto
afirmar que todas as redes de computadores das empresas são Intranets, pois só recebem a classificação de Intranet
quando oferecem aos funcionários da empresa os serviços normais que a Internet oferece (como E-mail, WWW e FTP
Internos à rede da empresa). Uma Intranet não precisa necessariamente estar conectada à Internet, mas se o estiver,
haverá sempre um computador entre as duas para separar os dois ambientes (o ambiente público da Internet e o
ambiente privado e “sigiloso” da Intranet). Este computador chama-se Firewall.
FTP
Protocolo de transferência de Arquivos. Maneira mais fácil de transportar arquivos entre computadores na
internet.
BROWSER
Programa utilizado para ler as páginas na INTERNET, o mais utilizado no momento é o INTERNET EXPLORER.
PROVEDOR
Empresa que está conectada permanentemente à Internet e distribui este acesso para usuários finais
(normalmente com fins lucrativos). Ex. FISEPE, Terra, UOL, AOL, IG...
ARQUIVO
É toda informação, seja ela texto, figura, som, vídeo, que for gravada em disco. No momento em que criamos
um texto no Word, por exemplo, este está sendo armazenado unicamente na RAM, quando o salvamos, esta mos
criando um arquivo em alguma unidade de disco (HD ou disquete).
SITE
Conjunto de informações em forma de páginas que estão situadas em algum local da internet, normalmente
em endereços do tipo www.empresa.com.
LINK (HYPERLINK)
Área especial em um documento de internet que, quando acionada por um clique, nos leva diretamente a
outra parte do documento, ou até mesmo a outro documento. Hyperlinks podem ser textos ou figuras.
ARQUIVO COMPACTADO
A transmissão de arquivos pela Internet exige um pouco de paciência dos transmissores e receptores do
mesmo, principalmente se este arquivo for muito grande (em Bytes). Para minimizar o tempo de transmissão, utiliza-
se com freqüência um programa compactador para “prensar” o arquivo em um tamanho menor. Para podermos
utilizar o arquivo novamente, devemos proceder com o processo de descompactação. O programa mais conhecido
para compactar é o WinZIP.
SITES DE BUSCA
Sites que servem para procurar outros sites na rede por assunto. Caso não saibamos em que endereço se
encontra determinada informação, vamos a um Site de Busca e solicitamos que este procure pelo assunto desejado.
URL
Endereço que localiza algum recurso (arquivo, pasta, página) na Internet.
POP3
Post Office Protocol 3 – protocolo usado para recebimento de mensagens de e-mail (o programa Outlook
Express e os outros programas de e-mail utilizam o protocolo POP3 para receber mensagens)
SMTP
Simple Mail Transfer protocol – protocolo de envio de mensagens, é utilizado pelos programas de e-mail para
ENVIAR mensagens.
HTTP
Hyper Text Transfer Protocol: Protocolo para transferência de hiper texto, é usado pelos browsers para
a transferência de páginas da internet para o nosso computador com o intuito de serem lidas.
IRC
Internet Relay Chat: Sistema de bate papo em tempo real muito comum na internet. Podem-se
encontrar várias pessoas reunidas numa mesma sala (chamada CANAL) e escrever frases. Todas as pessoas da
sala vão ler o que alguém escrever.
COOKIE
Pequeno arquivo de texto que é criado no computador do usuário por um site visitado. Por exemplo, as
“lojas virtuais” costumam escrever “cookies” nos computadores das pessoas que os visitam, para poder
identificá-las posteriormente (inclusive para apresentar, na página algo como “Oi Fulano!”). Um cookie é uma
espécie de crachá” que um site coloca em seu computador.
FREEWARE
Programas que são distribuídos gratuitamente na Internet e funcionam completamente.
SHAREWARE
Programas que são distribuídos gratuitamente pelas empresas fabricantes e que, no geral, apresentam
alguma limitação (ou estão incompletos ou funcionam por um determinado período de tempo) em relação às
versões originais comercializadas.
CADERNOS DIGITAIS
SÉRIE CONCURSO
FASCÍCULO
ÉTICA
ÉTICA
É ou não ético roubar um remédio, cujo preço é inacessível, para salvar alguém que, sem ele, morreria?
Colocado de outra forma: deve-se privilegiar o valor “vida” (salvar alguém da morte) ou o valor “propriedade
privada” (não roubar)? Seria um erro pensar que, desde sempre, os homens têm as mesmas respostas para
questões desse tipo. Com o passar do tempo, as sociedades mudam e também mudam os homens que as
compõem. Na Grécia antiga, por exemplo, a existência de escravos era perfeitamente legítima: as pessoas
não eram consideradas iguais entre si, e o fato de umas não terem liberdade era considerado normal. Hoje
em dia, ainda que nem sempre respeitados, os Direitos Humanos impedem que alguém ouse defender,
explicitamente, a escravidão como algo legítimo.
O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à
seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada,
mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Moral e da Ética.
Moral e ética, às vezes, são palavras empregadas como sinônimos: conjunto de princípios ou padrões de
conduta. Ética pode também significar Filosofia da Moral, portanto, um pensamento reflexivo sobre os
valores e as normas que regem as condutas humanas. Em outro sentido, ética pode referir-se a um
conjunto de princípios e normas que um grupo estabelece para seu exercício profissional (por exemplo, os
códigos de ética dos médicos, dos advogados, dos psicólogos, etc.). Em outro sentido, ainda, pode referir-
se a uma distinção entre princípios que dão rumo ao pensar sem, de antemão, prescrever formas precisas
de conduta (ética) e regras precisas e fechadas (moral). Finalmente, deve-se chamar a atenção para o fato
de a palavra “moral” ter, para muitos, adquirido sentido pejorativo, associado a “moralismo”. Assim, muitos
preferem associar à palavra ética os valores e regras que prezam, querendo assim marcar diferenças com
os “moralistas”.
Como o objetivo deste trabalho é o de propor atividades que levem o aluno a pensar sobre sua conduta e a
dos outros a partir de princípios, e não de receitas prontas, batizou-se o tema de Ética, embora
freqüentemente se assuma, aqui, a sinonímia entre as palavras ética e moral e se empregue a expressão
clássica na área de educação de “educação moral”. Parte-se do pressuposto que é preciso possuir critérios,
valores, e, mais ainda, estabelecer relações e hierarquias entre esses valores para nortear as ações em
sociedade. Situações dilemáticas da vida colocam claramente essa necessidade. Por exemplo, é ou não
ético roubar um remédio, cujo preço é inacessível, para salvar alguém que, sem ele, morreria? Colocado de
outra forma: deve-se privilegiar o valor “vida” (salvar alguém da morte) ou o valor “propriedade privada” (no
sentido de não roubar)?
Seria um erro pensar que, desde sempre, os homens têm as mesmas respostas para questões desse tipo.
Com o passar do tempo, as sociedades mudam e também mudam os homens que as compõem. Na Grécia
antiga, por exemplo, a existência de escravos era perfeitamente legítima: as pessoas não eram
consideradas iguais entre si, e o fato de umas não terem liberdade era considerado normal. Outro exemplo:
até pouco tempo atrás, as mulheres eram consideradas seres inferiores aos homens, e, portanto, não
merecedoras de direitos iguais (deviam obedecer a seus maridos). Outro exemplo ainda: na Idade Média, a
tortura era considerada prática legítima, seja para a extorsão de confissões, seja como castigo. Hoje, tal
prática indigna a maioria das pessoas e é considerada imoral. Portanto, a moralidade humana deve ser
enfocada no contexto histórico e social. Por conseqüência, um currículo escolar sobre a ética pede uma
reflexão sobre a sociedade contemporânea na qual está inserida a escola; no caso, o Brasil do século XX.
Tal reflexão poderia ser feita de maneira antropológica e sociológica: conhecer a diversidade de valores
presentes na sociedade brasileira. No entanto, por se tratar de uma referência curricular nacional que
objetiva o exercício da cidadania, é imperativa a remissão à referência nacional brasileira: a Constituição da
República Federativa do Brasil, promulgada em 1988. Nela, encontram-se elementos que identificam
questões morais.
Por exemplo, o art. 1o traz, entre outros, como fundamentos da República Federativa do Brasil a dignidade
da pessoa humana e o pluralismo político. A idéia segundo a qual todo ser humano, sem distinção, merece
tratamento digno corresponde a um valor moral. Segundo esse valor, a pergunta de como agir perante os
outros recebe uma resposta precisa: agir sempre de modo a respeitar a dignidade, sem humilhações ou
discriminações em relação a sexo ou etnia. O pluralismo político, embora refira-se a um nível específico (a
política), também pressupõe um valor moral: os homens têm direito de ter suas opiniões, de expressá-las,
de organizar-se em torno delas. Não se deve, portanto, obrigá-los a silenciar ou a esconder seus pontos de
vista; vale dizer, são livres. E, natural¬mente, esses dois fundamentos (e os outros) devem ser pensados
em conjunto. No art. 5o, vê-se que é um princípio constitucional o repúdio ao racismo, repúdio esse
coerente com o valor dignidade humana, que limita ações e discursos, que limita a liberdade às suas
expressões e, justamente, garante a referida dignidade.
Devem ser abordados outros trechos da Constituição que remetem a questões morais. No art. 3o, lê-se que
constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (entre outros): I) construir uma
sociedade livre, justa e solidária; III) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais; IV) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação. Não é difícil identificar valores morais em tais objetivos, que
falam em justiça, igualdade, solidariedade, e sua coerência com os outros fundamentos apontados. No título
II, art. 5o, mais itens esclarecem as bases morais escolhidas pela sociedade brasileira: I) homens e
mulheres são iguais em direitos e obrigações; (...) III) ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante; (...) VI) é inviolável a liberdade de consciência e de crença (...); X) são invioláveis
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (...).
Tais valores representam ótima base para a escolha de conteúdos do tema Ética.
Porém, aqui, três pontos devem ser devidamente enfatizados.
O primeiro refere-se ao que se poderia chamar de “núcleo” moral de uma sociedade, ou seja, valores eleitos
como necessários ao convívio entre os membros dessa sociedade. A partir deles, nega-se qualquer
perspectiva de “relativismo moral”, entendido como “cada um é livre para eleger todos os valores que quer”.
Por exemplo, na sociedade brasileira não é permitido agir de forma preconceituosa, presumindo a
inferioridade de alguns (em razão de etnia, raça, sexo ou cor), sustentar e promover a desigualdade,
humilhar, etc. Trata-se de um consenso mínimo, de um conjunto central de valores, indispensável à
sociedade democrática: sem esse conjunto central, cai-se na anomia, entendida seja como ausência de
regras, seja como total relativização delas (cada um tem as suas, e faz o que bem entender); ou seja, sem
ele, destrói-se a democracia, ou, no caso do Brasil, impede-se a construção e o fortalecimento do país.
O segundo ponto diz respeito justamente ao caráter democrático da sociedade brasileira. A democracia é
um regime político e também um modo de sociabilidade que permite a expressão das diferenças, a
expressão de conflitos, em uma palavra, a pluralidade. Portanto, para além do que se chama de conjunto
central de valores, deve valer a liberdade, a tolerância, a sabedoria de conviver com o diferente, com a
diversidade (seja do ponto de vista de valores, como de costumes, crenças religiosas, expressões artísticas,
etc.). Tal valorização da liberdade não está em contradi¬ção com a presença de um conjunto central de
valores. Pelo contrário, o conjunto garante, justamente, a possibilidade da liberdade humana, coloca-lhe
fronteiras precisas para que todos possam usufruir dela, para que todos possam preservá-la.
O terceiro ponto refere-se ao caráter abstrato dos valores abordados. Ética trata de princípios e não de
mandamentos. Supõe que o homem deva ser justo. Porém, como ser justo? Ou como agir de forma a
garantir o bem de todos? Não há resposta predefinida. É preciso, portanto, ter claro que não existem
normas acabadas, regras definitivamente consagradas. A ética é um eterno pensar, refletir, construir. E a
escola deve educar seus alunos para que possam tomar parte nessa construção, serem livres e autônomos
para pensarem e julgarem.
Mas será que cabe à escola empenhar-se nessa formação? Na história educacional brasileira, a resposta
foi, em várias épocas, positiva. Em 1826, o primeiro projeto de ensino público apresentado à Câmara dos
Deputados previa que o aluno deveria ter “conhecimentos morais, cívicos e econômi¬cos”. Não se tratava
de conteúdos, pois não havia ainda um currículo nacional com elenco de matérias. Quando tal elenco foi
criado (em 1909), a educação moral não apareceu como conteúdo, mas havia essa preocupação quando se
tratou das finalidades do ensino. Em 1942, a Lei Orgânica do Ensino Secundário falava em “formação da
personalidade integral do adolescente” e em acentuação e elevação da “formação espiritual, consciência
patriótica e consciência humanista” do aluno. Em 1961, a Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional
colocava entre suas normas a “formação moral e cívica do aluno”. Em 1971, pela Lei n. 5.692/71, institui-se
a Educação Moral e Cívica como área da educação escolar no Brasil.
Porém, o fato de, historicamente, verificar-se a presença da preocupação com a formação moral do aluno
ainda não é argumento bastante forte. De fato, alguns poderão pensar que a escola, por várias razões,
nunca será capaz de dar uma formação moral aceitável e, portanto, deve abster-se dessa empreitada.
Outros poderão responder que o objetivo da escola é o de ensinar conhecimentos acumulados pela
humanidade e não preocupar-se com uma formação mais ampla de seus alunos. Outros ainda, apesar de
simpáticos à idéia de uma educação moral, poderão perma¬necer desconfiados ao lembrar a malfadada
tentativa de se implantar aulas de Moral e Cívica no currículo.
Mesmo reconhecendo tratar-se de uma questão polêmica, a resposta dada por estes Parâmetros
Curriculares Nacionais é afirmativa: cabe à escola empenhar-se na formação moral de seus alunos. Por
isso, apresenta-se uma proposta diametralmente diferente das antigas aulas de Moral e Cívica e explica-se
o porquê.
As pessoas não nascem boas ou ruins; é a sociedade, quer queira, quer não, que educa moralmente seus
membros, embora a família, os meios de comunicação e o convívio com outras pessoas tenham influência
marcante no comportamento da criança. E, naturalmente, a escola também tem. É preciso deixar claro que
ela não deve ser considerada onipotente, única instituição social capaz de educar moralmente as novas
gerações. Também não se pode pensar que a escola garanta total sucesso em seu trabalho de formação.
Na verdade, seu poder é limitado. Todavia, tal diagnóstico não justifica uma deserção. Mesmo com
limitações, a escola participa da formação moral de seus alunos. Valores e regras são transmitidos pelo
professores, pelos livros didáticos, pela organização institucional, pelas formas de avaliação, pelos
comportamentos dos próprios alunos, e assim por diante. Então, ao invés de deixá-las ocultas, é melhor que
tais questões recebam tratamento explícito. Isso significa que essas questões devem ser objeto de reflexão
da escola como um todo, ao invés de cada professor tomar isoladamente suas decisões. Daí a proposta de
que se inclua o tema Ética nas preocupações oficiais da educação.
Acrescente-se ainda que, se os valores morais que subjazem aos ideais da Constituição brasileira não
forem intimamente legitimados pelos indivíduos que compõem este país, o próprio exercício da cidadania
será seriamente prejudicado, para não dizer, impossível. É tarefa de toda sociedade fazer com que esses
valores vivam e se desenvolvam. E, decorrentemente, é também tarefa da escola.
Para saber como educar moralmente é preciso, num primeiro momento, saber o que a Ciência Psicológica
tem a dizer sobre os processos de legitimação, por parte do indivíduo, de valores e regras morais.
LEGITIMAÇÃO DOS VALORES E REGRAS MORAIS
Diz-se que uma pessoa possui um valor e legitima as normas decorrentes quando, sem controle externo,
pauta sua conduta por elas. Por exemplo, alguém que não rouba por medo de ser preso não legitima a
norma “não roubar”: apenas a segue por medo do castigo e, na certeza da impunidade, não a seguirá. Em
compensação, diz-se que uma pessoa legitima a regra em questão ao segui-la independentemente de ser
surpreendida, ou seja, se estiver intimamente convicta de que essa regra representa um bem moral.
Mas o que leva alguém a pautar suas condutas segundo certas regras? Como alguns valores tornam-se
traduções de um ideal de Bem, gerando deveres?
Seria mentir por omissão não dizer que falta consenso entre os especialistas a respeito de como um
indivíduo chega a legitimar determinadas regras e conduzir-se coerentemente com elas. Para uns, trata-se
de simples costume: o hábito de certas condutas validam-nas. Para outros, a equação deveria ser invertida:
determinadas condutas são consideradas boas, portanto, devem ser praticadas; neste caso, o juízo seria o
carro-chefe da legitimação das regras. Para outros ainda, processos inconscientes (portanto, ignorados do
próprio sujeito, e, em geral, constituídos durante a infância) seriam os determinantes da conduta moral. E há
outras teorias mais.
Serão apresentadas a seguir algumas considerações norteadoras para o entendimento dos processos
psicológicos presentes na legitimação de regras morais: a afetividade e a racionalidade.
Afetividade
Toda regra moral legitimada aparece sob a forma de uma obrigação, de um imperativo: deve-se fazer tal
coisa, não se deve fazer tal outra. Como essa obrigatoriedade pode se instalar na consciência? Ora, é
preciso que os conteúdos desses imperativos toquem, em alguma medida, a sensibilidade da pessoa; vale
dizer, que apareçam como desejáveis. Portanto, para que um indivíduo se incline a legitimar um
determinado conjunto de regras, é necessário que o veja como traduzindo algo de bom para si, como
dizendo respeito a seu bem-estar psicológico, ao que se poderia chamar de seu “projeto de felicidade” (A
expressão “vida boa” é entendida aqui como a realização do “projeto de felicidade”). Se vir nas regras
aspectos contraditórios ou estranhos ao seu bem-estar psicológico pessoal e ao seu projeto de felicidade,
esse indivíduo simplesmente não legitimará os valores subjacentes a elas e, por conseguinte, não legitimará
as próprias regras. Poderá, às vezes, comportar-se como se as legitimasse, mas será apenas por medo do
castigo. Na certeza de não ser castigado, seja porque ninguém tomará conhecimento de sua conduta, seja
porque não haverá algum poder que possa puni-lo, se comportará segundo seus próprios desejos. Em
resumo, as regras morais devem apontar para uma possibilidade de realização de uma “vida boa”3 ; do
contrário, serão ignoradas.
Porém, fica uma pergunta: sendo que os projetos de felicidade são variados, que dependem inclusive dos
diferentes traços de personalidade, e sendo também que as regras morais devem valer para todos (se cada
um tiver a sua, a própria moral desaparece), como despertar o sentimento de desejabilidade para
determinadas regras e valores, de forma que não se traduza em mero individualismo?
De fato, as condições de bem-estar e os projetos de felicidade são variados. Para alguns, por exemplo, o
verdadeiro bem-estar nunca será usufruído na terra, mas sim alhures, após a morte. Tais pessoas legitimam
determinadas regras de conduta, inspiradas por certas religiões, como as de origem cristã, porque,
justamente, correspondem a um projeto de felicidade: ficar ao lado de Deus para a eternidade. Aqui na
terra, podem até aceitar viver distantes dos prazeres materiais, pois seu bem-estar psicológico está em se
preparar para uma “vida” melhor, após a morte física do corpo. Outros, pelo contrário, pensam que a
felicidade deve acontecer durante a vida terrena, e conseqüentemente não aceitam a idéia de que devam
privar-se. E assim por diante. Verifica-se, portanto, que as formas de desejabilidade, derivadas de seus
conteúdos, são variadas. No entanto, há um desejo que parece valer para todos e estar presente nos
diversos projetos de felicidade: o auto-respeito.
A idéia básica é bastante simples. Cada pessoa tem consciência da própria existência, tem consciência de
si. Tal consciência traduz-se, entre outras coisas, por uma imagem de si, ou melhor, imagens de si — no
plural, uma vez que cada um tem várias facetas e não se resume a uma só dimensão. Ora, as imagens que
cada um tem de si estão intimamente associadas a valores. Raramente são meras constatações neutras do
que se é ou não se é. Na grande maioria das vezes, as imagens são vistas como positivas ou negativas.
Vale dizer que é inevitável cada um pensar em si mesmo como um valor. E, evidentemente, cada um
procura ter imagens boas de si, ou seja, ver-se como valor positivo. Em uma palavra, cada um procura se
respeitar como pessoa que merece apreciação. É por essa razão que o auto-respeito, por ser um bem
essencial, está presente nos projetos de bem-estar psicológico, nos projetos de felicidade, como parte
integrante. Ninguém se sente feliz se não merecer mínima admiração, mínimo respeito aos próprios olhos.
O êxito na busca e construção do auto-respeito é fenômeno complexo. Quatro aspectos complementares
são essenciais.
O primeiro diz respeito ao êxito dos projetos de vida que cada pessoa determina para si. Os projetos variam
muito de pessoa para pessoa, vão dos mais modestos empreendimentos até os mais ousados. Mas, seja
qual for o projeto escolhido, o mínimo êxito na sua execução é essencial ao auto-respeito. Raramente se
está “de bem consigo mesmo” quando há fracassos repetidos. A vergonha decorrente, assim como a
frustração, podem levar à depressão ou à cólera.
O segundo aspecto refere-se à esfera moral. Cada um tem inclinação a legitimar os valores e normas
morais que permitam, justamente, o êxito dos projetos de vida e o decorrente auto-respeito. E,
naturalmente, tenderá a não legitimar aqueles que representarem um obstáculo; aqueles que forem
contraditórios com a busca e manutenção do auto-respeito. Assim, é sensato pensar que as regras que
organizem a convivência social de forma justa, respeitosa e solidária têm grandes chances de serem
seguidas. De fato, a justiça permite que as oportunidades sejam iguais para todos, sem privilégios que, de
partida ou no meio do caminho, favoreçam alguns em detrimento de outros. Se as regras forem vistas como
injustas, dificilmente serão legitimadas.
O terceiro aspecto refere-se ao papel do juízo alheio na imagem que cada um tem de si. Pode-se afirmar o
seguinte: a imagem e o respeito que uma pessoa tem de si mesma estão, naturalmente, referenciados em
parte nos juízos que os outros fazem dela. Algumas podem ser extremamente dependentes dos juízos
alheios para julgar a si próprias; outras menos. Porém, ninguém é totalmente indiferente a esses juízos. São
de extrema importância, pois alguém que nunca ouça a crítica alheia — positiva ou negativa — corre o risco
de enganar-se sobre si mesmo. Então, a crítica é necessária. Todavia, há uma dimensão moral nesses
juízos: é o reconhecimento do valor de qualquer pessoa humana, que não pode ser humilhada, violentada,
espoliada, etc. Portanto, o respeito próprio depende também do fato de ser respeitado pelos outros. A
humilhação — forma não rara de relação humana — freqüentemente leva a vítima a não legitimar qualquer
outra pessoa como juiz e a agir sem consideração pelas pessoas em geral. As crianças conhecem esse
mecanismo psicológico. Uma delas, perguntada a respeito dos efeitos da humilhação, afirmou que um aluno
assim castigado teria mais chances de reincidir no erro, pois pensaria: “Já estou danado mesmo, posso
fazer o que eu quiser”. Em resumo, serão legitimadas as regras morais que garantirem que cada um
desenvolva
o respeito próprio, e este está vinculado a ser respeitado pelos outros.
O quarto e último aspecto refere-se à realização dos projetos de vida de forma puramente egoísta. A
valorização do sucesso profissional, coroado com gordos benefícios financeiros, o status social elevado, a
beleza física, a atenção da mídia, etc., são valores puramente individuais (em geral relacionados à glória),
que, para uma minoria, podem ser concretizados pela obtenção de privilégios (por exemplo, conhecer as
pessoas certas que fornecem emprego ou acesso a instituições importantes), pela manipulação de outras
pessoas (por exemplo, mentir e trapacear para passar na frente dos outros), e pela completa indiferença
pelos outros membros da sociedade. Diz-se que se trata de uma minoria, pois é mero sonho pensar que
todos podem ter carro importado, sua imagem na televisão, acesso aos corredores do poder político, etc.
Mas o fato é que a valorização desse tipo de sucesso é traço marcante da sociedade atual (não só no
Brasil, mas no Ocidente todo) e tende a fazer com que as pessoas o procurem mesmo que o preço a ser
pago seja o de passar por cima dos outros, das formas mais desonestas e até mesmo violentas. Resultado
prático: a pessoa perderá o respeito próprio se não for bem-sucedida nos seus planos pessoais, mas não
se, por exemplo, mentir, roubar, desprezar o vizinho, etc.
Ora, para que as regras morais sejam efetivamente legitimadas, é preciso que sejam partes integrantes do
respeito próprio, ou seja, que o auto-respeito dependa, além dos diversos êxitos na realização dos projetos
de vida, do respeito pelos valores e regras morais. Assim, a pessoa que integrar o respeito pelas regras
morais à sua identidade pessoal, à imagem positiva de si, com grande probabilidade agirá conforme tais
regras.
Em resumo, a dimensão afetiva da legitimação dos valores e regras morais passa, de um lado, por
identificá-los como coerentes com a realização de diversos projetos de vida e, de outro, pela absorção
desses valores e regras como valor pessoal que se procura resguardar para permanecer respeitando a si
próprio. Assim, o auto-respeito articula, no âmago de cada um, a busca da realização dos projetos de vida
pessoais e
o respeito pelas regras coerentes com tal realização.
Na busca de maior clareza desta exposição, podem ser estabelecidas desde já duas decorrências centrais
para a educação moral. São elas:
A escola deve ser um lugar onde cada aluno encontre a possibilidade de se instrumentalizar para a
realização de seus projetos; por isso, a qualidade do ensino é condição necessária à formação moral de
seus alunos. Se não promove um ensino de boa qualidade, a escola condena seus alunos a sérias
dificuldades futuras na vida e, decorrentemente, a que vejam seus projetos de vida frustrados.
Ao lado do trabalho de ensino, o convívio dentro da escola deve ser organizado de maneira que os
conceitos de justiça, respeito e solidariedade sejam vivificados e compreendidos pelos alunos como aliados
à perspectiva de uma “vida boa”. Dessa forma, não somente os alunos perceberão que esses valores e as
regras decorrentes são coerentes com seus projetos de felicidade como serão integra¬dos às suas
personalidades: se respeitarão pelo fato de respeitá-los.
Racionalidade
Se é verdade que não há legitimação das regras morais sem um investimento afetivo, é também verdade
que tal legitimação não existe sem a racionalidade, sem o juízo e a reflexão sobre valores e regras. E isso
por três razões, pelo menos.
A primeira: a moral pressupõe a responsabilidade, e esta pressupõe a liberdade e o juízo. Somente há
responsabilidade por atos se houver a liberdade de realizá-los ou não. Cabem, portanto,
o pensamento, a reflexão, o julgamento para, então, a ação. Em resumo, agir segundo critérios e regras
morais implica fazer uma escolha. E como escolher implica, por sua vez, adotar critérios, a racionalidade é
condição necessária à vida moral.
A segunda: a racionalidade e o juízo também comparecem no processo de legitimação das regras, pois
dificilmente tais valores ou regras serão legítimos se parecerem contraditórios entre si ou ilógicos, se não
sensibilizarem a inteligência. É por essa razão que a moral pode ser discutida, debatida, que argumentos
podem ser empregados para justificar ou descartar certos valores. E, muitas vezes, é por falta dessa
apreensão racional dos valores que alguns agem de forma impensa¬da. Se tivessem refletido um pouco,
teriam mudado de idéia e agido diferentemente. Após melhor juízo, arrependem-se do que fizeram. É
preciso também sublinhar o fato de que pensar sobre a moralidade não é tarefa simples: são necessárias
muita abstração, muita generalização e muita dedução.
Tomando-se o exemplo da mentira, verifica-se que poucas pessoas pensaram de fato sobre
o que é a mentira. A maioria limita-se a dizer que ela corresponde a não dizer, intencionalmente, a verdade.
Na realidade, mentir, no sentido ético, significa não dar uma informação a alguém que tenha o direito de
obtê-la. Com essa definição, pode-se concluir que mentir por omissão não significa trair a verdade, mas não
revelá-la a quem tem direito de sabê-la.
Portanto, pensar, apropriar-se dos valores morais com o máximo de racionalidade é condição necessária,
tanto à legitimação das regras e ao emprego justo e ponderado delas, como à construção de novas regras.
Finalmente, há uma terceira razão para se valorizar a presença da racionalidade na esfera moral: ter a
capacidade de dialogar, essencial à convivência democrática. De fato, viver em democracia significa
explicitar e, se possível, resolver conflitos por meio da palavra, da comunicação, do diálogo. Significa trocar
argumentos, negociar. Ora, para que o diálogo seja profícuo, para que possa gerar resultados, a
racionalidade é condição necessária. Os interlocutores precisam expressar-se com clareza — o que
pressupõe a clareza de suas próprias convicções — e serem capazes de entender os diferentes pontos de
vista. Essas capacidades são essencialmente racionais, dependem do pleno exercício da inteligência.
era unilateral — no sentido de respeitar as “autoridades”, mas sem exigir a recíproca — torna-se mútuo:
respeitar e ser respeitado. O medo da punição e da perda do amor, que inspirava as condutas na fase
heterônoma, é substituído pelo medo de perder a estima dos outros, perder o respeito dos outros, e perder
o respeito próprio, moralmente falando. Finalmente, a criança se concebe como tendo legitimidade para
construir novas regras, e colocá-las à apreciação de seus pares.
A conquista da autonomia não é imediata. Durante um tempo, o raio de ação dessa autonomia ainda está
limitado ao grupo de amigos e pessoas mais próximas; mais tarde a criança passa a perceber-se como
membro de uma sociedade mais ampla, com suas leis e instituições. É então, nessa época, que poderá
refletir sobre os princípios que organizam um sistema moral humano (portanto, mais amplo que sua
comunidade, como o grupo de amigos e conhecidos). No entanto, é preciso que fique claro que um sujeito,
ao alcançar a possibilidade de exercer a autonomia moral, não necessariamente torna-se autônomo em
todas as situações da vida. Os contextos sociais e afetivos em que está inserido podem contribuir ou
mesmo impedir a autonomia moral.
Assim, é importante refletir sobre o que faz uma criança passar de um estado de heteronomia moral,
característico da infância, para um estado de autonomia moral.
Durante muito tempo, pensou-se que educação moral deveria ocorrer pela associação entre discursos
normatizadores, modelos edificantes a serem copiados, repressão, interdição e castigo. Hoje, sabe-se que o
desenvolvimento depende essencialmente de experiências de vida que o favoreçam e estimulem. No que
se refere à moralidade, o mesmo fenômeno acontece. Por exemplo, na racionalidade: uma criança a quem
nunca se dá a possibilidade de pensar, de argumentar, de discutir, acaba freqüentemente por ter seu
desenvolvimento intelectual embotado, nunca ousando pensar por si mesma, sempre refém das
“autoridades” que tudo sabem por ela. Em relação ao auto-respeito: uma criança a quem nunca se dê a
possibilidade de se afirmar, de ter êxito nos seus menores empreendimentos, uma criança sempre
humilhada, dificilmente desenvolverá alguma forma de respeito próprio. Ora, sendo que o desenvolvimento
moral depende da afetividade, notadamente do respeito próprio, e da racionalidade, e sendo que a
qualidade das relações sociais tem forte influência sobre estas, a socialização também tem íntima relação
com o desenvolvimento moral. Sendo que as relações sociais efetivamente vividas, experienciadas, têm
influência decisiva no processo de legitimação das regras, se o objetivo é formar um indivíduo respeitoso
das diferenças entre pessoas, não bastam belos discursos sobre esse valor: é necessário que ele possa
experienciar, no seu cotidiano, esse respeito, ser ele mesmo respeitado no que tem de peculiar em relação
aos outros. Se o objetivo é formar alguém que procure resolver conflitos pelo diálogo, deve-se
propor¬cionar um ambiente social em que tal possibilidade exista, onde possa, de fato, praticá-lo. Se o
objetivo é formar um indivíduo que se solidarize com os outros, deverá poder experienciar o convívio
organizado em função desse valor. Se o objetivo é formar um indivíduo democrático, é necessário
proporcionar-lhe oportunidades de praticar a democracia, de falar o que pensa e de submeter suas idéias e
propostas ao juízo de outros. Se o objetivo é que o respeito próprio seja conquistado pelo aluno, deve-se
acolhê-lo num ambiente em que se sinta valorizado e respeitado. Em relação ao desenvolvimento da
racionalidade, deve-se acolhê-lo num ambiente em que tal faculdade seja estimulada. A escola pode ser
esse lugar. Deve sê-lo.
Para situar a ética no Brasil, é preciso começar por comentar algumas experiências — aqui classificadas
por tendências — de formação moral que já foram tentadas, no Brasil e no exterior.
Tendência filosófica
Essa tendência tem por finalidade os vários sistemas éticos produzidos pela Filosofia (as idéias dos antigos
filósofos gregos, por exemplo, ou aquelas do século XVIII, dito da Ilustração). Não se procura, portanto,
apresentar o que é o Bem e o que é o Mal, mas as várias opções de pensamento ético, para que os alunos
os conheçam e reflitam sobre eles. E, se for o caso, que escolham o seu.
Tendência cognitivista
A similaridade entre esta tendência e a anterior é a importância dada ao raciocínio e à reflexão sobre
questões morais, e também a não-apresentação de um elenco de valores a serem “aprendidos” pelos
alunos. A diferença está no conteúdo. Enquanto na primeira os alunos são convidados a pensar sobre os
escritos de grandes autores dedicados ao tema, na segunda apresentam-se dilemas morais a serem
discutidos em grupo. Um exemplo, já comentado anteriormente: pede-se aos alunos que discutam sobre a
correção moral do ato de um marido que rouba um remédio para salvar a mulher (que sofre de câncer),
sendo que ele não tem dinheiro para comprá-lo e o farmacêutico, além de cobrar um preço muito alto, não
quer de forma alguma facilitar as formas de pagamento. Verifica-se que tal dilema opõe dois valores: o
respeito à lei ou à propriedade privada (não roubar) e à vida (a mulher à beira da morte). A ênfase do
trabalho é dada na demonstração do porquê uma ou outra opção é boa, e não na opção em si. Mas alguém
poderá dizer que não se deve roubar porque senão se vai para a cadeia; outro poderá argumentar que as
leis devem sempre ser seguidas, independentemente de haver ou não sanções. No primeiro caso, trata-se
de medo da punição; no segundo, de um espírito “legalista”. A opção final é a mesma (não roubar) mas o
raciocínio é totalmente diferente. Ora, é justamente esse raciocínio que a tendência metodológica quer
trabalhar e desenvolver.
Tendência afetivista
Trata-se de procurar fazer os alunos encontrarem seu equilíbrio pessoal e suas possibilidades de
crescimento intelectual mediante técnicas psicológicas. Procura-se fazer com que cada um tome
consciência de suas orientações afetivas concretas, na esperança de que, de bem consigo mesmo, possa
conviver de forma harmoniosa com seus semelhantes. Ao invés de se discutirem dilemas abstratos, como
na proposta cognitivista, apreciam-se questões concretas acontecidas na vida dos alunos e procura-se
pensar sobre as reações afetivas de cada um nas situações relatadas.
Tendência moralista
A grande diferença entre esta tendência e as anteriores é que ela tem um objetivo claramente normatizador:
ensinar valores e levar os alunos a atitudes consideradas corretas de antemão. Enquanto as propostas
anteriores de certa forma esperam que os alunos cheguem a legitimar valores não claramente colocados
pelos educadores, a tendência moralista evidencia tais valores e os impõe. Trata-se, portanto, de uma
espécie de doutrinação. No Brasil, a proposta de Educação Moral e Cívica seguiu esse modelo.
Tendência da escola democrática
Uma última tendência a ser destacada é a da escola democrática, que, contrariamente às anteriores, não
pressupõe espaço de aula reservado aos temas morais. Trata-se de democratizar as relações entre os
membros da escola, cada um podendo participar da elaboração das regras, das discussões e das tomadas
de decisão a respeito de problemas concretamente ocorridos na instituição.
São necessárias algumas reflexões sobre essas tendências. A tendência moralista tem a vantagem de ser
explícita: os alunos ficam sabendo muito bem quais valores os educadores querem que sejam legitimados.
Sabem o que se espera deles. Porém, dois graves problemas aparecem. Um de nível ético: o espírito
doutrinador dessa forma de se trabalhar. A autonomia dos alunos e suas possibilidades de pensar ficam
descartadas, pois a moralidade tende a ser apresentada como conjunto de regras acabadas. Em uma
palavra, trata-se de um método autoritário, fato que, aliás, explica as referências negativas que se fazem às
antigas aulas de Moral e Cívica, que, por bastante tempo, desencorajou a educação moral nas escolas.
Outro grave problema, conseqüência desse autoritarismo, é de nível pedagógico: o método não surte efeito,
pois ouvir discursos, por mais belos que sejam, não basta para se convencer de que são válidos. A reflexão
e a experiência são essenciais. O que acaba acontecendo freqüentemente com os métodos moralistas é
que afastam os alunos dos valores a serem aprendidos. As aulas tornam-se maçantes, não sensibilizam os
alunos, não os convencem e acabam por desenvolver uma espécie de ojeriza pelos valores morais. O
verbalismo desse tipo de método não dá resultado, assim como, aliás, não dá resultado em disciplina
alguma: os alunos ouvem, repetem e esquecem. O único aspecto desse método a ser resguardado é a
explicitação dos valores. O educador não deve “fazer de conta” que não tem valores, escondê-los. Estes
devem ficar claros, transparentes. Mas, para isso, não é necessário montar um palanque para belos
discursos.
Essas críticas apontam para métodos que procuram sensibilizar de alguma forma os alunos para as
questões morais. A tendência afetivista faz isso, e acerta ao levar em conta os sentimentos dos alunos (as
regras devem ser desejáveis para serem legitimadas, e isso leva ao campo afetivo). Porém, tal tendência
apresenta três problemas. Um deles é, ao priorizar o trabalho com a afetividade, corre-se o risco de chegar
a uma moral relativista: cada um é um e tem seus próprios valores. Esse individualismo é incompatível com
a vida em sociedade. Deve-se, é evidente, respeitar as diversas individualidades, mas, em contrapartida,
cada individualidade deve conviver com outras, portanto, deve haver regras comuns. O segundo problema
diz respeito ao trabalho de sensibilização em si: é essencialmente trabalho — delicado — de psicólogo;
pede formação específica que não é a do educador em geral. Terceiro problema: pode levar a invasões da
intimidade, os alunos sendo levados a falar de si em público, sem as devidas garantias de sigilo.
Assim como a virtude da tendência afetivista é não menosprezar o lugar da afetividade na legitimação das
regras morais, a virtude das tendências filosofistas e cognitivistas é sublinhar o papel decisivo da
racionalidade. Seu defeito é justamente limitarem-se ao objeto eleito. Conhecer a filosofia é edificante,
raciocinar sobre dilemas é atividade inteligente. Mas não é suficiente para tornar desejáveis as regras
aprendidas e pensadas. Nem sempre excelentes argumentos racionais fazem vibrar a corda da
sensibilidade afetiva.
A virtude da escola democrática está em focalizar a qualidade das relações entre os agentes da instituição
escolar. De fato, as relações sociais efetivamente vividas, experienciadas, são os melhores e mais
poderosos “mestres” em questão de moralidade. Para que servem belos discursos sobre o Bem, se as
relações internas à escola são desrespeitosas? De que adianta raciocinar sobre a paz, se as relações
vividas são violentas? E assim por diante. Então, o cuidado com a qualidade das relações interpessoais na
escola é fundamental. Pesquisas psicológicas levam a essa conclusão. E mais ainda: relações de
cooperação, de diálogo, levam à autonomia, ou seja, à capacidade de pensar, sem a coerção de alguma
“autoridade” inquestionável. Relações de cooperação são relações entre iguais, baseadas e reforçadoras do
respeito mútuo, condição necessária ao convívio democrático. A democracia é, portanto, um modo de
convivência humana e os alunos devem encontrar na escola a possibilidade de vivenciá-la. Daí a
importância de se promoverem experiências de cooperação no seu seio.
Transversalidade
Questões éticas encontram-se a todo momento em todas as áreas. Vale dizer que questões relativas a
valores humanos permeiam todos os conhecimentos. É fácil verificar esse fato em História: as guerras, as
diversas formas de poder político, as revoluções industriais e econômicas, as colonizações, etc., dizem
diretamente respeito às relações entre os homens. E mais ainda: o passado histórico é de extrema
importância para se compreender o presente, os valores contemporâneos, as atuais formas de
relacionamento entre os homens, entre as comunida¬des, entre os países. Em relação à Língua
Portuguesa, deve-se considerar que a linguagem é o veículo da cultura do país onde é falada, que carrega
os valores, portanto. Por exemplo, comparar a chamada “norma culta” às outras formas de falar não é
apenas comparar duas formas de se comunicar seguindo o critério do “certo” e do “errado”. É, sobretudo,
pensar sobre as diversas formas de o homem se apoderar da cultura, suas possibilidades objetivas de fazê-
lo.
O mesmo raciocínio pode ser feito em relação às Ciências Naturais e aos Temas Transversais. Por
exemplo, ao se abordar a sexualidade — tema que suscita discussões éticas, uma vez que se refere a
relações entre pessoas — e as doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS, pode-se abordar a
questão do respeito pelo outro: preservar-se dessas doenças não se justifica apenas pelo zelo pela própria
saúde e sobrevivência, mas também pelo respeito pela vida alheia, uma vez que o parceiro pode ser
contaminado. Em relação ao Meio Ambiente, temas como a preservação da natureza dizem respeito
diretamente à vida humana, pois poluir rios causa problemas de doenças em quem depende de suas águas.
Ou seja, desrespeitar a natureza significa desrespeitar as pessoas que dela dependem.
A própria função da escola — transmissão do saber — levanta questões éticas. Para que e a quem servem
o saber, os diversos conhecimentos científicos, as várias tecnologias? É necessário refletir sobre essa
pergunta. Além do mais, sabe-se que um conhecimento totalmente neutro não existe. É portanto necessário
pensar sobre sua produção e divulgação. O ato de estudar também envolve questões valorativas. Afinal,
para que se estuda? Apenas na perspectiva de se garantir certo nível material de vida? Tal objetivo
realmente existe, porém, estudar também é exercício da cidadania: é por meio dos diversos saberes que se
participa do mundo do trabalho, das variadas instituições, da vida cotidiana, articulando-se o bem-estar
próprio com o bem-estar de todos.
As relações sociais são pautadas em valores morais. Como devo agir com o cidadão, com meu chefe, com
meu colega? Eis questões básicas do cotidiano. A prática dessas relações formam moralmente as pessoas.
Como já apontado, se as relações forem respeitosas, equivalerão a uma bela experiência de respeito
mútuo. Se forem democráticas, no sentido de poderem participar de decisões a serem tomadas, equivalerão
a uma bela experiência de como se convive democraticamente, de como se toma responsabilidade, de
como se dialoga com aquele que tem idéias diferentes das nossas. Do contrário, corre-se o risco de
transmitir a idéia de que as relações sociais em geral são e devem ser violentas e autoritárias.
As relações da administração pública com a comunidade também levantam questões éticas. De fato, o
governo não é uma ilha isolada do mundo, da cidade ou do bairro. Ela ocupa lugar importante nas diversas
comunidades, pois envolve os cidadãos. Cada lugar tem especificidades que devem ser respeitadas e
contempladas.
Cada sociedade, cada país é composto de pessoas diferentes entre si. Não somente são diferentes em
função de suas personalidades singulares, como também o são relativamente a categorias ou grupos de
pessoas: elas podem ser classificadas por sexo, etnia, classe social, opção política e ideológica, etc. É
grande a diversidade das pessoas que compõem a população brasileira: diversas etnias, diversas culturas
de origem, profissões, religiões, opiniões, etc.
Essa diversidade freqüentemente é alvo de preconceitos e discriminações, o que resulta em conflitos e
violência. Assim, alguns acham que determinadas pessoas não merecem consideração, seja porque são
mulheres, porque são negras, porque são nordestinas, cariocas, gaúchas, pobres, doentes, etc. Do ponto
de vista da Ética, o preconceito pode traduzir-se de várias formas. A mais freqüente é a não-universalização
dos valores morais. Por exemplo, alguém pode considerar que deve respeitar as pessoas que pertencem a
seu grupo, ser honesto com elas, não enganá-las, não violentá-las, etc., mas o mesmo respeito não é visto
como necessário para com as pessoas de outros grupos. Mais ainda: mentir para membros de seu grupo
pode ser considerado desonroso, mas enganar os “estranhos”, pelo contrário, pode ser visto como um ato
merecedor de admiração. Outra tradução dos preconceitos é a intolerância: simplesmente não se aceita a
diferença e tenta-se, de toda forma, censurá-la, silenciá-la. Finalmente, é preciso pensar na indiferença: o
outro, por não ser do mesmo grupo, é ignorado e não merecedor da mínima solidariedade.
O preconceito é contrário a um valor fundamental: o da dignidade humana. Segundo esse valor, toda e
qualquer pessoa, pelo fato de ser um ser humano, é digna e merecedora de respeito. Portanto, não importa
seu sexo, sua idade, sua cultura, sua raça, sua religião, sua classe social, seu grau de instrução, etc.:
nenhum desses critérios aumenta ou diminui a dignidade de uma pessoa. Toda pessoa tem, em princípio,
direito ao respeito de seus semelhantes, a uma vida digna (no sentido de boas condições de vida), a
oportunidades de realizar seus projetos. Sem opção moral, uma sociedade democrática, pluralista por
definição, é totalmente impossível de ser construída e o conceito de cidadania perde seu sentido. É portanto
imperativo que a escola contribua para que a dignidade do ser humano seja um valor conhecido e
reconhecido pelos seus alunos.
Dois outros critérios nortearam a escolha dos conteúdos: a possibilidade de serem trabalhados na escola e
sua relevância tanto para o ensino das diversas áreas e temas quanto para o convívio escolar.
Foram organizados blocos de conteúdos, os quais correspondem a grandes eixos que estabelecem as
bases de diversos conceitos, atitudes e valores complementares. Os blocos de conteúdos, assim como toda
a proposta de Ética, referem-se a todo o ensino fundamental. Os conteúdos de cada bloco serão detalhados
para os dois primeiros ciclos e já se encontram expressos nas áreas, transversalizados. Por impregnarem
toda a prática cotidiana da escola, os conteúdos de Ética priorizam o convívio escolar. São eles: Respeito
mútuo; Justiça; Diálogo; e Solidariedade.
Cada um dos blocos de conteúdo está intimamente relacionado com os demais, assim como com o
princípio de dignidade do ser humano.
Respeito mútuo
O tema respeito é central na moralidade. E também é complexo, pois remete a várias dimensões de
relações entre os homens, todas “respeitosas”, mas em sentidos muito diferentes. Pode-se associar respeito
à idéia de submissão. É o caso quando se fala que alguma pessoa obedece incondicionalmente a outra. Tal
submissão pode vir do medo: respeita-se o mais forte, não porque mereça algum reconhecimento de ordem
moral, mas simplesmente porque detém o poder. Porém, também pode vir da admiração, da veneração
(porque é mais velho ou sábio, por exemplo), ou da importância atribuída a quem se obedece ou escuta
(diz-se “respeito muito as opiniões de fulano”). Nesses exemplos, o respeito é compreendido de forma
unilateral: consideração, obediência, veneração de um pelo outro, sem que a recíproca seja verdadeira ou
necessária. Um intelectual observou bem a presença desse respeito unilateral na sociedade brasileira, por
meio de uma expressão popularmente freqüente: “Sabe com quem está falando?”. Essa expressão traduz
uma exigência de respeito unilateral: “Eu sou mais que você, portanto, respeite-me”. É a frase que muitas
“autoridades” gostam de empregar quando se sentem, de alguma forma, desacatadas no exercício de seu
poder.
Porém, outra expressão popular também conhecida apresenta uma dimensão diferente do respeito: “Quem
você pensa que é?”. Tal pergunta traduz a destituição de um lugar imaginariamente superior que o
interlocutor pensa ocupar. Essa expressão é a afirmação de um ideal de igualdade, ou melhor, de
reciprocidade: se devo respeitá-lo, você também deve me respeitar; não é a falta de respeito, mas sim a
negação de sua associação com submissão. Trata-se de respeito mútuo. E o predicado mútuo faz toda a
diferença.
Ora, é claro que tanto a dignidade do ser humano quanto o ideal democrático de convívio social
pressupõem o respeito mútuo, e não o respeito unilateral.
A criança pequena (de até sete ou oito anos em média) concebe o respeito como unilateral, portanto,
dirigido a pessoas prestigiadas, vistas por ela como poderosas. Com a socialização, a aprendizagem e o
desenvolvimento psicológico decorrente, essa assimetria tende a ser substituída pela relação de
reciprocidade: respeitar e ser respeitado: ao dever de respeitar o outro, articula-se o direito (e a exigência)
de ser respeitado. Considerar o respeito mútuo como dever e direito é de suma importância, pois ao
permanecer apenas um dos termos, volta-se ao respeito unilateral: “Devo respeitar, mas não tenho o direito
de exigir o mesmo” ou “Tenho o direito de ser respeitado, mas não o dever de respeitar os outros”.
O respeito mútuo expressa-se de várias formas complementares. Uma delas é o dever do respeito pela
diferença e a exigência de ser respeitado na sua singularidade. Tal reciprocidade também deve valer entre
pessoas que pertençam a um mesmo grupo. Deve valer quando se fazem contratos que serão honrados,
cada um respeitando a palavra empenhada e exigindo a recíproca. O respeito pelos lugares públicos, como
ruas e praças, também deriva do respeito mútuo. Como tais espaços pertencem a todos, preservá-los, não
sujá-los ou depredá-los é dever de cada um, porque também é direito de cada um poder desfrutá-los.
O respeito mútuo também deve valer na dimensão política. Embora política não se confunda com ética, a
primeira não deve ser contraditória com a segunda. Logo, as diversas leis que regem o país devem ser
avaliadas também em função de sua justeza ética: elas devem garantir o respeito mútuo, pois o regime
político democrático pressupõe indivíduos livres que, por intermédio de seus representantes eleitos,
estabelecem contratos de convivência que devem ser honrados por todos; portanto, o exercício da
cidadania pressupõe íntima relação entre respeitar e ser respeitado.
Justiça
O tema da justiça sempre atraiu todos aqueles que pensaram sobre a moralidade, desde os filósofos
gregos. Belíssimas páginas foram escritas, idéias fortes foram defendidas. O tema da justiça encanta e
inquieta todos aqueles que se preocupam com a pergunta “Como devo agir perante os outros?”. A rigor, ela
poderia ser assim formulada: “Como ser justo com os outros?”, ou seja, “Como respeitar seus direitos?
Quais são esses direitos? E os meus?”.
O conceito de justiça pode remeter à obediência às leis. Por exemplo, se a lei prevê que os filhos são os
herdeiros legais dos pais, deserdá-los será considerado injusto. Um juiz justo será aquele que se atém à lei,
sem feri-la. Será considerado injusto se, por algum motivo, resolver ignorá-la.
Porém, o conceito de justiça vai muito além da dimensão legalista. De fato, uma lei pode ser justa ou não. A
própria lei pode ser, ela mesma, julgada com base em critérios éticos. Por exemplo, no Brasil, existiu uma
lei que proibia os analfabetos de votarem. Cada um, intimamente ligado à sua consciência, pode se
perguntar se essa lei era justa ou não; se os analfabetos não têm o direito de participar da vida pública
como qualquer cidadão; ou se o fato de não saberem ler e escrever os torna desiguais em relação aos
outros. Portanto, a ética pode julgar as leis como justas ou injustas.
As duas dimensões da definição de justiça são importantes. A dimensão legal da justiça deve ser
contemplada pelos cidadãos. Muitos, por não conhecerem certas leis, não percebem que são alvo de
injustiças. Não conhecem seus direitos; se os conhecessem, teriam melhores condições de lutar para que
fossem respeitados. Porém, a dimensão ética é insubstituível, precisamente para avaliar de forma crítica
certas leis, para perceber como, por exemplo, privilegiam alguns em detrimento de outros. E os critérios
essenciais para se pensar eticamente sobre a justiça são igualdade e eqüidade.
A igualdade reza que todas as pessoas têm os mesmos direitos. Não há razão para alguns serem “mais
iguais que os outros”. Eis um bolo a ser dividido: cada um deve receber parte igual. E as crianças, desde
cedo, pensam assim.
Porém, o conceito de igualdade deve ser sofisticado pelo de eqüidade. De fato, na grande maioria das
vezes, as pessoas não se encontram em posição de igualdade. Nascem com diferentes talentos, em
diferentes condições sociais, econômicas, físicas, etc. Seria injusto não levar em conta essas diferenças e,
por exemplo, destinar a crianças e adultos os mesmos trabalhos braçais pesados (infelizmente, no Brasil, tal
injustiça acontece). As pessoas também não são iguais no que diz respeito a seus feitos, e, da mesma
forma, seria considerado injusto dar igual recompensa ou sanção a todas as ações (por exemplo, punir todo
crime, da menor infração ao assassinato, com pena de prisão). Portanto, fazer justiça deve, em vários
casos, derivar de cálculo de proporcionalidade (por exemplo, pena proporcional ao crime). Nesses casos, o
critério é o da eqüidade que restabelece a igualdade respeitando as diferenças: o símbolo da justiça é,
precisamente, uma balança.
A importância do valor justiça para a formação do cidadão é evidente. Em primeiro lugar, para o convívio
social, sobretudo quando se detém algum nível de poder que traz a responsabilidade de decisões que
afetam a vida de outras pessoas. Um pai ou uma mãe, que têm poder sobre os filhos e responsabilidade por
eles, a todo momento devem se perguntar se suas decisões são justas ou não. Numa escola, o professor
também deve se fazer essa pergunta para julgar a atitude de seus alunos.
Em segundo lugar, para a vida política: julgar as leis segundo critérios de justiça, julgar a distribuição de
renda de um país segundo o mesmo critério, avaliar se há igualdade de oportunidades oferecidas a todos,
se há impunidade para alguns, se o poder político age segundo o objetivo da eqüidade, se os direitos dos
cidadãos são respeitados, etc. A formação para o exercício da cidadania passa necessariamente pela
elaboração do conceito de justiça e seu constante aprimoramento. Uma sociedade democrática tem como
principal objetivo ser justa, inspirada nos ideais de igualdade e eqüidade. Tarefa difícil que pede de todos,
governantes e governados, muito discernimento e muita sensibilidade. Se um regime democrático não
conseguir aproximar a sociedade do ideal de justiça, se perdurarem as tiranias (nas quais o desejo de
alguns são leis e os privilégios são normas), se os direitos de cada um (baseados na eqüidade) não forem
respeitados, a democracia terá vida curta. Por essa razão, apresentam-se nos conteúdos itens referentes
ao exercício político da cidadania: embora ética e política sejam domínios diferentes, com suas respectivas
autonomias, o tema da justiça os une na procura da igualdade e da eqüidade.
Diálogo
A comunicação entre os homens pode ser praticada em várias dimensões, que vão desde a cultura como
um todo, até a conversa amena entre duas pessoas. Ela pode ser fonte de riquezas e alegrias: o contato
que o artista estabelece com seu público, a discussão científica sobre algum tema relevante, o debate
caloroso sobre questões complexas, o silencioso diálogo de olhares entre amantes. Não há dúvida de que
um dos objetivos fundamentais da educação é fazer com que o aluno consiga participar do universo da
comunicação humana, apreendendo por meio da escuta, da leitura, do olhar, as diversas mensagens
(artísticas, científicas, políticas e outras) emitidas de diversas fontes; e fazer com que seja capaz de, por
meio da fala, da escrita, da imagem, emitir suas próprias mensagens.
As Ciências Humanas e a Filosofia sempre refletiram muito sobre os comportamentos agressivos do
homem, que se traduzem tanto de forma verbal (por exemplo, os insultos) quanto de forma física (surrar,
bater, matar), tanto de forma individual quanto social (como no caso das guer¬ras civis ou entre países).
Para alguns, a agressividade em relação ao outro é traço natural do homem, e o estabelecimento de uma
sociedade onde as pessoas convivam com um mínimo de harmonia e paz somente pode ser realizado
mediante formas de repressão dessa agressividade. Para outros, os comportamentos violentos são
essencialmente causados por fatores sociais que levariam inelutavelmente a condutas agressivas. Há,
certamente, verdades nas duas posições. De fato, é ter uma visão demasiadamente romântica do homem
pensar que sua inclinação natural o leva necessariamente a ter simpatia pelos outros homens e a
solidarizar-se com eles. Tendências agressivas existem. Mas não são as únicas. Verificam-se também
tendências inatas para a compaixão, para a simpatia, para a reciprocidade. Na verdade, para maior clareza
da questão, deve-se abandonar a visão naturalista do homem (a natureza humana) e pensar sobre seus
desejos e ações de forma contextualizada.
A agressividade humana e seus comportamentos violentos decorrentes dependem em alto grau de fatores
sociais, de contextos culturais, de sistemas morais. Por exemplo, antigamente, era habitual um homem
defender sua honra matando o ofensor. Hoje, a defesa da honra tende a se dar de forma indireta, por meio
da justiça. Não muito tempo atrás, para alguns países (e ainda para muitos), matar e morrer pela pátria era
considerado normal, necessário e até glorioso. Após duas terríveis guerras mundiais, em vários lugares, tal
tradução do ideal patriótico arrefeceu. O homem mudou e tal mudança somente pode ser compreendida
levando-se em conta os fatores psicológicos e sociais. Não foi o homem que se tornou menos agressivo,
mas é a sociedade que reserva lugares e valores diferentes à expressão dessa agressividade. Algumas
pesquisas apontam para o fato de que há maior violência nos lugares onde a desigualdade entre as
pessoas (medida em termos de qualidade de vida) é grande. Tal fenômeno é até fácil de ser compreendido:
a dignidade de uma pessoa será cruelmente ferida se vir que nada possui num lugar onde outros desfrutam
do mais alto luxo. E tal situação é freqüente no Brasil. Portanto, a violência não pode ser vista como
qualidade pessoal, mas como questão social diretamente relacionada à justiça.
A democracia é um regime político e um modo de convívio social que visa tornar viável uma sociedade
composta de membros diferentes entre si, tornar realidade o convívio pacífico numa sociedade pluralista.
Nela é garantida a expressão de diversas idéias, sejam elas dominantes ou não (defendidas pela maioria).
Vale dizer, a democracia dá espaço ao consenso e ao dissenso. Portanto, o conflito entre pessoas é
dimensão constitutiva da democracia. O diálogo é um dos principais instrumentos desse sistema. É uma
das razões pelas quais a democracia é um sistema complexo. Dialogar pede capacidade de ouvir o outro e
de se fazer entender. Sendo a democracia composta de cidadãos, cada um deles deve valorizar o diálogo
como forma de esclarecer conflitos e também saber dialogar.
Solidariedade
A palavra “solidariedade” pode ser enganosa. De fato, os membros de uma quadrilha de estelionatários, por
exemplo, podem ser solidários entre si, ajudando-se e protegendo-se mutuamente. A mesma coisa pode
acontecer com os membros de uma corporação profissional: alguns podem encobrir o erro de um colega
para evitar que a imagem da profissão seja comprometida. Nesses casos, a solidariedade nada tem de
ético. Pelo contrário, é condenável, pois só ocorre em benefício próprio: se a quadrilha ou a corporação
correr perigo, cada membro em particular será afetado. Portanto, ajuda-se os outros para salvar a si próprio.
O enfoque a ser dado para o tema solidariedade é muito próximo da idéia de “generosidade”: doar-se a
alguém, ajudar desinteressadamente. A rigor, se todos fossem solidários nesse sentido, talvez nem se
precisasse pensar em justiça: cada um daria o melhor de si para os outros.
A força da virtude da solidariedade dispensa que se demonstre sua relevância para as relações
interpessoais. Porém, o que pode às vezes passar despercebido são as formas de ser solidário. Não se é
solidário apenas ajudando pessoas próximas ou engajando-se em campanhas de socorro a pessoas
necessitadas (como depois de um terremoto ou enchente, por exemplo). Essas formas são genuína
tradução da solidariedade humana, mas há outras. Uma delas, que vale sublinhar aqui, diretamente
relacionada com o exercício da cidadania é a da participação no espaço público, na vida política. O
exercício da cidadania não se traduz apenas pela defesa dos próprios interesses e direitos (embora tal
defesa seja legítima), mas passa necessariamente pela solidariedade (por exem¬plo, atuar contra injustiças
ou injúrias que outros estejam sofrendo). É pelo menos o que se espera para que a democracia seja um
regime político humanizado e não mera máquina burocrática.
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
• todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
• são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de
poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
• a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
• a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
• não haverá juízo ou tribunal de exceção;
• é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
• não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
• a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
• constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático;
• nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido;
• a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
• não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
• nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes
da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
forma da lei;
• não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
• ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
• aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
• são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
• ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
• será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
• ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;
• a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
• ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança;
• não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
• conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
• conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
• o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE,
MORALIDADE, PUBLICIDADE e EFICIÊNCIA e, também, ao seguinte:
• os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros assim como aos
estrangeiros, na forma da lei;
• a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão de livre nomeação e exoneração;
• as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os
cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento;
• é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;
• o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
• a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público;
• a remuneração dos servidores públicos somente poderá ser fixada ou alterada por lei específica
• a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração
direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas
as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal;
• os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
• é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
remuneração de pessoal do serviço público;
SERVIDORES PÚBLICOS
Æ Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a
maior e a menor remuneração dos servidores públicos
Æ Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a
remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de
referência para a concessão da pensão.
Æ Os proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão calculados com base na
remuneração do servidor no cargo efetivo em que se der a aposentadoria e, na forma da lei,
corresponderão à totalidade da remuneração.
Æ Lei disporá sobre a concessão do benefício da pensão por morte, que será igual ao valor dos proventos
do servidor falecido ou ao valor dos proventos a que teria direito o servidor em atividade na data de seu
falecimento, observado o disposto no § 3º.
Æ O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria
e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
Æ A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício.
Æ A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime de previdência
complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das
aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201.
Î São ESTÁVEIS após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público.
Æ Invalidada por sentença judicial a DEMISSÃO do servidor estável, será ele REINTEGRADO, e
o eventual ocupante da vaga, se estável, RECONDUZIDO ao cargo de origem, sem direito a
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração
proporcional ao tempo de serviço.
Î Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com
base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Æ Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser
fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei
estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos
oficiais conferidas pelos respectivos governadores.
Æ Aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios e a seus pensionistas, aplica-se o
disposto no art. 40, §§ 7º e 8º."
art. 14
§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se
eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
art. 40
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de
aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
art. 142
§ 2º - Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.
DO CRIME Æ
Relevância da omissão Æ A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Tentativa Æ quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Arrependimento posterior Æ Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços.
Crime impossível Æ Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Crime culposo Æ quando o agente deu causa ao resultado por IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA OU
IMPERÍCIA.
Crime consumado Æ quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
“ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. “
Agravação pelo resultado Æ Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que
o houver causado ao menos culposamente.
Erro sobre elementos do tipo Æ O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Erro determinado por terceiro Æ Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Erro sobre a pessoa Æ O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não
se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente
queria praticar o crime.
Erro sobre a ilicitude do fato Æ O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
• Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato,
quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Coação irresistível e obediência hierárquica Æ Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
coação ou da ordem.
Estado de necessidade Æ Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
• Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
• Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços.
Legítima defesa Æ Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
DA IMPUTABILIDADE PENAL
Inimputabilidade Æ É a isenção de pena quando o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Redução de pena Æ A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Menores de dezoito anos Æ Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando
sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
Funcionário público Æ Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
• Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e
quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública.
• A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder
público.
+ Peculato Æ APROPRIAR-SE o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou DESVIÁ-LO, em
proveito próprio ou alheio:
• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
• Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-
se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Æ Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
diversa da estabelecida em lei:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Concussão Æ EXIGIR, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Excesso de EXAÇÃO Æ Se o funcionário EXIGE tributo ou contribuição social que sabe ou deveria
saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não
autoriza:
• Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
• Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
recolher aos cofres públicos:
• Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Corrupção passiva Æ SOLICITAR ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou ACEITAR promessa de tal
vantagem:
• Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
• A pena é aumentada de um terço se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
• Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
• Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Violação de sigilo funcional Æ Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
• Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o fato não constitui
crime mais grave.
• Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
I– permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou
qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de
informações ou banco de dados da Administração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
Resistência Æ Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
• Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos.
Tráfico de influência Æ SOLICITAR, EXIGIR, COBRAR OU OBTER, para si ou para outrem, vantagem
ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da
função:
• Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
• A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também
destinada ao funcionário.
Corrupção ativa Æ Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
• Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 8 (oito) anos, e multa.
• A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda
ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Inutilização de edital ou de sinal Æ Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado
por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por
ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
• Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
I- a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
V- a idade mínima de 18 (dezoito) anos;
VI - aptidão física e mental.
• O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de cada Poder.
Do Concurso Público
• O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogada uma única vez, por
igual período.
• Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com
prazo de validade não expirado.
Da Posse e do Exercício
• A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar: as atribuições, os
deveres, as responsabilidades e os direitos ao cargo ocupado. Estas especificações não poderão
ser alteradas unilateralmente, por qualquer das partes.
• Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são considerados como de
efetivo exercício os afastamentos em virtude de:
- férias;
- participação em programa de treinamento
- júri e outros serviços obrigatórios por lei;
- licença:
a) à gestante, à adotante e à paternidade;
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de 24 meses,
cumulativo ao longo do tempo de serviço público, em cargo de
provimento efetivo;
c) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional;
d) para capacitação;
e) por convocação para o serviço militar;
• Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse não ocorrer no prazo previsto de 30
(trinta) dias.
• É de 15 (quinze) dias o prazo para o servidor empossado em cargo público entrar em exercício,
contados da data da posse. Caso não cumpra este prazo, o servidor será exonerado do cargo ou
será tornado sem efeito o ato de sua designação.
• Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para o cargo de provimento efetivo ficará sujeito a
estágio probatório por período de 36 (trinta e seis) meses, durante o qual a sua aptidão e
capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguintes
fatores:
I- assiduidade;
II - disciplina;
III - capacidade de iniciativa;
IV - produtividade;
V- responsabilidade.
• O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao
cargo anteriormente ocupado
• A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia
habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
classificação e o prazo de validade.
III - promoção;
IV - readaptação;
V- aposentadoria;
VI - posse em outro cargo inacumulável;
VII - falecimento.
Exoneração Æ
- interesse da administração;
- equivalência de vencimentos;
- manutenção da essência das atribuições do cargo;
- vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades;
- mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional;
- compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institucionais do órgão ou
entidade.
DIREITOS
Vencimento Æ é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
• Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração
ou provento.
VANTAGENS
• Diárias Æ O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para
outro ponto do território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a
indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana;
• A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida pela metade quando o
deslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meio
diverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias.
Das Gratificações e Adicionais Æ Além do vencimento e das vantagens, serão deferidos aos servidores
as seguintes retribuições, gratificações e adicionais:
• Adicional por Serviço Extraordinário Æ O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo
de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal de trabalho.
• Adicional Noturno Æ O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e duas)
horas de um dia e cinco horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por
cento) computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta segundos.
LICENÇAS
• Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família Æ Poderá ser concedida licença ao
servidor por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou
madrasta e enteado ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento
funcional, mediante comprovação por junta médica oficial.
• A licença será concedida sem prejuízo da remuneração do cargo efetivo, até 30 (trinta)
dias, podendo ser prorrogada por até 30 (trinta) dias, mediante parecer de junta médica
oficial e, excedendo estes prazos, sem remuneração, por até 90 (noventa) dias.
• Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge Æ Poderá ser concedida licença ao servidor
para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do território nacional,
para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.
• A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração.
• Licença para o Serviço Militar Æ Ao servidor convocado para o serviço militar será concedida
licença. Concluído o serviço militar, o servidor terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para
reassumir o exercício do cargo.
• Licença para Atividade Política Æ O servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o
período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e
à véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
• O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas funções e
que exerça cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele
será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
Justiça Eleitoral, até o 10º (décimo) dia seguinte ao do pleito.
• A partir do registro da candidatura e até o 10º (décimo) dia seguinte ao da eleição, o
servidor fará jus à licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo
período de 3 (três) meses.
• Licença para Capacitação Æ Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor poderá, no
interesse da Administração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva
remuneração, por até 3 (três) meses, para participar de curso de capacitação profissional.
AFASTAMENTOS
• Afastamento para Servir a outro Órgão ou Entidade Æ O servidor poderá ser cedido para ter
exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e
dos Municípios, nas seguintes hipóteses:
• Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior Æ O servidor não poderá ausentar-se do País
para estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Presidente dos Órgãos
do Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal.
• A ausência não excederá quatro anos, e finda a missão ou estudo, somente decorrido
igual período, será permitida nova ausência.
• Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será concedida exoneração ou
licença para tratar de interesse particular antes de decorrido período igual ao do
afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu
afastamento.
• O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da carreira diplomática.
• As hipóteses, condições e formas para a autorização de que trata este artigo, inclusive
no que se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em regulamento.
I - quanto ao servidor:
a) aposentadoria;
b) auxílio-maternidade;
c) salário-família para o servidor de baixa renda;
d) licença para tratamento de saúde;
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
f) licença por acidente em serviço;
g) assistência à saúde;
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias;
II - quanto ao dependente:
a) pensão vitalícia e temporária;
b) auxílio-funeral;
c) auxílio-reclusão para o servidor de baixa renda;
d) assistência à saúde.
BENEFÍCIOS Æ
Licença para Tratamento de Saúde Æ Será concedida ao servidor licença para tratamento de saúde, a
pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
• O servidor que durante o mesmo exercício atingir o limite de trinta dias de licença para
tratamento de saúde, consecutivos ou não, para a concessão de nova licença,
independentemente do prazo de sua duração, será submetido a inspeção por junta médica
oficial.
Licença por Acidente em Serviço Æ Será licenciado com remuneração integral, o servidor acidentado em
serviço.
Pensão Æ Por morte do servidor, os dependentes fazem jus a uma pensão mensal de valor
correspondente ao da respectiva remuneração ou provento, a partir da data do óbito;
• A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas permanentes, que somente se
extinguem ou revertem com a morte de seus beneficiários.
• A pensão temporária é composta de cota ou cotas que podem se extinguir ou reverter
por motivo de morte, cessação de invalidez ou maioridade do beneficiário.
I - vitalícia:
a) o cônjuge;
b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada, com percepção de
pensão alimentícia;
c) o(a) companheiro(a) que comprove união estável como entidade familiar;
d) a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor;
e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos e a pessoa portadora de
deficiência, que vivam sob a dependência econômica do servidor;
II - temporária:
a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se inválidos, enquanto
durar a invalidez;
b) o menor sob guarda ou tutela até 21 (vinte e um) anos de idade;
c) o irmão órfão, até 21 (vinte e um) anos, e o inválido, enquanto durar a invalidez, que
comprovem dependência econômica do servidor;
d) a pessoa designada que viva na dependência econômica do servidor, até 21 (vinte
e um) anos, ou, se inválida, enquanto durar a invalidez.
• Não faz jus à pensão o beneficiário condenado pela prática de crime doloso de que tenha
resultado a morte do servidor.
Auxílio-Reclusão Æ À família do servidor ativo de baixa renda é devido o auxílio-reclusão, nos seguintes
valores:
I- dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de prisão, em flagrante ou
preventiva, determinada pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão;
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude de condenação, por sentença
definitiva, à pena que não determina a perda do cargo.
• Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá direito à integralização da
remuneração, desde que absolvido.
• O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia imediato àquele em que o servidor for
posto em liberdade, ainda que condicional.
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de sua família, compreende assistência médica,
hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS ou
diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor,
4. SERVIÇO PÚBLICO
Conceito Æ Serviço Público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas
e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples
conveniências do Estado.
Características Æ
Æ Elemento Formal – o regime jurídico, a princípio, é de Direito Público. Quando, porém, particulares
prestam serviço em colaboração com o Poder Público o regime jurídico é híbrido, podendo prevalecer o
Direito Público ou o Direito Privado, dependendo do que dispuser a lei. Em ambos os casos, a
responsabilidade é objetiva. (os danos causados pelos seus agentes serão indenizados pelo Estado)
Æ Elemento Material – o serviço público deve corresponder a uma atividade de interesse público.
Serviços Públicos Æ são os que a Administração presta diretamente à comunidade, por reconhecer sua
essencialidade e necessidade para a sobrevivência do grupo social e do próprio Estado. Por isso mesmo,
tais serviços são considerados privativos do Poder Público, no sentido de que só a Administração deve
prestá-los, sem delegação a terceiros.
Ex.: defesa nacional, de polícia, de preservação da saúde pública.
Serviços de Utilidade Pública Æ Serviços de utilidade pública são os que a Administração, reconhecendo
sua conveniência (não essencialidade, nem necessidade) para os membros da coletividade, presta-os
diretamente ou aquiesce em que sejam prestados por terceiros (concessionários, permissionários ou
autorizatários), nas condições regulamentadas e sob seu controle, mas por conta e risco dos prestadores,
mediante remuneração dos usuários. Ex.: os serviços de transporte coletivo, energia elétrica, gás, telefone.
Serviços próprios do Estado Æ são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder
Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde públicas etc.) e para a execução dos quais a
Administração usa da sua supremacia sobre os administrados. Não podem ser delegados a particulares.
Tais serviços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou de baixa remuneração.
Serviços Gerais ou “uti universi” Æ são aqueles que a Administração presta sem Ter usuários
determinados, para atender à coletividade no seu todo. Ex.: polícia, iluminação pública, calçamento. Daí
por que, normalmente, os serviços uti universi devem ser mantidos por imposto (tributo geral), e não por
taxa ou tarifa, que é remuneração mensurável e proporcional ao uso individual do serviço.
Serviços Individuais ou “uti singuli” Æ são os que têm usuários determinados e utilização particular e
mensurável para cada destinatário. Ex.: o telefone, a água e a energia elétrica domiciliares. São sempre
serviços de utilização individual, facultativa e mensurável, pelo quê devem ser remunerados por taxa
(tributo) ou tarifa (preço público), e não por imposto.
Serviços Industriais Æ são os que produzem renda mediante uma remuneração da utilidade usada ou
consumida. Ex.: ITA, CTA.
Serviços Administrativos Æ são os que a administração executa para atender as suas necessidades
internas. Ex.: Imprensa Oficial.
Competências e TitularidadesÆ
• interesses próprios de cada esfera administrativa
• a natureza e extensão dos serviços
• a capacidade para executá-los vantajosamente para a Administração e para os administrados.
Podem ser:
• Privativos Æ
Æ da União - defesa nacional; a polícia marítima, aérea e de fronteiras; a emissão de moeda; o
serviço postal; os serviços de telecomunicações em geral; de energia elétrica; de navegação aérea,
aeroespacial e de infra-estrutura portuária; os de transporte interestadual e internacional; de
instalação e produção de energia nuclear; e a defesa contra calamidades públicas.
Æ dos Estados – distribuição de gás canalizado;
• Comuns Æ
Æ serviços de saúde pública (SUS); promoção de programas de construção de moradia; proteção
do meio ambiente;
• Usuários Æ
Æ o direito fundamental do usuário é o recebimento do serviço;
Æ os serviços uti singuli podem ser exigidos judicialmente pelo interessado que esteja na área de
sua prestação e atenda as exigências regulamentares para sua obtenção;
• Serviço Descentralizado Æ é todo aquele em que o Poder Público transfere sua titularidade
(ou execução), por outorga ou delegação, a autarquias, entidades paraestatais, empresas
privadas ou particulares individualmente. É a transferência da execução do serviço para outra
entidade.
• Outorga - quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado
serviço público ou de utilidade pública; só pode ser retirado ou modificado por lei;
OUTORGA DELEGAÇÃO
Permissão Æ é tradicionalmente considerada pela doutrina como ato unilateral, discricionário, precário,
intuito personae, podendo ser gratuito ou oneroso. O termo contrato, no que diz respeito à Permissão de
serviço público, tem o sentido de instrumento de delegação, abrangendo, também, os atos administrativos.
Licitação Æ
Contrato de Concessão Æ
Intervenção nos Serviços Públicos Æ para assegurar a regular execução dos serviços, o
Poder Concedente pode, através de Decreto,
instaurar procedimentos administrativos para intervir
nos serviços prestados pelas concessionárias.
Extinção da Concessão Æ
Autorização Æ a Administração autoriza o exercício de atividade que, por sua utilidade pública,
está sujeita ao poder de policia do Estado. É realizada por ato administrativo,
discricionário e precário (ato negocial). É a transferência ao particular, de
serviço público de fácil execução, sendo de regra sem remuneração ou
remunerado através de tarifas. Ex.: Despachantes; a manutenção de canteiros e
jardins em troca de placas de publicidade.
Convênios Administrativos Æ são acordos firmados por entidades públicas de qualquer espécie, ou
entre estas e organizações particulares, para realização de objetivos de interesse comum dos partícipes.
• São pessoas jurídicas de Direito Privado, sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa de
particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do Estado, com incentivo e
fiscalização do Poder Público, mediante vínculo jurídico instituído por meio de contrato de
gestão.
5. ATOS ADMINISTRATIVOS
Conceito Æ é o ato jurídico praticado pela Administração Pública; é todo o ato lícito, que tenha por fim
imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos;
• só pode ser praticado por agente público competente;
• Forma: é a maneira regrada (escrita em lei) de como o ato deve ser praticado; é vinculado. É
o revestimento externo do ato. Em princípio, exige-se a forma escrita para a prática do ato.
Excepcionalmente, admitem-se as ordens através de sinais ou de voz, como são feitas no
trânsito. Em alguns casos, a forma é particularizada e exige-se um determinado tipo de forma
escrita.
• Motivo: é a situação de direito que autoriza ou exige a prática do ato administrativo; pode
estar previsto em lei (a autoridade só pode praticar o ato caso ocorra a situação prevista – ato
vinculado – motivação obrigatória), ou não estar previsto em lei (a autoridade tem a liberdade
de escolher o motivo em vista do qual editará o ato – ato discricionário – motivação
facultativa);
A efetiva existência do motivo é sempre um requisito para a validade do ato. Se o Administrador
invoca determinados motivos, a validade do ato fica subordinada à efetiva existência desses
motivos invocados para a sua prática. É a teoria dos Motivos Determinantes.
• Objeto - é o conteúdo do ato; é a própria alteração na ordem jurídica; é aquilo que o ato
dispõe. Pode ser vinculado ou discricionário.
No chamado ato vinculado, o objeto já está predeterminado na lei (Ex.: aposentadoria do
servidor). Nos chamados atos discricionários, há uma margem de liberdade do Administrador
para preencher o conteúdo do ato (Ex.: desapropriação – cabe ao Administrador escolher o
bem, de acordo com os interesses da Administração).
Ato Legal e Perfeito Æ é o ato administrativo completo em seus requisitos e eficaz em produzir seus
efeitos; portanto, é o ato eficaz e exeqüível;
• Ato Composto Æ produzido por um órgão, mas dependente da ratificação de outro órgão para
se tornar exeqüível. Ex.: dispensa de licitação que dependerá de homologação pela autoridade
superior;
• Ato Complexo Æ resultam da soma de vontade de 2 ou mais órgãos. Não deve ser
confundido com procedimento administrativo (Concorrência Pública). Ex.: escolha em lista
tríplice de nomes, de candidato a ser nomeado para determinado cargo público.
• Atos Negociais Æ aqueles que contêm uma declaração de vontade do Poder Público
coincidente com a vontade do particular; visa a concretizar negócios públicos ou atribuir certos
direitos ou vantagens ao particular. Ex.: Licença; Autorização; Permissão; Aprovação;
Apreciação; Visto; Homologação; Dispensa; Renúncia;
• Atos Enunciativos Æ aqueles que se limitam a certificar ou atestar um fato, ou emitir opinião
sobre determinado assunto; não se vincula a seu enunciado. Ex.: Certidões; Atestados;
Pareceres.
• Atos Punitivos Æ atos com que a Administração visa a punir e reprimir as infrações
administrativas ou a conduta irregular dos administrados ou de servidores. É a aplicação do
Poder de Policia e Poder Disciplinar. Ex.: Multa; Interdição de atividades; Destruição de
coisas; Afastamento de cargo ou função.
• Cassação Æ embora legítimo na sua origem e formação, torna-se ilegal na sua execução;
quando o destinatário descumpre condições pré-estabelecidas. Ex.:: alguém obteve uma
permissão para explorar o serviço público, porém descumpriu uma das condições para a
prestação desse serviço. Vem o Poder Público e, como penalidade, procede a cassação da
permissão.
• Caducidade Æ É a cessação dos efeitos do ato em razão de uma lei superveniente, com a
qual esse ato é incompatível. A característica é a incompatibilidade do ato com a norma
subseqüente.
Atos Inexistentes: são os que contêm um comando criminoso (Ex.: alguém que mandasse torturar um
preso).
Atos Nulos: são aqueles que atingem gravemente a lei ( Ex.: prática de um ato por uma pessoa jurídica
incompetente).
Ato Anulável: representa uma violação mais branda à norma (Ex.: um ato que era de competência do
Ministro e foi praticado por Secretário Geral. Houve violação, mas não tão grave porque foi praticado dentro
do mesmo órgão).
CONVALIDAÇÃO Æ É a prática de um ato posterior que vai conter todos os requisitos de validade,
inclusive aquele que não foi observado no ato anterior e determina a sua retroatividade à data de vigência
do ato tido como anulável. Os efeitos passam a contar da data do ato anterior – é editado um novo ato.
CONVERSÃO Æ Aproveita-se, com um outro conteúdo, o ato que inicialmente foi considerado nulo. Ex.:
Nomeação de alguém para cargo público sem aprovação em concurso, mas poderá haver a nomeação para
cargo comissionado. A conversão dá ao ato a conotação que deveria ter tido no momento da sua criação.
Produz efeito ex-tunc.
Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal (página 09 deste resumo):
7. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
• Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou
de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
• No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens
ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
• O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer
ilicitamente está sujeito às cominações desta Lei até o limite do valor da herança.
Æ ENRIQUECIMENTO ILÍCITO Æ quando o agente público auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades
mencionadas acima, e notadamente:
1- receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem,
gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;
10-usar ou incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio: bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas acima;
Æ CAUSAM PREJUÍZO AO ERÁRIO Æ Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao
erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas , e
notadamente:
2- permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades já
mencionadas, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares;
3- doar à pessoa física, jurídica, bem como ao ente despersonalizado, ainda que de
fins educativos ou assistenciais, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio
de qualquer das entidades já mencionadas, sem observância das formalidades
legais e regulamentares;
11 - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir
de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
3- revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo;
• A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público deixar o
exercício do mandato, cargo, emprego ou função.
• Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras
sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do
prazo determinado, ou que a prestar falsa.
DAS DISPOSIÇÕES PENAIS Æ Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente
público ou terceiro beneficiário quando o autor da denúncia o sabe inocente.
• Pena - detenção de 6 (seis) a 10 (dez) meses e multa.
• Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos
materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
• A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do agente
público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a
medida se fizer necessária à instrução processual.
DA PRESCRIÇÃO Æ As ações destinadas a levar a efeito as sanções previstas nesta Lei podem ser
propostas:
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados
maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele;
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá
que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto
III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser
acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum.
IV - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de
cada servidor público.
V - A publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua
omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar, salvo os casos de
segurança nacional e outros em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei,
VI - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos
interesses da própria pessoa interessada ou da Administração Pública.
VII - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o esforço
pela disciplina.
VIII - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em que exerça
suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do
serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave
dano moral aos usuários dos serviços públicos.
IX - 0 servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando atentamente
por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente
X - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço
público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.
XI- 0 servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional, respeitando seus colegas e cada
concidadão, colabora e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande
oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação.
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular;
c) ser probo, reto, leal e justo, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor
e a mais vantajosa para o bem comum;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na
adequada prestação dos serviços públicos;
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, sem qualquer espécie de preconceito ou
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social,
abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral;
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse
público, exigindo as providências cabíveis;
o) cumprir as tarefas de seu cargo ou função com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo
sempre em boa ordem.
r) abster-se de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse
público;
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter
qualquer favorecimento, para si ou para outrem;
c) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por qualquer
pessoa, causando-lhe dano moral ou material;
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação,
prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer
pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços públicos;
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento, livro ou
bem pertencente ao patrimônio público;
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício
próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
Competências:
Æ Os dados, informações e sistemas informatizados da SRF devem ser protegidos contra ações
intencionais ou acidentais que impliquem perda, destruição, inserção, cópia, acesso e
alteração indevidos, em conformidade com os princípios da confidencialidade, integridade e
disponibilidade. Devem, portanto, ser adotadas medidas de segurança proporcionais aos riscos
existentes e à magnitude dos danos potenciais.
Æ Acesso Imotivado - é o acesso realizado aos sistemas informatizados da SRF realizado para fins
estranhos às tarefas do servidor.
Definições Æ
II - Cadastrador: servidor público para este fim designado que utiliza o SENHA para
cadastrar e habilitar usuários;
III - Depositário: pessoa física, órgão público, entidade pública ou empresa responsável pelo
processamento e armazenamento de dados e informações, bem como
administração dos controles especificados pelo gestor de cada sistema;
VII - Ambiente de
desenvolvimento: conjunto de recursos utilizados para construir, testar e manter sistemas;
VIII - Ambiente de
homologação: conjunto de recursos utilizados para verificar se o sistema funciona
conforme a especificação;
IX - Ambiente de
treinamento: conjunto de recursos utilizados para capacitar usuários nas funcionalidades
dos sistemas;
X - Ambiente de
produção: conjunto de recursos onde são executados os sistemas com dados reais e
operações válidas no âmbito administrativo;
Æ O cadastramento inicial vinculará o CPF do usuário a uma senha secreta, pessoal e intransferível e
se consubstanciará com a assinatura do Termo de Responsabilidade.
Æ O acesso à informação não garante direito sobre a mesma nem confere autoridade para liberar
acesso a outras pessoas.
Æ Quebra de Sigilo funcional Æ a divulgação de dados obtidos dos sistemas informatizados para
servidores da SRF que não estejam envolvidos nos trabalhos objeto das consultas.
CADERNOS DIGITAIS
SÉRIE CONCURSO
FASCÍCULO
DIREITO
CONSTITUCIONAL
DIREITO CONSTITUCIONAL
TEORIA GERAL
Ramo do Direito Público constituído pelas regras jurídicas relativas à forma do Estado, à
forma do Governo, ao modo de aquisição e exercício do poder e ao estabelecimento de
seus órgãos e aos limites de sua atuação, direitos fundamentais do homem e respectivas
garantias e regras básicas de ordem econômica e social (junção dos conceitos de José Afonso
da Silva e Manoel Gonçalves Ferreira Filho).
Simplificando: ramo do direito público que tem por objeto de estudo a Constituição.
CONCEITO DE ESTADO
• Povo: é o conjunto de pessoas unido ao Estado pelo vínculo jurídico da nacionalidade. São,
no caso do Brasil, os brasileiros natos + os naturalizados (art. 12, CF/88).
FORMAS DE ESTADO
No Estado Federal há que se distinguir soberania e autonomia e seus respectivos titulares. O Es-
tado Federal é o todo, dotado de personalidade jurídica de Direito Público Internacional, é o
único titular da soberania como pessoa reconhecida pelo Direito Internacional. A União é a
entidade federal formada pela reunião das partes componentes, constituindo pessoa jurídica
de Direito Público interno. Os Estados-membros são entidades federativas componentes, do-
tadas de autonomia e também de personalidade de Direito Público interno. (José Afonso da
Silva). Os Municípios e o Distrito Federal, também possuem autonomia e são também pessoas
jurídicas de Direito Público interno.
O Brasil, após a proclamação da Independência (1822), adotou como forma de governo a mo-
narquia e, enquanto forma de Estado, o Estado Unitário. O império do Brasil não possuía, des-
centralização política, apenas descentralização administrativa: seu território foi dividido em provín-
cias, cuja estrutura foi consolidada na Constituição de 1824 (Alexandre Mariotti). A realidade
histórica da República e do Federalismo tem por origem a derrubada da monarquia, em 15 de
novembro de 1889. Adotou-se então como forma de governo a República e como forma de Esta-
do o Estado Federal. Toda esta mudança de estrutura foi definitivamente consolidada com a
Constituição de 1891.
FORMAS DE GOVERNO
SISTEMAS DE GOVERNO
PRESIDENCIALISMO
No presidencialismo o Presidente da República exercerá o cargo por período fixo, não necessita
da maioria parlamentar para manter-se no cargo. O Poder Legislativo só poderá afastar um Presi-
dente da República no caso do cometimento de crime de responsabilidade ou de crime comum.
Para quem tiver interessado nas regras constitucionais para se afastar o Presidente poderá en-
contrá-las nos artigos 85 e 86; 51, I, e 52, I, parágrafo único. O Brasil é fortemente Presidencia-
lista desde a proclamação da República em 1889, sem qualquer experiência parlamentarista
que possamos reputar de significativa.
Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municí-
pios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamen-
tos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Breves comentários:
• República Federativa do Brasil (é o nome do Estado). República (é a forma de gover-
no). Federativa (é a forma de Estado). Brasil (é o nome do nosso país).
• união indissolúvel – impede a secessão (separação).
• Estado Democrático de Direito – Estado de Direito (é aquele onde governantes e go-
vernados tem condutas conforme as leis). Estado Democrático (é aquele onde todo po-
der emana do povo – que é a base de um Estado democrático.
• que o exerce por meio de representantes eleitos (característica da democracia repre-
sentativa) ou diretamente (característica de uma democracia direta). Nos termos desta
Constituição (documento escrito que é a fonte de todo o poder do Estado).
• a Soberania – fundamento. É um dos elementos constitutivos do Estado, significa que o
poder político é supremo dentro dos limites territoriais do Estado brasileiro e independente
em relação aos demais Estados.
• a Cidadania – fundamento. É a forma pela qual parcela do povo titulariza a capacidade
eleitoral. Povo são os brasileiros natos e naturalizados. População somatório dos brasilei-
ros natos, naturalizados, estrangeiros e apátridas.
• a Dignidade da pessoa humana – fundamento. Valorização ao extremo da pessoa hu-
mana. Na Constituição iremos estudar diversos direitos que se originam deste fundamento.
• os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa – fundamento. Realça o a estrutura
da ordem social e econômica que se assenta na valorização do trabalho e na livre inicia-
tiva realçando uma característica do capitalismo.
• Pluralismo político – fundamento. Expressão da democracia, significa a tolerância e o
respeito a liberdade de expressão.
Art. 2º - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e
o Judiciário.
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Consti-
tuição;
Traduz a igualdade entre os sexos permitindo apenas às diferenças que a própria constituição
trouxer (de que é exemplo a licença: paternidade de 5 dias para o homem; maternidade de 120
dias para a mulher).
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei;
O inciso traz a tona o princípio da legalidade, um dos alicerces do Estado de Direito. Decreto,
portaria não se prestam a determinar obrigações de fazer ou deixar de fazer.
A proibição ao anonimato é necessária para, sabendo-se quem seja o autor, o eventual prejudicado
defender-se e peticionar eventual indenização pelo abuso do direito de manifestação do pensamento.
Este inciso assegura ao ofendido o direito de resposta. A proporcionalidade deve ser observada
mediante a utilização do mesmo meio da ofensa (exemplo: se a ofensa foi por jornal o direito de
resposta será por jornal); a indenização, através de ação judicial própria, Dano material (abrange
os danos emergentes e os lucros cessantes). Dano moral (diz respeito à intimidade, é desneces-
sário saber-se se a terceira pessoa tomou conhecimento). Dano à imagem (atinge a pessoa em
suas relações externas, ou seja, a maneira como ela é vista por outras pessoas).
Trata-se de coisas distintas. Uma diz respeito a liberdade de consciência e de crença. Outra trata
do respeito ao exercício do culto religioso. A terceira garante proteção aos locais onde são reali-
zados os cultos.
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas enti-
dades civis e militares de internação coletiva;
Entidades de internação coletiva são hospitais, asilos, presídios, quartéis etc. Tendo em vista que
os internos não podem ir até os locais onde está a sua religião, o Poder público está obrigado a
permitir que isso aconteça nos locais em que se encontram internados.
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convic-
ção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a to-
dos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
A norma é notadamente de eficácia contida. A lei dirá qual a prestação alternativa que terá que
ser cumprida por aquele que, se eximir, por motivo de crença religiosa (ex: um budista) ou de
convicção filosófica (um pacifista) ou política (um marxista), da obrigação legal a todos imposta
(ex: serviço militar). Só será privado de direitos caso se recuse a cumprir a prestação alternativa.
Complementa este inciso artigo 220 da Constituição. No §2º dispõe que “é vedada toda e qual-
quer censura de natureza política, ideológica e artística”. No § 3º, inciso I, afirma: "compete a
lei federal regular as diversões públicas e de programas de rádio e de televisão, informar
sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em
que sua apresentação se mostre inadequada", No §3º, inciso II, c/c art. 221, IV, "compete a lei
federal estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de
se defenderem de programas de rádio e televisão que desrespeite os valores éticos e soci-
ais".
O direito a privacidade decorre do direito à liberdade, de que trata o caput. São válidos os comen-
tários feitos quando discutimos o inciso V.
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem con-
sentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
De todos os incisos que comentamos, este é sem dúvida o mais solicitado pelos concursos. Te-
mos que deixar claro: 1 – em caso de flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro, pode-se
entrar sem consentimento do morador a qualquer hora do dia ou da noite; 2 – afora três hipóteses,
só durante o dia com autorização judicial (cuidado: com as cascas de banana do tipo “autorização
policial” autorização do promotor”). Sabendo disto você não errará a questão.
Quanto a questão do dia, o art. 172 do CPC dispõe que: “os atos processuais realizar-se-ão das
6 às 20 horas”.
Flagrante delito: o art. 302 do CPP: “ considera-se em flagrante delito quem: está cometendo a
infração penal; acaba de cometê-la; é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou
por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser ele autor da infração; é encontrado, logo
depois com instrumentos, que façam presumir ser ele autor da infração”.
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal;
Inciso reiteradamente solicitado nos concursos, ao qual você deverá dar a máxima atenção.
No tocante ás comunicações telefônicas existem exceção desde que satisfeitas, ao mesmo tem-
po, as seguintes condições: a) ordem judicial; b) lei que estabeleça as hipóteses e; c) seja para
fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Não esqueçam: trata-se de norma
constitucional de eficácia limitada, assim, só poderá o juiz ordenar nas hipóteses da lei, e en-
quanto esta não for editada, não poderá o juiz expedir tal ordem.
A lei 9.296/96, de 24.7.1996, regulamentou este inciso e no art. 2º, afirmou que não será admitida
a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer destas hipóteses:
• Não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
• A prova puder ser obtida por outros meios disponíveis;
• Fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Trata-se de norma constitucional de eficácia contida. Enquanto não for promulgada a lei é livre o
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão. Exemplo qualquer um de nós pode exercer a
profissão de pedreiro; o mesmo não acontece com as profissões de engenheiro, médico ou advo-
gado, pois, nestas, só poderemos exercê-las se atendermos as qualificações e os requisitos, es-
tabelecidos nas leis respectivas.
Qualquer pessoa tem o direito constitucional de ser informado sobre aquilo que não estiver prote-
gido por sigilo oficial. Por outro lado determinadas informações que poderão comprometer quem
as forneça, para que cheguem a público o Constituinte assegurou ao profissional de imprensa o
direito de manter o sigilo a respeito de quem as forneceu.
Este inciso não tem provocado controvérsias nos concursos. Quando consta, requer apenas o uso
da memória do candidato. Para William Douglas “ implicitamente a reserva legal (passaporte,
pagamento de taxas, etc). se refere aos estrangeiros que queiram entrar ou sair do país em tem-
po de paz e aos brasileiros e estrangeiros que pretendam circular entrar ou sair do território na-
cional em tempo de paz ....qualquer cerceamento da liberdade de locomoção com ilegalidade ou
abuso de poder será coibido pela impetração de habeas corpus ”.
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao públi-
co, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião ante-
riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à au-
toridade competente;
Este inciso, apesar de bastante solicitado nos concursos, não tem originado interpretações mais
aguçadas.
Esse prévio aviso tem duas finalidades: a primeira, assegurar aos comunicantes um direito de
preferência sobre outras reuniões anteriormente marcadas para o mesmo local, dia e hora; a se-
gunda é dar à autoridade condições de providenciar segurança e policiamento, se entender ne-
cessário. Esse prévio aviso não é requerimento ou pedido; é uma mera comunicação. Se a
reunião preencher as condições do inciso, não poderá a autoridade impedir a sua realização em
local próprio. O dispositivo não protege reuniões realizadas em locais que transtornem a locomo-
ção ou liberdade daqueles que não queiram dela participar. É o direito reflexo: o direito de não se
reunir. Por reuniões entendam-se, entre outras, passeatas de protestos, comícios, procissões.
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter para-
militar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas ati-
vidades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimi-
dade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Associações são pessoas jurídicas de direito privado, têm existência distinta da dos seus mem-
bros (art. 16, I, c/c art. 20, Código Civil). A Constituição afirma ser livre (sem interferência do Po-
der Público) a criação e o funcionamento das associações; determina que os fins hão que ser
lícitos; não permite que as pessoas sejam forçadas a associarem-se ou a permanecerem associa-
das; proíbe as de caráter paramilitar (que imita a estrutura militar sem dela fazer parte); só po-
derão ter suas atividades suspensas por decisão judicial e exige trânsito em julgado da sen-
tença (aquela da qual já não caiba recurso) , para dissolvê-las compulsoriamente.
Quanto à legitimidade ativa para representar seus filiados, segundo a interpretação de William
Douglas, exige-se autorização expressa do associado, específica para cada ação judicial ou pro-
cedimento extrajudicial. Daí decorre se tratar de representação processual e não de substituição
processual. Diferentemente dos sindicatos, pois estes, em ações coletivas, exercem substituição
processual.
No tocante às cooperativas a sua criação será regulada por lei, no entanto, também é indevida
a interferência estatal em seu funcionamento.
Estes incisos, e os demais que tratam do direito de propriedade, são muitíssimos solicitados
em concursos. Em face disto dedique toda a sua atenção.
É muito importante que você distinga uma coisa. A Desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social requer indenização justa, prévia e em dinheiro.
A parte final do inciso ressalva os casos previstos na Constituição. E que casos são esses? Tra-
tam-se dos casos de indenização para fins da reforma urbana e para fins de reforma agrária.
Estes requerem indenização justa e prévia. Se você estiver sentindo falta do dinheiro, poderá
até se encontrar “liso”, mas estará sendo muito esperto. Pois então como será o pagamento da
indenização? Leia o inciso III, do §4º, do art. 182 e o caput, do art. 184, respectivamente, e logo
saberá que:
Além das formas acima existe ainda, no art. 243 da CF/88, a expropriação (desapropriação) de
terras onde forem encontradas culturas ilegais de plantas psicotrópicas (maconha, cocaína,
etc) sem qualquer indenização e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei,
Este inciso, quando solicitado nos concursos, sempre vem acompanhado de algumas “pegadi-
nhas”. Quer um exemplo? Vejamos: a indenização terá que ser “prévia”; ou haverá direito do
proprietário à indenização “independente” da existência de dano. Basta estar atento e você acerta-
rá a questão e ficará muito satisfeito por não ter sido “enganado”.
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pe-
la família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvol-
vimento;
Este inciso, ao contrário do anterior, não requer maiores exigências de esperteza. Trata-se de
exceção a regra geral da penhorabilidade dos bens dados em garantia de financiamentos.
Este inciso também não provoca controvérsias. Dedique especial atenção ao fato do direito auto-
ral perdurar por toda a vida do autor e ainda ser transmissível aos seus herdeiros. A lei nº 9.610,
de 19.2.1998, que consolida a legislação sobre direitos autorais, no art. 41, dispõe que: “os direi-
tos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1º de janeiro do ano sub-
seqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil”. Para a lei “autor
é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica”. Estes detalhes não têm sido
solicitados nos concursos.
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário pa-
ra sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o in-
teresse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
Um dos raros exemplos, neste artigo, de norma constitucional de eficácia limitada. A lei a que se
refere o inciso já foi produzida, trata-se da lei de propriedade industrial nº 9.279, de 14.5.1996.
Estes dois incisos tratam do direito de herança. O último inciso trata de norma de direito internacional.
Inciso que não gera maiores controvérsias quanto ao conteúdo. A defesa do consumidor é princí-
pio da atividade econômica, CF/88, art. 170, V, encontra-se na lei nº 8.078/90.
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu inte-
resse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindí-
vel à segurança da sociedade e do Estado;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa jul-
gada;
DIREITO ADQUIRIDO – "consideram-se adquiridos os direitos que o seu titular, ou alguém por
ele, possa exercer, bem como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo ou condição
preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem" (§2º, art. 6º, da Lei de Introdução ao Código
Civil-LICC).
ATO JURÍDICO PERFEITO - "é o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetu-
ou" (§1º, art. 6º, da LICC).
COISA JULGADA ou caso julgado – "é a decisão judicial de que já não caiba mais recurso" (§3º,
art. 6º, da LICC).
JURISPRUDÊNCIA DO STF
• Com a superveniência do regime jurídico único, não subsiste vantagem de natureza con-
tratual usufruída por servidores que, até o advento da Lei 8112/90, estavam submetidos à
CLT. Inexistência de direito adquirido a regime jurídico (MS 22.160-DF, Min. Sidney
Sanches).
Tribunal de exceção - É aquele criado especialmente para julgar determinados fatos, após
sua ocorrência.
JURISPRUDÊNCIA DO STF
• A configuração ampla de tribunal de exceção, abrange, além dos órgãos estatais cria-
dos ex post facto (após o fato), especialmente para o julgamento de determinadas pesso-
as ou certas infrações penais, com ofensa ao princípio da naturalidade do juízo, também
os tribunais regulares, desde que caracterizada a supressão, contra o réu, de qualquer
das garantias inerentes ao devido processo legal (31/10/90, Min. Celso de Mello).
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, as-
segurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
São crimes dolosos contra a vida: aborto, infanticídio, induzimento ao suicídio e homicídio (arts.
121, § 2º, 122, 123, 124, 125, 127, do Código Penal). Nestes, o julgamento do réu não é profe-
rido por um juiz singular.
• plenitude de defesa - todos os acusados nos termos do inciso LV, deste artigo, têm direi-
to ao “ contraditório “ e “ampla defesa”.
• sigilo das votações – depois de composto o conselho de sentença, os sete jurados votam
sigilosamente, ou seja, um jurado não conhece o voto do outro.
De forma bem simplificada, pois o tema é da intimidade do Direito Processual Penal, teríamos:
1. inquérito policial;
3. juiz singular recebe a denúncia, realiza audiências e, se houver indícios de autoria, prolata
a sentença de pronúncia para remeter o réu para julgamento pelo Tribunal do Júri;
5. O Juiz que preside o conselho de sentença expede a sentença de mérito pela qual de-
clara o réu inocente ou culpado, neste último caso fixa também a pena.
Importante: Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, com a sentença de pronúncia o réu
ainda não é considerado culpado. Só o será após o trânsito em julgado da sentença de mérito.
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;
Princípio da Irretroatividade da lei Penal. Gabriel Dezen Júnior afirma que há três princípios por
trás deste. 1. O princípio da retroatividade da lei penal mais benigna; assim se o réu cumpre pena
de 20 anos por prática de determinado crime, se for aprovada lei modificando a pena para 10 a-
nos, o réu só cumprirá 10 anos, mesmo já tendo sido condenado por sentença transitada em jul-
gado. 2. O Princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa; 3. O Princípio da Ultra-atividade
da Lei penal mais benigna. Este último princípio estabelece que a lei penal mais benéfica ao réu
age mesmo após sua revogação para amparar o processo e julgamento de réu que tenha cometi-
do ilícito quando aquela lei ainda se encontrava vigindo.
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fun-
damentais;
Comentaremos em conjunto os conceitos que nos ajudarão a entender esses 3 incisos. Preste
atenção para a inversão na ordem de apresentação deles. Cuidaremos em primero dos incisos
XLII e XLIV, para depois tratarmos do XLIII. Preparem-se pois são muito solicitados em concur-
sos. Vejamos alguns conceitos:
• crime imprescritível - é crime que não sofre prescrição, e prescrição é um prazo den-
tro do qual o Estado tem poder para encontrar, processar, punir e executar a pena do
criminoso. Assim, sendo crime imprescritível a Justiça jamais perde o poder de punir o
seu autor.
• crime inafiançável - é crime que não admite fiança, e fiança é um pagamento que a
pessoa faz ao Poder Judiciário para poder responder ao processo em liberdade provi-
sória.
Eis o princípio da personificação da pena. A única pessoa que pode sofrer a condenção penal é o
criminoso, é responsabilidade subjetiva, quanto ao direito criminal. Não pode ser punido o pai, a
mulher ou os filhos.
Perdimento de bens – Não é previsto no Código Penal como crime. Figura antes como efeitos da
condenação (art. 91, II do Código Penal): perda em favor da União: a) dos instrumentos do crime;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente
com a prática do fato criminoso.
Este inciso traz o princípio da Individualização da pena. Significa que o juiz fixara a pena
“atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e as consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima” (art. 59 do Código Penal).
JURISPRUDÊNCIA DO STF:
• Lei dos crimes hediondos. Pena cumprida em regime fechado. Constitucionalidade da lei
8.072/90. A condenação por crime hediondo impõe o cumprimento da pena em regime
fechado, e não é inconstitucional o art. 2º, § 1º, da lei 8072/90, visto que o princípio da
individualização da pena não se ofende na impossibilidade de ser progressivo o regime
de cumprimento da pena.
• Lei que estabeleça, de forma genérica, a aplicação do regime fechado, para os crimes he-
diondos não afeta o princípio da individualização da pena.
Banimento – é a expulsão, condenando um brasileiro a viver fora do país por determinado perío-
do. Não se confunde com a extradição.
Eis um inciso bastante solicitado nos concursos, principalmente, em relação à pena de morte. A
relação esgota as espécies de penas proibidas, é exaustiva (numerus clausus). Atenção especial
em relação à pena de morte que, para surpresa de muitos, é prevista na Constituição, desde que,
em caso de guerra.
Resta claro, com este inciso, que a Constituição não procura penalizar os filhos, vez que estes
não têm qualquer responsabilidade sobre a conduta dos pais.
Atenção, muita atenção. Este inciso é um dos preferidos dos examinadores. Extradição é a
transferência de uma pessoa de um país para outro, a pedido deste, para que nele seja processa-
da e punida por crime cometido. Sobre brasileiro nato (ver CF, art. 12, I) e naturalizado (ver CF,
art. 12, II).
Algumas conclusões:
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
JURISPRUDÊNCIA DO STF:
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competen-
te;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
Eis o importantíssimo princípio do Devido Processo Legal, que se originou do inglês Due
Process of Law, como aparece em alguns concursos. A melhor tradução seria princípio do jus-
to processo legal. É o mais importante de todos aqueles que tratam do processo”. Este princípio
se desdobra em dois aspectos:
• Contraditório – é a garantia que cada parte tem de se manifestar sobre todas as pro-
vas e alegações produzidas pela parte contrária
• Ampla defesa – é a garantia que a parte tem de usar todos os meios legais para ten-
tar provar a sua inocência ou para defender as suas alegações e o seu direito.
• prova ilícita - é aquela colhida com infração as leis, a exemplo das obtidas mediante
tortura, lesão corporal, fraude.
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença pe-
nal condenatória;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for inten-
tada no prazo legal;
O prazo para o Ministério Público interpor a ação penal pública é de 5 dias se o réu estiver preso
e de 15 dias se estiver solto ou afiançado (o prazo é contado da data em que o ministério público
receber os autos do inquérito policial)
No sistema judiciário brasileiro o processo criminal somente pode ser deflagrado por denúncia ou
queixa, sendo a ação penal pública privativa do Ministério Público (art. 129, I da Constituição).
Trata-se do princípio da publicidade dos atos processuais. A Constituição também trata do te-
ma no art. 93, IX. Este inciso não tem merecido maiores preocupações nos concursos.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e funda-
mentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão mili-
tar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
Por força deste inciso as únicas hipóteses em que alguém poderá ser preso será:
Atenção para as “cascas de banana” tais como: ordem de autoridade policial, ordem do promotor
público.
A prisão efetuada por força da hierarquia e da disciplina (não pelo juiz) é permitida pela Constitu-
ição apenas para as transgressões militares e crimes propriamente militares.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer ca-
lado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberda-
de provisória, com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
Prisão civil é aquela que não é decretada com finalidades penais. Prevista no código civil na
hipótese de o depositante exigir a coisa dada em depósito e o depositário não a restituir “deposi-
tário, que o não restituir, quando exigido, será compelido a fazê-lo, mediante prisão não exce-
dente a 1(um) ano, e a ressarcir os prejuízos” (CC. art. 1.287).
Pois bem. Dito isto, passaremos a comentar as garantias (também conhecidas por remédios cons-
titucionais) que são ações que asseguram os direitos previstos na Constituição. Não há concurso
que não solicite questões a respeito (no mínimo uma). Para facilitar o nosso trabalho iniciaremos
pelo Habeas Corpus, mas não seguiremos exatamente a seqüência de apresentação dos incisos:
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar amea-
çado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade
ou abuso de poder;
DOUTRINA:
• habeas corpus deverá ser utilizado contra ato do coator, que poderá ser tanto autorida-
de pública (delegado de polícia, promotor de justiça, juiz) como particular. No primeiro
caso, nas hipóteses de ilegalidade e abuso de poder, enquanto o segundo caso, so-
mente nas hipóteses de ilegalidade (Alexandre de Moraes).
A Constituição, no capítulo dedicado as forças armadas (§3º, art. 142), não o admite para as puni-
ções disciplinares: “não haverá habeas corpus em relação a punições disciplinares milita-
res”. Mais informações: arts. 647 a 667, do Código de Processo Penal.
• conhecimento de informações
• retificação de dados
Registro ou banco de dados de caráter público – “considera-se aqueles que contém informações
que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do
órgão ou entidade produtora ou depositária das informações (parágrafo único do art. 1º, da lei nº
9.507, de 12.11.1997, que regulamentou o Habeas data ).
Dica: “Não cabe Habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra a) se não houve recusa de informações
por parte da autoridade administrativa” (Superior Tribunal de Justiça).
Mais informações: lei nº 9.507, de 12.11.1997, que regulou o direito de acesso a informações e
disciplina o rito processual do habeas data.
Direito líquido e certo – Para Gabriel Dezen Júnior é aquele cuja titularidade possa ser inequivo-
camente demonstrada por quem o pretenda (certo) e que esteja delimitado em sua extensão, ou
seja, que se tenha exatamente dimensionado o alcance do direito pretendido (líquido)
O titular do direito líquido e certo tanto pode ser pessoa física como jurídica, nacional ou
estrangeira, além das universalidades reconhecidas por lei a exemplo do espólio e da massa
falida e também órgãos públicos despersonalizados, mas dotados de capacidade proces-
sual (chefia do Poder Executivo, Mesa do Congresso, Senado, Câmara, Tribunal de Contas, Mi-
nistério Público, entre outros)
Atenção: O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 dias con-
tados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (art. 8º, lei 1.533/51)
Mais informações: lei nº 1.533, de 31.12.1951 e lei nº 4.348, de 26.06.64, que estabelecem nor-
mas processuais relativas a mandado de segurança.
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituí-
da e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de
seus membros ou associados;
JURISPRUDÊNCIA DO STF:
• o mandado de injunção, não se destina a constituir direito novo , nem a ensejar ao Po-
der Judiciário o anômalo desempenho de funções normativas que lhe são institucional-
mente estranhas (como legislar). Reconhecido o estado de mora inconstitucional do Con-
gresso Nacional - único destinatário do comando para satisfazer a prestação legisla-
tiva reclamada - e considerando que já houve comunicação e o Congresso absteve-se
de cumprir a obrigação que lhe é constitucionalmente imposta, torna-se dispensável nova
comunicação, assegurando-se aos impetrantes do mandado de injunção, desde logo, a
possibilidade de ajuizarem ação de reparação de natureza econômica contra o Legisla-
tivo Federal (22/11/92, Min. Celso de Mello).
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anu-
lar ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à mo-
ralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, fi-
cando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da su-
cumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprova-
rem insuficiência de recursos;
Esta assistência deverá ser prestada pela Defensoria Pública. A Constituição trata da Defensoria
Pública no capítulo das funções essenciais à justiça art. 134.
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
“O estado de probeza será comprovado por declaração do próprio interessado ou a rogo, tratan-
do-se de analfabeto, neste caso, acompanhada da assinatura de duas testemunhas” (§2º, art. 1º,
da lei nº 9.534, de 10.12.1994, que deu nova redação a lei de registros públicos nº 6.015/73).
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei,
os atos necessários ao exercício da cidadania.
São gratuitos os atos (lei nº 9.265, de 12.02.1996, que regula este dispositivo):
A redação deste inciso deixa claro que normas deste artigo são de aplicabilidade imediata. A-
prendemos na parte desta apostila dedicada à Teoria Geral que as normas constitucionais de
eficácia plena e as de eficácia contida têm aplicabilidade imediata. Dito de outra forma, são
auto aplicáveis, pois, não necessitam de lei que lhes desenvolva a sua aplicação. No entanto, de-
ve ser interpretada como regra geral, porque, na análise dos 77 incisos deste artigo 5º, em alguns
casos, vimos que existem as exceções quais sejam: as normas de eficácia limitada.
JURISPRUDÊNCIA DO STF
• o rol de direitos e garantias individuais , protegidos pela cláusula pétrea, art. 60, § 4º, IV,
previstos no art. 5º da Constituição não é exaustivo, há outros dispositivos na Lei Maior, isto
sem considerar a regra básica do § 2º do art. 5º, segundo o qual “os direitos e garantias ex-
pressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados...” Houve o agasalho, portanto, de direitos e garantias explícitos e de di-
reitos e garantias implícitos (Adin 939-07/DF Min. Carlos Velloso).
DIREITOS SOCIAIS
Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desampara-
dos, na forma desta Constituição.
Merece destacar que (1) a moradia só foi introduzida como direito social pela Emenda Constitu-
cional nº 26. De 14 – 2 – 2000, por isso, poderá ser solicitada nas questões. (2) a segurança
também é um direito individual previsto no art.5º, caput.
Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros di-
reitos;
Por ser muito importante nos concursos vejamos o que diz o ADCT – Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias:
ADCT - Art. 10 - Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Cons-
tituição:
I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para quatro vezes, da porcentagem
prevista no art. 6º, caput e § 1º, da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;
A lei nº 10.101, de 19.12.2000, que regulamenta este arquivo dispõe em seu art. 2º, "a participa-
ção nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus emprega-
dos, de comum acordo, mediante um dos seguintes procedimentos":
A lei nº 10.101, de 19.12.200, dispõe, em seu art. 6º: "fica autorizado, a partir de 9.11.1997, o
trabalho aos domingos no comércio varejista em geral, observado o art. 30, inciso I, da
Constituição. O repouso semanal deverá coincidir, pelo menos, uma vez no período máxi-
mo de 4 semanas, com o domingo, respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho
e outras previstas em acordo ou convenção coletiva".
Conceito de trabalhador avulso: "é aquele que presta serviço a diversas empresas sem vín-
culo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-de-obra, nos
termos da lei 8.630/93, ou do sindicato da categoria (decreto nº 3.048/99,que regulamenta a
previdência social) "
Atenção: tem caído muito em provas de concursos quais os direitos sociais que a Constitu-
ição assegurou aos trabalhadores domésticos. É fundamental que você saiba bem cada um
destes incisos citados no parágrafo único.
Atenção este artigo é o mais importante do capítulo dos direitos sociais em termos de pre-
sença nos concursos
I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressal-
vado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical;
Este inciso traduz em toda sua plenitude a liberdade de criação de sindicato bem como a não in-
terferência estatal em seu funcionamento. Aliás não se trata de novidade haja vista os incisos
XVII e XVIII, do art. 5º, da CF/88, ao tratar dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, haver
consagrado princípios semelhantes em relação às Associações.
JURISPRUDÊNCIA DO STF
• “Ao registro das entidades sindicais inere a função de garantia da imposição de uni-
cidade – esta sim, a mais importante das limitações constitucionais ao princípio
da liberdade sindical” (STF, MI 144/SP).
III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da ca-
tegoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
• “A regra constitucional contida no art. 8º, III, não permite que os sindicatos substituam
ampla e irrestritivamente seus associados, pois a substituição processual só é admitida
nas hipóteses previstas e especificadas em lei”. (TST.RR102559/MG 4º turma, 30-6-94).
Assim, a recomendação aos concursandos é ser fiel apenas a literalidade deste inciso, pois des-
ta forma, acertarão as questões. “Não se deve criar chifre em cabeça de cavalo”.
JURISPRUDÊNCIA DO STF:
• A Constituição de 88, à vista do art. 8º, IV, parte final, recebeu o instituto da contribui-
ção sindical compulsória, exigível de todos os integrantes da categoria, independen-
temente de sua filiação ao sindicato (15/6/94, Min. Sepúlveda Pertence).
As contribuições devidas aos Sindicatos pelos que participem das categorias econômicas ou
profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob
a denominação de “contribuição sindical” (CLT, art. 578).
A contribuição sindical é devida por todos aqueles que participarem de uma determinada categoria
econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do Sindicato representativo
da mesma categoria ou profissão, ou inexistindo este, na conformidade disposto no art.
591 (CLT, art. 579).
A contribuição sindical será recolhida, de uma só vez, anualmente (CLT, art. 580). Os empre-
gadores são obrigados a descontar, da folha de pagamento de seus empregados relativa ao
mês de março de cada ano, a contribuição sindical por estes devida aos respectivos Sindicatos.
Este preceito também é simétrico ao inciso XX, do art. 5º da CF/88: “ninguém poderá ser compeli-
do a associar-se ou a permanecer associado”.
Muita atenção as palavras “obrigatória e negociações coletivas”. Este inciso costuma ser soli-
citado um dos mais solicitados nos concursos. Negociação coletiva é gênero que abrange as
espécies Convenção Coletiva e Acordo Coletivo.
• Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou
mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipu-
VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
Merece realce:
Art. 9º - É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a opor-
tunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
Percebamos que a Constituição assegura o direito de greve. No entanto, este direito não é
absoluto. A lei nº 7.783, de 28-06-1989, determina, por exemplo, que a decisão da greve deverá
ser comunicada aos empregadores com antecedência mínima de 48 horas da paralisação;
nos serviços e atividades essenciais este prazo será de 72 horas.
Este dispositivo, embora não fale expressamente em organização sindical, diz respeito a partici-
pação dos trabalhadores em órgãos públicos a exemplo do Conselho Nacional de Previdência
Social, e do Conselho Curador do FGTS.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
TERRITÓRIOS
Na primeira parte desta apostila estudamos a forma de Estado adotada pela República Federativa
do Brasil. Aqui cabe destacar que os Territórios Federais, por integrarem a União não são autô-
nomos.
OS ESTADOS
• Plebiscito; e
Plebiscito – é consulta formulada ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevân-
cia, cabe ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar (rejeitar) o que lhe tenha sido submetido.
Vejamos os casos já existentes:
Um Estado-membro fundir-se com outro, exemplo: Rio de Janeiro + Guanabara, resultou no Rio
de Janeiro, tal como hoje está.
Um Estado-membro pode subdividir-se para forma novos Estados, a exemplo do Mato Grosso
que foi dividido em dois novos estados: Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
OS MUNICÍPIOS
A Emenda Constitucional n º15/96 deu a redação atual ao §4º. Antes havia muita facilidade e,
de certo modo, houve proliferação de municípios sem condições financeiras mínimas. Com a nova
redação dificultou bastante a criação de novos municípios.
• plebiscito
O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de
dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo
Estado e os seguintes preceitos” (art. 29)
DO DISTRITO FEDERAL
O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada
em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara
Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição
(art. 32, da CF/88).
No Estado brasileiro inexiste religião oficial, existe total separação e independência entre Es-
tado e igreja, por isto recebe o nome de Estado laico.
Os documentos públicos têm fé pública, são dotados de presunção de legitimidade, tem credibili-
dade. Trata-se de legitimidade relativa ( juris tantum) porque admite prova em contrário.
O inciso III, enfatiza o princípio da igualdade, previsto no art. 5º, I,. Ademais, no capítulo da
nacionalidade (§2º, art. 14) existe uma norma proibindo diferenças entre brasileiros “ a lei
não poderá estabecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição.
COMPETÊNCIAS DA UNIÃO
Conforme já estudamos, o cerne, o núcleo, a própria razão de ser do Estado Federal reside
na característica da descentralização política. Diferentes níveis de centro decisórios possuem
a competência, (poder) atribuída pela Constituição, de criar as normas (leis) jurídicas necessá-
rias para controlar a conduta humana em determinado espaço territorial, denominada de
competências legislativa. A nossa Constituição atribui ainda competências para ações adminis-
trativas denominadas de competências materiais (ou competências não legislativas) .
O Federalismo clássico dos Estados Unidos resolveu esta questão mediante técnica de distribui-
ção bem simples: As competências legislativas da União são expressas ou enumeradas. A com-
petência dos Estados-membros é residual ou não enumeradas, remanescentes, enfim, tudo que
não for da competência da União é da competência dos Estados.
No Brasil, como não poderia deixar de ser, por razões históricas e de importação do modelo nor-
te-americano, complicou um pouco mais. É baseada no modelo Alemão.
A nossa Constituição adota sistema complexo que busca o equilíbrio federativo, que consiste na
enumeração dos poderes da União (arts. 21 e 22), com poderes remanescentes para os Esta-
dos (art. 25, §1º) e poderes definidos indicativamente para os Municípios (art.30), mas combina ,
com essa reserva de campos específicos (nem sempre exclusivos, mas apenas privativos), pos-
sibilidades de delegação (art. 22, parágrafo único), áreas comums em que se prevêem atuações
paralelas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23) e setores concorrentes entre
a União e Estados e Distrito Federal em que a competência para estabelecer políticas gerais,
diretrizes gerais ou normas gerais cabe à União (art. 24, §1º), enquanto se defere aos Estados
a competência suplementar (art. 24, §2º). Ademais, até aos Municípios é concedida a compe-
tência para suplementar a legislação federal e estadual, no que couber (art. 30, II)” .
No Brasil a área de competência da União é mais dilatada, restando limitado campo de atuação
aos Estados-membros, onde a existência de competência exclusiva dos Municípios comprime
ainda mais a área estadual”
Estes 4 incisos acima, versam sobre a competência da União no âmbito internacional. A União
representa o papel de representante da República Federaiva do Brasil. Podemos dizer que é o
Estado Federal, representado pela União, quem goza de personalidade jurídica perante o
Direito Internacional (pessoa jurídica de direito público exteno). Por outro lado, a nível inter-
no, a União é definida como pessoa jurídica de direito público interno.
Sobre: estado de sítio (art. 137 a 139); estado de defesa (art. 136) ; intervenção federal
(art. 34).
Este artigo é mais importante que o anterior em termos de exigência nos concursos públicos. Tra-
ta-se da importantíssima competência legislativa privativa da União. Cabe apenas à União le-
gislar sobre as questões abaixo enumeradas. A única ressalva é o parágrafo único (que trata da
competência delegada) que discutiremos em seguida.
Parágrafo único, do art. 22 - Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
A doutrina identifica este parágrafo único do artigo 22 como atributivo da competência delegada
aos Estados–membros. Na verdade, este tema tem “caído” nos concursos públicos, mas você não
precisa gravar o termo competência delegada.
O que você precisa mesmo saber é que a União pode autorizar, mediante lei complementar,
pode autorizar os Estados-membros a legislarem sobre questões relacionadas com as ma-
térias inseridas no rol das competências legislativas privativas da União.
Este tópico não tem merecido grandes destaques nos concursos. As questões exigem mais me-
morização do que raciocínio. Pode parecer simples mas é necessário enfatizar:
Art. 23 - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e con-
servar o patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras
de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural,
os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros
bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições
habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a inte-
gração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e ex-
ploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.
Parágrafo único - Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento
e do bem-estar em âmbito nacional.
Parece óbvio, mas muitas questões são resolvidas com apenas estas informações :
Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recur-
sos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino e desporto;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
Atenção: não confundir com direito processual, que é competência privativa da União.
Eis agora os quatro parágrafos que jamais deixaram de constar de qualquer provade Direito Cons-
titucional (pelo menos um deles). É questão certa.
O que são normas gerais?: o número de definições supera o número dos opinantes. Não há
uniformidade. Aqui vão mais duas:
• São preceitos jurídicos editados pela União Federal, no âmbito de sua competência legis-
lativa concorrente, restritos ao estabelecimento de diretrizes nacionais e uniformes
sobre determinados assuntos, sem descer a detalhes.
• É próprio de quaisquer leis serem gerais. Assim, quando o Texto Constitucional reporta-se
a “normas gerais”, está, por certo, reportando-se a normas cujo “ nível de generalidade” é
peculiar em seu confronto com as demais leis. Para ele não são normas gerais as que e-
xaurem o assunto nelas versado, descendo a pormenores e detalhes.
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a compe-
tência suplementar dos Estados.
Assim, os Estados poderão no exercício da competência editar normas específicas, particularizan-
tes, trazendo os pormenores para si.
No caso de inércia da União, os Estados editarão tanto normas gerais quanto normas específicas.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei esta-
dual, no que lhe for contrário.
Se posteriormente for editada a lei de normas gerais da União, implicará na imediata suspensão
da eficácia da lei estadual, apenas na parte em que esta tratou de matéria de competência da
União e também apenas naquilo que a legislação estadual contrariar a legislação nacional.
Cuidado com as “cascas de bananas” a exemplo de revoga (no lugar de suspende a eficácia).
È bom que fique claro: não existe hierarquia entre lei estadual e lei federal, o advento de lei da
União, tratando de normas gerais, supenderá a possiilidade de produção de efeitos jurídicos
(eficácia jurídica) por parte da lei estadual, na parte em que ambas forem contraditórias.
Em razão disso, como não irá ocorrer revogação da lei estadual, mas apenas suspensão da sua
eficácia na parte em que se tratou de normas gerais, com a revogação da lei nacional a lei es-
tadual readquire plenamente sua eficácia, passando a incidir de imediato sobre a conduta
humana.
PROCESSO LEGISLATIVO
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
A primeira noção que devemos ter é a de que uma vez promulgada a emenda constitucional ela
passa a ter a mesma hierarquia das demais normas constitucionais. Não importa se são normas
do corpo permanente ou do ADCT. Portanto, dispõe de hieraquia superior as demais espécies
normativas.
EMENDAS À CONSTITUIÇÃO
• a discussão e votação nas duas Casas do Congresso Nacional, em dois turnos, conside-
rando-se aprovada se obtiver, em ambas, 3/5 dos votos dos respectivos membros (§2º).
• A promulgação da Emenda será realizada pela Mesa Diretora da Câmara dos De-
putados e do Senado Federal (§3º)
• em caso rejeição a matéria não poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa (§5º).
Sessão legislativa (prevista no art. 57, caput, da CF/88), período de reunião anual
do Congresso Nacional que vai de 15/fev a 30/jun e de 1º/ago a 15/dez.
Esses períodos são conhecidos como estados de legalidade extraordinária. Nestes períodos ficam
sobrestadas as emendas até que o país retorne a normalidade constitucional.
• as cláusulas pétreas como são conhecidas impedem que sequer seja objeto de delibe-
ração a proposta de emenda tendente a abolir:
• os direitos individuais
Não pode haver emendas constitucionais supressivas sobre os quatro assuntos aqui relacionados.
REVISÃO CONSTITUCIONAL
Art. 3º, do ADCT - "A revisão constitucional será realizada após 5 anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congres-
so Nacional, em sessão unicameral".
LEIS COMPLEMENTARES
Art. 69 - As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.
• O quorum para sua aprovação é superior ao das outras leis (chamadas de leis ordinárias)
LEIS ORDINÁRIAS
Art. 47 - Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Co-
missões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
Assim, só se instala a sessão deliberativa com a presença da maioria dos integrantes da Casa
legislativa. Esta é a maioria absoluta. Presente essa maioria, delibera-s e. Aprova-se mediante
voto favorável da maioria dos presentes a sessão. Trata-se da maioria simples.
A resposta é: NÃO.
Hierarquia para o Direito, é a circunstância de uma norma encontrar sua nascente, sua fonte ge-
radora, seu fundamento de validade, numa norma que lhe é superior. A lei é hierarquicamente
inferior à Constituição porque encontra na Constituição o seu fundamento de validade. Só existe
lei porque a Constituição a cria. Conceituada está hierarquia.
Tanto a lei ordinária quanto a lei complementar encontram seu fundamento de validade no Texto
Constitucional. Portanto, não há hierarquia entre a lei complementar e lei ordinária.
• Diferença material – somente poderá ser objeto de lei complementar a matéria taxativamen-
te prevista na Constituição Federal, enquanto todas as demais matérias deverão ser objeto de
lei ordinária.
• Diferença formal – diz respeito ao processo legislativo, na fase de votação. O quorum para
aprovação da lei ordinária é de maioria simples (art. 47). O quorum para aprovação de lei
complementar é de maioria absoluta (art. 69).
Exemplo: suponha que um Parlamento tenha 100 pessoas e 51 estão presentes, há o que se
chama quorum.
• Para aprovar uma lei ordinária são necessários: 26 votos (maioria simples dos presentes).
• Para aprovar uma lei complementar serão 51 votos (maioria absoluta dos membros).
LEI DELEGADA
Art. 68 - As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá soli-
citar a delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacio-
nal, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria
reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus
membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Na-
cional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.
§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará
em votação única, vedada qualquer emenda.
MEDIDAS PROVISÓRIAS
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas pro-
visórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus
membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suple-
mentares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ati-
vo financeiro;
III – reservada a lei complementar;
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de san-
ção ou veto do Presidente da República.
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previs-
tos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se
houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a
edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos
do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-
se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medi-
das provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos cons-
titucionais.
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua
publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do
Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais delibera-
ções legislativas da Casa em que estiver tramitando.
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que,
no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas
duas Casas do Congresso Nacional.
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e
sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de
cada uma das Casas do Congresso Nacional.
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha
sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejei-
ção ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decor-
rentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória,
esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto."(NR)
"Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da Constitu-
ição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro
de 1995 até a promulgação desta emenda, inclusive." (Nova redação do art. 246, da Constitui-
ção pela EC nº 32).
RESUMO PRÁTICO DE MP APÓS A EC Nº 32, de 11.09.2001
• ter seu período de vigência prorrogado uma única vez se no prazo de 60 dias não tiver
a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.
• ser adotada por Estados e Municípios através de suas respectivas Constituições e Leis
orgânicas (STF).
• dispor sobre matéria que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popu-
lar ou qualquer outro ativo financeiro;
• dispor sobre matéria já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Na-
cional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.
• é vedada a reedição de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha
• regulamentar artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de
emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação desta emenda,
inclusive.
• Iniciativa;
• Discussão;
• Votação;
• Sanção ou veto;
• Promulgação.
Art. 61 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da Re-
pública, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da Repúbli-
ca e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
INICIATIVA POPULAR:
Art. 61, § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados
de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um
deles.
DISCUSSÃO E VOTAÇÃO
Art. 65 - O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de dis-
cussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquiva-
do, se o rejeitar.
Parágrafo único - Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.
Apresentado o projeto à Casa iniciadora, passa-se à discussão, que acontece tanto nas comis-
sões, a exemplo da comissão de constituição e justiça (exame da constitucionalidade); bem como
em outras, saúde, educação, direitos humanos... (exame do conteúdo) . Após as discussões, se
aprovado, irá a plenário. Uma vez aprovado em plenário o projto segue para a Casa revisora. Se
a Casa revisora:
Art. 66 - A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da
República, que, aquiescendo, o sancionará.
O Chefe do Poder Executivo participa do processo de elaboração da lei, seja pela iniciativa, mo-
mento no início do processo, seja pela sanção, quando o ordenamento jurídico é efetivamente
inovado. Ou ainda pelo veto, quando se tenta impedir a modificação do ordenamento jurídico.
A sanção é a adesão do Chefe do Executivo ao projeto de lei aporvado pelo Poder Legislativo.
pode ser expressa ou tácita. Será expressa quando o Presidente manifestar-se, assinando o pro-
jeto no prazo de 15 dias. A lei nasce com a sanção.
JURISPRUDÊNCIA DO STF
Art. 66, § 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de
inciso ou de alínea.
O veto poderá ser total ou parcial. Será total se recair sobre todo o projeto, e parcial se atingir
parte do projeto. Mas, mesmo veto parcial só poderá abranger o texto integral de artigo, inciso,
parágrafo ou alínea.
APRECIAÇÃO DO VETO
§ 4º - O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu rece-
bimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senado-
res, em escrutínio secreto.
Vetar é discordar dos termos de um projeto de lei. O chefe do Executivo examina dois aspec-
tos: constitucionalidade e interesse público. Primeiro examina se o projeto é compatível
com a Constituição. Concluindo pela conformidade, examinará o mérito, o interesse públi-
co. Importante: a sanção e o veto recaem sobre projetos de lei.
Art. 67 - A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de
novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros
de qualquer das Casas do Congresso Nacional.
PROMULGAÇÃO
Art. 66, 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da
República, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá
ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
A promulgação é uma espécie de autenticação da lei, atesta de que a ordem jurídica foi i-
novada, ou seja, declaração de que a lei existe, e em conseqüência, deverá ser cumprida. As-
sim, a promulgação incide sobre um ato perfeito e acabado, ou seja, sobre a própria lei.
Art. 71 - O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante
parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
Perceba os verbos:
Apreciar as contas mediante parecer prévio - Presidente da República.
Julgar as contas - dos demais administradores.
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituí-
das e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provi-
mento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e
pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal
do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de
Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financei-
ra, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a U-
nião participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Fe-
deral ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de
suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, fi-
nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e ins-
peções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade
de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, mul-
ta proporcional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao
exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
Art. 73 - O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Fede-
ral, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber,
as atribuições previstas no art. 96.
§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros
que satisfaçam os seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;
II - idoneidade moral e reputação ilibada;
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de
administração pública;
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que
exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
ESPÉCIES DE CONTROLE
CONTROLE EXTERNO
Quando estudamos a função legislativa (elaborar leis) vimos que a mesma constitui-se em ativi-
dade típica do Poder Legislativo. É também função típica do Poder Legislativo a função fiscaliza-
dora dos demais poderes. Esta última é denominada Controle Externo.
• "julgar anualmente as contas apresentadas pelo Presidente da República" (art. 49, IX).
A Carta Política de 1988, nos artigos 70 e 71, reza que a fiscalização contábil, financeira, orça-
mentária e patrimonial, observará aspectos de legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
das subvenções e renúncia de receitas, no âmbito da Administração Direta e Indireta da União. A
fiscalização será exercida pelo Congresso Nacional mediante controle externo e pelo sistema
de controle interno de cada Poder. No exercício do controle externo o Congresso Nacional terá
o auxílio do Tribunal de Contas da União.
Registre-se que o exercício do controle externo se dará sobre a função administrativa dos Po-
deres Executivo, Legislativo e Judiciário. Insisto não se exerce o controle externo no que se
refere às funções típicas dos poderes Judiciário e Legislativo, assim como também não se exerce
o controle externo quanto ao mérito (conveniência e oportunidade) dos atos administrativos.
ATRIBUIÇÕES DO TCU
Compete ao TCU apreciar as contas anuais do Presidente da República mediante parecer pré-
vio. O julgamento será efetuado pelo Congresso Nacional Art. 71, I, c/c art. 49, IX.
"As decisões do tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de títu-
lo executivo" (art. 71, §3º).
Face ao que se encontra na CF/88: “Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito”, as decisões dos Tribunais de Contas não fazem coisa
julgada, por isso podem ser reapreciadas pelo Poder Judiciário.
PODER JUDICIÁRIO
DISPOSIÇÕES GERAIS
Autonomia
Garantias
Vedações
Estatuto da Magistratura
• Ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, através de concurso
público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil
em todas as suas fases, obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação (inci-
so I);
• Subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por
cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os
subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível fe-
deral e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não
podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por
cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tri-
bunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º (in-
ciso V);
• Nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores poderá ser constituído
órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o e-
xercício das atribuições administrativas e jurisdicionais da competência do tribunal
pleno (inciso XI).
• Acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento, alterna-
damente, apurados na última entrância ou, onde houver, no Tribunal de Alçada, quando se
tratar de promoção para o Tribunal de Justiça, de acordo com o inciso II e a classe de ori-
gem (art.93 inciso III);
• Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Esta-
dos, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Públi-
co, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de re-
putação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.Recebidas as indica-
ções, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias
subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação (art.94 caput e parágrafo
único).
Competências Administrativas
• eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância
das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a com-
petência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos:
• organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vincula-
dos, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;
• conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores
que lhes forem imediatamente vinculados;
Controle de Constitucionalidade
• Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respec-
tivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público (art.97).
DIREITO CONSTITUCIONAL
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
(DE ACORDO COM O PROGRAMA DO EDITAL)
TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades
civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e
das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e
na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade
para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução
de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da
imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de
que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra
ilegalidade ou abuso de poder;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no
prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados;
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS
1
Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.
Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
1
Com redação dada pela Emenda Contitucional nº 26, de 14 de fevereiro de 2000.
Redação Anterior
"Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração
variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da
aposentadoria;
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e,
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
2
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos
termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo
ou convenção coletiva de trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de
revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento
à do normal;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento
e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos
termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos
termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na
forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de
idade em creches e pré-escolas;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
2
Inciso XII com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98."
Redação Anterior:
4
Inciso XXXIII com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98.
Redação Anterior:
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores
de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz;
CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
5
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva
ao interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela forma estrangeira, ao brasileiro residente em
Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis.
Art. 13 - A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.
§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo
nacionais.
§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.
CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS
Art. 14 - A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço
militar obrigatório, os conscritos.
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
5
Inciso acrescentado pela Emenda Constitucional nº 23, de 02 de Setembro de 1999.
6
§ 5º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 04.06.97.
Redação Anterior:
"§ 5º - São inelegíveis para os mesmos cargos, no período subseqüente, o Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído nos seis meses anteriores ao
pleito."
CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
TÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
7
Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
8
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que
preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da
lei;
9
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
7
art. 37 com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"Art. 37 - A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e,
também, ao seguinte:"
8
inciso I com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em
lei;"
9
inciso II com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;"
10
inciso V com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"V - os cargos em comissão e as funções de confiança serão exercidos, preferencialmente, por servidores ocupantes de
cargo de carreira técnica ou profissional, nos casos e condições previstos em lei;"
11
inciso VII com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar;"
12
inciso X com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"X - a revisão geral da remuneração dos servidores públicos, sem distinção de índices entre servidores públicos civis e
militares, far-se-á sempre na mesma data;"
13
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para
o efeito de remuneração de pessoal do serviço público;
14
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados
nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
15
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são
irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º,
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
16
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico;
17
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas;
18
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de
competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma
da lei;
13
inciso XIII com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de vencimentos, para o efeito de remuneração de pessoal do serviço
público, ressalvado o disposto no inciso anterior e no art. 39, § 1º;"
14
inciso XIV com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados, para fins de
concessão de acréscimos ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento;"
15
inciso XV com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"XV - os vencimentos dos servidores públicos são irredutíveis, e a remuneração observará o que dispõem os arts. 37, XI
e XII, 150, II, 153, III, e § 2º, I;"
16
inciso XVI com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários:"
17
inciso XVI com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 13.12.01.
Redação Anterior:
“a de dois cargos privativos de médico;”
18
inciso XVII com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, empresas públicas, sociedades
de economia mista e fundações mantidas pelo Poder Público;"
19
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das
entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas
em empresa privada;
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei,
o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.
§ 2º - A não-observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a
punição da autoridade responsável, nos termos da lei.
20
§ 3º - A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta
e indireta, regulando especialmente:
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a
manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
interna, da qualidade dos serviços;
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de
governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo,
emprego ou função na administração pública.
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
§ 7º - A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da
administração direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
19
inciso XIX com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"XIX - somente por lei específica poderão ser criadas empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou
fundação pública;"
20
§ 3º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
SEÇÃO II
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
22
Art. 39 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política
de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos
respectivos Poderes.
21
art. 38 com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
Redação Anterior:
"Art. 39 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime
jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações
públicas.
§ 1º - A lei assegurará, aos servidores da administração direta, isonomia de vencimentos para cargos de atribuições
iguais ou assemelhados do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
§ 2º - Aplica-se a esses servidores o disposto no art. 7º, IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
XX, XXII, XXIII e XXX."
23
art. 40 com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando decorrentes de acidente em serviço, moléstia
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificadas em lei, e proporcionais nos demais casos;
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de serviço;
III - voluntariamente:
a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos trinta, se mulher, com proventos integrais;
b) aos trinta anos de efetivo exercício em funções de magistério, se professor, e vinte e cinco, se professora, com
proventos integrais;
c) aos trinta anos de serviço, se homem, e aos vinte e cinco, se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, e aos sessenta, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de
serviço"
24
§ 1º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
§ 1º - Lei complementar poderá estabelecer exceções ao disposto no inciso III, a e c, no caso de exercício de atividades
consideradas penosas, insalubres ou perigosas.
25
§ 2º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
Redação Anterior:
§ 3º - O tempo de serviço público federal, estadual ou municipal será computado integralmente para os efeitos de
aposentadoria e de disponibilidade.
27
§ 4º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
§ 4º- Os proventos da aposentadoria serão revistos, na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a
remuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens
posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria, na forma da lei.
28
§ 5º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
§ 5º- O benefício da pensão por morte corresponderá à totalidade dos vencimentos ou proventos do servidor falecido,
até o limite estabelecido em lei, observado o disposto no parágrafo anterior.
29
§ 6º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
§ 6º- As aposentadorias e pensões dos servidores públicos federais serão custeadas com recursos provenientes da União
e das contribuições dos servidores, na forma da lei.
30
§7º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.
31
§ 8º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.
32
§ 9º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.
33
§10º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.
34
§11º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.
35
§12º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.
36
§13º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.
37
§14º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.
38
§15º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.
39
* §16º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.
40
art. 41 com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"Art. 41 - São estáveis, após dois anos de efetivo exercício, os servidores nomeados em virtude de concurso público.
§ 1º - O servidor público estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou mediante
processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa.
§ 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da
vaga reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade.
§ 3º - Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade remunerada, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo."
TÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO
SEÇÃO I
DO CONGRESSO NACIONAL
Art. 44 - O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal.
Parágrafo único - Cada legislatura terá a duração de quatro anos.
Art. 45 - A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema
proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º - O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito
Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população,
procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma
daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.
§ 2º - Cada Território elegerá quatro Deputados.
Art. 46 - O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal,
eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em
quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.
§ 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes.
Art. 47 - Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas
Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
SEÇÃO II
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL
Art. 48 - Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida
esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da
União, especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito,
dívida pública e emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;
41
inciso X com redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 11.08.01.
Redação Anterior:
Redação Anterior:
"§ 11 - Aplica-se aos servidores a que se refere este artigo o disposto no art. 7º, VIII, XII, XVII, XVIII e XIX."
45
VIII - fixar o subsídio do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros
de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º,
I;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os
relatórios sobre a execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder
Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição
normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e
televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos
e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área
superior a dois mil e quinhentos hectares.
Art. 50 - A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão
convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à
Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente
determinado, importando em crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.
§ 1º - Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos
Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos
com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério.
§ 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar
pedidos escritos de informação aos Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas
no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não
atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas.
SEÇÃO III
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
45
inciso VIII com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"VIII - fixar para cada exercício financeiro a remuneração do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos
Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;"
46
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou
extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para a
fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias;
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
SEÇÃO IV
DO SENADO FEDERAL
46
inciso IV com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e
funções de seus serviços e fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias;"
47
Com nova Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02 de Setembro de 1999
Redação Anterior
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de
responsabilidade e os Ministros de Estado nos crimes da mesma natureza conexos com
aqueles;
SEÇÃO V
DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES
49
Art. 53 - Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas
opiniões, palavras e votos.
§ 1º - Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
48
inciso XIII com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos
e funções de seus serviços e fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias;"
49
Artigo alterado pela Emenda Constitucional nº 35, de 20.12.01.
Redação Anterior
“Art. 53 - Os Deputados e Senadores são invioláveis, por suas opiniões, palavras e votos.
§ 1º - Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de
crime inafiançável, nem processados criminalmente, sem prévia licença de sua Casa.
§ 2º - O indeferimento do pedido de licença ou a ausência de deliberação suspende a prescrição enquanto durar o
mandato.
§ 3º - No caso de flagrante de crime inafiançável, os autos serão remetidos, dentro de vinte e quatro horas, à Casa
respectiva, para que, pelo voto secreto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão e autorize, ou não, a
formação de culpa.
§ 4º - Os Deputados e Senadores serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
§ 5º - Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão
do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.
§ 6º - A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra,
dependerá de prévia licença da Casa respectiva.
§ 7º - As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas
mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos, praticados fora do recinto do
Congresso, que sejam incompatíveis com a execução da medida.”
SEÇÃO VI
DAS REUNIÕES
SEÇÃO VII
DAS COMISSÕES
50
§ 7º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 11.08.01.
"§ 7º - Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi
convocado, vedado o pagamento de parcela indenizatória em valor superior ao do subsídio mensal.;"
51
§ 8º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 32, de 11.08.01.
fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao
Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
§ 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita
por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no
regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da
representação partidária.
SEÇÃO VIII
DO PROCESSO LEGISLATIVO
SUBSEÇÃO I
DISPOSIÇÃO GERAL
SUBSEÇÃO II
DA EMENDA À CONSTITUIÇÃO
SUBSEÇÃO III
DAS LEIS
Art. 61 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da
República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da
República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e
autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços
públicos e pessoal da administração dos Territórios;
52
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de
cargos, estabilidade e aposentadoria;
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como
normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
53
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o
disposto no art. 84, VI;
54
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos,
promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva.
§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de
projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada
um deles.
55
Art. 62 - Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
52
alínea c com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 5 de fevereiro de 1998.
Redação Anterior:
"c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria
de civis, reforma e transferência de militares para a inatividade;"
53
alínea e com redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 11.08.01.
Redação Anterior:
"Art. 62 - Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de
lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional, que, estando em recesso, será convocado
extraordinariamente para se reunir no prazo de cinco dias."
Parágrafo único - As medidas provisórias perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de
trinta dias, a partir de sua publicação, devendo o Congresso Nacional disciplinar as relações jurídicas delas decorrentes.
56
§ 2º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 11.08.01.
Redação Anterior:
"§ 2º - Se, no caso do parágrafo anterior, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem, cada qual,
sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobre a proposição, será esta incluída na ordem do dia, sobrestando-se a
deliberação quanto aos demais assuntos, para que se ultime a votação."
57
§ 6º - Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na
ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final.
§ 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da
República, nos casos dos §§ 3º e 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o
fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
Art. 67 - A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo
projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de
qualquer das Casas do Congresso Nacional.
Art. 68 - As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso
Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a
matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus
membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso
Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.
§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará
em votação única, vedada qualquer emenda.
Art. 69 - As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.
SEÇÃO IX
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
57
§ 6º com redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 11.08.01.
Redação Anterior:
"§ 6º - Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata,
sobrestadas as demais proposições, até sua votação final, ressalvadas as matérias de que trata o art. 62, parágrafo
único."
58
Parágrafo único com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária."
Art. 71 - O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante
parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de
Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a
União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal
ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas
Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e
inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de
contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
proporcional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao
exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à
Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso
Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar
as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de
título executivo.
§ 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de
suas atividades.
Art. 72 - A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, § 1º, diante de indícios de
despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de
subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo
de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.
§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão
solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
59
§ 3º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98.
Redação Anterior:
"§ 3º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos,
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça e somente poderão aposentar-se com as
vantagens do cargo quando o tiverem exercido efetivamente por mais de cinco anos.
CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO
SEÇÃO I
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Art. 76 - O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de
Estado.
60
Art. 77 - A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á,
simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de
outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial
vigente.
§ 1º - A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele
registrado.
§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político,
obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova
eleição em até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos
mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal
de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de
um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
Art. 78 - O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso
Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as
leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência
do Brasil.
Parágrafo único - Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o
Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado
vago.
Art. 79 - Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-
Presidente.
Parágrafo único - O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para
missões especiais.
60
art. 77 com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 04.06.97.
Redação Anterior:
"Art. 77 - A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, noventa dias antes
do término do mandato presidencial vigente."
SEÇÃO II
DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
61
art. 82 com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 04.06.97.
Redação Anterior:
"Art. 82 - O mandato do Presidente da República é de quatro anos, vedada a reeleição para o período subseqüente, e terá
início em 1º de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição."
62
Inciso VI com redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 11.08.01.
Redação Anterior:
63
Com nova Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02 de Setembro de 1999
Redação Anterior
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos
que lhes são privativos
SEÇÃO III
DA RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Art. 85 - São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra
a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos
Poderes constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único - Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas
de processo e julgamento.
Art. 86 - Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações
penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo
Tribunal Federal;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído,
cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da
República não estará sujeito a prisão.
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado
por atos estranhos ao exercício de suas funções.
SEÇÃO IV
DOS MINISTROS DE ESTADO
Art. 87 - Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e
no exercício dos direitos políticos.
Parágrafo único - Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas
nesta Constituição e na lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da
administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos
assinados pelo Presidente da República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas
pelo Presidente da República.
64
Art. 88 - A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
pública.
SEÇÃO V
DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO
CONSELHO DE DEFESA NACIONAL
SUBSEÇÃO I
DO CONSELHO DA REPÚBLICA
SUBSEÇÃO II
DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL
64
Art. 88 com redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 11.08.01.
Redação Anterior:
65
V - o Ministro de Estado da Defesa;
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
66
VII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos
desta Constituição;
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção
federal;
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do
território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas
relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir
a independência nacional e a defesa do Estado democrático.
§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.
CAPÍTULO III
DO PODER JUDICIÁRIO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
65
Com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02 de Setembro de 1999
Redação Anterior
V - os Ministros militares
66
Com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02 de Setembro de 1999
Redação Anterior
VII - o Ministro do Planejamento.
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco
alternadas em lista de merecimento;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva
entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo
se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento pelos critérios da presteza e segurança no exercício da
jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos reconhecidos de
aperfeiçoamento;
d) na apuração da antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo
pelo voto de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, repetindo-
se a votação até fixar-se a indicação;
III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade e merecimento,
alternadamente, apurados na última entrância ou, onde houver, no Tribunal de Alçada,
quando se tratar de promoção para o Tribunal de Justiça, de acordo com o inciso II e a
classe de origem;
IV - previsão de cursos oficiais de preparação e aperfeiçoamento de magistrados como
requisitos para ingresso e promoção na carreira;
67
V - O subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco
por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os
subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e
estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não
podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por
cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos
Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, §
4º;
68
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o
disposto no art. 40;
VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca;
VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse
público, fundar-se-á em decisão por voto de dois terços do respectivo tribunal, assegurada
ampla defesa;
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse
público o exigir, limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes;
X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas, sendo as disciplinares
tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
67
inciso V com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"V - os vencimentos dos magistrados serão fixados com diferença não superior a dez por cento de uma para outra das
categorias da carreira, não podendo, a título nenhum, exceder os dos Ministros do Supremo Tribunal Federal;"
68
Inciso VI com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98.
Redação Anterior:
"VI - a aposentadoria com proventos integrais é compulsória por invalidez ou aos setenta anos de idade, e facultativa
aos trinta anos de serviço, após cinco anos de exercício efetivo na judicatura;
XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores poderá ser constituído
órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o
exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais da competência do tribunal pleno.
Art. 94 - Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e
do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de
dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
representação das respectivas classes.
Parágrafo único - Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao
Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para
nomeação.
Art. 95 - Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício,
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz
estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
69
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150,
II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Parágrafo único - Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
Art. 96 - Compete privativamente:
I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância
das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a
competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e
administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem
vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da
respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o
disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da
Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e
servidores que lhes forem imediatamente vinculados;
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça
propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
69
inciso III com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"III - irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o que dispõem os arts. 37, XI, 150, II, 153, III,
e 153, § 2º, I."
70
alínea b com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"b) a criação e a extinção de cargos e a fixação de vencimentos de seus membros, dos juízes, inclusive dos tribunais
inferiores, onde houver, dos serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados;"
71
Parágrafo Único acrescentado pela Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999.
72
§1º com redação dada pela Emenda Cosntitucional nº 30, de 13.09.00
Redação Anterior
§ 1º - É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus
débitos constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, data em que terão atualizados seus valores,
fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte.
73
§1º-A acrescentado pela Emenda Constitucional nº 30, de 13.09.00
74
§2º com redação dada pela Emenda Cosntitucional nº 30, de 13.09.00
Redação Anterior
Redação Anterior:
§ 3° O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos de
obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal deva fazer em
virtude de sentença judicial transitada em julgado.
76
§4º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 37, de 12.06.02
77
§4º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 30, de 13.09.00
§4º renumerado pela Emenda Constitucional nº 37, de 12.06.02
78
§5º acrescentado pela Emenda Constitucional nº 30, de 13.09.00
§5º renumerado pela Emenda Constitucional nº 37, de 12.06.02
SEÇÃO II
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Art. 101 - O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos
com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e
reputação ilibada.
Parágrafo único - Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal.
Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e
a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os
membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da
República;
79
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, resalvado o
disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas
da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas
anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da
República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal
de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o
Distrito Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou
entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
h) a homologação das sentenças estrangeiras e a concessão do exequatur às cartas
rogatórias, que podem ser conferidas pelo regimento interno a seu Presidente;
80
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o
paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em uma única instância;
79
Com Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02 de Setembro de 1999
Redação Anterior
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado, ressalvado o disposto no art.
52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de
caráter permanente;
80
Alínia “i” com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999.
Redação Anterior
“i) o habeas corpus, quando o coator ou o paciente for tribunal, autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos
diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única
instância;”
SEÇÃO III
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Art. 104 - O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Parágrafo único - Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo
Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e
cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pelo
Senado Federal, sendo:
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre
desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo
próprio Tribunal;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público
Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do
art. 94.
Art. 105 - Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes
e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos
Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do
Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais
Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
81
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado,
dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
82
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas
mencionadas na alínea a, ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição,
81
Com Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02 de Setembro de 1999
Redação Anterior
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;
82
Com Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02 de Setembro de 1999.
Redação Anterior
c) os habeas corpus, quando o coator ou o paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a",
quando coator for tribunal, sujeito à sua jurisdição, ou Ministro de Estado, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral;
Alínia “c” com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999.
SEÇÃO IV
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS
E DOS JUÍZES FEDERAIS
Redação Anterior
“c) os habeas corpus, quando o coator ou o paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea a, ou quando o
coator for Ministro de Estado, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;”
Art. 107 - Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados,
quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira;
II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de
exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente.
Parágrafo único - A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais
Regionais Federais e determinará sua jurisdição e sede.
Art. 108 - Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da
Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do
Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes
federais da região;
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de
juiz federal;
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes
estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
Art. 109 - Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou
organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços
ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas
as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra
o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal,
excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da
Justiça Militar;
SEÇÃO V
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO
83
Inciso alterado pela Emenda Constitucional nº, 24 de 09 de dezembro de 1999.
Redação Anterior
III - as Juntas de Conciliação e Julgamento.
84
Redação alterada pela Emenda Constitucional nº, 24 de 09 de dezembro de 1999.
Redação Anterior
§ 1º - O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais
de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pelo
Senado Federal, sendo :
85
Redação Anterior
I - dezessete togados e vitalícios, dos quais onze escolhidos dentre juízes de carreira da magistratura trabalhista, três
dentre advogados e três dentre membros do Ministério Público do Trabalho;
86
Redação Anterior
87
§ 2º - O Tribunal encaminhará ao Presidente da República listas tríplices, observando-se,
quanto às vagas destinadas aos advogados e aos membros do Ministério Público, o disposto
no art. 94; as listas tríplices para o provimento de cargos destinados aos juízes da
magistratura trabalhista de carreira deverão ser elaboradas pelos Ministros togados e
vitalícios.
§ 3º - A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.
88
Art. 112 - Haverá pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito
Federal, e a lei instituirá as Varas do Trabalho, podendo, nas comarcas onde não forem
instituídas, atribuir sua jurisdição aos juízes de direito.
89
Art. 113 - A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e
condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.
Art. 114 - Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos
entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da
União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os
litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.
§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação ou à arbitragem, é facultado aos
respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo, podendo a Justiça do Trabalho estabelecer
normas e condições, respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção
ao trabalho.
90
§ 3° - Compete ainda à Justiça do Trabalho executar, de ofício, as contribuições sociais
previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que
proferir."
91
Art. 115 - Os Tribunais Regionais do Trabalho serão compostos de juízes nomeados pelo
Presidente da República, observada a proporcionalidade estabelecida no § 2º do art. 111.
88
Redação Alterada pela Emenda Constitucional nº 24, de 09 de dezembro de 1999
Redação anterior
Art. 112 - Haverá pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito Federal, e a lei
instituirá as Juntas de Conciliação e Julgamento, podendo, nas comarcas onde não forem instituídas, atribuir sua
jurisdição aos juízes de direito
89
Redação Alterada pela Emenda Constitucional nº 24, de 09 de dezembro de 1999
Redação anterior
Art. 113 - A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício
dos órgãos da Justiça do Trabalho, assegurada a paridade de representação de trabalhadores e empregadores.
90
*§ 3° incluido pela Emenda Constitucional nº 20 de 15 de dezembro de 1998.
91
Redação Alterada pela Emenda Constitucional nº 24, de 09 de dezembro de 1999
Redação anterior
Art. 115 - Os Tribunais Regionais do Trabalho serão compostos de juízes nomeados pelo Presidente da República,
sendo dois terços de juízes togados vitalícios e um terço de juízes classistas temporários, observada, entre os juízes
togados, a proporcionalidade estabelecida no art. 111, § 1º, I.
SEÇÃO VI
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS
92
Redação Anterior
III - classistas indicados em listas tríplices pelas diretorias das federações e dos sindicatos com base territorial na
região.
93
Redação Anterior
A Junta de Conciliação e Julgamento será composta de um juiz do trabalho, que a presidirá, e dois juízes classistas
temporários, representantes dos empregados e dos empregadores.
94
Redação Anterior
Parágrafo Único - Os juízes classistas das Juntas de Conciliação e Julgamento serão nomeados pelo Presidente do
Tribunal Regional do Trabalho, na forma da lei, permitida uma recondução.
95
Redação Anterior
Art. 117 - O mandato dos representantes classistas, em todas as instâncias, é de três anos.
Parágrafo único - Os representantes classistas terão suplentes.
SEÇÃO VII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES
SEÇÃO VIII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS
Art. 125 - Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
§ 1º - A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de
organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou
atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a
atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
§ 3º - A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
estadual, constituída, em primeiro grau, pelos Conselhos de Justiça e, em segundo, pelo
próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo da
polícia militar seja superior a vinte mil integrantes.
§ 4º - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os policiais militares e bombeiros
militares nos crimes militares definidos em lei, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a
perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
Art. 126 - Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça designará juízes de entrância
especial, com competência exclusiva para questões agrárias.
Parágrafo único - Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á
presente no local do litígio.
CAPÍTULO IV
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
SEÇÃO I
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
96
§ 2º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"§ 2º - Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art.
169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso
público de provas e de provas e títulos; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento."
97
alínea c com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"c) irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o que dispõem os arts. 37, XI, 150, II, 153, III,
153, § 2º, I;"
SEÇÃO II
DA ADVOCACIA PÚBLICA
98
Art. 132 - Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual
o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria
jurídica das respectivas unidades federadas.
Parágrafo único - Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após
três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos
próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.
SEÇÃO III
DA ADVOCACIA E DA DEFENSORIA PÚBLICA
Art. 133 - O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
Art. 134 - A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma
do art. 5º, LXXIV.
Parágrafo único - Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito
Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em
cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos,
assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da
advocacia fora das atribuições institucionais.
99
Art. 135 - Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste
Capítulo serão remunerados na forma do art. 39, § 4º.
TÍTULO VIII
DA ORDEM SOCIAL
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÃO GERAL
Art. 193 - A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a
justiça sociais.
98
art. 132 com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"Art. 132 - Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica
das respectivas unidades federadas, organizados em carreira na qual o ingresso dependerá de concurso público de
provas e títulos, observado o disposto no art. 135."
99
art. 135 com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"Art. 135 - Às carreiras disciplinadas neste Título aplicam-se o princípio do art. 37, XII, e o art. 39, § 1º."
CAPÍTULO II
DA SEGURIDADE SOCIAL
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 194 - A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.
Parágrafo único - Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade
social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
100
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e
do Governo nos órgãos colegiados.
Art. 195 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes
sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a
qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
* alíneas a, b e c, acrecentadas pela Emenda Constitucional nº 20 de 15 de
dezembro de 1998.
101
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência
social de que trata o art. 201;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
100
Inciso VII com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"VII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em especial
de trabalhadores, empresários e aposentados.
101
Inciso II com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
SEÇÃO II
DA SAÚDE
Art. 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
102
§ 8 com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"§ 8 - O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro e o pescador artesanal, bem como os
respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes,
contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da
produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
Art. 197 - São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público
dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de
direito privado.
Art. 198 - As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
103
§ 1º - O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do
orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
além de outras fontes.
104
§ 2º - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em
ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais
calculados sobre:
I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º;
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a
que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a,
e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos
a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea
b e § 3º.
105
§ 3º - Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:
I - os percentuais de que trata o § 2º;
II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus
respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas
federal, estadual, distrital e municipal;
IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.
Art. 199 - A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de
saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições
privadas com fins lucrativos.
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na
assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos,
tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a
coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de
comercialização.
Art. 200 - Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
103
Parágrafo único renomeado para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de 13.09.00
104
§ 2º e incisos acrescentados pela Emenda Constitucional nº 29, de 13.09.00
105
§ 3º e incisos acrescentados pela Emenda Constitucional nº 29, de 13.09.00
SEÇÃO III
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
106
Art. 201 - A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes, observado o disposto no § 2°.
107
§ 1º - É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos
de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, definidos em lei complementar.
108
§ 2º - Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho
do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo.
106
§ 201º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"§ 201º - A remuneração dos Deputados Estaduais será fixada em cada legislatura, para a subseqüente, pela Assembléia
Legislativa, observado o que dispõem os arts. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, na razão de, no máximo, 75% (setenta e
cinco por cento) daquela estabelecida, em espécie, para os Deputados Federais."
107
§1º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"§1º - Qualquer pessoa poderá participar dos benefícios da previdência social, mediante contribuição na forma dos
planos previdenciários.
108
§2º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
109
§ 3º - Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão
devidamente atualizados, na forma da lei.
110
§ 4º - É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.
111
§ 5º - É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado
facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.
112
§ 6º - A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos
proventos do mês de dezembro de cada ano.
113
§ 7º - É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da
lei, obedecidas as seguintes condições:
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher,
reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os
que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor
rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
* Incisos I e II acrescentados pela Emenda Constitucional nº 20 de 15 de
dezembro de 1998.
Redação Anterior:
"§2º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
critérios definidos em lei.
109
§3º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"§3º Todos os salários de contribuição considerados no cálculo de benefício serão corrigidos monetariamente.
110
§4º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"§4º Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição
previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.
111
§5º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"§5º - Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor
mensal inferior ao salário mínimo.
112
§ 7º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"§ 7º - A previdência social manterá seguro coletivo, de caráter complementar e facultativo, custeado por contribuições
adicionais.
113
§ 7º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"§ 7º - A previdência social manterá seguro coletivo, de caráter complementar e facultativo, custeado por contribuições
adicionais.
114
§ 8º - Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em
cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
§ 9° - Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de
contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que
os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios
estabelecidos em lei.
§ 10º - Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida
concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado.
§ 11º - Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário
para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos
casos e na forma da lei."
*§§ 9, 10 e 11 acrescentados pela Emanda Constitucional nº de 15 de dezembro de
1998.
115
Art. 202 - O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma
autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na
constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar.
116
§ 1º - A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de
benefícios de entidades de previdência privada o pleno acesso às informações relativas à
gestão de seus respectivos planos.
117
§ 2º - As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas
nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não
114
§ 8º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"§ 8º - É vedado subvenção ou auxílio do Poder Público às entidades de previdência privada com fins lucrativos.
115
Art. 202 com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"Art. 202 - É assegurada aposentadoria, nos termos da lei, calculando-se o benefício sobre a média dos trinta e seis
últimos salários de contribuição, corrigidos monetariamente mês a mês, e comprovada a regularidade dos reajustes dos
salários de contribuição de modo a preservar seus valores reais e obedecidas as seguintes condições:
I - aos sessenta e cinco anos de idade, para o homem, e aos sessenta, para a mulher, reduzido em
cinco anos o limite de idade para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que
exerçam suas atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor rural, o
garimpeiro e o pescador artesanal;
II - após trinta e cinco anos de trabalho, ao homem, e, após trinta, à mulher, ou em tempo inferior,
se sujeitos a trabalho sob condições especiais, que prejudiquem a saúde ou a integridade física,
definidas em lei;
III - após trinta anos, ao professor, e, após vinte e cinco, à professora, por efetivo exercício de
função de magistério.
116
§ 1º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
"§ 1º - É facultada aposentadoria proporcional, após trinta anos de trabalho, ao homem, e, após vinte e cinco, à mulher.
117
§ 2º com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98
Redação Anterior:
integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios
concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei.
§ 3° - É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na
qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado.
§ 4° - Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou
Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas
controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de
previdência privada, e suas respectivas entidades fechadas de previdência privada.
§ 5° - A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-se-á, no que couber, às
empresas privadas permissionárias ou concessionárias de prestação de serviços públicos,
quando patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada.
§ 6°- A lei complementar a que se refere o § 4° deste artigo estabelecerá os requisitos para a
designação dos membros das diretorias das entidades fechadas de previdência privada e
disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias de decisão em que seus
interesses sejam objeto de discussão e deliberação.
§§ 3, 4, 5 e 6, acrescentados pela Emenda Constitucional nº 20 de 15 de dezembro
de 1998.
SEÇÃO IV
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 203 - A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de
sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção
ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Art. 204 - As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos
do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas
com base nas seguintes diretrizes:
I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à
esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas
estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação
das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
"§ 2º - Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração
pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos sistemas de previdência social se
compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.
CAPÍTULO III
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
SEÇÃO I
DA EDUCAÇÃO
Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206 - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
118
V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de
carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso
exclusivamente por concurso público de provas e títulos;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
Art. 207 - As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão
financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão.
§ 1º - É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na
forma da lei.
§ 2º - O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa científica e tecnológica.
Art. 208 - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
119
I - ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita
para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
120
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um;
118
inciso V com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98.
Redação Anterior:
"V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público,
com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime
jurídico único para todas as instituições mantidas pela União;"
119
inciso I com nova redação dada pela Emenda Constitucional n.º 14, de 12 de setembro de 1996, entrando em vigor
no dia 1º de janeiro de 1997.
120
inciso II com nova redação dada pela Emenda Constitucional n.º 14, de 12 de setembro de 1996, entrando em vigor
no dia 1º de janeiro de 1997.
121
§ 1º com nova redação dada pela Emenda Constitucional n.º 14, de 12 de setembro de 1996, entrando em vigor no
dia 1º de janeiro de 1997.
122
§ 2º com nova redação dada pela Emenda Constitucional n.º 14, de 12 de setembro de 1996, entrando em vigor no
dia 1º de janeiro de 1997.
123
§ 3º acrescentado pela Emenda Constitucional n.º 14, de 12 de setembro de 1996, entrando em vigor no dia 1º de
janeiro de 1997.
124
§ 4º acrescentado pela Emenda Constitucional n.º 14, de 12 de setembro de 1996, entrando em vigor no dia 1º de
janeiro de 1997.
SEÇÃO II
DA CULTURA
Art. 215 - O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da
cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-
brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os
diferentes segmentos étnicos nacionais.
Art. 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
125
§ 5º com nova redação dada pela Emenda Constitucional n.º 14, de 12 de setembro de 1996, entrando em vigor no
dia 1º de janeiro de 1997.
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação
governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores
culturais.
§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências
históricas dos antigos quilombos.
SEÇÃO III
DO DESPORTO
Art. 217 - É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de
cada um, observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua
organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional
e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não-profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas
após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, reguladas em lei.
§ 2º - A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do
processo, para proferir decisão final.
§ 3º - O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.
CAPÍTULO IV
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CAPÍTULO V
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
126
Art. 222 - A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens
é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.
§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das
empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta
ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos, que exercerão
obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação.
§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação
veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos, em
qualquer meio de comunicação social.
§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica, independentemente da tecnologia utilizada
para a prestação do serviço, deverão observar os princípios enunciados no art. 221, na forma
de lei específica, que também garantirá a prioridade de profissionais brasileiros na execução
de produções nacionais.
§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas empresas de que trata o § 1º.
§ 5º As alterações de controle societário das empresas de que trata o § 1º serão comunicadas
ao Congresso Nacional.
Art. 223 - Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização
para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da
complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.
§ 1º - O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, §§ 2º e 4º, a contar do
recebimento da mensagem.
§ 2º - A não-renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo,
dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal.
§ 3º - O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação do
Congresso Nacional, na forma dos parágrafos anteriores.
§ 4º - O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de
decisão judicial.
§ 5º - O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de
quinze para as de televisão.
Art. 224 - Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como órgão
auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
126
Art. 222 com nova redação dada pela Emenda Constitucional n.º 36, de 28 de maio de 2002.
Redação anterior:
"Art. 222 - A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de
brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos, aos quais caberá a responsabilidade por sua administração e
orientação intelectual .
§ 1º - É vedada a participação de pessoa jurídica no capital social de empresa jornalística ou de radiodifusão, exceto a
de partido político e de sociedades cujo capital pertença exclusiva e nominalmente a brasileiros.
§ 2º - A participação referida no parágrafo anterior só se efetuará através de capital sem direito a voto e não poderá
exceder a 30 por cento do capital social."
CAPÍTULO VII
DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO
§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por
mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de
dois anos.
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável,
o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por
parte de instituições oficiais ou privadas.
§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram,
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
§ 1º - O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do
adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo os
seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência
materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores
de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente
portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e
obstáculos arquitetônicos.
§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público
e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às
pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no
art. 7º, XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na
relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a
legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida
privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e
subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente
dependente de entorpecentes e drogas afins.
§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do
adolescente.
§ 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e
condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
CADERNOS DIGITAIS
SÉRIE CONCURSO
FASCÍCULO
DIREITO
ADMINISTRATIVO
DIREITO ADMINISTRATIVO
Direito Administrativo é o ramo do Direito no qual iremos centralizar os nossos estudos. Podemos
definir que Direito Administrativo corresponde ao estudo da disciplina jurídica da atividade que o
Estado desenvolve, através de atos concretos e executórios, para consecução do interesse públi-
co.
Devemos dizer também que se trata de ramo de Direito Público, posto que se torna patente a su-
premacia do interesse público sobre o interesse particular, definindo, desta forma, o chamado re-
gime jurídico-administrativo.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Antes de falar sobre a estrutura da Administração Pública brasileira, é importante que sejam da-
dos conceitos de alguns importantes institutos, quais sejam: Estado, Governo e Administração
Pública.
O Estado, sinteticamente, é o ente que necessariamente é composto por três elementos essenci-
ais: povo, território e governo soberano. Para que o Estado exerça suas funções, este manifesta-
se por meio dos Poderes do Estado (ou Funções do Estado), que são o Legislativo, o Executivo e
o Judiciário, independentes e harmônicos entre si, conforme assevera a nossa Constituição Fede-
ral (art. 2º).
A função principal do Poder Legislativo é a elaboração de leis (função legislativa), a função princi-
pal do Poder Executivo é a execução das leis (função administrativa), enquanto que a função prin-
cipal do Poder Judiciário é a aplicação das leis aos casos concretos (função judicial).
Aqui, cabe um primeiro alerta aos leitores, pois em várias questões de prova, tenho visto que os
examinadores tentam confundir os concursandos ao tentar vincular a função administrativa exclu-
sivamente ao Poder Executivo, o que é um erro, pois conforme expliquei, cada um dos três Pode-
res desempenham cada uma dessas funções de maneira precípua, mas todos eles desempenham
todas as funções. Ou seja o Poder Executivo, também legisla e julga; o Poder Legislativo, também
executa e julga e o Poder Judiciário, também executa e legisla, mas em todos esses casos de
forma secundária.
A Administração Pública pode classificar-se em: Administração Pública em sentido objetivo, que
refere-se às atividades exercidas pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes incumbidos de aten-
der concretamente às necessidades coletivas", e Administração Pública em sentido subjetivo, que
refere-se aos órgãos integrantes das pessoas jurídicas políticas (União, Estados, Municípios e
Distrito Federal), aos quais a lei confere o exercício de funções administrativas.
Cada um desses entes políticos possui sua organização administrativa. Será objeto do nosso es-
tudo, a estrutura administrativa federal, ou seja da União. O Decreto-Lei n.º 200, de 25 de feverei-
ro de 1967, dispõe sobre a organização da Administração Federal, e em seu art. 4º estabelece a
divisão entre administração direta e indireta.
As autarquias e as fundações públicas têm natureza jurídica de direito público, enquanto que as
empresas públicas e sociedades de economia mista têm natureza jurídica de direito privado. Cabe
frisar ao leitor a grande importância deste texto legal, objeto de várias questões de prova.
Deve-se ter em mente que esses entes citados pertencem à Administração Pública federal e estão
no ordenamento jurídico legal, ou seja, estão positivados (na lei). Existem vários outros entes, que
pertencem à Administração Pública Indireta segundo a doutrina (ou seja, o sistema teórico de
princípios aplicáveis ao direito positivo, consubstanciado pelo consenso dos escritores) e não es-
tão positivados, tais como os entes cooperativos (ou entes de cooperação)
Regime Jurídico-Administrativo
Avaliação
Baseia-se na harmonia entre duas idéias opostas: De um lado, a necessidade de satisfação dos
interesses públicos (igual o bem comum da coletividade aí incluída a prestação de serviços públi-
cos), conduz à outorga de prerrogativas e privilégios para a Administração Pública. Do outro lado,
a proteção aos direitos individuais (conquista alcançada com o fim do Estado absolutista e a e-
mergência do Estado liberal, muito bem representada pela Revolução Francesa) frente ao Estado,
serve de fundamento ao princípio da legalidade, um dos esteios do Estado de Direito, ou seja a
Administração Pública em toda a sua atuação sujeita-se à fiel observância à Constituição e às leis.
Conceito
ESTRUTURA ADMINISTRATIVA
Conceito
O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é considerado. Do ponto de vista sociológi-
co, é corporação territorial dotada de um poder de mando originário; sob o aspecto político, é co-
munidade de homens, fixada sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de
coerção; sob o prisma constitucional, é pessoa jurídica territorial soberana; na conceituação do
nosso Código Civil, é pessoa jurídica de Direito Público Interno (art. 14, I). Como ente personali-
zado, o Estado tanto pode atuar no campo do Direito Público como no do Direito Privado, manten-
do sempre sua única personalidade de Direito Público, pois a teoria da dupla personalidade do
Estado acha-se definitivamente superada.
Elementos do Estado
Poderes do Estado
Os Poderes de Estado, na clássica tripartição de Montesquieu, até hoje adotada nos Estados de
Direito, são o Legislativo, o Executivo e o judiciário, independentes e harmônicos entre si e com
suas funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º).
Organização do Estado
No Estado Federal, que é o que nos interessa, a organização política era dual, abrangendo uni-
camente a União (detentora da Soberania) e os Estados-membros ou Províncias (com autonomia
política, além da administrativa e financeira). Agora, a nossa Federação compreende a União, os
Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios, que também são entidades estatais, com
autonomia política reconhecida pela Constituição da República (art. 18), embora em menor grau
que a dos Estados-membros (art. 25).
Na nossa Federação, portanto, as entidades estatais, ou seja, entidades com autonomia política
(além da administrativa e financeira), são unicamente a União, os Estados-membros, os Municí-
pios e o Distrito Federal. As demais pessoas jurídicas instituídas ou autorizadas a se constituírem
por lei ou são autarquias, ou são fundações, ou são entidades paraestatais. Esse conjunto de en-
tidades estatais, autárquicas, fundacionais e paraestatais constitui a Administração Pública em
sentido instrumental amplo, ou seja, a Administração centralizada e a descentralizada, atualmente
denominada direta e indireta.
Organização da Administração
Após a organização soberana do Estado, com a instituição constitucional dos três Poderes que
compõem o Governo, e a divisão política do território nacional, segue-se a organização da Admi-
nistração, ou seja, a estruturação legal das entidades e órgãos que irão desempenhar as funções,
através de agentes públicos (pessoas físicas). Essa organização faz-se normalmente por lei, e
excepcionalmente por decreto e normas inferiores, quando não exige a criação de cargos nem
aumenta a despesa pública.
Governo e Administração são termos que andam juntos e muitas vezes confundidos, embora ex-
pressem conceitos diversos nos vários aspectos em que se apresentam.
Administração Pública, em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos
objetivos do Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços
públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técni-
co, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em beneficio da coletividade. Numa
visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização
de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. A Administração não pratica
atos de governo; pratica, tão-somente, atos de execução, com maior ou menor autonomia funcio-
nal, segundo a competência do órgão e de seus agentes. São os chamados atos administrativos.
O Governo e a Administração, como criações abstratas da Constituição e das leis, atuam por in-
termédio de suas entidades (pessoas jurídicas), de seus órgãos (centros de decisão) e de seus
agentes (pessoas físicas investidas em cargos e funções).
Entidades
Entidades Políticas
Entidades estatais são pessoas jurídicas de Direito Público que integram a estrutura constitucional
do Estado e têm poderes políticos e administrativos, tais como a União, os Estados-membros, os
Municípios e o Distrito Federal. A União é soberana; as demais entidades estatais tem apenas
autonomia política, administrativa e financeira, mas não dispõem de soberania, que é privativa da
Nação e própria da Federação.
Entidades Administrativas
Entidades autárquicas são pessoas jurídicas de Direito Público, de natureza meramente adminis-
trativa, criadas por lei específica, para a realização de atividades, obras ou serviços descentraliza-
dos da entidade estatal que as criou. Funcionam e operam na forma estabelecida na lei instituido-
ra e nos termos de seu regulamento. As autarquias podem desempenhar atividades econômicas,
educacionais, previdenciárias e quaisquer outras outorgadas pela entidade estatal-matriz, mas
sem subordinação hierárquica, sujeitas apenas ao controle finalístico de sua administração e da
conduta de seus dirigentes.
Entidades fundacionais são, pela nova orientação da Constituição da República de 1988, pessoas
jurídicas de Direito Público, assemelhadas às autarquias, como já decidiu o Supremo Tribunal
Federal. São criadas por lei especifica com as atribuições que lhes forem conferidas no ato de sua
instituição.
Entidades paraestatais são pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação é autorizada por lei
especifica para a realização de obras, serviços ou atividades de interesse coletivo. São espécies
de entidades paraestatais as empresas públicas, as sociedades de economia mista e os serviços
sociais autônomos (SESI, SESC, SENAI e outros). As entidades paraestatais são autônomas,
administrativa e financeiramente, têm patrimônio próprio e operam em regime da iniciativa particu-
lar, na forma de seus estatutos, ficando vinculadas (não subordinadas) a determinado órgão da
entidade estatal a que pertencem, o qual supervisiona e controla seu desempenho estatutário,
sem interferir diretamente na sua administração.
Órgãos Públicos
Órgãos públicos são centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais,
através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem. São unida-
des de ação com atribuições especificas na organização estatal. Cada órgão, como centro de
competência governamental ou administrativa, tem necessariamente funções, cargos e agentes,
mas é distinto desses elementos, que podem ser modificados, substituídos ou retirados sem su-
pressão da unidade orgânica. Isto explica por que a alteração de funções, ou a vacância dos car-
gos, ou a mudança de seus titulares não acarreta a extinção do órgão.
Os órgãos integram a estrutura do Estado e das demais pessoas jurídicas como partes desses
corpos vivos, dotados de vontade e capazes de exercer direitos e contrair obrigações para a con-
secução de seus fins institucionais. Por isso mesmo, os órgãos não têm personalidade jurídica
nem vontade própria, que são atributos do corpo e não das partes, mas na área de suas atribui-
ções e nos limites de sua competência funcional expressam a vontade da entidade a que perten-
cem e a vinculam por seus atos, manifestados através de seus agentes (pessoas físicas).
Embora despersonalizados, os órgãos mantém relações funcionais entre si e com terceiros, das
quais resultam efeitos jurídicos internos e externos, na forma legal ou regulamentar. E, a despeito
de não terem personalidade jurídica, os órgãos podem ter prerrogativas funcionais próprias que,
quando infringidas por outro órgão, admitem defesa ate mesmo por mandado de segurança.
Quando o agente ultrapassa a competência do órgão surge a sua responsabilidade pessoal pe-
rante a entidade, como também, quando esta desconsidera direitos do titular do órgão, pode ser
compelida judicialmente a respeitá-los. Há, pois, que distinguir a atuação funcional do agente,
sempre imputável à Administração, da atuação pessoal do agente além da sua competência fun-
cional ou contra a Administração na defesa de direitos individuais de servidor público: aquela de-
flui de relações orgânicas; esta resulta de relações de serviço.
Muitas classificações tem sido elaboradas para os órgãos públicos, na sua maioria sem interesse
prático, pelo quê nos permitimos omiti-las, para grupá-los apenas quanto à sua posição estatal,
estrutura e atuação funcional, porque essas divisões revelam as características próprias de cada
categoria e facilitam a compreensão de seu funcionamento, suas prerrogativas e seu relaciona-
mento interno e externo.
Quanto à posição estatal, ou seja, relativamente à posição ocupada pelos órgãos na escala go-
vernamental ou administrativa, eles se classificam em: independentes, autônomos, superiores e
subalternos.
Órgãos superiores são os que detêm poder de direção, controle, decisão e comando dos assuntos
de sua competência específica, mas sempre sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico de
uma chefia mais alta. Não gozam de autonomia administrativa nem financeira, que são atributos
dos órgãos independentes e dos autônomos a que pertencem. Sua liberdade funcional restringe-
se ao planejamento e soluções técnicas, dentro da sua área de competência, com responsabilida-
de pela execução, geralmente a cargo de seus órgãos subalternos.
Nessa categoria estão as primeiras repartições dos órgãos independentes e dos autônomos, com
variadas denominações, tais como Gabinetes, Secretarias-Gerais, Inspetorias-Gerais, Procurado-
rias Administrativas e judiciais, Coordenadorias, Departamentos e Divisões. O nome dado ao ór-
gão é irrelevante; o que importa para caracterizá-lo superior é a preeminência hierárquica na área
de suas atribuições. Assim, num Ministério ou numa Secretaria de Estado poderão existir tantos
órgãos superiores quantas forem as áreas em que o órgão autônomo se repartir para o melhor
desempenho de suas atribuições.
Órgãos subalternos são todos aqueles que se acham hierarquizados a órgãos mais elevados, com
reduzido poder decisório e predominância de atribuições de execução. Destinam-se à realização
de serviços de rotina, tarefas de formalização de atos administrativos, cumprimento de decisões
superiores e primeiras soluções em casos individuais, tais como os que, nas repartições públicas,
executam as atividades-meios e atendem ao público, prestando-lhe informações e encaminhando
seus requerimentos, como são as portarias e seções de expediente.
Quanto à estrutura, os órgãos podem ser simples ou compostos. Órgãos simples ou unitários são
os constituídos por um só centro de competência.
O que tipifica o órgão como simples ou unitário é a inexistência de outro órgão incrustado na sua
estrutura, para realizar desconcentradamente sua função principal ou para auxiliar seu desempe-
nho.
Órgãos Compostos são os que reúnem na sua estrutura outros órgãos menores, com função prin-
cipal idêntica (atividade-fim realizada de maneira desconcentrada) ou com funções auxiliares di-
versificadas (atividades-meios atribuídas a vários órgãos menores). Assim, uma Secretaria de
Educação - órgão composto - tem na sua estrutura muitas unidades escolares - órgãos menores
com atividade-fim idêntica - e órgãos de pessoal, de material, de transporte etc. - órgãos menores
com atividades-meios diversificadas que auxiliam a realização do ensino, mas todos eles integra-
dos e hierarquizados ao órgão maior.
No órgão composto, o maior e de mais alta hierarquia envolve os menores e inferiores, formando
com eles um sistema orgânico, onde as funções são desconcentradas (e não descentralizadas),
isto é, distribuídas a vários centros de competência, que passam a realizá-las com mais presteza
e especialização, mas sempre sob a supervisão do órgão mais alto e fiscalização das chefias i-
mediatas, que têm o poder de avocação e de revisão dos atos das unidades menores, salvo nos
órgãos independentes.
Órgãos singulares ou unipessoais são os que atuam e decidem através de um único agente, que
é seu chefe e representante. Esses podem ter muitos outros agentes auxiliares, como normalmen-
te os têm, mas o que caracteriza sua singularidade ou unipessoalidade é o desempenho de sua
função precípua por um só agente investido como seu titular. São exemplos desses órgãos a Pre-
sidência da República, as Governadorias dos Estados, as Prefeituras Municipais, que concentram
as funções executivas das respectivas entidades estatais, enfeixam-nas num só cargo de chefia
suprema e atribuem seu exercício a um único titular.
Órgãos colegiados ou pluripessoais são todos aqueles que atuam e decidem pela manifestação
conjunta e majoritária da vontade de seus membros. Nos órgãos colegiados não prevalece a von-
tade individual de seu Chefe ou Presidente, nem a de seus integrantes isoladamente: o que se
impõe e vale juridicamente é a decisão da maioria, expressa na forma legal, regimental ou estatu-
tária.
A atuação desses órgãos tem procedimento próprio, que se desenvolve nesta ordem: convoca-
ção, sessão, verificação de quorum e de impedimentos, discussão, votação e proclamação do
resultado. Com a proclamação do resultado torna-se inalterável a deliberação colegial, só admitin-
do modificação ou correção através de novo pronunciamento do órgão, se cabível, por via recursal
ou de ofício.
Apreciados os órgãos públicos como centros de competência, aptos à realização das funções do
Estado, vejamos, agora, as pessoas físicas que atuam como seus agentes, com parcelas de seu
poder.
Agentes Públicos
Agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exer-
cício de alguma função estatal. Os agentes normalmente desempenham funções do órgão, distri-
buídas entre os cargos de que são titulares, mas excepcionalmente podem exercer funções sem
cargo. A regra é a atribuição de funções múltiplas e genéricas ao órgão, as quais são repartidas
especificamente entre os cargos, ou individualmente entre os agentes de função sem cargo. Em
qualquer hipótese, porém, o cargo ou a função pertence ao Estado, e não ao agente que o exerce,
razão pela qual o Estado pode suprimir ou alterar cargos e funções sem nenhuma ofensa aos di-
reitos de seus titulares, como podem desaparecer os titulares sem extinção dos cargos e funções.
Os cargos são apenas os lugares criados no órgão para serem providos por agentes que exerce-
rão as suas funções na forma legal. O cargo é lotado no órgão e o agente é investido no cargo.
Por aí se vê que o cargo integra o órgão, ao passo que o agente, como ser humano, unicamente
titulariza o cargo para servir ao órgão. Órgão, função e cargo são criações abstratas da lei; agente
é a pessoa humana, real, que infunde vida, vontade e ação a essas abstrações legais.
As funções são os encargos atribuídos aos órgãos, cargos e agentes. O órgão normalmente rece-
be a função in genere e a repassa aos seus cargos in specie, ou a transfere diretamente a agen-
tes sem cargo, com a necessária parcela de poder público para o seu exercício. Toda função é
atribuída e delimitada por norma legal. Essa atribuição e delimitação funcional configuram a com-
petência do órgão, do cargo e do agente, ou seja, a natureza da função e o limite de poder para o
seu desempenho. Dai por que, quando o agente ultrapassa esse limite, atua com abuso ou exces-
so de poder.
Os agentes públicos, gênero que acima conceituamos, repartem-se inicialmente em quatro espé-
cies ou categorias bem diferenciadas, a saber: agentes políticos, agentes administrativos, agentes
honoríficos e agentes delegados, que, por sua vez, se subdividem em subespécies ou subcatego-
rias, como veremos a seu tempo.
Agentes políticos são os componentes do Governo nos seus primeiros escalões, investidos em
cargos, funções, mandatos ou comissões, por nomeação, eleição, designação ou delegação para
o exercício de atribuições constitucionais. Esses agentes atuam com plena liberdade funcional,
desempenhando suas atribuições com prerrogativas e responsabilidades próprias, estabelecidas
na Constituição e em leis especiais. Não são servidores públicos, nem se sujeitam ao regime jurí-
dico único estabelecido pela Constituição de 1988. Têm normas específicas para sua escolha,
investidura, conduta e processo por crimes funcionais e de responsabilidade, que lhes são privati-
vos.
Agentes administrativos são todos aqueles que se vinculam ao Estado ou às suas entidades au-
tárquicas e fundacionais por relações profissionais, sujeitos à hierarquia funcional e ao regime
jurídico único da entidade estatal a que servem. São investidos a titulo de emprego e com retribui-
ção pecuniária, em regra por nomeação e, excepcionalmente, por contrato de trabalho ou creden-
ciamento. Nessa categoria incluem-se, também, os dirigentes de entidades paraestatais (não os
seus empregados), como representantes da Administração indireta do Estado, os quais, nomea-
dos ou eleitos, passam a ter vinculação funcional com órgãos públicos da Administração direta,
controladores da entidade.
Os agentes administrativos não são membros de Poder de Estado, nem o representam, nem e-
xercem atribuições políticas ou governamentais; são unicamente servidores públicos, com maior
ou menor hierarquia, encargos e responsabilidades profissionais dentro do órgão ou da entidade a
que servem, conforme o cargo ou a função em que estejam investidos. De acordo com a posição
hierárquica que ocupam e as funções que lhes são cometidas, recebem a correspondente parcela
de autoridade pública para o seu desempenho no plano administrativo, sem qualquer poder políti-
co.
Agentes honoríficos são cidadãos convocados, designados ou nomeados para prestar, transitori-
amente, determinados serviços ao Estado, em razão de sua condição cívica, de sua honorabilida-
de ou de sua notória capacidade profissional, mas sem qualquer vínculo empregatício ou estatutá-
rio e, normalmente sem renumeração. Tais serviços constituem o chamado múnus público, ou
serviços públicos relevantes, de que são exemplos a função de jurado, de mesário eleitoral, de
comissário de menores, de presidente ou membro de comissão de estudo ou de julgamento e
outros dessa natureza.
Os agentes honoríficos não são funcionários públicos, mas momentaneamente exercem uma fun-
ção pública e, enquanto a desempenham, sujeitam-se à hierarquia e disciplina do órgão a que
estão servindo, podendo perceber um pro labore e contar o período de trabalho como de serviço
público.
Embora nossa legislação seja omissa a respeito, esses agentes, quando atuam no exercício da
delegação ou a pretexto de exerce-la e lesam direitos alheios, devem responder civil e criminal-
mente sob as mesmas normas da administração Pública de que são delegados, ou seja, com res-
ponsabilidade objetiva pelo dano (CF, art. 37, § 6º), e por crime funcional, se for o caso (CP, art.
327), pois não é justo e jurídico que a só transferencia da execução de uma obra ou de um serviço
originariamente público a particular descaracterize sua intrínseca natureza estatal e libere o exe-
cutor privado das responsabilidades que teria o Poder Público se o executasse diretamente.
Falemos sobre a investidura dos agentes públicos. Todo agente público vincula-se ao Estado por
meio de ato ou procedimento legal a que se denomina investidura, variável na forma e nos efeitos,
segundo a natureza do cargo, do emprego, da função ou do mandato que se atribui ao investido.
Investidura administrativa: é toda aquela que vincula o agente a cargo, função ou mandato admi-
nistrativo, atendidos os requisitos de capacidade e idoneidade que a lei estabelecer. Destina-se,
em geral, a composição dos quadros do serviço público, em sentido amplo, abrangendo o pessoal
dos três Poderes e dos serviços autárquicos. A forma usual dessa investidura é a nomeação, por
A investidura política realiza-se, em regra, por eleição direta ou indireta, mediante sufrágio univer-
sal, ou restrito a determinados eleitores, na forma da Constituição da República (arts. 2º e 14),
para mandatos nas Corporações Legislativas (Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assem-
bléia Legislativas e Câmaras Municipais) ou nas Chefias dos Executivos (Presidente da Repúbli-
ca, Governadores de Estados-membros, Governadores do Distrito Federal e Prefeitos Municipais).
O fundamento dessa investidura é a condição cívica do cidadão, razão pela qual não se exigem
do candidato requisitos profissionais, mas apenas a plenitude de seus direitos políticos, nos ter-
mos da legislação eleitoral. Considera-se, também, investidura política a dos altos cargos do Go-
verno, como os de Ministros e Secretários de Estados, Ministros dos Tribunais Superiores, Procu-
rador-geral da República e Governadores de Territórios, com a diferença de que os eleitos exer-
cem mandato por tempo certo, só cassável, em princípio, pelo Plenário da respectiva corporação,
e os nomeados, cargo em comissão (de confiança), sendo, por isso mesmo, exoneráveis ad nu-
tum, a qualquer tempo.
É de se distinguir, todavia, a eleição política da eleição administrativa, visto que aquela é feita di-
retamente pelo povo, ou indiretamente, por seus representantes, para uma investidura cívica, e
esta é realizada internamente pelos próprios pares do eleito, no seio do colegiado, ou por votantes
(não eleitores) da categoria profissional a que pertence o candidato ao mandato.
Vamos fazer a distinção entre investidura originária e derivada. Investidura originária é a que vin-
cula inicialmente o agente ao Estado, tal como a primeira nomeação para cargo público a que se
refere a Constituição (art. 37, II); investidura derivada é aquela que se baseia em anterior vincula-
ção do agente com a Administração, como a promoção, a transferência, a remoção, a reintegra-
ção etc. Para o funcionalismo em geral, a investidura originária depende de concurso público de
provas, ou de provas e títulos, salvo as dispensas indicadas em lei; a investidura derivada nor-
malmente se faz por seleção interna pelo sistema de mérito e tempo de serviço, na forma estatu-
tária.
Temos também as investiduras vitalícia, efetiva e em comissão. Investidura vitalícia é a que tem
caráter perpétuo, como a dos Magistrados, e cuja destituição exige processo judicial; investidura
efetiva é a que tem presunção de definitividade, para tornar o agente estável no serviço após o
estágio probatório, pelo quê a sua destituição depende de processo administrativo; investidura em
comissão é a de natureza transitória, para cargos ou funções de confiança, sendo o agente exo-
nerável ad nutum, a qualquer tempo, e independentemente de justificativa. Nesta modalidade de
investidura o agente não adquire estabilidade no serviço público, nem as vantagens da função
integram seu patrimônio, dada a precariedade de seu exercício.
ATIVIDADE ADMININSTRATIVA
Conceito
Em sentido lato, administrar é gerir interesses, segundo a lei, a moral e a finalidade dos bens en-
tregues à guarda e conservação alheias. Se os bens e interesses geridos são individuais, realiza-
se administração particular; se são da coletividade, realiza-se administração pública. Administra-
ção pública, portanto, é a gestão de bens e interesses qualificados da comunidade no âmbito fe-
deral, estadual ou municipal, segundo os preceitos do Direito e da moral, visando ao bem comum.
Há que distinguir ainda, na Administração Pública, os atos de império, os atos de gestão e os atos
de expediente. Ato de império é todo aquele que contém uma ordem ou decisão coativa da Admi-
nistração para o administrado, como o é um decreto expropriatório, um despacho de interdição de
atividade ou uma requisição de bens; ato de gestão é todo aquele que ordena a conduta interna
da Administração e de seus servidores, ou cria direitos e obrigações entre ela e os administrados,
tais como os despachos que determinam a execução de serviços públicos, os atos de provimento
de cargo e movimentação de funcionários, as autorizações e permissões, os contratos em geral;
ato de expediente é todo aquele de preparo e movimentação de processos, recebimento e expe-
dição de papéis e de despachos rotineiros, sem decisão do mérito administrativo. Para a prática
desses atos, principalmente de império e de gestão, o agente deve ter investidura e competência
legais.
Natureza
Fins
Os fins da administração pública resumem-se num único objetivo: o bem comum da coletividade
administrada. Toda atividade do administrador público deve ser orientada para esse objetivo. Se
dele o administrador se afasta ou desvia, trai o mandato de que está investido, porque a comuni-
dade não institui a administração sendo como meio de atingir o bem-estar social. Ilícito e imoral
será todo ato administrativo que não for praticado no interesse da coletividade.
Princípios Básicos
sustentáculos da atividade pública. Relegá-los é desvirtuar a gestão dos negócios públicos e olvi-
dar o que há de mais elementar para a boa guarda e zelo dos interesses sociais. A Constituição
de 1988 não se referiu expressamente ao principio da finalidade, mas o admitiu sob a denomina-
ção de principio da impessoalidade (art. 37).
A legalidade, como principio de administração (CF, art. 37, caput), significa que o administrador
público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências
do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-
se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.
A moralidade administrativa constitui, hoje em dia, pressuposto de validade de todo ato da Admi-
nistração Pública (CF, art. 37, caput). Não se trata - diz Hauriou, o sistematizador de tal conceito -
da moral comum, mas sim de uma moral jurídica, entendida como "o conjunto de regras de condu-
ta tiradas da disciplina interior da Administração". Desenvolvendo sua doutrina, explica o mesmo
autor que o agente administrativo, como ser humano dotado da capacidade de atuar, deve, ne-
cessariamente, distinguir o Bem do Mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar, não poderá despre-
zar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal,
o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre
o honesto e o desonesto. Por considerações de Direito e de moral, o ato administrativo não terá
que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética da própria instituição, porque nem
tudo que é legal é honesto, conforme já proclamavam os romanos: "non omne quod licet hones-
tum est". A moral comum, remata Hauriou, é imposta ao homem para sua conduta externa; a mo-
ral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da
instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem comum.
O princípio da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada mais é que
o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para
o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou vir-
tualmente como objetivo do ato, de forma impessoal.
Esse principio também deve ser entendido para excluir a promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos sobre suas realizações administrativas (CF, art. 37, § 1º).
E a finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato administrativo: o inte-
resse público. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se-á a invalidação por desvio de
finalidade, que a nossa lei da ação popular conceituou como o "fim diverso daquele previsto, ex-
plícita ou implicitamente, na regra de competência" do agente (Lei 4.717/65, art. 2º, parágrafo úni-
co, "e").
Publicidade é a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus efeitos exter-
nos. Daí por que as leis, atos e contratos administrativos que produzem conseqüências jurídicas
fora dos órgãos que os emitem exigem publicidade para adquirirem validade universal, isto é, pe-
rante as partes e terceiros.
A publicidade não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade. Por isso
mesmo, os atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam
para sua exequibilidade, quando a lei ou o regulamento a exige.
Em princípio, todo ato administrativo deve ser publicado, porque pública é a Administração que o
realiza, só se admitindo sigilo nos casos de segurança nacional, investigações policiais ou interes-
se superior da Administração a ser preservado em processo previamente declarado sigiloso nos
termos do Dec. federal 79.099, de 6.177.
O princípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além de assegurar seus efeitos
externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em
geral, através dos meios constitucionais - mandado de segurança (art. 5º, LXIX), direito de petição
(art. 5º, XXXIV, "a"), ação popular (art. 5º, LXXIII), habeas data (art. 5º, LXXII), suspensão dos
direitos políticos por improbidade administrativa (art. 37, § 4º) - e para tanto a mesma Constituição
impõe o fornecimento de certidões de atos da Administração, requeridas por qualquer pessoa,
para defesa de direitos ou esclarecimentos de situações (art. 5º, XXXIV, b), os quais devem ser
indicados no requerimento. Observe-se que a Constituição alude, genericamente, "as repartições
públicas", abrangendo, obviamente, as repartições da Administração direta e indireta, porque am-
bas são desmembramentos do serviço público e, como tais, têm o dever legal de informar o públi-
co sobre sua atuação funcional.
A publicação que produz efeitos jurídicos é a do órgão oficial da Administração, e não a divulga-
ção pela imprensa particular, pela televisão ou pelo rádio, ainda que em horário oficial. Por órgão
oficial entendem-se não só o Diário Oficial das entidades públicas como, também, os jornais con-
tratados para essas publicações oficiais. Vale ainda como publicação oficial a afixação dos atos e
leis municipais na sede da Prefeitura ou da Câmara, onde não houver órgão oficial, em conformi-
dade com o disposto na Lei Orgânica do Município.
Os poderes e deveres do administrador público são os expressos em lei, os impostos pela moral
administrativa e os exigidos pelo interesse da coletividade. Fora dessa generalidade não se pode-
rá indicar o que é poder e o que é dever do gestor público, porque, estando sujeito ao ordenamen-
to jurídico geral e às leis administrativas especiais, só essas normas poderão catalogar, para cada
entidade, órgão, cargo, função, serviço ou atividade pública os poderes e deveres de quem os
exerce.
Cada agente administrativo é investido da necessária parcela de poder público para o desempe-
nho de suas atribuições. Esse poder é de ser usado normalmente, como atributo do cargo ou da
função, e não como privilegio da pessoa que o exerce. É esse poder que empresta autoridade ao
agente público quando recebe da lei competência decisória e força para impor suas decisões aos
administrados.
A propósito, já proclamou o colendo TFR que "o vocábulo poder significa dever quando se trata de
atribuições de autoridades administrativas".
Pouca ou nenhuma liberdade sobra ao administrador público para deixar de praticar atos de sua
competência legal. Dai por que a omissão da autoridade ou o silêncio da Administração, quando
deva agir ou manifestar-se, gera responsabilidade para o agente omisso e autoriza a obtenção do
ato omitido por via judicial, notadamente por mandado de segurança, se lesivo de direito liquido e
certo do interessado.
Feitas essas considerações gerais, vejamos os três principais deveres do administrador público:
dever de eficiência, dever de probidade e dever de prestar contas.
Dever de eficiência é o que se impõe a todo agente público de realizar suas atribuições com pres-
teza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que
já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos
para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus
membros.
Ao lado do dever de probidade e como seu complemento natural está sempre o dever de prestar
contas.
A prestação de contas não se refere apenas aos dinheiros públicos, à gestão financeira, mas a
todos os atos de governo e de administração.
Nos Estados de Direito como o nosso, a Administração Pública deve obediência à lei em todas as
suas manifestações. Até mesmo nas chamadas atividades discricionárias o administrador público
fica sujeito às prescrições legais quanto a competência, finalidade e forma, só se movendo com
liberdade na estreita faixa da conveniência e oportunidade administrativas.
O poder administrativo concedido à autoridade pública tem limites certos e forma legal de utiliza-
ção. Não é carta branca para arbítrios, violências, perseguições ou favoritismos governamentais.
Qualquer ato de autoridade, para ser irrepreensível, deve conformar-se com a lei, com a moral da
instituição e com o interesse público. Sem esses requisitos o ato administrativo expõe-se a nulida-
de.
O uso do poder é prerrogativa da autoridade. Mas o poder há que ser usado normalmente, sem
abuso. Usar normalmente do poder é empregá-lo segundo as normas legais, a moral da institui-
ção, a finalidade do ato e as exigências do interesse público. Abusar do poder é emprega-lo fora
da lei, sem utilidade pública.
O poder é confiado ao administrador público para ser usado em benefício da coletividade adminis-
trada, mas usado nos justos limites que o bem-estar social exigir. A utilização desproporcional do
poder, o emprego arbitrário da força, a violência contra o administrado constituem formas abusi-
vas do uso do poder estatal, não toleradas pelo Direito e nulificadoras dos atos que as encerram.
O abuso do poder ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, ultrapassa
os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas.
O abuso do poder, como todo ilícito, reveste as formas mais diversas. Ora se apresenta ostensivo
como a truculência, às vezes dissimulado como o estelionato, e não raro encoberto na aparência
ilusória dos atos legais. Em qualquer desses aspectos - flagrante ou disfarçado - o abuso do poder
é sempre uma ilegalidade invalidadora do ato que o contém.
O ato administrativo - vinculado ou discricionário - há que ser praticado com observância formal e
ideológica da lei. Exato na forma e inexato no conteúdo, nos motivos ou nos fins, é sempre inváli-
do.
O abuso do poder tanto pode revestir a forma comissiva como a omissiva, porque ambas são ca-
pazes de afrontar a lei e causar lesão a direito individual do administrado.
O gênero abuso de poder ou abuso de autoridade reparte-se em duas espécies bem caracteriza-
das: o excesso de poder e o desvio de finalidade.
O excesso de poder ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, vai além
do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. Excede, portanto, sua compe-
tência legal e, com isso, invalida o ato, porque ninguém pode agir em nome da Administração fora
do que a lei lhe permite. O excesso de poder torna o ato arbitrário, ilícito e nulo. É uma forma de
abuso de poder que retira a legitimidade da conduta do administrador público, colocando-o na
ilegalidade e até mesmo no crime de abuso de autoridade quando incide nas previsões penais da
Lei 4.898, de 9.12.65, que visa a melhor preservar as liberdades individuais já asseguradas na
Constituição (art. 5º).
O desvio de finalidade ou de poder verifica-se quando a autoridade, embora atuando nos limites
de sua competência, pratica o ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela lei ou
exigidos pelo interesse público. O desvio de finalidade ou de poder é, assim, a violação ideológica
da lei, ou, por outras palavras, a violação moral da lei, colimando o administrador público fins não
queridos pelo legislador, ou utilizando motivos e meios imorais para a prática de um ato adminis-
trativo aparentemente legal. Tais desvios ocorrem, p. ex., quando a autoridade pública decreta
uma desapropriação alegando utilidade pública mas visando, na realidade, a satisfazer interesse
pessoal próprio ou favorecer algum particular com a subsequente transferência do bem expropria-
do; ou quando outorga uma permissão sem interesse coletivo; ou, ainda, quando classifica um
concorrente por favoritismo, sem atender aos fins objetivados pela licitação.
O ato praticado com desvio de finalidade - como todo ato ilícito ou imoral - ou é consumado às
escondidas ou se apresenta disfarçado sob o capuz da legalidade e do interesse público. Diante
disto, há que ser surpreendido e identificado por indícios e circunstâncias que revelem a distorção
do fim legal, substituído habilidosamente por um fim ilegal ou imoral não desejado pelo legislador.
A lei regulamentar da ação popular (Lei 4.717, de 29.6.65) já consigna o desvio de finalidade co-
mo vício nulificador do ato administrativo lesivo do patrimônio público e o considera caracterizado
quando "o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explicita ou implicitamente,
na regra de competência" (art. 2º, “e”, e parágrafo único, “e”). Com essa conceituação legal, o
desvio de finalidade entrou definitivamente para nosso Direito Positivo como causa de nulidade
dos atos da Administração.
Quando não houver prazo legal, regulamentar ou regimental para a decisão, deve-se aguardar por
um tempo razoável a manifestação da autoridade ou do órgão competente, ultrapassado o qual o
silêncio da Administração converte-se em abuso de poder, corrigível pela via judicial adequada,
que tanto pode ser ação ordinária, medida cautelar, mandado de injunção ou mandado de segu-
rança. Em tal hipótese não cabe ao judiciário praticar o ato omitido pela Administração mas, sim,
impor sua prática, ou desde logo suprir seus efeitos, para restaurar ou amparar o direito do postu-
lante, violado pelo silêncio administrativo.
O silêncio não é ato administrativo; é conduta omissiva da Administração que, quando ofende di-
reito individual do administrado ou de seus servidores, sujeita-se a correção judicial e a reparação
decorrente de sua inércia.
nheiro (tbém servidor público) • Não poderá ser descontado nas férias
b) por motivo de saúde dele mesmo, côn- qualquer falta ao serviço e poderão ser
juge, companheiro ou dependente que parceladas em até três etapas.
viva às suas expensas (e conste no O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
c) em virtude de processo seletivo pro- período das férias a que tiver direito e ao in-
deslocamento de cargo de provimento efetivo dias. A indenização será calculada com base
para outro órgão do mesmo Poder e tem que: na remuneração do mês em que for publicado
• ter as mesmas atribuições do cargo anti- rá na 1ª etapa o adicional de férias (1/3 R).
• 2 dias, para se alistar como eleitor; do às Forças Armadas. Ano = 365 dias
enteados, menor sob guarda ou tutela e • 2 dias, para se alistar como eleitor;
• Será concedido horário especial ao servi- nheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos,
dor estudante, quando comprovada a in- enteados, menor sob guarda ou tutela e
assistenciais de parentes até o segundo cargo em comissão provisório, nem ser remu-
grau, e de cônjuge ou companheiro; nerado pela participação em órgão de delibe-
• receber propina, comissão, presente ou ração coletiva.
vantagem de qualquer espécie, em razão • Se o servidor acumular licitamente dois
de suas atribuições; cargos efetivos, quando investido em car-
• aceitar comissão, emprego ou pensão de go de provimento em comissão, ficará a-
estado estrangeiro; fastado de ambos os cargos efetivos, sal-
• praticar usura sob qualquer de suas for- vo na hipótese em que houver compatibi-
mas; lidade de horário e local com o exercício
• proceder de forma desidiosa; de um deles, declarada pelas autoridades
• utilizar pessoal ou recursos materiais da máximas dos órgãos ou entidades envol-
repartição em serviços ou atividades parti- vidos.
culares; 44 - O servidor responde civil, penal e admi-
trito Federal, dos Estados, dos Territórios e responderá o servidor perante a Fazenda
ainda que lícita, fica condicionada à compro- indeniza o terceiro e o servidor indeniza a
por intermédio de procurador, arrolar e re- penso ao processo principal, após a ex-
inquirir testemunhas, produzir provas e pedição do laudo pericial.
contraprovas e formular quesitos, quando 57 - Tipificada a infração disciplinar, será for-
se tratar de prova pericial. mulada a indiciação do servidor, com a espe-
• O presidente da comissão poderá denegar cificação dos fatos a ele imputados e das res-
pedidos considerados impertinentes, me- pectivas provas.
ramente protelatórios, ou de nenhum inte- • O indiciado será citado por mandado ex-
resse para o esclarecimento dos fatos. pedido pelo presidente da comissão para
• As testemunhas serão intimadas a depor apresentar defesa escrita, no prazo de 10
mediante mandado expedido pelo presi- dias, assegurando-se-lhe vista do proces-
dente da comissão, devendo a segunda so na repartição. Havendo dois ou mais
via, com o ciente do interessado, ser ane- indiciados, o prazo será comum e de 20
xado aos autos. dias. No caso de recusa do indiciado em
• Se a testemunha for servidor público, a apor o ciente na cópia da citação, o prazo
expedição do mandado será imediatamen- para defesa contar-se-á da data declara-
te comunicada ao chefe da repartição on- da, em termo próprio, pelo membro da
de serve, com a indicação do dia e hora comissão que fez a citação, com a assina-
marcados para inquirição. tura de 2 (duas) testemunhas.
• As testemunhas serão inquiridas separa- • O indiciado que mudar de residência fica
damente, mas na hipótese de depoimen- obrigado a comunicar à comissão o lugar
tos contraditórios ou que se infirmem, pro- onde poderá ser encontrado. Achando-se
ceder-se-á à acareação entre os depoen- o indiciado em lugar incerto e não sabido,
tes. será citado por edital, publicado no Diário
• Concluída a inquirição das testemunhas, a Oficial da União e em jornal de grande cir-
comissão promoverá o interrogatório do culação na localidade do último domicílio
acusado. No caso de mais de um acusa- conhecido, para apresentar defesa. Nes-
do, cada um deles será ouvido separada- sa, o prazo para defesa será de 15 dias a
mente, e sempre que divergirem em suas partir da última publicação do edital.
declarações sobre fatos ou circunstâncias, • Considerar-se-á revel o indiciado que,
será promovida a acareação entre eles. regularmente citado, não apresentar defe-
• Quando houver dúvida sobre a sanidade sa no prazo legal. A revelia será declara-
mental do acusado, a comissão proporá à da, por termo, nos autos do processo e
autoridade competente que ele seja sub- devolverá o prazo para a defesa. Para de-
metido a exame por junta médica oficial, fender o indiciado revel, a autoridade ins-
da qual participe pelo menos um médico tauradora do processo designará um ser-
psiquiatra. O incidente de sanidade mental vidor como defensor dativo, que deverá
será processado em auto apartado e a- ser ocupante de cargo efetivo superior ou
GLOSSÁRIO
SUBESPECÍE DOS AGENTES PÚBLICOS assim como estrangeiros, na forma da lei (art.
37, I). Todo cargo público só pode ser criado
Vinculados à Administração por relações pro- e modificado por norma legal aprovada pelo
fissionais, em razão de investidura em cargos Legislativo. Todavia, o Executivo pode, por
e funções, a título de emprego e com retribui- ato próprio, extinguir cargos públicos, na for-
ção pecuniária. ma da lei (CF,a rt. 84, XXV), competindo-lhe,
ainda, provê-los e regulamentar seu exercício,
REGIME JURÍDICO bem como praticar todos os atos relativos aos
servidores (nomeação, demissão, remoção,
Preceitos legais sobre acessibilidade aos car- promoção, punição, lotação, concessão de
gos públicos, a investidura em cargo efetivo férias, licença, aposentadoria etc.).
(por concurso público) e em comissão, as
nomeações para funções de confiança; os Conselho de política de administração e
deveres e direitos dos servidores; a promoção remuneração de pessoal: EC 19 inseriu a
e respectivos critérios; o sistema remunerató- obrigatoriedade de a União, os Estados, o D.F
rio (subsídios ou remuneração, envolvendo e os Municípios instituírem, no âmbito de suas
os vencimentos, com as especificações das Administrações, conselhos de política de ad-
vantagens de ordem pecuniária, os salários e ministração de remuneração de pessoal, inte-
as reposições pecuniárias); as penalidades e grada por servidores designados pelos res-
sua aplicação; o processo administrativo; e a pectivos Poderes. A composição deverá ser
aposentadoria. paritária sendo recomendável que seus inte-
grantes tenham investidura a termo certo,
A Emenda Constitucional 19 alterou a reda- para ter maior independência na formulação
ção original do caput art. 39 – suprimiu a o- da política pretendida pela norma constitucio-
brigatoriedade de um regime jurídico único nal. Também deverão participar integrantes
para todos os servidores públicos.Assim, o do Tribunal de Contas e do Ministério Público,
regime jurídico pode ser estatutário, celetista uma vez que estes órgãos constitucionais
e administrativo geral. autônomos e independentes têm competência
para a iniciativa de leis a previsto de sua Ad-
CLASSIFICAÇÃO ministração e da remuneração de seus mem-
bros e pessoal.
Emenda da reforma Administrativa n. 19.
Quatro espécies: agentes políticos, servidores Escolas de Governo: o § 2° do art. 39 de-
públicos em sentido restrito ou estatutários, terminou à União, os Estados e o D.F. a insti-
empregados públicos e os contratados por tuição e manutenção de escolas de governo
tempo determinado. para formação e aperfeiçoamento dos servi-
dores públicos, facultada a celebração de
ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇO PÚBLICO convênios ou contatos entre os entes federa-
dos. Os Municípios não se encontram abran-
As entidades estatais são livres para organi- gidos pela norma, porém, poderão instituir
zar seu pessoal para o melhor atendimento suas escolas. Alguns órgãos constitucionais
dos serviços a seu cargo, mas há três regras poderão ter escolas próprias como, a título de
fundamentais: a que exige que a organização exemplo, ocorre com a Magistratura, o Minis-
se faça por lei; a que prevê a competência tério Público, a Advocacia Pública e os órgãos
exclusiva da entidade ou Poder interessado; e de fiscalização tributária.
a que impõe a observância das normas cons-
titucionais federais pertinentes aos servidores CARGOS E FUNÇÕES
públicos e das leis federais, de caráter nacio-
nal. Cargo público: é o lugar instituído na organi-
zação do serviço público com denominação
Organização legal (CF): acessibilidade dos própria, atribuições e responsabilidades es-
cargos empregos e funções a todos os brasi- pecíficas e estipêndios correspondente, para
leiros que preencham os requisitos em lei,
ser provido e exercido por um titular, na forma nistrativos típicos e, como, tais, da competên-
estabelecida em lei. cia privativa do Executivo, no que concerne
aos serviços. Por lei se instituem os cargo e
Função: é a atribuição ou o conjunto de atri- funções, por decreto se movimentam os ser-
buições que a Administração confere a cada vidores.
categoria profissional ou comete individual-
mente a determinados servidores para a exe- • Na omissão da lei, entende-se amplo e
cução de serviços eventuais, sendo comu- discricionário o poder de movimentação
mente remunerada através de pro labore. dos servidores, por ato do Executivo, no
Diferencia-se do cargo em comissão pelo fato interesse do serviço, dentro do quadro a
de não titularizar cargo público. que pertencem.
O concurso ai referido tem o significado de O concurso tem validade de até dois anos,
processo seletivo, na forma dos respectivos contados da homologação, prorrogável uma
regulamentos internos de cada empresa esta- e, por igual período, conforme dispõe o art.
tal. Porém, deve haver competição e igualda- 37, III, da C.F. Tratando-se de cargo público
de. Nesse sentido o STF, Pleno, entendeu segue-se o provimento do cargo, através da
que mesmo as empresas estatais previstas nomeação do candidato aprovado. A nomea-
no art. 173 §1° da CF estão sujeitas a pro- ção é o ato de provimento de cargo, que se
cesso seletivo, que há de ser público (DJU completa com a posse e o exercício.
23.4.93). De igual entendimento o TCU (RDA
181-182/335). A investidura do servidor no cargo ocorre com
a posse. A posse é a conditio juris da função
E o TRT da 13ª Região entendeu que o con- pública. Por ela se conferem ao servidor ou o
curso é obrigatório mesmo quando o aposen- agente político as prerrogativas, os direitos e
tado vai ser novamente contratado como em- os deveres do cargo ou mandato. Sem a pos-
pregado público (BAASP 2.154). se o provimento não se completa, nem pode
haver exercício. É a posse que marca o início
Como atos administrativos, devem ser reali- dos direitos e deveres funcionais, como, tam-
zados através de bancas ou comissões exa- bém, gera as restrições, impedimentos e in-
minadoras, regularmente constituídas com compatibilidades para o desempenho de ou-
elementos capazes e idôneos dos quadros do tros cargos, funções ou mandatos.
funcionalismo ou não, e com recurso para
órgãos superiores, visto que o regime demo-
crático é contrário a decisões únicas, sobera-
nas e irrecorríveis. De qualquer forma, caberá O exercício do cargo é decorrência natural da
sempre reapreciação judicial do resultado dos posse. Normalmente, a posse e o exercício
concursos, limitada ao aspecto da legalidade são dados em momento sucessivos e por
autoridades diversas, mas casos há em que pelo regime da CLT quando não há a
se reúnem num só, perante a mesma autori- justa causa por esta prevista.
dade. É pelo exercício que marca o momento
em que o funcionário passa a desempenhar PARIDADE DE VENCIMENTOS
legalmente suas funções e adquire direito às
vantagens ao cargo e à contraprestação pe- No atual sistema os vencimentos pagos pelo
cuniária devida pelo Poder Público. Poder Executivo constituem o teto para a re-
muneração dos servidores que exerçam fun-
Com a posse o cargo fica provido e não pode- ções iguais ou assemelhadas no Legislativo e
rá ser ocupado por outrem, mas o provimento no Judiciário (CF, art. 37, XII), Sendo assim,
se completa com a entrada em exercício do estes poderes, tendo em vista suas disponibi-
nomeado. Se este não o faz na data prevista, lidades orçamentárias, podem estabelecer a
a nomeação e, conseqüentemente, a posse retribuição a seus servidores em bases idênti-
tornam-se ineficazes, o que, juntamente com cas à do Executivo, ou lhes atribuir menor
a vacância do cargo, deve ser declarado pela remuneração, mas nunca pagar-lhes mais.
autoridade competente. Lei 8112/90, se a
posse não ocorrer no prazo legal, o ato de VEDAÇÃO DE EQUIPARAÇÕES E VINCU-
provimento será tornado sem efeito, e , se o LAÇÕES
servidor empossado não entrar em exercício
será exonerado (art.13, 6°, e 15, 2º). A vedação de equiparações e vinculações de
quaisquer espécies remuneratórias para o
O art. 13 da Lei 8.429/92, que trata do enri- efeito de remuneração do pessoal dos servi-
quecimento ilícito, a posse e o exercício de ços público (CF, at.37, XIII) . Na Constituição
agente público ficam condicionados à apre- de 1967 (art. 96) já existia.
sentação de declaração de bens e valores, a
fim de ser arquivada no Serviço de Pessoal. Há vedação quando ocorre a fixação de fator
que funcione como índice de reajustamento
DESINVESTIDURA DE CARGO OU EM- automático, como salário mínimo ou arreca-
PREGO PÚBLICO dação orçamentária (vinculação), para fins de
remuneração do pessoal administrativo.
A desinvestidura de cargo pode ocorrer por
demissão, exoneração ou dispensa. A demis- Equiparar significa previsão, em lei, de remu-
são é punição por falta grave. neração igual à de determinada carreira ou
cargo.
Exoneração é desinvestidura:
A própria Constituição e alguns casos prevê a
• a pedido do interessado – neste caso, equiparação o a vinculação, como ocorre com
desde que não esteja sendo processado os Ministros dos Tribunais de Contas sendo
judicial ou administrativamente; equiparados aos Ministros do STJ (CF, art.
73, § 3º) e com a vinculação entre os subsí-
• de ofício, livremente (ad nutum, nos car- dios dos Ministros do STF com os do STJ e
gos em comissão); e demais magistrados, previstas no art. 93 , V,
da CF.
• motivada, nas seguintes hipóteses:
ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS
a) dos servidor não estável no conceito E FUNÇÕES PÚBLICAS
do art. 33 da EC 19, para os fins pre-
visto pelo art. 169, § 4º, II, da CF; A proibição de acumulação remunerada de
cargos, empregos e funções, tanto na Admi-
b) durante o estágio probatório (CF, art. nistração direta como nas autarquias, funda-
41, § 4º); 3) do servidor estável, por ções, empresas públicas, sociedades de eco-
insuficiência de desempenho (CF. art. nomia mista, suas subsidiárias e sociedades
41, § 1º, II),ou para observar o limite controladas direta ou indiretamente pelo Po-
máximo de despesas com pessoal ati- der Público(CF, art. 37, XVI e XVII), visa im-
vo e inativo (CF. art. 169, § 4º). A dis- pedir que um mesmo cidadão passe a ocupar
pensa ocorre em relação ao admitido vários lugares ou a exercer várias funções
sem que as possa desempenhar proficiente-
mente.
As origens dessa vedação vêm desde o De- A nomeação para o cargo de provimento efe-
creto da Regência, de 18.6.1822, de José tivo é a condição primeira para a aquisição
Bonifácio. da estabilidade.
Acumulação sem remuneração: A doutrina Não há que se confundir efetividade com es-
entende possível e a designação de funcioná- tabilidade, porque aquela é uma característica
rio para acumular funções de outro cargo por da nomeação e esta é um atributo pessoal do
falta ou impedimento de seu titular, com a ocupante do cargo, adquirido após a satisfa-
faculdade de opção pela maior remuneração, ção de certas condições de seu exercício. A
é expediente corriqueiro nas administrações. efetividade é um pressuposto necessário da
estabilidade. Sem efetividade não pode ser
• Exceções à regra: cargo de Magistratura e adquirida a estabilidade.
do Magistério (art. 95, parágrafo único, I);
M.P. (art. 128, § 5º, II, d); a dois cargos de Como segunda condição a nomeação deve
Magistério (art. 37, XVI, a), a de um des- ocorrer em virtude de concurso público, sendo
tes com outro técnico ou científico (art. 27, esta a segunda condição para a aquisição da
XVI, b), e a de dois cargos ou empregos estabilidade. É por isso que os nomeados em
privativos de profissionais de saúde, com comissão e os admitidos na forma do art. 37,
profissões regulamentadas (art. 37, XVI, c, IX, da CF, cujos vínculos empregatícios têm
red. Da Emenda Constitucional 34/01). sempre um caráter provisório, jamais adqui-
Observa-se que mesmo nestes casos a- rem estabilidade.
plica-se o teto remuneratório previsto o
art. 37, XI da CF. Terceira condição é aprovação no estágio
probatório de três anos. Neste período ocorre
• Verificar, ainda, o art. 38 da CF. quanto a a verificação dos requisitos estabelecidos em
mandato eletivo. lei para aquisição da estabilidade (idoneidade
moral, aptidão, disciplina, assiduidade, dedi-
ESTABILIDADE cação, eficiência, etc.). O prazo era de dois
anos antes da EC 19. Por isso, esta norma
É a garantia constitucional de permanência no transitória (art. 28), assegura tal prazo aos
serviço público outorgada ao servidor que, servidores em estágio probatório na data da
nomeado para o cargo de provimento efetivo, sua promulgação, sem prejuízo da avaliação
em virtude de concurso público, tenha trans- especial de desempenho.
posto o estágio probatório de três anos, após
ser submetido a avaliação especial de de- Não se computa para esse período o tempo
sempenho por comissão instituída para essa de serviço prestado em outra entidade estatal,
finalidade (art. 41). nem o período de exercício de função pública
a título provisório.
É inconstitucional lei municipal que, invadindo
competência privativa da União, assegura O arts. 95 e 128, 5°, I, “a”- manteve para os
estabilidade a empregados da Prefeitura, re- Magistrados e membros do Ministério Público
gidos pela C.L.T. (STS, RE 116.419-1-SP, o estágio probatório de dois anos.
DJU 24.9.93).
Quarta condição é obrigatoriedade de avalia-
Emenda Constitucional 19 - alterações: aten- ção especial de desempenho por comissão
der o princípio da eficiência e reduzir os gas- instituída para essa finalidade (CF, art. 41, §
tos com o servidores públicos. 4°).
Os Tribunais têm sustentado que a exonera- Ao servidor estável garante, ainda, a Constitu-
ção na fase probatória não é arbitrária, nem ição o direito de reintegra no mesmo cargo
imotivada. Deve basear-se em motivos e fatos quando invalidada por sentença judicial a de-
reais apuráveis e comprováveis pelos meios missão, e o eventual ocupante da vaga, se
administrativo consentâneos (ficha de ponto, estável, será reconduzido ao cargo de origem,
anotações na folha de serviço, investigações sem direito a indenização, aproveitado em
regulares sobre a conduta e o desempenho outro cargo ou posto em disponibilidade re-
do trabalho, etc), sem o formalismo de um munerada proporcional (CF, art. 41, § 2°).
processo administrativo disciplinar.
Pela Emenda Constitucional 19: o estável só
O STF se posicionou: “Funcionário em está- pode perder o cargo por demissão ou por e-
gio probatório não pode ser exonerado nem xoneração (CF, arts. 41, § 1°e incisos,e 169,
demitido sem inquérito ou sem as formalida- § 4°).
des legais de apuração de sua capacidade”
(súmula 21). Entre essas formalidades es- A demissão, como pena administrativa que é,
tão, sem dúvida, a observância do contraditó- pode ser aplicada em qualquer fase, ao está-
rio e a oportunidade de defesa (TJSP, RT vel e ao instável, desde que o servidor come-
734/929). ta infração disciplinar ou crime funcional regu-
larmente apurado em processo administrativo
A lei 8112/90 (regime jurídicos dos servidores ou judicial. Não há demissão ad nutum, como
federias assegura ao estável nomeado para o não há exoneração disciplinar.
novo cargo efetivo o direito de ser reconduzi-
do ao cargo anterior se exonerado por não A exoneração do estável pode ser iniciativa
lograr aprovação no estágio probatório desse do próprio servidor (a pedido) ou por iniciativa
novo cargo. Tal garantia só pode ser reco- da Administrativa Pública motivada por insufi-
nhecida se prevista em lei. ciência de desempenho do servidor ou para a
observância do limite de despesa com pesso-
O estável não é inamovível. É conservado no al previsto no art. 169 da CF. Estas duas fo-
cargo enquanto bem servir e convier à Admi- ram instituídas pela EC 19.
nistração. Nisso se distingue do vitalício, que
tem direito ao exercício do cargo, enquanto O art. 169, § 4° a exoneração quando da re-
existir, conservando as vantagens respecti- dução de despesa de pessoal prevê “desde
vas, no caso de extinção. que o ato normativo motivado de cada um do
Poderes especifique a atividade funcional , o
Extinguindo-se o cargo em que se encontrava órgão ou unidade administrativa objeto da
o servidor estável ou declarada sua desne- redução de pessoal”.
cessidade, ficará ele em disponibilidade re-
munerada proporcional ao tempo de serviço, A título de indenização, o servidor estável
até seu adequado aproveitamento em outro exonerado em razão da redução de despesa
de natureza e vencimentos compatíveis com fará jus a indenização correspondente a um
o que ocupava (CF art. 41, § 3°), diversamen- mês de remuneração por ano de serviço (art.
te do que ocorre com o vitalício que não é 169, § 5°).
obrigado a aceitar outro cargo, embora idênti-
co ao seu que fora extinto. Se a extinção do Compreende o décimo terceiro salário, férias
cargo ou a declaração de desnecessidade proporcionais e não gozadas, etc. Ainda, o
ocorrer no estágio probatório, poderá o esta- cargo do servidor estável e exonerado será
giário ser exonerado de oficio, uma vez que considerado extinto, vedada a criação de car-
ainda não tem estabilidade (Súmula 22 do go, emprego ou função com atribuições iguais
STF): “O estágio probatório não protege o ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos
funcionário contra a extinção do cago”. (cf art. 169, § 6°.)
que teria direito o servidor em atividade na tivada com o trânsito em julgado da sentença
data de seu falecimento (art. 40, § 7º). Norma condenatória, como determina o seu art. 20.
de eficácia limitada.
REINTEGRAÇÃO, RECONDUÇÃO, REVER-
Contagem de tempo de contribuição SÃO, READMISSÃO E APROVEITAMENTO
04. Decreto nº 2.110, de 26/12/96- Prazo para providências em caso de mandado de segurança
(revogado pelo Decreto 2.839 de 06 de novembro de 1998).
05. Decreto nº 2.134, de 24/01/97 - Sigilo-Normas e classificações.
06. Decreto nº 3.035, de 27/04/99 - Delega ao Advogado-Geral da União e aos Ministros de Esta-
do a competência para julgar processos disciplinares e aplicar as penalidades de demissão, cas-
sação de aposentadoria ou disponibilidade de servidores.
XII - Legislação diversa
01. Circular nº 10/44, de 25/09/44 - Presidência da República - Dispõe que a comissões de inqué-
rito somente devem ser compostas por servidores de outras Unidades em caso de ab-soluta e
comprovada necessidade (item 11).
02. IN-SAF nº 04, de 03/05/94 - Licença-prêmio-Suspensão convertida em multa não interrom-pe
a contagem de tempo para concessão da licença. Veda à Administração inter-romper o gozo da
licença prêmio.
03. IN-SAF nº 10, de 14/09/94 - Versa sobre o estágio probatório.
XIII - Regras sobre Graus de Parentesco
01. Texto de livro e esquemas que esclarecem como se contam os graus de parentescos hereditá-
rios e por afinidade.
JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS
I - Interceptação Telefônica
01. STF-Habeas Corpus nº 69.912 - RS, de 30/06/93 - Acórdão versando sobre inadmissibilidade
da prova ilícita. Nulidade do processo e do flagrante em traficante de cocaína feito com base em
interceptação telefônica ilegal autorizada judicialmente antes da promulgação da lei exigida pela
Constituição.
02. STF-Habeas Corpus nº 74.152-5 - SP, de 20/08/96 - A aprova ilícita da interceptação telefôni-
ca, autorizada judicialmente antes da edição da Lei nº 9.296/96, no caso, não contaminou as de-
mais provas, obtidas a partir de denúncia anônima. Apenas facilitou os trabalhos policiais para a
prisão em flagrante. Voto divergente do Min. Celso de Mello sobre o direito ao devido ao devido
processo legal e das prova lícitas, entendendo que houve contaminação das demais provas pela
ilicitude originária.
03. STF-Habeas Corpus nº 74.530, de 12/11/96- A interceptação telefônica, prova tida como ilícita
até a edição da Lei nº 9.296, de 24/07/96, e que contaminava as demais provas que dela se origi-
navam, no presente caso não foi prova exclusiva que desencadeou o procedimento penal, mas
somente veio corroborar outras licitamente obtidas antes da interceptação. HC indeferido.
04. STF-Habeas Corpus nº 74.599-SP, de 03/12/96: Não cabe anular a condenação com base na
alegação de haver a prisão em flagrante resultado de informação obtida por meio de interceptação
telefônica, prova tida como ilícita até a edição da Lei nº 9.296/96, bem como pelo fato de não ter
sido a prova exclusiva que desencadeou o procedimento penal.
05. STF-Habeas Corpus nº 74.678-1-SP, de 10/06/97 - Licitude de gravação telefônica feita pelo
01. STF-Habeas Corpus nº 71.421-8-RS: Liminar de 25/04/94, versando sobre direito do acusado
ficar em silêncio e até de mentir sobre os fatos para não autoincriminar-se. Intimação de acusado
como testemunha.
IX - Portaria Instauradora do processo disciplinar
01. STF - MS nº 21.721-RJ
X - Jurisprudência Diversa
01. STF-Mandado de Segurança nº 22.899-7- Liminar de 18/06/97: indefere o pedido de nulidade
de processo disciplinar por não conter os requisitos essenciais: fumus boni juris e periculum in
mora.
02. TRF-4ª Região - Apelação criminal nº 96.04.09004-6- Caxias do Sul - RS - Acórdão de
09/05/96: Desclassifica a denúncia de crime contra a ordem tributária para con-cussão.
03. Justiça Federal-SP-Mandado de Segurança nº 96.0017535-7 - Liminar de 27/06/96: concede
direito de gravar as audiência de processo disciplinar.
04. Justiça Federal-SP-Mandado de Segurança nº 96.0016894 - Indefere, em 24/06/96, pedido de
liminar para gravar as audiências de processo disciplinar. Afirma que cabe ao Presidente da Co-
missão zelar pela ordem dos trabalhos e decidir a forma de documentação dos atos processuais.
05. Justiça Federal-SP-Mandado de Segurança nº 96.0015941 - Liminar de 19/08/96 - Confirma
que inativo não é servidor. Não está obrigado a comparecer ao processo disciplinar como teste-
munha. A comissão não tem poderes para intimá-lo.
06. Justiça Federal-SP-Mandado de Segurança nº 96.2413-8 - Liminar de 02/02/96 e sentença de
31/01/97: Autoriza a retirada do processo disciplinar da repartição. Confirma a necessidade de
reconhecimento da firma na procuração do advogado na via administrativa.
07. JustiçaFederal-RO-Mandado de Segurança nº 93.3641-6 - Liminar de 05/11/93: determina que
se refaça a citação e a indiciação para que conste das mesmas as acusações.
PARECERES DA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO (AGU)
01. AGU-Parecer GQ 12 -Dispõe sobre a regularidade de inquérito sem sindicância prévia e des-
necessidade de constar na portaria instauradora o nome dos envolvidos, as infrações e dispositi-
vos legais infringidos.
02. AGU-Parecer GQ-35 - Dispõe que apura-se a responsabilidade de servidor exonerado de car-
go em comissão, que pode ser convertida em destituição do cargo. Repete que não constitui cau-
sa de nulidade, se na portaria não constar nome dos envolvidos e as infrações.
03. AGU-Parecer GQ 37 - Dispõe que o acusado deve ser notificado da oitiva das testemunhas
para exercer o contraditório; que a intimação do acusado para o interrogatório deve ser feita após
a oitiva das testemunhas e demais atos processuais; que a instauração de inquérito independe de
sindicância prévia e que não é motivo de nulidade a ausência, na portaria instauradora, do nome
dos envolvidos, das infrações e dispositivos legais infringidos.
04. AGU-Parecer GQ-38 - Dispõe que a publicação de penalidade em BS ou BP gera presunção
de conhecimento que admite prova em contrário, para fins de contagem de prazo para recursos.
Título I
Capítulo Único
Das Disposições Preliminares
Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autar-
quias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais.
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura
organizacional que devem ser cometidas a um servidor.
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei,
com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter
efetivo ou em comissão.
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei.
Título II
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição
Capítulo I
Do Provimento
Seção I
Disposições Gerais
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
V - a idade mínima de dezoito anos;
VI - aptidão física e mental.
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos
em lei.
§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em con-
curso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de
que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas ofe-
recidas no concurso.
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão
prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas
e os procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de
cada Poder.
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
Art. 8o São formas de provimento de cargo público:
I - nomeação;
II - promoção;
III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - readaptação;
VI - reversão;
VII - aproveitamento;
VIII - reintegração;
IX - recondução.
Seção II
Da Nomeação
o
Art. 9 A nomeação far-se-á:
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira;
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de confiança vagos.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá
ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das
atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um
deles durante o período da interinidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende
de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem
de classificação e o prazo de sua validade.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na
carreira, mediante promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de
carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97)
Seção III
Do Concurso Público
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, podendo ser realizado em duas
etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada
a inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, quando indispensável ao seu
custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente previstas.(Redação dada pela
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, podendo ser prorrogado uma
única vez, por igual período.
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em
edital, que será publicado no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anteri-
or com prazo de validade não expirado.
Seção IV
Da Posse e do Exercício
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as
atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não
poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício pre-
vistos em lei.
§ 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação do ato de provimento.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação do ato de provimento, em
licença prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII,
alíneas "a", "b", "d", "e" e "f", IX e X do art. 102, o prazo será contado do término do impedimento.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por nomeação. (Redação dada
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e valores que constituem
seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função públi-
ca.
§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse não ocorrer no prazo previsto
no § 1o deste artigo.
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção médica oficial.
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto física e mentalmente
para o exercício do cargo.
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de
confiança. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo público entrar em exer-
cício, contados da data da posse. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua designa-
ção para função de confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, ob-
servado o disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade para onde for nomeado ou designado o
servidor compete dar-lhe exercício. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4o O início do exercício de função de confiança coincidirá com a data de publicação do ato
de designação, salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo
legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, que não poderá
exceder a trinta dias da publicação. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercício serão registrados no
assentamento individual do servidor.
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresentará ao órgão competente os
elementos necessários ao seu assentamento individual.
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que é contado no novo posicio-
namento na carreira a partir da data de publicação do ato que promover o servidor. (Redação da-
da pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município em razão de ter sido removido,
redistribuído, requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no má-
ximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo desempe-
nho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para
a nova sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção VI
Da Transferência
Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção VII
Da Readaptação
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilida-
des compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada
em inspeção médica.
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será aposentado.
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a habilitação
exigida, nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de
cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de va-
ga.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção VIII
Da Reversão
(Regulamento Dec. nº 3.644, de 30.11.2000)
Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado por invalidez, quando, por
junta médica oficial, forem declarados insubsistentes os motivos da aposentadoria. (Vide Medida
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 26. A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de sua transformação.
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá suas atribuições como ex-
cedente, até a ocorrência de vaga. (Vide Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver completado 70 (setenta) anos de ida-
de.
Seção IX
Da Reintegração
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupa-
do, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão
administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em disponibilidade, observado
o disposto nos arts. 30 e 31.
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo de
origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibili-
dade.
Seção X
Da Recondução
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e de-
correrá de:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - reintegração do anterior ocupante.
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitado em
outro, observado o disposto no art. 30.
Seção XI
Da Disponibilidade e do Aproveitamento
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á mediante aproveita-
mento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocu-
pado.
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o imediato aproveitamento
de servidor em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Adminis-
tração Pública Federal.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o servidor posto em disponibilidade
poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Admi-
nistração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade.
(Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor
não entrar em exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.
Capítulo II
Da Vacância
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
I - exoneração;
II - demissão;
III - promoção;
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VI - readaptação;
VII - aposentadoria;
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
IX - falecimento.
Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido.
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de função de confiança dar-se-á:
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - a juízo da autoridade competente;
II - a pedido do próprio servidor.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Capítulo III
Da Remoção e da Redistribuição
Seção I
Da Remoção
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo
quadro, com ou sem mudança de sede.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de remoção:
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administração:
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslo-
cado no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas
expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica
oficial; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados
for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade
em que aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção II
Da Redistribuição
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago
no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia
apreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: (Redação dada pela
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional; (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97)
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institucionais do órgão ou
entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de lotação e da força de trabalho
às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de ór-
gão ou entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante ato conjunto entre o órgão
central do SIPEC e os órgãos e entidades da Administração Pública Federal envolvidos. (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade, extinto o cargo ou de-
clarada sua desnecessidade no órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído
será colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31. (Parágrafo
renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado em disponibilidade poderá ser mantido
sob responsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou
entidade, até seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Capítulo IV
Da Substituição
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção ou chefia e os ocupantes de
cargo de Natureza Especial terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omis-
são, previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. (Redação dada pela
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o O substituto assumirá automática e cumulativamente, sem prejuízo do cargo que ocupa,
o exercício do cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos,
impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deve-
rá optar pela remuneração de um deles durante o respectivo período. (Redação dada pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo ou função de direção ou chefia
ou de cargo de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular,
superiores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva substituição, que ex-
cederem o referido período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de unidades administrativas or-
ganizadas em nível de assessoria.
Título III
Dos Direitos e Vantagens
Capítulo I
Do Vencimento e da Remuneração
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor
fixado em lei.
Parágrafo único. Nenhum servidor receberá, a título de vencimento, importância inferior ao
salário-mínimo.
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias
permanentes estabelecidas em lei.
§ 1o A remuneração do servidor investido em função ou cargo em comissão será paga na
forma prevista no art. 62.
§ 2o O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou entidade diversa da de sua
lotação receberá a remuneração de acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93.
§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de caráter permanente, é irre-
dutível.
§ 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou asseme-
lhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de ca-
ráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a título de remuneração, impor-
tância superior à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título,
no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso Na-
cional e Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens previstas nos incisos II a
VII do art. 61.
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) (Vide Lei nº 9.624, de 2.4.98)
Art. 44. O servidor perderá:
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo justificado; (Redação dada
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção I
Das Indenizações
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
I - ajuda de custo;
II - diárias;
III - transporte.
Art. 52. Os valores das indenizações, assim como as condições para a sua concessão, se-
rão estabelecidos em regulamento.
Subseção I
Da Ajuda de Custo
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que,
no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em cará-
ter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o côn-
juge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma
sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o Correm por conta da administração as despesas de transporte do servidor e de sua fa-
mília, compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais.
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede são assegurados ajuda de custo e trans-
porte para a localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do servidor, conforme se dispu-
ser em regulamento, não podendo exceder a importância correspondente a 3 (três) meses.
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se afastar do cargo, ou reassu-
mi-lo, em virtude de mandato eletivo.
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo servidor da União, for nome-
ado para cargo em comissão, com mudança de domicílio.
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. 93, a ajuda de custo será paga
pelo órgão cessionário, quando cabível.
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, injustificadamente,
não se apresentar na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias.
Subseção II
Das Diárias
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para
outro ponto do território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a
indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e locomoção urbana,
conforme dispuser em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida pela metade quando o
deslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as
despesas extraordinárias cobertas por diárias.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo, o
servidor não fará jus a diárias.
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar dentro da mesma região me-
tropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regular-
mente instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdi-
ção e competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, salvo
se houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas para
os afastamentos dentro do território nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo, fica
obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em prazo menor do que o previs-
to para o seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.
Subseção III
Da Indenização de Transporte
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que realizar despesas com a
utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, por força das atri-
buições próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento.
Seção II
Das Gratificações e Adicionais
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei, serão deferidos aos servi-
dores as seguintes retribuições, gratificações e adicionais: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento; (Redação dada
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - gratificação natalina;
III - adicional por tempo de serviço; (Vide Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas;
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
VI - adicional noturno;
VII - adicional de férias;
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
Subseção I
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Chefia e Assessoramento
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de direção, chefia ou as-
sessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição
pelo seu exercício.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração dos cargos em comissão de que
trata o inciso II do art. 9o. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 62-A. (Vide Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Seção II
Da Gratificação Natalina
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a que o
servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será considerada como mês
integral.
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de dezembro de cada ano.
Parágrafo único. (VETADO).
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação natalina, proporcionalmente aos
meses de exercício, calculada sobre a remuneração do mês da exoneração.
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para cálculo de qualquer vantagem
pecuniária.
Subseção III
Do Adicional por Tempo de Serviço
Art. 67. O adicional por tempo de serviço é devido à razão de cinco por cento a cada cinco
anos de serviço público efetivo prestado à União, às autarquias e às fundações públicas federais,
observado o limite máximo de 35% incidente exclusivamente sobre o vencimento básico do cargo
efetivo, ainda que investido o servidor em função ou cargo de confiança. (Redação dada pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97) (Vide Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Parágrafo único. O servidor fará jus ao adicional a partir do mês em que completar o qüin-
qüênio. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Subseção IV
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Atividades Penosas
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou em contato
permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional
sobre o vencimento do cargo efetivo.
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade deverá op-
tar por um deles.
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa com a eliminação das
condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão.
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores em operações ou locais
considerados penosos, insalubres ou perigosos.
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação
e a lactação, das operações e locais previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local
salubre e em serviço não penoso e não perigoso.
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de insalubridade e de periculo-
sidade, serão observadas as situações estabelecidas em legislação específica.
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servidores em exercício em zonas
de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limi-
tes fixados em regulamento.
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios X ou substâncias ra-
dioativas serão mantidos sob controle permanente, de modo que as doses de radiação ionizante
não ultrapassem o nível máximo previsto na legislação própria.
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão submetidos a exames mé-
dicos a cada 6 (seis) meses.
Subseção V
Do Adicional por Serviço Extraordinário
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de 50% (cinqüenta por
cento) em relação à hora normal de trabalho.
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para atender a situações excepcionais
e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada.
Subseção VI
Do Adicional Noturno
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e duas) horas
de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por
cento), computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta segundos.
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o acréscimo de que trata este
artigo incidirá sobre a remuneração prevista no art. 73.
Subseção VII
Do Adicional de Férias
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das férias, um
adicional correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias.
Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou assessoramen-
to, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional
de que trata este artigo.
Capítulo III
Das Férias
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser acumuladas, até o máximo
de dois períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legis-
lação específica. (Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) meses de exercí-
cio.
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde que assim requeridas pelo
servidor, e no interesse da administração pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 (dois) dias antes do
início do respectivo período, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
§ 1° e § 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, perceberá indenização relativa
ao período das férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês
de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela Lei nº 8.216, de 13.8.91)
§ 4o A indenização será calculada com base na remuneração do mês em que for publicado o
ato exoneratório. (Incluído pela Lei nº 8.216, de 13.8.91)
§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor adicional previsto no inciso XVII
do art. 7o da Constituição Federal quando da utilização do primeiro período. (Incluído pela Lei nº
9.525, de 10.12.97)
Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com Raios X ou substâncias radioa-
tivas gozará 20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida
em qualquer hipótese a acumulação.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de calamidade pública, co-
moção interna, convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço
declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
Parágrafo único. O restante do período interrompido será gozado de uma só vez, observado
o disposto no art. 77. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Capítulo IV
Das Licenças
Seção I
Disposições Gerais
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
I - por motivo de doença em pessoa da família;
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
Seção V
Da Licença para Atividade Política
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o período que mediar
entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do re-
gistro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas funções e
que exerça cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será a-
fastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o
décimo dia seguinte ao do pleito. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor
fará jus à licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três
meses. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção VI
Da Licença para Capacitação
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor poderá, no interesse da Admi-
nistração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três
meses, para participar de curso de capacitação profissional. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput não são acumulá-
veis.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 90. (VETADO).
Seção VII
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
Art. 91. A critério da Administração, poderá ser concedida ao servidor ocupante de cargo
efetivo, desde que não esteja em estágio probatório, licença para o trato de assuntos particulares
pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração, prorrogável uma única vez por perí-
odo não superior a esse limite. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Vide Medida Pro-
visória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 1° A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interes-
se do serviço.
§ 2o Não se concederá nova licença antes de decorridos dois anos do término da anterior ou
de sua prorrogação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção VIII
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem remuneração para o desempenho
de mandato em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato re-
presentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de ge-
rência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para pres-
tar serviços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei,
conforme disposto em regulamento e observados os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº
11.094, de 2005) (Regulamento)
I - para entidades com até 5.000 associados, um servidor; (Inciso incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97)
II - para entidades com 5.001 a 30.000 associados, dois servidores; (Inciso incluído pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97)
III - para entidades com mais de 30.000 associados, três servidores. (Inciso incluído pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o Somente poderão ser licenciados servidores eleitos para cargos de direção ou repre-
sentação nas referidas entidades, desde que cadastradas no Ministério da Administração Federal
e Reforma do Estado. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2° A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser prorrogada, no caso de reelei-
ção, e por uma única vez.
Capítulo V
Dos Afastamentos
Seção I
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade dos Po-
deres da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:
(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) (Regulamento) (Vide Decreto nº 4.493, de
3.12.2002) (Regulamento)
I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança; (Redação dada pela Lei nº
8.270, de 17.12.91)
II - em casos previstos em leis específicas.(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
§ 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Dis-
trito Federal ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do órgão ou entidade cessionária,
mantido o ônus para o cedente nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
§ 2o Na hipótese de o servidor cedido à empresa pública ou sociedade de economia mista,
nos termos das respectivas normas, optar pela remuneração do cargo efetivo, a entidade cessio-
nária efetuará o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. (Redação
dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário Oficial da União. (Redação da-
da pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da República, o servidor do Poder Execu-
tivo poderá ter exercício em outro órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro
próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo. (Incluído pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou servidor por ela requisitado, as dis-
posições dos §§ 1º e 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de sociedade de economia mista,
que receba recursos de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de paga-
mento de pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste arti-
go, ficando o exercício do empregado cedido condicionado a autorização específica do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em comissão ou
função gratificada. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com a finalidade de promover a
composição da força de trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, pode-
rá determinar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, independentemente da obser-
vância do constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.470, de
25.6.2002)
Seção II
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará afastado do cargo;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela
sua remuneração;
III - investido no mandato de vereador:
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de seu cargo, sem prejuízo
da remuneração do cargo eletivo;
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar
pela sua remuneração.
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá para a seguridade social como
se em exercício estivesse.
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista não poderá ser removido ou redis-
tribuído de ofício para localidade diversa daquela onde exerce o mandato.
Seção III
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo ou missão oficial, sem auto-
rização do Presidente da República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do
Supremo Tribunal Federal.
§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a missão ou estudo, somente decor-
rido igual período, será permitida nova ausência.
§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será concedida exoneração ou
licença para tratar de interesse particular antes de decorrido período igual ao do afastamento, res-
salvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento.
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da carreira diplomática.
§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de que trata este artigo, inclusive
no que se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em regulamento. (Incluído pela
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo internacional de que o Brasil
participe ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração.
Capítulo VI
Das Concessões
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se do serviço:
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
a) casamento;
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor
sob guarda ou tutela e irmãos.
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante, quando comprovada a in-
compatibilidade entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a compensação de horário no órgão
ou entidade que tiver exercício, respeitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo renumera-
do e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o Também será concedido horário especial ao servidor portador de deficiência, quando
comprovada a necessidade por junta médica oficial, independentemente de compensação de ho-
rário. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o As disposições do parágrafo anterior são extensivas ao servidor que tenha cônjuge,
filho ou dependente portador de deficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação
de horário na forma do inciso II do art. 44. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da administração é assegu-
rada, na localidade da nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino
congênere, em qualquer época, independentemente de vaga.
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge ou companheiro, aos filhos,
ou enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda,
com autorização judicial.
Capítulo VII
Do Tempo de Serviço
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço público federal, inclusive o
prestado às Forças Armadas.
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que serão convertidos em a-
nos, considerado o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são considerados como de
efetivo exercício os afastamentos em virtude de:
I - férias;
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou entidade dos Poderes da
União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal;
III - exercício de cargo ou função de governo ou administração, em qualquer parte do territó-
rio nacional, por nomeação do Presidente da República;
IV - participação em programa de treinamento regularmente instituído, conforme dispuser o
regulamento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, exce-
to para promoção por merecimento;
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afastamento, conforme dispuser o
regulamento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VIII - licença:
a) à gestante, à adotante e à paternidade;
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro meses, cumulativo ao lon-
go do tempo de serviço público prestado à União, em cargo de provimento efetivo; (Redação dada
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
c) para o desempenho de mandato classista ou participação de gerência ou administração
em sociedade cooperativa constituída por servidores para prestar serviços a seus membros, exce-
to para efeito de promoção por merecimento; (Redação dada pela Lei nº 11.094, de 2005)
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional;
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
f) por convocação para o serviço militar;
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
X - participação em competição desportiva nacional ou convocação para integrar representa-
ção desportiva nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica;
XI - afastamento para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o
qual coopere. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e disponibilidade:
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios e Distrito Federal;
II - a licença para tratamento de saúde de pessoa da família do servidor, com remuneração;
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o;
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal
ou distrital, anterior ao ingresso no serviço público federal;
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Previdência Social;
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que exceder o prazo a que se refe-
re a alínea "b" do inciso VIII do art. 102. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será contado apenas para nova aposen-
tadoria.
§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às Forças Armadas em operações
de guerra.
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço prestado concomitantemente em
mais de um cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Fede-
ral e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia mista e empresa pública.
Capítulo VIII
Do Direito de Petição
Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Poderes Públicos, em defesa de
direito ou interesse legítimo.
Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade competente para decidi-lo e encaminha-
do por intermédio daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que houver expedido o ato ou proferi-
do a primeira decisão, não podendo ser renovado.
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração de que tratam os artigos an-
teriores deverão ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
Art. 107. Caberá recurso:
I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente superior à que tiver expedido o ato
ou proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades.
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade a que estiver imediatamente
subordinado o requerente.
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconsideração ou de recurso é de 30 (trin-
ta) dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida.
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo da autoridade compe-
tente.
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsideração ou do recurso, os
efeitos da decisão retroagirão à data do ato impugnado.
Art. 110. O direito de requerer prescreve:
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposentadoria ou dis-
ponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data da publicação do ato impugna-
do ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado.
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis, interrompem a prescri-
ção.
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser relevada pela administração.
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada vista do processo ou docu-
mento, na repartição, ao servidor ou a procurador por ele constituído.
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo, quando eivados de ile-
galidade.
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo
de força maior.
Título IV
Do Regime Disciplinar
Capítulo I
Dos Deveres
Art. 116. São deveres do servidor:
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
II - ser leal às instituições a que servir;
III - observar as normas legais e regulamentares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
V - atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por
sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações
de interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI - levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência em
razão do cargo;
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hie-
rárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se
ao representando ampla defesa.
Capítulo II
Das Proibições
Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da
repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de
serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho
de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou
sindical, ou a partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companhei-
ro ou parente até o segundo grau civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade
da função pública;
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não per-
sonificada, salvo a participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entida-
des em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em socie-
dade cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros, e exercer o comércio, exceto
na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação dada pela Lei nº 11.094, de 2005)
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se
tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge
ou companheiro;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de
suas atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particula-
res;
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situa-
ções de emergência e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou
função e com o horário de trabalho;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado. (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
Capítulo III
Da Acumulação
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação remune-
rada de cargos públicos.
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fun-
dações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal,
dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da compa-
tibilidade de horários.
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego
público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas re-
munerações forem acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em órgão de delibe-
ração coletiva. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remuneração devida pela participa-
ção em conselhos de administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia
mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer entidades sob controle direto ou indi-
reto da União, observado o que, a respeito, dispuser legislação específica. (Incluído pela Lei nº
9.292, de 12.7.1996) (Vide Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos
efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os
cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercí-
cio de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvi-
dos.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Capítulo IV
Das Responsabilidades
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de
suas atribuições.
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo,
que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.
§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na
forma prevista no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela via
judicial.
§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda
Pública, em ação regressiva.
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executa-
da, até o limite do valor da herança recebida.
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servi-
dor, nessa qualidade.
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo prati-
cado no desempenho do cargo ou função.
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independen-
tes entre si.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição
criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.
Capítulo V
Das Penalidades
Art. 127. São penalidades disciplinares:
I - advertência;
II - suspensão;
III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V - destituição de cargo em comissão;
VI - destituição de função comissionada.
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da
infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravan-
tes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento legal
e a causa da sanção disciplinar. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição cons-
tante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regu-
lamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave. (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com adver-
tência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de
demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente,
recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessan-
do os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser
convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remunera-
ção, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados,
após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor
não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos.
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo;
III - inassiduidade habitual;
IV - improbidade administrativa;
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou
de outrem;
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
XI - corrupção;
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos IV, VIII,
X e XI do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo
da ação penal cabível.
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117,
incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo
prazo de 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido
ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço por
mais de trinta dias consecutivos.
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa justificada, por
sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses.
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade habitual, também será ado-
tado o procedimento sumário a que se refere o art. 133, observando-se especialmente que:
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do período de ausência inten-
cional do servidor ao serviço superior a trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de falta ao serviço sem causa
justificada, por período igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de
doze meses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará relatório conclusivo quanto à ino-
cência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará
o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a intencionalida-
de da ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora
para julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos
Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão e cassa-
ção de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou en-
tidade;
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior àquelas menciona-
das no inciso anterior quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou
regulamentos, nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição de cargo
em comissão.
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentado-
ria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido.
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares ca-
pituladas também como crime.
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescri-
ção, até a decisão final proferida por autoridade competente.
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expedição do mandado será imedi-
atamente comunicada ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e hora marca-
dos para inquirição.
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo, não sendo lícito à tes-
temunha trazê-lo por escrito.
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente.
§ 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infirmem, proceder-se-á à acarea-
ção entre os depoentes.
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão promoverá o interrogatório do
acusado, observados os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.
§ 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido separadamente, e sempre
que divergirem em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação
entre eles.
§ 2o O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, bem como à inquirição das
testemunhas, sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém,
reinquiri-las, por intermédio do presidente da comissão.
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado, a comissão proporá à
autoridade competente que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe
pelo menos um médico psiquiatra.
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processado em auto apartado e apen-
so ao processo principal, após a expedição do laudo pericial.
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação do servidor, com a es-
pecificação dos fatos a ele imputados e das respectivas provas.
§ 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente da comissão para apre-
sentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na reparti-
ção.
§ 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20 (vinte) dias.
§ 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para diligências reputadas indis-
pensáveis.
§ 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da citação, o prazo para de-
fesa contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que fez a cita-
ção, com a assinatura de (2) duas testemunhas.
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a comunicar à comissão o lugar
onde poderá ser encontrado.
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será citado por edital, publi-
cado no Diário Oficial da União e em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio
conhecido, para apresentar defesa.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa será de 15 (quinze) dias a
partir da última publicação do edital.
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado, não apresentar defesa
no prazo legal.
§ 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e devolverá o prazo para a
defesa.
§ 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do processo designará um
servidor como defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo
nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório minucioso, onde resumirá as
peças principais dos autos e mencionará as provas em que se baseou para formar a sua convic-
ção.
§ 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servi-
dor.
§ 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão indicará o dispositivo legal ou
regulamentar transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será remetido à autoridade
que determinou a sua instauração, para julgamento.
Seção II
Do Julgamento
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, a autoridade
julgadora proferirá a sua decisão.
§ 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autoridade instauradora do proces-
so, este será encaminhado à autoridade competente, que decidirá em igual prazo.
§ 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, o julgamento caberá à autori-
dade competente para a imposição da pena mais grave.
§ 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de aposentadoria ou disponibili-
dade, o julgamento caberá às autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
§ 4o Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a autoridade instauradora do pro-
cesso determinará o seu arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos.
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando contrário às provas
dos autos.
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as provas dos autos, a autorida-
de julgadora poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o ser-
vidor de responsabilidade.
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que determinou a instaura-
ção do processo ou outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e orde-
nará, no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração de novo proces-
so.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do processo.
§ 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que trata o art. 142, § 2o, será
responsabilizada na forma do Capítulo IV do Título IV.
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro
do fato nos assentamentos individuais do servidor.
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo disciplinar será reme-
tido ao Ministério Público para instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser exonerado a pedido,
ou aposentado voluntariamente, após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade,
acaso aplicada.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o parágrafo único, inciso I do art. 34, o
ato será convertido em demissão, se for o caso.
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede de sua repartição, na condi-
ção de testemunha, denunciado ou indiciado;
tamento ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do mencionado regime de
previdência. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem remuneração a manutenção da
vinculação ao regime do Plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimen-
to mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido pelos servidores em atividade,
incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, com-
putando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais. (Incluído pela Lei nº 10.667, de
14.5.2003)
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o segundo dia útil após a data
do pagamento das remunerações dos servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de co-
brança e execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de vencimento. (Incluído
pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a que estão sujeitos
o servidor e sua família, e compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam às se-
guintes finalidades:
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invalidez, velhice, acidente em
serviço, inatividade, falecimento e reclusão;
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
III - assistência à saúde.
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos e condições definidos em regu-
lamento, observadas as disposições desta Lei.
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor compreendem:
I - quanto ao servidor:
a) aposentadoria;
b) auxílio-natalidade;
c) salário-família;
d) licença para tratamento de saúde;
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
f) licença por acidente em serviço;
g) assistência à saúde;
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias;
II - quanto ao dependente:
a) pensão vitalícia e temporária;
b) auxílio-funeral;
c) auxílio-reclusão;
d) assistência à saúde.
§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas pelos órgãos ou entidades
aos quais se encontram vinculados os servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224.
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, dolo ou má-fé, implicará de-
volução ao erário do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.
Capítulo II
Dos Benefícios
Seção I
Da Aposentadoria
Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da Constituição)
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando decorrente de acidente em
serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e
proporcionais nos demais casos;
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de
serviço;
III - voluntariamente:
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30 (trinta) se mulher, com pro-
ventos integrais;
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de magistério se professor, e 25 (vinte
e cinco) se professora, com proventos integrais;
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e cinco) se mulher, com proven-
tos proporcionais a esse tempo;
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos 60 (sessenta) se mulher, com
proventos proporcionais ao tempo de serviço.
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, a que se refere o inciso I
deste artigo, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira
posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados
avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS,
e outras que a lei indicar, com base na medicina especializada.
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas insalubres ou perigosas, bem como
nas hipóteses previstas no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso III, "a" e "c", observará o
disposto em lei específica.
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à junta médica oficial, que atestará a
invalidez quando caracterizada a incapacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a
impossibilidade de se aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e declarada por ato, com vigência a
partir do dia imediato àquele em que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço
ativo.
Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a partir da data da publicação
do respectivo ato.
§ 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de licença para tratamento de saúde, por
período não excedente a 24 (vinte e quatro) meses.
§ 2o Expirado o período de licença e não estando em condições de reassumir o cargo ou de
ser readaptado, o servidor será aposentado.
§ 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da licença e a publicação do ato da
aposentadoria será considerado como de prorrogação da licença.
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com observância do disposto no § 3o
do art. 41, e revisto na mesma data e proporção, sempre que se modificar a remuneração dos
servidores em atividade.
Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posterior-
mente concedidas aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes de transformação
ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional ao tempo de serviço, se acome-
tido de qualquer das moléstias especificadas no art. 186, § 1o, passará a perceber provento inte-
gral.
Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento não será inferior a 1/3 (um
terço) da remuneração da atividade.
Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação natalina, até o dia vinte do mês de
dezembro, em valor equivalente ao respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido.
Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas, duran-
te a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será con-
cedida aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo.
Seção II
Do Auxílio-Natalidade
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo de nascimento de filho, em
quantia equivalente ao menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de natimorto.
§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de 50% (cinqüenta por cento), por
nascituro.
§ 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor público, quando a parturiente
não for servidora.
Seção III
Do Salário-Família
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao inativo, por dependente econômi-
co.
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos para efeito de percepção do salá-
rio-família:
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados até 21 (vinte e um) anos de
idade ou, se estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autorização judicial, viver na companhia e
às expensas do servidor, ou do inativo;
III - a mãe e o pai sem economia própria.
Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando o beneficiário do salário-família
perceber rendimento do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da a-
posentadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e viverem em comum, o salário-
família será pago a um deles; quando separados, será pago a um e outro, de acordo com a distri-
buição dos dependentes.
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madrasta e, na falta destes, os
representantes legais dos incapazes.
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, nem servirá de base para qual-
quer contribuição, inclusive para a Previdência Social.
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, não acarreta a suspensão do
pagamento do salário-família.
Seção IV
Da Licença para Tratamento de Saúde
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento de saúde, a pedido ou de ofí-
cio, com base em perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
Art. 203. Para licença até 30 (trinta) dias, a inspeção será feita por médico do setor de assis-
tência do órgão de pessoal e, se por prazo superior, por junta médica oficial.
§ 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada na residência do servidor ou
no estabelecimento hospitalar onde se encontrar internado.
§ 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde se encontra ou tenha exercício
em caráter permanente o servidor, e não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos
do art. 230, será aceito atestado passado por médico particular. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97)
§ 3o No caso do parágrafo anterior, o atestado somente produzirá efeitos depois de homolo-
gado pelo setor médico do respectivo órgão ou entidade, ou pelas autoridades ou pessoas de que
tratam os parágrafos do art. 230. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4o O servidor que durante o mesmo exercício atingir o limite de trinta dias de licença para
tratamento de saúde, consecutivos ou não, para a concessão de nova licença, independentemen-
te do prazo de sua duração, será submetido a inspeção por junta médica oficial. (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 204. Findo o prazo da licença, o servidor será submetido a nova inspeção médica, que
concluirá pela volta ao serviço, pela prorrogação da licença ou pela aposentadoria.
Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão ao nome ou natureza da do-
ença, salvo quando se tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou
qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1o.
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas ou funcionais será submeti-
do a inspeção médica.
Seção V
Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Paternidade
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias consecuti-
vos, sem prejuízo da remuneração.
§ 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de gestação, salvo antecipação
por prescrição médica.
§ 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a partir do parto.
§ 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do evento, a servidora será submetida
a exame médico, e se julgada apta, reassumirá o exercício.
§ 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora terá direito a 30 (trinta) dias
de repouso remunerado.
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá direito à licença-paternidade
de 5 (cinco) dias consecutivos.
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis meses, a servidora lactante terá
direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois
períodos de meia hora.
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de criança até 1 (um) ano de ida-
de, serão concedidos 90 (noventa) dias de licença remunerada.
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de criança com mais de 1 (um) ano
de idade, o prazo de que trata este artigo será de 30 (trinta) dias.
Seção VI
Da Licença por Acidente em Serviço
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor acidentado em serviço.
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se
relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido.
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor no exercício do cargo;
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa.
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de tratamento especializado pode-
rá ser tratado em instituição privada, à conta de recursos públicos.
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica oficial constitui medida de ex-
ceção e somente será admissível quando inexistirem meios e recursos adequados em instituição
pública.
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) dias, prorrogável quando as
circunstâncias o exigirem.
Seção VII
Da Pensão
Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes fazem jus a uma pensão mensal de valor
correspondente ao da respectiva remuneração ou provento, a partir da data do óbito, observado o
limite estabelecido no art. 42.
Art. 216. As pensões distinguem-se, quanto à natureza, em vitalícias e temporárias.
§ 1o A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas permanentes, que somente se extin-
guem ou revertem com a morte de seus beneficiários.
§ 2o A pensão temporária é composta de cota ou cotas que podem se extinguir ou reverter
por motivo de morte, cessação de invalidez ou maioridade do beneficiário.
Art. 217. São beneficiários das pensões:
I - vitalícia:
a) o cônjuge;
b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada, com percepção de pensão
alimentícia;
c) o companheiro ou companheira designado que comprove união estável como entidade
familiar;
d) a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor;
e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos e a pessoa portadora de deficiência,
que vivam sob a dependência econômica do servidor;
II - temporária:
a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um) anos de idade, ou, se inválidos, enquanto durar
a invalidez;
b) o menor sob guarda ou tutela até 21 (vinte e um) anos de idade;
c) o irmão órfão, até 21 (vinte e um) anos, e o inválido, enquanto durar a invalidez, que com-
provem dependência econômica do servidor;
d) a pessoa designada que viva na dependência econômica do servidor, até 21 (vinte e um)
anos, ou, se inválida, enquanto durar a invalidez.
§ 1o A concessão de pensão vitalícia aos beneficiários de que tratam as alíneas "a" e "c" do
inciso I deste artigo exclui desse direito os demais beneficiários referidos nas alíneas "d" e "e".
§ 2o A concessão da pensão temporária aos beneficiários de que tratam as alíneas "a" e "b"
do inciso II deste artigo exclui desse direito os demais beneficiários referidos nas alíneas "c" e "d".
Art. 218. A pensão será concedida integralmente ao titular da pensão vitalícia, exceto se
existirem beneficiários da pensão temporária.
§ 1o Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão vitalícia, o seu valor será distribuído
em partes iguais entre os beneficiários habilitados.
§ 2o Ocorrendo habilitação às pensões vitalícia e temporária, metade do valor caberá ao
titular ou titulares da pensão vitalícia, sendo a outra metade rateada em partes iguais, entre os
titulares da pensão temporária.
§ 3o Ocorrendo habilitação somente à pensão temporária, o valor integral da pensão será
rateado, em partes iguais, entre os que se habilitarem.
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, prescrevendo tão-somente as
prestações exigíveis há mais de 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova posterior ou habilitação tardia que
implique exclusão de beneficiário ou redução de pensão só produzirá efeitos a partir da data em
que for oferecida.
Art. 220. Não faz jus à pensão o beneficiário condenado pela prática de crime doloso de que
tenha resultado a morte do servidor.
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte presumida do servidor, nos seguintes
casos:
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária competente;
II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou acidente não caracterizado
como em serviço;
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo ou em missão de segurança.
Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em vitalícia ou temporária, conforme
o caso, decorridos 5 (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servi-
dor, hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado.
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
I - o seu falecimento;
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a concessão da pensão ao
cônjuge;
III - a cessação de invalidez, em se tratando de beneficiário inválido;
IV - a maioridade de filho, irmão órfão ou pessoa designada, aos 21 (vinte e um) anos de
idade;
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
VI - a renúncia expressa.
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a respectiva cota reverterá:
I - da pensão vitalícia para os remanescentes desta pensão ou para os titulares da pensão
temporária, se não houver pensionista remanescente da pensão vitalícia;
II - da pensão temporária para os co-beneficiários ou, na falta destes, para o beneficiário da
pensão vitalícia.
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas na mesma data e na mesma pro-
porção dos reajustes dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único
do art. 189.
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção cumulativa de mais de duas
pensões.
Seção VIII
Do Auxílio-Funeral
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor falecido na atividade ou aposentado,
em valor equivalente a um mês da remuneração ou provento.
§ 1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago somente em razão do car-
go de maior remuneração.
§ 2o (VETADO).
§ 3o O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, por meio de procedimento
sumaríssimo, à pessoa da família que houver custeado o funeral.
Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será indenizado, observado o disposto
no artigo anterior.
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do local de trabalho, inclusive
no exterior, as despesas de transporte do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia
ou fundação pública.
Seção IX
Do Auxílio-Reclusão
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, nos seguintes valores:
I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de prisão, em flagrante ou pre-
ventiva, determinada pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão;
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude de condenação, por sentença
definitiva, a pena que não determine a perda de cargo.
§ 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá direito à integralização da
remuneração, desde que absolvido.
§ 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia imediato àquele em que o ser-
vidor for posto em liberdade, ainda que condicional.
Capítulo III
Da Assistência à Saúde
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de sua família, compreende
assistência médica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, prestada pelo Sistema
Único de Saúde - SUS ou diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor,
ou, ainda, mediante convênio ou contrato, na forma estabelecida em regulamento. (Redação dada
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Regulamento)
§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida perícia, avaliação ou inspeção
médica, na ausência de médico ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou entidade
celebrará, preferencialmente, convênio com unidades de atendimento do sistema público de saú-
de, entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplicação do disposto no parágrafo an-
terior, o órgão ou entidade promoverá a contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica,
que constituirá junta médica especificamente para esses fins, indicando os nomes e especialida-
des dos seus integrantes, com a comprovação de suas habilitações e de que não estejam respon-
dendo a processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profissão. (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
Capítulo IV
Do Custeio
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99)
Título VII
Capítulo Único
Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse Público
Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
Título VIII
Capítulo Único
Das Disposições Gerais
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte e oito de outubro.
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
os seguintes incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira:
I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos que favoreçam o aumento de
produtividade e a redução dos custos operacionais;
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, condecoração e elogio.
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em dias corridos, excluindo-se o dia
do começo e incluindo-se o do vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o
prazo vencido em dia em que não haja expediente.
Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, o servidor não
poderá ser privado de quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional,
nem eximir-se do cumprimento de seus deveres.
Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da Constituição Federal, o direito
à livre associação sindical e os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substituto processual;
b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o final do mandato, exceto se a
pedido;
c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a que for filiado, o valor das
mensalidades e contribuições definidas em assembléia geral da categoria.
d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
e) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do cônjuge e filhos, quaisquer pessoas
que vivam às suas expensas e constem do seu assentamento individual.
Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou companheiro, que comprove
união estável como entidade familiar.
Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o município onde a repartição estiver ins-
talada e onde o servidor tiver exercício, em caráter permanente.
Título IX
Capítulo Único
Das Disposições Transitórias e Finais
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por esta Lei, na qualidade de servi-
dores públicos, os servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive
as em regime especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de
1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do Tra-
balho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, exceto os contratados por pra-
zo determinado, cujos contratos não poderão ser prorrogados após o vencimento do prazo de
prorrogação.
§ 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no regime instituído por esta Lei fi-
cam transformados em cargos, na data de sua publicação.
§ 2o As funções de confiança exercidas por pessoas não integrantes de tabela permanente
do órgão ou entidade onde têm exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e manti-
das enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou entidades na forma da lei.
§ 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exercidas por servidor integrante de
quadro ou tabela de pessoal, ficam extintas na data da vigência desta Lei.
§ 4o (VETADO).
§ 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários da Justiça, remunerados com
recursos da União, no que couber.
§ 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade no serviço público, enquan-
to não adquirirem a nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo
órgão ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se encon-
trem vinculados os empregos.
§ 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo, não amparados pelo art. 19 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, poderão, no interesse da Administração e con-
forme critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados mediante indenização de um mês
de remuneração por ano de efetivo exercício no serviço público federal. (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
§ 8o Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na declaração de rendimentos,
serão considerados como indenizações isentas os pagamentos efetuados a título de indenização
prevista no parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto no § 7o poderão ser extintos
pelo Poder Executivo quando considerados desnecessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos aos servidores abrangidos por
esta Lei, ficam transformados em anuênio.
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro
diploma legal, fica transformada em licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts.
87 a 90.
Art. 246. (VETADO).
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, haverá ajuste de contas com a Previ-
dência Social, correspondente ao período de contribuição por parte dos servidores celetistas a-
brangidos pelo art. 243. (Redação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91)
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência desta Lei, passam a ser manti-
das pelo órgão ou entidade de origem do servidor.
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os servidores abrangidos por esta
Lei contribuirão na forma e nos percentuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da Uni-
ão conforme regulamento próprio.
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as con-
dições necessárias para a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos
Funcionários Públicos Civis da União, Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á
com a vantagem prevista naquele dispositivo. (Artigo vetado e mantido pelo Congresso Nacional
promulgado no D.O.U. de 19.4.91)
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, com efeitos financeiros a partir
do primeiro dia do mês subseqüente.
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, e respectiva legislação
complementar, bem como as demais disposições em contrário.
Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independência e 102o da República.
FERNANDO COLLOR
Jarbas Passarinho
Capítulo I
DO DEVER DE COMUNICAR E APURAR IRREGULARIDADES
1. A autoridade que, na sua jurisdição, tiver ciência de irregularidade no serviço público, é obri-
gada a promover a sua apuração imediata, mediante instauração de sindicância ou processo ad-
ministrativo disciplinar, assegurado ao acusado ampla defesa (Lei nº 8.112/90, art. 143).
1.1 - Os servidores que, em razão do cargo, tiverem conhecimento de irregularidades no serviço
público, devem levá-la ao conhecimento da autoridade superior para adoção das providências
cabíveis (Lei nº 8.112/90, art. 116, inc. VI).
2. Servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público (Lei nº 8.112/90, art. 2º).
2.1 - Reputa-se agente público, para efeitos da Lei nº 8.429/92 (improbidade administrativa), todo
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, de-
signação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre-
go ou função na administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patri-
mônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual (Lei nº 8.429/92, arts. 1º e
2º).
2.2 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública (Código Penal-CP, art. 327).
3. Constitui crime de condescendência criminosa deixar o funcionário, por indulgência, de respon-
sabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competên-
cia, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente (CP art. 320).
4. O descumprimento do dever de instaurar processo administrativo disciplinar (Lei nº 8.112/90,
art. 143) ou de providenciar a instauração do inquérito policial quando a infração estiver capitulada
como crime (Lei nº 8.112/90, arts. 154, par. único e 171) constitui infração disciplinar apurável e
punível em qualquer época (Formulação do DASP nº 335 - DOU de 22/10/73).
Capítulo II
DAS DENÚNCIAS E REPRESENTAÇÕES
5. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que sejam formuladas por
escrito, contenham informações sobre o fato e sua autoria e a identificação e o endereço do de-
nunciante, confirmada a autenticidade (Constituição Federal, art. 5º, inc. IV e Leis nºs 8.112/90,
art. 144 e 8.429/92, art. 14, § 1º).
5.1 - Quando o fato narrado não configurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia
será arquivada, por falta de objeto (Lei nº 8.112/90, art. 144, par. único).
5.2 - A representação funcional contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder determinada pelo
inc. XII, do art.116, da Lei nº 8.112/90, deverá:
I - conter a identificação do representante e do representado e a indicação precisa do fato que, por
ação ou omissão do representado, em razão do cargo, constitui ilegalidade, omissão ou abuso de
poder;
II - vir acompanhada das provas que o representante dispuser ou da indicação das que apenas
tenha conhecimento; e
III - indicar as testemunhas, se houver.
(Portaria SRF nº 1688, de 04/10/96, art.1º, caput - DOU nº 195, de 08/10/96, pag. 20084).
5.3 - Quando a representação for genérica ou não indicar o nexo de causalidade entre o fato de-
nunciado e as atribuições do cargo do representado, deverá ser devolvida ao representante para
26.1 - Não constitui nulidade do processo a falta de indicação na portaria de designação da co-
missão dos ilícitos e correspondentes dispositivos legais e dos possíveis autores, o que se não
recomenda inclusive para obstar influências do trabalho da comissão ou alegação de presunção
de culpabilidade (Pareceres AGU GQ-12, de 07/02/94, item 16 - DOU de 08/02/94 e GQ-35, de
30/10/94, item 15 e 22, letra "e" - DOU de 16/11/94).
26.2 - A Portaria delimita o alcance das acusações, devendo a comissão ater-se aos fatos ali des-
critos, podendo, entretanto, alcançar outros fatos quando vinculados com as irregularidades nela
discriminadas.
27. Expedida a portaria, a autoridade instauradora encaminhará cópia da mesma ao Delegado de
Administração do Ministério da Fazenda com jurisdição sobre a Unidade Administrativa onde se
desenvolverá o processo para publicação no Boletim de Serviços (Modelo 03).
28. Para compor a comissão de inquérito devem ser designados funcionários da unidade onde
tenha ocorrido as irregularidades que devam ser apuradas, exceto quando motivos relevantes
recomendem a designação de servidores de outros órgãos.
28.1 - A designação de funcionário de outro órgão para integrar comissão de inquérito deverá ser
precedida de prévia autorização da autoridade a que o mesmo estiver subordinado.
29. Não poderá participar de comissão de sindicância ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou
parente do acusado, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau (Lei nº
8.112/90, art. 149, § 2º).
30. A designação de servidor para integrar comissão de inquérito constitui encargo de natureza
obrigatória, exceto nos casos de suspeições e impedimentos legalmente admitidos.
30.1 - Suspeições e impedimentos são circunstâncias de ordem individual, íntima, de parentes-
co (consangüíneo ou afim), que, envolvendo a pessoa do acusado com os membros da comissão,
testemunhas, peritos e autoridade julgadora, impossibilitam estes de exercerem qualquer função
no respectivo procedimento disciplinar.
31. São circunstâncias configuradoras de suspeição para os membros da comissão processante
ou sindicante em relação ao envolvido ou denunciante:
I - amizade íntima com ele ou parentes seus;
II - inimizade capital com ele ou parentes seus;
III - parentesco;
IV - tiver com o denunciante, quando tratar-se de pessoas estranhas ao Serviço Público, compro-
missos pessoais ou comerciais como devedor ou credor;
V - tiver amizade ou inimizade pessoal ou familiar mútua e recíproca com o próprio advogado do
indiciado ou com parentes seus; e
VI - tiver aplicado ao denunciante ou ao envolvido indiciado, enquanto seu superior hierárquico,
penalidades disciplinares decorrentes de sindicância ou processo disciplinar.
32. São circunstâncias de impedimento para os componentes da comissão:
I - instabilidade no Serviço Público (Lei nº 8.112/90, art. 149);
II - tiver como superior ou subordinado hierárquico do denunciante ou do indiciado participado de
sindicância ou de processo administrativo, na qualidade de testemunha do denunciante, do indici-
ado ou da comissão de sindicância ou comissão processante;
III - ter sofrido punição disciplinar;
IV - ter sido condenado em processo penal;
V - estar respondendo a processo criminal; e
VI - se encontrar envolvido em processo administrativo disciplinar.
33. Devem ser adiadas as férias e licenças prêmio por assiduidade e para tratar de interesses
particulares dos servidores designados para integrar comissão de inquérito, sendo permitido, por
autoridade que tiver ascendência funcional sobre este na data da infração. (Formulação do
DASP nº 180).
44. Prevalece a competência instauradora da autoridade a que o servidor faltoso estava subordi-
nado funcionalmente por ocasião do cometimento da infração, quando esta chegue ao seu conhe-
cimento após a remoção do servidor para outra repartição, devendo o resultado, se julgado res-
ponsável, ser comunicado à nova chefia para fins de publicação e cumprimento da respectiva pe-
nalidade. (Formulação do DASP nº 180).
45. A portaria de instauração deverá ser publicada no Boletim de Serviço da Delegacia de Admi-
nistração do Ministério da Fazenda-DAMF, que jurisdiciona a unidade de lotação dos servidores
envolvidos.
45.1 - Os trabalhos da comissão somente poderão ser iniciados a partir da data de publicação da
portaria designadora da respectiva comissão, sob pena de nulidade dos atos praticados antes
desse evento.
46. Com a publicação da portaria instauradora do PAD decorrem os seguintes efeitos:
I - interrupção da prescrição (Lei nº 8.112/90, art. 142, § 3º e Formulação do DASP nº 031); e
II - impossibilidade de exoneração a pedido e aposentadoria voluntária (Lei nº 8.112/90, art. 172)
47. A instauração do PAD não impede que o acusado ou indiciado, no decorrer do processo, seja
exonerado, a pedido, de um cargo para ocupar outro da mesma esfera de governo, desde que
continue vinculado ao mesmo regime disciplinar (Formulação do DASP nº 001).
47.1 - No direito administrativo disciplinar, desde a publicação da portaria instauradora do proces-
so, o servidor a quem se atribui as irregularidades funcionais é denominado acusado ou imputa-
do, passando a situação de indiciado somente quando a comissão, ao encerrar a instrução, con-
cluir, com base nas provas constantes dos autos, pela responsabilização do acusado, enquadran-
do-o num determinado tipo disciplinar (Parecer AGU GQ-35, de 30/10/94, item 13 - DOU de
16/11/94).
48. Na hipótese do PAD ter-se originado de sindicância, cujo relatório conclua que a infração está
capitulada como ilícito penal a autoridade competente (instauradora) encaminhará cópia dos au-
tos ao Ministério Público, independentemente da imediata instauração do processo disciplinar (Lei
nº 8.112/90, art. 154, parágrafo único) (Modelo 05).
49. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas da
União da instauração de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbida-
de administrativa de que trata a Lei nº 8.429/92, que importem em enriquecimento ilícito (art. 9º),
prejuízo ao erário (art. 10) e atentem contra os princípios da administração pública (art. 11) (Lei nº
8.429/92, art. 15).
49.1 - São princípios que regem a administração pública, entre outros, o da legalidade, impessoa-
lidade, moralidade e publicidade (CF art. 37, § 5º, "caput").
50. Havendo fortes indícios de responsabilidade por ato de improbidade, a comissão representa-
rá ao Ministério Público ou a procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a de-
cretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou cau-
sado dano ao patrimônio público (Lei nº 8.429/92, art. 16).
51. Os autos da sindicância integrarão, por anexação, o inquérito administrativo, como peça in-
formativa da instrução, devendo ser repetidos, ainda que mediante mera ratificação, os depoimen-
tos indispensáveis à elucidação dos fatos. (Lei nº 8.112/90, art. 154, "caput").
Seção V
DA INSTALAÇÃO DA COMISSÃO
52. A autoridade instauradora deve providenciar local condigno para a comissão desenvolver seus
trabalhos, bem como fornecer recursos humanos e materiais necessários ao desempenho de suas
atividades.
53. Após a elaboração da Ata de Instalação dos Trabalhos (Modelo 06) a comissão elaborará um
roteiro das atividades a serem desenvolvidas e o presidente comunicará o início dos trabalhos à
autoridade instauradora (Modelo 07) e a autoridade local, quando esta não for a autoridade instau-
radora.
54. Instalada a comissão de inquérito o presidente entregará ao secretário, mediante despacho,
os documentos que tiver recebido da autoridade instauradora, para que sejam anexados aos au-
tos através de Termo de Autuação datado e assinado pelo secretário (Modelo 08).
Seção VI
DOS PRAZOS
55. Os prazos do PAD serão contados em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluin-
do-se o do vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em
dia em que não haja expediente (Lei nº 8.112/90, art. 238).
56. Os trabalhos da comissão, no silêncio da portaria designadora, devem iniciar-se na data da pu-
blicação desse ato e encerram-se com a apresentação do relatório, respeitados os prazos estabele-
cidos pelos arts. 145, parágrafo único, e 152 da Lei nº 8.112/90. (Formulação do DASP nº 41).
56.1 - Sempre que não for possível dar início aos trabalhos na data da publicação da portaria, o
Presidente comunicará os motivos à autoridade instauradora, sem prejuízo do prazo para conclu-
são dos mesmos.
57. O prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar não excederá 60 (sessenta)
dias, contados da data da publicação da portaria de constituição da comissão, admitida a sua
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem (Lei 8.112/90, art. 152 e For-
mulação do DASP nº 41).
58. Esgotados os 120 (cento e vinte) dias a que alude o art. 152 da Lei nº 8.112/90 (prorrogação),
sem que o inquérito tenha sido concluído, designa-se nova comissão para refazê-lo ou ultimá-
lo, a qual poderá ser integrada pelos mesmos ou por outros servidores (Formulação do DASP nº
216) (Modelo 09).
59. Se a nova comissão for designada para refazer o processo, deverão ser repetidos os depo-
imentos, ainda que apenas para confirmá-los.
60. Se a nova comissão for designada para ultimar o processo, não é necessário a repetição
dos depoimentos.
61. O disposto nos itens anteriores não impede a inquirição ou reinquirição de testemunhas e a
repetição ou realização de diligências ou perícias julgadas necessárias pela nova comissão.
Seção VII
DOS DOCUMENTOS DO PAD
62. Os documentos que integram o PAD serão numerados e rubricados pelo secretário ou por
qualquer membro da comissão, devendo ser inutilizados os espaços em branco no verso e anver-
so.
62.1 - Sempre que se tiver que renumerar as folhas do processo, deve-se anular com um traço
horizontal ou oblíquo a numeração anterior, conservando-se, porém, sua legibilidade.
63. Sempre que possível, nada será datilografado ou escrito no verso das folhas do processo, que
deverão conter a expressão "em branco", escrita ou carimbada, ou um simples risco por caneta,
em sentido vertical ou oblíquo.
64. Os documentos elaborados pela comissão serão autenticados com a assinatura de seus com-
ponentes na última página e pelas respectivas rubricas nas demais folhas.
65. As cópias reprográficas de documentos carreadas para os autos, quando apresentados os
originais, deverão ser autenticadas pelo secretário ou por qualquer membro da comissão.
66. Quaisquer documentos, cuja juntada ao processo seja considerada necessária, deverão ser
despachados, um por um, pelo presidente da comissão, com a expressão Junte-se aos autos ou
lugar incerto e não sabido, solicitando que seja comunicado à Comissão de Inquérito seu eventual
comparecimento a esses órgãos, para fins de imediata citação.
75. Decorridos 30 (trinta) dias de ausência injustificada do acusado ao serviço, a autoridade ins-
tauradora providenciará a imediata abertura de novo PAD para apurar o abandono do cargo (Lei
nº 8.112/90, art. 138).
75.1 - Se, neste PAD, o acusado continuar em lugar incerto e não sabido após a realização das
diligências de que trata o item 73, o presidente da comissão providenciará a citação do mesmo
por edital, na forma estabelecida pelo art. 163 da Lei nº 8.112/90 e item 143 deste Manual.
76. Se o acusado, regularmente citado na forma dos itens anteriores, não comparecer para e-
xercer o direito de acompanhar o PAD (Lei nº 8.112/90, art. 156), os trabalhos de instrução do
processo, na fase do inquérito administrativo a que se refere o inc. II do art. 151 da Lei nº
8.112/90, prosseguirão sem a sua presença, por ser tal acompanhamento um direito que o acusa-
do pode renunciar tácita ou expressamente, sem prejuízo do direito de defesa, que pode ser am-
plamente exercido no momento próprio (Lei nº 8.112/90, art. 161, § 1º).
77. O presidente da comissão poderá motivadamente denegar pedidos considerados impertinen-
tes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos (Lei nº
8.112/90, art. 156, § 1º).
77.1 - Será indeferido pelo presidente da comissão pedido de prova pericial, quando a compro-
vação do fato independer de conhecimento especial de perito (Lei nº 8.112/90, art. 156, § 2º).
Seção IX
DA INQUIRIÇÃO DAS TESTEMUNHAS
78. As testemunhas serão intimadas a depor com antecedência mínima de 3 (três) dias úteis
quanto à data de comparecimento, mediante mandado expedido pelo presidente da comissão,
com indicação do local, dia e hora para serem ouvidas, devendo a segunda via, com o ciente do
interessado, ser anexada aos autos (Lei nº 9.784/99, art. 26 § 2º) (Modelo 13).
79. A intimação de testemunhas para depor deve:
I - sempre que possível, ser entregue direta e pessoalmente ao destinatário, contra recibo lançado
na cópia da mesma; e
II - ser individual, ainda que diversas testemunhas residam no mesmo local ou trabalhem na
mesma repartição ou seção.
80. Tratando-se de autoridades ou de personalidades, a solicitação para depor deverá ser feita
por ofício e entregue ao destinatário, sempre que possível, pelo Presidente da Comissão, para
que reserve dia, hora e local em que prestará as declarações (Modelo 14).
81. O acusado ou seu procurador deverão ser notificados da intimação das testemunhas para que
possam exercer o direito de acompanhar os depoimentos (Lei nº 8.112/90, art. 156).
82. Se a testemunha for servidor público, a expedição do mandado será imediatamente comuni-
cada ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do local, dia e hora marcados para a
inquirição (Lei nº 8.112/90, art. 157, parágrafo único) (Modelo 15).
83. Serão assegurados transporte e diárias ao servidor convocado para prestar depoimento fora
da sede de sua repartição na condição de testemunha (Lei nº 8.112/90, art. 173, inc. I).
84. A testemunha, quando servidor público, não poderá eximir-se da obrigação de depor, podendo
recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível,
por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias (CPP art. 206).
85. Sendo a testemunha pessoa estranha ao serviço público ou aposentado, será solicitado seu
comparecimento para prestar esclarecimentos sobre os fatos objeto do inquérito que tiver conhe-
cimento (Modelo 16).
85.1 - Inexiste no direito administrativo disciplinar disposição legal que obrigue pessoa estranha
ao serviço público servir como testemunha e, por conseguinte, que preveja sua condução forçada.
86. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, se
consentirem, serão inquiridas onde estiverem (CPP art. 220).
87. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu tes-
temunho (CPP art. 207).
88. A testemunha prestará depoimento do que lhe for perguntado e do que souber a respeito dos
fatos objeto do processo administrativo disciplinar, devendo declarar seu nome, idade, estado civil,
residência, profissão, se é parente, e em que grau, do acusado, explicando sempre as razões de
sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade (CPP art. 203)
(Modelo 17).
89. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem
ouçam os depoimentos das outras (Lei nº 8.112/90, art. 158, § 1º e CPP art. 210).
89.1 - Se nem todas as testemunhas intimadas puderem ser ouvidas no mesmo dia, o presidente
da comissão expedirá nova intimação, com indicação do local, dia e hora para serem ouvidas.
90. Não será permitido que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando
inseparáveis da narrativa do fato (CPP art. 213).
91. O Presidente da Comissão, antes de dar início à inquirição advertirá o depoente de que se
faltar com a verdade estará incurso em crime de falso testemunho tipificado no art. 342 do Código
Penal, bem como perguntará se encontra-se em algumas das hipóteses de suspeição ou impedi-
mento previstas em lei, especialmente se é amigo íntimo ou inimigo capital do acusado. (CPP art.
210).
92. Se ficar comprovado no processo que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou
a verdade, o presidente da comissão remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a
instauração de inquérito, com vistas ao seu indiciamento no crime de falso testemunho (CPP art.
211).
93. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo, não sendo lícito à testemunha
trazê-los por escrito, sendo permitido breves consultas a apontamentos (Lei nº 8.112/90, art. 158
e CPP art. 204).
93.1 - Na redução a termo do depoimento, o presidente da comissão deverá cingir-se, tanto quan-
to possível, às expressões usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as suas frases
(CPP art. 215).
94. Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infirmem, proceder-se-á à acareação
entre os depoentes (Lei nº 8.112/90, art. 158, § 2º).
95. Se necessário, o presidente da comissão poderá solicitar que as testemunhas ou o acusado
procedam ao reconhecimento de pessoas envolvidas direta ou indiretamente com os atos ou fatos
que estejam sendo apurados no inquérito (Modelo 18).
96. Se a testemunha servir em localidade distante de onde se acha instalada a comissão, poderá
ser solicitado que preste informações por escrito sobre as perguntas que lhe forem efetuadas pela
comissão e pelo acusado ou seu procurador. (Modelo 19).
96.1 - A expedição do pedido de informação não suspenderá a instrução do inquérito (CPP art.
222, § 1º).
97. A Comissão empregará, ao longo de toda a argüição, tom neutro, não lhe sendo lícito usar de
meios que revelem coação, intimidação ou invectiva.
97.1 - As perguntas devem ser formuladas com precisão e habilidade e, em certos casos, contra-
ditoriamente, para que se possa ajuizar da segurança das alegações do depoente.
98. O acusado ou seu procurador poderá assistir à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado
interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do pre-
sidente da comissão, no final de cada depoimento, após esgotadas as perguntas feitas pelos
componentes da Comissão (Lei nº 8.112/90, art. 159, § 2º).
99. Se qualquer pessoa que não haja sido convocada propuser-se a prestar declarações ou for-
mular denúncias, será tomado seu depoimento fazendo constar no início do termo as circunstân-
cias do seu comparecimento espontâneo (Modelo 20).
100. Os depoimentos serão datilografados em texto corrido e sem rasuras.
100.1 - Se constatado erro datilográfico durante a elaboração do depoimento, este poderá ser
corrigido mediante repetição da última palavra corretamente escrita.
100.2 - Os erros de grafia, as emendas e as rasuras porventura constatadas após o encerramento
do termo de declarações, serão objeto de ressalvas consignadas no respectivo fecho, mencionan-
do-se a linha e a página em que se verificou o equívoco, a expressão errada e a expressão correta.
101. Ao final do depoimento, o Presidente da Comissão franqueará a palavra ao depoente, para
que, se desejar, aduza alguma coisa mais, que se relacione com o assunto objeto do processo.
102. Terminado o depoimento, antes da aposição das assinaturas, será feita a leitura pelo secre-
tário ou qualquer dos membros da comissão, a fim de possibilitar as retificações cabíveis, que
serão feitas em seguida às últimas palavras lidas.
102.1 - Quando se estiver utilizando microcomputador, as correções e retificações poderão ser
feitas diretamente no texto, imprimindo-se novamente o depoimento.
103. O depoimento será assinado ao final, bem como rubricadas todas as suas folhas, pela teste-
munha, pelo presidente da comissão, pelos vogais, pelo secretário e pelo acusado e seu procura-
dor, se presentes. Se a testemunha não souber assinar, ou não puder fazê-lo, o presidente pedirá
a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença de ambos (CPP art. 216).
104. É facultado à testemunha solicitar cópia do termo de depoimento, que deverá ser fornecida
ao término do mesmo.
Seção X
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
105. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão promoverá o interrogatório do acusado
(Lei nº 8.112/90, art. 159, caput) (Modelo 21).
106 - Se houver mais de um acusado, cada um deles será interrogado separadamente, e, sempre
que divergirem em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação
entre eles (CPP art. 189 e Lei nº 8.112/90, art. 159, § 1º).
107. Será assegurado transporte e diárias ao servidor convocado para prestar depoimento fora da
sede de sua repartição na condição de denunciado ou acusado (Lei nº 8.112/90, art. 173, inc. I).
108. O acusado será perguntado sobre o seu nome, número e tipo do documento de identidade,
CPF, naturalidade, estado civil, idade, filiação, residência, profissão e lugar onde exerce a sua
atividade, e, depois de cientificado da acusação, será interrogado sobre os fatos e circunstâncias
objeto do inquérito administrativo e sobre a imputação que lhe é feita.
109. Consignar-se-ão as perguntas que o acusado deixar de responder e as razões que invocar
para não fazê-lo (CPP art. 191).
109.1 - O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a
formação do convencimento da autoridade julgadora (CPP art. 198).
110. O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, sendo-lhe vedado interferir ou
influir, de qualquer modo, nas perguntas e nas respostas (CPP art. 187 e Lei nº 8.112/90, art.
159, § 2º).
111. As respostas do acusado serão ditadas pelo presidente da comissão e reduzidas a termo
que, depois de lido pelo secretário ou qualquer dos membros da comissão, será rubricado em
todas as suas folhas e assinado pelo presidente da comissão, pelos vogais, pelo secretário, pelo
acusado e seu procurador, se presente (CPP art. 195).
112. Sempre que o acusado desejar formular pergunta, propor quesito para perícia ou que seja
realizada diligência, deverá solicitar por escrito ao Presidente da Comissão, que, em despacho
fundamentado, deferirá ou indeferirá o pedido.
113. A vista dos autos do PAD pelo acusado ou seu procurador, deverá ser dada no local de fun-
cionamento da Comissão, durante o horário normal de expediente.
114. Deverão ser fornecidas cópias de peças dos autos, quanto solicitadas por escrito pelo acu-
sado ou seu procurador.
Seção XI
DO INCIDENTE DE SANIDADE MENTAL
115. É isento de pena o agente que, por doença mental, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento (CP art. 26).
115.1 - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação da
saúde mental, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o
caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (CP art. 26, pa-
rágrafo único).
116. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado, a comissão proporá à autorida-
de competente (instauradora) que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual
participe pelo menos um médico psiquiatra, encaminhando a mesma os quesitos que julgue ne-
cessário serem respondidos quanto à ocorrência da doença (Lei nº 8.112/90, art. 160, caput e
CPP art. 149) (Modelo 22).
117. O incidente de sanidade mental será instaurado com o pedido do respectivo exame pela au-
toridade instauradora (Modelo 23) e processado em auto apartado, que deverá ser apensado ao
processo principal, após o recebimento pela comissão do laudo pericial expedido pela Junta Médi-
ca (Lei nº 8.112/90, art. 160, par. único e CPP art. 153).
118. O processo disciplinar ficará suspenso, sem que corram quaisquer prazos, até o recebimen-
to pela comissão do laudo expedido pela Junta Médica, salvo quanto às diligências e perícias que
possam ser prejudicadas pelo adiamento e os demais atos que independam do resultado do exa-
me médico (CPP arts. 149, § 2º e 150, § 1º).
119. Se a Junta Médica concluir que o acusado era, ao tempo da infração, irresponsável nos ter-
mos do art. 26 do Código Penal, o processo administrativo disciplinar será encerrado e arquivado
os autos, salvo se houver prejuízo a ser ressarcido à Fazenda Nacional, quando então prossegui-
rá, com a presença de curador, se necessário nomeado pela autoridade instauradora, caso per-
maneça o estado de insanidade mental (CPP art. 151 e CC arts. 84, 1.518, 1.521, inc. II e 1.525).
120. Continuando o estado de insanidade mental do acusado, a autoridade instauradora adotará
as providencias cabíveis para o encaminhamento do mesmo ao serviço médico para fins de exa-
me para concessão licença para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e
quatro) meses, e, após esse período, para que seja aposentado por invalidez (Lei nº 8.112/90,
arts. 186, inc. I e § 1º e 188, §§ 1º e 2º).
121. Se a Junta Médica concluir que a doença mental sobreveio à infração, o processo continuará
suspenso até que o servidor se restabeleça, quando então retomará o seu curso, ficando assegu-
rada a faculdade do acusado reinquirir as testemunhas que porventura houverem prestado depo-
imento sem a sua presença (CPP art. 152, § 2º).
121.1 - Se o acusado não se restabelecer e vier a ser aposentado por invalidez, nas condições
estabelecidas nos arts. 186, inc. I e § 1º e 188, §§ 1º e 2º da Lei nº 8.112/90, o processo será en-
cerrado e arquivado os autos, salvo se houver prejuízo a ser ressarcido à Fazenda Nacional,
quando então prosseguirá, com a presença de curador, se necessário nomeado pela autoridade
instauradora (CC arts. 84, 1.518, 1.521, inc. II e 1.525).
121.2 - Comprovada a insanidade mental do funcionário autor de lesão aos cofres públicos, deve
ser aposentado, sem prejuízo da inscrição da dívida para cobrança amigável ou judicial, remeten-
do-se, ao Ministério Público, os elementos necessários a que intente a ação penal (Orientação
Normativa do DASP nº 07).
122. Ao interrogatório aplicam-se, no que couber, as disposições relativas ao depoimento das testemunhas.
Seção XII
DA ACAREAÇÃO
123. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha e entre testemunhas, sem-
pre que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes (CPP art. 229).
123.1 - Constatada a divergência, o presidente da comissão intimará os depoentes cujas declara-
ções sejam divergentes, indicando local, dia e hora para a competente acareação (Modelo 24).
124. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergência, reduzin-
do-se a termo o ato de acareação, que será assinado pelos acareados, pelos integrantes da co-
missão e pelo secretário (CPP art. 229, parágrafo único).
125. O Termo de Acareação deverá conter referências sobre as declarações anteriores dos aca-
reados e se foram ou não confirmadas (Modelo 25).
126. Se ausente algum dos intimados para a acareação, ao que estiver presente dar-se-á a co-
nhecer os pontos de divergência, consignando-se o que explicar ou observar (CPP art. 230).
Seção XIII
DAS DILIGÊNCIAS E PERÍCIAS
127. Sempre que a comissão necessitar colher elementos ou esclarecer dúvidas a comissão po-
derá:
I - realizar diligências, cujos resultados deverão ser reduzidos a termo (Modelo 26); ou
II - solicitar à autoridade instauradora a realização de perícia ou de assessoria técnica, formulando
previamente os quesitos ou temas que devam ser respondidos ou desenvolvidos, quando o as-
sunto demandar conhecimentos especializados.
128. Sempre que possível, a escolha dos peritos e dos assessores técnicos deverá recair entre fun-
cionários públicos, salvo se, em função da matéria, esse procedimento for inviável, quando então a
comissão solicitará à autoridade instauradora autorização para sua realização por terceiros, expondo
os motivos que a justifiquem e indicando quem poderá realizá-la, bem como o respectivo custo.
128.1 - Tão logo a comissão tenha escolhido o perito ou assessor técnico, será baixada a respec-
tiva portaria de designação pelo Presidente (Modelos 27 e 29).
129. Os peritos e assessores elaborarão laudo ou relatório em que, a par das respostas dadas
aos quesitos e temas apresentados pela Comissão (Modelos 28 e 30), poderão estender-se em
outras considerações que julgarem adequadas ao caso, sem, contudo, adentrar no seu mérito.
130. Se a comissão tiver de proceder inventário de bens, exame contábil ou conferência de valo-
res, que estiveram confiados a funcionários acusados de malversação, poderá fazer-se acompa-
nhar de peritos ou de assessores técnicos de sua confiança, nomeados pelo presidente medi-
ante portaria (Modelos 27 e 29).
130.1 - Do inventário, exame ou conferência que se fizer, o secretário lavrará o competente termo
(Modelos 31 e 32).
131. Quando for necessário exame para reconhecimento de escritos, por comparação de letra, se
não houver escritos para a comparação ou se forem insuficientes os exibidos, o presidente da
comissão mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado (CPP art. 174, inc. IV) (Modelo 33).
132. O presidente da comissão deverá providenciar também a colheita de material para exame
mecanográfico, quando estes forem indispensáveis à elucidação dos fatos (Modelo 34).
133. A colheita de material para exame de comparação de escrita ou exame mecanográfico, em
princípio, deve ser executada sob orientação de perito da Polícia Federal ou outro servidor daque-
le órgão com experiência no assunto, inclusive quanto ao conteúdo do texto a ser escrito.
Seção XIV
DA INDICIAÇÃO
134. Encerrada a colheita dos depoimentos, diligências, perícias, interrogatório do acusado e de-
mais providências julgadas necessárias, a comissão instruirá o processo com uma exposição su-
cinta e precisa dos fatos arrolados que indiciam o acusado como autor da irregularidade, que
deverá a ser anexada à citação do mesmo para apresentar defesa escrita (Modelo 35).
135. A indiciação, relacionando as provas contra o indiciado, delimita processualmente a acusa-
ção, não permitindo que posteriormente, no relatório ou no julgamento, sejam considerados fatos
nela não discriminados.
135.1 - A indiciação, além de tipificar a infração disciplinar, indicando os dispositivos legais infrin-
gidos, deverá especificar os fatos imputados ao servidor e as respectivas provas, com indicação
das folhas do processo onde se encontram (Lei nº 8.112/90, art. 161 e CPP arts. 41 e 408, § 1º).
136. Se as provas dos autos levarem à conclusão de que as irregularidades foram cometidas por
outra pessoa, e não pelo servidor acusado, deverá a comissão, em exposição de motivos funda-
mentada, fazer os autos conclusos à autoridade instauradora, com a sugestão de absolvição an-
tecipada, arquivamento do processo e instauração de novo processo para responsabilização do
servidor apontado como autor das irregularidades (Modelo 36).
136.1 - No mesmo sentido deve proceder a comissão se, com base nas provas dos autos, reconhecer
que os fatos, mesmo sendo da autoria do acusado, foram praticadas em circunstâncias licitizantes -
estado de necessidade (CP art. 24), legítima defesa (CP art. 25) e estrito cumprimento de dever legal
ou exercício regular de direito (CP art. 23, inc. III), podendo a autoridade instauradora proceder ao
julgamento antecipado, absolvendo o acusado e arquivando o processo (Modelo 37).
Seção XV
DA PRORROGAÇÃO DO PRAZO
137. Se motivos justificados impedirem o término dos trabalhos no prazo regulamentar de 60
(sessenta) dias, já incluído o prazo para apresentação da defesa e de elaboração do relatório, o
presidente poderá solicitar à autoridade instauradora, antes do término do prazo, a prorrogação do
mesmo por até 60 (sessenta) dias (Lei nº 8.112/90, art. 152) (Modelo 38).
138. A prorrogação, se concedida, será efetuada através de portaria que declarará prorrogados os
trabalhos da comissão e será publicada no mesmo veículo de divulgação de atos oficiais do órgão
em que foi publicada a portaria de instauração (Modelo 39).
Seção XVI
DA CITAÇÃO
139. Terminada a instrução do processo, o indiciado será citado por mandado expedido pelo
presidente da comissão de inquérito, que terá como anexo cópia da indiciação, para apresentar
defesa escrita (Modelo 40), assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, pessoalmente ou
por intermédio de seu procurador (Lei nº 8.112/90, art. 161, § 1º e Lei nº 8.906/94, art. 7º, inc.
XV) (Modelos 41 e 42).
140. Da citação deverá constar o prazo concedido para a defesa, o local de vista do processo ad-
ministrativo disciplinar e o horário de atendimento, bem como o registro de que tem como anexo
cópia da indiciação, na qual consta a descrição e tipificação das infrações que lhe são imputadas.
141. A citação é pessoal e individual, devendo ser entregue diretamente ao indiciado mediante recibo
em cópia do original. No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da citação, o prazo
para defesa contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que fez a
citação, com a assinatura de 2 (duas) testemunhas (Lei nº 8.112/90, art. 161, § 4º).
142. Existindo indiciados em localidades diferentes daquela em que estiver sediada a Comissão, o
Presidente:
I - proporá à autoridade instauradora o deslocamento de parte da Comissão às diversas localida-
des onde se encontram os indiciados levando cópia dos autos para vista ou entrega aos mesmo,
com vistas à apresentação da defesa, fluindo o prazo de 20 (vinte) dias a partir do dia seguinte ao
da ciência do último indiciado, ou
II - providenciará a citação dos mesmos por precatória.
Seção XVII
DA CITAÇÃO POR EDITAL
143. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será citado por edital, publicado
pelo menos uma vez no Diário Oficial da União e uma vez em jornal de grande circulação na loca-
lidade do último domicílio conhecido, para apresentar a defesa (Lei nº 8.112/90, art. 163) (Modelo
43).
143.1 - Verificando-se que o indiciado se oculta para não ser citado, a citação far-se-á por edital
(CPP art. 362).
144. Havendo mais de um indiciado, a citação por edital será feita coletivamente.
144.1 - Na hipótese deste item, o prazo para defesa será de 15 (quinze) dias a partir da publica-
ção do edital que ocorreu por último, no Diário Oficial da União ou no jornal de grande circulação
(Lei nº 8.112/90, art. 163, parágrafo único).
145. Apresentando-se o indiciado em função do edital, seu comparecimento será registrado medi-
ante termo por ele também assinado, onde se consignará a ciência do início do prazo para apre-
sentação da defesa, abrindo-se vista do processo na repartição.
146. Excepcionalmente o indiciado poderá ser citado por precatória, que deverá especificar a au-
toridade deprecada e deprecante, o local onde se encontra instalada a comissão processante, a
finalidade para que é feita a citação e o prazo em que deve o indiciado ter vista dos autos para o
oferecimento da defesa escrita (Modelo 44).
Seção XVIII
DA DEFESA
147. O prazo para defesa será de 10 (dez) dias. Havendo 2 (dois) ou mais indiciados, o prazo será
comum e de 20 (vinte) dias (Lei nº 8.112/90, art. 161, §§ 1º e 2º).
147.1 - O indiciado que estiver preso não tem direito, só por isso, a prazo em dobro para apresen-
tação de defesa (Formulação do DASP nº 273).
148. O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, ou seja, por 20 (vinte) ou 40 (quarenta)
dias, se for um ou mais de um indiciado, respectivamente, para diligências reputadas indispensá-
veis (Lei nº 8.112/90, art. 161, § 3º) (Modelo 45).
148.1 - A comissão somente pode iniciar os trabalhos do relatório após o término do prazo para a
defesa, salvo se o indiciado ou seu procurador, ao apresentá-la, renunciar expressamente ao pra-
zo remanescente.
149. O indiciado poderá, mediante instrumento hábil, delegar poderes para procurador efetuar sua
defesa, desde que não seja funcionário público, face aos impedimentos legais.
150. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a comunicar à comissão o lugar onde po-
derá ser encontrado (Lei nº 8.112/90, art. 162).
151. Havendo vários indiciados e sendo deferido pedido de perícia ou diligência de um deles, a
prorrogação do prazo da defesa beneficia os demais, que, se já tiverem entregue suas defesas,
poderão aditar novas razões.
Seção XIX
DA REVELIA
152. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado, não apresentar defesa no prazo
legal (Lei nº. 8.112/90, art. 164).
152.1 - A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e devolverá o prazo de 15
(quinze) dias para a defesa dativa se houver apenas um indiciado, e de 20 (vinte) dias, quando
houver dois ou mais indiciados (Lei nº 8.112/90, arts. 161, § 2º, 163, par. único e 164, § 1º) (Mo-
delo 46).
153. A comissão somente deve iniciar os trabalhos do relatório após o término do prazo para de-
fesa, salvo se o defensor dativo, ao apresentá-la, renunciar expressamente ao prazo remanescen-
te.
154. Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do processo, após solicitação do
presidente da comissão (Modelo 47), designará um servidor como defensor dativo, ocupante de
cargo de nível igual ou superior ao do indiciado (Lei nº 8.112/90, art. 164, § 2º) (Modelos 48 e 49).
154.1 - Se houver mais de um indiciado e interesses conflitantes, deve ser nomeado defensor
dativo distinto para cada um.
154.2 - Sem prejuízo do imediato início dos trabalhos, a portaria de designação do defensor dativo
poderá publicada no Boletim de Serviço da DAMF, para fins de registro nos assentamentos do
servidor.
Seção XX
DO RELATÓRIO
155. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório minucioso, onde resumirá as peças prin-
cipais dos autos e mencionará as provas em que se baseou para formar sua convicção, fazendo
referência às páginas do processo onde se encontram (Lei nº 8.112/90, art. 165) (Modelo 50).
156. O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor
(Lei nº 8.112/90, art. 165, § 1º) e informará se houve falta capitulada como crime e se houve da-
nos aos cofres públicos.
156.1 - O relatório poderá, ainda, propor o arquivamento do processo por insuficiência de provas
ou por não ter sido possível apurar a autoria.
157. Reconhecida a responsabilidade do servidor, a Comissão indicará o dispositivo legal ou regu-
lamentar transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes (Lei nº 8.112/90,
arts. 165, § 2º).
158. O relatório poderá conter sugestões sobre medidas que podem ser adotadas pela Adminis-
tração, objetivando evitar a repetição de fatos ou irregularidades semelhantes aos apurados no
inquérito.
159. O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será remetido à autoridade que determi-
nou a sua instauração, para julgamento (Lei nº 8.112/90, art. 166).
160. A Comissão dissolve-se automaticamente com a entrega do relatório final.
Seção XXI
DO JULGAMENTO
161. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, a autoridade julgadora
proferirá sua decisão (Lei nº 8.112/90, art. 167) (Modelo 51).
162. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando contrário às provas dos autos
(Lei nº 8.112/90, art. 168, "caput").
162.1 - A autoridade julgadora formará sua convicção pela livre apreciação das provas (CPP art.
157), podendo solicitar, se julgar necessário, parecer fundamentado de assessor ou de setor jurí-
dico a respeito do processo.
163. O indiciado, no processo disciplinar, defende-se contra a imputação de fatos ilícitos, podendo
a autoridade administrativa adotar capitulação legal diversa da que lhes deu a Comissão de Inqué-
rito, sem que implique cerceamento de defesa. (STF, Mandado de Segurança nº 20.355 - RDA
nº 152, fls. 77).
164. O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do processo (Lei nº 8.112/90, art. 169,
§ 1º).
165. Quando a infração estiver capitulada como crime, cópia integral autenticada do procedimento
disciplinar será remetida ao Ministério Público pela autoridade julgadora, para instauração da ação
penal (Lei nº 8.112/90, art. 154, par. único e 171).
165.1 - Se o processo disciplinar não contiver original, mas apenas cópia, de documento utilizado
na sua instrução, a autenticação deve explicitar que se trata de reprodução de cópia, sob pena de
posteriormente não se ter condições de fornecer o original, se solicitado para o processo penal.
166. Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autoridade instauradora, o processo será
encaminhado a autoridade competente (Lei nº 8.112/90, art. 141), desde que tenha obedecido ao
princípio do contraditório e assegurado ao acusado ampla defesa (CF, art. 5º, inc. LV e Lei nº
8.112/90, art. 153) e o direito de acompanhar o processo, pessoalmente ou por intermédio de pro-
curador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos,
quando se tratar de prova pericial (Lei nº 8.112/90, art. 156):
I - mediante despacho sumário, quando as irregularidades estiverem capituladas como infrações
tipificadas nos arts. 132 e 134 da Lei nº 8.112/90 - demissão e cassação de aposentadoria ou dis-
ponibilidade (Lei nº 8.112/90, art. 168);
II - mediante despacho que informe sobre a natureza e a gravidade da infração cometida e, se for o
caso, os danos que dela provieram para o serviço público, bem como as circunstâncias atenuantes e
agravantes e os antecedentes funcionais, que levaram a autoridade instauradora a concluir que a pe-
nalidade aplicável é a de suspensão por mais de 30 (trinta) dias (Lei nº 8.112/90, arts. 128 e 168).
166.1 - Se o processo não atender aos requisitos elencados no "caput" ou se for verificada a exis-
tência de qualquer outro vício insanável, a autoridade instauradora declarará a nulidade total ou
parcial do mesmo e constituirá outra comissão para refazer o processo a partir dos atos declara-
dos nulos (Lei nº 8.112/90, art. 169).
166.2 - O inquérito administrativo só é nulo em razão de irregularidades que impliquem em cerce-
amento de defesa (Formulação do DASP nº 57).
167. Quando for verificada a ocorrência de prejuízo aos cofres públicos, a autoridade instauradora
encaminhará à DFC e à DAMF cópia do Relatório da comissão e do julgamento, para as provi-
dências cabíveis com vistas a baixa dos bens da carga da repartição ou do responsável e, quando
apurado o responsável pelo dano, para fins ressarcimento do prejuízo à Fazenda Nacional
(IN/SEDAP nº 205, de 08/04/88, item 10 e IN/DTN nº 08, de 21/12/90, item 10.8).
167.1 – O prejuízo deve ser quantificado expressa e objetivamente pela Comissão, salvo se o
trabalho, pelo seu volume, recomendar que deva ser feita por comissão especialmente designada
pela autoridade instauradora, cujos resultados devem ser encaminhados aos órgãos acima referi-
dos, juntamente com o relatório e o julgamento do processo disciplinar.
168. A ação civil por responsabilidade do servidor em razão de danos causados ao erário é im-
prescritível (CF art. 37º, § 5º).
169. Cópias do ofício a que se refere o item anterior, bem como do remetido ao Ministério Público,
quando a infração estiver capitulada como crime, deverão ser juntadas ao processo administrativo
disciplinar-PAD, do qual deverá permanecer cópia integral na repartição.
Capítulo VII
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
170. As penalidades disciplinares serão aplicadas (Lei nº 8.112/90, art. 141) (Modelo 52):
I - pelo Presidente da República quando se tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou
disponibilidade do servidor (Lei nº 8.112/90, art. 141, inc. I e art. 167, § 3º);
II - pelo Ministro da Fazenda quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias (Lei nº
8.112/90, art. 141, inc. II);
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regula-
mentos, nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias (Lei nº 8.112/90, art.
141, inc. III);
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição de cargo em
comissão (Lei nº 8.112/90, art. 141, inc. IV).
171. Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autoridade instauradora do processo,
este será encaminhado à autoridade competente, que decidirá em igual prazo (Lei nº 8.112/90,
art. 167, § 1º).
172. Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, o julgamento caberá à autoridade
competente para a imposição da pena mais grave, que também decidirá sobre os demais indicia-
dos (Lei nº 8.112/90, art. 167, § 2º).
173. Quando o relatório da comissão contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora pode-
rá, motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsa-
bilidade (Lei nº 8.112/90, art. 168, parágrafo único).
174. O ato de imposição de penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a causa da san-
ção disciplinar (Lei nº 8.112/90, art. 140).
174.1 - A Portaria que aplicar a penalidade deverá ser publicada no Boletim de Serviço da Dele-
gacia de Administração do Ministério da Fazenda, para fins de registro nos assentamentos funcio-
nais.
175. Quando houver conveniência para o serviço e a critério da autoridade julgadora, a penalidade
de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de
remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço (Lei nº 8.112/90, arts. 44,
inc. III e 130 § 2º).
176. A suspensão, quando convertida em multa, não interrompe a contagem do quinqüênio para
fins de concessão de licença, a título de prêmio por assiduidade (Lei nº 8.112/90, arts. 87 e 88,
inc. I e IN da SAF nº 4, de 03/05/94, item 1.4 - DOU de 04/05/94, fls. 6618).
Capítulo VIII
DAS NULIDADES
177. Verificada a existência de vício insanável, a autoridade julgadora declarará a nulidade total
ou parcial do processo e ordenará a constituição de outra comissão, para instauração de novo
processo (Lei nº 8.112/90, art. 169)
177.1 - No caso de nulidade parcial, as peças processuais não anuladas serão consideradas co-
mo novo processo, refazendo as demais a partir do momento da anulação.
178. As nulidades absolutas, que são aquelas indicadas em lei, não podem ser sanadas ou conva-
lidadas, devendo ser decretadas tão logo argüídas ou reconhecidas e até mesmo independente-
mente da vontade das partes.
178.1 - As nulidades absolutas são oponíveis em qualquer fase do processo e mesmo após a
sua conclusão, e até por quem não tenha legítimo interesse ou por parte de quem lhes tenha dado
causa.
179. Eivam de nulidade absoluta os vícios:
179.1 - De competência:
a) instauração de processo por autoridade incompetente;
b) incompetência funcional dos membros da comissão; e
c) incompetência da autoridade julgadora.
179.2 - Relacionados com a composição da comissão:
a) composição com menos de 3 (três) membros, no caso de inquérito;
b) composição por servidores demissíveis "ad nutum" ou instáveis; e
c) comissão composta por servidores notória e declaradamente inimigos do servidor acusado ou
indiciado.
Capítulo IX
DA PRESCRIÇÃO
182. A ação disciplinar prescreverá (Lei nº 8.112/90, art. 142):
182.1 - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentado-
ria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão (Lei nº 8.112/90, art. 142, inc. I).
182.2 - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão (Lei nº 8.112/90, art. 142, inc. II).
182.3 - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência (Lei nº 8.112/90, art. 142, inc. III).
183. A prescrição, nas infrações disciplinares, começa a correr da data em que o fato se tornou
conhecido (Lei nº 8.112/90, art. 142, § 1º e Formulação do DASP nº 76).
184. Os prazos de prescrição previstos na lei penal (CP art. 109) aplicam-se às infrações discipli-
nares capituladas também como crime (CP arts. 312 a 326 e Lei nº 8.137/90, art. 3º) (Lei nº
8.112/90, art. 142, § 2º).
185. A ação civil por responsabilidade do servidor, em razão de danos causados a erário, é im-
prescritível (CF art. 37, § 5º).
186. A abertura de sindicância ou a instauração de processo administrativo disciplinar interrom-
pem a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente (Lei nº 8.112/90, art.
142, § 3º, Código Penal, art. 117 e Formulação do DASP nº 31).
186.1 - A redesignação da comissão de inquérito, ou a designação de outra, para prosseguir na apuração
dos mesmos fatos não interrompe, de novo, o curso da prescrição (Formulação do DASP nº 279).
187. Interrompido o curso da prescrição, todo o prazo começará a correr, novamente, a partir do
dia em que cessar a interrupção (Lei nº 8.112/90, art. 142, § 4º e Código Penal, art. 117, § 2º).
188. A autoridade julgadora que der causa à prescrição de infrações disciplinares capituladas
também como crime, será responsabilizada civil, penal e administrativamente, na forma dos arts.
121 a 126 da Lei nº 8.112/90. (Lei nº 8.112/90, art. 169, § 2º).
189. Antes do julgamento do processo administrativo a prescrição não corre enquanto não resol-
vida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência da irregulari-
dade (Código Penal, art. 116, inc. I).
Capítulo X
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
190. Extingue-se a punibilidade (Código Penal, art. 107 e Lei nº 8.112/90):
I - pela aposentadoria ou morte do agente, no caso de advertência ou suspensão;
II - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como infração;
III - pela prescrição, decadência ou perempção;
191. Em qualquer fase do processo, se reconhecida a extinção da punibilidade, a autoridade jul-
gadora deverá declará-la de ofício. Se o reconhecimento da extinção da punibilidade ocorrer du-
rante a fase de instrução, a comissão deve relatar essa circunstância e fazer os autos conclusos à
autoridade julgadora (CPP art. 61).
192. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro do fato nos
assentamentos individuais do servidor e o arquivamento do processo (Lei nº 8.112/90, art. 170).
192.1 - Não impede a propositura de ação civil a decisão que julgar extinta a punibilidade (CPP art. 67, inc. II).
Capítulo XI
DOS CRIMES FUNCIONAIS
193. Quando a infração estiver capitulada como crime (CP, arts. 312 a 326 e Lei nº 8.137/90, art.
3º), o processo administrativo disciplinar será remetido ao Ministério Público para instauração da
ação penal, ficando transladado na repartição (Lei nº 8.112/90, art. 171) (Modelo 53).
193.1 - A autoridade instauradora remeterá cópia do processo ao Ministério Público, quando este
tiver que ser encaminhado ao Presidente da República ou ao Ministro da Fazenda para fins de
aplicação das penalidades de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade ou sus-
pensão superior a 30 (trinta) dias (Lei nº 8.112/90, arts. 141, inc. I e II e 167, §§ 1º e 3º).
194. A absolvição criminal só afasta a responsabilidade civil e administrativa quando declarar a
inexistência do fato ou afastar a autoria do crime (Lei nº 8.112/90, art. 126 e CPP art. 66).
194.1 - Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em
estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou no exercí-
cio regular de direito (CPP art. 65).
194.2 - A absolvição do réu-funcionário quando não provada a autoria, não importa em impossibi-
lidade da aplicação de pena disciplinar (Formulação do DASP nº 278).
194.3 - A responsabilidade civil é independente da criminal; não se poderá, porém, questionar
mais sobre a existência do fato, ou quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no crime (Código Civil, art. 1525).
Capítulo XII
DA EXONERAÇÃO DE SERVIDOR QUE RESPONDE A
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
195. O servidor que responder a sindicância ou PAD só poderá ser exonerado a pedido, ou apo-
sentado voluntariamente, após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, acaso
aplicada (Lei nº 8.112/90, arts. 145, inc. III e 172).
196. A exoneração de servidor que responda a inquérito administrativo antes de sua conclusão, em
virtude de não ter sido aprovado em estágio probatório, conforme determina o inc. I do parágrafo único
do art. 34 da Lei nº 8.112/90, será convertida em demissão, caso seja essa a penalidade a ser-lhe
aplicada por ocasião do julgamento do processo (Lei nº 8.112/90, art. 172, parágrafo único).
Capítulo XIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
197. (Suprimido)
198. Sempre que na sindicância ou inquérito estiver envolvido servidor estranho à unidade instau-
radora, esta circunstância deverá ser imediatamente comunicada a sua unidade de lotação e e-
xercício, para ciência e controle, tendo em vista, principalmente, o disposto no art. 172 da Lei nº
8.112/90.
199.(Suprimido)
200. Os modelos de atos citados neste Manual são apenas sugestões, de emprego facultativo,
devendo ser alterados, à critério do usuário, para adaptar-se aos casos concretos, desde que a-
tendidas as exigências legais e as recomendações normativas.
CADERNOS DIGITAIS
SÉRIE CONCURSO
FASCÍCULO
CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS
No início da década de 1960, vigendo a Constituição de 1946, cabia à União, aos Estados e aos
Municípios a exploração, de acordo com o seu âmbito, dos serviços de telecomunicações, direta-
mente ou mediante a correspondente outorga. Descentralizada da mesma forma era também a
atribuição de fixar as tarifas correspondentes. Havia então cerca de 1.200 empresas telefônicas
no País, a grande maioria de médio e pequeno porte, sem nenhuma coordenação entre si e sem
compromisso com diretrizes comuns de desenvolvimento e de integração dos sistemas, o que
representava grande obstáculo ao bom desempenho do setor.
Os serviços telefônicos concentravam-se na região centro-leste do País, onde se situavam mais
de 60% dos terminais, explorados pela CTB - Companhia Telefônica Brasileira, de capital cana-
dense. Os serviços telefônicos interurbanos eram precaríssimos, baseados apenas em algumas
ligações em microondas de baixa capacidade, interligando o Rio de Janeiro, São Paulo, Campi-
nas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, e em poucos circuitos de rádio na faixa de ondas
curtas. As comunicações telefônicas e telegráficas internacionais, que também não atendiam às
necessidades do País, eram exploradas por empresas estrangeiras.
A precariedade da situação do setor sensibilizou o Governo e o Congresso, que editaram então o
Código Brasileiro de Telecomunicações, Lei nº 4.117, de 27 de agosto de 1962. Essa lei, que foi o
primeiro grande marco na história das telecomunicações no Brasil, tinha os seguintes pontos prin-
cipais:
Î Criação do Sistema Nacional de Telecomunicações, visando assegurar a prestação, de forma
integrada, de todos os serviços de telecomunicações;
Î Colocação, sob jurisdição da União, dos serviços de telégrafos, radiocomunicações e telefonia
interestadual;
Î Instituição do Contel - Conselho Nacional de Telecomunicações, tendo o Dentel Departamento
Nacional de Telecomunicações como sua secretaria-executiva;
Î Atribuição ao Contel de poder para aprovar as especificações das redes telefônicas, bem co-
mo o de estabelecer critérios para a fixação de tarifas em todo o território nacional;
Î Atribuição à União da competência para explorar diretamente os troncos integrantes do Siste-
ma Nacional de Telecomunicações;
Î Autorização para o Poder Executivo constituir empresa pública para explorar industrialmente
os troncos integrantes do Sistema Nacional de Telecomunicações (essa empresa viria a ser a
Embratel);
Î Instituição do FNT - Fundo Nacional de Telecomunicações, constituído basicamente de recur-
sos provenientes da aplicação de uma sobre tarifa de até 30% sobre as tarifas dos serviços
públicos de telecomunicações, destinado a financiar as atividades da Embratel;
Î Definição do relacionamento entre poder concedente e concessionário no campo da radiodifu-
são.
Os instrumentos criados pelo Código foram aos poucos fazendo sentir seus efeitos. O Contel pas-
sou a exercer sua missão de orientação da política e de fixação de diretrizes para o setor de tele-
comunicações; com a submissão ao seu crivo dos planos de expansão dos serviços, ele passou
também a coordenar essas expansões. A Embratel, constituída em 16 de setembro de 1965, lan-
çou-se, com o apoio do FNT, à imensa tarefa de interligar todas as capitais e as principais cidades
do País. Entre 1969 e 1973, a Embratel assumiu a exploração dos serviços internacionais, à me-
dida que expiravam os prazos de concessão das empresas estrangeiras que os operavam.
Ainda em 1962, devido à precária situação dos serviços telefônicos no Rio de Janeiro, o Governo
Federal decretou a intervenção na CTB e, em 1966, foi concretizada a compra das ações daquela
terminais telefônicos do Sistema Telebrás cresceu mais de 500%, o que veio colocar o País entre
os detentores das maiores redes telefônicas de todo o mundo. Essa rede, que integra o País de
norte a sul e de leste a oeste, atende hoje a mais de 20 mil localidades em todo o território nacio-
nal.
Nesse mesmo período, todavia, o tráfego telefônico aumentou em proporção significativamente
maior, mais de 1200% no serviço local e mais de 1800% no serviço interurbano, o que mostra que
a demanda por serviços cresceu bem mais do que a capacidade de seu atendimento.
O tráfego telefônico mede, entretanto, apenas a demanda por serviços gerada pela parcela da
população e das empresas que já dispõe de acesso ao sistema. Ele não mede a demanda por
novas linhas, isto é, não indica a quantidade de pessoas e organizações que ainda não conseguiu
atendimento telefônico individualizado. A demanda por acessos aos serviços telefônicos básicos
não está hoje adequadamente quantificada, seja pela inexistência de pesquisas, seja pelo fato de
jamais ter sido atendida, o que não permite uma referência confiável para realizar projeções. Es-
tima-se entretanto que ela varie entre 18 e 25 milhões de potenciais usuários, dependendo do
método utilizado e considerando a substituição do autofinanciamento, como condição de acesso
ao serviço, por uma taxa de instalação, de valor muito menor. Desse total, pouco mais de 14,5
milhões de usuários são atendidos atualmente.
Por outro lado, verifica-se que mais de 80% dos terminais residenciais concentram-se nas famílias
das classes "A" e "B", o que mostra que as classes menos favorecidas não dispõem de atendi-
mento individualizado; essas pessoas não dispõem também de adequado atendimento coletivo,
uma vez que os telefones públicos são insuficientes e mal distribuídos geograficamente.
Não são disponíveis estatísticas confiáveis acerca do atendimento, mesmo com serviços básicos
de telecomunicações, aos estabelecimentos de negócios. As grandes corporações construíram,
nos últimos anos, com meios alugados ao Sistema Telebrás, redes privativas para atender às su-
as necessidades de serviços; as pequenas e médias empresas, entretanto, submetem-se aos
mesmos percalços enfrentados pelos usuários residenciais para dispor de atendimento telefônico.
Adicionalmente, verifica-se que quase a totalidade dos terminais existentes localiza-se nas áreas
urbanas, sendo extremamente reduzido o atendimento a usuários nas áreas rurais: apenas pouco
mais de 2% das propriedades rurais dispõem de telefone.
Essa situação é resultado da incapacidade de manutenção, pelas empresas sob controle acioná-
rio estatal, do nível necessário de investimentos ao longo do tempo, o que fez com que a taxa de
crescimento da planta oscilasse aleatoriamente e fosse insuficiente para, pelo menos, igualar-se à
do crescimento da demanda, e mais insuficiente ainda para proporcionar o atendimento à deman-
da reprimida.
Uma razão expressiva para justificar essa incapacidade de investimento certamente é a questão
tarifária, que tem recebido, ao longo dos anos, tratamento inadequado. Desde antes da constitui-
ção do Sistema Telebrás, quando o poder de fixá-las era fragmentado ao nível municipal, as tari-
fas eram estabelecidas segundo critérios totalmente dissociados dos custos dos serviços corres-
pondentes - apesar das regras estabelecidas pelo Contel - , o que levou as concessionárias da
época a não realizar os investimentos necessários à expansão da rede e à melhoria dos serviços.
Posteriormente, já com o Sistema Telebrás constituído, as tarifas passaram a ser definidas pelo
Governo Federal, como autoridade econômica, com
o interesse centrado na contenção do processo inflacionário, e não como poder concedente
- condição em que deveria cuidar de sua compatibilidade com os custos.
Mesmo o mecanismo dos subsídios cruzados, que pretendia que os serviços mais rentáveis e as
regiões mais desenvolvidas contribuíssem para o atendimento às periferias, à interiorização e aos
serviços de natureza social, acabou sendo desfigurado, uma vez que, por um lado, sua aplicação
limitou-se ao serviço telefônico (do de longa distância para o local) e, por outro, as populações das
periferias e as mais carentes são exatamente aquelas desprovidas de atendimento telefônico.
Outra razão importante é advinda das restrições à gestão empresarial impostas às empresas esta-
tais de modo geral, notadamente a partir de 1988, que acabaram equiparando essas empresas à
administração pública. Em vez de disciplinar as empresas estatais pela exigência de resultados no
cumprimento de sua missão, as condicionantes constitucionais foram implementadas através de
mecanismos de controle de meios, que, além de ineficazes, limitam exageradamente a flexibilida-
de operacional indispensável à atuação empresarial, particularmente em ambiente competitivo.
Essas restrições vão desde a exigência de processos licitatórios extremamente burocratizados e
formalistas para as contratações de bens e serviços -que têm como conseqüência inevitável o
aumento de custos e de prazos - até a gestão de recursos humanos, com limitações salariais e
exigência de concurso público para admissão e progressão interna, passando pela impossibilida-
de de constituição de subsidiárias ou participação acionária em outras empresas sem prévia auto-
rização legislativa, além da exigência de submissão de seu orçamento de investimentos à aprova-
ção do Congresso Nacional. Acresce-se a isso o aumento de custos operacionais decorrente da
instituição de miríades de controles necessários ao atendimento do excessivo formalismo dos dife-
rentes órgãos internos e externos de fiscalização.
As duas razões apontadas para justificar a incapacidade de investimento não são, entretanto, as
únicas. Uma outra, de importância igual ou maior, deve ser citada: é a acomodação resultante do
monopólio, da ausência de competição. A necessidade de conquistar e manter clientes, em ambi-
ente de competição, funciona como poderoso estimulante à busca de soluções inovadoras para o
melhor atendimento à demanda, para a redução de custos e para a melhoria da qualidade. Esse
estímulo, as empresas estatais da área de telecomunicações não tiveram.
Do Programa de Governo à Emenda Constitucional
O quadro descrito no item anterior mostra, de maneira insofismável, que é fundamental e inadiável
uma mudança profunda no setor de telecomunicações. Mas não se trata apenas de mudar por
mudar: é preciso que a reforma proporcione as condições necessárias a que o novo cenário seja
melhor do que o atual.
A tecnologia da informação tornou-se a peça fundamental do desenvolvimento da economia e da
própria sociedade. Isto significa que o atraso relativo do nosso país deverá ser necessariamente
superado, como condição para retomar o processo de desenvolvimento. Não se trata apenas de
alcançar uma maior difusão de um serviço já existente, por uma questão de eqüidade e justiça.
Trata-se de investir pesadamente em comunicações, para construir uma infra-estrutura forte, es-
sencial para gerar as riquezas de que o país necessita para investir nas áreas sociais.
O setor das telecomunicações é hoje, sem dúvida, um dos mais atraentes e lucrativos para o in-
vestimento privado, em nível internacional. Trata-se de um dos setores líderes da nova onda de
expansão econômica, que se formou a partir da chamada terceira revolução industrial. Pode-se
contar que não faltarão investidores interessados em expandir essa atividade no mundo, em geral,
e num país com as dimensões e o potencial do Brasil, em particular. O problema, que não é só do
Brasil, é encontrar uma fórmula para a organização institucional do setor de telecomunicações
que, ao mesmo tempo em que promova fortemente os investimentos privados, reforce o papel
regulador do Estado e reserve ao setor público a atuação em segmentos estratégicos do ponto de
vista social ou do interesse nacional.
Essa afirmativa evidenciava uma preocupação em inserir o Brasil de forma efetiva no grupo das
nações que devem conduzir, no mundo, o processo de integração da sociedade através dos mei-
os de comunicação, como exigência da nova "era da informação".
Em outro ponto, o “Mãos à Obra, Brasil” assumia um compromisso: “ O Governo Fernando Henri-
que proporá emenda constitucional visando à flexibilização do monopólio estatal nas telecomuni-
cações. Entretanto, isso não esgota o problema da definição do modelo institucional do setor. A
grande atualidade do debate sobre a organização desse setor na maioria dos países desenvolvi-
dos torna a decisão brasileira ainda mais complexa e importante. Amplos segmentos da socieda-
de brasileira deverão ser ouvidos para que o governo defina completamente sua proposta, através
de projeto de lei a ser encaminhado ao Congresso para uma decisão final”.
Esse compromisso foi cumprido logo no início do Governo de Vossa Excelência, através do en-
caminhamento ao Congresso Nacional, em 16 de fevereiro de 1995, da Mensagem n.o 191/95,
com a Proposta de Emenda Constitucional n.o 03-A/95. Dessa proposta resultou a Emenda Cons-
o
titucional n 8, de 15 de agosto de 1995, que alterou o inciso XI e a alínea "a" do inciso XII do art.
21 da Constituição Federal, dando-lhes a seguinte redação:
Art. 21. Compete à União:
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de tele-
comunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um
órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens.
Objetivava-se com essa emenda flexibilizar o modelo brasileiro de telecomunicações, eliminando
a exclusividade da concessão para exploração dos serviços públicos a empresas sob controle
acionário estatal e buscando introduzir o regime de competição na prestação desses serviços,
visando, em última análise, o benefício do usuário e o aumento da produtividade da economia
brasileira.
As Telecomunicações no Futuro
A partir da aprovação da Emenda Constitucional, a reforma estrutural das telecomunicações no
Brasil vem sendo discutida e implementada no contexto das profundas transformações por que
passa esse setor em todo o mundo, ditadas por três forças, ou vetores, que se inter-relacionam e,
em certa medida, se determinam reciprocamente:
a) a globalização da economia;
b) a evolução tecnológica; e
c) a rapidez das mudanças no mercado e nas necessidades dos consumidores.
Nesse contexto, a regulamentação vigente é inadequada, pois foi concebida sob a égide de um
mercado essencialmente monopolístico e pouco diversificado, em estágio tecnológico já ampla-
mente superado.
De fato, a dinâmica atual dos negócios exige, cada vez mais, acesso pleno à crescente “economia
da informação”. É consenso que a indústria intensiva em informações crescerá significativamente
e responderá por parte importante do PIB, de maneira que a eficiência dos serviços de telecomu-
nicações será fator de competitividade tanto para essa indústria como, conseqüentemente, para
os próprios mercados em que elas se inserem.
Com efeito, as empresas que desejam manter suas vantagens competitivas defrontam-se com
exigências cada vez maiores e mais diversificadas em termos de telecomunicações e de proces-
samento de informações. A competitividade no mercado internacional depende cada vez mais da
eficiência no acesso e no uso da informação, o que por sua vez é função da eficiência relativa dos
sistemas de telecomunicações disponíveis no país, comparados aos dos países dos concorrentes
e dos parceiros comerciais, bem como da eficiência com que as telecomunicações ligam o país
aos seus mercados e competidores globais.
A necessidade de adotar uma regulamentação que permita que as operadoras possam reagir ra-
pidamente aos imperativos do mercado e da evolução tecnológica, oferecendo assim toda a gama
de serviços de telecomunicações exigida pela sociedade, não significa que não se deva conferir
peso adequado ao papel social das telecomunicações. Num país como o Brasil, com grau inade-
quado de atendimento à demanda, deve continuar sendo um objetivo central da política governa-
mental a oferta à sociedade de serviços básicos de telecomunicações em toda a extensão do seu
território, de forma não discriminatória, com atributos uniformes de disponibilidade, acesso e co-
nectividade, e a preços satisfatórios.
De uma forma ampla, o que se pretende é criar condições para que o progresso das tecnologias
da informação e das comunicações possa efetivamente contribuir para mudar, para melhor, a ma-
neira de viver das pessoas.
Para isso, é necessário que o arcabouço regulatório de telecomunicações evolua de modo a colo-
car o usuário em primeiro lugar; o usuário deverá ter liberdade de escolha e receber serviços de
alta qualidade, a preços acessíveis. Isso somente será possível em ambiente que estimule a com-
petição dinâmica, assegure a separação entre o organismo regulador e os operadores, e facilite a
interconectividade e a interoperabilidade das redes. Tal ambiente permitirá ao consumidor a me-
lhor escolha, por estimular a criação e o fluxo de informações colocadas à sua disposição por uma
grande variedade de fornecedores.
Ao mesmo tempo, as regras da competição deverão ser interpretadas e aplicadas tendo em vista
a convergência das novas tecnologias e serviços, a liberalização do mercado, o estímulo aos no-
vos fornecedores e a intensificação da concorrência internacional. Deverão também ser estimula-
das as modalidades de cooperação entre prestadores de serviços que visem aumentar a sua efi-
ciência econômica e o bem estar do consumidor, adotando-se, entretanto precauções contra o
comportamento anticoncorrencial, particularmente o abuso de poder pelas empresas dominantes
no mercado.
Deve ser considerado também que o Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços, firmado pelo
Brasil com os demais países integrantes da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Marra-
kesh, em 12 de abril de 1994, e aprovado pelo Congresso Nacional em 30 de dezembro do mes-
mo ano, através do Decreto nº 1.355, fundamentou-se no reconhecimento da “importância cres-
cente do comércio de serviços para o crescimento e desenvolvimento da economia mundial”, e
visava “estabelecer um quadro de princípios e regras para o comércio de serviços com vistas à
expansão do mesmo sob condições de transparência e liberalização progressiva”.
No que diz respeito a telecomunicações, o Acordo mencionado contém um Anexo próprio, decor-
rente do "reconhecimento das características específicas do setor de serviços de telecomunica-
ções, em particular sua dupla função como setor independente de atividade econômica e meio
fundamental de transporte de outras atividades econômicas". Esse Anexo aplica-se a todas as
medidas que afetem o acesso às redes e serviços públicos de telecomunicações e sua utilização,
não se aplicando, porém, à medida que afetem a distribuição por cabo ou a difusão de programas
de rádio ou televisão.
Durante 1995 e 1996 ocorreram diversas reuniões, na sede da OMC, em Genebra, visando à ob-
tenção de um acordo envolvendo as chamadas telecomunicações básicas, o que finalmente aca-
bou sendo adiado para fevereiro de 1997. As disposições da nova lei brasileira de telecomunica-
ções aplicáveis a esse Acordo, poderão ser incluídas na oferta do Brasil nessas negociações, se
houver tempo hábil para isso.
De uma forma geral, observa-se hoje que:
a) a disponibilidade de uma infra-estrutura adequada de telecomunicações é fator determinante
para a inserção de qualquer país em posição destacada no contexto internacional;
b) os países mais desenvolvidos estão atuando em conjunto para desenvolver uma adequada
infra-estrutura-seja em termos de meios, seja em termos de aplicações, que possa alavancar o
desenvolvimento da chamada "sociedade da informação", em benefício de seus cidadãos e de
suas empresas (a chamada information highway);
c) os países em desenvolvimento, como o Brasil, devem participar dessa verdadeira revolução,
que acontecerá em escala mundial, para aproveitar as oportunidades que se abrirão de saltar eta-
pas de desenvolvimento tecnológico e de estimular o desenvolvimento social e econômico.
Em linha com essas conclusões e com a diretriz formulada no “Mãos à Obra, Brasil” para uma
economia competitiva, no sentido de “promover amplo programa de investimentos públicos e pri-
vados, com a participação de agentes nacionais e estrangeiros, na melhoria e expansão da infra-
estrutura de transportes, comunicações e energia”, o Governo de Vossa Excelência estabeleceu
acionário da União, bem como de outorgar novas licenças para que operadores privados prestem
serviços de telecomunicações no Brasil;
II) aumentar e melhorar a oferta de serviços. Três temas básicos decorrem desse objetivo: a pro-
moção da diversidade dos serviços oferecidos à sociedade; o aumento significativo da oferta de
serviços de telecomunicações no Brasil; e o alcance de padrões de qualidade compatíveis com as
exigências do mercado;
III) em um ambiente competitivo, criar oportunidades atraentes de investimento e de desenvolvi-
mento tecnológico e industrial. Nesse objetivo consolidam-se três intenções básicas. A primeira
delas associa-se à necessidade de atração de capitais privados através da criação de oportunida-
des para investimento no setor. A segunda diz respeito à construção de um ambiente que propicie
o desenvolvimento da competição justa no mercado e facilite a consolidação de novos participan-
tes. Finalmente, a terceira refere-se à geração de condições que estimulem a pesquisa e o desen-
volvimento tecnológico e industrial;
IV) criar condições para que o desenvolvimento do setor seja harmônico com as metas de desen-
volvimento social do País. Quatro são as proposições básicas consolidadas nesse objetivo: propi-
ciar condições para reduzir o diferencial de cobertura dos serviços de telecomunicações entre as
diversas regiões do País e entre as diversas faixas de renda; criar condições para a prática de
tarifas razoáveis e justas para os serviços de telecomunicações; promover serviços de telecomu-
nicações que incentivem o desenvolvimento econômico e social do País; e alcançar metas especí-
ficas de serviço universal;
V) maximizar o valor de venda das empresas estatais de telecomunicações sem prejudicar os
objetivos anteriores. Esse objetivo expressa a intenção de que o processo de privatização das
atuais operadoras estatais seja planejado de forma que os objetivos essenciais ligados à introdu-
ção da competição e à promoção do acesso universal aos serviços básicos sejam alcançados,
sem, contudo, provocar impactos negativos importantes no valor dos ativos a serem vendidos.
Esses objetivos serviram de sustentação ao desenvolvimento de um modelo econômico para o
setor, feito em conjunto pela equipe do Ministério das Comunicações e por consultores internacio-
nais supridos pela UIT (União Internacional de Telecomunicações), como exposto no início desta
Exposição de Motivos. Esse modelo foi utilizado para suportar a proposta de arcabouço regulató-
rio e de estrutura de mercado para o setor, a ser descrita a seguir.
Aspectos Fundamentais do Arcabouço Regulatório
Com base nas premissas estabelecidas, nos objetivos citados e nas metas de crescimento defini-
das, procurou-se explicitar alguns aspectos específicos do arcabouço regulatório que devem ser
implementados independentemente da estrutura de mercado que se pretenda ou da estratégia de
transição para atingi-la. Esses aspectos são os que asseguram condições justas e estáveis de
competição às empresas que atuam no mercado, permitindo o seu desenvolvimento e, em conse-
qüência, a consolidação de um mercado efetivamente competitivo, com proveito para os consumi-
dores.
Na definição desses aspectos tomaram-se como base as lições apreendidas da experiência de
outros países, o conhecimento dos requisitos tecnológicos associados à implantação da competi-
ção no setor de telecomunicações e a situação específica desse setor no Brasil atual. Dessa for-
ma, foram explicitadas as três questões fundamentais que devem ser objeto do arcabouço regula-
tório em foco:
a) a existência de um organismo regulador independente;
b) as regras básicas para que a competição seja justa; e
c) o mecanismo de financiamento das obrigações de serviço universal.
A passagem da atual condição de mercado monopolista para o novo cenário pretendido para as
telecomunicações brasileiras pressupõe, para ser viabilizada, a existência de um órgão regulador,
como determina o novo texto da Constituição Federal. Essa entidade terá como missões principais
promover a competição justa, defender os interesses e os direitos dos consumidores dos serviços
e estimular o investimento privado.
Embora a competição se constitua no melhor regulador para os mercados, é fato que, em prati-
camente todos os países que já promoveram alguma reestruturação de suas telecomunicações,
algum tipo de organismo regulador foi implementado. Em alguns países a regulação é exercida
diretamente pelo governo, através de um organismo do poder executivo; em outros, o regulador é
uma agência semi-autônoma; em outros, ainda, o órgão regulador é independente. Isso decorre
da percepção de que, se deixado às próprias forças do mercado estabelecer essa regulação, mui-
to provavelmente ocorreria o seu domínio pelo antigo operador monopolista, de vez que, pelo fato
de deter praticamente toda a infraestrutura e todos os clientes, esse operador teria condições de
impedir, ou pelo menos dificultar, a entrada de novos concorrentes no mercado.
A questão essencial passa a ser, então, definir as atribuições e poderes desse órgão regulador,
com o objetivo de torná-los claros para o mercado e para a sociedade em geral. Dado o extremo
dinamismo do setor de telecomunicações, é fundamental que o órgão regulador disponha de po-
deres para estabelecer regulamentos de forma a maximizar os benefícios, para a sociedade, das
modificações propiciadas especialmente pela modernização da tecnologia. Isso significa que o
órgão regulador deve ter atribuições e poderes bastante amplos, para possibilitar que a lei não
tenha de ser exageradamente detalhista -- e conseqüentemente restritiva.
Adicionalmente, o órgão regulador é peça-chave para inspirar ou não a confiança dos investidores
na estabilidade das regras estabelecidas para o mercado. Uma entidade dotada de competência
técnica e de independência decisória inspira confiança; ao contrário, uma organização sem auto-
nomia gerencial, com algum tipo de dependência restritiva ou sem capacidade técnica, gera des-
confiança e, conseqüentemente, afasta os investidores.
Além de competência para definir a regulamentação do setor, cobrindo todos os aspectos, desde
as licenças até os padrões de interconexão, o órgão regulador deverá ter autoridade para fazer
cumprir a lei e os regulamentos. Essa autoridade, em associação com as dos organismos de de-
fesa da concorrência, será essencial para assegurar a proteção dos consumidores contra compor-
tamentos anticompetitivos.
O órgão regulador difere de outros organismos governamentais porque, em vez de simplesmente
prestar um serviço ao público, tem de tomar decisões que pressupõem o exercício de poder dis-
cricionário. Para que ele seja eficiente e eficaz, portanto, é necessário que disponha de compe-
tência técnica; além disso, é fundamental que:
a) desfrute de liberdade gerencial para atingir os objetivos determinados. Essa faculdade visa in-
centivar a eficiência administrativa e a competência técnica: é um insumo essencial para o bom
desempenho do órgão regulador em ambiente de tecnologia de ponta e de competição;
b) desfrute de autonomia, isto é, não seja passível de influências de outros órgãos do governo ou
de grupos de interesse. A autonomia, associada à competência técnica que pode resultar da liber-
dade gerencial, tende a levar a decisões consistentes e justas, o que significa desempenho satis-
fatório. A autonomia é fortalecida através da disponibilidade de fontes próprias de recursos finan-
ceiros, como taxas arrecadadas dos operadores ou dos usuários;
c) seja obrigado a prestar contas. O órgão regulador deve estar totalmente comprometido com
objetivos pré-determinados e prestar contas de suas ações, tanto qualitativamente como sob o
ponto de vista financeiro. Assim, ele será, na prática, um órgão auxiliar do Governo, desde que
haja o estabelecimento a priori de objetivos, seguido de controles a posteriori para comprovação
do cumprimento dos objetivos a ele atribuídos;
d) disponha de regras e controles internos para limitar o poder das pessoas individualmente, de
maneira a dificultar o comportamento oportunista e inibir ações indesejáveis por parte de operado-
ras e grupos de interesse. Exemplos dessas regras e controles são: decisão colegiada; processo
de decisão variável em função do impacto da decisão (maior o impacto, maior o envolvimento co-
legiado na decisão); utilização de grupos consultivos; adoção do mecanismo de submeter a con-
sulta pública os assuntos de maior relevância, antes da tomada de decisão; e período de carência
entre a tomada de uma decisão e sua entrada em vigor, dando oportunidade às várias partes afe-
tadas de se manifestar.
Com relação às regras básicas para assegurar que a competição seja justa, elas podem ser re-
sumidas nas seguintes:
--> interconexão obrigatória das redes que prestam serviços destinados ao público em geral;
--> acesso não discriminatório dos clientes aos prestadores de serviços que competem entre si;
--> plano de numeração não discriminatório;
--> possibilidade de acesso dos concorrentes às redes abertas em condições adequadas;
--> eliminação dos subsídios cruzados entre serviços;
--> regulação tarifária dos operadores dominantes;
--> direitos de passagem não discriminatórios;
--> resolução dos conflitos entre operadores pelo órgão regulador.
Com relação ao serviço universal, é importante fixar, inicialmente, o seu conceito. Como enfatiza-
do anteriormente, o desenvolvimento do novo modelo institucional para as telecomunicações bra-
sileiras é suportado num conjunto de objetivos que podem ser sintetizados em duas idéias princi-
pais: a competição na exploração dos serviços e a universalização do acesso aos serviços bási-
cos.
A idéia da universalização do acesso contempla duas situações genéricas:
--> serviços de telecomunicações individuais, com níveis de qualidade aceitáveis, devem ser for-
necidos, a tarifas comercialmente razoáveis, dentro de um prazo razoável, a qualquer pessoa ou
organização que os requisitar;
--> outras formas de acesso a serviços de telecomunicações devem ser fornecidas, em localiza-
ções geográficas convenientes, a tarifas acessíveis, àquelas pessoas que não tiverem condições
econômicas de pagar tarifas comercialmente razoáveis por serviços individuais.
Na primeira dessas situações, as tarifas cobrem os custos operacionais e proporcionam retorno
comercialmente atrativo ao capital investido, de modo que os provedores de serviço buscarão,
normalmente, satisfazer a esses clientes como parte de sua estratégia de negócios. Ou seja, a
competição na exploração dos serviços fará com que os consumidores economicamente atrativos
sejam atendidos satisfatoriamente, tendo acesso a serviços que supram de forma adequada suas
necessidades de telecomunicações.
Já a segunda situação diz respeito àqueles casos em que o custo de prover o acesso físico seja
elevado (por exemplo, em localidades remotas no interior do País, nas áreas rurais, nas periferias
das grandes cidades, em regiões escassamente povoadas) ou em que os clientes potenciais dis-
ponham de renda inferior à que seria necessária para criar uma oportunidade de investimento
atrativa para algum provedor de serviço. Nesse caso, o acesso a serviços de telecomunicações
poderá requerer algum tipo de subsídio, que deverá ser idealizado e distribuído de modo a não
criar vantagens nem desvantagens para nenhum dos operadores e, ao mesmo tempo, possibilitar
o atendimento a esse objetivo social ao menor custo.
Atender a essa segunda situação é o que comumente se chama de obrigação de serviço univer-
sal, e financiar essa obrigação é o terceiro ponto fundamental da regulação tratada neste item.
Por se tratar de uma questão de natureza eminentemente social, deve-se admitir, de antemão,
que essa obrigação possa variar com o tempo, à medida que certos objetivos sejam atingidos e
que a evolução da economia, do desenvolvimento regional, das questões demográficas, da distri-
buição de renda e outras, vão alterando as condições iniciais. Por isso, as metas específicas de
serviço universal devem poder ser modificadas periodicamente, de forma a ser adaptadas às con-
tivessem essa obrigação taxas de interconexão maiores do que os custos efetivos da intercone-
xão. Esse mecanismo pode eventualmente funcionar, em condições bastante específicas e por
prazos pré-definidos. Entretanto, sua adoção estimula o bypass da rede da operadora com obri-
gação de prestar o serviço, e poderá levar a distorções imprevisíveis no mercado;
e) criação de um fundo específico. Nesse caso, todas as operadoras participariam do financia-
mento das obrigações de serviço universal, através de uma contribuição proporcional a suas res-
pectivas receitas. O órgão regulador seria o responsável por administrar esse fundo, definir o valor
das contribuições e escolher, de forma adequada, a empresa a ser incumbida da prestação do
serviço universal em cada situação específica. Por ser politicamente mais simples, essa opção é a
que parece ser a mais recomendável.
Aspectos Econômicos Fundamentais
A atração de capitais privados para novos investimentos pressupõe a existência de demanda sufi-
ciente pelos serviços e preços que cubram os custos e proporcionem retorno adequado.
A demanda por serviços de telecomunicações no Brasil é grande e crescente. Considerando ape-
nas a telefonia convencional, a demanda total estimada atualmente varia entre 18 e 25 milhões de
acessos; como existem em serviço pouco mais de 14 milhões de linhas, a demanda não atendida
situa-se entre 4 e 11 milhões de terminais. A demanda total projetada para 2003 varia entre 26 e
35 milhões de linhas.
A receita média gerada atualmente pelos terminais em serviço tem cerca de 43% provenientes
dos serviços locais e 57% dos serviços de longa distância, enquanto os custos distribuem-se 81%
para os serviços locais e 19% para os de longa distância. Esse desequilíbrio é conseqüência da
política de subsídios cruzados adotada no Brasil (e também em outros países) em situação de
monopólio, sob o argumento principal de que, transferindo-se receita dos serviços interurbano e
internacional, em princípio utilizados pelas empresas e pelas camadas da população de maior
renda, estar-se-ia subsidiando as camadas menos favorecidas do povo, usuárias essencialmente
apenas dos serviços locais.
Como já mostrado anteriormente, esse argumento é falacioso, de vez que, no Brasil, as camadas
mais pobres da população não dispõem de atendimento telefônico individualizado, de modo que o
subsídio acabou beneficiando mesmo as classes sociais mais favorecidas. Ao contrário, ao onerar
as empresas com custos mais elevados para os serviços que elas mais usam - interurbano e in-
ternacional - esse subsídio às avessas acabou significando uma penalização às classes mais po-
bres, pois certamente o diferencial de custos foi repassado aos preços dos produtos que elas con-
somem. Adicionalmente, num regime de competição na exploração dos serviços, a manutenção
de subsídios cruzados é insustentável.
Rebalancear as tarifas dos serviços de telecomunicações, aumentando as dos serviços locais
(assinatura e tráfego) e reduzindo as dos serviços interurbano e internacional, é portanto medida
preliminar a ser tomada, antes do estabelecimento do regime de competição, para permitir que
esta possa ocorrer em condições justas. Por outro lado, o rebalanceamento é também condição
essencial para permitir que as receitas de cada serviço cubram os respectivos custos e proporcio-
nem a mencionada margem adequada de retorno capaz de atrair os investimentos privados.
Considerando a implementação de um rebalanceamento tarifário neutro em termos de receita -isto
é, que, mantido o uso médio atual dos serviços, não implique nem em aumento nem em diminui-
ção da receita total dos operadores -a receita média projetada para cada terminal, derivada dos
serviços locais (assinatura, tráfego e interconexão com os serviços interurbano, internacional e
celular), deveria cobrir os custos operacionais e de capital das atuais operadoras do Sistema Te-
lebras, considerando, no cálculo do custo de capital, a remuneração normalmente desejada por
investidores privados, de 15% ao ano, após o Imposto de Renda. Como os procedimentos atual-
mente em vigor para estabelecimento das tarifas consideram a referência de 12% ao ano, antes
do Imposto de Renda, para remuneração do capital, pode-se inferir que essas empresas, prova-
velmente, buscarão aumentar sua produtividade de forma que a exploração desses serviços lhes
seja economicamente atraente.
Por outro lado, é razoável supor-se que a receita média proporcionada pelos novos assinantes do
serviço seja inferior à receita média gerada pelos atuais assinantes, uma vez que, em princípio, a
maioria dos novos assinantes será proveniente de classes de renda mais baixa do que o segmen-
to atualmente atendido. Dependendo da extensão em que isso ocorrer, poderá portanto não haver
atratividade econômica para o atendimento a esses novos potenciais assinantes, em termos indi-
vidualizados, utilizando-se a tecnologia convencional.
Como há, em princípio, possibilidade de custos menores com a utilização de tecnologias alternati-
vas -acesso sem fio, por exemplo, ou utilizando as redes de distribuição de TV a cabo -existe es-
paço para o desenvolvimento de novos operadores para os serviços locais, ou para o atendimento
a esses novos assinantes pelos atuais operadores, desde que possam se utilizar dessas novas
tecnologias.
Além do aspecto do rebalanceamento tarifário entre os serviços locais e os de longa distância,
uma outra questão econômica de fundamental importância a ser adequadamente resolvida é a do
estabelecimento das tarifas de interconexão entre as redes de suporte dos diversos serviços (ba-
sicamente dos serviços locais com os de longa distância e com o móvel celular). Essa certamente
será uma das primeiras e principais preocupações do órgão regulador .
Visão Setorial de Médio Prazo: o Cenário-objetivo
A visualização de como será a estrutura do mercado a médio prazo é importante para permitir
uma avaliação das possibilidades de que os objetivos da reforma sejam efetivamente atendidos.
Para balizar a construção dessa visão, pode-se partir de quatro questões essenciais:
I) Há interesse em se ter só operadoras de abrangência nacional, isto é, tendo como área de atu-
ação o País inteiro, ou é melhor ter-se operadoras de abrangência regional?
II) Quantos competidores devem ser admitidos no mercado? Deve ou não haver algum tipo de
limitação?
III) Deve ou não haver distinção entre empresas que exploram serviços locais e empresas que
exploram serviços de longa distância? Onde terminam uns e começam outros? Deve ou não haver
algum tipo de competição entre essas empresas?
IV) Os novos operadores devem ou não ser submetidos às mesmas condições que os operadores
antigos, em termos de obrigações de atendimento, limitações geográficas e de serviços?
A criação de empresas de abrangência nacional significaria a existência, desde o início, de em-
presas provavelmente fortes, capazes de competir internacionalmente num tempo mais curto do
que partindo-se de empresas menores. Adicionalmente, com área de atuação nacional, essas
empresas poderiam promover subsídios cruzados internos, fazendo com que as regiões mais di-
nâmicas compensassem as menores vantagens obtidas nas áreas menos desenvolvidas.
Entretanto, já foi visto que subsídios cruzados são incompatíveis com ambientes competitivos.
Além disso, a criação de duas empresas nacionais a partir das teles estaduais e da Embratel re-
sultaria em empresas complementares entre si em termos de infraestrutura, com forte incentivo à
colusão e, portanto, dificultando a introdução efetiva da competição. Para contornar isso, haveria
necessidade de atuação extremamente forte do órgão regulador já desde a sua constituição, o
que aumenta ainda mais as dificuldades. Isso significa um grau de incerteza extremamente eleva-
do, com resultados imprevisíveis em termos de evolução potencial do mercado.
Alternativamente, a criação de um pequeno número de empresas de abrangência regional - isto é,
de três a cinco - aumentaria as perspectivas de resultados mais adequados aos objetivos propos-
tos para a reforma. Primeiro, porque essas empresas teriam porte razoável, comparável ao de
suas maiores congêneres latinoamericanas, com possibilidade de geração própria de recursos
para financiar parte expressiva dos investimentos necessários. Em segundo lugar, a regionaliza-
ção permitiria a focalização dos investimentos dentro de cada região, aumentando assim as fren-
tes de inversões e cobrindo portanto o País todo. Em terceiro lugar, a existência de várias compa-
nhias facilitaria o trabalho do órgão regulador, porque o fato de haver mais empresas significa
metodologia de sua aferição, de forma a elevar o nível do setor a padrões internacionais dentro de
um horizonte de tempo razoável;
e) tarifas: os operadores estarão sujeitos a regulamentação que vise evitar o aumento abusivo de
preços para os consumidores e a prática de preços predatórios que impeçam a entrada de novos
competidores no mercado. A maneira mais prática de se fazer isso é através do estabelecimento
de um sistema de "teto de preços" (price cap system), em que uma "cesta" de serviços, em quan-
tidades representativas da conta média dos consumidores, tem seu valor máximo estabelecido
pelo órgão regulador. O operador tem alguma flexibilidade para alterar as tarifas de cada serviço
individualmente, desde que o valor total da "cesta" fique abaixo do "teto" fixado pelo órgão regula-
dor. Após um período inicial, é razoável também que o órgão regulador defina um fator de produti-
vidade que incidirá sobre o valor da "cesta", reduzindo seu nível real, como forma de estimular o
operador dominante a reduzir ainda mais suas ineficiências e assegurar que parte desses ganhos
sejam transferidos aos consumidores;
f) separação contábil: os operadores deverão manter separação contábil para aqueles serviços
prestados em regime de competição, de maneira a tornar seus custos transparentes para o órgão
regulador, que assim poderá, com maior facilidade, averiguar a eventual existência de subsídios
cruzados ou a prática de "dumping".
Com relação aos novos operadores, a premissa básica é que competirá ao órgão regulador garan-
tir que cheguem ao mercado companhias confiáveis, comprometidas em atingir a visão que se
pretende para o futuro cenário das telecomunicações no País. Assume-se também que, numa
fase inicial, os novos operadores deverão estar sujeitos a uma regulamentação mais favorável,
que aos poucos será modificada, de modo a se ter equilíbrio entre os novos e os antigos operado-
res. Dessa forma, a regulamentação inicial sobre os novos operadores deveria contemplar os as-
pectos a seguir:
a) demonstração de capacidade: ao se candidatarem a uma outorga, os pretendentes deverão
demonstrar que dispõem da capacidade técnica e de marketing necessária para prestar serviços
confiáveis, e de capacidade financeira suficiente para suportar a etapa inicial de altos investimen-
tos com baixos retornos;
b) apresentação de plano de negócios viável: da mesma forma, antes de receber a outorga, os
pretendentes deverão apresentar ao órgão regulador um plano de negócios razoável; tais planos
serão acompanhados pelo órgão regulador, sendo atualizados sempre que necessário;
c) financiamento do serviço universal: todos os novos operadores deverão contribuir para o finan-
ciamento das obrigações de serviço universal. Numa etapa inicial eles não serão obrigados a
prestar tais serviços, mas poderão sê-lo no futuro, contanto que os eventuais déficits sejam cober-
tos por contribuições de todos os operadores;
d) tarifas e qualidade: não haverá regulamentação específica sobre os novos operadores com
relação a tarifas e qualidade. Entretanto, dado que os operadores dominantes terão esse tipo de
regulação, as condições estabelecidas para estes acabarão servindo de parâmetro também para
os novos operadores.
Para assegurar que a competição efetivamente se desenvolva, é necessário que o órgão regula-
dor atente também para as prováveis tentativas dos operadores visando dominar o mercado. Uma
das maneiras possíveis é a acumulação de outorgas para diferentes serviços na mesma ou em
diferentes regiões; essa acumulação pode ser buscada por um mesmo operador ou por operado-
res distintos porém sob o mesmo controle acionário, direto ou indireto. Portanto, assegurar a efeti-
va diversidade de controle societário dos vários operadores será uma das tarefas essenciais da
fase inicial da reforma.
Outro ponto importante a ser considerado pelo órgão regulador é a evolução da tecnologia e suas
implicações em termos de redes e sistemas de telecomunicações, facilidades de interconexão e
custos associados. Monitorar adequadamente essa evolução e tomar as medidas regulatórias
necessárias à incorporação dos ganhos dela decorrentes, de maneira a beneficiar os consumido-
res, será essencial para assegurar a evolução satisfatória do processo de reforma.
regionais.
Considerando o exposto, a opção que parece ser a melhor é a reestruturação do Sistema Tele-
brás em três a cinco empresas regionais, mais a Embratel. Esse modelo parece ser o mais ade-
quado à medida que:
a) dá ensejo a uma combinação apropriada de negócios;
b) oferece escala de operação potencialmente atraente para investidores estratégicos de alta qua-
lid ade e com diferentes objetivos; e
c) permite a adoção de um mesmo aparato regulatório dentro de cada região.
Essa reestruturação levará, dadas as características sócio-econômicas do Brasil, à constituição de
empresas diferentes em termos de atratividade para o investimento privado. Essa diferenciação
possibilitará, entretanto, a adoção de estratégias também diferentes, em cada uma das regiões,
de introdução da competição, que deverá ser mais rápida nos mercados mais atraentes, e um
pouco mais lenta nas regiões menos atrativas.
Para que os objetivos da reforma sejam atingidos da forma mais plena possível, uma avaliação
profunda dos pontos abordados anteriormente recomenda a adoção das seguintes linhas de ação:
a) o órgão regulador deverá ser criado antes da privatização e do início da competição, para ga-
rantir que, desde o começo, se tenha disponíveis a infra-estrutura e as habilidades necessárias à
definição das regras de competição e à solução objetiva de conflitos;
b) a competição não deverá começar antes da privatização, de modo a dar às operadoras atuais
condições de se prepararem para competir, dentro das fronteiras estabelecidas pelo órgão regula-
dor, sem as restrições de gestão a que se encontram atualmente sujeitas, na condição de empre-
sas estatais;
c) deverão ser realizados, conjugados com o processo de outorga das novas licenças, leilões de
espectro, de modo a assegurar aos operadores, antigos e novos, oportunidade de acesso aos
recursos de que necessitam para concorrer com sucesso;
d) as operadoras das regiões menos atrativas poderão contar com um período de proteção legal,
antes do início da competição, para melhorar sua atratividade ao capital privado. Todas as regiões
em que o Brasil vier a ser dividido terão, na prática, um período de monopólio de fato, devido ao
tempo que os novos operadores precisarão para preparar sua infra-estrutura e para atrair consu-
midores. O período de proteção legal seria, portanto, adicional a esse prazo de monopólio de fato;
e) as restrições impostas aos operadores atuais serão removidas assim que forem atingidos obje-
tivos de expansão do sistema e houver competição efetiva no mercado;
f) serão celebrados contratos de concessão com as novas companhias regionais e com a Embra-
tel, contendo os compromissos de parte a parte (operadora e poder concedente) que reflitam ade-
quadamente as regras estabelecidas, conforme discutido anteriormente. Esses compromissos são
relativos ao atendimento ao mercado, investimentos em infra-estrutura, qualidade, tarifas, interco-
nexão e outros, por um lado, como exigência do poder concedente; por outro lado, são referentes
a que mercados e que serviços podem ser explorados pela operadora, e quais condições de com-
petição ela terá de enfrentar;
g) as licenças dadas aos novos operadores devem refletir, também, as regras estabelecidas; o
principal ponto é o da vedação de competirem com empresas estatais, restrição esta que deixará
de ter efeito à medida que as várias empresas regionais forem sendo privatizadas.
A Questão da Indústria e da Tecnologia
Por se tratar de um setor intensivo em capital, e que se apóia fundamentalmente na tecnologia, o
entrelaçamento das telecomunicações com assuntos industriais e tecnológicos é histórico. O pró-
prio Código Brasileiro de Telecomunicações atribuía ao Contel a competência de "promover e
Essas razões motivaram a inclusão, no Projeto de Lei, de disposições especiais sobre o tema,
como será visto na parte seguinte.
O Projeto de Lei
Como já apontado na parte I desta Exposição de Motivos, determina a Constituição da República,
em seu art. 21, inciso XI, que a competência da União para explorar, diretamente ou mediante
autorização, concessão ou permissão, serviços de telecomunicações, seja exercitada nos termos
da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros
aspectos institucionais.
O projeto que ora é submetido à apreciação de Vossa Excelência objetiva dar cumprimento a essa
determinação constitucional. Assim, em face da especificidade da norma que embasa o delinea-
mento do perfil jurídico de um novo ente, com status constitucional, e a organização de todo o
sistema de telecomunicações, a orientação do Projeto é no sentido de figurar os diversos assun-
tos em um só diploma legal, denominado Lei Geral das Telecomunicações Brasileiras, compreen-
dendo quatro livros, subdivididos em títulos, capítulos, e seções.
Princípios Fundamentais
Competindo à União, por intermédio de um órgão regulador, organizar a exploração dos serviços
de telecomunicação, e aí se incluem a execução, a comercialização e uso dos serviços e a im-
plantação e o funcionamento de redes de telecomunicações, bem como a utilização do espectro
de radiofreqüências e dos recursos orbitais (art. 1.) - estabeleceu-se que o objetivo básico da re-
gulação promovida pelo Estado deve ser a garantia do direito de toda a população de acesso às
telecomunicações, a tarifas e preços razoáveis e condições adequadas. É o que prescreve o art.
2º.
Esse objetivo básico, da universalização dos serviços, decorre do princípio constitucional da iso-
nomia. O Projeto procurou aperfeiçoar a normatividade da Constituição da República, dando subs-
tância conceitual aos princípios fundamentais aplicáveis ao setor das telecomunicações. Para tan-
to, fez imperativa a adoção de medidas que possam ampliar o leque dos serviços, incrementar
sua oferta e propiciar padrões de qualidade, na forma e condições que serão estabelecidas pelas
metas específicas de universalização.
Em linha com a premissa de que o novo modelo institucional das telecomunicações brasileiras
deve ter como referência os direitos dos usuários dos serviços, o art. 3º do Projeto relaciona esses
direitos. Entre eles, o de acesso aos serviços de interesse coletivo, com padrões de qualidade e
regularidade adequados à sua natureza, o da liberdade de escolha de seu prestador de serviço, o
da inviolabilidade e do segredo da comunicação, e o da preservação de sua privacidade.
O art. 4º elenca os princípios constitucionais que condicionam a validade da regulação, quais se-
jam: da soberania nacional, função social da propriedade, liberdade de iniciativa, livre concorrên-
cia, defesa do consumidor, redução das desigualdades regionais e sociais, repressão ao abuso do
poder econômico e continuidade do serviço prestado no regime público.
Harmonizando os direitos do usuário e consumidor com o princípio da livre concorrência e da justa
competição, o Estado, pelo órgão regulador, deverá ordenar as atividades privadas e organizar os
serviços públicos de telecomunicações, compatibilizando-os com a necessidade de desenvolvi-
mento econômico e social.
Nessa linha, há de se ter em conta que o princípio que rege a organização dos serviços de tele-
comunicação é o da livre, ampla e justa competição, cumprindo ao Poder Público impedir a mono-
polização do mercado e reprimir as infrações à ordem econômica,na busca do pleno acesso aos
serviços que sejam de interesse coletivo. É disso que tratam os art. 5º e 6º do Projeto.
O Órgão Regulador
Quaisquer considerações que se queira fazer a propósito do delineamento do perfil jurídico do
órgão regulador a que se refere o art. 21, XI, da Constituição da República, bem como de seu re-
gime jurídico, devem repousar em algumas premissas extraídas do próprio sistema constitucional,
manterá, durante certo tempo, embora curto, o controle de empresas de telecomunicações, que
estarão sujeitas à jurisdição do órgão regulador.
O modelo de pessoa jurídica de direito privado, por sua vez, também não é apropriado, porque
altamente questionável, juridicamente, a atribuição a esses entes de competências decisórias
próprias do Estado, que consubstanciam exercício de autoridade pública, interferindo acentuada-
mente na esfera jurídica de terceiros, prestadores de serviços públicos e exploradores de ativida-
des privadas, no setor de telecomunicações.
Portanto, o desejável seria a criação de um novo ente a exercitar competências de poder público,
sem compromisso maior com o perfil tradicional dos entes governamentais em geral. Seria um
ente do Estado, mas não integrante de sua administração pública, direta ou indireta, como atual-
mente concebida.
Esse novo ente, que seria uma Agência Reguladora Independente, teria natureza fiducial. A ele, a
título de dar cumprimento à determinação constitucional, e na forma da lei, seriam atribuídas as
prerrogativas de órgão regulador, que deve atuar com um grau de independência incomum, inusi-
tado, que só se pode assegurar a ente que reúna condições de ser depositário de plena confiança
e que, por essa mesma razão, responderá exemplarmente se acaso deixar de cumprir seus gra-
ves deveres institucionais, dentre eles os decorrentes do exercício da outorga de concessões e
permissões de serviço público e da expedição de autorizações para exercício de atividades priva-
das pertinentes ao setor de telecomunicações.
A natureza fiducial, no campo dos negócios jurídicos, fundada no princípio da autonomia da von-
tade, sinônimo de confiança, conhecida desde o direito romano, confere, a quem se atribui a ges-
tão de bens e direitos destinados à realização de determinados fins, ampla liberdade de ação e
plena titularidade de direitos e prerrogativas voltados à consecução do escopo assinalado.
Assim sendo, essa nova entidade, instrumento de atuação da União, seria concebida com acentu-
ado grau de independência, compatível com a função reguladora prevista na Constituição da Re-
pública.
No caso, o que se atribuiria a essa entidade, concebida como Agência Reguladora Independente,
de natureza fiducial, seria o dever de realizar o interesse público, dotada da independência que se
deve assegurar a quem será depositária da confiança do povo, como instrumento de atuação do
Estado, com a contrapartida da sua submissão, e de seus agentes, a mecanismos especiais de
controle e eventual promoção de responsabilidade.
O Projeto, assim, seria altamente inovador, mas inspirado em clássica experiência jurídica, que se
faria adaptar como técnica a ser utilizada pelo Estado na consecução de algumas de suas finali-
dades.
Entretanto, a possibilidade de que uma interpretação conservadora da Constituição no sentido de
que o fato de ela expressamente se referir ao órgão regulador das telecomunicações não conferi-
ria a esse organismo, necessariamente, tal condição de autonomia -poderia significar algum risco
à implementação da reforma, fez com que se procurasse, neste momento, uma proposta mais
cautelosa.
Essa cautela, todavia, não significa que o órgão regulador não deva apresentar características
especiais de independência que assegurem estabilidade à sua atuação -ou seja, normalidade re-
gulatória -, de forma a transmitir ao mercado a credibilidade necessária à atração de investimentos
privados para o setor.
Tais características relacionam-se, basicamente, à independência decisória (isto é, cabe ao órgão
regulador a decisão administrativa final sobre os assuntos de sua competência, e seus dirigentes
têm mandato fixo), à autonomia de gestão (essencialmente no tocante aos procedimentos de lici-
tação para compras e para as outorgas, e quanto à administração de recursos humanos) e à au-
tonomia orçamentária e financeira.
Esse acentuado grau de independência do órgão regulador justifica-se em razão das graves res-
funções especificadas no Projeto, que têm como fundamento último de validade a própria Consti-
tuição da República, deve o órgão regulador gozar das prerrogativas e sofrer as restrições ineren-
tes às funções que lhe serão cometidas.
O art. 16 do Projeto discrimina as principais competências da Agência, indispensáveis ao cumpri-
mento de suas finalidades institucionais. Entre elas, expedir normas disciplinadoras da prestação
e fruição dos serviços de telecomunicações no regime público, bem como os correspondentes
atos de outorga, e expedir regras disciplinadoras das atividades de telecomunicações no regime
privado, com as respectivas autorizações.
Entre tais normas disciplinadoras estarão as referentes à interconexão, à administração dos pla-
nos fundamentais de sinalização, transmissão, sincronismo e numeração, e outras. O Projeto dá,
assim, adequada flexibilidade à atuação do órgão regulador de modo a permitir-lhe incorporar os
benefícios decorrentes da evolução tecnológica, em proveito da competição e dos consumidores.
Quanto aos atos de outorga, o Projeto prevê que à Agência caberá tanto a sua edição como tam-
bém, nos casos de serviços explorados em regime de concessão ou permissão, a celebração e o
gerenciamento dos correspondentes contratos. A ela competirá, também, promover a declaração
de utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa, dos
bens necessários à implantação ou manutenção do serviço no regime público.
Caberá também à Agência administrar o espectro de radiofreqüências e o uso de satélites de tele-
comunicações, expedindo a regulamentação associada, editando os correspondentes atos de
outorga e fiscalizando a sua exploração.
À Agência caberá ainda propor ao Presidente da República, por intermédio do Ministro das Co-
municações, o estabelecimento e as alterações das políticas governamentais para o setor, com
seus respectivos planos de implementação.
Corolário do exercício das competências que são atribuídas à Agência é o acompanhamento, por
ela, das atividades e práticas comerciais no setor de telecomunicações, com a fixação, controle e
acompanhamento das tarifas dos serviços prestados no regime público, bem como com poderes
de controle, prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica, respeitadas as com-
petências do Cade.
Como expressão maior de sua independência, caberá à Agência arrecadar e aplicar suas receitas,
bem como decidir em último grau sobre as matérias de sua alçada.
Caberá à Agência, também, resolver administrativamente sobre a interpretação da legislação de
telecomunicações, prover sobre os casos omissos e compor, na esfera administrativa, conflitos de
interesse entre prestadores de serviços de telecomunicações.
Por fim, à Agência caberá adotar todas as medidas que forem necessárias para o atendimento do
interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações. Exercendo esse conjunto de
competências, a Agência terá plenas condições de regular adequadamente o setor de telecomuni-
cações e, fazendo-o de forma competente e transparente, construir a necessária credibilidade
para estimular os investimentos privados, nacionais e estrangeiros, que viabilizem o atendimento
às necessidades da sociedade brasileira.
Por outro lado, o Projeto atribui expressamente ao Poder Executivo, no seu art. 17, competência
para estabelecer e rever as políticas governamentais para o setor, a partir das propostas fomula-
das pela Agência. As principais atribuições, temas dessas políticas, listadas no Projeto, são as
seguintes:
a) instituir ou eliminar a prestação de modalidade de serviço no regime público, com ou sem cará-
ter de exclusividade, e definir as modalidades a ser prestadas no regime privado. Assim, o Poder
Executivo estará decidindo quais serviços serão explorados em regime de concessão, permissão
ou autorização, de modo a tornar possível graduar a aplicação, a cada modalidade de serviço, dos
dois princípios básicos da reforma estrutural, mencionados na parte II desta Exposição de Moti-
vos, quais sejam, a competição na exploração dos serviços e a universalização do acesso aos
serviços básicos;
b) aprovar o plano geral de outorgas dos serviços prestados no regime público. Dessa forma, o
Poder Executivo estará exercendo sua competência constitucional, decidindo, em nome da União,
o momento das outorgas para que os serviços sejam explorados em regime de concessão ou
permissão. A execução do processo correspondente, culminando com a edição dos atos de outor-
ga propriamente ditos, será então mero procedimento administrativo a ser desenvolvido pelo ór-
gão regulador;
c) aprovar o plano geral de metas para universalização dos serviços prestados no regime público.
Com isso, será possível reduzir ou ampliar os objetivos de universalização e as obrigações de
serviço universal, conseqüentemente reduzindo ou aumentando os seus custos e as respectivas
necessidades de financiamento, definindo também as fontes de recursos para esse fim;
d) estabelecer limites à participação estrangeira no capital de prestadora de serviço de telecomu-
nicações. Esses limites poderão ser definidos por modalidade de serviço, ser adotados em casos
específicos, na base da reciprocidade, ou mesmo não existir, dependendo do interesse nacional.
A previsão legal dessa faculdade dá ao Governo a flexibilidade necessária à gestão do assunto;
e) autorizar a participação de empresas brasileiras em organizações ou consórcios intergoverna-
mentais destinados ao provimento de meios ou à prestação de serviços de telecomunicações.
Essa faculdade é necessária porque, nos casos em pauta, as empresas brasileiras estariam, na
prática, atuando em nome do Governo Brasileiro.
O Conselho Diretor
O órgão máximo da Agência será composto por cinco Conselheiros (art. 18), devendo suas deci-
sões ser tomadas por maioria absoluta, salvo previsão regulamentar mais exigente.
As sessões do Conselho Diretor serão registradas em atas, que ficarão disponíveis para conheci-
mento geral na Biblioteca do órgão, a não ser que haja necessidade de sigilo, por razões pertinen-
tes à preservação da segurança do país, a segredo protegido ou à intimidade de alguém (art. 19).
O art. 20 do Projeto discrimina a competência do Conselho Diretor, tanto no que concerne ao pró-
prio órgão, quanto às pertinentes ao cumprimento de suas finalidades institucionais.
Quanto ao próprio órgão, merecem destaque: aprovação do regimento interno da entidade; modi-
ficação do Regulamento, a ser submetida à aprovação do Presidente da República; autorização
de terceirizações; autorização para aquisição e alienação de bens; e aprovação, para sua instru-
mentalização, de regras próprias de licitações e contratos.
No que concerne ao cumprimento das finalidades institucionais da Agência, cabe ao Conselho
Diretor: propor o estabelecimento e alteração das políticas governamentais a respeito de teleco-
municações; editar atos de conteúdo normativo e de caráter geral disciplinando a aplicação das
leis de telecomunicações; decidir sobre todos os atos importantes no procedimento de outorga de
concessões e permissões para exploração de serviço no regime público, tais como aprovar editais
de licitação, homologar as adjudicações, autorizar renovação e transferência de outorgas, bem
como decretar intervenção, encampação, caducidade e prorrogação; aprovar o plano geral de
autorizações de serviços prestados no regime privado; aprovar editais de licitação, homologar
adjudicações, aprovar os atos de outorga, bem como decidir sobre a prorrogação ou renovação, a
transferência e a extinção em relação às autorizações para prestação de serviço em regime priva-
do, na forma do regimento interno; aprovar os planos de destinação de faixas de radiofreqüências
e dos recursos orbitais; e aprovar os planos fundamentais para redes de telecomunicações, na
forma do regimento interno.
O Conselho Diretivo deverá ter condições de exercer suas funções livre de amarras externas, in-
clusive no que diz respeito ao Governo, ressalvadas as competências a ele reservadas. Buscando
assegurar essa independência, os Conselheiros serão brasileiros de reputação ilibada, formação
universitária e elevado conceito no campo de sua especialidade, devendo ser escolhidos pelo
Presidente da República e submetidos à aprovação do Senado Federal (art. 21).
Para otimizar e agilizar o início das atividades do órgão regulador, o Projeto investe os cinco pri-
meiros Conselheiros com mandatos de três, quatro, cinco, seis e sete anos, conforme determina-
do pelo decreto de investidura.
Assim, como os mandatos dos subseqüentes Conselheiros serão de cinco anos, haverá anual-
mente a nomeação de um membro do Conselho Diretor, como forma de permitir a permanente
renovação parcial e periódica do colegiado, com a constante participação dos Poderes Executivo
e Legislativo. Nessa mesma linha, procurando evitar a formação de feudos decisórios, permite-se
apenas uma recondução dos Conselheiros (arts. 22 e 23).
Conquanto não sejam servidores estáveis ou vitalícios, o Projeto confere aos Conselheiros garan-
tias especiais para a permanência na função e exercício do mandato com a impessoalidade devi-
da, restringindo a sua perda aos casos de renúncia, ou por força de decisão judicial definitiva, ou
ainda em decorrência de processo administrativo disciplinar, caso em que caberá ao Presidente
da República determinar o afastamento preventivo, quando for o caso, e proferir o julgamento (art.
24).
A substituição dos Conselheiros, nos casos de impedimento e vacância, será disciplinada pelo
Regulamento, conforme dispõe o art. 25 do Projeto.
Os Conselheiros, muito embora não integrantes do aparelho estatal em sua estrutura direta, fa-
zem parte da categoria ampla de "agentes públicos", devendo, pois, atuar com independência
funcional, prerrogativas e responsabilidades próprias.
A concretização da independência da Agência repousa, por certo, na independência dos membros
de seu órgão máximo, daí porque se lhes proibiu o exercício de qualquer outra atividade profissio-
nal, empresarial, sindical ou de direção político-partidária, bem como que tenham interesse signifi-
cativo, direto ou indireto, em empresa da área da telecomunicações ou a ela relacionada (art. 26).
Seguindo a tradição constitucional, abriu-se, como exceção à regra proibitiva, a possibilidade de
exercício de cargo ou emprego de professor universitário, desde que presente a compatibilidade
de horário com as funções de Conselheiro.
Procurando assegurar atuação imparcial e independente da Agência, o art. 28 do Projeto proíbe o
ex-Conselheiro, até um ano após deixar seu posto, de representar qualquer pessoa ou interesse
perante o órgão regulador, ou usar, em favor de qualquer empresa ou entidade, informações privi-
legiadas obtidas em decorrência de suas antigas funções. Para coibir tal comportamento, estabe-
leceu-se que o desrespeito à proibição tipifica ato de improbidade administrativa (art. 9º da Lei nº.
8.429/92).
O Conselho Diretor será presidido pelo Presidente que, nomeado pelo Presidente da República,
terá funções de direção, representando externamente a entidade e exercendo o comando hierár-
quico sobre o pessoal e o serviço (arts. 29 e 30). A representação judicial da Agência será exerci-
da por sua Procuradoria.
O Conselho Consultivo
Como forma de efetivar a participação dos Poderes do Estado e da sociedade na fiscalização do
órgão regulador, concebeu-se o Conselho Consultivo, organismo composto de representantes dos
Poderes Legislativo e Executivo e de entidades representativas da sociedade, conforme definido
no Regulamento (art. 32).
Caberá ao Conselho Consultivo opinar sobre o plano geral de outorgas e o plano de metas para
universalização dos serviços públicos, aconselhar quanto à instituição ou eliminação da prestação
de um serviço no regime público, e conhecer dos relatórios anuais do Conselho Diretor (art. 33).
Os membros do Conselho Consultivo não serão remunerados e terão mandato de três anos, ve-
dada a recondução. Os mandatos dos primeiros membros do Conselho serão de um, dois e três
anos, de forma que o Conselho tenha anualmente a renovação de um terço de seus membros
(art. 34).
A Atividade e o Controle
O projeto traça as linhas mestras que devem orientar a atuação da Agência, comprometida com
as modernas exigências de uma administração que se quer livre do esclerosamento burocrático
de que tanto se ressente a administração pública em geral.
Impõe-se, na gestão da Agência, uma atuação inspirada no modelo que se costuma designar co-
mo gerencial, com traços característicos que, sem prejuízo da necessária formalização de atos e
procedimentos, do indispensável processo, não permitam o formalismo despropositado, compro-
metedor da agilidade e da eficiência do órgão regulador.
Sem embargo do controle mediante processo, indissociável da atuação do Estado no exercício de
suas funções normativas e ordenadoras, deve ser encarecida a importância do controle por resul-
tados. De nada adianta uma atuação escorreita, do ponto de vista legal, substancial e formal, se
os resultados que a Agência deve buscar não forem sendo paulatinamente alcançados.
A consecução das finalidades que lhe são assinaladas é que justifica a criação e atuação da A-
gência. Os resultados é que constituem, por excelência, a medida de sua eficiência. Resultados
dotados da melhor qualidade possível, e que demandam flexibilidade operacional que pode ser
obtida valendo-se, parcimoniosamente, inclusive da terceirização - decisão da alçada do Conselho
Diretor, como visto anteriormente (art. 20).
Voltada ao atendimento do interesse da sociedade de pleno acesso às telecomunicações a tarifas,
preços e condições razoáveis, a atuação da Agência deverá ser pautada pelos princípios da lega-
lidade, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade, impessoalidade, igualdade, devido processo,
publicidade e moralidade (art. 36).
Cria o Projeto um mecanismo simples para dar transparência e publicidade aos atos e documen-
tos da Agência, que deverão ser abertos a qualquer pessoa. O direito de vista, de certidão e de
informação será, assim, implementado de forma totalmente desburocratizada, bastando uma con-
sulta na Biblioteca do órgão. Fogem desse procedimento os documentos e os autos que, por mo-
tivos indicados no Projeto, não possam ser abertos à consulta do público (art. 37).
Para garantir a transparência, as decisões da Agência deverão ser sempre motivadas (art. 38),
produzindo efeitos apenas após sua publicação no Diário Oficial da União, no caso de atos norma-
tivos, ou notificação, no caso de atos de alcance particular (art. 39) .
No exercício de suas competências, terá o órgão que respeitar prazos, estabelecidos na lei, para
praticar atos administrativos e adotar providências necessárias à sua aplicação, garantindo a ma-
nifestação prévia de interessados e permitindo, nos procedimentos sancionatórios, a prévia e am-
pla defesa do acusado.
Como já visto, terá a Agência competência para editar atos normativos de caráter geral, minuden-
ciando os delineamentos impostos pelas leis de telecomunicação, para ensejar sua fiel execução,
bem como pelos decretos que forem baixados pelo Presidente da República.
Terá a Agência, portanto, um poder normativo infra-legal sobre o setor de telecomunicações, e-
xercendo-o com o auxílio da sociedade, que deverá ser ouvida, necessariamente, através do me-
canismo de consulta pública, formalizada por publicação no Diário Oficial da União, e na qual as
críticas e sugestões recebidas merecerão exame, permanecendo à disposição do público na Bibli-
oteca (art. 40).
Para ressaltar e dar efetividade ao controle externo da Agência, no que diz respeito à legalidade,
legitimidade e economicidade de seus atos, prevê o art. 41 do Projeto a existência de um Ouvidor,
a ser nomeado pelo Presidente da República, com a função de produzir relatórios críticos a res-
peito da atuação da Agência. Será um ombudsman a encaminhar suas críticas ao Conselho Dire-
tor, ao Conselho Consultivo, ao Poder Executivo e ao Congresso Nacional, fazendo-as publicar
para conhecimento geral. Terá mandato de dois anos, admitida uma recondução.
À Corregedoria caberá acompanhar o desempenho dos servidores da Agência, avaliando sua
suficiência, o cumprimento dos deveres funcionais e realizando os processos disciplinares (art.
42).
As Receitas
Como mencionado anteriormente, é essencial, para garantia da efetiva independência do órgão
regulador, que ele tenha autonomia financeira. Esse tema já foi abordado no art. 16 do Projeto,
que confere à Agência poderes para arrecadar e aplicar suas receitas, e no art. 14, que transfere
à Agência as obrigações e direitos do Ministério das Comunicações correspondentes às compe-
tências a ela atribuídas pela nova lei.
Isso, entretanto, não é suficiente. É necessário ir além, definindo especificamente as fontes das
receitas, de maneira que elas possam efetivamente gerar recursos em montante suficiente para
custear as atividades da Agência, tanto as suas despesas correntes como seus investimentos
patrimoniais.
Tratando-se o setor de telecomunicações de um dos segmentos mais dinâmicos da economia,
nada mais natural que se busque, nele mesmo, essas fontes dos recursos a serem usados em
sua regulação. Considerando os benefícios econômicos que os agentes privados extrairão das
concessões, permissões e autorizações que obtiverem para os serviços de telecomunicações, é
perfeitamente válido definir que essas outorgas se dêem a título oneroso, de maneira a se estabe-
lecer um vínculo direto entre tais benefícios e o custeio das atividades regulatórias.
Considerando, adicionalmente, que o poder de outorgar é da União, é decorrência natural desse
raciocínio que os ônus impostos às outorgas resultem em receitas para a União, e que, tendo es-
ta, através da Lei ora proposta, incumbido a Agência de exercer as atividades específicas de regu-
lação do setor -em cumprimento ao mandamento constitucional - , por meio desse mesmo instru-
mento atribua à Agência essas receitas.
O art. 43 do Projeto, portanto, autoriza a União a cobrar pela concessão, permissão ou autoriza-
ção para a exploração de serviços de telecomunicações e para o uso de radiofreqüências - se-
guindo o preceito previsto pelo art. 26, inciso III, da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, e repetin-
do disposição contida no art. 14 da Lei nº 9.295, de 19 de julho de 1996 -, determinando que o
produto dessa arrecadação constitua receita da Agência.
Em adição, e uma vez que à Agência caberá também a atividade fiscalizadora da prestação dos
serviços, o Projeto estabelece, em seu art. 44, que constituirá receita da Agência também o produ-
to da arrecadação das taxas de fiscalização.
Dependendo de como ocorrerem as cobranças pelas concessões, permissões e autorizações - se
na forma de quantias predeterminadas, à vista ou a prazo, ou se na forma de percentuais sobre o
faturamento -é possível que as receitas delas decorrentes apresentem fluxo irregular, em função
do ritmo em que essas outorgas ocorrerem, e dos valores dos negócios a que elas se referirem.
Haveria, portanto, o risco de, num determinado ano, as receitas superarem de muito as necessi-
dades da Agência e, noutro, de ficarem muito aquém delas. Trata-se, certamente, de um risco de
todo indesejável.
Para reduzi-lo, portanto, o Projeto preconiza, em seu art. 45, que a Agência estabeleça, anual-
mente, o seu orçamento, considerando o planejamento de suas receitas e despesas num horizon-
te de cinco anos e buscando o equilíbrio orçamentário e financeiro durante todo o período. Assim,
os eventuais excessos de receitas de um ano seriam utilizados para suprir as necessidades de
recursos nos anos subseqüentes, devendo a Agência transferir ao Tesouro Nacional o saldo re-
manescente.
De modo a permitir uma gestão adequada dos recursos assim arrecadados por parte da Agência,
a melhor solução seria a constituição de um fundo especial. Considerando, entretanto, as limita-
ções constitucionais hoje existentes quanto a essa proposta (exigência de lei complementar), e
que já existe um fundo específico para o setor - o Fistel, Fundo de Fiscalização das Telecomuni-
cações, criado pela Lei nº 5.070, de 7 de julho de 1966, e mantido pela Lei nº 9.295, de 19 de ju-
lho de 1966 (art. 15), a solução preconizada pelo Projeto é a passagem desse fundo para a admi-
nistração exclusiva da Agência, a partir de sua instalação (art. 46).
O Fistel, entretanto, de acordo com a lei de sua criação, não contempla a possibilidade de inclu-
são, entre suas fontes, das receitas decorrentes das cobranças pelas outorgas. Da mesma forma,
a aplicação de seus recursos é restrita à fiscalização dos serviços. Para adequá-lo, portanto, à
utilização preconizada, cuida o Projeto, em seu art. 47, de alterar alguns dispositivos da Lei nº
5.070/66.
Dentre essas alterações, cumprem ser citadas as do art. 2., para inclusão, entre as fontes, daque-
las relativas ao exercício do poder concedente dos serviços de telecomunicações no regime públi-
co, ao exercício da atividade ordenadora da exploração dos serviços de telecomunicações no re-
gime privado, e da expedição de autorização para uso de radiofreqüências para qualquer fim. Es-
sas receitas, a Lei nº 9.295/96 expressamente destinou à cobertura dos custos do exercício das
atribuições de órgão regulador, pelo Ministério das Comunicações. Além dessas, são incluídas
também as receitas provenientes da venda de publicações, dados e informações técnicas, inclusi-
ve aquelas utilizadas nas licitações realizadas pela Agência.
Por outro lado, a nova redação proposta para o art. 3. da Lei nº 5.070/66 permite a utilização de
recursos do Fistel para atender as despesas de custeio e de capital que a Agência vier a realizar
no exercício da competência que lhe é conferida pela lei.
Essas alterações, por certo, não se constituem em qualquer desvirtuamento dos objetivos do Fis-
tel. De fato, independentemente das alterações institucionais que estão ocorrendo no setor, prin-
cipalmente em decorrência da aprovação do Projeto de Lei ora proposto, a própria evolução da
tecnologia nos últimos anos, associada às perspectivas para o futuro próximo, traz profundas im-
plicações sobre o conceito de fiscalização predominante à época da aprovação da Lei nº 5.070,
trinta anos atrás. Hoje não há como dissociá-lo do extremo dinamismo que se observa na tecnolo-
gia, na evolução das aplicações que ela viabiliza, e nas necessidades dos consumidores, de modo
que é fundamental considerar-se também, dentro do mesmo conceito, as necessidades de atuali-
zação da regulamentação e a correspondente instrumentalização do aparato fiscalizatório, através
de investimentos em equipamentos, instalações e demais facilidades.
Em adição, trata o art. 48 de atualizar os valores das taxas de fiscalização, enquanto o art. 49 cui-
da dos preços de serviços prestados pelo órgão regulador, não considerados na versão original,
mas que têm se revelado, ao longo do tempo, de grande importância na composição dos custos
do Ministério das Comunicações no exercício dessa função.
Finalmente, cuida o Projeto, em seu art. 50, de transferir para a Agência, a partir de sua instala-
ção, tanto os saldos existentes do Fistel, inclusive as receitas que sejam resultado da cobrança a
que se refere o art. 14 da Lei nº 9.295/96 (pela outorga de concessão para exploração do serviço
móvel celular, por exemplo), como a responsabilidade pelo pagamento dos compromissos decor-
rentes de processos em andamento, incluindo os empenhados, ligados a atividades que lhe este-
jam sendo transferidas pela Lei.
As Contratações
Em face mesmo da peculiar natureza da Agência Brasileira de Telecomunicações, concebida para
atuar com a maior flexibilidade gerencial, não há como deixar de inovar quanto à disciplina de sua
atividade contratual, obedecidos os dispositivos da Constituição (art. 37, XXI) de igualdade de
condições a todos os concorrentes.
Nesse sentido, cuida o Projeto, nos artigos 51 a 56, das contratações destinadas à instrumentali-
zação da Agência, estabelecendo regime próprio para as licitações com referido escopo, sem em-
bargo da preservação do regime comum à Administração Pública em geral, hoje consubstanciado
na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, quanto ao procedimento das licitações pertinentes a o-
bras e serviços de engenharia civil.
Portanto, exceto para contratação de obras e serviços de engenharia civil, o procedimento das
licitações destinadas à instrumentalização da Agência poderá obedecer regras próprias, constitu-
indo modalidades de certame a consulta e o pregão (art. 51).
Essas novas modalidades de licitação deverão ser, consoante prevê o art. 52 do Projeto, discipli-
nadas pela Agência, observadas as disposições da Lei em que o Projeto se converter. E este e-
lenca regras que visam a assegurar a observância de princípios fundamentais como os da instru-
mentalidade das formas, vinculação ao instrumento convocatório do certame, julgamento objetivo,
publicidade, devido processo, dentre outros.
Contém o Projeto, ainda, em seu art. 52, a premissa de que a finalidade do certame é, por meio
de disputa justa entre interessados, obter um contrato econômico, satisfatório e seguro para a
Agência. E, quanto ao instrumento convocatório, estabelece diretrizes no que tange à definição do
objeto, qualificação dos proponentes, aceitação de propostas e julgamento. Adicionalmente, pre-
coniza que, em função da especificidade da Agência, somente sejam aceitos certificados de regis-
tro cadastral por ela expedidos, devendo o cadastro estar permanentemente aberto à inscrição
dos interessados.
Em resumo, o Projeto confere à Agência autonomia para elaborar as regras disciplinadoras de
suas licitações, estabelecendo, todavia, as necessárias balizas, de sorte a prestigiar o caráter co-
gente dos princípios e regras mais gerais a serem preservados.
Na seqüência, o Projeto dá a configuração da consulta e do pregão. Essas modalidades de licita-
ção não se traduzem em simples alteração de nomenclatura. Comparadas com as modalidades
tradicionais de certames licitatórios evidenciam inovações que, em razão mesmo da experiência
haurida com a aplicação da Lei nº 8.666/93, estão voltadas à implementação de um modelo ge-
rencial de atuação do órgão regulador.
O pregão é a modalidade de certame a ser adotada para fornecimento de bens e serviços co-
muns, em que concorrentes previamente cadastrados deverão fazer lances em sessão pública
(art. 53).
Conquanto essa restrição do pregão, em princípio, apenas a concorrentes previamente cadastra-
dos, prevê o art. 54 do Projeto sua abertura à participação de qualquer interessado, com verifica-
ção, a um só tempo, da qualificação subjetiva de cada qual e da aceitabilidade das respectivas
propostas, após a etapa competitiva, nos casos de contratação de bens e serviços comuns de alto
valor, ou quando o número de cadastrados na classe for inferior a cinco, ou para o registro de pre-
ços, por exemplo.
Já a consulta é a modalidade de certame a ser adotada para fornecimento de bens e serviços
diferençados, isto é, aqueles que não são nem de engenharia civil, nem comuns. Exemplos são os
serviços técnicos especializados como os de consultoria, auditoria e pesquisa, ou o fornecimento
de equipamentos e sistemas especiais, como os destinados à radiomonitoragem, etc. Participarão
dela apenas os que forem consultados, e a decisão ponderará o custo e o benefício de cada pro-
posta, tendo em consideração a qualificação do proponente.
Vê-se, portanto, que serão avaliados em conjunto os elementos subjetivos, objetivos e comerciais
das propostas dos consultados, rompendo-se assim, também, com o tradicional modelo que sepa-
ra nitidamente as fases de habilitação de licitantes e de classificação das propostas, na busca de
maior rapidez e eficiência, e do melhor resultado (art. 55).
Objetivando evitar burocratização, agilizar desempenho e usufruir de experiência profissional ex-
terna, a Agência poderá utilizar, mediante contrato, técnicos ou empresas especializadas, bem
como consultores independentes e auditores externos, para qualquer atividade de sua alçada que
não envolva tomada de decisão (art. 56), como a fiscalização de serviços, o desenvolvimento de
normas regulamentares, a realização de procedimentos licitatórios e outros correlatos.
Organização dos Serviços de Telecomunicações
Serviços de telecomunicações, em princípio, constituem serviço público na acepção jurídico-
constitucional-administrativa da expressão, sendo dever da União assegurar sua prestação, dire-
tamente ou mediante outorga a terceiros, sem prejuízo, portanto, da sua titularidade quanto aos
mesmos.
A lei, a ser editada pela União (conforme art. 22, IV da Constituição Federal), pode distinguir, ou
permitir que por normas inferiores sejam relacionadas, dentre as possíveis operações tecnicamen-
te qualificáveis como telecomunicações, e em razão mesmo de critérios que referida lei estabele-
cer, as que são qualificadas como serviço público e as que não são. As que não qualificar como
serviço público poderão ser realizadas e exploradas economicamente pela iniciativa privada, como
direito e não como dever, desde que observadas as exigências legais pertinentes à matéria, e
mediante prévia autorização que a lei porventura exija. Servem de exemplo para esse caso os
setores de energia elétrica e transportes, que já comportam distinções quanto ao que constitui ou
não objeto de concessão.
Tanto as operações de telecomunicações que forem qualificadas como serviço público, quanto as
que assim não forem, estando sujeitas, com maior ou menor intensidade, à disciplina normativa de
competência da União, devem ser por esta fiscalizadas. Os operadores de telecomunicações, em
ambos os setores, ficam submetidos, assim, e nos termos da lei, à autoridade da União, que atua-
rá ora como Poder concedente, ora como responsável por fazer respeitar, pelos que exercem ati-
vidades privadas, as normas que as disciplinam.
Definições
Não convém que a lei estabeleça definições. Isso cabe à doutrina. Mas, às vezes, alei deve fazê-
lo. É o que ocorre no caso. O Projeto de Lei em pauta inicia o Livro III definindo serviço de teleco-
municações, telecomunicação e estação de telecomunicações (art. 57). Propicia, por um lado,
excluir de sua regulação serviços que não estejam tipificados como tal, como ocorre com serviços
de valor adicionado (art. 58) -mantendo conceito estabelecido pela Lei nº 9.295/96 -e, por outro,
restringe o alcance de suas normas às atividades que não estejam confinadas aos limites de uma
mesma edificação, propriedade móvel ou imóvel.
É importante ressaltar o conceito de serviço de telecomunicações, não explícito na legislação até
o momento, que, de certa forma, vincula sua definição à existência do seu consumidor, ao deter-
minar, no art. 57, que "serviço de telecomunicações é o conjunto de atividades que possibilita a
oferta de telecomunicação". Isso porque só faz sentido haver oferta de um serviço se houver
quem o consuma, isto é, alguém para quem o conjunto das atividades oferecidas (no caso, um
serviço) adiciona valor a algo. Esse conceito é importante porque, como será visto mais adiante,
toda a legislação proposta, no que tange à regulação dos serviços, repousa sobre conceitos de
ciência econômica.
A Classificação
Não descendo a minúcias, nem especificando as diversas modalidades de serviços de telecomu-
nicações, o Projeto classifica-os em função da abrangência dos interesses a que atendem - servi-
ços de interesse coletivo e serviços de interesse restrito (art. 59) - e quanto ao regime jurídico de
sua prestação: serviços públicos e serviços privados (art. 60).
Na tecitura desta classificação, os serviços de interesse coletivo, caracterizados como serviços
abertos a todos, são voltados precipuamente para a concreção dos objetivos e princípios funda-
mentais expostos no Livro I da Lei Orgânica, e, portanto, sujeitos a maiores condicionamentos
legais e administrativos.
Já os de interesse particular, caracterizados como de livre exploração, sujeitam-se apenas aos
condicionamentos necessários para evitar que sua exploração possa acarretar prejuízos ao inte-
resse coletivo, devendo ser prestados sob o regime de direito privado (arts.59 e 64).
Sob essa ótica, os serviços de telecomunicações de interesse coletivo, cuja existência, universali-
zação e continuidade a União comprometa-se a assegurar (art. 61) nas formas e condições fixa-
das no plano geral de metas de universalização mencionado no art. 17 - devem, em princípio,
comportar prestação no regime público, o que não exclui, em certas condições, sua prestação no
regime privado. Por exemplo, o serviço telefônico fixo comutado, destinado ao uso do público em
geral, inclui-se nessa categoria.
Como novidade dentro do direito positivo, admite o Projeto que, em qualquer região, área ou loca-
lidade, uma mesma modalidade de serviço possa ser prestada apenas no regime público, apenas
no regime privado, ou em convivência dos dois regimes, público e privado, desde que o plano ge-
ral de outorgas assim tenha estabelecido, calcado em opções políticas devidamente justificadas, e
essa situação não inviabilize ou torne injustificadamente mais onerosa para a sociedade a presta-
ção do serviço no regime público (art. 62).
Os serviços a serem explorados no regime privado, em princípio, serão todos aqueles que não
forem reservados expressamente para a exploração exclusivamente no regime público (art. 62),
subordinada essa definição, entretanto, a decisão do Poder Executivo, conforme inciso I do art.
17.
O art. 63 estabelece que, quando um serviço estiver sendo, ao mesmo tempo, explorado em am-
bos os regimes, sejam adotadas medidas que não tornem economicamente inviável a sua presta-
ção no regime público. No art. 64, o Projeto dispõe que serviços de telecomunicações de interesse
restrito não sejam explorados no regime público, ou seja, eles necessariamente serão prestados
no regime privado.
Veda ainda o Projeto a exploração direta ou indireta de uma mesma modalidade de serviço, nos
regimes público e privado, por uma mesma pessoa, a não ser em regiões, localidades ou áreas
distintas (art. 65).
Como visto anteriormente, o órgão regulador proporá ao Poder Executivo a instituição ou exclusão
de uma modalidade de serviço de telecomunicações no regime público, com ou sem caráter de
exclusividade, ou no regime privado, indicando as regiões, locais ou áreas a serem afetadas pela
proposta (arts. 16 e 17).
Pretende-se com isso incrementar o desenvolvimento do setor e alcançar as metas fixadas de
universalização dos serviços, respeitando as diferenças geográficas, sociais e econômicas exis-
tentes nas diversas regiões brasileiras. Tal proceder concretizará objetivos fundamentais da Re-
pública do Brasil, como o desenvolvimento baseado na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, conforme os ditames da justiça social (art. 170 da Constituição Federal), que são tam-
bém objetivos da reforma institucional do setor de telecomunicações.
As Regras Comuns
Muito embora o Projeto não desça a detalhes de caracterização de cada modalidade de serviço,
dá ele alguns atributos para tanto, a serem considerados pela Agência no trabalho a ela cometido,
como a finalidade do serviço, o âmbito de sua prestação, a forma de telecomunicação (telefonia,
telegrafia, comunicação de dados, transmissão de imagem, multimídia), o meio de transmissão e
a tecnologia empregada (art. 66).
Coíbe o Projeto comportamentos prejudiciais à livre e justa competição, dentre os quais a prática
de subsídios para redução artificial de preços e o uso e a omissão indevidos de informações téc-
nicas e comerciais relevantes à prestação de serviços (art. 67).
Visando preservar a privacidade dos consumidores, o Projeto impõe limites à utilização, pelo pres-
tador, de informações relativas ao uso individual do serviço (art. 68).
Cuida também o Projeto de ressaltar que os prestadores de serviços de telecomunicações não
estão isentos do atendimento às normas de engenharia e às leis das diversas esferas de Gover-
no, relativas à construção civil e à instalação de cabos e equipamentos, bem como à abertura de
valas e escavação em logradouros públicos (art. 69).
Para estimular a indústria e a tecnologia nacionais, em linha com as razões apontadas no item 7
da parte II desta Exposição de Motivos, o Projeto propõe, no art. 71, que as empresas prestadoras
de serviços de telecomunicação que investirem em projetos de pesquisa e desenvolvimento no
Brasil, na área de telecomunicações, obterão incentivos, nas condições fixadas em lei. Tais incen-
tivos deverão ser, portanto, objeto de diploma legal que trate especificamente da matéria. Adicio-
nalmente, o art. 72 do Projeto estabelece que poderão ser estimulados o desenvolvimento e a
fabricação, no País, de produtos de telecomunicações, mediante adoção de instrumentos de polí-
tica fiscal e aduaneira.
Os Deveres de Universalização e de Continuidade
do com o pagamento, em seu favor, pelos outros operadores, de tarifas de interconexão mais ele-
vadas, na forma que dispuser a regulamentação.
A Outorga
Para que um serviço de telecomunicação seja explorado no regime público há de haver outorga
prévia do Poder Público, consubstanciada em um contrato de concessão, despossuída esta, obri-
gatoriamente, do caráter de exclusividade (arts. 77 e 78). O contrato, por prazo determinado, su-
jeitará o concessionário aos riscos empresariais e estipulará que sua remuneração se dará atra-
vés da cobrança de tarifas dos usuários e de outras receitas alternativas; responderá ele direta-
mente pelas obrigações do negócio e pelos prejuízos que eventualmente venha a causar.
O órgão regulador deverá, como já mencionado anteriormente, elaborar um plano geral de outor-
gas, submetendo-o à aprovação do Poder Executivo, definindo, com fulcro no binômio maior be-
nefício ao usuário e justa remuneração do encarregado do serviço, a divisão do País em áreas,
com os respectivos números de prestadores, seus prazos de vigência e as oportunidades em que
as mesmas deverão ser atribuídas, e evitando o vencimento concomitante das concessões de
uma mesma área.
Tratando-se de uma relação trilateral - entre concedente, concessionário e usuário exigente de
determinação precisa dos direitos e deveres de todas as partes, bem como de fiscalização eficaz,
cada modalidade de serviço deverá ser objeto de outorga distinta (art. 79), atribuída a empresa
constituída segundo as leis brasileiras, com sede e administração no País. Essas características
deverão estar presentes por ocasião da celebração do contrato, não impedindo a participação, na
licitação prévia, de empresas que ainda não as tenham, o que amplia o rol de empresas potenci-
almente interessadas na licitação, propiciando maior competitividade ao processo, em busca da
melhor proposta (art. 80).
Poderá a regulamentação impor proibições, limites ou condições à outorga de concessões a em-
presas ou grupos empresariais que já explorem serviço de telecomunicações em qualquer dos
regimes de direito, objetivando, com isso, estimular a competição efetiva e evitar concentração
econômica no mercado (art. 81).
Para uma empresa receber outorga de concessão de serviço público, mesmo operando modalida-
de de serviço semelhante, no regime privado, na mesma região, área ou localidade, deverá assu-
mir o compromisso de transferir a outrem, no prazo máximo de dezoito meses, o serviço explora-
do sob este último regime, sob pena de caducidade da concessão e de outras sanções previstas
no processo de outorga.
Esse preceito objetiva também ampliar o leque de eventuais interessados na licitação para outor-
ga da concessão.
O art. 82 do Projeto dispõe que as outorgas serão sempre onerosas, podendo o pagamento ser
feito através de uma quantia fixa, à vista ou em parcelas, ou através de um percentual sobre o
faturamento, conforme dispuser a Agência. No caso de quantia fixa, esta poderá ser predetermi-
nada no edital de licitação ou resultante da proposta vencedora, caso esse tenha sido um dos
critérios de julgamento da licitação.
Para o processo de outorga de concessões, o Projeto cria a modalidade de licitação denominada
"convocação geral" (art. 83), a ser disciplinada pela Agência, com observância dos princípios
constitucionais e legais, expressando sua finalidade, seus objetivos, seu procedimento singular,
seus critérios e fatores objetivos de aceitação da proposta e de julgamento, seus requisitos de
habilitação (qualificação técnico-operacional ou profissional e econômico-financeira), sempre ten-
do como escopo assegurar a maior divulgação possível do instrumento convocatório e de todos os
atos do procedimento, permitindo, assim, a ampla participação de licitantes capacitados, com ad-
missão de consórcios (art. 84).
O instrumento convocatório, cuja minuta será submetida a consulta pública prévia, deverá identifi-
car o serviço objeto do certame e as condições de sua prestação, expansão e universalização,
fixando as cláusulas do contrato de concessão com as sanções aplicáveis, possibilitando a esco-
lha de quem possa executar e expandir o serviço no regime público com eficiência e segurança e
a tarifas razoáveis.
Tendo em vista a natureza peculiar do serviço de telecomunicações, estabelece o Projeto diversos
fatores de julgamento do certame, na modalidade de técnica e preço menor tarifa, maior oferta
pela outorga, melhor qualidade dos serviços, melhor atendimento da demanda -que poderão ser
adotados isolada ou conjugadamente, respeitado o princípio da objetividade.
Além de indicar a vedação genérica de participar de licitação ou receber outorga de concessão a
empresa proibida de licitar ou contratar com o Poder Público, o Projeto acrescenta como vedação
específica ter a empresa sido punida, nos dois anos anteriores à licitação, com a decretação da
caducidade de concessão, permissão ou autorização de serviço de telecomunicação, ou da cadu-
cidade do direito de uso de radiofreqüência (art. 85).
Ainda sobre o tema da licitação, dispõe o Projeto, no art. 86, sobre as hipóteses de sua inexigibili-
dade, quer por desnecessária (nas hipóteses de não haver limitação à quantidade de outorgas
possíveis), quer por inviável (inexistência de mais de um licitante).
O procedimento administrativo de declaração da inexigibilidade de licitação deverá obedecer prin-
cípios básicos que regem o procedimento licitatório, bem como no seu âmbito deverão ser verifi-
cadas todas as condições relativas à qualificação da empresa a ser contratada, tendo em vista
assegurar o cumprimento das futuras obrigações (art. 87).
O Contrato
Traz o Projeto, no art. 88, as cláusulas necessárias do contrato de concessão, como a da indica-
ção do objeto, área e prazo da concessão; as regras, critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros
definidores da implantação, expansão, alteração, modernização e qualidade do serviço; os deve-
res de universalização e continuidade do serviço; o valor, forma e condições de pagamento da
outorga; os critérios e procedimentos para fixação, reajuste e revisão das tarifas; os direitos, ga-
rantias e obrigações dos usuários, da Agência e dos concessionários; os bens reversíveis, se
houver; as condições gerais para interconexão, etc.
Em se tratando de serviço de interesse coletivo, cuja existência e continuidade a própria União se
comprometa a assegurar, os bens que a ele estejam aplicados poderão (e não deverão) ser rever-
tidos ao Poder concedente, para permitir a continuidade do serviço público. Mas nem sempre o
princípio da continuidade do serviço público supõe a reversão dos bens que lhe estejam afetados.
Quando os bens do concessionário não forem essenciais à sua prestação, quer por obsolescência
tecnológica, quer pelo esgotamento de sua própria vida útil, a reversão não deverá ocorrer, não
precisando, os bens, ser reintegrados ao patrimônio do poder concedente, ao término da conces-
são . A não ser, é claro , que por motivos devidamente justificados, reclame o interesse público tal
reversão. Daí a facultatividade do instituto, que o Projeto agasalhou, ao deixar que o contrato defi-
na quais são esses bens, visando evitar ônus financeiro desnecessário para o concedente.
O Projeto (art. 90) autoriza o concessionário, no cumprimento de seus deveres, a empregar equi-
pamentos que não lhe pertençam, a terceirizar atividades inerentes, acessórias ou complementa-
res ao serviço, a consorciar-se com terceiros (sem caracterizar subconcessão), continuando sem-
pre responsável, perante a Agência e os usuários, pela prestação dos serviços.
Assegura-lhe também prazos razoáveis para adaptação às novas obrigações que lhe sejam im-
postas em regulamentos posteriores (art. 91), dando ao contratado a segurança jurídica para pla-
nejar a exploração do serviço concedido e os necessários investimentos.
Entre as obrigações do concessionário, previstas no art. 92 do Projeto, consta a de manter regis-
tros contábeis separados por serviço, caso explore outra modalidade de serviço de telecomunica-
ções. Adicionalmente, o concessionário deverá submeter à Agência, previamente, as minutas de
contrato-padrão que pretender celebrar com seus clientes e dos acordos operacionais que preten-
der firmar com operadores estrangeiros. Deverá, também, comprometer-se a divulgar a relação de
seus assinantes, observadas as garantias de privacidade dos usuários.
II) ao admitir, também expressamente, a prática de descontos tarifários, desde que extensíveis a
todos os usuários que se enquadrem em condições estabelecidas de modo preciso e isonômico
(art. 103);
III) ao determinar o compartilhamento com os usuários dos ganhos econômicos decorrentes da
modernização, da expansão dos serviços ou da conquista, pelo operador, de novas receitas alter-
nativas, e a transferência integral aos usuários dos ganhos econômicos não decorrentes direta-
mente da eficiência empresarial do prestador, como aqueles originários de reduções de tributos ou
de encargos legais, ou ainda de mudanças na regulamentação dos serviços (art. 104); e, princi-
palmente,
IV) ao possibilitar a mudança para o regime de liberdade vigiada, após decorridos cinco anos da
vigência do contrato, desde que exista efetiva competição entre os prestadores do serviço, a juízo
da Agência (art. 100).
Neste último caso, o concessionário poderá determinar suas próprias tarifas, comunicando-as ao
órgão regulador com sete dias de antecedência de sua entrada em vigor. Caso a Agência detete
um aumento arbitrário nos lucros do concessionário, ou outras práticas suas prejudiciais à concor-
rência, poderá determinar um retorno ao regime tarifário anterior, ou seja, o de controle de preços.
A Intervenção
As hipóteses de intervenção na empresa concessionária são elencadas no art. 106. Entre elas,
incluem-se a paralisação injustificada dos serviços, sua inadequação ou insuficiência, o desequilí-
brio econômico-financeiro resultante de má administração, que coloque em risco a continuidade
dos serviços, a inobservância reiterada de atendimento a metas de universalização e a recusa
injustificada de interconexão.
Os procedimentos administrativos para decretação da intervenção assegurarão sempre a ampla
defesa do concessionário (art. 107). A intervenção poderá ser exercida por um colegiado ou por
uma empresa contratada para esse fim, e seu custo correrá por conta do concessionário.
A Extinção
Quanto à extinção da concessão o Projeto segue a linha adotada pela Lei nº 8.987/95, acrescen-
tando, apenas, algumas condições mais rígidas.
Nesse sentido, vincula à encampação a “razão extraordinária de interesse público" (art. 109) e
amplia as hipóteses de caducidade para incluir a situação em que a intervenção seria o instrumen-
to apropriado, mas sua decretação for inconveniente, inócua, injustamente benéfica ou desneces-
sária (art. 110).
Permite, por outro lado, além da rescisão judicial, a rescisão amigável, não prevista expressamen-
te pela Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 (art. 111).
A Permissão
Seguindo a doutrina escorreita, o Projeto ora apresentado a Vossa Excelência dá ao instituto da
permissão os seus devidos contornos. Define permissão como ato administrativo, e não como
contrato, pelo qual se atribui a alguém o dever de prestar serviço de telecomunicação no regime
público (portanto serviço de interesse coletivo) e em caráter transitório, em face de situação ex-
cepcional comprometedora do funcionamento do serviço, e até sua normalização (art. 114).
A situação excepcional, em face da qual a permissão pode ser outorgada, é, repita-se, aquela
comprometedora do funcionamento do serviço, e que, em virtude de suas peculiaridades, não
possa ser atendida de forma conveniente ou em prazo adequado, mediante intervenção na em-
presa concessionária ou outorga de nova de concessão.
O Projeto dá os traços caracterizadores do instituto, prescrevendo que a outorga seja precedida
de procedimento licitatório simplificado, nos termos regulados pela Agência, ressalvados os casos
de inexigibilidade (art. 115). Sua formalização reclama assinatura de termo que conterá, dentre
outras especificações, o prazo máximo de vigência estimado, sanções, direitos e deveres do per-
missionário, as tarifas, os direitos, garantias e obrigações dos usuários, as condições gerais de
interconexão, os bens reversíveis, se houver, e as hipóteses de extinção, tudo conforme o que
constar da regulamentação (art. 116 a 121).
restritas a duas:
a) disponibilidade de radiofreqüência adequada, se necessária para executar o serviço; e
b) apresentação de projeto viável tecnicamente e compatível com as normas aplicáveis.
Para obtenção de autorização de serviço de interesse coletivo, executado sob o regime privado, o
Projeto (art. 129) dispõe expressamente sobre as condições subjetivas necessárias, dentre as
quais avultam as de ser empresa brasileira, de possuir qualificação técnica para bem prestar o
serviço e de não prestar, na mesma região, localidade ou área, a mesma modalidade de serviço,
quer no regime público, quer no regime privado.
Já no que diz respeito aos serviços de interesse restrito, será a Agência que irá dispor sobre as
condições subjetivas para obtenção de autorização, que se farão necessárias apenas e tão so-
mente para evitar que a livre exploração dos serviços acarrete prejuízos ao interesse coletivo (art.
130).
Como a disciplina dos serviços de interesse coletivo deve assegurar a realização dos objetivos
maiores consignados na Lei Geral e o respeito aos direitos dos usuários e operadores, o Projeto
permite que a Agência, em casos excepcionais, condicione a autorização à aceitação, pelo inte-
ressado, de compromissos de interesse da coletividade, tais como a ampliação da cobertura, o
atendimento de demandas sociais ou a contribuição, inclusive financeira, à universalização dos
serviços, que, se descumpridos, ensejarão sanções de multa, suspensão ou caducidade da auto-
rização (arts. 131 e 133).
Assim, ainda que o serviço venha a ser executado sob regime privado, por se tratar de serviço de
abrangência coletiva estará ele também sob controle e fiscalização do órgão regulador, que deve-
rá cuidar do interesse público, observados os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e
igualdade.
Muito embora a liberdade seja a tônica na prestação do serviço sob regime privado, nos casos em
que o excesso de competidores comprometa de modo grave uma modalidade de serviço de inte-
resse coletivo, ou em caso de impossibilidade técnica, permite o Projeto a fixação de um limite
temporário no número de operadores, escolhidos em procedimento licitatório, na modalidade utili-
zada para a escolha do concessionário, que é a convocação geral (art. 132).
Dos autorizados assim escolhidos será exigida uma contrapartida (expansão do serviço ou de
empregos, pagamento em dinheiro etc.) proporcional à vantagem econômica que terão pela limi-
tação da concorrência. Entre essas contrapartidas poderá estar, também, a participação no finan-
ciamento às obrigações de serviço universal.
A Extinção
Como a autorização de serviço não está sujeita a termo final, sua extinção poderá ocorrer por
cassação, decaimento e renúncia, além da caducidade e anulação (art. 134). As duas últimas for-
mas de extinção não diferem substancialmente das já assinaladas quanto aos institutos da con-
cessão e da permissão (art. 136 e 139).
Cassação e decaimento constituem também espécies de retirada da autorização de serviço. A
primeira, em virtude da perda das condições subjetivas ou objetivas indispensáveis à sua expedi-
ção ou manutenção, como no caso da extinção da autorização de uso da radiofreqüência respec-
tiva (art. 135); a segunda, por força de razões de excepcional relevância pública que venham mo-
dificar as normas, proibindo o tipo de atividade objeto da autorização, ou suprimindo a exploração
no regime privado, e desde que a preservação das autorizações já expedidas seja efetivamente
incompatível com o interesse público (art. 137). Ainda assim, decretado o decaimento, por ato
administrativo da Agência, terá o autorizatário direito de manter suas atividades regulares por um
período mínimo de cinco anos, salvo desapropriação.
Os demais artigos desta seção tratam simplesmente de aspectos administrativos associados aos
atos de extinção da autorização.
As Redes de Telecomunicações
Trata este Título das redes de telecomunicação destinadas a dar suporte à prestação, no regime
público ou privado, dos serviços de interesse coletivo em geral (art. 141), organizando-as como
vias integradas de livre circulação, dispondo sobre sua implantação e funcionamento, a obrigatori-
edade e condições de interconexão e de interoperabilidade, os planos de numeração e sua gerên-
cia, suas utilizações primária e secundária, tudo visando à harmonização e compatibilização dos
projetos dos diversos operadores, em âmbito nacional e internacional (art. 142 a 150).
O Projeto prescreve que o direito de propriedade sobre as redes é condicionado pelo dever de
cumprimento de sua função social, em consonância com princípio inserido na própria Constituição
da República. Objetivando assegurar o cumprimento de sua função social, e a harmonia e compa-
tibilidade dos projetos de diferentes prestadoras de serviços, como já assinalado, a implantação e
funcionamento das redes obedecerão a planos fundamentais editados pela Agência.
O provimento da interconexão das redes será realizado em termos não discriminatórios e de modo
a não onerar desnecessariamente o solicitante. As condições serão objeto de livre negociação
entre os interessados, observadas as regras que a Agência fixar. Isso significa que os operadores
deverão prover, a seus clientes (em termos de capacidade de rede), acesso exatamente às partes
da rede que eles desejarem, de forma a reduzir ao mínimo as necessidade de construção de infra-
estruturas paralelas.
O Espectro de Radiofreqüências
Considerado bem público, o espectro de radiofreqüências será administrado pela Agência (art.
152).
A Agência manterá um plano com a atribuição, distribuição e destinação de faixas de radiofre-
qüências, observados os tratados e acordos internacionais, com o detalhamento necessário ao
emprego individual das radiofreqüências associadas aos diversos serviços e atividades de tele-
comunicação, de modo a atender tanto a suas necessidades atuais como as futuras (art. 153).
Esse plano preverá a destinação de faixas de radiofreqüências para fins militares, para serviços
públicos e privados de telecomunicações, para serviços de radiodifusão, para serviços de emer-
gência e de segurança pública, além de para outras aplicações de telecomunicações, de modo
que a administração de todo o espectro de radiofreqüências fique integralmente confiada à Agên-
cia.
Nessa atividade, a Agência deverá sempre buscar o uso eficiente e racional do espectro (art. 154),
podendo para tanto restringir o emprego de determinadas radiofreqüências, considerado o inte-
resse público (art. 155).
A destinação de radiofreqüências ou faixas poderá, a qualquer tempo, ser modificada, assim como
poderão ser alteradas características técnicas dos sistemas, desde que o interesse público ou o
cumprimento de convenções ou tratados internacionais o determine, assegurado prazo razoável
para a efetivação das mudanças (art. 156).
Estabelece ainda o Projeto que a operação de qualquer estação transmissora de radiocomunica-
ção estará sujeita a licença prévia de funcionamento e a fiscalização permanente (art. 157).
A Autorização de Uso de Radiofreqüências
O Projeto (art. 158) trata também das autorizações de uso de radiofreqüência, expedidas com ou
sem caráter de exclusividade e dependentes de outorga prévia (autorização) e da manutenção do
direito à execução do respectivo serviço de telecomunicações (concessão, permissão ou autoriza-
ção).
Essas autorizações, como atos administrativos vinculados, poderão ser outorgadas com ou sem
licitação, de forma gratuita ou onerosa (art. 159 e 160). As regras básicas para licitação e acerca
da inexigibilidade são as mesmas estabelecidas para a disputa por concessão de serviço público.
zação das empresas do Sistema TELEBRÁS justifica-se, inicialmente, pelo fato de a Lei nº 8.031,
de 12 de abril de 1990, que criou o Programa Nacional de Desestatização, expressamente ter
excluído, através do art. 2.º, parágrafo 3.º, a aplicação de seus dispositivos a empresas que exer-
cem atividades previstas no art. 21 da Constituição, como é o caso em pauta. Diversas disposi-
ções dessa lei vêm sendo alteradas por Medida Provisória, a mais recente das quais é a MP nº
1481-43, de 22 de novembro de 1996. Ocorre, entretanto, que a Emenda Constitucional nº 8/95
vedou expressamente a utilização de medidas provisórias para dar cumprimento ao seu manda-
mento.
Em segundo lugar, essas regras visam assegurar o atendimento à exigência do inciso XX do art.
37 da Constituição Federal, deixando clara, no texto legal, a autorização legislativa para a criação
das subsidiárias e das participações acionárias que forem necessárias para viabilizar a reestrutu-
ração e a privatização do Sistema TELEBRÁS, nos termos concebidos pelo Projeto. Decorre daí a
nominação das empresas a serem objeto das mudanças, vista no seu art. 184.
Adicionalmente, deve ser considerado que as medidas destinadas a promover a desestatização
das empresas exploradoras de serviços de telecomunicações supervisionadas pelo Ministério das
Comunicações devem ser entendidas considerando as peculiaridades específicas do setor e a
reestruturação do mercado de serviços de telecomunicações objetivada pelo presente Projeto.
As telecomunicações, quando utilizadas para a prestação de serviços de interesse coletivo e no
regime público, constituem um sistema integrado em que a compatibilidade funcional das distintas
redes deve ser mantida quaisquer que sejam os seus operadores. Caracterizam-se também, nes-
se caso, pelo fato de constituírem um empreendimento intensivo em capital e de longo prazo de
maturação, em que os investimentos estão sujeitos à prematura obsolescência, face aos avanços
tecnológicos a que as telecomunicações estão constantemente submetidas.
Há também a considerar que a desestatização prevista por este Projeto estará sendo realizada
simultaneamente com a introdução, em setor até então monopolista, de um regime que, embora
de competição, manterá a obrigação dos prestadores com o atendimento de caráter social, ou
seja, com o denominado serviço universal. O compromisso entre competição e serviço universal é
matéria que exigirá que todo o processo de reestruturação do setor, inclusive sua fase inicial de
desestatização, esteja subordinado a um complexo esquema de conciliação entre as pressões de
mercado e o atendimento do interesse público.
Acrescente-se, ainda, tendo em vista o plano geral de outorgas, concebido pelo presente Projeto
(arts. 17 e 78), que a desestatização deverá ser realizada juntamente com a redistribuição territo-
rial das concessões. A aplicação do plano ao Sistema implicará no reagrupamento das atuais 27
empresas estaduais ou locais (as “Teles”) e da EMBRATEL em apenas três a cinco áreas de con-
cessão de âmbito regional e uma de âmbito nacional, conforme exposto no item 5, parte II, desta
Exposição de Motivos.
No mesmo contexto foram também incluídas as subsidiárias destinadas à exploração do serviço
móvel celular, cuja criação foi determinada pelo parágrafo único do art. 4º da Lei n.º 9.295, de 19
de julho de 1996, e que poderão ser alienadas conjuntamente com as empresas prestadoras do
serviço telefônico fixo comutado. Manteve-se o Projeto, contudo, fiel ao espírito da referida Lei, ao
proibir a fusão ou incorporação entre empresa prestadora de serviço telefônico fixo e empresa
prestadora de serviço móvel celular, de modo a preservar a possibilidade de justa competição
entre prestadores do serviço móvel celular, decorrente de sua separação estrutural das operado-
ras do serviço telefônico convencional.
Determina o Projeto, no art. 185, que o processo de reestruturação empresarial e de desestatiza-
ção do Sistema TELEBRÁS deverá compatibilizar as áreas de atuação das empresas resultantes
com o plano geral de outorgas anteriormente mencionado. Para tanto,
o Projeto admite diversas opções, de modo que se possa adotar a mais favorável à época da de-
sestatização, em função da situação específica de cada empresa, da legislação societária vigente
e do desempenho de suas ações no mercado mobiliário. Essas opções são a cisão, fusão, incor-
poração e criação de sociedades, inclusive subsidiárias; a dissolução de sociedade, ou desativa-
ção parcial de seus empreendimentos; ou, ainda, redução de capital social (art. 186).
Uma preocupação especial com a manutenção do acervo tecnológico construído no Centro de
Pesquisa e Desenvolvimento – CPqD – da TELEBRÁS justifica o art. 187 do Projeto, que determi-
na a previsão de mecanismos que assegurem a preservação da capacidade de pesquisa e de-
senvolvimento tecnológico existente na empresa.
O art. 188 cuida de definir o conceito de desestatização, mantendo essencialmente o estabelecido
pela Lei n.º 8.031/90. Tendo em vista, entretanto, as peculiaridades do setor – a União, como visto
no item 2 da parte I desta Exposição de Motivos, detém menos 22% do capital total da TELE-
BRÁS, e apenas pouco mais de 50% de suas ações ordinárias –, o Projeto limita a duas as moda-
lidades operacionais passíveis de utilização: a alienação de ações e a cessão do direito de prefe-
rência à subscrição de ações em aumento de capital.
As peculiaridades do setor de telecomunicações fazem com que a estratégia de desestatização
esteja fortemente vinculada a questões regulatórias. De fato, a reorganização societária das em-
presas do Sistema TELEBRÁS e a redistribuição de suas áreas de concessão deverão ocorrer
concomitantemente com o processo de desestatização, em sintonia com a ambiente regulatório
inovador que se está introduzindo com a nova Lei Geral das Telecomunicações Brasileiras, con-
substanciada no presente Projeto.
Essa é a razão pela qual o Projeto prevê que a coordenação e o acompanhamento de todos os
atos e procedimentos relativos ao processo de desestatização sejam conduzidos por uma Comis-
são Especial de Supervisão instituída no âmbito do Ministério das Comunicações (art. 190).
Essa Comissão teria competências similares às do Conselho Nacional de Desestatização, como,
por exemplo, a de aprovar: a modalidade operacional a ser aplicada a cada desestatização; os
ajustes de natureza societária, operacional, contábil ou jurídica, necessários à desestatização; as
condições aplicáveis a cada desestatização; a criação de ação de classe especial, a ser subscrita
pela União; a fusão, incorporação ou cisão de sociedades e a criação de subsidiária integral, ne-
cessárias à viabilização das desestatizações; e a contratação dos pareceres ou estudos especiali-
zados que forem necessários.
Para execução de procedimentos operacionais inerentes ao processo de desestatização e para
prover suporte administrativo e operacional à Comissão Especial de Supervisão é prevista, medi-
ante contrato, a atuação de instituição financeira integrante da administração federal de notória
experiência no assunto – o BNDES, cujos custos serão cobertos por uma parcela do valor líquido
apurado nas alienações.
Entendeu-se, também, que a condução do processo de desestatização deveria diferenciar-se, em
alguns aspectos, da adotada pelo Programa Nacional de Desestatização para outros setores esta-
tais.
Tendo por base essas considerações, o Projeto prevê, para desestatização das empresas do Sis-
tema TELEBRÁS, supervisionadas pelo Ministério das Comunicações, regime jurídico-legal espe-
cial, com regras próprias, assegurados, evidentemente, os princípios gerais de ordem pública e a
indispensável transparência dos atos de Governo, aos quais estão subordinadas, e modo inesca-
pável, todas as ações alusivas à alienação de bens públicos (art.191).
Por se tratar de questão de alta complexidade técnica, tanto no que diz respeito à avaliação eco-
nômico-financeira das empresas, quanto ao planejamento e execução da venda de suas ações,
que terá âmbito internacional, é previsto que a auditoria e consultoria, nacionais e estrangeiras, de
assessoramento especializado para atuar nas distintas fase do processo.
O correspondente processo licitatório, sem prejuízo da manutenção dos princípios basilares que
instruem o instituto da licitação, é previsto ser realizado sob o rito especial, tendo em vista a singu-
laridade do setor, tanto no que diz respeito à habilitação técnica dos consultores e avaliadores,
como também na sua capacidade de acessar os mercados mobiliários internacionais.
Em atendimento a essas condicionantes e para dar-lhe maior agilidade, concebeu-se, para a
nenhuma das concessões hoje vigentes tem validade até essa data.
O Projeto assegura, também, o direito a uma única prorrogação dessa concessão, pelo prazo de
vinte anos, porém a título oneroso. Os critérios para determinação do valor a ser pago nessa opor-
tunidade serão definidos no contrato de concessão. Por outro lado, o Projeto estabelece que as
prestadoras de serviço de telecomunicações que não solicitarem a celebração do contrato de con-
cessão continuarão sujeitas ao contrato em vigor, caso este exista, vedada, entretanto sua trans-
ferência renovação ou prorrogação; caso não haja contrato, o direito à exploração do serviço se
extinguirá em 31 de dezembro de 1999.
Quanto aos demais serviços atualmente prestados por essas empresas, serão expedidas as res-
pectivas autorizações ou concessões, conforme o caso.
No art. 203, o Projeto estabelece que, no tocante ao serviço móvel celular, as outorgas continua-
rão sendo regidas pelas disposições da Lei n.º 9.295/96, ou seja, não haverá qualquer impacto
sobre o processo em andamento visando a abertura à competição desse segmento de mercado.
Já no art. 205 o Projeto prescreve que as concessões, permissões e autorizações dos serviços de
telecomunicação não serão regidas pela lei geral de licitações (Lei n.º 8.666/93 e suas alterações)
e nem pela lei geral de concessões (Lei n.º 8.987/95, Lei n.º 9.074/95 e alterações). Em função da
especificidade do objeto desses institutos, nos termos do Projeto, submetem-se apenas e tão so-
mente às disposições nele contidas.
Exclui, todavia, do seu âmbito, a outorga dos serviços de radiodifusão sonora e de sons e ima-
gens, que permanecem na competência do Poder Executivo. O órgão regulador fiscalizará os as-
pectos técnicos das respectivas estações, devendo elaborar e manter planos de distribuição de
canais de radiofreqüência para essa finalidade (art. 206).
A modalidade de serviço de TV a cabo continuará sob a regência de sua lei específica (Lei n.º
8.977 de 6 de janeiro de 1995), conforme dispõe o art. 207 do Projeto.
O art. 208 do Projeto define que será livre a qualquer interessado a divulgação, por qualquer meio,
de listas de assinantes do serviço telefônico fixo comutado destinado ao uso do público em geral.
Para tanto, dispõe que os prestadores do serviço serão obrigados, respeitando o direito de priva-
cidade dos usuários, a fornecer a relação de seus assinantes a quem a queira divulgar, em prazos
razoáveis e condições não discriminatórias.
Já o art. 209 regulamenta a transição da situação atual para a nova, decorrente da aprovação da
nova Lei. Assim, os regulamentos, normas e demais regras administrativas atualmente em vigor
serão gradativamente substituídos pelas novas regras editadas em cumprimento à nova Lei; en-
quanto isso não ocorrer, as outorgas continuarão sendo regidas pelos atuais regulamentos, nor-
mas e regras; as outorgas de serviço anteriores à aprovação da Lei, não compreendidas nas dis-
posições do art. 202, continuarão válidas pelos prazos nelas previstas; a renovação ou prorroga-
ção dessas outorgas, quando nelas prevista, ficará condicionada à sua adequação às disposições
da nova Lei, que poderá ocorrer a qualquer tempo, mediante a aquiescência do interessado.
Finalmente, o Projeto, em seu art. 210, revoga especificamente as disposições:
a) da Lei nº 4.117/62, exceto no tocante a radiodifusão e à matéria penal não tratada no Projeto;
b) da Lei nº 6.874, de 3 de dezembro de 1980, que dispõe sobre a edição de listas telefônicas;
c) da Lei nº 8.367, de 30 de dezembro de 1991, que dispõe sobre concessões de serviços telefô-
nicos a empresas objeto do art. 66 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; e
d) de diversos itens da Lei nº 9.295/96, incorporadas ou alteradas por disposições do Projeto, com
exceção, portanto, daquelas de caráter transitório.
Cumpre ressaltar, a propósito, que a revogação das leis e dispositivos expressamente menciona-
dos no art. 210 não causará qualquer vácuo normativo, em razão da ultratividade assegurada pelo
art. 209 do Projeto.
Art. 11. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional, no prazo de até noventa
dias, a partir da publicação desta Lei, mensagem criando o quadro efetivo de pessoal da Agência,
podendo remanejar cargos disponíveis na estrutura do Ministério das Comunicações.
Art. 12. (REVOGADO)
Art. 13.
Art. 14. (REVOGADO)
Art. 15. A fixação das dotações orçamentárias da Agência na Lei de Orçamento Anual e sua
programação orçamentária e financeira de execução não sofrerão limites nos seus valores para
movimentação e empenho.
Art. 16. Fica o Poder Executivo autorizado a realizar as despesas e os investimentos neces-
sários à instalação da Agência, podendo remanejar, transferir ou utilizar saldos orçamentários,
empregando como recursos dotações destinadas a atividades finalísticas e administrativas do
Ministério das Comunicações, inclusive do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações - FIS-
TEL.
Parágrafo único. Serão transferidos à Agência os acervos técnico e patrimonial, bem como
as obrigações e direitos do Ministério das Comunicações, correspondentes às atividades a ela
atribuídas por esta Lei.
Art. 17. A extinção da Agência somente ocorrerá por lei específica.
TÍTULO II
DAS COMPETÊNCIAS
Art. 18. Cabe ao Poder Executivo, observadas as disposições desta Lei, por meio de decreto:
I - instituir ou eliminar a prestação de modalidade de serviço no regime público, concomitan-
temente ou não com sua prestação no regime privado;
II - aprovar o plano geral de outorgas de serviço prestado no regime público;
III - aprovar o plano geral de metas para a progressiva universalização de serviço prestado
no regime público;
IV - autorizar a participação de empresa brasileira em organizações ou consórcios intergo-
vernamentais destinados ao provimento de meios ou à prestação de serviços de telecomunica-
ções.
Parágrafo único. O Poder Executivo, levando em conta os interesses do País no contexto de
suas relações com os demais países, poderá estabelecer limites à participação estrangeira no
capital de prestadora de serviços de telecomunicações.
Art. 19. À Agência compete adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse
público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, atuando com independência,
imparcialidade, legalidade, impessoalidade e publicidade, e especialmente:
I - implementar, em sua esfera de atribuições, a política nacional de telecomunicações;
II - representar o Brasil nos organismos internacionais de telecomunicações, sob a coordena-
ção do Poder Executivo;
III - elaborar e propor ao Presidente da República, por intermédio do Ministro de Estado das
Comunicações, a adoção das medidas a que se referem os incisos I a IV do artigo anterior, sub-
metendo previamente a consulta pública as relativas aos incisos I a III;
IV - expedir normas quanto à outorga, prestação e fruição dos serviços de telecomunicações
no regime público;
V - editar atos de outorga e extinção de direito de exploração do serviço no regime público;
VI - celebrar e gerenciar contratos de concessão e fiscalizar a prestação do serviço no regi-
me público, aplicando sanções e realizando intervenções;
VII - controlar, acompanhar e proceder à revisão de tarifas dos serviços prestados no regime
público, podendo fixá-las nas condições previstas nesta Lei, bem como homologar reajustes;
VIII - administrar o espectro de radiofreqüências e o uso de órbitas, expedindo as respectivas
normas;
IX - editar atos de outorga e extinção do direito de uso de radiofreqüência e de órbita, fiscali-
zando e aplicando sanções;
X - expedir normas sobre prestação de serviços de telecomunicações no regime privado;
XI - expedir e extinguir autorização para prestação de serviço no regime privado, fiscalizando
e aplicando sanções;
XII - expedir normas e padrões a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços de teleco-
municações quanto aos equipamentos que utilizarem;
XIII - expedir ou reconhecer a certificação de produtos, observados os padrões e normas por
ela estabelecidos;
XIV - expedir normas e padrões que assegurem a compatibilidade, a operação integrada e a
interconexão entre as redes, abrangendo inclusive os equipamentos terminais;
XV - realizar busca e apreensão de bens no âmbito de sua competência;
XVI - deliberar na esfera administrativa quanto à interpretação da legislação de telecomuni-
cações e sobre os casos omissos;
XVII - compor administrativamente conflitos de interesses entre prestadoras de serviço de
telecomunicações;
XVIII - reprimir infrações dos direitos dos usuários;
XIX - exercer, relativamente às telecomunicações, as competências legais em matéria de
controle, prevenção e repressão das infrações da ordem econômica, ressalvadas as pertencentes
ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE;
XX - propor ao Presidente da República, por intermédio do Ministério das Comunicações, a
declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administra-
tiva, dos bens necessários à implantação ou manutenção de serviço no regime público;
XXI - arrecadar e aplicar suas receitas;
XXII - resolver quanto à celebração, alteração ou extinção de seus contratos, bem como
quanto à nomeação, exoneração e demissão de servidores, realizando os procedimentos neces-
sários, na forma em que dispuser o regulamento;
XXIII - contratar pessoal por prazo determinado, de acordo com o disposto na Lei nº 8.745,
de 9 de dezembro de 1993;
XXIV - adquirir, administrar e alienar seus bens;
XXV - decidir em último grau sobre as matérias de sua alçada, sempre admitido recurso ao
Conselho Diretor;
XXVI - formular ao Ministério das Comunicações proposta de orçamento;
XXVII - aprovar o seu regimento interno;
XXVIII - elaborar relatório anual de suas atividades, nele destacando o cumprimento da polí-
tica do setor definida nos termos do artigo anterior;
XXIX - enviar o relatório anual de suas atividades ao Ministério das Comunicações e, por
intermédio da Presidência da República, ao Congresso Nacional;
XXX - rever, periodicamente, os planos enumerados nos incisos II e III do artigo anterior,
submetendo-os, por intermédio do Ministro de Estado das Comunicações, ao Presidente da Re-
pública, para aprovação;
Parágrafo único. Em caso de vaga no curso do mandato, este será completado por sucessor
investido na forma prevista no artigo anterior, que o exercerá pelo prazo remanescente.
Art. 25. Os mandatos dos primeiros membros do Conselho Diretor serão de três, quatro, cin-
co, seis e sete anos, a serem estabelecidos no decreto de nomeação.
Art. 26. (REVOGADO)
Art. 27. O regulamento disciplinará a substituição dos conselheiros em seus impedimentos,
bem como durante a vacância.
Art. 28. (REVOGADO)
Art. 29. Caberá também aos conselheiros a direção dos órgãos administrativos da Agência.
Art. 30. Até um ano após deixar o cargo, é vedado ao ex-conselheiro representar qualquer
pessoa ou interesse perante a Agência.
Parágrafo único. É vedado, ainda, ao ex-conselheiro utilizar informações privilegiadas obtidas
em decorrência do cargo exercido, sob pena de incorrer em improbidade administrativa.
Art. 31. (REVOGADO)
Art. 32. Cabe ao Presidente a representação da Agência, o comando hierárquico sobre o
pessoal e o serviço, exercendo todas as competências administrativas correspondentes, bem co-
mo a presidência das sessões do Conselho Diretor.
Parágrafo único. A representação judicial da Agência, com prerrogativas processuais de Fa-
zenda Pública, será exercida pela Procuradoria.
Capítulo II
Do Conselho Consultivo
Art. 33. O Conselho Consultivo é o órgão de participação institucionalizada da sociedade na
Agência.
Art. 34. O Conselho será integrado por representantes indicados pelo Senado Federal, pela
Câmara dos Deputados, pelo Poder Executivo, pelas entidades de classe das prestadoras de ser-
viços de telecomunicações, por entidades representativas dos usuários e por entidades represen-
tativas da sociedade, nos termos do regulamento.
Parágrafo único. O Presidente do Conselho Consultivo será eleito pelos seus membros e terá
mandato de um ano.
Art. 35. Cabe ao Conselho Consultivo:
I - opinar, antes de seu encaminhamento ao Ministério das Comunicações, sobre o plano
geral de outorgas, o plano geral de metas para universalização de serviços prestados no regime
público e demais políticas governamentais de telecomunicações;
II - aconselhar quanto à instituição ou eliminação da prestação de serviço no regime público;
III - apreciar os relatórios anuais do Conselho Diretor;
IV - requerer informação e fazer proposição a respeito das ações referidas no art. 22.
Art. 36. Os membros do Conselho Consultivo, que não serão remunerados, terão mandato de
três anos, vedada a recondução.
§ 1° Os mandatos dos primeiros membros do Conselho serão de um, dois e três anos, na
proporção de um terço para cada período.
§ 2° O Conselho será renovado anualmente em um terço.
Art. 37. O regulamento disporá sobre o funcionamento do Conselho Consultivo.
TÍTULO IV
DA ATIVIDADE E DO CONTROLE
Art. 38. A atividade da Agência será juridicamente condicionada pelos princípios da legalida-
de, celeridade, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade, impessoalidade, igualdade, devido
processo legal, publicidade e moralidade.
Art. 39. Ressalvados os documentos e os autos cuja divulgação possa violar a segurança do
País, segredo protegido ou a intimidade de alguém, todos os demais permanecerão abertos à
consulta do público, sem formalidades, na Biblioteca.
Parágrafo único. A Agência deverá garantir o tratamento confidencial das informações técni-
cas, operacionais, econômico-financeiras e contábeis que solicitar às empresas prestadoras dos
serviços de telecomunicações, nos termos do regulamento.
Art. 40. Os atos da Agência deverão ser sempre acompanhados da exposição formal dos
motivos que os justifiquem.
Art. 41. Os atos normativos somente produzirão efeito após publicação no Diário Oficial da
União, e aqueles de alcance particular, após a correspondente notificação.
Art. 42. As minutas de atos normativos serão submetidas à consulta pública, formalizada por
publicação no Diário Oficial da União, devendo as críticas e sugestões merecer exame e perma-
necer à disposição do público na Biblioteca.
Art. 43. Na invalidação de atos e contratos, será garantida previamente a manifestação dos
interessados.
Art. 44. Qualquer pessoa terá o direito de peticionar ou de recorrer contra ato da Agência no
prazo máximo de trinta dias, devendo a decisão da Agência ser conhecida em até noventa dias.
Art. 45. O Ouvidor será nomeado pelo Presidente da República para mandato de dois anos,
admitida uma recondução.
Parágrafo único. O Ouvidor terá acesso a todos os assuntos e contará com o apoio adminis-
trativo de que necessitar, competindo-lhe produzir, semestralmente ou quando oportuno, aprecia-
ções críticas sobre a atuação da Agência, encaminhando-as ao Conselho Diretor, ao Conselho
Consultivo, ao Ministério das Comunicações, a outros órgãos do Poder Executivo e ao Congresso
Nacional, fazendo publicá-las para conhecimento geral.
Art. 46. A Corregedoria acompanhará permanentemente o desempenho dos servidores da
Agência, avaliando sua eficiência e o cumprimento dos deveres funcionais e realizando os pro-
cessos disciplinares.
TÍTULO V
DAS RECEITAS
Art. 47. O produto da arrecadação das taxas de fiscalização de instalação e de funcionamen-
to a que se refere a Lei nº 5.070, de 7 de julho de 1966, será destinado ao Fundo de Fiscalização
das Telecomunicações - FISTEL, por ela criado.
Art. 48. A concessão, permissão ou autorização para a exploração de serviços de telecomu-
nicações e de uso de radiofreqüência, para qualquer serviço, será sempre feita a título oneroso,
ficando autorizada a cobrança do respectivo preço nas condições estabelecidas nesta Lei e na
regulamentação, constituindo o produto da arrecadação receita do Fundo de Fiscalização das
Telecomunicações - FISTEL.
§ 1º Conforme dispuser a Agência, o pagamento devido pela concessionária, permissionária
ou autorizada poderá ser feito na forma de quantia certa, em uma ou várias parcelas, ou de parce-
las anuais, sendo seu valor, alternativamente:
I - determinado pela regulamentação;
II - determinado no edital de licitação;
III - fixado em função da proposta vencedora, quando constituir fator de julgamento;
l) rendas eventuais."
"Art. 3° Além das transferências para o Tesouro Nacional e para o fundo de universalização das
telecomunicações, os recursos do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações - FISTEL serão
aplicados pela Agência Nacional de Telecomunicações exclusivamente:
...................................................................................
d) no atendimento de outras despesas correntes e de capital por ela realizadas no exercício de
sua competência."
"Art. 6° As taxas de fiscalização a que se refere a alínea f do art. 2° são a de instalação e a de
funcionamento.
§ 1° Taxa de Fiscalização de Instalação é a devida pelas concessionárias, permissionárias e auto-
rizadas de serviços de telecomunicações e de uso de radiofreqüência, no momento da emissão do
certificado de licença para o funcionamento das estações.
§ 2° Taxa de Fiscalização de Funcionamento é a devida pelas concessionárias, permissionárias e
autorizadas de serviços de telecomunicações e de uso de radiofreqüência, anualmente, pela fisca-
lização do funcionamento das estações."
"Art. 8° A Taxa de Fiscalização de Funcionamento será paga, anualmente, até o dia 31 de março,
e seus valores serão os correspondentes a cinqüenta por cento dos fixados para a Taxa de Fisca-
lização de Instalação.
.......................................................................................
§ 2° O não-pagamento da Taxa de Fiscalização de Funcionamento no prazo de sessenta dias
após a notificação da Agência determinará a caducidade da concessão, permissão ou autoriza-
ção, sem que caiba ao interessado o direito a qualquer indenização.
....................................................................................."
"Art. 13. São isentos do pagamento das taxas do FISTEL a Agência Nacional de Telecomunica-
ções, as Forças Armadas, a Polícia Federal, as Polícias Militares, a Polícia Rodoviária Federal, as
Polícias Civis e os Corpos de Bombeiros Militares."
Art. 52. Os valores das taxas de fiscalização de instalação e de funcionamento, constantes
do Anexo I da Lei n° 5.070, de 7 de julho de 1966, passam a ser os da Tabela do Anexo III desta
Lei.
Parágrafo único. A nomenclatura dos serviços relacionados na Tabela vigorará até que nova
regulamentação seja editada, com base nesta Lei.
Art. 53. Os valores de que tratam as alíneas i e j do art. 2° da Lei n° 5.070, de 7 de julho de
1966, com a redação dada por esta Lei, serão estabelecidos pela Agência.
TÍTULO VI
DAS CONTRATAÇÕES
Art. 54. A contratação de obras e serviços de engenharia civil está sujeita ao procedimento
das licitações previsto em lei geral para a Administração Pública.
Parágrafo único. Para os casos não previstos no caput, a Agência poderá utilizar procedi-
mentos próprios de contratação, nas modalidades de consulta e pregão.
Art. 55. A consulta e o pregão serão disciplinados pela Agência, observadas as disposições
desta Lei e, especialmente:
I - a finalidade do procedimento licitatório é, por meio de disputa justa entre interessados,
obter um contrato econômico, satisfatório e seguro para a Agência;
II - o instrumento convocatório identificará o objeto do certame, circunscreverá o universo de
proponentes, estabelecerá critérios para aceitação e julgamento de propostas, regulará o proce-
dimento, indicará as sanções aplicáveis e fixará as cláusulas do contrato;
III - o objeto será determinado de forma precisa, suficiente e clara, sem especificações que,
por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição;
IV - a qualificação, exigida indistintamente dos proponentes, deverá ser compatível e propor-
cional ao objeto, visando à garantia do cumprimento das futuras obrigações;
V - como condição de aceitação da proposta, o interessado declarará estar em situação regu-
lar perante as Fazendas Públicas e a Seguridade Social, fornecendo seus códigos de inscrição,
exigida a comprovação como condição indispensável à assinatura do contrato;
VI - o julgamento observará os princípios de vinculação ao instrumento convocatório, compa-
ração objetiva e justo preço, sendo o empate resolvido por sorteio;
VII - as regras procedimentais assegurarão adequada divulgação do instrumento convocató-
rio, prazos razoáveis para o preparo de propostas, os direitos ao contraditório e ao recurso, bem
como a transparência e fiscalização;
VIII - a habilitação e o julgamento das propostas poderão ser decididos em uma única fase,
podendo a habilitação, no caso de pregão, ser verificada apenas em relação ao licitante vencedor;
IX - quando o vencedor não celebrar o contrato, serão chamados os demais participantes na
ordem de classificação;
X - somente serão aceitos certificados de registro cadastral expedidos pela Agência, que
terão validade por dois anos, devendo o cadastro estar sempre aberto à inscrição dos interessa-
dos.
Art. 56. A disputa pelo fornecimento de bens e serviços comuns poderá ser feita em licitação
na modalidade de pregão, restrita aos previamente cadastrados, que serão chamados a formular
lances em sessão pública.
Parágrafo único. Encerrada a etapa competitiva, a Comissão examinará a melhor oferta
quanto ao objeto, forma e valor.
Art. 57. Nas seguintes hipóteses, o pregão será aberto a quaisquer interessados, indepen-
dentemente de cadastramento, verificando-se a um só tempo, após a etapa competitiva, a qualifi-
cação subjetiva e a aceitabilidade da proposta:
I - para a contratação de bens e serviços comuns de alto valor, na forma do regulamento;
II - quando o número de cadastrados na classe for inferior a cinco;
III - para o registro de preços, que terá validade por até dois anos;
IV - quando o Conselho Diretor assim o decidir.
Art. 58. A licitação na modalidade de consulta tem por objeto o fornecimento de bens e servi-
ços não compreendidos nos arts. 56 e 57.
Parágrafo único. A decisão ponderará o custo e o benefício de cada proposta, considerando
a qualificação do proponente.
Art. 59. A Agência poderá utilizar, mediante contrato, técnicos ou empresas especializadas,
inclusive consultores independentes e auditores externos, para executar atividades de sua compe-
tência, vedada a contratação para as atividades de fiscalização, salvo para as correspondentes
atividades de apoio.
LIVRO III
DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Capítulo I
Das Definições
Art. 60. Serviço de telecomunicações é o conjunto de atividades que possibilita a oferta de
telecomunicação.
§ 1° Telecomunicação é a transmissão, emissão ou recepção, por fio, radioeletricidade, mei-
os ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos,
imagens, sons ou informações de qualquer natureza.
§ 2° Estação de telecomunicações é o conjunto de equipamentos ou aparelhos, dispositivos
e demais meios necessários à realização de telecomunicação, seus acessórios e periféricos, e,
quando for o caso, as instalações que os abrigam e complementam, inclusive terminais portáteis.
Art. 61. Serviço de valor adicionado é a atividade que acrescenta, a um serviço de telecomu-
nicações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde, novas utilidades relacionadas ao a-
cesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de informações.
§ 1º Serviço de valor adicionado não constitui serviço de telecomunicações, classificando-se
seu provedor como usuário do serviço de telecomunicações que lhe dá suporte, com os direitos e
deveres inerentes a essa condição.
§ 2° É assegurado aos interessados o uso das redes de serviços de telecomunicações para
prestação de serviços de valor adicionado, cabendo à Agência, para assegurar esse direito, regu-
lar os condicionamentos, assim como o relacionamento entre aqueles e as prestadoras de serviço
de telecomunicações.
Capítulo II
Da Classificação
Art. 62. Quanto à abrangência dos interesses a que atendem, os serviços de telecomunica-
ções classificam-se em serviços de interesse coletivo e serviços de interesse restrito.
Parágrafo único. Os serviços de interesse restrito estarão sujeitos aos condicionamentos
necessários para que sua exploração não prejudique o interesse coletivo.
Art. 63. Quanto ao regime jurídico de sua prestação, os serviços de telecomunicações classi-
ficam-se em públicos e privados.
Parágrafo único. Serviço de telecomunicações em regime público é o prestado mediante
concessão ou permissão, com atribuição a sua prestadora de obrigações de universalização e de
continuidade.
Art. 64. Comportarão prestação no regime público as modalidades de serviço de telecomuni-
cações de interesse coletivo, cuja existência, universalização e continuidade a própria União com-
prometa-se a assegurar.
Parágrafo único. Incluem-se neste caso as diversas modalidades do serviço telefônico fixo
comutado, de qualquer âmbito, destinado ao uso do público em geral.
Art. 65. Cada modalidade de serviço será destinada à prestação:
I - exclusivamente no regime público;
II - exclusivamente no regime privado; ou
III - concomitantemente nos regimes público e privado.
§ 1° Não serão deixadas à exploração apenas em regime privado as modalidades de serviço
de interesse coletivo que, sendo essenciais, estejam sujeitas a deveres de universalização.
Art. 98. O contrato de concessão poderá ser transferido após a aprovação da Agência desde
que, cumulativamente:
I - o serviço esteja em operação, há pelo menos três anos, com o cumprimento regular das
obrigações;
II - o cessionário preencha todos os requisitos da outorga, inclusive quanto às garantias, à
regularidade jurídica e fiscal e à qualificação técnica e econômico-financeira;
III - a medida não prejudique a competição e não coloque em risco a execução do contrato,
observado o disposto no art. 7° desta Lei.
Art. 99. O prazo máximo da concessão será de vinte anos, podendo ser prorrogado, uma
única vez, por igual período, desde que a concessionária tenha cumprido as condições da con-
cessão e manifeste expresso interesse na prorrogação, pelo menos, trinta meses antes de sua
expiração.
§ 1° A prorrogação do prazo da concessão implicará pagamento, pela concessionária, pelo
direito de exploração do serviço e pelo direito de uso das radiofreqüências associadas, e poderá,
a critério da Agência, incluir novos condicionamentos, tendo em vista as condições vigentes à é-
poca.
§ 2° A desistência do pedido de prorrogação sem justa causa, após seu deferimento, sujeita-
rá a concessionária à pena de multa.
§ 3° Em caso de comprovada necessidade de reorganização do objeto ou da área da con-
cessão para ajustamento ao plano geral de outorgas ou à regulamentação vigente, poderá a A-
gência indeferir o pedido de prorrogação.
Seção III
Dos bens
Art. 100. Poderá ser declarada a utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição
de servidão, de bens imóveis ou móveis, necessários à execução do serviço, cabendo à conces-
sionária a implementação da medida e o pagamento da indenização e das demais despesas en-
volvidas.
Art. 101. A alienação, oneração ou substituição de bens reversíveis dependerá de prévia a-
provação da Agência.
Art. 102. A extinção da concessão transmitirá automaticamente à União a posse dos bens
reversíveis.
Parágrafo único. A reversão dos bens, antes de expirado o prazo contratual, importará pa-
gamento de indenização pelas parcelas de investimentos a eles vinculados, ainda não amortiza-
dos ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atua-
lidade do serviço concedido.
Seção IV
Das tarifas
Art. 103. Compete à Agência estabelecer a estrutura tarifária para cada modalidade de servi-
ço.
§ 1° A fixação, o reajuste e a revisão das tarifas poderão basear-se em valor que correspon-
da à média ponderada dos valores dos itens tarifários.
§ 2° São vedados os subsídios entre modalidades de serviços e segmentos de usuários, res-
salvado o disposto no parágrafo único do art. 81 desta Lei.
§ 3° As tarifas serão fixadas no contrato de concessão, consoante edital ou proposta apre-
sentada na licitação.
§ 4° Em caso de outorga sem licitação, as tarifas serão fixadas pela Agência e constarão do
contrato de concessão.
Art. 104. Transcorridos ao menos três anos da celebração do contrato, a Agência poderá, se
existir ampla e efetiva competição entre as prestadoras do serviço, submeter a concessionária ao
regime de liberdade tarifária.
§ 1° No regime a que se refere o caput, a concessionária poderá determinar suas próprias
tarifas, devendo comunicá-las à Agência com antecedência de sete dias de sua vigência.
§ 2° Ocorrendo aumento arbitrário dos lucros ou práticas prejudiciais à competição, a Agên-
cia restabelecerá o regime tarifário anterior, sem prejuízo das sanções cabíveis.
Art. 105. Quando da implantação de novas prestações, utilidades ou comodidades relativas
ao objeto da concessão, suas tarifas serão previamente levadas à Agência, para aprovação, com
os estudos correspondentes.
Parágrafo único. Considerados os interesses dos usuários, a Agência poderá decidir por fixar
as tarifas ou por submetê-las ao regime de liberdade tarifária, sendo vedada qualquer cobrança
antes da referida aprovação.
Art. 106. A concessionária poderá cobrar tarifa inferior à fixada desde que a redução se ba-
seie em critério objetivo e favoreça indistintamente todos os usuários, vedado o abuso do poder
econômico.
Art. 107. Os descontos de tarifa somente serão admitidos quando extensíveis a todos os u-
suários que se enquadrem nas condições, precisas e isonômicas, para sua fruição.
Art. 108. Os mecanismos para reajuste e revisão das tarifas serão previstos nos contratos de
concessão, observando-se, no que couber, a legislação específica.
§ 1° A redução ou o desconto de tarifas não ensejará revisão tarifária.
§ 2° Serão compartilhados com os usuários, nos termos regulados pela Agência, os ganhos
econômicos decorrentes da modernização, expansão ou racionalização dos serviços, bem como
de novas receitas alternativas.
§ 3° Serão transferidos integralmente aos usuários os ganhos econômicos que não decorram
diretamente da eficiência empresarial, em casos como os de diminuição de tributos ou encargos
legais e de novas regras sobre os serviços.
§ 4º A oneração causada por novas regras sobre os serviços, pela álea econômica extraordi-
nária, bem como pelo aumento dos encargos legais ou tributos, salvo o imposto sobre a renda,
implicará a revisão do contrato.
Art. 109. A Agência estabelecerá:
I - os mecanismos para acompanhamento das tarifas praticadas pela concessionária, inclusi-
ve a antecedência a ser observada na comunicação de suas alterações;
II - os casos de serviço gratuito, como os de emergência;
III - os mecanismos para garantir a publicidade das tarifas.
Seção V
Da intervenção
Art. 110. Poderá ser decretada intervenção na concessionária, por ato da Agência, em caso
de:
I - paralisação injustificada dos serviços;
II - inadequação ou insuficiência dos serviços prestados, não resolvidas em prazo razoável;
III - desequilíbrio econômico-financeiro decorrente de má administração que coloque em risco
a continuidade dos serviços;
IV - prática de infrações graves;
V - inobservância de atendimento das metas de universalização;
VI - recusa injustificada de interconexão;
II - manter contratos firmados pela concessionária com terceiros, com fundamento nos inci-
sos I e II do art. 94 desta Lei, pelo prazo e nas condições inicialmente ajustadas.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, os terceiros que não cumprirem com
as obrigações assumidas responderão pelo inadimplemento.
Capítulo III
Da Permissão
Art. 118. Será outorgada permissão, pela Agência, para prestação de serviço de telecomuni-
cações em face de situação excepcional comprometedora do funcionamento do serviço que, em
virtude de suas peculiaridades, não possa ser atendida, de forma conveniente ou em prazo ade-
quado, mediante intervenção na empresa concessionária ou mediante outorga de nova conces-
são.
Parágrafo único. Permissão de serviço de telecomunicações é o ato administrativo pelo qual
se atribui a alguém o dever de prestar serviço de telecomunicações no regime público e em cará-
ter transitório, até que seja normalizada a situação excepcional que a tenha ensejado.
Art. 119. A permissão será precedida de procedimento licitatório simplificado, instaurado pela
Agência, nos termos por ela regulados, ressalvados os casos de inexigibilidade previstos no art.
91, observado o disposto no art. 92, desta Lei.
Art. 120. A permissão será formalizada mediante assinatura de termo, que indicará:
I - o objeto e a área da permissão, bem como os prazos mínimo e máximo de vigência esti-
mados;
II - modo, forma e condições da prestação do serviço;
III - as tarifas a serem cobradas dos usuários, critérios para seu reajuste e revisão e as pos-
síveis fontes de receitas alternativas;
IV - os direitos, as garantias e as obrigações dos usuários, do permitente e do permissioná-
rio;
V - as condições gerais de interconexão;
VI - a forma da prestação de contas e da fiscalização;
VII - os bens entregues pelo permitente à administração do permissionário;
VIII - as sanções;
IX - os bens reversíveis, se houver;
X - o foro e o modo para solução extrajudicial das divergências.
Parágrafo único. O termo de permissão será publicado resumidamente no Diário Oficial da
União, como condição de sua eficácia.
Art. 121. Outorgada permissão em decorrência de procedimento licitatório, a recusa injustifi-
cada pelo outorgado em assinar o respectivo termo sujeitá-lo-á às sanções previstas no instru-
mento convocatório.
Art. 122. A permissão extinguir-se-á pelo decurso do prazo máximo de vigência estimado,
observado o disposto no art. 124 desta Lei, bem como por revogação, caducidade e anulação.
Art. 123. A revogação deverá basear-se em razões de conveniência e oportunidade relevan-
tes e supervenientes à permissão.
§ 1° A revogação, que poderá ser feita a qualquer momento, não dará direito a indenização.
§ 2° O ato revocatório fixará o prazo para o permissionário devolver o serviço, que não será
inferior a sessenta dias.
Art. 124. A permissão poderá ser mantida, mesmo vencido seu prazo máximo, se persistir a
situação excepcional que a motivou.
Art. 125. A Agência disporá sobre o regime da permissão, observados os princípios e objeti-
vos desta Lei.
TÍTULO III
DOS SERVIÇOS PRESTADOS EM REGIME PRIVADO
Capítulo I
Do Regime Geral da Exploração
Art. 126. A exploração de serviço de telecomunicações no regime privado será baseada nos
princípios constitucionais da atividade econômica.
Art. 127. A disciplina da exploração dos serviços no regime privado terá por objetivo viabilizar
o cumprimento das leis, em especial das relativas às telecomunicações, à ordem econômica e aos
direitos dos consumidores, destinando-se a garantir:
I - a diversidade de serviços, o incremento de sua oferta e sua qualidade;
II - a competição livre, ampla e justa;
III - o respeito aos direitos dos usuários;
IV - a convivência entre as modalidades de serviço e entre prestadoras em regime privado e
público, observada a prevalência do interesse público;
V - o equilíbrio das relações entre prestadoras e usuários dos serviços;
VI - a isonomia de tratamento às prestadoras;
VII - o uso eficiente do espectro de radiofreqüências;
VIII - o cumprimento da função social do serviço de interesse coletivo, bem como dos encar-
gos dela decorrentes;
IX - o desenvolvimento tecnológico e industrial do setor;
X - a permanente fiscalização.
Art. 128. Ao impor condicionamentos administrativos ao direito de exploração das diversas
modalidades de serviço no regime privado, sejam eles limites, encargos ou sujeições, a Agência
observará a exigência de mínima intervenção na vida privada, assegurando que:
I - a liberdade será a regra, constituindo exceção as proibições, restrições e interferências do
Poder Público;
II - nenhuma autorização será negada, salvo por motivo relevante;
III - os condicionamentos deverão ter vínculos, tanto de necessidade como de adequação,
com finalidades públicas específicas e relevantes;
IV - o proveito coletivo gerado pelo condicionamento deverá ser proporcional à privação que
ele impuser;
V - haverá relação de equilíbrio entre os deveres impostos às prestadoras e os direitos a elas
reconhecidos.
Art. 129. O preço dos serviços será livre, ressalvado o disposto no § 2° do art. 136 desta Lei,
reprimindo-se toda prática prejudicial à competição, bem como o abuso do poder econômico, nos
termos da legislação própria.
Art. 130. A prestadora de serviço em regime privado não terá direito adquirido à permanência
das condições vigentes quando da expedição da autorização ou do início das atividades, devendo
observar os novos condicionamentos impostos por lei e pela regulamentação.
Parágrafo único. As normas concederão prazos suficientes para adaptação aos novos condi-
cionamentos .
Capítulo II
Da extinção
Art. 138. A autorização de serviço de telecomunicações não terá sua vigência sujeita a termo
final, extinguindo-se somente por cassação, caducidade, decaimento, renúncia ou anulação.
Art. 139. Quando houver perda das condições indispensáveis à expedição ou manutenção da
autorização, a Agência poderá extingui-la mediante ato de cassação.
Parágrafo único. Importará em cassação da autorização do serviço a extinção da autorização
de uso da radiofreqüência respectiva.
Art. 140. Em caso de prática de infrações graves, de transferência irregular da autorização ou
de descumprimento reiterado de compromissos assumidos, a Agência poderá extinguir a autoriza-
ção decretando-lhe a caducidade.
Art. 141. O decaimento será decretado pela Agência, por ato administrativo, se, em face de
razões de excepcional relevância pública, as normas vierem a vedar o tipo de atividade objeto da
autorização ou a suprimir a exploração no regime privado.
§ 1° A edição das normas de que trata o caput não justificará o decaimento senão quando a
preservação das autorizações já expedidas for efetivamente incompatível com o interesse público.
§ 2° Decretado o decaimento, a prestadora terá o direito de manter suas próprias atividades
regulares por prazo mínimo de cinco anos, salvo desapropriação.
Art. 142. Renúncia é o ato formal unilateral, irrevogável e irretratável, pelo qual a prestadora
manifesta seu desinteresse pela autorização.
Parágrafo único. A renúncia não será causa para punição do autorizado, nem o desonerará
de suas obrigações com terceiros.
Art. 143. A anulação da autorização será decretada, judicial ou administrativamente, em caso
de irregularidade insanável do ato que a expediu.
Art. 144. A extinção da autorização mediante ato administrativo dependerá de procedimento
prévio, garantidos o contraditório e a ampla defesa do interessado.
TÍTULO IV
DAS REDES DE TELECOMUNICAÇÕES
Art. 145. A implantação e o funcionamento de redes de telecomunicações destinadas a dar
suporte à prestação de serviços de interesse coletivo, no regime público ou privado, observarão o
disposto neste Título.
Parágrafo único. As redes de telecomunicações destinadas à prestação de serviço em regi-
me privado poderão ser dispensadas do disposto no caput, no todo ou em parte, na forma da re-
gulamentação expedida pela Agência.
Art. 146. As redes serão organizadas como vias integradas de livre circulação, nos termos
seguintes:
I - é obrigatória a interconexão entre as redes, na forma da regulamentação;
II - deverá ser assegurada a operação integrada das redes, em âmbito nacional e internacio-
nal;
III - o direito de propriedade sobre as redes é condicionado pelo dever de cumprimento de
sua função social.
Parágrafo único. Interconexão é a ligação entre redes de telecomunicações funcionalmente
compatíveis, de modo que os usuários de serviços de uma das redes possam comunicar-se com
usuários de serviços de outra ou acessar serviços nela disponíveis.
Art. 147. É obrigatória a interconexão às redes de telecomunicações a que se refere o art.
145 desta Lei, solicitada por prestadora de serviço no regime privado, nos termos da regulamen-
tação.
Art. 148. É livre a interconexão entre redes de suporte à prestação de serviços de telecomu-
nicações no regime privado, observada a regulamentação.
Art. 149. A regulamentação estabelecerá as hipóteses e condições de interconexão a redes
internacionais.
Art. 150. A implantação, o funcionamento e a interconexão das redes obedecerão à regula-
mentação editada pela Agência, assegurando a compatibilidade das redes das diferentes presta-
doras, visando à sua harmonização em âmbito nacional e internacional.
Art. 151. A Agência disporá sobre os planos de numeração dos serviços, assegurando sua
administração de forma não discriminatória e em estímulo à competição, garantindo o atendimento
aos compromissos internacionais.
Parágrafo único. A Agência disporá sobre as circunstâncias e as condições em que a presta-
dora de serviço de telecomunicações cujo usuário transferir-se para outra prestadora será obriga-
da a, sem ônus, interceptar as ligações dirigidas ao antigo código de acesso do usuário e informar
o seu novo código.
Art. 152. O provimento da interconexão será realizado em termos não discriminatórios, sob
condições técnicas adequadas, garantindo preços isonômicos e justos, atendendo ao estritamente
necessário à prestação do serviço.
Art. 153. As condições para a interconexão de redes serão objeto de livre negociação entre
os interessados, mediante acordo, observado o disposto nesta Lei e nos termos da regulamenta-
ção.
§ 1° O acordo será formalizado por contrato, cuja eficácia dependerá de homologação pela
Agência, arquivando-se uma de suas vias na Biblioteca para consulta por qualquer interessado.
§ 2° Não havendo acordo entre os interessados, a Agência, por provocação de um deles,
arbitrará as condições para a interconexão.
Art. 154. As redes de telecomunicações poderão ser, secundariamente, utilizadas como su-
porte de serviço a ser prestado por outrem, de interesse coletivo ou restrito.
Art. 155. Para desenvolver a competição, as empresas prestadoras de serviços de telecomu-
nicações de interesse coletivo deverão, nos casos e condições fixados pela Agência, disponibilizar
suas redes a outras prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo.
Art. 156. Poderá ser vedada a conexão de equipamentos terminais sem certificação, expedi-
da ou aceita pela Agência, no caso das redes referidas no art. 145 desta Lei.
§ 1° Terminal de telecomunicações é o equipamento ou aparelho que possibilita o acesso do
usuário a serviço de telecomunicações, podendo incorporar estágio de transdução, estar incorpo-
rado a equipamento destinado a exercer outras funções ou, ainda, incorporar funções secundá-
rias.
§ 2° Certificação é o reconhecimento da compatibilidade das especificações de determinado
produto com as características técnicas do serviço a que se destina.
TÍTULO V
DO ESPECTRO E DA ÓRBITA
Capítulo I
Do Espectro de Radiofreqüências
Art. 157. O espectro de radiofreqüências é um recurso limitado, constituindo-se em bem pú-
blico, administrado pela Agência.
Art. 158. Observadas as atribuições de faixas segundo tratados e acordos internacionais, a
Agência manterá plano com a atribuição, distribuição e destinação de radiofreqüências, e deta-
lhamento necessário ao uso das radiofreqüências associadas aos diversos serviços e atividades
de telecomunicações, atendidas suas necessidades específicas e as de suas expansões.
§ 1° O plano destinará faixas de radiofreqüência para:
Art. 182. A declaração de inidoneidade será aplicada a quem tenha praticado atos ilícitos
visando frustrar os objetivos de licitação.
Parágrafo único. O prazo de vigência da declaração de inidoneidade não será superior a cin-
co anos.
Capítulo II
Das Sanções Penais
Art. 183. Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação:
Pena - detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e
multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, direta ou indiretamente, concorrer para o
crime.
Art. 184. São efeitos da condenação penal transitada em julgado:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II - a perda, em favor da Agência, ressalvado o direito do lesado ou de terceiros de boa-fé,
dos bens empregados na atividade clandestina, sem prejuízo de sua apreensão cautelar.
Parágrafo único. Considera-se clandestina a atividade desenvolvida sem a competente con-
cessão, permissão ou autorização de serviço, de uso de radiofreqüência e de exploração de saté-
lite.
Art. 185. O crime definido nesta Lei é de ação penal pública, incondicionada, cabendo ao
Ministério Público promovê-la.
LIVRO IV
DA REESTRUTURAÇÃO E DA DESESTATIZAÇÃO
DAS EMPRESAS FEDERAIS DE TELECOMUNICAÇÕES
Art. 186. A reestruturação e a desestatização das empresas federais de telecomunicações
têm como objetivo conduzir ao cumprimento dos deveres constantes do art. 2º desta Lei.
Art. 187. Fica o Poder Executivo autorizado a promover a reestruturação e a desestatização
das seguintes empresas controladas, direta ou indiretamente, pela União, e supervisionadas pelo
Ministério das Comunicações:
I - Telecomunicações Brasileiras S.A. - TELEBRÁS;
II - Empresa Brasileira de Telecomunicações - EMBRATEL;
III - Telecomunicações do Maranhão S.A. - TELMA;
IV - Telecomunicações do Piauí S.A. - TELEPISA;
V - Telecomunicações do Ceará - TELECEARÁ;
VI - Telecomunicações do Rio Grande do Norte S.A. - TELERN;
VII - Telecomunicações da Paraíba S.A. - TELPA;
VIII - Telecomunicações de Pernambuco S.A. - TELPE;
IX - Telecomunicações de Alagoas S.A. - TELASA;
X - Telecomunicações de Sergipe S.A. - TELERGIPE;
XI - Telecomunicações da Bahia S.A. - TELEBAHIA;
XII - Telecomunicações de Mato Grosso do Sul S.A. - TELEMS;
XIII - Telecomunicações de Mato Grosso S.A. - TELEMAT;
XIV - Telecomunicações de Goiás S.A. - TELEGOIÁS;
Art. 192. Na desestatização das empresas a que se refere o art. 187, parte das ações poderá
ser reservada a seus empregados e ex-empregados aposentados, a preços e condições privilegi-
ados, inclusive com a utilização do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS.
Art. 193. A desestatização de empresas ou grupo de empresas citadas no art. 187 implicará
a imediata abertura à competição, na respectiva área, dos serviços prestados no regime público.
Art. 194. Poderão ser objeto de alienação conjunta o controle acionário de empresas presta-
doras de serviço telefônico fixo comutado e o de empresas prestadoras do serviço móvel celular.
Parágrafo único. Fica vedado ao novo controlador promover a incorporação ou fusão de em-
presa prestadora do serviço telefônico fixo comutado com empresa prestadora do serviço móvel
celular.
Art. 195. O modelo de reestruturação e desestatização das empresas enumeradas no art.
187, após submetido a consulta pública, será aprovado pelo Presidente da República, ficando a
coordenação e o acompanhamento dos atos e procedimentos decorrentes a cargo de Comissão
Especial de Supervisão, a ser instituída pelo Ministro de Estado das Comunicações.
§ 1° A execução de procedimentos operacionais necessários à desestatização poderá ser
cometida, mediante contrato, a instituição financeira integrante da Administração Federal, de notó-
ria experiência no assunto.
§ 2° A remuneração da contratada será paga com parte do valor líquido apurado nas aliena-
ções.
Art. 196. Na reestruturação e na desestatização poderão ser utilizados serviços especializa-
dos de terceiros, contratados mediante procedimento licitatório de rito próprio, nos termos seguin-
tes:
I - o Ministério das Comunicações manterá cadastro organizado por especialidade, aberto a
empresas e instituições nacionais ou internacionais, de notória especialização na área de teleco-
municações e na avaliação e auditoria de empresas, no planejamento e execução de venda de
bens e valores mobiliários e nas questões jurídicas relacionadas;
II - para inscrição no cadastro, os interessados deverão atender aos requisitos definidos pela
Comissão Especial de Supervisão, com a aprovação do Ministro de Estado das Comunicações;
III - poderão participar das licitações apenas os cadastrados, que serão convocados median-
te carta, com a especificação dos serviços objeto do certame;
IV - os convocados, isoladamente ou em consórcio, apresentarão suas propostas em trinta
dias, contados da convocação;
V - além de outros requisitos previstos na convocação, as propostas deverão conter o deta-
lhamento dos serviços, a metodologia de execução, a indicação do pessoal técnico a ser empre-
gado e o preço pretendido;
VI - o julgamento das propostas será realizado pelo critério de técnica e preço;
VII - o contratado, sob sua exclusiva responsabilidade e com a aprovação do contratante,
poderá subcontratar parcialmente os serviços objeto do contrato;
VIII - o contratado será obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos
ou reduções que se fizerem necessários nos serviços, de até vinte e cinco por cento do valor inici-
al do ajuste.
Art. 197. O processo especial de desestatização obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade e publicidade, podendo adotar a forma de leilão ou concorrência ou,
ainda, de venda de ações em oferta pública, de acordo com o estabelecido pela Comissão Espe-
cial de Supervisão.
Parágrafo único. O processo poderá comportar uma etapa de pré-qualificação, ficando restri-
ta aos qualificados a participação em etapas subseqüentes.
Art. 198. O processo especial de desestatização será iniciado com a publicação, no Diário
Oficial da União e em jornais de grande circulação nacional, de avisos referentes ao edital, do qual
constarão, obrigatoriamente:
I - as condições para qualificação dos pretendentes;
II - as condições para aceitação das propostas;
III - os critérios de julgamento;
IV - minuta do contrato de concessão;
V - informações relativas às empresas objeto do processo, tais como seu passivo de curto e
longo prazo e sua situação econômica e financeira, especificando-se lucros, prejuízos e endivida-
mento interno e externo, no último exercício;
VI - sumário dos estudos de avaliação;
VII - critério de fixação do valor mínimo de alienação, com base nos estudos de avaliação;
VIII - indicação, se for o caso, de que será criada, no capital social da empresa objeto da de-
sestatização, ação de classe especial, a ser subscrita pela União, e dos poderes especiais que lhe
serão conferidos, os quais deverão ser incorporados ao estatuto social.
§ 1° O acesso à integralidade dos estudos de avaliação e a outras informações confidenciais
poderá ser restrito aos qualificados, que assumirão compromisso de confidencialidade.
§ 2° A alienação do controle acionário, se realizada mediante venda de ações em oferta pú-
blica, dispensará a inclusão, no edital, das informações relacionadas nos incisos I a III deste arti-
go.
Art. 199. Visando à universalização dos serviços de telecomunicações, os editais de desesta-
tização deverão conter cláusulas de compromisso de expansão do atendimento à população, con-
soantes com o disposto no art. 80.
Art. 200. Para qualificação, será exigida dos pretendentes comprovação de capacidade téc-
nica, econômica e financeira, podendo ainda haver exigências quanto a experiência na prestação
de serviços de telecomunicações, guardada sempre a necessária compatibilidade com o porte das
empresas objeto do processo.
Parágrafo único. Será admitida a participação de consórcios, nos termos do edital.
Art. 201. Fica vedada, no decurso do processo de desestatização, a aquisição, por um mes-
mo acionista ou grupo de acionistas, do controle, direto ou indireto, de empresas atuantes em á-
reas distintas do plano geral de outorgas.
Art. 202. A transferência do controle acionário ou da concessão, após a desestatização, so-
mente poderá efetuar-se quando transcorrido o prazo de cinco anos, observado o disposto nos
incisos II e III do art. 98 desta Lei.
§ 1° Vencido o prazo referido no caput, a transferência de controle ou de concessão que re-
sulte no controle, direto ou indireto, por um mesmo acionista ou grupo de acionistas, de conces-
sionárias atuantes em áreas distintas do plano geral de outorgas, não poderá ser efetuada en-
quanto tal impedimento for considerado, pela Agência, necessário ao cumprimento do plano.
§ 2° A restrição à transferência da concessão não se aplica quando efetuada entre empresas
atuantes em uma mesma área do plano geral de outorgas.
Art. 203. Os preços de aquisição serão pagos exclusivamente em moeda corrente, admitido o
parcelamento, nos termos do edital.
Art. 204. Em até trinta dias após o encerramento de cada processo de desestatização, a Co-
missão Especial de Supervisão publicará relatório circunstanciado a respeito.
Art. 205. Entre as obrigações da instituição financeira contratada para a execução de atos e
procedimentos da desestatização, poderá ser incluído o fornecimento de assistência jurídica inte-
gral aos membros da Comissão Especial de Supervisão e aos demais responsáveis pela condu-
III - pelos bens que reverterem ao poder concedente em decorrência das outorgas de serviços de
telecomunicações;
IV - por outros bens e recursos que lhe vierem a ser destinados por entidades públicas ou priva-
das, nacionais ou estrangeiras.
Seção II
Da Gestão Financeira
Art.4º Constituem receitas da Agência:
I - as dotações orçamentárias e os créditos adicionais que lhe venham a ser consignados;
II - os recursos do FISTEL, o qual passa à sua administração exclusiva, com os saldos nele exis-
tentes, exceto os que estejam provisionados ou bloqueados para crédito, incluídas as receitas que
sejam produto da cobrança pelo direito de exploração dos serviços de telecomunicações e pelo
uso de radiofreqüencias.
Art.5º As propostas de orçamento encaminhadas pela Agência ao Ministério das Comunicações
serão acompanhadas de um quadro demonstrativo do planejamento plurianual das receitas e
despesas, visando ao seu equilíbrio orçamentário e financeiro nos cinco exercícios subseqüentes.
§ 1º O planejamento plurianual preverá o montante a ser transferido ao fundo de universalização a
que se refere o inciso II do artigo 81 da Lei no. 9.472, de 1997, e os saldos a serem transferidos
ao Tesouro Nacional.
§ 2º A Lei Orçamentária Anual consignará as dotações para as despesas correntes e de capital da
Agência, bem como o valor das transferências de recursos do FISTEL ao Tesouro Nacional e ao
fundo de universalização, relativas ao exercício a que ele se referir, as quais serão formalmente
feitas ao final de cada mês.
§ 3º A fixação das dotações orçamentárias da Agência na Lei Orçamentária Anual e sua progra-
mação orçamentária e financeira de execução não sofrerão limites nos seus valores para movi-
mento e empenho.
Art.6º A prestação de contas anual da administração da Agência, depois de aprovada pelo Conse-
lho Diretor, será submetida ao Ministro de Estado das Comunicações, para remessa ao Tribunal
de Contas da União - TCU, observados os prazos previstos em legislação específica.
Seção III
Dos Agentes
Art.7º A Agência executará suas atividades diretamente, por seus servidores próprios ou requisi-
tados, ou indiretamente, por intermédio da contratação de prestadores de serviço.
Art.8º A Agência poderá requisitar, com ônus, servidores de órgãos e entidades integrantes da
Administração Pública Federal direta, indireta ou fundacional, quaisquer que sejam as funções a
serem exercidas.
§ 1º Durante os primeiros vinte e quatro meses subseqüentes à instalação da Agência, as requisi-
ções de que trata o caput deste artigo serão irrecusáveis quando feitas a órgãos e entidades do
Poder Executivo, e desde que aprovadas pelo Ministro de Estado das Comunicações e pelo Minis-
tro de Estado Chefe da Casa Civil.
§ 2º Quando a requisição implicar redução de remuneração do servidor requisitado, fica a Agência
autorizada a, na forma em que dispuser, complementá-la até o limite da remuneração percebida
no órgão de origem.
Art.9º A estrutura do quadro de cargos e funções da Agência é composta, nos termos do Anexo II,
dos Cargos em Comissão de Natureza Especial e do Grupo-Direção e Assessoramento Superio-
res - DAS e das Funções Comissionadas de Telecomunicações - FCT, criados pelos arts. 12 e 13
da Lei no. 9.472, de 1997, bem assim dos cargos remenejados na forma do Decreto que aprova
este Regulamento.
Parágrafo único. Poderão ser incluídos, no quadro da Agência, cargos remanejados da estrutura
do Ministério das Comunicações, com base na autorização do art. 11, parte final, da Lei no. 9.472,
de 1997, e na forma do art. 37 da lei no. 8.112, de 11 de dezembro de 1990, conforme decreto
específico.
Art.10. Aos servidores encarregados das atividades de assessoramento e coordenação técnica
poderão ser atribuídas as Funções Comissionadas de Telecomunicação - FCT, observadas as
seguintes condições:
I - a FCT é privativa de servidores do quadro efetivo, servidores públicos federais ou empregados
de empresas públicas ou sociedades de economia mista controladas pela União em exercício na
Agência;
II - a FCT é inacumulável com qualquer outra forma de comissionamento;
III - a vantagem pecuniária decorrente da FCT será percebida conjuntamente com a remuneração
do cargo ou emprego permanente do servidor;
IV - ressalvados os casos dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas a a e, e inciso X do art. 102 da Lei no.
8.112, de 1990, em todos os demais o afastamento do servidor, mesmo quando legalmente defi-
nido como efetivo exercício, implicará cessação do pagamento da vantagem pecuniária decorren-
te da FCT.
Art.11. A nomeação, exoneração e demissão de servidores da Agência observarão os procedi-
mentos e condições estabelecidos na Lei no. 8.112, de 1990, e suas alterações.
Art.12. Após a nomeação, o desempenho do servidor, para fins de permanência no cargo, deverá
ser acompanhado permanentemente pelos superiores hierárquicos e pela Corregedoria, cabendo
a esta última realizar, de modo célere e nos termos da Lei nº 9.472, de 1997, os procedimentos
necessários à confirmação, à demissão ou à exoneração, conforme o caso.
Art.13. Para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, a Agência pode-
rá contratar, por prazo determinado, o pessoal técnico e burocrático imprescindível às suas ativi-
dades, nos termos da Lei no. 8.745, de 9 de dezembro de 1993, e suas alterações, cabendo ao
Conselho Diretor autorizar a contratação.
Art.14. A Agência poderá utilizar, mediante contrato, técnicos ou empresas especializadas, inclu-
sive consultores independentes e auditores externos, para executar indiretamente suas atividades.
§ 1o A fiscalização de competência da Agência será sempre objeto de execução direta, por meio
de seus agentes, ressalvadas as atividades de apoio.(Redação dada pelo Decreto nº 4.037, de
29.11.2001)
§ 2o Constitui atividades de apoio à fiscalização dos serviços de telecomunicações a execução de
serviços que visem obter, analisar, consolidar ou verificar processos, procedimentos, informações
e dados, inclusive por intermédio de sistemas de medição e monitoragem.(Redação dada pelo
Decreto nº 4.037, de 29.11.2001)
Capítulo II
DAS COMPETÊNCIAS
Art.16. À Agência compete adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse públi-
co e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, e especialmente:
I - implementar, em sua esfera de atribuições, a política nacional de telecomunicações fixada na
Lei e nos decretos a que se refere o art. 18 da Lei no. 9.472, de 1997;
II - representar o Brasil nos organismos internacionais de telecomunicações, sob a coordenação
do Poder Executivo;
III - elaborar e propor ao Presidente da República, por intermédio do Ministro de Estado das Co-
municações, a adoção das medidas a que se referem os incisos I a IV do art. 18 da Lei no. 9.472,
de 1997, submetendo previamente a consulta pública as relativas aos incisos I a III;
IV - rever, periodicamente, os planos geral de outorgas e de metas para universalização dos ser-
viços prestados no regime público, submetendo-os, por intermédio do Ministro de Estado das Co-
municações, ao Presidente da República, para aprovação;
V - exercer o poder normativo relativamente às telecomunicações;
VI - editar atos de outorga e extinção do direito de exploração de serviço no regime público;
VII - celebrar e gerenciar contratos de concessão e fiscalizar a prestação do serviço no regime
público, aplicando sanções e realizando intervenções;
VIII - controlar, acompanhar e proceder à revisão de tarifas dos serviços prestados no regime pú-
blico, podendo fixá-las nas condições previstas na Lei nº 9.472, de 1997, bem como homologar
reajustes;
IX - administrar o espectro de radiofreqüências e o uso de órbitas;
X - editar atos de outorga e extinção do direito de uso de radiofreqüência e de órbita, fiscalizando
e aplicando sanções;
XI - expedir e extinguir autorização para prestação de serviço no regime privado, fiscalizando e
aplicando sanções;
XII - expedir ou reconhecer a certificação de produtos, observados os padrões e normas por ela
estabelecidos;
XIII - expedir licenças de instalação e funcionamento das estações transmissoras de radiocomuni-
cação, inclusive as empregadas na radiodifusão sonora e de sons e imagens ou em serviços anci-
lares e correlatos, fiscalizando-as permanentemente;
XIV - comunicar ao Ministério das Comunicações as infrações constatadas na fiscalização das
estações de radiodifusão sonora e de sons e imagens ou em serviços ancilares e correlatos, en-
caminhando-lhe cópia dos autos de constatação, notificação, infração, lacração e apreensão;
XV - exercer as competências originalmente atribuídas ao Poder Executivo pela Lei no. 8.977, de
6 de janeiro de 1995, e que lhe foram transferidas pelo art. 212 da Lei no. 9.472, de 1997;
XVI - realizar busca e apreensão de bens no âmbito de sua competência;
XVII - deliberar na esfera administrativa quanto à interpretação da legislação de telecomunicações
e sobre os casos omissos;
XVIII - compor administrativamente conflitos de interesses entre prestadoras de serviço de tele-
comunicações, inclusive arbitrando as condições de interconexão no caso do art. 153, § 2.º, da Lei
no. 9.472, de 1997;
XIX - atuar na defesa e proteção dos direitos dos usuários, reprimindo as infrações e compondo
ou arbitrando conflitos de interesses, observado o art. 19;
XX - exercer, relativamente às telecomunicações, as competências legais em matéria de controle,
prevenção e repressão das infrações da ordem econômica, ressalvadas as pertencentes ao Con-
selho Administrativo de Defesa Econômica - CADE, observado o art. 18;
XXI - propor ao Presidente da República, por intermédio do Ministério das Comunicações, a decla-
ração de utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa,
dos bens necessários à implantação ou manutenção de serviço de telecomunicações no regime
público;
XXII - arrecadar, aplicar e administrar suas receitas, inclusive as integrantes do FISTEL;
XXIII- resolver quanto à celebração, alteração ou extinção de seus contratos, bem como quanto à
nomeação, exoneração e demissão de servidores, realizando os procedimentos necessários, nos
termos da legislação em vigor;
XXIV - contratar pessoal por prazo determinado, de acordo com o disposto na Lei no. 8.745, de
1993;
XXV - adquirir, administrar e alienar seus bens;
XIV - expedir regras quanto à prestação dos serviços no regime privado, incluindo a definição dos
condicionamentos a que estão sujeitos os prestadores em geral e em especial os de serviço de
interesse coletivo;
XV - editar o plano geral de autorizações de serviço prestado no regime privado, quando for o ca-
so;
XVI - definir os casos em que a exploração de serviço independerá de autorização e aqueles em
que o prestador será dispensado da comunicação de início das atividades;
XVII - determinar as condições subjetivas para obtenção de autorização de serviço de interesse
restrito;
XVIII - regulamentar os compromissos exigíveis dos interessados na obtenção de autorização de
serviço, em proveito da coletividade;
XIX - determinar, relativamente aos serviços prestados exclusivamente em regime privado, os
casos em que haverá limite ao número de autorizações de serviço, bem como as regiões, locali-
dades ou áreas abrangidas pela limitação;
XX - dispor sobre a fixação, revisão e reajustamento do preço de serviços autorizados, quando a
autorização decorrer de procedimento licitatório cujo julgamento o tenha considerado;
XXI - fixar prazo para os prestadores de serviço adaptarem-se a novas condições impostas pela
regulamentação;
XXII - aprovar os planos estruturais das redes de telecomunicações, bem assim as normas e pa-
drões que assegurem a compatibilidade, a operação integrada e a interconexão entre as redes,
abrangendo os equipamentos terminais, quando for o caso;
XXIII - dispor sobre os planos de numeração;
XXIV - determinar os casos e condições em que as redes destinadas à prestação de serviço em
regime privado serão dispensadas das normas gerais sobre implantação e funcionamento de re-
des de telecomunicações;
XXV - regulamentar a interconexão entre as redes;
XXVI - fixar os casos e condições em que, para desenvolver a competição, um prestador de servi-
ço de telecomunicações de interesse coletivo deverá disponibilizar sua rede a outro prestador;
XXVII - estabelecer os condicionamentos do direito de uso das redes de serviços de telecomuni-
cações pelos exploradores de serviço de valor adicionado, disciplinando seu relacionamento com
as empresas prestadoras daqueles serviços;
XXVIII - definir as circunstâncias e condições em que o prestador do serviço deverá interceptar
ligações destinadas a ex-assinantes, para informar seu novo código de acesso;
XXIX - expedir normas e padrões a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços de telecomu-
nicações quanto aos equipamentos que utilizarem;
XXX - definir as condições para a utilização, por prestador de serviço de telecomunicações de
interesse coletivo, dos postes, dutos, condutos e servidões pertencentes ou controlados por outro
prestador de serviço de telecomunicações;
XXXI - regulamentar o tratamento confidencial das informações técnicas, operacionais, econômi-
co-financeiras e contábeis solicitadas às empresas prestadoras dos serviços de telecomunica-
ções;
XXXII - disciplinar a cobrança de preço público pela atribuição do direito de explorar serviço de
telecomunicações, bem como de uso de radiofreqüência e de órbita;
XXXIII - editar tabela de adaptação do Anexo III da Lei no. 9.472, de 1997, à nomenclatura dos
serviços a ser estabelecida pela nova regulamentação;
XXXIV - aprovar o plano de atribuição, distribuição e destinação de faixas de radiofreqüência e de
ocupação de órbitas e as demais normas sobre seu uso;
XXXV - elaborar e manter os planos de distribuição de canais dos serviços de radiodifusão sonora
e de sons e imagens, bem como dos serviços ancilares e correlatos, cuja outorga cabe ao Poder
Executivo;
XXXVI - regulamentar a autorização para uso de radiofreqüência, com a determinação dos casos
em que será dispensável;
XXXVII - disciplinar a exigência de licenças de instalação e funcionamento para operação de esta-
ção transmissora de radiocomunicação, bem como sua fiscalização;
XXXVIII - disciplinar a fiscalização, quanto aos aspectos técnicos, das estações utilizadas nos
serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens, bem como nos serviços ancilares e correla-
tos;
XXXIX - definir os requisitos e critérios específicos para execução de serviço de telecomunicações
que utilize satélite;
XL - disciplinar a utilização de satélite para transporte de sinais de telecomunicações, inclusive o
procedimento de outorga para satélite brasileiro;
XLI - editar tabela de emolumentos, preços e multas a serem cobrados;
XLII - elaborar e editar todas as normas e regulamentações sobre o serviço de TV a Cabo, nos
termos da Lei no. 8.977, de 1995, e do art. 212 da Lei no. 9.472, de 1997;
XLIII - regulamentar o dever de fornecimento gratuito de listas telefônicas aos assinantes do ser-
viço telefônico fixo comutado.
Art.18. No exercício das competências em matéria de controle, prevenção e repressão das infra-
ções à ordem econômica, que lhe foram conferidas pelos art. 7º., § 2º., e 19, inciso XIX, da Lei nº.
9.472, de 1997, a Agência observará as regras procedimentais estabelecidas na Lei nº. 8.884, de
11 de junho de 1994, e suas alterações, cabendo ao Conselho Diretor a adoção das medidas por
elas reguladas.
Parágrafo único. Os expedientes instaurados e que devam ser conhecidos pelo Conselho Admi-
nistrativo de Defesa Econômica - CADE ser-lhe-ão diretamente encaminhados pela Agência.
Art. 19. A Agência articulará sua atuação com a do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor,
organizado pelo Decreto nº. 2.181, de 20 de março de 1997, visando à eficácia da proteção e de-
fesa do consumidor dos serviços de telecomunicações, observado o disposto nas Leis nº. 8.078,
de 11 de setembro de 1990, e nº. 9.472, de 1997.
Parágrafo único. A competência da Agência prevalecerá sobre a de outras entidades ou órgãos
destinados à defesa dos interesses e direitos do consumidor, que atuarão de modo supletivo, ca-
bendo-lhe com exclusividade a aplicação das sanções do art. 56, incisos VI, VII, IX, X e XI da Lei
nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990.
Capítulo III
DOS ÓRGÃOS SUPERIORES
Seção I
Do Conselho Diretor
Art.20. O Conselho Diretor será composto por cinco conselheiros, que sejam brasileiros, de repu-
tação ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de sua especialidade, devendo
ser escolhidos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após aprovação pelo Senado
Federal, nos termos da alínea f do inciso III do art. 52 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Aos conselheiros serão assegurados os mesmos direitos, vantagens, prerrogati-
vas e tratamento, inclusive protocolar, que na Administração Pública Federal são atribuídos aos
ocupantes de cargos de Secretário-Executivo de Ministério.
Art. 21. O Presidente do Conselho Diretor será nomeado pelo Presidente da República dentre os
seus integrantes e investido no cargo por três anos ou pelo que restar de seu mandato de conse-
lheiro, quando inferior a esse prazo, vedada a recondução.
ções, ou, nos termos do Regimento Interno, assegurando-se aos interessados nas decisões da
Agência o direito de intervenção oral.
§ 1º As sessões do Conselho Diretor serão públicas, permitida a sua gravação por meios eletrôni-
cos e assegurado aos interessados o direito de delas obter transcrições.
§ 2º Quando a publicidade ampla puder violar segredo protegido ou a intimidade de alguém, a
participação na sessão será limitada.
Art.33. As atas ou transcrições das sessões, bem como os votos, ficarão arquivados na Biblioteca,
disponíveis para conhecimento geral.
Parágrafo único. Quando a publicidade puder colocar em risco a segurança do País, ou violar se-
gredo protegido ou a intimidade de alguém, os registros correspondentes serão mantidos em sigi-
lo.
Art.34. O Conselho Diretor poderá suspender suas deliberações por um total de trinta dias ao ano,
contínuos ou não, conforme dispuser o Regimento Interno.
Parágrafo único. Nos períodos de suspensão, ao menos um conselheiro permanecerá em exercí-
cio.
Art.35. Compete ao Conselho Diretor, sem prejuízo de outras atribuições previstas na Lei, neste
Regulamento ou no Regimento Interno:
I - estabelecer as diretrizes funcionais, executivas e administrativas a serem seguidas pela Agên-
cia, zelando por seu efetivo cumprimento;
II - submeter ao Presidente da República, por intermédio do Ministro de Estado das Comunica-
ções, as propostas de modificação deste Regulamento;
III - aprovar normas de licitação e contratação próprias da Agência;
IV - propor o estabelecimento e alteração das políticas governamentais de telecomunicações;
V - exercer o poder normativo da Agência relativamente às telecomunicações, nos termos do
art.17;
VI - aprovar editais de licitação, homologar adjudicações, bem como decidir pela prorrogação,
transferência, intervenção e extinção, em relação às outorgas para prestação de serviço no regi-
me público, obedecendo ao plano aprovado pelo Poder Executivo;
VII - aprovar editais de licitação, homologar adjudicações, bem como decidir pela prorrogação,
transferência e extinção, em relação às autorizações para prestação de serviço no regime privado
ou de uso de radiofreqüência e de uso de órbitas, na forma do Regimento Interno;
VIII - aprovar o Regimento Interno;
IX - resolver sobre a aquisição e a alienação de bens;
X - autorizar a contratação de serviços de terceiros, na forma da legislação em vigor;
XI - aprovar as propostas a que se referem os incisos XXI e XXVII do art.16, bem como o relatório
de que trata o inciso XXIX do mesmo artigo;
XII - aprovar a requisição, com ônus para a Agência, de servidores de órgãos e entidades inte-
grantes da Administração Pública Federal direta, indireta ou fundacional, quaisquer que sejam as
funções a serem exercidas, nos termos do art. 14 da Lei no. 9.472, de 1997;
XIII - deliberar na esfera administrativa quanto à interpretação da legislação de telecomunicações
e sobre os casos omissos;
XIV - exercer o poder de decisão final sobre todas as matérias da alçada da Agência;
XV - encaminhar ao Presidente da República lista com os indicados para integrar a lista de substi-
tuição do Conselho Diretor;
XVI - propor ao Presidente da República a cassação do mandato de integrante do Conselho Con-
sultivo, nos termos do art.40;
XVII - indicar um de seus integrantes para assumir a presidência, na hipótese e na forma dos §§
1º e 2º do art.21;
XVIII - deliberar sobre a direção das Superintendências pelos conselheiros, nos termos do art.62;
XIX - aprovar previamente as nomeações ou exonerações dos ocupantes dos cargos do Grupo-
Direção e Assessoramento Superiores - DAS, bem como as designações para as Funções Co-
missionadas de Telecomunicação - FCT e sua cessação;
XX - autorizar o afastamento de seus integrantes para desempenho de missão no exterior.
Parágrafo único. É vedado ao Conselho Diretor:
a) delegar a terceiros a função de fiscalização de competência da Agência, ressalvadas as ativi-
dades de apoio;
b) delegar, a qualquer órgão ou autoridade, interna ou externa, o seu poder normativo e as demais
competências previstas neste artigo, ressalvada a prevista no inciso XIX..
Seção II
Do Conselho Consultivo
Art.36. O Conselho Consultivo, órgão de participação institucionalizada da sociedade na Agência,
será integrado por doze conselheiros e decidirá por maioria simples, cabendo ao seu Presidente o
voto de desempate.
§ 1º Cabe ao Conselho Consultivo:
a) opinar, antes do seu encaminhamento ao Ministério das Comunicações, sobre o plano geral de
outorgas, o plano geral de metas para universalização dos serviços prestados no regime público e
demais políticas governamentais de telecomunicações;
b) aconselhar quanto à instituição ou eliminação da prestação de serviço no regime público;
c) apreciar os relatórios anuais do Conselho Diretor;
d) requerer informação e fazer proposição a respeito das ações referidas no art.35.
§ 2º Será publicado no Diário Oficial da União o extrato das decisões do Conselho Consultivo, as
quais serão também inscritas na Biblioteca.
Art.37. Os integrantes do Conselho Consultivo, cuja qualificação deverá ser compatível com as
matérias afetas ao colegiado, serão designados por decreto do Presidente da República, mediante
indicação:
I - do Senado Federal: dois conselheiros;
II - da Câmara dos Deputados: dois conselheiros;
III - do Poder Executivo: dois conselheiros;
IV - das entidades de classe das prestadoras de serviços de telecomunicações: dois conselheiros;
V - das entidades representativas dos usuários: dois conselheiros;
VI - das entidades representativas da sociedade: dois conselheiros.
§ 1º No caso dos incisos I e II, as indicações serão remetidas ao Presidente da República trinta
dias antes do vencimento dos mandatos dos respectivos representantes.
§ 2º As entidades que, enquadrando-se nas categorias a que se referem os incisos IV a VI, pre-
tendam indicar representantes, poderão fazê-lo livremente, em trinta dias contados da publicação
do edital convocatório no Diário Oficial da União, remetendo ao Ministério das Comunicações lista
de três nomes para cada vaga, acompanhada de demonstração das características da entidade e
da qualificação dos indicados.
§ 3º A designação para cada uma das vagas referidas nos incisos IV a VI será feita por escolha do
Presidente da República, dentre os indicados pela respectiva categoria.
§ 4º Na ausência de indicações, o Presidente da República escolherá livremente os conselheiros.
§ 5º Para a escolha dos primeiros integrantes do Conselho Consultivo, as entidades terão o prazo
de dez dias, a contar da instalação da Agência, para formular suas indicações, dispensada a pu-
blicação de edital convocatório.
§ 6º A posse dos novos integrantes do Conselho Consultivo ocorrerá na primeira reunião que este
realizar após a nomeação.
Art.38. Os integrantes do Conselho Consultivo, que não serão remunerados, terão mandato de
três anos, vedada a recondução.
§ 1º A Agência arcará com custeio de deslocamento e estada dos Conselheiros quando no exer-
cício das atribuições a eles conferidas.
§ 2º. Os mandatos dos primeiros conselheiros serão de um, dois e três anos, definidos pelo Presi-
dente da República quando da designação, na proporção de um terço para cada período.
Art.39. O Presidente do Conselho Consultivo será eleito pelos seus integrantes e terá mandato de
um ano.
§ 1º Será eleito Presidente aquele que obtiver o maior número de votos, em único escrutínio se-
creto, independentemente de candidatura, sendo o desempate feito em favor do conselheiro mais
idoso.
§ 2º O mandato do primeiro Presidente terá início, quando de sua eleição, na reunião de instala-
ção do Conselho.
Art.40. Os integrantes do Conselho Consultivo perderão o mandato, por decisão do Presidente da
República, a ser tomada de ofício ou mediante provocação do Conselho Diretor da Agência, nos
casos de:
I - conduta incompatível com a dignidade exigida pela função;
II - mais de três faltas não justificadas consecutivas a reuniões do Conselho;
III - mais de cinco faltas não justificadas alternadas a reuniões do Conselho.
Art.41. O Presidente do Conselho Diretor convocará o Conselho Consultivo a reunir-se ordinaria-
mente, uma vez por ano, no mês de abril, para eleição do seu Presidente e apreciação dos relató-
rios anuais do Conselho Diretor.
Art.42. Haverá reunião extraordinária do Conselho Consultivo toda vez que este for convocado
pelo Presidente do Conselho Diretor para apreciar as proposições relativas ao art. 35, incisos I e
II, da Lei nº. 9.472, de 1997.
Parágrafo único. As proposições do Conselho Diretor referidas no caput serão consideradas apro-
vadas caso o Conselho Consultivo não delibere a respeito em até quinze dias contados da data
marcada para a reunião.
Art.43. Por convocação do seu Presidente ou de um terço de seus integrantes, o Conselho Con-
sultivo reunir-se-á extraordinariamente para opinar sobre assunto de sua competência.
Art.44. Os requerimentos formulados pelo Conselho Consultivo na forma do art. 35, inciso IV da
Lei nº. 9.472, de 1997, serão dirigidos ao Presidente do Conselho Diretor, devendo ser atendidos
no prazo máximo de sessenta dias.
Art.45. O Secretário do Conselho Diretor será também o Secretário do Conselho Consultivo.
Capítulo IV
DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
Seção I
Da Presidência da Agência
Art.46. O Presidente do Conselho Diretor exercerá a presidência da Agência, cabendo-lhe nessa
qualidade o comando hierárquico sobre o pessoal e o serviço, com as competências administrati-
vas correspondentes, e também:
Seção II
Da Ouvidoria
Art.50. A Agência terá um Ouvidor nomeado pelo Presidente da República para mandato de dois
anos, admitida uma recondução.
Art.51. O Ouvidor terá acesso a todos os assuntos e contará com o apoio administrativo de que
necessitar, sendo-lhe dado o direito de assistir às sessões e reuniões do Conselho Diretor, inclu-
sive as secretas, bem como de acesso a todos os autos e documentos, não se lhe aplicando as
ressalvas dos arts. 21, § 1º , e 39 da Lei nº. 9.472, de 1997.
Parágrafo único. O Ouvidor deverá manter em sigilo as informações que tenham caráter reserva-
do.
Art.52. Compete ao Ouvidor produzir, semestralmente ou quando oportuno, apreciações críticas
sobre a atuação da Agência, encaminhando-as ao Conselho Diretor, ao Conselho Consultivo, ao
Ministério das Comunicações, a outros órgãos do Poder Executivo e ao Congresso Nacional, fa-
zendo-as publicar no Diário Oficial da União, e mantendo-as em arquivo na Biblioteca para conhe-
cimento geral.
Art.53. O Ouvidor atuará com independência, não tendo vinculação hierárquica com o Conselho
Diretor ou seus integrantes.
Art.54. O Ouvidor somente perderá o mandato em virtude de renúncia, de condenação judicial
transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar.
§ 1º Sem prejuízo do que prevêem a lei penal e a lei de improbidade administrativa, será causa da
perda do mandato a inobservância, pelo Ouvidor, dos deveres e proibições inerentes ao cargo.
§ 2º Caberá ao Ministro de Estado das Comunicações instaurar, nos termos da Lei nº. 8.112, de
1990, processo administrativo disciplinar, que será conduzido por comissão especial, competindo
ao Presidente da República determinar o afastamento preventivo do Ouvidor, quando for o caso, e
proferir o julgamento.
Art.55. É vedado ao Ouvidor ter interesse significativo, direto ou indireto, em empresa relacionada
com telecomunicações, nos termos do art.29.
Seção III
Da Procuradoria
Art.56. A Procuradoria da Agência vincula-se à Advocacia-Geral da União para fins de orientação
normativa e supervisão técnica.
Art.57. Cabe à Procuradoria:
I - representar judicialmente a Agência, com prerrogativas processuais de Fazenda Pública;
II - representar judicialmente os ocupantes de cargos e funções de direção, com referência a atos
praticados no exercício de suas atribuições institucionais ou legais, competindo-lhe, inclusive, a
impetração de mandado de segurança em nome deles para defesa de suas atribuições legais;
III - apurar a liquidez e certeza dos créditos, de qualquer natureza, inerentes às suas atividades,
inscrevendo-os em dívida ativa, para fins de cobrança amigável ou judicial;
IV - executar as atividades de consultoria e assessoramento jurídicos;
V - assistir as autoridades no controle interno da legalidade administrativa dos atos a serem prati-
cados, inclusive examinando previamente os textos de atos normativos, os editais de licitação,
contratos e outros atos dela decorrentes, bem assim os atos de dispensa e inexigibilidade de lici-
tação;
VI - opinar previamente sobre a forma de cumprimento de decisões judiciais;
VII - representar ao Conselho Diretor sobre providências de ordem jurídica que pareçam reclama-
das pelo interesse público e pelas normas vigentes.
Art.58. A Procuradoria será dirigida pelo Procurador-Geral, a quem compete especialmente:
I - participar das sessões e reuniões do Conselho Diretor, sem direito a voto;
II - receber as citações e notificações judiciais;
III - desistir, transigir, firmar compromisso e confessar nas ações de interesse da Agência, autori-
zado pelo Conselho Diretor;
IV - aprovar todos os pareceres elaborados pela Procuradoria.
Seção IV
Da Corregedoria
Art.59. A Corregedoria será dirigida por um Corregedor e integrada por Corregedores Auxiliares,
conforme dispuser o Regimento Interno, competindo-lhe:
I - fiscalizar as atividades funcionais dos órgãos e unidades;
II - apreciar as representações que lhe forem encaminhadas relativamente à atuação dos servido-
res;
III - realizar correição nos diversos órgãos e unidades, sugerindo as medidas necessárias à racio-
nalização e eficiência dos serviços;
IV - coordenar o estágio confirmatório dos integrantes das carreiras de servidores, emitindo pare-
cer sobre seu desempenho e opinando, fundamentadamente, quanto a sua confirmação no cargo
ou exoneração;
V - instaurar, de ofício ou por determinação superior, sindicâncias e processos administrativos
disciplinares relativamente aos servidores, submetendo-os à decisão do Presidente do Conselho
Diretor.
Seção V
Dos Comitês
Art.60. Por decisão do Conselho Diretor, a Agência instituirá comitês, que funcionarão sempre sob
a direção de conselheiro, para realizar estudos e formular proposições ligadas a seus objetivos,
princípios fundamentais ou assuntos de interesse estratégico.
Seção VI
Das Superintendências
Art. 61. A estrutura da Agência compreenderá, ainda, como órgãos executivos, superintendên-
cias, organizadas na forma do regimento interno.(Redação dada pelo Decreto nº 3.873, de
18.7.2001)
I - Superintendência de Serviços Públicos;
II - Superintendência de Serviços Privados;
III - Superintendência de Serviços de Comunicação de Massa;
IV - Superintendência de Radiofreqüência e Fiscalização;
V - Superintendência de Administração Geral.
Art. 62. As Superintendências ficarão sob a direção dos conselheiros, conforme deliberação do
Conselho Diretor, podendo ser adotado rodízio entre os conselheiros.
Parágrafo único. O conselheiro será auxiliado pelo Superintendente-Adjunto, que ficará incumbido
da gestão executiva da Superintendência.
Capítulo V
DA ATIVIDADE E DO CONTROLE
Art.63. A atividade da Agência será juridicamente condicionada pelos princípios da legalidade,
celeridade, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade, impessoalidade, imparcialidade, igualda-
de, devido processo legal, publicidade e moralidade.
Art.64. A Agência dará tratamento confidencial às informações técnicas, operacionais, econômico-
financeiras e contábeis que solicitar às empresas prestadoras de serviços de telecomunicações,
desde que sua divulgação não seja diretamente necessária para:
I - impedir a discriminação de usuários ou prestadores de serviço de telecomunicações;
II - verificar o cumprimento das obrigações assumidas em decorrência de autorização, permissão
ou concessão, especialmente as relativas à universalização dos serviços.
Art.65. Os atos da Agência deverão ser acompanhados da exposição formal dos motivos que os
justifiquem.
Art.66. Os atos normativos de competência da Agência serão editados pelo Conselho Diretor, só
produzindo efeito após publicação no Diário Oficial da União.
Parágrafo único. Os atos de alcance particular só produzirão efeito após a correspondente notifi-
cação.
Art.67. As minutas de atos normativos serão submetidas à consulta pública, formalizada por publi-
cação no Diário Oficial da União, devendo as críticas e sugestões merecer exame e permanecer à
disposição do público na Biblioteca, nos termos do Regimento Interno.
Art.68. Na invalidação de atos e contratos será garantida previamente a manifestação dos interes-
sados, conforme dispuser o Regimento Interno.
Art.69. Qualquer pessoa terá o direito de peticionar ou de recorrer contra ato da Agência no prazo
máximo de trinta dias, devendo sua decisão ser conhecida em até noventa dias, nos termos do
Regimento Interno.
Capítulo VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art.70. Caberá à Agência, nos termos da Lei nº. 9.472, de 1997, regular os serviços de telecomu-
nicações no País, substituindo gradativamente os regulamentos, normas e demais regras em vi-
gor.
Parágrafo único. Enquanto não forem editadas as novas regulamentações, será observado o se-
guinte:
a) as concessões, permissões e autorizações continuarão regidas pelos atuais regulamentos,
normas e regras;
b) continuarão regidos pela Lei nº. 9.295, de 19 de julho de 1996, os serviços por ela disciplinados
e os respectivos atos e procedimentos de outorga.
Art.71. Para permitir a adequada organização das atividades, ficam suspensos, nos trinta dias que
se seguirem à instalação da Agência, os prazos estabelecidos para a atuação de suas autorida-
des e agentes, relativamente aos procedimentos administrativos que lhe tenham sido transferidos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não suspende os prazos em curso para os administra-
dos, nem impede a atuação da Agência no período de suspensão.
Art. 72. A Agência contará com a colaboração do Ministério das Comunicações para sua implan-
tação e consolidação, podendo com ele celebrar convênios ou contratos, utilizando, inclusive, re-
cursos do FISTEL.
Art.73. A Advocacia-Geral da União e o Ministério das Comunicações, por intermédio de sua Con-
sultoria Jurídica, mediante comissão conjunta, promoverão, no prazo de cento e oitenta dias, le-
vantamento dos processos judiciais em curso envolvendo matéria cuja competência tenha sido
transferida à Agência Nacional de Telecomunicações, a qual sucederá a União em todos esses
processos.
§ 1º A transferência dos processos judiciais será realizada mediante solicitação, por petição, da
Procuradoria-Geral da União, perante o juízo ou Tribunal onde se encontrar o processo, reque-
rendo a intimação da Procuradoria da Agência para assumir o feito.
§ 2º Enquanto não operada a transferência na forma do parágrafo anterior, a Procuradoria-Geral
da União permanecerá no feito, praticando todos os atos processuais necessários.
§ 3º A transferência a que se refere este artigo não alcança os processos judiciais envolvendo a
concessão, permissão ou autorização de serviço de radiodifusão sonora ou de sons e imagens.
CONCEITOS
Móvel Celular - Serviço móvel celular é o serviço de telecomunicações móvel terrestre, aberto à
correspondência pública, que utiliza sistema de radiocomunicações com técnica celular,
interconectado à rede pública de telecomunicações, e acessado por meio de terminais portáteis,
transportáveis ou veiculares, de uso individual.
Móvel Especializado - O Serviço Móvel Especializado (SME) é o serviço de telecomunicações
móvel terrestre de interesse coletivo que utiliza sistema de radiocomunicação, basicamente, para
a realização de operações tipo despacho e outras formas de telecomunicações. Caracteriza-se
pela mobilidade do usuário. O SME é prestado em regime privado, mediante autorização,
conforme disposto na Lei n.º 9.472, de 16 de julho de 1997 e é destinado a pessoas jurídicas ou
grupos de pessoas, naturais ou jurídicas, caracterizados pela realização de atividade específica.
Nomes Populares: "TRUNKING"; "TRUNK"; "SISTEMA TRONCALIZADO"
Móvel Especial de Radiochamada - O Serviço Especial de Radiochamada - SER é um serviço de
telecomunicações destinado a transmitir, por qualquer forma de telecomunicação, informações
unidirecionais originadas em uma estação de base e endereçadas a receptores móveis, utilizando-
se das faixas de freqüências de 929 MHz e 931 MHz.
Serviço Móvel Global por Satélite (SMGS) - É o serviço móvel por satélite que tem como principais
características utilizar sistemas de satélites com área de cobertura abrangendo todo ou grande
parte do globo terrestre e oferecer diversas aplicações de telecomunicações.
Móvel Aeronáutico - Categoria de serviço móvel em que as estações móveis (MA) deslocam-se
por via aérea e comunicam-se com estações terrestres do serviço móvel aeronáutico,
denominadas Estações Aeronáuticas (FA). Os serviços de telecomunicações aeronáuticas são
prestados em condições e em faixas de freqüência dos Serviços Fixo e Móvel Aeronáutico, de
Radionavegação Aeronáutica e de Radiodeterminação, definidas no Regulamento de
Radiocomunicações da União Internacional de Telecomunicações - UIT, no Plano de Atribuição,
Destinação e Distribuição de Faixas de Freqüências no Brasil, no Anexo 10 da ICAO, no Código
Brasileiro de Aeronáutica, na Lei Geral de Telecomunicações e em outros que venham a ser
assim considerados pela Legislação Brasileira.
Móvel Marítimo - Serviço Móvel Marítimo (Estação de Navio) É o serviço destinado às
comunicações entre estações costeiras e estações de navio, entre estações de navio ou entre
estações de comunicações a bordo associadas. Estações em embarcações ou dispositivos de
salvamento e estações de emergência de radiobaliza indicadora de posição podem, também,
participar deste serviço. As estações costeiras, estações a bordo de navios e estações portuárias
estão associadas ao Serviço Móvel Marítimo, e sua autorização é formalizada pela expedição da
licença para funcionamento de estação.
TV a Cabo - TV a cabo é o serviço de telecomunicações que consiste na distribuição de sinais de
vídeo e/ou áudio a assinantes, mediante transporte por meios físicos.
MMDS - O Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanais - MMDS é uma das
modalidades de serviços especiais, regulamentados pelo decreto nº 2196, de 08 de abril de 1997,
que se utiliza de faixa de microondas para transmitir sinais a serem recebidos em pontos
determinados dentro da área de prestação do serviço.
DTH - O Serviço de Distribuição de Sinais de Televisão e de Áudio por Assinatura via Satélite é
uma das modalidades de serviços especiais regulamentados pelo decreto n.º 2.196 de 08/04/97,
que tem como objetivo a distribuição de sinais de televisão ou de áudio, bem como de ambos,
através de satélites, a assinantes localizados na área de prestação de serviço.
TVA - O serviço especial de Televisão por Assinatura - TVA é o serviço de telecomunicações
destinado a distribuir sons e imagens a assinantes, por sinais codificados, mediante a utilização
de canais do espectro radioelétrico; sendo permitida, a critério do poder concedente, a utilização
parcial sem codificação.
Rádio Cidadão - É o serviço de radiocomunicações de uso compartilhado para comunicados entre
estações fixas e/ou móveis, realizados por pessoas naturais (físicas), utilizando o espectro de
freqüências compreendido entre 26,96 MHz e 27,61 MHz. Esse serviço está vinculado à
Superintendência de Serviços Privados e consequentemente à Gerência Geral de Serviços
Privados.
Universalização - O Brasil que não estava no mapa diz alô. Até 2001, existia um Brasil que
ninguém ouvia falar. Mais de 7 mil localidades mudas, sem telefones ou qualquer meio de
telecomunicação, distante de tudo e de todos. Com a privatização das telecomunicações, a
ANATEL estabeleceu metas de universalização, criadas para garantir que o futuro e a cidadania
chegassem a todos os brasileiros. Com a ANATEL o cidadão tem mais voz.
Certificação - Conjunto de procedimentos regulamentados e padronizados que resultam na
expedição de Certificado ou Declaração de Conformidade específicos para produtos de
telecomunicações.
Homologação - Ato privativo da Anatel pelo qual, na forma e nas hipóteses previstas no
Regulamento para Certificação e Homologação de Produtos para Telecomunicações, aprovado
pela Resolução nº 242, de 30/11/2000, a Agência reconhece os certificados de conformidade ou
aceita as declarações de conformidade para produtos de telecomunicações.
Satélite - O provimento de capacidade espacial é oferecido por entidades detentoras do direito de
exploração de satélite brasileiro ou estrangeiro para o transporte de sinais de telecomunicações. A
Resolução nº 220, de 05/04/2000, aprova o regulamento que dispõe sobre as condições para
conferir o Direito de Exploração de Satélite, brasileiro ou estrangeiro. A prestação de serviços de
telecomunicações utilizando satélite é realizada por entidade que detém concessão, permissão ou
autorização para prestação de serviços de telecomunicações.
Serviço de Radiotáxi Privado - É uma submodalidade do Serviço Limitado Privado, de interesse
restrito. É um serviço de radiocomunicações bidirecional, destinado ao uso próprio do executante,
dotado ou não de sistema de chamada seletiva, por meio do qual são intercambiadas informações
entre estações de base e estações móveis terrestres instaladas em veículos de aluguel,
destinadas à orientação e à administração de transporte de passageiros.
Serviço de Radiotáxi Especializado - É uma submodalidade do Serviço Limitado Especializado, de
interesse coletivo. É um serviço de radiocomunicações bidirecional, destinado á prestação a
terceiros, dotado ou não de sistema de chamada seletiva, por meio do qual são intercambiadas
informações entre estações de base e estações móveis terrestres instaladas em veículos de
aluguel, destinadas à orientação e à administração de transporte de passageiros.
Rede e Circuito Especializado - Tratam-se de submodalidades do Serviço Limitado Especializado
destinadas à prestação de serviços de telecomunicações a terceiros, desde que sejam estes uma
mesma pessoa ou grupo de pessoas naturais ou jurídicas, caracterizado pela realização de
atividade específica.
Serviço de Circuito Especializado - Serviço Fixo; Não aberto à correspondência pública;
Aplicações ponto a ponto ou ponto multiponto (suporte à interligação de redes, interligação de
PABX, etc.).
Serviço de Rede Especializada - Não aberto à correspondência pública; Aplicações entre pontos
distribuídos (provimento de serviços de comunicações de voz, dados, imagens, etc.);
Estabelecimento de redes de telecomunicações para grupos de pessoas jurídicas com atividade
específica.
SRTT - O Serviço de Rede de Transporte de Telecomunicações é destinado a transportar sinais
de voz, telegráficos, dados ou qualquer outra forma de sinais de telecomunicações entre pontos
fixos.
Serviços compreendidos na prestação do Serviço de Rede de Transporte de Telecomunicações:
Serviço Especial de Repetição de Sinais de TV e Vídeo
Serviço Especial de Repetição de Sinais de Áudio
que o ouve. O canal é o ar que está entre eles. O sinal é a energia de voz que é enviada. A
informação está na idéia que a voz transmite.
Vamos a um primeiro problema: a atenuação do sinal de voz é muito grande portanto a
comunicação desta forma só funciona para pessoas próximas. Em busca da solução para esse
problema inventou-se a telefonia, típico exemplo de um sistema de telecomunicações. Agora, o
sinal de voz (sinal acústico) será convertido num sinal elétrico, que por sua vez será transmitido
pelo canal, agora telefônico, e no seu destino será convertido em sinal de voz novamente (sinal
acústico). Esta conversão elétrico-acústica permite a cobertura eficiente de grandes distâncias,
isto por que o sinal elétrico se propaga com muita rapidez, com baixa perda e ainda pode ser
amplificado (regenerado) ao longo do caminho.
O sistema de telecomunicações é um sistema de comunicações capaz de cobrir grandes
distâncias e se caracteriza por empregar uma tecnologia específica, baseada na propagação de
sinais elétricos, exigindo, portanto, equipamentos elétricos e eletrônicos para adaptação dos sinais
originais.
O bloco do emissor do sinal engloba todos os equipamentos que tratam do sinal original até
compor o sinal elétrico que vai ser enviado pelo meio de transmissão. O bloco receptor tem função
inversa, isto é, capta o sinal transmitido pelo meio e trata-o de modo a entregá-lo ao destinatário,
de modo adequado. Observamos ainda um bloco denominado como ruído, que corresponde a
todo sinal espúrio, indesejado, que contamina e a energia útil que se propaga.
É conveniente ressaltar que o conceito básico do sistema de comunicações é o de uma entidade
essencialmente unidirecional, permitindo o fluxo de informação de uma fonte até um destinatário.
Este meio de transmissão será conhecido por nós como Canal de Comunicação.
A entidade que engloba tanto a fonte quanto o destinatário é identificada como um terminal de
comunicações. Ou seja, um terminal é capaz de enviar e receber informação. Ao unirmos um
canal de ida e um canal de volta, retorno, a fim de que os terminais se comuniquem entre si,
estamos estabelecendo o conceito de circuito.
Quanto à utilização podemos encontrar circuitos de uso privado e de uso público. Os primeiros
são definidos como todo aquele que serve exclusivamente a um determinado número de terminais
de característica essencialmente particular. Por exemplo circuitos que ligam a Bolsa de Valores
com as diversas Corretoras. Os de uso público são os destinados aos usuários que utilizam
terminais pertencentes a uma concessionária de serviços públicos de telecomunicações. Por
exemplo circuitos da rede nacional de telefonia.
Do ponto e vista de topologia, o circuito mais simples é o que liga diretamente dois nós terminais,
sendo referido como circuito ponto – a - ponto.
A necessidade de um terminal se comunicar com dois outros terminais. Ao utilizar linhas físicas
será preciso um nó intermediário, sendo então passível de ocorrer duas possibilidades:
distribuição e comutação. Observemos as duas figuras e embora pareçam iguais, é possível de se
ter duas lógicas operando. Assim enquanto B opera como um nó intermediário de distribuição o
sinal de A alcança C e D, ambos simultaneamente; F por sua vez ao funcionar como um nó
intermediário de comutação, o sinal chegará a G ou H, mas não em ambos simultaneamente . Em
geral neste segundo caso pode ser denominado centro de comutação ou central de comutação.
No primeiro caso, a fonte A pode enviar o sinal simultaneamente para os terminais C e para D,
logo o nó intermediário estará distribuindo (alguns usam o termo derivando) o sinal. O circuito
referido denomina-se circuito multiponto.
Agora se no nó intermediário se toma uma decisão, de modo que o sinal vindo de E possa ser
enviado ou para o terminal B ou para o terminal C, o nó intermediário estará operando como um
nó de comutação. Neste caso a ligação se efetua, naquele momento, apenas entre dois nós
terminais e, por isso, é referido como circuito ponto – a – ponto comutado, ou simplesmente como,
circuito comutado.
O circuito multiponto pode ser montado com o uso de rádio, o exemplo típico sendo os esquemas
de rádio-difusão e tele-difusão (TV). Como a energia irradiada afeta todo o espaço, temos um
esquema de distribuição.
É possível ainda especificar um pouco mais definindo Multiponto Série, quando um único circuito
interliga permanentemente, diversos terminais e Multiponto Paralelo, quando vários circuitos
interligam permanentemente entre si, diversos terminais.
Quando um circuito transmite exclusivamente para um outro terminal, será denominado como
circuito de transmissão direta. Quando um terminal transmitir simultaneamente para diversos
terminais teremos a transmissão por difusão (Neste caso o terminal transmissor é chamado de
centro emissor). Aqui podemos encontrar ainda a difusão centralizada, tipo estação de TV; a
difusão descentralizada como a que acontece na rádio comunicação; a transmissão por
concentração, como a telefonia rural e a transmissão por comando, quando existe uma disciplina
para transmissão dos terminais.
Quando ao modo de operação o circuito pode ser visto como Simplex, quando a informação é
transmitida em um único sentido; Duplex, quando se transmite nos dois sentidos,
simultaneamente e Halfduplex (Semiduplex) quando se transmite nos dois sentidos não
simultaneamente.
Quanto da abrangência geográfica, podemos enquadrá-los quando a interligação ocorrer dentro
de uma mesma área como circuitos urbanos; entre diferentes áreas, circuitos interurbanos e por
fim denominá-los inter-estatuais e internacionais conforme o alcance.
Quando do tipo de transmissão, o sinal transmitido é submetido a uma base de tempo (clock) de
referência na origem e recuperado no destino, a partir da base de tempo de referência do mesmo,
que trabalha sincronizadamente com a sua origem, ele é denominado circuito síncrono. A outra
possibilidade, circuito assíncrono, corresponde a não existência desse sincronismo, sendo
aplicado sinais delimitadores de início e fim de informação nas porções transmitidas.
Conceito de Rede
Na prática encontramos vários terminais que querem conversar entre si. Em telecomunicações
precisamos ainda conceituar Rede. Uma Rede corresponde ao conjunto de facilidades que
permite a vários terminais se comunicarem entre si, ou seja: Rede de telecomunicações, segundo
a LGT, é o conjunto operacional contínuo de circuitos e equipamentos, incluindo funções de
transmissão, comutação, multiplexação ou quaisquer outras indispensáveis à operação de serviço
de telecomunicações.
A implantação e o funcionamento das redes de telecomunicação objetiva o suporte à prestação de
serviços de interesse coletivo, no regime público ou privado. A classificação de uma rede de
comunicações pode ser feita de diversas formas. Uma [4] Rede pode ser vista quanto:
1. Ao objetivo do Serviço: Rede Telefônica, Rede Telegráfica, Rede Telex, Rede de
Comunicação de Dados, etc.,
2. Forma da Rede, topologia: Rede em estrela, Rede em Malha, Rede Mista, Rede Hierárquica.
3. Ao Destino; Rede Pública, Rede Privada.
4. Sistema de Comutação: Rede de Comutação de circuitos, Rede de Comutação Armazenada,
Rede de Comutação de Pacotes, Rede de Comutação de Mensagens, etc.
5. Tipo de Sinais Utilizados: Rede Analógica, Rede Digital.
A especificação de como a Rede é tem a ver com os pontos servidos e com a capacidade destes
pontos se interligarem entre si. Observe que a capacidade de interligação tem a ver com a
possibilidade de transporte de sinais de um ponto a outro. Para melhor visualizar a estrutura de
uma rede nós precisaremos do conceito de topologia.
A Topologia da Rede nos dá uma descrição geométrica (ou geográfica) simplificada de sua
composição, onde o que interessa é explicitar as possibilidades de transporte de sinal de um
ponto a outro, abstraindo-se a especificação física de seus componentes. Podemos encontrar
redes em Estrela, em Malha, em Árvore ou Hierárquica ou ainda Mista.
Os elementos básicos da topologia de uma rede são os nós e os enlaces (alguns autores usam
arco). Um nó é um ponto onde o sinal entra na rede, sai da rede (nó terminal) ou é direcionado na
rede (nó intermediário). O nó misto oferece ambas as possibilidades. O enlace é o caminho que o
sinal segue entre dois nós consecutivos.
Para enviarmos o sinal de um ponto a outro, da fonte ao destinatário, naturalmente buscamos
estabelecer enlaces que sigam sempre que possível trechos comuns de caminho de forma a
compartilhar a mesma infraestrutura de recursos , tais como o mesmo duto, prédios de estação,
torre, fontes de energia, etc.
No entanto, ainda é preciso otimizar o emprego dos meios de transmissão. Existem aqui dois
procedimentos clássicos para este desiderato: a multiplexação e a concentração. O primeiro
deles, a multiplexação, permite que um mesmo meio possa ser compartilhado por vários canais.
Já a concentração é um outro recurso, aplicável apenas para o caso em que a fonte fica ativa
durante curtos intervalos de tempo . Por exemplo, em média, um assinante da rede telefônica só
usa o telefone alguns minutos por dia, sendo então possível, alocar um canal de uso comum para
a fonte apenas quanto ela está ativa, economizando em número de canais.
O feixe de canais de uso comum pode ser bem menor que o feixe de canais entrantes. Apenas
quando um certo canal fica ativo é preciso efetuar a sua conexão com um dos canais comuns.
Podíamos incluir aqui o conceito de Estação de Telecomunicações que, segundo a LGT, consiste
no conjunto de equipamentos ou aparelhos, dispositivos e demais meios necessários à realização
de telecomunicação, seus acessórios e periféricos e, quando necessário, as instalações que os
obrigam e complementam, inclusive terminais portáteis.
Com relação à operação existe uma enorme variedade, não apenas de serviço para serviço, como
ainda, dentro de um mesmo serviço pode apresentar várias modalidades. Contudo podemos
reconhecer a existência de dois aspectos essenciais:
1. O estabelecimento das condições de acesso na rede, de um ponto a outro, na comunicação
desejada;
2. O controle de fluxo de sinais pela rede, de modo a garantir que os sinais possam ser escoados
e não sejam perdidos nem superpostos com outros.
No que se refere ao estabelecimento das condições de acesso, é evidente que o acesso só será
possível se a topologia garantir conectividade, isto é, se for possível achar um caminho que
saindo de um nó terminal chegue até o outro nó terminal, passando por enlaces e nós disponíveis
na rede. Entretanto, mesmo que exista um caminho factível na topologia, a conexão só será
possível se a ligação for permitida na rede.
Há ainda outros dois pontos que devemos considerar. Primeiro, uma vez que a rede terá vários
terminais ligados a ela, ou seja é preciso haver uma identificação precisa para individualizar os
pontos de origem e destino da comunicação. O esquema usualmente adotado neste sentido é o
de adoção de um código numérico ou alfanumérico de identificação.
E segundo, é que pode haver mais de um caminho possível na rede e é preciso selecionar um
deles para efetuar a conexão. Geralmente se adota um algoritmo de economicidade, buscando,
por exemplo, o caminho mais curto disponível. Este procedimento de seleção é referido como
encaminhamento ou roteamento pela rede.
Supondo o possível acesso, é preciso estar atento para quando existe apenas uma fonte emissora
de sinais, ou quando cada fonte possui um canal específico (conseguido por separação no
espaço, separação em freqüência ou separação no tempo) nestes casos a questão é trivial,
porque estas fontes podem enviar seu sinal quando desejarem.
Mas um problema surge quando um mesmo canal for compartilhado por mais de uma fonte. Neste
caso é necessário estabelecer uma disciplina operacional para que apenas uma fonte use, de
cada vez, o canal de uso comum.
Segundo a LGT – Lei Geral de Telecomunicações, Serviço de telecomunicações é o conjunto de
atividades que possibilitam a oferta de telecomunicação. Consultando à ANATEL nos podemos
obter informações dos diversos serviços que são atualmente oferecidos. De modo sucinto, temos
a classificação dos sistemas:
O Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanais - MMDS é uma das modalidades de
serviços especiais, regulamentados pelo decreto nº 2196, de 08 de abril de 1997, que utiliza a
faixa de microondas para transmitir sinais a serem recebidos em pontos determinados dentro
da área de prestação do serviço.
O Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) é o serviço de telecomunicações que, por meio
de transmissão de voz e de outros sinais, destina-se à comunicação entre pontos fixos
determinados, utilizando processos de telefonia. São modalidades do Serviço Telefônico Fixo
Comutado destinado ao uso do público em geral: o serviço local, o serviço de longa distância
nacional e o serviço de longa distância internacional.
Serviço móvel celular é o serviço de telecomunicações móvel terrestre, aberto à
correspondência pública, que utiliza sistema de Radiocomunicações com técnica celular,
interconectado à rede pública de telecomunicações, e acessado por meio de terminais
portáteis, transportáveis ou veiculares, de uso individual.
O Serviço de Rede de Transporte de Telecomunicações é destinado a transportar sinais de
voz, telegráficos, dados ou qualquer outra forma de sinais de telecomunicações entre pontos
fixos.
Serviços compreendidos na prestação do Serviço de Rede de Transporte de
Telecomunicações.
Serviço Especial de Repetição de Sinais de TV e Vídeo.
Serviço Especial de Repetição de Sinais de Áudio.
Serviço por Linha Dedicada.
Serviço por Linha Dedicada para Sinais Analógicos.
Serviço por Linha Dedicada para Sinais Digitais.
Serviço por Linha Dedicada para Telegrafia.
Serviço por Linha Dedicada Internacional.
Serviço por Linha Dedicada Internacional para Sinais Analógicos.
Serviço por Linha Dedicada Internacional para Sinais Digitais.
Serviço por Linha Dedicada Internacional para Telegrafia.
Serviço de Rede Comutada por Pacote.
Serviço de Rede Comutada por Circuito.
Serviço de Comunicação de Textos – Telex.
O Serviço Limitado Privado é uma sub-modalidade de Serviço Limitado telefônico, telegráfico,
de transmissão de dados ou de qualquer outra forma de telecomunicações, de interesse
restrito, destinado uso próprio do executante, seja este uma pessoa natural (física) ou jurídica.
Esse serviço está vinculado à Superintendência de Serviços Privados e consequentemente à
Gerência Geral de Serviços Privados de Telecomunicações.
O Serviço de Distribuição de Sinais de Televisão e de Áudio por Assinatura via Satélite é uma
das modalidades de serviços especiais regulamentados pelo decreto n.º 2.196 de 08/04/97,
que tem como objetivo a distribuição de sinais de televisão ou de áudio, bem como de ambos,
através de satélites, a assinantes localizados na área de prestação de serviço.
Os Serviços Público-Restritos são serviços de telecomunicações destinados ao uso de
passageiros dos navios, aeronaves, veículos em movimento ou ao uso do público em
localidades ainda não atendidas pelo Serviço Público de Telecomunicações.
Espectro Eletromagnético
A Tabela abaixo dá os valores aproximados em comprimento de onda, freqüência e energia para
regiões selecionadas do espectro eletromagnético.
Notamos que a luz visível, os raios gamas e as microondas são todas manifestação do mesmo
fenômeno de radiação eletromagnética, apenas possuem diferentes comprimentos de onda.
O espectro visível pode ser subdividido de acordo com a cor, com vermelho nos comprimentos de
onda longos e violeta para os comprimentos de onda mais curtos.
O espectro eletromagnético é o intervalo completo da radiação eletromagnética. Se tomarmos a
ordem de energia decrescente e comprimento de onda crescente o espectro eletromagnético
inclui:
Raios gama é um tipo de radiação eletromagnética que possui o comprimento de onda mais
curto e, consequentemente, a mais alta freqüência em todo o espectro eletromagnético. Isto
também implica que os raios gama possuem a mais alta energia entre todas as formas de
radiação eletromagnética. Usualmente chamamos de raios gama qualquer fóton que tem
energia maior do que, aproximadamente, 100 keV. Os raios gama são muito penetrantes. Na
Astrofísica os raios gama fazem parte do domínio da chamada Astrofísica de Altas Energias.
Raios X, é uma região (ou banda) do espectro eletromagnético que está localizada entre a
região do ultravioleta e a região de raios gama tendo, portanto, comprimentos de onda mais
curtos do que a luz ultravioleta e mais longos do que os raios gama. Isto nos mostra que a
radiação X tem um comprimento de onda extremamente curto. Se o comprimento de onda é
curto, a freqüência é alta o que significa que os fótons de raios X tem uma energia muito alta.
Deste modo, os fótons de raios X são mais energéticos do que os fótons no ultravioleta mas
menos energéticos do que aqueles da banda de raios gama. A radiação X é uma radiação
eletromagnética muito penetrante. Ela é capaz de atravessar o tecido da pele humana mas é
parada pelos ossos densos. Esta propriedade torna os raios X muito valiosos para a
medicina. Os raios X não são percebidos pelo olho humano. Dizemos que esta radiação é
"azul" demais para que nós, humanos, possamos ve-la. No entanto, para a Astrofísica os raios
X são muito importantes pois vários fenômenos que ocorrem no Universo emitem radiação
nestes comprimentos de onda. Dependendo de sua energia, os raios X são classificados como
raios X "soft" e raios X "hard".
Ultravioleta (UV), é a região (também chamada de banda) do espectro eletromagnético que
gera comprimentos de onda que variam de 91,2 nanometros (nm) a 350 nm. Ela está,
portanto, localizada entre a região do visível e aquela dos raios X. Consequentemente, os
fótons que compõem a luz ultravioleta são mais energéticos do que os fótons que formam a
luz visível. Esta radiação eletromagnética tem comprimento de onda mais curto do que a
extremidade violeta do intervalo de luz visível. A atmosfera da Terra efetivamente bloqueia a
transmissão da maior parte dos comprimentos de onda da radiação ultravioleta. Uma outra
característica importante da radiação ultravioleta é o fato de que ela não é percebida pelo olho
humano. Dizemos que a luz ultravioleta é tão "azul" que nós, humanos, não podemos ve-la.
Assim, a luz ultravioleta é uma radiação eletromagnética invisível formada por comprimentos
de onda muito curtos. No entanto, ela pode ser "vista" pelas suas conseqüências. A cor
"bronzeada" que voce obtém após uma exposição ao Sol é resultado direto da interação entre
os raios ultravioletas emitidos pelo Sol e uma substância chamada melanina que existe na sua
pele.
Visível, é a radiação eletromagnética emitida em comprimentos de onda que o olho humano
pode ver. Nós podemos perceber esta radiação como cores que variam do vermelho ao
violeta. A região do vermelho possui comprimentos de onda mais longos, da ordem de 700
nanometros enquanto que o violeta apresenta comprimentos de onda mais curtos, da ordem
de 400 nanometros.
Infravermelho, é uma região (ou banda) do espectro eletromagnético que está situada entre as
regiões do visível e a de microondas. Deste modo, vemos que a radiação infravermelha é uma
radiação eletromagnética com comprimentos de onda longos, o que a coloca na parte invisível
do espectro eletromagnético. Consequentemente, os fótons da luz infravermelha são menos
energéticos do que os fótons que compõem a luz visível. A radiação infravermelha não é
percebida pelo olho humano. Dizemos que esta radiação é "vermelha" demais para ser
percebida visualmente por nós, humanos. No entanto, nós sentimos a presença de ondas de
radiação infravermelha por meio do calor. Alguns animais, tais como as cobras, enxergam
neste intervalo de comprimentos de onda, percebendo o calor emitido pelas suas futuras
presas. Para a Astronomia esta região espectral é muito importante. A radiação infravermelha
é emitida por nuvens frias de poeira interestelar, estrelas frias e galáxias que estão formando
estrelas. No entanto, o vapor da água presente na atmosfera da Terra absorve fortemente esta
radiação, ou seja, aquela com comprimentos de onda que está além daquele da luz vermelha
visível. Isto torna muito difícil a observação, nesta região do espectro, se utilizarmos
equador deixa algumas regiões polares sombreadas. Também elevasse as dimensões dos
equipamentos pelo uso de grandes potências, reduzisse a portabilidade e dificulta atendimentos
de massa. Outra característica importante são os atrasos na comunicação, comprometendo
aplicações e sistemas. O atraso por enlace é de aproximadamente 120 ms, portanto 240 ms de
ida e volta. Envolvendo mais de um satélite, esse atraso aproxima de 1s, o que inviabiliza muitos
serviços. Outra variável importante na comunicação sem fio é o grande potencial de mercado.
Tailândia esse número já supera a casa dos 20%, apesar da baixa disponibilidade de serviços
telefônicos. Espera-se que já no início do próximo século um em cada três telefones será móvel,
ou 415 milhões dos projetados 1,4 bilhões de telefones. É um mercado que dobra a cada ano e,
considerando a elevada redução de custos, pode ser uma previsão pessimista.
É o segmento de telecomunicações com a maior taxa de crescimento, com uma taxa esperada de
30 a 40% por ano. O Brasil tem feito uso da comunicação via rádio por muitos anos. Em
telecomunicações as comunicações via rádio analógicos têm sido freqüentes em telefonia
interurbana, e também em telefonia celular desde o início dos anos 90. Nos últimos dois anos o
mercado tem experimentado um crescimento acelerado e com expectativas de uma expansão
ainda maior. Um mercado de 4,5 milhões de celulares em São Paulo no ano 2000 é otimista se
comparado com a expectativa governamental de aproximadamente 10 milhões em todo o Brasil.
A redução de custos é acompanhada por uma acentuada elevação da demanda. Embora o preço
pelo uso de um telefone celular ainda seja muito elevado se comparado a um telefone fixo, o
sucesso é confirmado pela mobilidade e facilidades que este serviço oferece. Essa diferença de
preço, no entanto, tornase cada vez menor. A redução de preços é compensada pela elevação do
número de usuários. Outra relação de referência é o custo por usuário versus a distância a sua
central. Apesar das variações de custos de empresa para empresa, o que sempre se observa é
um custo constante por usuário do sistema celular enquanto o custo do cabo é crescente com a
distância.
Essa inovação pode provocar uma revolução sem precedentes e já mais imaginada, capaz de
provocar mudanças profundas na sociedade e se torna difícil prever qual é o futuro.
Por um século as redes telefônicas cresceram em dimensão mas com baixas mudanças
tecnológicas. Recentemente surgiram o fax, o telefone móvel, as comunicações via satélite, a
Internet.
Todas essas inovações foram inicialmente projetadas como de uso restrito e de luxo, mas
passaram rapidamente a serem movidas por grandes mercados e conseqüentes mudanças
tecnológicas. Neste contexto, a comunicação sem fio surge como uma forte inovação na medida
em que passa a ser um componente pessoal, que acompanha o usuário onde quer que ele esteja.
Do outro lado, a redução de custo contribui cada vez mais para facilitar o acesso. Tudo isso faz
com que a comunicação sem fio se torne um negócio capaz de ultrapassar todas as expectativas
hoje levantadas em torno da Internet.
Seguindo os aspectos levantados, os sistemas móveis apresentam como grandes vantagens a
mobilidade permitida ao usuário, o acesso direto a informação ou serviços e a independência de
cabeamento, reduzindo os custos e o tempo de instalação e disponibilização dos serviços.
Por outro lado, os sistemas também apresentam desvantagens com características bem
diferenciadas. O espectro de freqüência é bastante limitado e existem vários serviços que
demandam parte desse espectro. As questões de privacidade e segurança são bastante
delicadas, apesar do ganho conseguido com os sistemas digitais. A energia disponível em cada
unidade móvel é um fator de alta limitação, comprometendo o tempo de uso pelo usuário e
também exigindo sofisticados algoritmos para o rastreamento dessas unidades móveis e de
roteamento das informações. Por estar sujeito as interferências diversas, outros meios de
transmissão e geográficos e mobilidade do usuário, a garantia da qualidade do serviço é uma
atividade complexa. Finalmente, a própria complexidade tecnológica é outra desvantagem.
no de valor adicionado, já é realidade mesmo em países que ainda não decidiram privatizar suas
operadoras. Por decorrência desse fenômeno, a maior parte das redes celulares do mundo tem
participação, pelo menos parcial, de capital internacional. Estimativas recentes indicam que
investidores internacionais estão presentes, hoje, em mais de uma centena de redes de celulares
em todo o mundo.
Outro fato notório nos anos recentes, em países desenvolvidos ou em desenvolvimento
empenhados em modernizar seus sistemas de telecomunicações, é a clara tendência para a
redução de custos tarifas e preços. Isto se deve ao efeito da assimilação de novas tecnologias e
da competição entre operadores, como ocorre também no Brasil. Uma tendência que deve se
acentuar em âmbito internacional, uma vez que o setor de telecomunicações não corre risco de
estagnação. Ao contrário, a cada momento é dinamizado por novas tecnologias, novas soluções e
novos serviços.
Há uma perspectiva de que, no futuro próximo, as plataformas atualmente utilizadas pelos
diversos serviços de telecomunicações ultrapassem os limites conhecidos, em decorrência da
digitalização e transformação das redes tradicionais em plataformas mais eficazes, com
capacidade para transportar muito mais informações do que as atuais, abrindo a perspectiva de
que tais plataformas se transformem em importantes vetores para o processo de convergência de
serviços. Este fato já é perceptível em vários países e responsável pela reorganização de
mercados, além de estimulador de fusões de empresas prestadoras de diferentes serviços de
telecomunicações. Em alguns casos, fusões surpreendentes e até pouco tempo atrás
inimagináveis.
Esse fenômeno fez surgir novos operadores internacionais, altamente capacitados e com grande
peso no mercado mundial. A convergência cada vez maior no campo das telecomunicações,
somada ao fenômeno das fusões, são fatores que começam a pressionar os legisladores na
direção de uma regulamentação ampla para os novos serviços, adequada também a uma nova
feição tecnológica. Tal necessidade vai ficando cada vez mais evidente nos países em que as
novas tecnologias e novos serviços se movem e se firmam mais rapidamente. No caso brasileiro,
a Anatel vem, desde sua instalação, em novembro de 1997, se ocupando de modo abrangente e
profundo dessa questão, como se mostra no próximo capítulo.
Não obstante, aqui ou em qualquer país que integre ou caminhe para integrar a Sociedade da
Informação, outro ponto fundamental está na nova regulamentação das telecomunicações com
relação à interconexão das redes de diferentes operadores. Ela será cada vez mais necessária
para possibilitar que o usuário de uma rede se comunique com os de outras. A solução ideal
esbarra, porém, em um problema: a questão ora é tratada como comercial, ora como regulatória,
ora como técnica. Há que ser tratada de forma integrada.
A propósito, o que se observa em vários países é que a interconexão tem vital importância para a
consolidação dos modernos sistemas de telecomunicações. Encontrar a melhor solução neste
caso depende, fundamentalmente, de regulamentação adequada, a fim de que os ganhos
tecnológicos resultem em redução de preços para os consumidores. Nesta questão, nenhum
detalhe tem escapado à observação e atenção da Anatel.
Por fim, outro aspecto a ser levado em conta pelos órgãos reguladores em todo o mundo é
relativo aos recursos finitos de numeração. Um problema que tende a ganhar maiores dimensões,
no futuro próximo, pelo aumento significativo na demanda pelos serviços atuais e pelo surgimento
de novos serviços de telecomunicações. Muitos deles terão necessidade de numeração nacional,
internacional e, em alguns casos, global. São fatores que apontam para o conceito de
portabilidade dos números, independentemente do operador que esteja processando a
comunicação, mas, por outro lado, um conceito em grande escala dependente da expansão e
desenvolvimento das redes inteligentes.
O sistema brasileiro de telecomunicações iniciou os anos 60 baseado em um conjunto de redes e
serviços que funcionavam de forma bastante precária. No esforço para tirar o País dessa
incômoda situação foi promulgado, em agosto de 1962, o Código Brasileiro de Telecomunicações,
primeiro e importante marco na história das telecomunicações brasileiras na segunda metade
deste século. A precariedade, que em algumas áreas beirava o caos, tinha origem não apenas na
péssima qualidade do serviço e do atendimento, mas também na falta de coordenação entre as
empresas, o que agravava a situação. Ademais, nenhuma delas tinha compromissos com
diretrizes de desenvolvimento.
Esta precariedade se transformava numa quase impossibilidade quando o consumidor precisava
telefonar para uma localidade distante.
Para completar esse quadro, tanto União como Estados e Municípios podiam explorar a telefonia
diretamente ou mediante outorgas, cada esfera com autoridade também para definir tarifas. As
mudanças foram lentas.
Para mudar este cenário foi criada, em 1965, a Empresa Brasileira de Telecomunicações –
Embratel – com a principal missão de interligar o território nacional e viabilizar a comunicação
internacional automática.
Em 1967 o poder de outorga dos serviços de telecomunicações foi concentrado na União. Não
obstante, no final da década de 60 havia no Brasil mais de mil empresas telefônicas, pequenas e
de médio porte, cada uma atuando segundo seus próprios interesses.
A criação da Telebrás, em 1972, deve ser considerado outro marco expressivo desta metade do
século para resgatar o País da precariedade de seu sistema de telecomunicações. Criada com o
propósito de planejar e coordenar as telecomunicações em âmbito nacional, a Telebrás
imediatamente adquiriu e absorveu empresas que prestavam serviço telefônico em todo o País,
consolidando-as em empresas de âmbito estadual – as 27 estatais privatizadas em julho de 1998.
A Telebrás conseguiu, de fato, retirar a telefonia brasileira da precariedade. Mais do que isso:
organizou o sistema e deu um perfil profissional às telecomunicações brasileiras, num trabalho
apontado como notável, mas que não resistiu a alguns equívocos com origem fora da Telebrás.
Por essa razão, o Sistema chegou à metade da década de 90 muito aquém dos investimentos
necessários e com perfil tarifário inadequado.
A distorção tarifária tinha raízes antigas. Antes mesmo da criação da Telebrás, as tarifas eram
fixadas segundo critérios totalmente dissociados dos custos dos serviços correspondentes,
procedimento impensável em termos de saúde empresarial. Com o advento da Telebrás, as tarifas
passaram a ser fixadas pelo governo, mas com o interesse centrado na contenção do processo
inflacionário.
O segundo motivo que levou o Sistema Telebrás à exaustão foram as restrições à gestão
empresarial. Em vez de se disciplinar as empresas estatais pela exigência de resultados, preferiu-
se o controle de meios, que além de ineficaz, retirou a flexibilidade operacional das empresas do
Sistema.
Um terceiro motivo contribuiu para a exaustão financeira das empresas formadoras do Sistema
Telebrás: a acomodação decorrente do monopólio, da falta de competição. Por esse somatório de
razões, indicadores apontavam, no período anterior à quebra do monopólio estatal, que o tráfego
telefônico havia aumentado significativamente no serviço local e mais ainda no serviço de longa
distância – interurbanos –, sem que as empresas dessem conta da demanda de forma satisfatória.
Aqueles, entre outros indicadores, eram não apenas inaceitáveis, mas asfixiantes do Sistema
Telebrás, já à beira de um colapso. Por falta de pesquisas, não se conhecia a demanda por novas
linhas e nem o número de pessoas e empresas aguardando ou querendo comprar um terminal
telefônico. Sabia-se, no entanto, que a quase totalidade dos telefones residenciais estavam nas
mãos de cerca de 20% das famílias brasileiras com renda mensal superior a R$ 1.000,00.
Não fosse suficiente os mais pobres não disporem de recursos para ter acesso à telefonia
residencial, os mais abastados e possuidores desse benefício pagavam a ridícula quantia de R$
0,44 como tarifa mensal de assinatura. Pequenas e médias empresas não tinham como se safar
da falta ou dos problemas causados por serviços de qualidade degradada, proeza que as grandes
corporações conseguiam, em parte, com a montagem de redes privadas para atender suas
faz parte dessa sociedade, com o mérito adicional de constituir, hoje, ponto de referência
internacional na revolução que, em todo o mundo, constrói modelos modernos de
telecomunicações.
Por esse somatório de razões e de modo gradual e seguro, o País está sendo capaz de adequar
sua estrutura de telecomunicações ao novo cenário da globalização. Busca, assim, que a
aplicação mais eficiente dos recursos tecnológicos culmine em infra-estrutura partilhável por todos
os segmentos da sociedade brasileira. Tal como concebido pela visão político-estratégico¬social
do ex-ministro Sérgio Motta, o Brasil caminha célere para se organizar, no campo das
telecomunicações, em consonância com um modelo produtivo global que exige, além da dinâmica
da informação, que o conhecimento se sobreponha aos tradicionais meios de produção.
Apontam os fatos, que as telecomunicações brasileiras deram passos importantes após a quebra
do monopólio, mas principalmente no ano e meio de privatização completado em dezembro de
1999. Investimentos superiores a US$ 13 bilhões apenas em 98, aporte de novas tecnologias, de
equipamentos, redes e serviços associados à informática colocam o Brasil em elevado patamar
nas áreas de geração, armazenamento, uso e disseminação de informações nos modos de voz,
dados, textos, sons e imagens. Pertencemos à Sociedade da Informação. Mais: as
telecomunicações brasileiras não apenas têm um novo, moderno e dinâmico perfil; já estão, em
grande parte, preparadas para o futuro.
Iniciada em janeiro de 1995 pelo governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, a
reestruturação do sistema brasileiro de telecomunicações, com vistas à implementação de novo
modelo para o setor, está promovendo verdadeira revolução não apenas no campo das
telecomunicações, mas também em segmentos a elas correlatos. Revolução que já mostra
positivos e palpáveis reflexos sociais e econômicos, embora no princípio alguns não acreditassem
que o Brasil conseguiria desatar as amarras e privatizar 26 empresas de telefonia celular e 27
operadoras de telefonia fixa e uma de longa distância. Conseguiu e foi mais longe.
Para abrir o mercado e deslanchar a grande e ousada obra era necessário, antes, construir um
arcabouço regulatório. Em grande parte essa estrutura está pronta e, graças à preparação e
implementação de boa parcela desses documentos, os últimos cinco anos das telecomunicações
brasileiras foram marcados por fatos relevantes. Fatos possíveis porque balizados por uma
legislação moderna, de ampliada visão política e socio-econômica, além de sintonizada com o
novo patamar tecnológico que está mudando as telecomunicações em todo o mundo.
O primeiro e expressivo marco da nova fase das telecomunicações brasileiras veio em agosto de
1995, quando o Congresso Nacional promulgou a Emenda Constitucional Nº 8, que extinguiu o
monopólio estatal nas telecomunicações, se constituindo no primeiro passo do País rumo ao novo
modelo de desenvolvimento para o setor. Paralelamente, todos os esforços eram desenvolvidos
no Ministério das Comunicações para elaboração da primeira edição do PASTE, então
denominado Programa de Recuperação e Ampliação do Sistema de Telecomunicações e do
Sistema Postal.
Vencidas essas etapas, o Ministério das Comunicações elegeu como alvo a aprovação da
chamada Lei Mínima. Uma legislação pensada para encurtar
o caminho no rumo da abertura do mercado, antes da formulação de uma Lei Geral, que se sabia
demorada. Aprovada em 1996, a Lei Nº 9.295, ou Lei Mínima, como ficou conhecida à época,
organizou os serviços Móvel Celular, de Transporte de Sinais de Telecomunicações por Satélites
e os Limitados e a utilização da rede pública de telecomunicações para a prestação de Serviço de
Valor Adicionado. Com a Lei Mínima, estava montada, também, a estrutura para se colocar à
venda as autorizações para exploração da Banda B da telefonia celular por empresas nacionais e
estrangeiras.
A série de documentos produzidos até o final de 1999, especialmente os relacionados com fatos
relevantes que marcaram as telecomunicações brasileiras nos últimos cinco anos, são
mencionados no anexo B desta publicação. Deve-se abrir espaço aqui, porém, para rápido
comentário sobre os documentos considerados fundamentais em todo esse processo.
O primeiro desses documentos foi a LGT, Lei Geral das Telecomunicações, aprovada pelo
Congresso Nacional em 16 de julho de 1997. Foi essa lei que autorizou a privatização do Sistema
Telebrás e definiu a feição do novo modelo das telecomunicações brasileiras; que sinalizou para
os mercados, nacional e internacional, o início de uma nova fase de regras claras, confiáveis,
oferecendo respaldo ao Governo brasileiro para empreender a obra de reestruturar e modernizar o
sistema nacional de telecomunicações.
Foi a mesma LGT que criou a Agência Nacional de Telecomunicações, pensada para, numa
primeira etapa, viabilizar as privatizações e, depois, desenvolver os trabalhos permanentes e
abrangentes de regulamentar, outorgar e fiscalizar.
A par da Lei Geral das Telecomunicações, cinco outros textos – estes já concebidos e
implementados pela Anatel, em 1998 – formam a estrutura básica regulamentar do novo modelo
das telecomunicações brasileiras no que tange à telefonia fixa. São eles:
1. Plano Geral de Outorgas – PGO: Em vigor desde abril de 1998, dividiu o Brasil em quatro
regiões para a exploração do Serviço Telefônico Fixo Comutado, fixou o número de
operadoras deste serviço para cada uma delas e estabeleceu os prazos de vigência de
contratos e de admissão de novas prestadoras de serviços de telecomunicações, com vistas à
competição. O PGO foi fundamental para a privatização. Concebido com base no binômio
maior benefício ao usuário e justa remuneração da empresa operadora, foi esse Plano que
garantiu a política de universalização dos serviços de telecomunicações e estabeleceu as
linhas de competição entre as empresas do setor. Competição iniciada no modo de duopólio –
apenas duas empresas concorrentes –, mas que após dezembro de 2001 estará franqueada à
entrada de novos competidores.
2. Plano Geral de Metas de Universalização – PGMU: Este documento representou outro avanço
no campo regulatório. Aprovado pelo Decreto n° 2.592, de maio de 1998, definiu as
obrigações das empresas concessionárias do serviço telefônico fixo comutado, no tocante às
exigências para universalização dos serviços. O PGMU representa um primeiro grande passo
para a universalização dos serviços de telecomunicações. Em síntese, é a aplicação do
princípio constitucional de isonomia que, visando atender às necessidades e direitos do
usuário de telefonia, pode ser assim compreendida: a obrigação de cada concessionária de
telefonia fixa oferecer, em sua área de operação, acesso a qualquer pessoa aos seus
serviços, com qualidade, quantidade e diversidade adequadas e preços justos, independente
de sua localização geográfica ou condição econômica, na zona rural ou em pequenas
localidades e áreas de urbanização precária.
3. Plano Geral de Metas de Qualidade – PGMQ: Estabelece as metas de qualidade a serem
cumpridas pelas prestadoras de serviço de telefonia fixa, em regime público ou privado, tendo
sempre como referência primeira as necessidades e interesses do usuário. Esse conjunto de
metas, tal como ocorre com o PGMU, é de cumprimento obrigatório pelas operadoras e não
existia antes da privatização. Aprovado pelo Conselho Diretor da Anatel, por meio da
Resolução Nº 30, de 29 de junho de 1998, o Plano Geral de Metas de Qualidade completou o
conjunto de regras básicas a serem seguidas pelas concessionárias e, a partir de 2000, no
que couber, também pelas autorizadas – empresas-espelho – que operam no segmento da
telefonia fixa.
4. Contrato de Concessão para Prestação do Serviço Telefônico Fixo Comutado: Trata-se do
instrumento jurídico que estabelece prazo de duração das concessões, condições de
prestação do STFC pelas concessionárias, direitos e obrigações destas, obrigações do Estado
e prerrogativas da Anatel. Os Contratos de Concessão estabelecem, de outra parte, os direitos
dos usuários, bem como as sanções aplicáveis às concessionárias em caso de
descumprimento de seus compromissos; garantem a aplicação de normas e regulamentos
assumidos pela concessionária, além do provimento de um serviço com qualidade. Constitui,
ainda, instrumento poderoso à disposição da Agência e da sociedade para a cobrança de
resultados.
Além desses cinco instrumentos, cabe lembrar ainda outros que tratam dos serviços de uma
forma geral. São eles:
Regulamento dos Serviços de Telecomunicações: Regulamentação complementar à Lei Nº
9.472, de 1997, que veio caracterizar os condicionamentos gerais a que estarão sujeitos as
prestadoras e os usuários de serviços de telecomunicações, em função do regime de
prestação (público ou privado) e da abrangência do interesse (restrito ou coletivo) a que os
serviços atendem. Este instrumento está articulado com regulamentos específicos de cada
serviço, planos estruturais e normas técnicas, compondo o arcabouço regulamentar que
disciplina as atividades relativas à prestação e à fruição de serviços de telecomunicações no
Brasil.
Regulamento para Apuração de Controle e de Transferência de Controle em Empresas
Prestadoras de Serviços de Telecomunicações: Disciplina a apuração e a transferência do
controle acionário das empresas prestadoras dos serviços de telecomunicações, visando
atender às exigências legais. Objetiva regular o processo de controle, prevenção e repressão
das infrações da ordem econômica no setor de telecomunicações.
Regulamento de Licitação para Concessão, Permissão e Autorização de Serviço de
Telecomunicações e Autorização de Uso de Radiofreqüência:
Instrumento que regula o processo público de seleção de prestador para obtenção de
concessão, permissão ou autorização necessárias à exploração dos serviços de
telecomunicações.
Regulamento Conjunto de Compartilhamento de Infra-Estrutura entre os Setores de Energia
Elétrica, Telecomunicações e Petróleo: Garante o uso compartilhado de servidões
administrativas, postes, condutos, dutos, torres, cabos metálicos e coaxiais e fibras ópticas
não ativados, de forma não discriminatória e a preços e condições justos e razoáveis.
Nos segmentos de serviços móveis, outros serviços fixos e serviços de comunicação de massa
merecem destaque:
Plano de Serviço Pré-pago no Serviço Móvel Celular: Plano de Serviço do SMC que se
caracteriza pelo pagamento, por parte do seu usuário, previamente à utilização do serviço, por
meio de cartões associados a valor ou qualquer outra forma homologada pela Anatel.
Protocolo de Compromisso para Acompanhamento da Prestação do Serviço Móvel Celular:
Baseado num conjunto de indicadores, que devem ser apresentados periodicamente pelas
prestadoras à Anatel, Estabelece metas e níveis de qualidade do serviço a serem atingidos.
Manual de Coordenação para Sistemas Paging Unidirecional e Manual de Coordenação para
Sistemas Troncalizados – Países Membros do Mercosul: Estabelecem os procedimentos que
devem ser aplicados para a coordenação do uso de freqüências pelas estações centrais,
radiobase ou estações repetidoras destinadas àqueles serviços, que operem em zonas
fronteiriças dos países integrantes do Mercosul.
Plano de Autorizações do Serviço Especial de Radiochamada: Define as áreas de prestação
do Serviço Especial de Radiochamada e estabelece a canalização a ser utilizada em cada
área de prestação de serviço e o número referencial de autorizações para cada uma delas.
O que se deseja mostrar é a grande diferença entre passado e presente. No novo modelo das
telecomunicações brasileiras existem compromissos firmados e uma instituição fiscalizadora
independente que cobra resultados e pune os faltosos. Antes da privatização também não se
exigia das empresas compromissos de expansão e universalização. Cada uma fixava suas metas
de acordo com as conveniências empresariais, limites orçamentários, e não necessariamente com
as carências da sociedade. Não eram cobradas porque fiscalizadas pelo próprio dono, a própria
empresa holding – a Telebrás, e mesmo que nada realizassem não havia sanções. Hoje, as
infrações cometidas pelas operadoras podem resultar em multas de até R$ 50 milhões.
Em dezembro de 1994, véspera da revolução que, no ano seguinte, começou a reformular as
telecomunicações brasileiras, cerca de 800 mil pessoas tinham telefone celular em todo o Brasil.
Com a quebra do monopólio estatal, seguida pela introdução da competição em junho de 1997,
resultado da abertura da Banda B para exploração pela iniciativa privada, o segmento de telefonia
celular ganhou dinâmica. Em dezembro daquele ano entrou em operação comercial o serviço na
Banda B no Distrito Federal, fazendo com que a telefonia móvel tomasse novos e positivos
contornos a cada dia.
Um ano após a abertura do mercado, em julho de 1998, os telefones celulares em todo o País já
somavam 5,6 milhões de aparelhos em uso; mais um ano, e em julho de 1999 os telefones
celulares em operação atingiram 10,9 milhões, marca que os mais otimistas só esperavam para
fins de 1999 ou começo do ano 2000. A evolução não parou por aí: no final de 99 os celulares em
operação alcançaram a marca de 15,0 milhões, configurando densidade de 9,1 aparelhos por
grupo de 100 habitantes, contra 4,5 no fim de 1998. Cresceram a quantidade de telefones em uso
e também os serviços oferecidos aos usuários.
Ainda com relação aos telefones móveis celulares, vale registrar que seu custo caiu
vertiginosamente. Em 1990, a habilitação de um telefone celular na cidade do Rio de Janeiro
custava, em valores corrigidos, R$ 36,6 mil, e o serviço era precário. Em 1995, já em meio à
remodelação das telecomunicações no País, a habilitação havia caído para R$ 574,00, mas ter
um celular esbarrava em dois problemas: as empresas estatais não davam conta de atender à
demanda e não tinham condições para investir na ampliação e melhoraria de seus serviços.
Tudo mudou com a entrada em operação das empresas privadas. A concorrência acabou com as
filas e os tumultos para habilitação. Desde 1998, e cada vez com mais facilidades, é possível
habilitar celulares até sem custos, em promoções e nas próprias casas comerciais. Antecedendo a
chegada da terceira e revolucionária geração de celulares ao Brasil – aguardada para breve –,
assiste-se aqui a novo ímpeto de expansão do segmento, puxado pelos telefones pré-pagos, cujo
plano de serviço foi regulamentado em 1998 pela Anatel.
Sem custo de habilitação e de assinatura, as facilidades para aquisição do aparelho, além da
possibilidade de controle de gastos, sinalizam que o pré¬pago ocupará fatia importante do
mercado, repetindo-se aqui o que já vem ocorrendo em países desenvolvidos. O ano de 1999
terminou com os pré¬pagos já representando 38 % dos aparelhos celulares, muito acima dos 3%
do início daquele ano. Além disso, 86 % do crescimento da quantidade de aparelhos na área de
telefonia móvel celular, em dezembro de 1999, foram nesta modalidade. Não demorará muito e o
Brasil se assemelhará a países europeus e asiáticos em que o pré-pago ocupa 80 % da fatia dos
móveis celulares, não obstante o preço relativamente mais elevado no uso do serviço. Por fim, o
registro de que a telefonia móvel celular terá novo regulamento no Brasil, ainda no ano 2000.
As telecomunicações brasileiras alcançaram outros e positivos resultados, sob a égide do novo
modelo. No âmbito da telefonia fixa, a redução do custo abriu caminho para que todas as classes
sociais tenham telefone em casa. Até abril de 1997, para se ter acesso ao serviço telefônico
residencial, era necessário dispor de R$ 1.117,63 para entrar num Plano de Expansão, mas o
compromisso de instalar os telefones nem sempre era cumprido por inteiro pelas operadoras. Por
causa das dificuldades em obter um telefone, residencial ou comercial, em centros urbanos como
Rio de Janeiro e São Paulo era comum linhas telefônicas serem negociadas a R$ 7 mil e até R$ 9
mil, valores que retiravam de parcelas significativas de famílias a chance de ter um telefone em
casa.
O novo modelo das telecomunicações brasileiras mudou esse quadro, antes mesmo da
concorrência direta prevista para o início do ano 2000, com a entrada em operação das empresas-
espelho concorrentes das atuais operadoras de telefonia fixa. Graças às regras fixadas pela
Anatel para atender o interesse do cidadão, a habilitação de um telefone fixo custa, hoje, em torno
de R$ 50,00 na maioria dos estados, e apenas R$ 11,77 (sem impostos) em Goiás, no Distrito
Federal e no Paraná. Em resumo, o acesso à telefonia fixa está cada vez mais acessível a todas
as faixas da população, tal como propõe o princípio da universalização (telefone para todos).
O fato é que o novo modelo tem promovido alterações impensadas no tempo do monopólio. No
pós-privatização, o usuário está pagando menos por um serviço que melhora e se diversifica a
cada dia. Em 1994, a cesta básica (conta média) dos serviços de telefonia fixa residencial
(habilitação, assinatura, pulso local, valores de chamadas de longa distância nacional e
internacional) custava R$ 52,00; ao final de 1999 havia sido reduzido em 20% – R$ 42,00 em
valores nominais. Considerada a variação do IGP-DI no período, a redução seria ainda maior –
cerca de 50%.
Um dos sinais visíveis nesse quadro é o de que, antes do novo modelo, os mais pobres não
tinham recursos para usufruir da telefonia fixa residencial. Precisavam de mais de mil reais, para
entrar num Plano de Expansão, ou praticamente o valor de um carro popular zero, se recorressem
ao mercado paralelo de telefones. Pela mesma razão a quase totalidade dos telefones
residenciais pertenciam a 20% das famílias brasileiras, as mais ricas. Além disso, os mais
abastados se beneficiavam da ridícula tarifa de assinatura, de R$ 0,44, agora adequada para R$
11,70, valor perfeitamente compatível com o serviço. Essa alteração permitiu derrubar e
compensar os antigos valores de habilitação e abriu as portas da telefonia fixa para milhões de
famílias brasileiras, até então excluídas desse benefício.
Cumprida a etapa de privatização, o novo modelo das telecomunicações brasileiras promoveu
alterações e alcançou resultados positivos em outras áreas, fora da telefonia. Foi o que ocorreu
nos Serviços Via Satélite, antes explorados com exclusividade pela Embratel. A ação reguladora
da Anatel abriu espaços para atuação de outras empresas no segmento, a concorrência
aumentou a oferta de serviços e os preços começam a diminuir. Enfim, avanços favoráveis ao
consumidor e impensáveis no velho modelo.
Em termos de competição direta, outro fato importante foi a introdução da concorrência no
segmento de chamadas de longa distância, nacional e internacional, no início de julho de 1999.
Com o modelo adotado, com raros similares em todo o mundo, o usuário tem a possibilidade de
escolher a prestadora de serviço a cada chamada de longa distância. A alternativa colocou as
empresas em clima de concorrência permanente, num cenário onde qualidade, tarifas e preços
passam a ser atrativos fundamentais na conquista do assinante, tal como planejado. Implantada a
competição, já em agosto a concorrência entre as operadoras mostrava alguns descontos
promocionais de até 25%, com inegáveis benefícios para os consumidores.
Há que se registrar, porém, dois aspectos ainda negativos, apesar dos esforços, mas prestes a
serem superados. Em algumas áreas o serviço telefônico ainda não alcançou níveis estáveis de
qualidade. Existe, de outra parte, demanda reprimida por telefone fixo, acumulada nas décadas de
monopólio estatal e causadora de justa indignação por parte dos pretendentes a uma linha
telefônica. Essas deficiências não só estão sendo superadas como deverão ser totalmente
riscadas do cenário telefônico brasileiro com a entrada em operação das empresas-espelho.
As empresas-espelho, por operarem nas mesmas áreas e com o mesmo tipo de serviços das
atuais concessionárias, obedecem a regras mais flexíveis. Como compensação pela grande
vantagem desfrutada pelas empresas já em atividade – marca, estrutura, clientela –, as empresas-
espelho também estão autorizadas a utilizar, sem restrições e com exclusividade por quase dois
anos, a tecnologia WLL – Wireless Local Loop. Com essa tecnologia, as empresas-espelho não
dependerão do demorado e oneroso cabeamento para chegar ao ponto comercial ou à casa do
assinante, resida ele nos centros urbanos ou na zona rural. Em outras palavras, as empresas-
espelho atingirão e conquistarão, rapidamente, boa fatia do mercado de telefonia fixa, viabilizando
as empresas, instituindo a concorrência firme e contribuindo para pôr termo à demanda reprimida.
O segundo tipo engloba aquelas necessidades que serão atendidas de forma natural, em
decorrência da competição. Neste caso está o serviço telefônico demandado pela faixa de renda
logo abaixo das já atendidas. Esse horizonte mercadológico exigirá dos operadores novos modos
de atendimento, como já ocorre no segmento da telefonia móvel celular, onde os pré-pagos
surgiram como alternativa mais acessível que a convencional.
No terceiro tipo estão reunidas as necessidades que não se casam com os interesses das
empresas que competem no mercado. Importante, no entanto, é salientar que estes interesses
poderão ser despertados e estimulados por ação regulatória, para atender pequenas e remotas
localidades, ofensiva de expansão prevista no Plano Geral de Metas de Universalização em pleno
curso.
Por fim, o quarto tipo reúne as necessidades que, necessariamente, deverão ser atendidas às
expensas da sociedade, como é prática nos diversos países que já completaram a modernização
de seus sistemas de telecomunicações. No caso brasileiro, com recursos do FUST – Fundo para
a Universalização dos Serviços de Telecomunicações.
As necessidades da população brasileira, em termos de serviços de telecomunicações, podem ser
avaliadas, também, quanto à natureza dessas demandas potenciais. No primeiro plano, situam-se
as necessidades básicas relacionadas com educação e saúde, cujos quadros de precariedade,
em algumas áreas do País, podem ser alterados com a utilização dos modernos recursos das
telecomunicações, já disponíveis aqui. No plano seguinte, porém não menos importante, seguem-
se as necessidades de apoio à produção, segurança pública, e serviços de governo, para se ficar
só nesses exemplos.
O atendimento a essas necessidades está previsto no programa Br@sil.gov, um projeto elaborado
pelo Comitê Sobre a Infra-estrutura Nacional de Informações – C-INI –, aprovado pela Anatel e
entregue, no final de 1999, ao Executivo, e que pode ser assim resumido:
Uma ousada proposta para integrar os sistemas de telecomunicações dos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, nas esferas municipais, estaduais e federal, promovendo a convergência
de suas redes de telecomunicações numa Infovia – estrada eletrônica preparada com os recursos
da telecomunicação e da informática –, bidirecional, conectada à Internet e com capacidade para
transmissão de voz, texto, imagens e sons. A Infovia deve ser estendida a todo o território
nacional, com o concurso de Pontos Eletrônicos de Presença (PEP), principalmente nas menores
e mais remotas localidades. O programa abre fronteiras para a telemedicina e para a teleducação,
ao mesmo tempo em que coloca à disposição da sociedade um instrumento para busca de
informações e participação da cidadania nas discussões que envolvem os destinos do País.
Uma visão ampliada do Br@sil.gov está incluída no anexo C deste documento; a íntegra,
disponível nas bibliotecas convencional e virtual da Anatel – www.anatel.gov.br.
As telecomunicações têm características de essencialidade que tornam o serviço necessário e
desejado por todos os estratos sociais da população. Ademais, é fundamental como componente
de infra-estrutura econômica. Essa visão socioeconômica, a par da determinação governamental
de integrar todo o País na Sociedade da Informação, sinaliza expressivo horizonte mercadológico.
Não apenas isso: os resultados até aqui obtidos confirmam a racionalidade, modernidade e
alcance do novo modelo brasileiro de telecomunicações; indicam que tudo está sendo preparado
para viabilizar o mercado brasileiro como um dos mais promissores entre os países em
desenvolvimento.
O setor de telecomunicações no Brasil vem passando por profundas modificações, como a
introdução de novas tecnologias, a abertura do mercado à concorrência e a privatização dos
serviços de telecomunicações, acompanhada da evolução das necessidades e exigências dos
consumidores. Para promover o crescimento do setor face a tais mudanças e de acordo com as
necessidades do país, está sendo consolidado um novo arcabouço regulatório, baseado em dois
pilares fundamentais: a universalização e a competição.
Esse processo de transformação teve início com a acentuada expansão da rede de telefonia, no
sentido de permitir o atendimento de demanda por serviços de telecomunicações em condições
razoáveis e homogêneas dentro do país. Desta forma, estas mudanças visam, ainda, eliminar as
desigualdades regionais hoje existentes, visando um maior equilíbrio social, facilitando a vida do
cidadão e promovendo o crescimento do País.
Como resultado, haverá, no futuro próximo, um cenário no qual a população de baixa renda tenha
acesso não só ao serviço de telefonia básica, como também, à Internet e outros serviços de
interesse social. Melhor ainda, estes recursos poderão eliminar barreiras hoje existentes quanto
ao acesso do cidadão aos serviços essenciais, tais como educação e saúde.
O setor de serviços de telecomunicações pode contribuir para amenizar as desigualdades
proporcionando o crescimento da oferta de serviços, de acordo com as características da
necessidade de todos os segmentos da sociedade, principalmente aqueles mais carentes.
Com o intuito de difundir a educação às camadas mais pobres e localizadas geograficamente
longe dos grandes centros, o governo brasileiro criou programas do tipo TV ESCOLA e PROINFO,
que necessitam de infra-estrutura universalizada de telecomunicações. A partir de um contexto
onde toda a população tenha acesso àquela infra-estrutura, aplicações como ensino à distância,
capacitação de professores, controle de matrículas escolares, acesso à Internet, bibliotecas
virtuais, bancos de livros, campanhas nacionais de esclarecimento, dentre outras, serão
viabilizados por meio de modernos métodos empregando as facilidades das telecomunicações.
Em se tratando das necessidades relacionadas com a área de saúde, um espaço enorme pode
ser preenchido através do uso de recursos de telecomunicações, viabilizando ações em nível
individual ou comunitário e a melhoria da relação médico/paciente com a disponibilização de
informações sobre saúde em hospitais, postos comunitários, escolas ou em representações
governamentais.
Num cenário mais avançado, este espaço será preenchido com o desenvolvimento e o uso da
telemedicina, os prontuários médicos eletrônicos disponíveis em âmbito nacional, o controle da
distribuição de remédios, a automação de bancos de órgãos para transplantes, o diagnóstico e o
aconselhamento à distância, bem como, a automatização de processos como a marcação de
consultas e Cartão SUS, dentre outros.
Para o atendimento a estas necessidades – de educação e saúde – o Plano Geral de Metas de
Universalização prevê em seu artigo 5° que os estabelecimentos de ensino regular e instituições
de saúde, em todas as localidades com o Serviço Telefônico Fixo Comutado, deverão,
brevemente, ser atendidas num prazo máximo de uma semana. Isto não é apenas uma
recomendação, mas um compromisso contratual que as empresas concessionárias têm com o
governo e, mais ainda, com os cidadãos.
Assim, diante do contexto atual das telecomunicações no Brasil, deve-se buscar meios para
auxiliar no saneamento das necessidades básicas dos vários segmentos da sociedade,
proporcionando o acesso às informações relacionadas com educação, saúde e outros temas
considerados prioritários.
Esse cenário foi o principal motivador para a elaboração da “Proposta Para o Desenvolvimento e a
Cidadania – Br@sil.gov”, encaminhada pela Anatel ao Governo Federal como uma contribuição
da Agência, no sentido de se buscar soluções que disponibilizem uma eficiente infra-estrutura de
telecomunicações para as comunidades carentes ou do interior do país.
Nesse sentido, espera-se que o uso das tecnologias de transmissão sem fio, inclusive via satélite,
passe a desempenhar um papel fundamental nos próximos anos, devido às suas rápidas
capacidades de implantação, o investimento necessário inferior aos das outras tecnologias e a
possibilidade de uso em regiões menos atendidas por serviços de telecomunicações.
O Serviço Telefônico Fixo Comutado destinado ao uso do público em geral (STFC) – é definido no
art. 1º do Plano Geral de Outorgas como: “o serviço de telecomunicações que, por meio da
transmissão de voz e de outros sinais, destina-se à comunicação entre pontos fixos determinados,
utilizando processos de telefonia”. De acordo com essa definição, pode ser caracterizado quano
ao modo de transferência em 3,4 KHz - voz -, 7 KHz - audio -, ou 64 Kbits irrestrito ou seja, a
comunicação se estabelece sob demanda, de modo permanente ou semipermanente.
O STFC representa a forma mais usual de telecomunicações utilizada para comunicação
interpessoal por meio de acessos individuais (residenciais, empresariais etc.) ou coletivos
(telefones de uso público – TUPs – , telefones comunitários etc), de significativo impacto social em
um país com as características do Brasil. A tecnologia tradicional emprega técnicas analógicas de
transmissão e comutação de sinais e pares de fios metálicos – cabos telefônicos – por onde
trafegam sinais elétricos, modulados pela voz, para comunicação entre os usuários deste serviço.
Entretanto, os diferentes elementos da infra-estrutura do STFC têm sofrido profundo impacto
devido à evolução tecnológica. A principal mudança teve início há algumas décadas, com a
introdução da tecnologia digital, que vem revolucionando o meio das telecomunicações. Ela
consiste na transformação dos sinais de voz, imagens ou textos em sinais digitalizados – em bits.
Assim, eles podem ser transportados, armazenados e tratados da mesma forma que as
informações são processadas nos computadores. O resultado é uma melhoria significativa na
qualidade dos serviços, na ampliação do leque de serviços oferecidos e no ganho de
produtividade dos sistemas. No Brasil, o processo de digitalização da rede que suporta o STFC
teve início nos anos 80.
Mais recente que a digitalização, a tecnologia WLL -wireless local loop – vem se destacando no
mercado pela versatilidade com que permite o acesso de usuários às redes provedoras de STFC.
Consiste na substituição do cabo metálico que liga o usuário final ao centro de fios mais próximo
por um enlace via rádio. Seu impacto principal reside na potencial redução de custos resultante da
eliminação da necessidade de construção da onerosa infra-estrutura de redes de fios. Com o
WLL, os custos de instalação deixam de estar diretamente relacionados à distância entre a central
de comutação e o terminal do usuário.
Como conseqüência, surge a possibilidade de incorporação de novos usuários ao sistema,
sobretudo daqueles que se encontram em áreas rurais, a distâncias suficientemente grandes das
centrais de comutação que não justifiquem, do ponto de vista econômico, o atendimento com a
tecnologia tradicional. Consumidores com baixo potencial de uso do serviço também podem ser
beneficiados, uma vez que os investimentos e custos operacionais desse tipo de sistema estão
diretamente relacionados ao seu volume de utilização, diferentemente do acesso com fio que
exige equipamento dedicado para cada cliente.
No campo da comutação, a principal questão refere-se à implantação da telefonia via tecnologia
IP – Internet Protocol. Essa alternativa constitui-se na utilização de comutação por pacotes como
aquela utilizada na Internet, ao invés da utilização da comutação de circuitos tradicional. O
impacto dessa tecnologia trará um ganho de produtividade para o setor. A Anatel vem analizando
a questão da regulamentação de forma que a sociedade como um todo seja beneficiada.
Finalmente, na rede de transporte a implantação de extensas redes de fibra óptica interligando os
principais centros urbanos do País deverá possibilitar a transmissão de grandes volumes de
informação a altas velocidades, praticamente livres de congestionamento. O aumento da
capacidade de transporte resultante deverá contribuir para a redução dos custos de prestação de
serviços de longa distância. Deverá também possibilitar o aumento no tráfego de voz e de dados,
viabilizando a oferta de serviços avançados, o que, finalmente, resultará em uma sensível
melhoria na qualidade do serviço. Além da redução do nível de investimentos e dos custos dos
serviços, a consolidação dessas tecnologias deverá aumentar a competitividade do setor e
propiciar a transferência dos benefícios do avanço tecnológico para os consumidores.
Em síntese, a digitalização, o WLL, o avanço da tecnologia IP e o aumento da capacidade de
transporte por meio da implantação de extensas redes de fibra óptica sinalizam para um
redirecionamento dos investimentos do setor, com significativa redução de custos para a
prestação do STFC.
Além disso, estes aspectos também têm influência direta na competição entre as empresas do
setor. Por este motivo a Anatel reservou grande parte das freqüências destinadas à tecnologia
WLL, para serem utilizadas pelas Empresas Autorizadas – ou Espelhos – concorrentes das
Concessionárias do STFC durante o processo de implantação da competição no Setor.
Cabe, neste ponto, analisar a evolução do serviço e, com base no seu desempenho e nas
possibilidades oferecidas pelo desenvolvimento tecnológico, avaliar as perspectivas para os
próximos anos.
Os serviços móveis de telecomunicações são todos aqueles nos quais os usuários utilizam, para
se comunicar, terminais ou estações móveis. Reúnem o Serviço Móvel Celular – SMC, o Serviço
Móvel Global por Satélite – SMGS, o Serviço Móvel Especializado – SME e o Serviço Especial de
Rádio Chamada – SER, também conhecido como paging. Outro serviço que tem esta
característica é a Rádio Determinação. Estes serviços serão tratados ao longo dos próximos itens.
O Serviço Móvel Celular – SMC – é o serviço de telecomunicações móvel terrestre que permite a
comunicação entre um usuário portando uma estação móvel – telefone celular – com outro
usuário num telefone fixo ou móvel. Esta comunicação é possível quando o portador do telefone
celular está dentro da área de cobertura do serviço.
O SMC foi definido, quando da sua implantação como: “serviço de telecomunicações móvel
terrestre, aberto à correspondência pública, que se utiliza de um sistema de radiocomunicações,
com técnica celular, interconectado à rede pública de telecomunicações, e acessado por meio de
terminais portáteis, transportáveis ou veiculares, de uso individual”.
Neste serviço a comunicação se dá por meio de uma estação móvel – telefone celular - que,
utilizando ondas de rádio, comunica-se com estações rádio-base – ERB’s – interligadas entre si
por meio de Centrais de Comutação e Controle (CCC) e que se interconectam à rede pública de
telecomunicações. A área de cobertura de cada estação é denominada célula. O conjunto dessas
células, dispostas geograficamente, forma a rede de comunicação celular – figura IV.8 -, que dá o
nome ao serviço. A disposição geográfica e a quantidade de estações é estabelecida a partir do
tráfego de comunicações e da necessidade de cobertura contínua de cada região. Nos grandes
centros as estações são dimensionadas essencialmente em função do tráfego e nas estradas em
função de garantir a continuidade do serviço no trajeto.
Além da comunicação por voz, no SMC também são oferecidas outras funcionalidades, como
Serviços de Valor Adicionado. Dentre esses serviços, a Caixa Postal ou Correio de Voz é o mais
conhecido. Permite ao usuário ter uma mensagem de voz armazenada para ser ouvida
posteriormente. Além deste, uma série de outros serviços como Chamada em Espera,
Identificador de Chamadas e Serviço de Mensagens Curtas são oferecidos pelas operadoras.
As tecnologias digitais vêm, gradativamente, substituindo a analógica uma vez que apresentam
vantagens como melhor aproveitamento do espectro, melhor gerenciamento de rede e uma vasta
quantidade de serviços adicionais, inclusive acesso a dados e à Internet. Tudo isso contribui para
um melhor atendimento ao usuário e amplia as possibilidades de uso dos sistemas com ganhos
para as operadoras e conseqüente redução dos preços dos serviços. No Brasil, a telefonia celular,
até 1996, era totalmente analógica. A partir daí a digitalização vem ocorrendo rapidamente
fazendo com que o número de aparelhos digitais.
A digitalização das redes celulares abre caminho para a comunicação de dados e contribui para a
convergência de serviços, permitindo o surgimento de novas funcionalidades ou novos Serviços
de Valor Adicionado. O acesso sem fio à Internet deverá desenvolver e expandir as aplicações de
comunicação de dados, tais como o correio eletrônico. Esta mudança será ainda maior quando da
entrada em funcionamento dos novos serviços suportados pelos sistemas de terceira geração,
dentre os quais podemos caracterizar o IMT 2000 (International Mobile Telecommunications), que
é o padrão preconizado pela UIT (União Internacional de Telecomunicações).
A introdução do conceito de número único, da possibilidade do usuário ser localizado em qualquer
lugar do mundo – roaming mundial – e das aplicações do tipo acesso à Internet e multimídia,
revolucionarão por completo as comunicações móveis pessoais nos próximos anos.
uso corporativo, devido à sua principal característica conhecida como despacho, que é a
comunicação entre dois ou mais usuários de um mesmo grupo, onde a mensagem é transmitida
simultaneamente aos diversos integrantes. Opcionalmente, os usuários deste serviço podem
acessar os usuários dos outros serviços telefônicos.
O SME deve ser entendido como: “serviço móvel terrestre de telecomunicações, de interesse
coletivo, utilizado para a realização de operações tipo despacho e outras formas de
telecomunicações”.
As operações tipo despacho compreendem: “comunicação entre estações fixas e estações móveis
ou entre duas ou mais estações móveis, na qual uma mensagem é transmitida simultaneamente a
todas as estações ou a um grupo de estações e efetuada mediante compartilhamento automático
de um pequeno número de canais, de forma a otimizar a utilização do espectro”
A rede que suporta o SME vem evoluindo impulsionada pela digitalização e pelas facilidades e
novos serviços que vêm oferecendo a seus usuários, como os Serviços de Valor Adicionado. São
exemplos de facilidades a Identificação da Chamada e o Desvio – conhecido como “Siga-me”.
Entre os Serviços de Valor Adicionado estão Conferência entre Usuários e Caixa Postal de Voz.
Muito embora o mercado de SME esteja crescendo mundialmente, a densidade desse serviço é
ainda muito baixa, mesmo nos países desenvolvidos. Na América Latina, este fato se amplia,
verificando-se uma densidade muito menor do que a daqueles países.
O Serviço Móvel Especializado, utilizando tecnologia analógica, desenvolveu-se a partir de
pequenas empresas, já que no início do serviço a concessão de canais era bastante restrita.
Gradualmente, o setor se transformou, alinhado-se com as tendências de globalização. O
desenvolvimento de novas facilidades e de Serviços de Valor Adicionado aumentaram a utilidade
oferecida ao usuário com relação ao serviço, expandindo o mercado.
Em termos práticos, acabou-se restringindo as condições de prestação do serviço, destinando-o
unicamente ao segmento corporativo. Limitou-se a interconexão com a rede de suporte do STFC,
à quantidade de numeração disponível e impediu-se a interligação direta entre redes do SME.
Buscou-se com isso evitar a concorrência direta entre o SMC e o SME, pelo que entendeu-se,
naquele momento, ser fundamental para a consolidação do novo modelo de telecomunicações no
Brasil.
O Serviço Especial de Radiochamada – SER – , também conhecido como paging, é o serviço
móvel por meio do qual o usuário recebe informações em um aparelho receptor móvel portátil.
Neste serviço a comunicação se dá em duas etapas. Na primeira, a Central de Serviço recebe
uma chamada telefônica da pessoa que deseja passar a mensagem ao usuário do SER. Em
seguida, a informação é enviada ao receptor do usuário do serviço.
O SER é um: “serviço de telecomunicações destinado a transmitir, por qualquer forma de
telecomunicação, informações originadas em uma estação de base e endereçadas a receptores
móveis”.
A regulamentação existente estabelece as condições de operação e de outorga de autorizações
do serviço, definindo inclusive os tipos de outorgas quanto à abrangência geográfica no Serviço
Especial de Radiochamada. Estão também em seu escopo as obrigações vinculadas à outorga
das autorizações, as regras para interconexão das redes do SER com as outras redes de serviços
de telecomunicações e as regras para transferência de autorizações.
Existem hoje no país três tipos distintos de aparelhos receptores móveis: os de tom, os numéricos
e os alfanuméricos. As diferenças estão na tecnologia empregada, nos serviços oferecidos, na
forma de transmissão e recepção das mensagens e, consequentemente, nos custos para o
usuário e para as prestadoras.
As prestadoras do serviço no país se utilizam atualmente de dois protocolos de comunicação. O
POCSAG, o mais antigo, está em fase adiantada de substituição pelo protocolo FLEX que é mais
atual e permite uma melhor utilização do espectro de radiofreqüências. Este protocolo viabilizará o
lançamento dos novos serviços como os pagers bidirecionais e de voz.
São vários os fatores que influenciam a penetração do serviço internacionalmente. Dentre eles: o
desenvolvimento do país, o tempo em que o serviço está presente no mercado, a competição e a
regulamentação. Sua densidade é bastante diferenciada em cada país.
Em países da América Latina, o desenvolvimento do serviço vinha sendo acelerado pela escassez
de telefones fixos e móveis. Além disso, os altos preços praticados no setor de telefonia celular
ajudaram a posicionar o paging como um substituto daquele serviço, o que justifica a
predominância dos aparelhos alfanuméricos e, consequentemente, os custos mais altos em
relação a outros países.
Com os preços do Serviço Móvel Celular decrescendo, a introdução da facilidade de envio de
mensagens para um telefone celular e o lançamento dos pagers bidirecionais e de voz, vem
ocorrendo uma modificação no cenário competitivo para o serviço e uma conseqüente
necessidade de seu reposicionamento de mercado.
Os serviços móveis tratados anteriormente têm como finalidade principal a comunicação por voz,
embora venha ganhando forte destaque sua utilização para a localização de veículos, cargas e
pessoas.
Entre as aplicações destacam-se aquelas suportadas pelas redes móveis privadas e as
aplicações de radiodeterminação e radiolocalização.
As aplicações suportadas pelas redes móveis privadas propiciam a ampliação das atividades
empresariais, tais como serviços de entrega, de apoio a obras de engenharia, de mineração e de
transportes. Neste último, um exemplo é o Serviço de Rádio-Táxi.
A Radiodeterminação é definida como: “determinação da posição, velocidade ou outras
características de um objeto, ou a obtenção da informação relativa a esses parâmetros, por meio
das propriedades de propagação das ondas de rádio.”
Essa aplicação é voltada especialmente à localização e rastreamento de veículos, cargas e
pessoas, utilizando sistema automatizado móvel terrestre de rádio comunicações. Outra aplicação
é a monitoração de máquinas e equipamentos, que inclui as máquinas de vendas de refrigerante,
de gasolina, e os medidores de eletricidade.
Esses sistemas operam nas faixas de 170 MHz e 900 MHz, geralmente em modo simplex e com
transmissores localizados nos veículos ou com pessoas e nos sites de transmissão estacionável.
Em um dos modelos existentes os sinais provenientes das estações móveis devem ser recebidos
por no mínimo três estações exclusivamente receptoras instaladas na mesma infraestrutura das
estações fixas. As estações receptoras estarão ligadas por meio de linhas físicas a uma central de
processamento de sinais com objetivo de identificar a localização das estações móveis – veículos,
cargas e pessoas.
Espera-se um forte crescimento nesse mercado nos próximos anos, em especial para aplicações
associadas a sistemas de posicionamento global – GPS –, permitindo o oferecimento de dados de
localização, segurança e informações aos usuários.
Ainda para o futuro, prevê-se aplicações em veículos que ofereçam também acesso instantâneo
a: socorro e segurança, assistência aos motoristas, acesso a informações e entretenimento. A
primeira categoria inclui chamada de emergência a um centro de atendimento no caso de acidente
ou pane no veículo. A assistência aos motoristas reúne aplicações tais como navegação, dados
de tráfego e pontos de informação. O acesso a informações inclui transmissão de e-mails,
notícias, dados de meteorologia, esportes e bolsa de valores. Finalmente, o entretenimento em
suas diversas dimensões – jogos, filmes etc permitiria que as pessoas se mantivessem
conectadas também quando no seu carro.
O Serviço de Rede Especializado permite o provimento de soluções em serviços de
telecomunicações a clientes finais, em âmbito corporativo. O público alvo são as corporações que
com os nós ATM (Modo de transferência assíncrona) por anéis de fibras ópticas e sistemas de
transmissão SDH (Hierarquia digital síncrona). O acesso dos clientes pode ser feito via IP, Frame
Relay ou, nos casos que exigem velocidades maiores, em ATM.
O cenário mundial é extremamente otimista quanto à expansão dos serviços de telecomunicações
não somente em nível empresarial, mas fortemente também em nível residencial. A figura IV.20
apresenta, como exemplo, os gastos residenciais em 1998 nos Estados Unidos. Observa-se a
dimensão que a Intenet e a TV por Assinatura ocupam no conjunto de serviços de
telecomunicações.
Além disso, a convergência de tecnologias amplia a concorrência reduzindo o preço dos serviços
e possibilitando um largo alcance de todas as tecnologias.
A consolidação no Brasil do novo modelo institucional, definido a partir da reestruturação do setor,
incentivou a competição para os serviços de comunicação de dados e deverá estimular a oferta de
serviços com níveis de preço, qualidade e atendimento adequados. As forças de mercado
resultantes da introdução da competição, estão estendendo os serviços de comunicação de dados
a praticamente todo o território nacional.
Soma-se a isto o explosivo crescimento das aplicações baseadas em serviços de dados, como é o
caso das aplicações da Internet.
Os usuários têm vantagens como disponibilidade de serviços, qualidade, negociação de preços,
independência da tecnologia de suporte e, principalmente, a redução de investimentos na
atividade meio.
As tendências frente à ampliação da comercialização apontam para uma redução de preços e
soluções conforme as necessidades específicas dos usuários, ampliação do elenco de serviços e
uma diferenciação dos serviços pela agregação de valor adicionado.
O barateamento dos custos, proporcionado pelo desenvolvimento tecnológico nessa área, deverá
se refletir na deflagração de um intenso processo de ampliação da oferta deste serviço. Essa
tendência resultará na diminuição das barreiras de entrada nesse negócio, permitindo o
surgimento de um grande volume de operadores que atenderão nichos de mercado de pequeno e
médio portes.
Nos serviços fixos há outros grupos que hoje se destacam especialmente utilizando faixas de
radiofreqüências, cujas tendências mais fortes apontam para o uso das faixas de 3,5 GHz, 10,5
GHz e acima de 20 GHz, que possibilitarão o acesso sem fio em banda larga, permitindo o
provimento de serviços de voz, vídeo e dados.
Observa-se que o uso das faixas de freqüências citadas é dependente da aplicação, ou seja:
Faixa de 3,5 GHz: tipicamente destinada a aplicações em áreas semi-urbanas e rurais;
Faixa de 10,5 GHz: tipicamente destinada a aplicações em áreas urbanas e semi-urbanas com
células de até 15 km de raio;
Faixa de 20 GHz: tipicamente destinadas a aplicações em áreas urbanas densamente
povoadas, com pico-células de até 3 km de raio.
Novas empresas estão entrando no mercado como operadores de redes fixas, móveis, de TV por
assinatura e até como provedores de acesso à Internet. Isso significa que vários provedores
disputam o mesmo universo de usuários, oferecendo diferentes tipos de serviço.
Dentre as opções de infra-estrutura, o uso do segmento espacial tem desempenhado um papel
importante, pois o avanço tecnológico tem propiciado a redução dos custos destes sistemas,
tornando-os acessíveis para diversas aplicações.
A legislação brasileira prevê a exploração de satélite e a prestação de serviços de
telecomunicações usando satélites:
O Serviço DTH é entendido como: “o serviço de telecomunicações que tem como objetivo a
distribuição de sinais de televisão ou de áudio, bem como de ambos, através de satélites, a
assinantes localizados na área de prestação do serviço”.
O Serviço de Televisão por Assinatura é relativamente recente no Brasil e tem sofrido mudanças
estruturais significativas em função do que vem ocorrendo no mundo. No Brasil a sua
representatividade ainda é pequena. No entanto, há perspectiva de crescimento acelerado em
função da retomada dos processos de outorga para a prestação do serviço e da ampliação das
possibilidades de uso das redes para prestação de outros serviços de telecomunicações.
O Serviço de TV a Cabo usa uma topologia que consiste na distribuição de programas, a partir de
um cabeçal, por meio de redes de cabos até a residência dos assinantes. O cabeçal é um
conjunto de equipamentos que tem a função de gerar, armazenar ou receber, via satélite ou
sistemas terrestres, programas e prepará-los para distribuição.
No Serviço DTH a programação é enviada ao assinante diretamente do satélite, e é recebida por
uma antena em sua residência. Alcança, normalmente, todo o território nacional.
A digitalização dos sinais transmitidos pelos operadores do Serviço de Televisão por Assinatura
se apresenta como o grande diferencial tecnológico que permitirá uma melhoria tanto da
capacidade de transmissão de sinais como, por exemplo, a quantidade de programação oferecida,
quanto da qualidade do serviço prestado. Este fato terá influência na competição, com a
conseqüente redução dos preços.
A TV por Assinatura, no mundo, tem apresentado uma capacidade de evolução considerável,
principalmente quando se trata dos países mais desenvolvidos. Nos Estados Unidos, por exemplo,
o serviço por assinatura já alcança 82% dos domicílios, correspondendo a cerca de 80 milhões de
assinantes. Na América Latina, mesmo a Argentina e o Uruguai, que apresentam uma penetração
do serviço superior à média dos demais, têm uma densidade considerada baixa, menor do que 20
%. Este mercado, no Brasil, ainda é pouco explorado e tem um potencial de crescimento que
justifica a presença de novos operadores.
A evolução do mercado está evidenciando a predominância dos Serviços de TV a Cabo sobre as
demais modalidades – MMDS e DTH –, porém, em países como Inglaterra e Espanha, o DTH tem
predominado. As redes que suportam o serviço, cada vez mais, configuram-se numa alternativa
de provimento integrado de todos os serviços de telecomunicações e de valor adicionado
oferecidos ao consumidor, o que garante previsão de crescimento deste segmento do setor de
telecomunicações.
No Brasil o modelo de desenvolvimento da televisão por assinatura teve seu início no final da
década de 80 e início dos anos 90, com o MMDS e o DISTV – serviço de distribuição de sinais de
TV em áreas onde a televisão aberta não tinha boa recepção. Após 1995, com a aprovação da Lei
no 8.977, o DISTV foi transformado em Serviço de TV a Cabo. Em 1996 começou a exploração do
Serviço de DTH.
As concessões e autorizações vêm sendo outorgadas segundo um planejamento de cobertura dos
municípios brasileiros e nas áreas onde a competição se mostra oportuna. O mesmo acontecendo
onde se mostra necessário implantar novas facilidades, a fim de propiciar condições para a
universalização dos serviços de telecomunicações. Nas áreas economicamente mais atraentes,
vem sendo fomentada a implantação de modalidades diferentes dos serviços, permitindo a
competição entre MMDS, TV a Cabo e DTH, presentes nessas áreas.
O Serviço de Radiodifusão Sonora é definido no Regulamento Geral do Código Brasileiro de
Telecomunicações, aprovado pelo Decreto n.o 97.057/ 88 como: “o serviço de telecomunicações
que permite a transmissão de sons (radiodifusão sonora) destinado a ser direta e livremente
recebido pelo público”.
Esse serviço usualmente é referenciado simplesmente como Rádio e sua grande importância se
deve ao fato de ter cobertura nacional e atingir a totalidade das camadas sociais, levando
informação, cultura e lazer a praticamente toda a sociedade brasileira. Tem ainda papel destacado
como elemento de integração nacional.
Várias são as modalidades de serviço de rádio. Cada modalidade recebe a denominação da faixa
de freqüências das ondas eletromagnéticas que ocupa. Assim, tem-se o rádio em Ondas Médias –
OM , Ondas Tropicais – OT, Ondas Curtas – OC e em Freqüência Modulada – FM.
A tecnologia que suporta a prestação deste serviço está bastante consolidada e a transmissão é
feita por meio de ondas eletromagnéticas com amplitude modulada – AM ou freqüência modulada
– FM, ambas com técnica analógica.
Com o desenvolvimento tecnológico, nos próximos anos estará disponível a transmissão digital na
radiodifusão sonora, o que acarretará sensível melhoria na qualidade dos serviços.
A estratégia de atendimento à sociedade adotada tem como pontos básicos: tornar disponível pelo
menos um canal para cada município brasileiro no Plano Básico de FM e canal para a prestação
do serviço de radiodifusão comunitária para todas as localidades do território nacional. A
radiodifusão comunitária não tem fins lucrativos e as outorgas para a prestação desse serviço são
processadas com maior agilidade.
Quanto aos outros serviços, novos regulamentos técnicos e revisões de seus respectivos planos
básicos têm sido objeto de ação da Anatel. Tais medidas objetivam dar às demais modalidades
desses serviços o mesmo tratamento dado à rádio FM e à Rádio Comunitária.
Para os serviços nas faixas de Ondas Curtas – OC, Ondas Tropicais – OT e Ondas Médias – OM,
a oferta já está consolidada, tendo uma perspectiva de pouca alteração até 2.005. Ressalta-se, no
entanto, que a ampliação da faixa de freqüência prevista para ser alocada ao serviço OM,
implicará em ampliação de canais para esse serviço.
Para a faixa de Freqüência Modulada – FM, a evolução da oferta estará diretamente ligada às
diretrizes maiores de desenvolvimento para o Brasil, principalmente naquelas que dizem respeito
à movimentação populacional no sentido campo-cidade ou vice-versa, ou ainda entre as
diferentes regiões geo-econômicas.
Outro aspecto que deve ser ressaltado é o atendimento de pequenas comunidades com
transmissão de curto alcance, introduzido pela implantação de Rádios Comunitárias – RadCom –
em função da recente designação do canal para sua operação.
O Serviço de Radiodifusão de Sons e Imagens é definido no Regulamento Geral do Código
Brasileiro de Telecomunicações, aprovado pelo Decreto Nº 97.057/88, como: “o serviço de
telecomunicações que permite a transmissão de sons e imagens (televisão), destinado a ser direta
e livremente recebido pelo público”.
O Serviço de Radiodifusão de Sons e Imagens é também conhecido como Serviço de Televisão
Aberta ou simplesmente Televisão. Assim como o Serviço de Rádio, é um dos mais influentes
veículos de comunicação de massa existentes. Sua importância advém não apenas da ampla
cobertura geográfica dos serviços, como também da qualidade com que pode transmitir as
informações.
O Serviço de Radiodifusão de Sons e Imagens utiliza atualmente tecnologia analógica em suas
transmissões no País. Mundialmente, já estão disponíveis e em utilização alguns padrões de
transmissão digital para esse serviço. No Brasil, a definição do padrão a ser adotado ocorrerá
ainda em 2000.
A estratégia de atendimento à sociedade por este serviço acompanha aquela do Serviço de
Rádio. Aqui a ênfase maior está sendo dada à Retransmissão de TV que permite maior
interiorização do serviço. Ao final de 1999, havia no Brasil 262 empresas geradoras do Serviço de
Radiodifusão de Sons e Imagens – denominadas geradoras de TV. Suas programações são
veiculadas por geradoras próprias ou por retransmissoras. O número de retransmissoras de
televisão – RTV – atingiu 8.280 em 1999, como pode ser visto na figura IV.31. Vale ressaltar o
significativo crescimento do número de retransmissoras entre os anos de 1995 e 1996.