Torey Hayden
Algumas destas crianas vivem com pesadelos to medronhos nas suas cabeas que cada movimento fica imbudo de um terror desconhecido. Algumas vivem debaixo de uma violncia e perversidade impossveis de expressar a palavra. Algumas vivem sem a dignidade concedida aos animais. Algumas vivem sem amor. Algumas vivem sem esperana. No entanto aguentam. E, na sua maioria aceitam, por desconhecerem outros tipos de atitudes. Este livro conta a histria de s uma dessas crianas. No foi escrito para despertar piedade. Nem para elogiar o trabalho da professora. Nem to-pouco para deprimir aqueles que encontraram a paz na ignorncia. Trata-se, em vez disso, de uma resposta pergunta sobre a frustrao inerente ao trabalho psiquitrico. um cntico a alma humana, porque esta menina como todos as outras crianas. Como todos ns. uma sobrevivente
As pessoas interrogamme, muitas vezes, sobre o poema pendurado na parede do meu gabinete. Parece-me de inteira justia que conheam a criana que o escreveu. S espero ter tido metade do seu talento para escrever este livro.
Todos os outros vieram Tentaram fazer-me rir Brincaram comigo Algumas vezes para rir e outras a srio E depois partiram Abandonando-me nas runas das brincadeiras E eu no sabia quais eram a srio e Quais eram para rir e Vi-me sozinha com os ecos de risos Que no eram os meus. E depois chegaste tu Com os teus modos estranhos Nem sempre humanos E fizeste-me chorar E no pareceste importar-te que chorasse. Disseste que as brincadeiras tinham acabado E esperaste At que as minhas lgrimas se transformassem Em alegria.