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Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizacáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoríam)
APRESENTAQÁO
DA EDigÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanga a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).
Esta necessidade de darmos
conta da nossa esperanga e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenca católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste site Pergunte e
Responderemos propoe aos seus leitores:
aborda questóes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortaleca
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abengoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.


Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR


Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e
passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteudo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.
A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaca
depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
índice
pág.

FIM DE ANO 509

Unldade e pluralismo:
AS TENSÓES ENTRE OS CRISTAOS 511

Um ralo de esperaba:
NEURÓTICOS ANÓNIMOS EM PAUTA 524

Medicina e Moral:
ABORTAMENTO TERAPÉUTICO (IV) 541

Velha3 estóilas:
E OS "MÓNITA SECRETA" DOS JESUÍTAS ? ...: 546

UVROS EM ESTANTE 554

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA

NO PRÓXIMO NÚMERO:

Exames psicológicos e direitos do homem. — "O pecado


de nossa época" (livro). — "Perfect Liberty" (religiáo japo
nesa). — "Ciencia crista" (seita).

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»
Assinatura anual (a partir de 1VI/1977) Cr3 75,00
Número avulso da qualquer mes Cr$ 7,00

EDITORA LAUDES S. A.
REDAgAO DE PR ADMINISTRAgAO
Caixa Postal 2.666 Búa Sao Rafael, 38, ZC-09
ZC-00 20.000 Rio de Janeiro (RJ)
20.000 Rio de Janeiro (RJ) Tels.: 268-9981 e 268-2796
FIM DE ANO
O mes de dezembro é caracterizado por encerramentos
(de ano letivo, de atividades administrativas e outras) e balan-
cetes... Todo cidadáo senté a necessidade de um olhar retros
pectivo para avaliar e tirar conclusóes.

O cristáo experimenta isto muito vivamente, langando um


olhar de fé sobre os grandes acontecimentos da historia do
ano que finda:

1) Recenseia o que a memoria lhe recorda de valioso:


realizagóes, etapas vencidas com éxito, crescimento no saber
e no genuino amor... Entre outras coisas, poder-se-á incluir
nesse rol de feitos valiosos do ano o testemunho dado pelo
Pe. Joáo Bosco Penido Burnier S. J. em favor do Evangelho
e da justiga aos 15/10 pp. A acontecimento foi doloroso
e trágico; todavía nao pode deixar de reconfortar os coragóes,
pois significa que também em nossos dias (dos quais muitos
se queixam com desanimo) há heróis e santos; somos contem
poráneos de grandes homens e mulheres, embora nem sempre
tenhamos consciéncia disto; a coragem de uns desperta o ardor
de outros e exige náo.fiquem aquém do paradigma oferecido
pelo mártir.

2) O cristáo também recorda o que parega duro entre


as ocorréncias do ano que finda. Afinal, dizem os teólogos e
os santos, tudo é graca. Isto quer dizer:
— os males físicos (achaques, lutos, revezes) tém o sen
tido providencial de nos incitar a reescalonar os valores; ve
mos quao fugazes sao certos bens que nos atraem, e quáo
necessário é fixar o coragáo e a mente em bens melhores.
Somente o Infinito é a resposta cabal; é nEle e através dEle
que encontramos o que as criaturas parceladamente nos ofe-
recem;

— os males moráis (deficiencias e falhas) também tém


significado providencial, pois contribuem para nos fazer ver
a verdade com humildade. O santo é precisamente «um peca
dor que "reconhece o seu pecado» (Chesterton) e sabe que o
Senhor Deus recebe todo réu sinceramente contrito e disposto
a lutar para nao reincidir.

A esperanca do cristáo é reavivada pela passagem de mais


um Natal. Através dos seus símbolos, muito caros ás familias
e á sociedade, Natal lembra que «Deus primeiro amou (e ama)
o homem» (Uo 4,19). E ama irreversivelmente, porque em
Deus nao há «Sim» e «Nao». A criatura é que pode vacilar

— 509 —
e contradizer-se. Deas, porém, nao o pode. Por conseguinte,
sempre que ó filho se volta para o Pai, levando contritamente
as suas miserias, encontra o Primeiro Amor, que nao sofre
alteracáo nem diminuicáo.

O Natal de 1976 encontra o mundo — e também o nosso


Brasil — envolto em interrogagóes e expectativas. Os homens
nao sabem como responder ao desafio dos numerosos proble
mas que os afligem:... como remediar aos males da fonie, da
violencia, do analfabetismo e tantos outros? — Pois beíri; Na
tal significa um sorriso do Senhor Deus para quem o queira
aceitar. Assim como outrora o Senhor Deus caminhava com
o seu povo no deserto (cf. SI 67,8s), pode-se dizer que hoje
ainda Ele caminha com os homens; o Emanuel de Natal quer
dizer «Deus conosco». E, se Ele está conosco, podemos ter
certeza de que a dor cristámente aturada e a luta sincera
mente empreendida tém significado; nao sao debates desespe-
perados e perdidos. Um día manifestar-se-á quáo verídicas
sao as palavras de S. Agostinho: «Deus nunca permitiría o
mal se Ele nao soubesse tirar do mal bens aínda maiores». A
sabedoria do Senhor nao se esgota, mas tem recursos sempre
novos para encaminhar as próprias miserias dos homens &
consecugáo da plenitude da Vida.

Possa este Natal trazer aos cristáos um reforgo da sua


consciéncia de que a historia é, em última análise, regida pelo
Senhor Deus!. Sendo assim, é com otimismo e confianca que
há de ser considerada. Quanto mais as coisas transitorias se
revelam insuficientes e fugazes, tanto mais se fortalece a cer
teza de que existem os valores grandes e definitivos, a que
chegaremos através da luta de cada día.

Possa este Natal significar também algo para os que nao


tém fé! O cansaco e as decepgóes da labuta incitam a pro
curar resposta para além do lado material da vida. Sim; o
homem seria o mais absurdo de todos os seres se fosse, pela
sua própria natureza, condenado a lutar sem encontrar o que
procura: Paz, Justica, Amor, Fraternidade... Tais bens nao
podem deixar de existir. Todavía a experiencia comprova que
nunca existiram nem existem plenamente nos quadros de al-
guma sociedade terrestre. O misterio do Natal nos diz que
eles podem, sim, comecar na térra pelo esforco do homem que
compreendeu a sua missáo, mas só se consumam na vida
eterna.

A cada cristáo toca tirar destas verdades as suas con-


dusóes!
E. B.

— 510 —
PERGUNTE {RESPONDEREMOS»
Ano XVtl — N» 204 — Dezembro de 1976

BI£^TECA
AL

Unldade e pluralismo: p/?

as tensoes entre os cristáo: ~~~~


Em sintese: Esle artigo aborda o serlo problema das poalc6es extre
madas existentes nao somonte na socledade civil, mas também na Igreja.
A situacSo se compreende dado que o mundo atual tem passado por
bruscas mudangas, que suscltam atltudes diferentes da parte de quem as
observa. — Na verdade, deve-se dlzer que o pluralismo dentro da unldade
é algo de sadio, ou mesmo necessárlo, reconhecldo como legitimo pelo
próprio Concilio do Vaticano II: as diversas facetas do mundo de hoje
posslbllitam ou mesmo exlgem diversas encarnacees (ou aculturacoes) da
mesma mensagem evangélica. Todavía é preciso que, esse pluralismo nfio
seja inspirado pelo mero subjetivismo, pols serla ruinoso para a comu-
nidade que o alimentasse.

A flm de superar tensoes hoje em dia existentes entre os fiéis


católicos, podem ser sugeridas quatro pistas: 1) primado da caridade
(a Igreja é comunhSo de amor, baseada na verdade); 2) ouvlr' e dialogar
(o diálogo pode dlssipar mal-entendidos daninhos); 3) seguir o criterio
de doutrina e moral estabelecido pelo próprlo Cristo, ou seja, o magisterio
oficial da Igreja; 4) saber pacientemente compreender os homens e
acompanhar as etapas de maturacfio tanto das Idéias como das perso
nalidades.

Comentario: O tema deste artigo' corresponde, de certó


modo, á trama da realidade que os cristáos váo vivendo diaria
mente na Igreja, e, de modo mais ampio, na sodedade. En-
quanto, de um lado, se véem os que precpnizam a constante
adaptacáo dos valores cristáos aos tempos modernos, de outro
lado há os que se fecham em costumes tradicionais, julgando
ruinosa ou herética qualquer tentativa de mudanca. Daí o
surto de tensóes ora mais, ora menos graves, que fazém sofrer
duramente os irmáos ná fé e na mesma vocacáo.-

— 511 —
4... «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

Vamos, pote, abordar atentamente o tema ñas páginas que


se seguem, considerando-o em suas diversas facetas: 1) o pro
blema como tal; 2) unidade e uniformidade; 3) comunidade e
individualismo; 4) diretrizes concretas.

Este artigo, já publicado em "Convergencia" 95 (1976), pp. 393-402.


reaparece em PR com algumas adaptares e explicltacfies.

1. O problema como tal

O mundo de hoje passa por rápidas transformagóes, que


nao podem deixar de repercutir no íntimo da Igreja. Já o Con
cilio do Vaticano II o notou em sua Constituigáo «Gaudium
et Spes» n* 5-10. Interessa-nos salientar urna ou outra das
principáis transformaeóes que dividem a sociedade e até os
fiéis católicos hoje.

1) O modo de pensar e viver dos homens altera-se, nao


raro, de urna geracáo para outra; daí falar-se no «conflito das
geracóes»; — altera-se também de urna regiáo para outra, de
tal modo que, hoje mais do que nunca, se propóe a «acultura-
Sáo», ou seja, a expressáo de valores eternos mediante as cate
gorías das diferentes culturas do globo. Mesmo no contexto
da mesma geracáo e da mesma regiáo as manifestagóes cultu
ráis variam surpreendentemente, chegando a dividir aqueles
que deveriam ser solidarios entre si.

2) As diversidades culturáis estáo muito ligadas á diver-


sidade de atividades no setor político. Outrora os cristáos ti-
nham geralmente as mesmas opsóes politicas e pertenciam a
Partidos mais ou menos tradicionais. Hoje em dia a explosáo
da questáo social faz que. haja cristáos nos mais diversos Par
tidos políticos; alguns sáó mesmo tentados a divorciar a fé e a
sua opgáo política, como se tem evidenciado em casos famosos;
tenham-se em vista o do Abade Franzoni, que se mostrou favo-
rável ao voto comunista por ocasiáo das eleigóes na Italia em
junho de 1976; mencione-se também o Movimento de «Cristáos
para o Socialismo», que já foi abordado em PR 182/1975,
pp. 51-69. Tais fiéis cristáos julgam poder distinguir entre a
filosofía marxista e o método marxiste de análise da socie
dade; cf. PR 197/1976, pp. 187-200.

3) Mesmo em se tratando das expressóes da fé, regis"-


tra-sé a diversidade. Enquanto muitos cristáos permanecem
apegados as fórmulas que aprenderam em sua infancia e des-

— 512 —
TENSOES ENTRE CRISTAOS

confiam de qualquer reformulagáo, outros julgam que a repeti-


cáo das expressóes tradicionais é obstáculo para a sua fé;
dizem ter necessidade de manifestar a sua crenga mediante
termos mais condizentes com a sua cultura e os seus compro-
missos temporais, chegando a contestar a autoridade do Papa
ou dos bispos

Dentre os mais conservadores, sobressai a figura do arce-


bispo Dom Marcel Lefébvre, que, diante de abusos oriundos da
má interpretacáo do Concilio, se recusa a obedecer ao S. Padre
Paulo VI. No extremo oposto, pode-se mencionar o teólogo
suíco Hans Küng, que julga estar sendo executada com exces-
siva lentidáo e cautela a renovacáo da Igreja apregoada pelo
mesmo Concilio. Cf. PR 203/1976, pp. 463-477. (D. Lefébvre)
e PR 186/1975, pp. 246-262 (Hans Küng).

Certos vocábulos e expressóes trazem, em nossós dias, urna


tal carga afetiva e passional que um mesmo texto pode ser
lido e interpretado de maneiras diversas, se nao contraditó-
rias. Assim, por exemplo, a palavra «tradicáo» para algüns
implica «imobilismo»; ao ouvirem falar de «reformas», muitos
pensam em «revolucóes»; o termo «autoridade» a varias pes
soas lembra «opressáo»; quem preconiza alguma «instituigáo»,
pode parecer estar defendendo o «formalismo»; «córresponsá-
bilidade» sugere a algumas pessoas igualdade de dons, de cprn-
peténcias e de responsabilidades. Assim nao poucos vocábulos,
na linguagem política e na pastoral, tornam-se de tal modo
ambivalentes que muitos escritores os evitam, a fim de nao se
exporem á incompreensáo ou a ñm de nao suscitarem maiorqs
divisóes entre os cidadaos e os cristáos.

4) A diversidade teológica repercute no setor do aposto


lado e da pastoral. Enquanto muitos apregoam um Cristia
nismo voltadp principalmente para questóes de vida interior e
oracáo, outros disseminam um Cristianismo interessádo ein
problemas sociaís, de tal modo que há exagero e unilaterali-
dade de parte a parte.

5) Na vida religiosa, verifica-se a formacáo de alas ou


correntes: em muitas familias religiosas, há os que prezam o
legado de observancias recebido dos mais velhos, a ponto, de
nao admitirem retoques; outros, porém, se deixam impregnar
de espirito renovador; dizem só valorizar o que seja novo, a
ponto mesmo de cairem em secularizacáo exagerada e nao
saberem mais definir a sua identidade.

— 513 —
6 tPERGUNTE E RESPONDEREMOS> 204/1976

Estes poucos tragos bastam para recordar sumariamente


o problema de que se trata. É algo de táo vivo e de táo am
pias conseqüéncias que nao se pode ficar indiferente ao mesmo.
Pergunta-se, pois: para que haja unidade, é necessário haver
também uniformidade?

2. Unidade e uniformidade

Expliquemos, antes do mais, o sentido que atribuiremos


abaixo aos dois vocábulos-chaves.

Por «unidade» entenderemos a coesáo e comunháo dos


membros de urna sociedade entre si. Unidade na Igreja im
plica incondicional adesáo as mesmas verdades e aos preceitos
decorrentes dessas verdades. Todavía a unidade deixa mar
gan k expansáo das personalidades, de tal modo que dentro
da unidade de meta e de meios se possa reconhecer a riqueza
dos tipos humanos que em comunháo mutua procuram reali
zar a mesma obra e chegar ao mesmo fim.

Por «uniformidade» entenderemos a adesáo de todos os


individuos de urna familia ao mesmo estilo de expressóes, com
sufocacáo das notas pessoais características de cada um dos
componentes do grupo. A uniformidade assim compreendida
significa certa massificagáo ou despersonalizagáo.

Ora, dito isto, percebe-se que, do ponto de vista cristáo,


nao se deve pretender impor a uniformidade a um grupo de
pessoas ou a urna comunidade religiosa, embora se deva exigir,
sem a mínima tergiversacáo, que essa comunidade guarde a
sua unidade, que é condigáo de vida. Urna Igreja dividida ou
urna familia religiosa retalhada caminharia para a sua ruina,
como todo organismo esfacelado morre. A razáo por que hoje
em dia se vé claramente que nao se pode désejar uniformi
dade entre cristáos ou Religiosos, é o reconhecimento, mais
perspicaz do que outrora, do valor da pessoa humana e do
respeito que ela merece. Há também, hoje em dia, consciéncia
mais nítida de que tal cristáo ou tal Religioso pode ter seu
oarisma próprio, que o Espirito Santo deseja p6r a servico da
Igreja ou da comunidade.

Sob outro aspecto, pode-se dizer: a mensagem de Deus se


encarna nos homens e admite tantas formas de encarnacáo
quantas legitimas manifestacóes possa haver da natureza hu-

— 514 —
TENSOES ENTRE CRISTÁOS

mana ñas diversas personalidades que a concretizam. .Em


conseqüéncia, todo cristáo — por mais generoso e prendado
que seja, — é incitado a se convencer de que ele, a sos, nao
pode exprimir a totalidade da verdade crista ou da Revelagáo
do Evangelho, nem é capaz de executar todas as possibilidades
dé atualizacáo dessa mensagem. É preciso, pois, que respeite
o outro na medida mesma em que é outro. O fato de que indi
viduos ou grupos cristáos nao pensem ou nao procedam do
mesmo modo, nao é necessariamente escándalo ou pecado con
tra a unidade; como pode ser lamentável, pode também ser
legítimo, segundo a materia de que se trate.

Com outras palavras ainda: apregoa-se, e com muita ra-


záo, o pluralismo dentro da unidade ou a unidade através do
pluralismo. Principalmente após o Concilio do Vaticano H nao
pode haver dúvida de que tal é a mente da Igreja. Tenham-se
em vista, por exemplo, os seguintes dizeres:

"A tnlss&o de Iluminar o mundo Inteiro com a mensagem evangélica


requer, em primelro lugar, que promovamos no selo da própria Igreja a
mutua estima, respelto e a concordia, admitlndo toda dlversldade legitima,
para que se estabeleca um diálogo cada vez mals frutlfero entre todos
os que constltuem o único Povo de Deus. O que une os flóls ó, com
efeito, multo mals forte do que aqullo que os separa. Ñas coisas neces-
sárlas reine a unidade, ñas duvidosas a liberdade, em tudo a caridade"
(ConstituicSo "Gaudlum et Spes" n? 92).

Mais: referindo-se as comunidades eclesiais do Oriente, o


Concilio náp só reconhece a legitimidade de seus diversos usos,
mas afirma que a conservacáo dessa diversidade é condicáo
indispensável para a restauracáo da unidade entre os cristáos:

"Desde os primelros tempos, as Igrojas do Oriente segulam disci


plinas próprlas, sancionadas pelos Santos Padres e pelos Sínodos, mesmo
ecuménicos. Longe de obstar á unidade da Igreja, certa diversidade de
cestumes e usos... aumenta-lhe o decoro e contribuí nao pouco para
cumprlr a sua mlssSo. Por Isso este Santo Concillo... declara que as
Igrejas do Oriente, lembradas da necessárla unidade de toda a Igreja,
tem a faculdade de se governar segundo as suas disciplinas próprlas,
mals congruas á índole de seus fiéis e mals aptas a atender ao bem
das almas. A observancia perfelta deste tradicional principio, nem sempre
respeitado, ó condlgfio previa indispensável para a restauracfio da unISo"
(Decreto "Unltatls Redlntegratio" n? 16).

Note-se que «uniio» (de linio, em latim) é a acáo de


faaer nm ou de suscitar a unidade. Vé-se, pois, que o Concilio
preconiza a unidade dentro do pluralismo.

— 515 —
8 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 204/1976

Com relacáo á vida religiosa, o Concilio, de um lado,


preconiza fidelidade ao espirito e as intengóes específicas dos
Fundadores religiosos, de tal modo que cada familia religiosa
guarde intato o sen patrimonio espiritual (cf. Decreto «Per-
fectae caritatis» n» 2). Todavía, pouco adiante, o mesmo
documento determina que «a organizagáo da vida, da oracáo e
do trabalho se adaptem, em toda parte e sobretudo nos terri
torios de missóes, 'ás cohdigóes físicas e psíquicas dos respec
tivos Religiosos, bem como ás necessidades do apostolado, ás
exigencias da cultura assim como ás circunstancias sociais e
económicas de cada regiáo» (ib. n« 3).

Por conseguinte, o Concilio do Vaticano II e a Igreja pós-


-conciliar desejam a unidade dentro da diversidade de expres-
sóes da mesma fé e do mesmo zelo apostólico dos fiéis cató
licos. Diga-se mesmo: o respeito á diversidade ou ao plura
lismo é cada vez máis necessário, á medida que a Igreja pro-
gride no tempo e no espado; mormente nos países recém-cons-
tijtuídos da Asia, da África e da Oceania, verifica-se a impossi-
bilidade de impor aos fiéis indígenas certas tradicóes oriundas
da Europa e só plenamente inteligíveis em seu berco de ori-
gem. Por isto o Sínodo Mundial dos Bispos em 1974 abordou
a temática da aculturagáo, ou seja, a tarefa de se adotarem
formas culturáis européias e nao européias para celebrar a
Liturgia e testemunhar vivencialmente o espirito do Cristia
nismo. Varios ensaios tém sido realizados neste sentido, como
atesta a historia recente da Igreja.

Eis, porém, que a esta altura de nossas reflexóes urna seria


observagáo se impóe:

3. Pluralismo e subjetivismo
Se a tendencia da Igreja de hoje é suscitar a unidade den
tro do pluralismo ou permitir o pluralismo dentro da unidade,
deve-se reconhecer que a palavra «pluralismos é suscetível de
duplo sentido:

1) Pluralismo pode, com efeito, designar a fecundidade


da verdade e da vida trazidas por Cristo á térra; em tal caso,
o mesmo conteúdo revelado se traduz em enorme riqueza de
expressóes, adaptando-se a épocas, regióes e culturas.

2) Pode também «pluralismo» designar a desagregagáo


decorrente nao da riqueza da mensagem, mas do subjetivismo

— 516 —
TENSOES ENTRE CRISTAOS

e do individualismo daqueles que professam tal mensagem.


Colocando-se a si mesmos ácima dos valores objetivos do Evan-
gelho, tais cristáos levam á ruina o patrimonio recebido de
Cristo e dos mais velhos na historia da Igreja ou das suas
familias religiosas. «Unidade sem pluralismo é uniformidáde;
.pluralismo sem unidade é desintegracáo. Tanto vale dizer que
há pluralismos que enriquecem a unidade, como há outros que
que a comprometen!» (Conferencia Nacional dos Bispos do
Brasil, «Unidade e pluralismo na Igreja», Sao Paulo 1972,
p. 17).

Eis por que se deve afirmar que nao pode haver unidade
— aquela unidade que é sinal de saúde espiritual e vitalidade
no corpo da Igreja ou no de urna comunidade religiosa — sem
que naja adesáo de todos os membros (individuos ou grupos)
a um mínimo de características comuns -á Grande Comunidade
ou á Grande Familia. Essa adesáo implicará nao raro renun
cia de muitos as suas tendencias pessoais. Com efeito, para
que se edifique a Jerusalém celeste, é necessário que cada
pedra do edificio seja talhada e burilada a fim de poder ocupar
o lugar que lhe compete na construcáo. Se esse burilamento
nao ocorre, nao há possibilidade de se erguer urna parede ou
um edificio duradouro. Por isto, quando se rejeita a uniformi
dáde, nao se tenciona impugnar o espirito de abnegagáo e mor-
tificacáo que deve existir em cada cristáo ou em cada Reli
gioso. Quem segué um auténtico carisma, procurando realizar
a obra do Espirito Santo, dispóe-se necessariamente a sofrer,
a renunciar a si e a praticar a humildade.

Sendo assim, vé-se que a dificuldade do problema está


precisamente em definir quais as notas que tal ou tal comuni
dade deve cultivar para que seja realmente una no seu plura
lismo, ou aínda: ... quais os sacrificios que urna comunidade
pode exigir de seus membros para que essa comunidade sub
sista e nao seja destruida pelo individualismo de seus compo
nentes? Ou mais: que podem as comunidades oferecer aos
seus membros para que sejam eles mesmos na construcáo do
ideal abracado pela comunidade?

Como se compreende, a resposta a estas indagagóes nao


se pode apresentar de maneira uniforme ou válida para todos
os casos, mas há de ser deduzida do contexto próprio de cada
grupo. Como quer que seja, vamos abaixo propor algumas
diretrizes aptas a garantir a auténtica convivencia dos valores
pessoais e da unidade do conjunto.

— 517 —
10 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

4. Pistas de so!u;6o

Pode-se dizer que o pluralismo se expandirá sadiamente


dentro da unidade, se se levarem em conta devida as seguintes
linhas-mestras de conduta:

4.1. Primado da caridade

A Igreja nao é mera escola de sabedoria ou de filosofía,


mas é uma comunháo de caridade baseada na verdade. Disto
se segué que as comunidades háo de procurar compreender os
seus membros, a fim de que nao sejam sufocados por modelos
acidentais demasiado rígidos.

De outro lado, pode acontecer que um cristáo se deixe


atrair por belas idéias e planos grandiosos, aos quais propóe
adaptar a realidade presente «deformada»; pode de tal modo
deixar-se empolgar por essas belas idéias que Ihes subordine
todo e qualquer outro valor (como sejam os da caridade, das
relagóes fraternas e humanas, da edificacáo do próximo...);
torna-se assim unilateral. Entáo os seus empreendimentos v€m
a ser destrutivos, em vez de construtivos; dividem, separam,
provocam litigios e escándalos.

Muitas vezes uma carreira meramente intelectual (de pro-


fessor, escritor ou pesquisador erudito...) fecha a pessoa em
si mesma ou no mundo da abstracáo; desperta nela uma ati-
tude de auto-suficiéncia, que na vida prática só pode ser nociva
á sociedade, por mais que se recubra do fulgor da erudigáo.
Tal mestre pode chegar a constituir seu grupinho de discípulos
independentes da comunidade, eivados de soberba (consciente
ou inconsciente). Diz muito a propósito Jacques Maritain: «Se,
em vez de ficar no coracáo, a pureza sobe á cabeqa, ela pro-
duz sectarios e herejes» («Humanisme integral», p. 265).

Apraz aqui citar palavras do Papa Pió XI, que, embora


tratem diretamente de reforma, nao deixam de ter sua aplica-
cáo ao tema que nos interessa:

"Toda reforma verdadeira e duradoura, em última anállse, se derlvou


da santldade de homens Inflamados c Impelidos pelo amor a Deus e ao
próximo. Generosos, prontos para ouvlr todo chamado de Deus e rea-
lizá-!o em si fielmente, estavam seguros de si mesmos, porque seguros
de sua vocacSo; cresceram até tornar-se os luminares e reformadores
do seu tempo. Ao contrario, onde o zelo reformador n§o jorrou da pureza

— 518 —
TENS6ES ENTRE CRISTAOS U

do individuo, mas fol expressfio e explosSo da palxSo, ele anuviou em


vez de aclarar, destrulu em lugar de construir, e mais de urna vez tor-
nou-se ponto de partida para aberracfies mals (atáis do que os males
que ele esperava ou pretendía remediar" (Ene. "Mlt brennender. Sorge",
de 14/03/1937, "Acta Apostollcae Sedls" 1937, p. 154).

4.2. Ouvlr e dialogar

O pluralismo será sadio se houver, da parte de cada qual


dos grupos ou dos membros da comunidade, o íntéresse dé
ouvir os irmáos e de aprender deles o que tenham de verídico
a transmitir: «Dialogando, einpenhamo-nos em descobrir, ou-.
vindo o que naja de puro e bom ñas atitudes e idéias do outro»
(C.N.B.B., «Unidade e pluralismo na Igreja» n« 40). Na ver
dade, ninguém é táo sabio que nada mais tenha a aprender.

Mais: se nao é possível que todos estejam de acordó entre


si sobre todos os pontos que interessani á vida da Igreja é da
comunidade hoje em dia, nao se pode deixar de preconizar qué
concoidem sobre aquilo que essencialmente sao: atrávés de,
todas as posigóes pesspais, guardem viva a consdénda de que
sao chamados por Deus a se reconhecerem como irmáos uns
dos outros e a se tratarem como tais, apesar das suas notas típi
cas e diversas. É no diálogo entre irmáos num ambiente.de
benevolencia mutua que se resolvem os problemas da comuni
dade. O bem comum pede sejam discutidos perante o grande
público os assuntos que interessam apenas aos membros de
determinada sociedade. Alias, já p Apostólo' Sao Paulo censu-
rava os fiéis de Corinto por levarem aos tribunais pagaos os
litígios que os afetavam:

"Acontece que um Irmfio entre em litigio contra seu IrmSo, e Isto


dlante de Infléis I De todo modo, já é para vos urna falta a existencia
de litigios entre vos. Por que nSo preferís, antes, padecer urna injustlca?
Por que n3o vos delxals, antes, defraudar? Entretanto, ao contrario, sois
vos que cometéis injustlca e defraudáis — Isto contra vossos IrmSos I"
(1Cor 6. 6-8).

4.3. Amor e verdade

Amor e benevolencia cultivados com exclusivismo podem


degenerar em falso irenismo, ou seja, em concessáo e conser-
vacáo da paz com detrimento da verdade ou com relativismo.
É predso, pois, que se fundamenten! na verdade: «Seguindo
a verdade em amor...», diz o Apostólo (Ef 4,15).

— 519 —
12 4PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

Pergunta-se, porém: onde encontrar os criterios das ver


dades da fé e da autenticidade da vida religiosa em nossos
dias? A dificuldade parece grande, ppis numerosas teorías sao
propostas por teólogos e mestres de espiritualidade abalizados,
que nem sempre convergem entre si. Como encontrar o termo
certo entre teorías extremadas?

— A resposta nao é difícil. As verdades da fé e a vida


crista tém seu porta-voz auténtico no Magisterio da Igreja. É
este quem, assistido pelo Espirito Santo, define o que é de fé
e o que pode ser livremente discutido,... o que é condizente
com a Moral do Evangelho e o que a esta contraria. Nem sem
pre o Magisterio se pronuncia em termos solenes e extraordi
narios; ele se exerce, sim, mais freqüentemente pela Palavra
do Sumo Pontífice, que costuma falar semanalmente aos fiéis,
como também se exerce, dentro do ámbito da diocese, através
das normas ditadas pelo bispo respectivo. É principio, já esta-
belecido por S. Inácio de Antioquia (t 107), que nada se faga
sem a participagáo ou aquiescencia do bispo: «Nil sine epis-
copo» («Aos Magnesios» n"7). É certo que a aplicacáo con
creta de tal principio pode exigir sacrificio e renuncia da parte
dos membros de urna diocese; todavía é salvaguarda de um
bem maior, ou seja, da unidade da Igreja local. Mais vale pre
servar esta unidade com renuncia a interesses particulares do
que dar ao mundo o contra-testemunho de urna Igreja divi
dida. — Verdade é que nem sempre o bispo local (por moti
vos, as vezes, independentes da sua vontade) pode ter o melhor
alvitre em questóes teológicas ou pastarais; ora, em tais casos,
há sempre a possibiiidade do diálogo entre os fiéis, principal
mente teólogos, e o Pastor, diálogo atrayés do qual as dife-
rencas- se ppdem superar, sem quebra da unidade eclesial. — O
mesmo se diga com relacáo á comunidade religiosa: a unidade
sadia exige que nada se faga á revelia do (a) Superior (a) ou
Coordenador (a), ainda que isto custe sacrificios pessoais aos
membros dessa comunidade; o diálogo será sempre o recurso
oportuno para aproximar os ánimos de quem dirige e de quem
obedece, sem ruptura do espirito fraterno.

Vém a propósito as palavras da Constituicáo do Concilio


do Vaticano n «Lumen Gentium» n* 13:

"Na comunhSo eclesiástica há legítimamente Igrejas particulares,


gozando de tradlcCes próprlas, permanecendo Integro o primado da Cáte
dra de Pedro, que preside á assemblóla universal da carldade, protege
as legitimas variedades e, ao mesmo tempo, vlgia para que as particula
ridades nSo prejudlquem a unidade, mas, antes, estejam a seu servlfo".

— 520 —
\ TENSOES ENTRE CRISTAOS 13

Como se vé, o papel do bispo de Roma nao é o de sufo


car, mas o de servir a todos segundo criterios objetivos, isto
é, levando em conta a mensagem do Evangelho, da qual Pe
dro e seus sucessores sao intérpretes constituidos pelo próprio
Cristo. ' '

Acrescentemos ainda urna quarta sugestáo:

4.4. Saber compreender os homens

A unidade será mantida dentro do pluralismo de expres-


sóes dos membros de um grupo, se em cada um destes houver
a disposigáo de compreender os outros ou mais ainda: ... de
ter paciencia para com os outros.

Para que alguém compreenda o irmáo, deve aceitar «sair


de si mesmo» e procurar ver e sentir a realidade ambien
tal como o outro a vé e a senté. Cada um tem seu modo de
perceber; cada qual também tem seu ritmo próprio de abertura
para as realidades novas: enquanto uns sao mais intuitivos e
céleres, outros sao* mais racionáis e morosos; enquanto uns
foram formados há quarenta anos, outros acabam de sair da
escola e outros ainda nao tém escolaridade completa. O que
uns percebem e professam desde já, outros o perceberáo e
professaráo mais tarde (desde que se trate de auténtica con-
clusáo da verdade revelada). Consciente disto, o cristáo, mem-
bro da Igreja ou de urna comunidade religiosa, sabe pacientar
ou aguardar os momentos oportunos. A paciencia dos mais
fortes (e a paciencia é certamente urna virtude dos heróis, e
nao dos covardes) será o penhor de amadurecimento dos mais
fracos e do bem comum da Igreja.

É tal atitude que o Apostólo incute quando se refere ao


consumo de carnes imoladas aos Ídolos (idolotitos)... Havia,
sim, em Corinto e em Roma cristáos esclarecidos que sabiam
que os ídolos nada sao e, por conseguinte, nao comunicam «vir
tude diabólica» a carne que lhes é sacrificada; era, portento,
lícito consumir os idolotitos. Todavía o Apostólo também sabia
que os outros fiéis, de consciéncia mais fraca, se escandaliza-
vam com o consumo de tais alimentos por parte de seus irmios
na fé. O procedimento dos mais sabios poderia ser .ruina espi
ritual para os menos esclarecidos. Daí a recomendaeáo ao
Apostólo no sentido de que os sabios se abstivessem de idolo
titos, renunciando a legítimo direito em vista do bem de seus
irmáos:

— 521 —
14 <PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

"Procuremos o que favorece a paz e a mutua ediflcagSo. N&o des-


truas a obra de Deus por urna questáo de comida. Tudo ó puro, é ver-
dade, mas faz mal o homem^que se alimenta dando escándalo. É bom
abster-se de carne, de vlnho é de tudo o que seja causa de tropero, da
queda ou de enfraquedmento para teu IrmSo" (Rm 14, 19-21: cf. 1
Cor 8,12s).

Está claro que tal renuncia (ou o nivelamento da comu-


nidade pelo nivel mais baixo) vinha a ser urna atitude provi
soria e momentánea; constituiría apenas urna etapa na evolu-
gáo da comunidade crista, a fim de que esta pudesse crescer
segundo o. seu ritmo próprio, sem excluir os seus membros
mais fráeos. — De resto, como nota Tertuliano, (t após 220),
o próprio Deus nos oferece o modelo da paciencia:

'A paciencia é urna virtude que temos em comum com Deus... A


origem e a grandeza da paciencia, encontramo-tas em Deus. é preciso,
pols, que a amemos, já que é cara a Deus. A majestade do Senhor nos
recomenda o bem que Ele ama. Se Deus é nosso Senhor e nosso Pal,
imitemos a paciencia do Senhor e do Pal, pols convém que os servidores
sejarn obedientes e nSo se admite que os fllhos sejam degenerados"
("De bono patlentlae", n? 3).

5. Gondusao

A guisa de reflexáo final, citaremos um apoftegma (ou


«fíoretto») ,dos Padres do deserto, que de certo modo mostra
como o problema «Unidade e Uniformidade» se colocava e era
resolvido na' antigüidade (séc. IV — VI):

Certo asceta, chamado Paulo, retirou-se para o deserto o


fim de se entregar todo á oracáo. Tomou como regra de vida
dizer diariamente trezentas oracóes vocais. Para contá-las,
trazia numa dobra de sua túnica outros tantos sebeos, que ia
jogando fora á medida que rezava. Um dia soube que numa
aldeia próxima vivia urna virgem que, já havia trinta anos, só
comía aos sábados e domingos, e fazia setecentas oracóes por
dia. Viu-se entáo confuso, porque, sendo ele homem sadio, rea-
lizava menos ascese do que a virgem. Em conseqüéncia, foi
ter com o santo Abade Macario e lhe expós o motivo da sua
aflicáo. Macario respondeu-lhe que, já havia sessenta anos, só
praticava cem oracóes por dia; além disto, fazia trabalho ma
nual e atendia caridosamente as necessidades dos irmáos; nem
por isto a consciénda o acusava de negligencia. Concluía que,
se Paulo tinha escrúpulo de só fazer trezentas oragóes por dia,

— 522 —
■ TENSOES ENTRE CRISTAOS 15

nao era isto sinal certo de que poderia e deveria rezar mais;
podia também significar que Paulo nao rezava com a devida
pureza (cf. Paládio, «Historia Lausiaca» 23s Patrología La
tina 73, 1122).

Este episodio nos refere diversas observancias; praticadas


pelos ascetas antigos. Em síntese, quer-nos dizer que toda
observancia — ora mais, ora menos vultosa — é a encamagáo
do espirito evangélico. O que dá valor á observancia, nao é o
seu quadro extrínseco, mas, sim, a pureza de mente com que
é praticada. Paulo, Macario e a virgem consagrada encarna-
vam diversamente o espirito evangélico: nao era necessário
que se reduzissem a uniformidade, mas, sim, que cada qual
procurasse realizar a sua ascese em absoluta consonancia com
as inspiragóes do Senhor Jesús.

O mesmo se diga noje: as encaraagóes do Evangelho se


multiplicam... Sao legítimas, contanto que sejam sempre a
expressáo da m'esma fé recebida dos Apostólos e do puro amor
a Deus, em comunháo com a Igreja regida pelo sucessor de
Pedro.

Bibliografía:

Paulo VI "O verdadelro e o falso pluralismo" (28/08/1974) em


SEDOC n? 78. Jan.-fev. 1975, coIb. 673-675.

'Conferencia Nacional dos Blspos do Brasil, "Unldade e pluralismo


na Igreja". Sao Paulo 1972.

Rogor Schutz, "Unanlmltó dans le pluralismo". Prosses de Taizé 1969.

"L'unlté dans la dlveraitó. Lettre pastorela des éveques lyonnals",


em "La Documentatlon Cathollque" rfí 1584, 18/04/1971, pp. 379-384.

L.-A. Elchinger, "Unltó et opposltlon dans l'Égllse", ib. 1620,


19/11/1972, pp. 1036-1038.

"Dóclaratlon des éveques autrlchiens sur la foimatlon de groupes et


les dlvlslons dans l'Égllse", Ib, 1608, 1/05/1972, pp. 435s.

SEDOC rfl 78, Janeiro 1975, cois. 697-740.

Alvaro Botero Alvarez, "Liturgia e valores das Culturas Nativas",


em REB n? 35, junho de 1975, pp. 389-402.

— 523 —
Um raío de esperanca:

neuróticos anónimos em pauta

Em sfntese: O Movlmento dos Neuróticos Anónimos (que se asse-


melha ao dos Alcoóllcos Anónimos) constitul-se de pessoas emocional-
mente doentes em vía de recuperacSo ou mesmo (em varios casos) já
recuperadas, que se dlspóem a ajudar os seus semelhantes neuróticos.
Para tanto propóem ao candidato um programa de Ooze Passos e abra-
cam Doze Tradigóes e Doze Conceltos, que tendem a assegurar o bom
funclonamento de cada núcleo de Neuróticos Anónimos. — Um dos obje
tivos mals valiosos do programa de N. A. consiste em conscientizar o
enfermo de que ele nao é tSo somente vftlma de circunstancias e de
pessoas, mas é também responsável pela sua sorte; o seu comportamento
— neurótico ou nao — depende da maneira como ele encara a vida;
o seu problema tem solucio ou cura. O neurótico, desde o inicio da sua
tarefa de recuperado, também toma consciéncia de que por si só ele
nfio consegue sair do circulo vicioso de suas angustias e depressdes;
ele precisa tanto do auxilio de um Poder Superior (Poder que cada um
concebe como o julga em consciéncia) como também da ajuda de seus
semelhantes. Estes nao o devem mimar, nem Ihe devem aparecer como
especialistas em Medicina, em finanzas ou em teis trabalhistas, mas, slm,
como companheiros que fazem experiencia semelhante e que se dispdem
a despertar em seu próximo a alegría de viver.

Os grupos de N. A. s§o abertos a todos quantos os desejem fre-


qüentar, 'contanto que estes tenham o sincero desejo de se libertar da
sua doenga. Nao estáo filiados a nenhuma agremiac,áo política, religiosa
ou terapéutica; guardam o anonimato de seus membros, precisamente
para que cada qual se sinta á vontade no ámbito do grupo respectivo.

Informagoes ulteriores podem ser solicitadas a "Neuróticos Anóni


mos", Caixa postal 20. 896, 01000 Sao Paulo (SP).

Comentario: Tem-se dito que a neurose é doenga do nosso


sáculo. Nao faltam os meios de provocá-la: agitagáo da vida,
rápidas mudancas, conflitos diversos, etc. Em conseqüéncia,
tém-se multiplicado os recursos destinados a minorar ou sanar
o mal... Entre estes, apareceu o Movimento dos Neuróticos
Anónimos (N. A.), constituido por pessoas que passaram pelas
angustias da neurose, mas déla conseguiram libertar-se e, con-
seqüentemente, desejam colaborar para que seus semelhantes
enfermos consigam o mesmo resultado.

. — 524 —
NEURÓTICOS ANÓNIMOS TT-

Abaixo apresentaremos o Movimento dos Neuróticos Anó


nimos, (que é paralelo ao dos Alcoólicos Anónimos, A.. A.),
baseando-nos ñas apostilas emitidas por esses beneméritos arau-
tos da paz e da solidariedade entre os homens.

1. Quem é neurótico ?

Para os Neuróticos Anónimos, urna pessoa normal é a


que possui o dominio de suas emo;óes tanto ñas horas alegres
quanto ñas horas tristes; chora e ri dentro de certo equilibrio
emocional.

Na mesma perspectiva, urna pessoa é neurótica quando


suas emopóes descontroladas interferem profundamente em
sua maneira de yiver. Qualquer fator de tristeza, por exem-
plo, faz que o neurótico caía em depressáo a ponto de querer
desaparecer da face da térra. O neurótico se vé freqüente-
mente (senáo permanentemente) em cqnflito consigo mesmo
(experimentando sensagáo de culpa e desejo de autopunicáo)
e com o mundo que o cerca; isto o leva a querer fugir ou a
nao se querer defrontar com a realidade da vida. Essa fuga
poderá ser fatal para algumas pessoas, pois ela se realiza de
diversas maneiras perigosas:
— em diversóes; tém-se entáo jugadores inveterados;
— no uso do álcool;
— no uso dos tóxicos (drogas diversas);
— no descontrolado uso do sexo (em formas mesmo per
vertidas) ;
— em trabalho excessivo;
— no sonó excessivo.

Gráficamente, poder-se-ia assim reproduzir a diferenca


entre urna pessoa normal e urna pessoa neurótica, comecan-
do-se abaixo pela pessoa normal:

(ALTOS)

FAIXA
DA
NORMALIOAOE

ÍBAIXOS)

— 525 —
18 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

A pessoa normal aceita os acontecimentos bons com ale


gría ponderada. Aceita o que lhe é contrario, como algo de
desagradável, mas que também é suscetivel de ser superado
ou contornado. Veja-se agora a pessoa neurótica:
(ALTOS)

FAIXA
DA
NORMAUDAOE

(8AIXOS)

A pessoa neurótica se defronta eufóricamente com as coi


sas alegres, entregando-se ás mesmas como se fossem tudo na
vida. Diante des adversidades, cai em depressáo profunda,
que se prolonga mesmo diante dos acontecimentos mais insig
nificantes.

P5e-se agora a pergunta:

2. Neurose: diagnóstico

Segundo os Neuróticos Anónimos, este é o diagnóstico que


se pode fazer a respeito da neurose:

Trata-se de urna doenca curável, que faz sofrer intensa


mente o respectivo paciente. Este se torna sujeito á agressivi-
dade e perturba as pessoas que o cercam. Todavía — é pre
ciso dizé-Io — o neurótico, depois que agride, senté profundo
remorso de o ter feito e é vítima de grave complexo de culpa;
é mordido pela aversáo a si mesmo, pelo desejo de autopuni-
cáo e de vinganga contra si mesmo. Entra assim numa situa-
Cáo da qual ele nao pode sair se nao recebe ajuda de pessoas
compreensivas e amigas. Realmente, sem ajuda alheia o pa
ciente nao pode sair de suas condicóes patológicas.

É preciso, porém, que o próprio paciente consinta em ser


ajudado e deseje recuperar-se. Com efeito, note-se o seguinte:

Ninguém tem culpa de cair doente do ponto de vista men


tal ou emocional; ninguém escolhe a doenca. Todavía, urna
vez tendo entrado em estado patológico, o neurótico corre o
risco de «cultivá-lo» ou de se deixar envolver pelo mal. Sim;

— 526
NEURÓTICOS ANÓNIMOS 19

a neurose está multo ligada a emogóes negativas e defeitos de


caráter, como raiva, odio, sentimentos de vinganca, inveja,
desconfianca, maledicencia... Ora, para se recuperar do ponto
de vista médico, a' pessoa precisa de colaborar a fim de elimi
nar ou, ao menos, combater esses maus sentimentos e adqui
rir tragos de caráter novos e saudáveis. Precisa de esforgar-se
por compreender, tolerar, ser altruista e querer bem aos outros.
Quanto aqueles que se dispóem a ajudar o paciente neu
rótico, nao devem «mimar» o doente, mas induzi-lo a enfrentar
a realidade; facam que ele chegue ao «fundo do seu pogo emo
cional», onde ele sinceramente desejará ajuda. O neurótico
necessita de auténtica benevolencia e nao áe condescendencia
sentimental.
Caso haja colaboragáo do paciente e daqueles que o cer-
cam, a doenca pode ser curada ou muito atenuada, indepen
dientemente das circunstancias de duracáo, histórico e síntomas
da molestia.
Ora precisamente a fím de proporcionar aos pacientes
nervosos a táo almejada recuperagáo, os' Neuróticos Anónimos
lhes oferecem um programa já comprovado pelo éxito obtido
em mUhares de casos. «Nao há mais nenhuma desculpa para
que alguém continué doente, sofrendo de doenga mental e emo
cional. A pessoa doente tcm agora urna escolha. Se deseja
recuperar-se, poderá fazé-lo em 'Neuróticos Anónimos'» (ex
traído de urna apostila publicada pela Central Nacional de Ser-
vicos N.A. para o Brasil, Caixa postal 20.896, Sao Paulo, SP).

3. Quem sao os N. A. ?

Os Neuróticos Anónimos sao pessoas que fizeram a expe


riencia da molestia nervosa e se dispóem a libertar de tal
estado a si mesmas e a todos quantos desejem ser ajudados.
Reunem-se em grupos ou núcleos, e compartilham as suas
experiencias, as suas esperangas e os seus estímulos. Pro-
curam resolver em comum os problemas comuns, segundo um
programa de recuperagáo exposto no decorrer deste artigo.
Tal programa, em última análise, é o de Alcoólicos Anóni
mos adaptado a Neuróticos Anónimos, pois, na verdade, o
alcoolismo, a toxicomanía, o vicio do jogo, o comer em dema
sía tém a mesma causa; sao síntomas diversos da mesma
molestia. .
O único requisito para que alguém se torne membro de
Neuróticos Anónimos é o sincero desejo de recuperar-se da

— 527 —
20; «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

doenca emocional e procurar levar urna vida feliz, livre das


angustias da doenca.

Os Neuróticos Anónimos nao cobram taxas nem mensali-


dades. Para comegar a freqüentá-los, nao se requer proposta,
nem mesmo a revelagáo do nome completo do candidato. O
Movimento nao se prende a seita religiosa alguma nem a al-
gum Partido político nem mesmo a determinada instituicáo.
Nao combate nem apoia causa alguma.

É, pois, com este programa amigo que os Neuróticos Anó


nimos se apresentam. Desejam oferecer ajuda. E comegam a
sua tarefa de auxilio, propondo a quem sofra, as seguintes
interrogagóes:

É VOCÉ UM NEURÓTICO ?

1 — Vocé tem medo de estar sozinho, sair de casa,


dirigir um carro ou fazer urna viagem tora de sua cidade ?
" 2 — Vecé se senté diferente ou "destacado" com outras
pessoas ?
3 — Vocé freqüentemente negligencia os afazeres,
dorme muito, sente-se. constantemente cansado ou sem
energias ?
4 — Vocé já tentou o suicidio ou considerou seria
mente cometé-lo ?

5 — Vocé precisa de tranquilizantes ou outras drogas


(que alterem a mente) para atravessar o dia ?
6 — Vocé assume mais responsabilidades do que pode
realizar ? Tem urna atitude de TUDO ou NADA ?
7 — Vocé vive tenso, incapaz de relaxar, e nao con-
segue dormir ?

8 — A tensáo, ansiedade e preocupagóes afetam o


seu trabalho ?
9 — Vocé senté que outras pessoas nao o compreón-
dem ou nao cómpreendem os seus problemas?
10 — Vocé senté que outras pessoas "o estáo olhando"
quando vocé trabalha ou quando está em público ?
11 — Vocé acha que seu casamento está em perigo ?
12 — Vocé tem problemas sexuais?
13 — Vocé senté que a vida já n§o tem sentido?

— 528 —
NEURÓTICOS ANÓNIMOS 21

14 — Vocé fica tao irado que perde o controle ?


15 — Vocé entra em pánico sob tensao ?
16 — Vocé vive chorando ?
17 — Vocé se senté «culpado ?
18 — Vocé sofre de depressáo ?

Se vocé respondeu SIM a qualquer uma das questóes,


vocé poderá ser neurótico. — Se vocé respondeu SIM a duas
das perguntas, provavelmente é um neurótico. — Sé vocé
respondeu SIM a tres ou mais perguntas, vocé certamente
é um neurótico.

Agora a grande pergunta: VOCÉ QUER AJUDA ?

A quem diga SIM, os N.A. apresentam tres legados:


1) um Programa com Doze Passos; 2) um Apelo á Unidade
Fraterna orientado por Doze Tradigóes; 3) um Servigo funda
mentado sobre Doze Conceitos.

Vejamos cada qual destes legados «de per si».

4. Os Doze Passos para a recuperase»

Cada Passo será sumariamente explicado, podendo o leitor


procurar informagóes mais minuciosas na bibliografiá especia
lizada.

1? Passo : A Rendijáo

Ao darem este primeiro passo, as pessoas aflitas reconhe-


cem:

«Admitimos que somos impotentes perante nossas emo-


goes e que perdemos 6 dominio sobre as nossas próprias vidas».
Essa «rendigáo» é precedida de longos anos de conflitos:

— conflitos do paciente com seus parentes, amigos e mé


dicos, que insistiam em que o sujeito procurasse dirigir ele
mesmo a sua vida, criando em si mais «fibra moral» e «forga
de vontade»; fizeram-no sofrer, tratando-o por vezes com
rudeza, mas assim o ajudaram a reconhecer mais claramente
a sua situagáo;

— conflitos do paciente consigo mesmo. O neurótico tende


a julgar que o destino lhe reservou ó mais pesado dos fardos:

— 529 —
22 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1975

familia incompreensiva, filhos desobedientes, amante nervosa,


situagáo financeira sempre precaria, intermináveis multas com
o carro, chefe explorador, má sorte singular no jogo... «Qual-
quer individuo, com tamanha carga de problemas, explodiria
tanto quanto eu».
Aos poucos, porém, o paciente foi compreendendo que nao
vivia explodindo por causa dos infortunios, mas que sofría
esses infortunios por causa da sua maneira errada de governar
a sua vida... As explosóes deviam-se ao fato de ser ele por
tador de um desequilibrio emocional chamado «neurose», dese
quilibrio que seria necessário combater controlando suas emo-
góes... Deu-se entáo por «vencido».

2* Passo: O Reconheámento

«Viemos a crer qne um Poder Superior a nos poderla


fazer-nos voltar a sanidade».

O primeiro passo seria capaz de levar o paciente ao desá


nimo, se nao fosse seguido deste segundo, que precisamente
desperta a esperanza.

Cada Neurótico Anónimo é um testemunho vivo da vera-


ddade da afirmagáo ácima; o seu caso manifesta que algo o
ajudou a nao mais se descontrolar e continua a ajudá-lo a
normalizar a sua vida.

Quanto á índole desse Poder Superior, os N.A. deixam


a cada um a liberdade de a conceber: será Deus no sentido da
Biblia ou do Coráo ou, talvez, a forga que emana da com-
preensáo e camaradagem dos membros do grupo.

3? Passo: A Entrego

«Decidimos entregar nossas vontades e nossas vidas aos


cuidados de Deus segando o modo como O entendemos».

Os N.A. fazem questáo de dizer que o uso do nome de


«Deus» nao deve ser barreira que afaste alguém do Movimento.

O que este passo sugere, é que o paciente tome conscién-


cia de que nao é senhor da sua vida. Quantas vezes progra
mamos e nao realizamos! E quantas vezes, sem ter progra
mado, nos defrontamos com algo de maravilhoso! Se assim é,
recomenda-se que o paciente aceite a vida como ela é e se

— 530 —
NEURÓTICOS ANÓNIMOS 23

entregue á realidade, sem querer modificar o que nao pode


ser modificado. Os que nao cumprem este programa, adoecem
emocional e físicamente.

4? Passo : A Autoanalbe

«Fizemos minuciotso e destemido inventario de nos mes»


mos».

Urna das características do neurótico é um profundo sen-


timento de inferioridade, decorrente dos fracassos que ele veri
fica em sua vida. Esse sentimento leva-o, inconscientemente,
a criticar a tudo e a todos, tentando colocar as outras pessoas
abaixo do nivel em que ele julga encontrar-se.

Ora o 4' Passo impele o paciente a criticar sinceramente


a si mesmo, reconhecendo que nao sao as coisas (o tránsito,
o mau tempo...) ou as pessoas (a esposa, os filhos, os che-
fes...) que o prejudieam, mas, sim, a maneira de encará-las.

É este um exercício duro, ao qual muitos tendem a fur-


tar-se, analisando-se superficialmente com as palavras: «Eu
tenho um bocado de defeitos» ou entáo procurando urna serie
de justificativas que «explicam os defeitos revelados». Ñas
reunióes de N.A. ouve-se freqüentemente a mais comum das
justificativas: «Afína!, gente, fiz aquilo porque perdí o con
trole, porque sou um doente». Na verdade, é o inverso que se
dá; sao nossos defeitos de caráter que nos tornam doentes.

5' Passo: A Confissáo

«[Admitimos perante Deas, perante nos mesmos e ostros


seres humanos a natoreza exata das nossas fainas».

Muitos N.A., para dizer que estáo praticando o programa


de N.A., fazem-no superficialmente, isto é, continuam em seu
íntimo como bons neuróticos, engañando a si mesmos e aos
outros. Ora isto para nada serve. Nao basta dizer: «Fui um
tanto mau com minha esposa»... É preciso fagamos com os
nossos próprios defeitos o que fazemos quando criticamos al-
guém de quem nao gestamos: devemos por em relevo nossos
defeitos com toda a realidade; convém sermos brutalmente
honestos conosco mesmos.

— 531 —
24 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

A confissáo aqui mencionada pode ser feita a um sacer


dote, a um médico ou a um membro recuperado de N.A.,
capaz de emitir opinióes equilibradas a respeito da situacáo do
confidente.

6' Passo : A Humildade

«Prontifieamo-no3 integramente a deixar qne Deas remo-


vesse todos esses defeitos de caráter».

Eis o significado deste passo: muitas vezes dizemos que


nos queremos libertar da nossa falta de serenidade; promete
mos isto as pessoas com quem lidamos; estas entáo nos dáo
novas chances de vivencia e colaboracáo. Todavía, no fundo,
apenas estamos desejando evitar as conseqüéncias que nossos
atos explosivos provocam. Nao estamos dispostos a extirpar
pela raiz o egoísmo, a irresponsabilidade, a preguica..., que
sao as raizes de nossos «estouros». Na verdade, é muito
«cómodo» e «gostoso» manter estes defeitos de caráter; pare-
cem tornar a vida menos dura, mas nos deixam sempre insa-
tisfeitos e 'a procura de algo que preencha o nosso vazio. A
paz e a felicidade so vém com a eliminacáo de nossos defei
tos. E esta só pode ocorrer se nos dispomos sinceramente a
perder nossos vicios «gostosos». Esta disposicáo é o requisito
indispensável para que Ele, o Ser Supremo, nos ajude a
remové-los.

7' Passo: A SubmissSo

«Humildemente rogamos a Ele que nos Iivrasse de nassas


imperfeicoes».

A libertagáo radical e plena de nossas falhas é obra que


ultrapassa nossas forcas e que, por conseguinte, há de ser soli
citada ao próprio Deus. Podemos e devemos dispor-nos a ela
mediante os passos até aqui indicados, aos quais se acrescenta
agora o da oracáo a Deus,... Deus como qual O concebe.

8* Passo: Arrolamenfo

«Fizemos urna rclagao de todas as pessoas a quem tínha-


mos prejudicado e nos dispnsemos a reparar os danos a elas
causados».

O oitavo passo visa nao somente a reparar males come


tidos em relacáo a outrem, mas também a quebrar o orgulho

— 532 —
NEURÓTICOS ANÓNIMOS 25

do paciente, orgulho que é urna das causas principáis do sofri-


mento emocional. É um passo exigente diante do qual muitos
pacientes recuam; recuam, porém, com prejuízo para si.

Os danos de que se trata aquí, nao sao apenas as agres-


sóes físicas, mas também comentarios desairosos, suspeitas
infundadas, omissóes diversas... Enquadram-se ai o marido
que muitas vezes deixa a esposa em casa chorando para «se
divertir» com urna sucedánea; a esposa, preocupada com a
limpeza da casa, a ponto de viver em constante irritagáo; os.
pais para quem o castigo corporal é o único meio de ensina-
rem a seus filhos; os filhos que, egoísticamente, nao dáo mais
satisfagáo aos pais...

É grande o número de pessoas que alguém pode prejudi-


car, as vezes sem ter a chance de encontrar novamente tais
pessoas a fim de reparar o daño a elas causado. — A propó
sito, os N.A. propagam os seguintes dizeres:

"Se pudéssemos ler as historias secretas de nossos iní-


migos, encontraríamos na vida de cada um tristezas e sofri-
mentos suficientes para desarmar o nosso odio".

9' Passo: A Restítuijco

«Fizemos reparacao dos males causados a tais pessoas


sempre que possível, salvo quando fazé-Io signiñcasse preju-
dicar novamente as mesmas ou a outrem».

É certo que nem sempre encontramos de novo as pessoas


a quem tenhamos feito mal. Também acontece por vezes que
é melhor nao voltar a abordar problemas pretéritos, pois isto
poderia causar mais daño as pessoas prejudicadas ou a outrem.

10' Passo: A lntrospec(áo

«Continuamos fazendo inventario pessoal e, qnando está-


vamos errados, nos o admitíamos prontamente».

No fundo, todos nos somos egoístas. Tendemos a fazer


prevalecer nossa opiniáo, a fazer bons negocios, a nos promo
ver as custas dos outros... Ora o egoísmo é o inimigo n» 1
de todo doente emocional... Já que ninguóm o consegue
extirpar de urna vez por todas, é preciso fagamos o nosso ba-

— 533 —
26 ' tPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

lango pessoal e moral todos os dias... É necessário também


pedir desculpas sem demora, desde que verifiquemos ter errado.
Ficar calado e sisudo dias a fio após alguma desavenga é fator
angustiante para quem se cala (como para quem o acompa-
nha). Quem nao pede desculpas logo depois de se reconhecer
culpado, priva-se de um meio extraordinariamente eficaz de
evitar tensóes, angustias e sofrimento indescritíveis.

11* Passo: A Med¡la$5o

«Procuramos, através da prece e da meditacáo, memorar


nosso contato consciente com Deus na forma em que O con
cebíamos, rogando apenas o conhecimento de sua vontade em
relacao a nos e forcas para realizar essa vontade».

A oragáo, como é aqui entendida, nao significa tentar


mobilizar o Senhor Deus no sentido dos nossos desejos, por
vezes mesquinhos. Em outros termos: nao sao os nossos cri
terios que devem prevalecer incondicionalmente na oracáo,
mas, sim, os criterios e os designios do Senhor Deus. Ou ainda:
é a criatura quem se deve identificar com o Criador, e nao
vice-versa. Por isto, embora a oracáo nao exclua a petigáo de
bens lícitos que desejemos, ela deve sempre culminar no pe
dido Se que cumpramos fielmente a Vontade de Deus. Assim
orando, rompemos as cadeias do nosso pequenino mundo indi
vidual, egocentrista e prepotente, para ingressar num mundo
ampio, onde as criaturas se reconhecem mutuamente como
filhos de Deus, que procuram antes cooperar do que competir
entre si.

12» Passo : A Candado

«Tendo experimentado um despertar espiritual gracas a


estes Passos, prolcuramos transmitir esta mensagem aos neu
róticos e por em prática tais principios em todas as nossas
atividades».

O pressuposto deste 12» Passo é o despertar espiritual, que


significa «mudanca de vida»; o paciente é entáo levado a ati-
tudes e agóes diametralmente opostas aquetas a que ele sem
pre esteve habituado. Se antes achava que o mundo era seu
devedor, ele agora o vé como seu credor. Se antes procurava
fugir de suas responsabilidades, ele agora as enfrenta. Se
antes só sabia sentir odio, inveja e autopiedade, ele finalmente

— 534 —
NEURÓTICOS ANÓNIMOS 27

comeca a aprender a amar seus semelhantes. Essa transfor-


magáo resulta da aplicacáo perseverante dos doze Passos do
Programa.

Ela habilita o paciente a transmitir urna boa mensagem


a todos os seus semelhantes, principalmente aqueles que pas-
sam pela angustia da neurose. O sujeito, urna vez tornado feliz,
torna-se apostólo da felicidade dos seus irmáos desgrasados.

É de pacientes recuperados ou em via de recuperagáo que


se constituem os grupos de Neuróticos Anónimos. Tais grupos
sao regidos por doze Tradigóes, que passamos a expor suma
riamente.

5. As Doze Trodigóes

Eis as grandes linhas diretrizes dos grupos de Neuróticos


Anónimos:

1» Tradicáo: «Nosso bem-estar comum deve estar em pri-


meiro lugar; a reabilitacáb individual depende da nnidade de
Neuróticos Anónimos».

Um traco marcante de toda personalidade neurótica é o


egocentrismo. Acentúa o seu modo de pensar e querer, que
ele tende a fazer prevalecer sobre o dos demais homens. O
neurótico difícilmente concebe que idéias contrarias as dele
possam merecer consideragáo. É esta a atitude que o leva a
destruir a sua felicidade e a se alhear á sociedade.

Por conseguinte, todo grupo de N.A. que deseje man-


ter-se coeso e agir em favor do próximo, tem de contar com
o perigo do egocentrismo de cada um' de seus membros (pois
é só com grande e prolongado esforgo que cada um se liberta
do mal); por isto coloca, antes do mais em seu programa
orientador, a valorizagao do bem comum ácima dos interesses
particulares de cada um dos respectivos membros.

2» Tradipáo: «Somente ama autoiridade preside, em úl


tima análise, a» nosso propósito comum: um Deus amantís-
simo, que se manifesta em nossa consciencia coletiva. Nossos
líderes sao apenas servidores de confíanga; nao) tém poderes
para governar».

A nenhum candidato que ingresse em N.A. se impóe um


sistema de controle. Sáo-lhe sugeridos os passos dó programa

— 535 —
28 gPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

de recuperado; mas ninguém lhe manda nem proibe coisa


alguma. Em N.A. desperta-se a responsabilidade de cada um,
aplicando-se o lema: «VIVER E DEIXAR VIVER»; na ver-
dade, cada um cria as suas próprias recompensas e punigóes.

Os cargos em N.A. representam responsabilidades e ser-


vigós. A lideran^a é exercida mediante o exemplo e a pres-
tagáo fraterna de servicos, sem imposigáo de sangóes. Contra
aqueles que se recusam a seguir os bons exemplos e se póem
a criticar seus servidores, resta a opgáo de rezar por eles.

S* Tradigáo: «Para ser membro de N.A., o único requisito


é o désejo de recuperar-se da doenca emocional».

Eis um depoimento que ilustra muito vivamente esta Tra-


di;áo:

"Quaado cheguei a N. A. anos atrás pela primeira vez, nüo preen-


chia nenhum requisito para associar-me a qualquer grupo decente. Havia
meses que vivía remoendo dentro de mim um desespero intimo que poucos
podem avallar. Se tivesse sido necessário, nSo terla podido preencher
formularlo algum. Nao possuia enderezo nem telefone para recados, nem
referencias. Meus últimos empregadores teriam advertido a todos para
nio me deixarem entrar pela porta. Minha familia, afastada de mlm,
terla concordado plenamente.

Nao tlnha religláo, emprego nem roupa decente, salvo aquela que
vestía. Nao térla podido pagar Cr$ 100,00 de Jola se mos tlvessem exi
gido. Pelo meu comportamento passado, nSo podía provar que merecía
a mínima compreensao ou ajuda. Só tlnha a oferecer a N. A. urna doenca
altamente Indesejável: urna neuroso total. Gragas a Deus, fot a única
colsa que me exlglram I

Se me tivessem perguntado: 'Vocfi se considera um neurótico ?',


ñas condlcSes em que eu me encontrava, minha mente estava embara-
Ihada e nao poderla responder colsa alguma. Felizmente, urna senhora
me recebeu a porta com um sorrlso de amlzade, que havia multo nfio
vía, e, apontando-me urna das cadeiras entre outras pessoas que estavam
na sala, disse-me: 'Entre, meu amigo, fique á vontade'. Ela falou fácil
mente, sem dramatismos. Parecía táo serena, tSo contente, táo respeltável,
tSo llmpa, comparada comlgo I Sentel-me e comecou a minha EDUCAQAO.
Cada um naquela sala contou coisas Inacreditávels de seu passado, a
maneira pela qual havia encontrado urna solucSo em N. A.

Quando termlnou a reunilp, quls fazer urna pergunta que grltava


dentro de mlm: 'Voces, pelo amor de Deus, permltlrlam que eu me
Juntasse a voces ?' Eu realmente sabia que nao merecía nada. Porém urna
rejelcSo a mals acabaria comigo. Asslm, como se realmente nio me-
Importasse multo, perguntel: 'Como fazem as pessoas que querem tor-
nar-se membros ?' E dlsseram-me que o simp!e3 fato de eu ter Ido até

— 536 —
NEURÓTICOS ANÓNIMOS 29

lá mostrava que eu quería ajuda, e, se eu desejava ser membro de N. A.,


entáo já o era. Espero nunca esquecer a torrente de emogdes e alivio
que se apoderaram de mim ao ouvtr estas palavras".

4* Tradicáo: «Cada grupo deve ser autónomo, salvo em


assuntos que digam respeito a outros grupos ouaN.A. em seu
todo».

Isto quer dizer que cada grupo é livre para estabelecer


certas convengóes no modo de acolher os membros é realizar
as suas sessóes. Tais convengóes dependeráo do local do grupo,
da faixa etária, das condigóes sociais e de outras notas pes-
soais dos respectivos membros. Todavía a autonomia relativa
de cada grupo nao deve prejudicar os outros grupos de N.A.

5* Tradicáa: «Cada grupo é animado por um propósito


primordial: o de transmitir sua mensagem ao neurótico que
aínda sofre».

Os grupos de N.A. nao emprestam dinheiro, nem pensam


em solucionar problemas de médico, trabalho, roupa ou lugar
para passar a noite. A única tarefa que assumem, é a de
mostrar como se consegue serenidade (equilibrio emocional).
Tendo encontrado o seu equilibrio e os rumo a dar á sua vida,
o paciente consegue ele mesmo resolver os seus outros pro
blemas. Aquilo de que um neurótico mais precisa, nao é
dinheiro, mas, sim, serenidade para achar as saídas de seus
problemas.

6* Iradicáo: «Nenhum grupo de N.A. deverá jamáis


apoiar, financiar on ceder o nome de N.A. a qualquer socie-
dade ou cmpreendimento afim ou alheio á Frateraidade, a fim
dé que oá problemas de dinheiro, propriedade e prestigio nao
nos afastem de nosso objetivo primordial».

Com outras palavras: os N.A. nao se interessam pa#*em-


preendimentos que acarretem preocupagóes financeiras ou.ad
ministrativas, pois estas os distrairiam do seu objetivo, que é
ajudar espiritualmente ao neurótico que sofre. É por isto que
em suas sedes nao pensam em criar salas de refeigóes, diverti-
mentos, clubes recreativos, servigo telefónico, etc.

Se membros de N.A. se querem reunir para «bate-papos»,


jogo de cartas, audiencias musicais, procürem local ¿depen
dente das salas de reuniáo de N.A.

— 537 —
30 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

7* TradicSo: «Todos os grapos de N.A. deveráb ser abso


lutamente auto-suficientes, rejeitando quaisquer doacóes de
fora».

Isto significa que cada grupo de N.A. deve ter apenas


o movimento financeiro estritamente necessário para manter
a sua sede e cobrir as despesas que nao possam ser evitadas.
As financas sao sustentadas pelos próprios membros do grupo;
estes assim excitam em si o senso de responsabilidáde, que
chega a faltar nos neuróticos. Desta forma também se elimina
qualquer tipo de problema resultante de elevada contabilidade.

8* Tradicáo: «N.A. deverá manter-se sempre nao profis-


sional, embora nossos Centros de Servico possam contratar
trabaúiadores especializados».

Professando esta Tradicáo, os N.A. tencionam excluir


servidos médicos organizados e assisténcia semelhante á do
INPS em seus grupos. Assim, quem entra para um núcleo de
N.A., nao encontré doutores nem gente «especialista» que
estenda a máo de cima para baixo a quem ingressa. Tais pro-
fissionais acanhariam o recém-vindo; este se sentiría talvez
constrangido, obrigado a pagar pretensos «servicos gratuitos».
Na verdade, porém, quem se chega a N.A., encontra em cada
grupo muitos ex-neuróticos e muitos neuróticos em recupera-
cáo, que se ajudam mutuamente a encontrar um tipo de vida
feliz e serena, longe das angustias da doenga emocional.

9' Tradicáo: «N.A. jamáis deverá organizar-se como tal.


Podemos, porém, criar Juntas ou Gomissóes de Servicos direta-
mente responsáveis perante aqueles a quem prestam senados».

«Organizar-se», no caso, significa criacáo de Departa


mentos de Comando, de controle, de burocracia, etc. Todavía
nao excluí haja pessoas encarregadas de fungóes que assegu-
rem a cada grupo boa ordem e eficiencia; essas psssoas encar
regadas podem constituir-se em Juntas ou Comissóes, as quais
dáo contas de seus trabalhos á assembléia do grupo, em ati-
tude típicamente democrática.

10' Tradisao: «N.A. nao opina sobre questoes alheias ao


Movimento. Portante o nome de N.A. jamáis deverá. aparecer
em controversias públicas».

— 538 —
NEURÓTICOS ANÓNIMOS 31

Em outros termos: ñas reunióes de N.A. nao se abordam


assuntos estranhos á finalidade do grupo, principalmente os
assuntos delicados como política, religiáo, futebol, filosofia...
Assim se evitam discussóes que desvirtuarían! o Movimento.

U? TradigSo: «Nossas relacóes com o público se baseiam


na atracáo e nao na promocao. Na imprensa, no radio e na
televisáo, cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal».

A palavra «promogáo» está um tanto desgastada pela pro


paganda comercial, que é capaz de «promover» todo e qual-
quer artigo com os superlativos mais arbitrarios possíveis.

A razáo do anonimato se deve ao desejo que os N.A. tém,


de facilitar aos seus irmáos doentes o ingresso no respectivo
grupo. Para quem acha que ser neurótico é urna vergonha, o
anonimato dos membros de um grupo de N.A. é urna salva
guarda e urna cautela salutar.

Todavia N.A. nao é sociedade secreta, pois, fora o refe


rido anonimato, nao se impóe segredo a respeito dos principios
que guiam N.A., nem a respeito dos locáis e dos horarios das
respectivas reunióes.

12? Tradicáo: «O anonimato é o alicerce espiritual de nos


sas tradicoes, Iembrando'-nos sempre da necessidade de colocar
os principios ácima das personalidades».

O anonimato, como aqui entendido, nao é o ocultamente


de nomes como o entendía a Tradigáo anterior, mas, sim, o
esforco para que ninguém conhega o sacrificio realizado pelos
N.A. em prol da recuperagáo de seus semelhantes necessitádos.
A maior recompensa que alguém possa obter em troca do bem
realizado, é a felicidade interior. Um sacrificio que nao fosse
humilde, anónimo e nao interesseiro, nao seria sacrificio, mas
transagáo.

Quanto ao terceiro Legado de N.A., compreende doze


Conceitos, que sao normas aptas a despertar a responsabili-
dade dos membros de um grupo em favor dos seus semelhan
tes. Em última análise, apresentam de novos os principios até
aqui enunciados, de sorte que nesta breve apresentagáo de N.A.
é dispensável a sua enumeracáo.

— 539 —
32 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

6. Conclusao

O Movimento de N.A. é altamente benemérito. Um de


seus valores primordiais e mais paradoxais consiste precisa
mente em conscientizar o paciente de que ele mesmo, em
grande parte, é responsável pelo progresso de sua doenca ou
por sua cura. Em vez de transferir a sua tarefa a outrem ou
a recursos farmacéuticos e em vez de se julgar vítima das coi
sas e dos homens, merecedor de compaixáo, o paciente aprende,
através do programa de N.A., a se tornar senhor de si mesmo
e da sua situagáo, sob a protecáo e com a graca do Altíssimo.
O apelo a Deus, aínda que possa chocar a quem se aproxime
de N.A., é dos pontos mais salutares e válidos do programa do
Movimento. A molestia evidencia ao homem a sua incapaci-
dade e fraqueza, e impele-o a se voltar para o Senhor Deus
(concebido como cada qual O pode conceber) como sendo real
mente o grande esteio e a fonte de esperanza da criatura.

N.A. propóe um programa, á primeira vista, duro, mas


corajoso e salutar; por certo, nao será ñas concessóes e na
condescendencia consigo mesmo que o doente emocional con
seguirá recuperar-se. Mesmo as pessoas tidas como sadias sao
obrigadas a se submeter a urna disciplina de vida para pode-
rem encontrar seu caminho e sua auto-realizacáo. Se alguém
pretende furtar-se a este programa, prepara para si a frustra-
cáo e a insatisfagáo na vida.

Ainda se pode notar que existem os Neoroteen, ou seja,


grupos de N.A. destinados aos jovens dos sete aos dezessete
anos de idade.

Qualquer ulterior informagáo sobre N.A- pode ser solici


tada a N.A., Caixa postal 20.896, 01000 Sao Paulo (SP).

Do tesouro de dizeres de N.A., extraímos os seguintes:

"Concede-me, Senhor,

a serenidade necessária para aceitar as coisas que nao


posso modificar,

coragem para modificar aquetas que posso,

sabedorla para perceber a diferenca entre urnas e outras".

540 —
Medicina e Moral:

tico (IV)

Terminamos neste número a publicacáo do estudo da autoría dos


médicos Drs. JoSo Evangelista dos Santos Alves, Carlos Tortelly Rodrigues
Costa, Dernlval da Silva Brandao e Waldenlr de Sraganca Intitulado
"Conslderacñes em torno do problema da gravidez com Intercorréncla de
enfermldade grave na gestante e o chamado 'abortamonto terapéutico1".
Este Importante artigo fol publicado prlmelramente na "Revista da Asso-
clacao Médica Brasilelra", vol. 22, n? 1, Janeiro 1976, pp. 21-27, e vertí
sendo transcrito por PR desde o seu número 201 (setembro de 1976).
— Para facilitar ao leitor a percepcño do alcance de tel artigo, val aquí
apresentada urna slntese de quanto nos fascículos anteriores já. foi
dado a lumo:

1) Consideragóos sobre a chamada "causa com duplo efelto": um


médico que tencione tratar de senhora cancerosa e, para tanto, nao
tenha outro recurso senao eliminar o útero grávido e canceroso dessa
pessoa, está moralmente habilitado a fazé-lo. O que ele realiza, é ditado
pelo objetivo de combater urna doenca, nao de dar a morte a alguém ;
a perda da enanca nao é dlretamente e como tal intencionada, mas é
aceita indiretamente e como mera conseqüéncia de urna aeflo médica
que visa a debelar um cáncer. A acao do médico entBo 1em duplo efelto:
um efelto bom, que é dlretamente intencicnado e que é o único motivo
da acSo (elimlnacao de órgao canceroso); outro mau, que n8o é dlreta
mente desejado, mas apenas aceito porque inevitavelmente assoclado ao
efeito bom (a morte da crtanga). Tal procedlmento difere daquela conduta
que diretamente e por si visa a eliminar a crianca, conduta que nSo
ocorreria se n9o fosse o desejo de abortar.

2) Após estas consideragSes gerals, foram propostos os pareceres


de eminentes médicos relativos a "Gravidez e Cardiología", "Gravidez e
Tisiologla", "Gravidez e Psiquiatría", "Gravidez © Hematología", "Gravidez
e Farmacología", "Gravidez e Metabologia", "Gravidez e Ginecología"
(afecgSos mamarias, uterlanas, ovarlanas, carcinoma do endométrlo)",
"Obstetricia". Tais pareceres davam a ver que a medicina moderna tem
recursos varios que permltem ao médico tratar da paciente sem recorrer
diretamente á eliminacSo da crianca que esteja em seu útero.

Seguem-se neste número as ponderacóes fináis referentes ao binomio


"Obstetricia e abortamento terapéutico".

«Deixamos para o final a resposta de Guimaráes Filho «..


Seu depoimento constituí verdadeira aula sobre o tema:

'Especificando o objetivo da indagacáo, nos é solicitado


responder as seguintes perguntas:
1 GulmarSes Fllho, A.: Depoimento pessoal, carta datada de 11 de
abril de 1972.

— 541 —
34 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 204/1976

1») Na Obstetricia moderna existem condigóes, inerentes


á gravidez, que justifiquem o chamado abortamento terapéu
tico?

2») Dispóe a Medicina atual, com o extraordinario pro-


gresso das ciencias, de recursos que possibilitem ao médico con-
duzir com éxito, até a viabilidade fetal, os casos de gravidez
em gestante que seja portadora de enfermidade de natureza
grave (cardiopatia, nefropatia, pneumopatia, hipertensáo arte
rial, etc.)?
Quanto á 1" pergunta, respondemos: Nao, isto é, nao exis
tem na atualidade indicagóes obstétricas ou indicagóes clínicas
do chamado abortamento terapéutico.

Também informamos que regemos duas cátedras universi


tarias com a responsabilidade direta e pessoal da conduta clí
nica de todo o corpo de médicos, que compunham os auxiliares
de ensino, quer obstetras, quer internistas, e que sao:

a) A clínica obtétrica da Escola Paulista de Medicina,


que foi por nos regida desde a fundagáo da cátedra, em feve-
reiro de 1938, até nossa aposentadora compulsoria, em agosto
de 1966, com urna Maternidade aberta e Servicos de Ambula
torio ativo no Hospital Sao Paulo, sendo que nos 29 anos de
magisterio nunca foi, no servigo, indicado um abortamento
terapéutico; nunca deixamos de estudar a tese de sua indica-
Cáo, tanto no curso teórico, como na prática clínica diaria da
enfermaría e do ambulatorio, dando um testemunho vivo e
iriestimável de sadia conduta obstétrica, fácilmente controlado
pelas ótimas estatísticas nosográficas que apresentamos.

b) Exercemos outra cátedra universitaria, a Cadeira de


Maternologia da Faculdade de Higiene e Saúde Pública da Uni-
versidade de Sao Paulo, com seu servigo de Higiene Pré-Natal.
Esse servigo funcionou desde 1934 no Centro de Saúde do Ins
tituto de Higiene da Faculdade de Medicina de Sao Paulo, e
depois fez parte integrante de nossa cátedra, para a aplicagáo
prática dos principios ensinados no Curso, quando foram fun
dadas a Faculdade de Saúde Pública e a cátedra de Higiene
Pré-Natal por nos regida até nossa aposentadoria compulsoria
em agosto de 1971.

Com seus múltiplos cursos pós-graduados, na regencia da


cátedra e no servigo de ambulatorio, sempre foi defendida a
mesma tese e nunca houve indicagáo de «abortamento tera
péutico», nem registramos os chamados efeitos deletérios da

— 542 —
ABORTAMENTO TERAPÉUTICO (IV) 35

incompatibilidade clínica com a gravidez em dezenas de anos


de exercício profissional, quando muitos milhares de pessoas
foram assistidas.
c) Devemos também informar que somos responsáveis
pelo Amparo Maternal, sociedade beneficente que cuida espe
cíficamente da maternidade e infancia na Capital de Sao Paulo.
Foi fundada em 20 de agosto de 1939, com sua Maternidade
funcionando desde 1962, com.suas portas abertas ao público,
sem qualquer selegáo ou restr'igáo, abrigando dois servigos de
pronto-socorro obstétricos, um municipal e outro estadual, com
movimento crescente, pois atingimos, em 1971, 23.856 atendi-
mentos, tendo sido, no ano, internadas 17.151 máes; realiza
mos 10.356 partos e prestamos assisténcia a 3.078 abprta-
mentos.

Nesse movimentado servigo, igualmente, nao indicamos


nem praticamos abortamientos terapéuticos; nem por isso nos-
sas estatisticas denunciam qualquer maleficio que essa conduta
possa ter determinado as milhares de máes atendidas em deze
nas de anos de atendimento; este deu um saldo realmente posi
tivo, pois foram milhares de criangas salvas, que seriam imo-
ladas em nome de uma pseudo-assisténcia mais moderna e mais
científica.

É toda essa experiencia clínica, baseada em fatos incon-


fundiveis, na miríade de casos clínicos de todas as formas, e
em tanto tempo, que nos permite afirmar que nao existem as
chamadas indicogóes terapéuticas, pelo menos na observagáo
diuturna que representa uma só filosofía, uma só orientagáo e
um só resultado, em quase meio sáculo de clínica na capital
paulistana.

Quanto á 2» pergunta, respondemos: Sim, nao apenas


atualmente, mas já há muito tempo a Medicina possui recursos
que possibilitam ao médico conduzir com éxito, até a viabi-
lidade fetal, os casos de gravidez em que a gestante é porta
dora de enfermidade de natureza grave.

Nao pretendemos, nem esta análise rápida permitiría,


especificar as doengas e os estados funcionáis, que, em todos
os tempos, serviram para indicar a interrupcáo da gravidez;
mas devemos lembrar que, se for feita uma simples leitura dos
tratadistas clássicos, é demonstrável, a larga manu, que as
chamadas indicagóes mudam com o tempo e com a moda.

Antes eram as doengas sistémicas, como o vómito graví-


dico ou incoercível, as úlceras gástricas; a tuberculose em suas

— 543 —
36 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

varias formas; as cardiopatias nos seus aspectos anatómicos e


funcionáis; as molestias renais, etc., que levaram a palma.

Ñas décadas de 30 e 40, esses quadros nosográficos foram


caindo de moda, pois nao mais se justificava a interrupcáo,
era face da evidencia dos resultados terapéuticos sobfe essas
doencas, e as chamadas indicagóes terapéuticas passaram a
ter prioridade ñas doencas nervosas e nos estados emocionáis,
sendo também utilizadas na incidencia de certas molestias
infecciosas na fase embriogénica da gravidez.

Superado esse periodo, as doengas foram paulatinamente


abandonando o rol dos abortivos e da prática dos abortadores,
e em seu lugar foram sendo apresentados, com grande prodi-
galidade, certos disturbios psíquicos que, nao demonstrando de
imediato a incompatibiiidade, indicavam, entretanto, a inter
rupcáo da gravidez para se realizar a profilaxia de molestias
psíquicas e nervosas tardías.

Nessa época as indicagóes sociais se avolumaram, princi


palmente em regióes em que a sociedade apresenta liames mo
ráis muito frouxos. Nessas áreas, o abortamento chamado
terapéutico constituí a tábua de saivacáo comodista para uns
c meios rendosos para outros, em virtudc dos imperativos bio
lógicos de urna vida licenciosa.

Chegamos, finalmente, aos tempos mais modernos, aque


les que nao mais usam as muletas das indicagóes médicas, e
admitem sumariamente o abortamento social, pela simples
vontade da gestante, do seu companheiro ou da sociedade cor
rupta em que vivem, sendo a volta do paganismo, alias muito
própria do espetáculo que presenciamos nestes dias.

Cumpre lembrar que, na análise dos resultados da tera


péutica abortiva, duas sao as situacóes de fato: a) aqueles que
a praticam, nao podem pretender defender o efeito salutar do
abortamento praticado, pois nao tém como provar o efeito
deletério da gravidez, em face da doenga, pois esta foi anu
lada; b) aqueles que nao praticam o abortamento, provam o.
evidencia de que nao houve a incompatibiiidade, pois resolvem
biológicamente o problema da gravidez e demonstram, com a
preservagáo da vida materna, a desnecessidade da indicacáo
abortiva.

Estatisticas levantadas em dois grupos homogéneos de


hospitais conceituados dos Estados Unidos, num dos quais os
médicos praticavam habitualmente o abortamento terapéutico

— 544 —
ABORTAMENTO TERAPÉUTICO (IV) 37'

enquanto no outro os obstetras nao indicavam a interrupcáo


da gravidez, demonstraram que, no mesmo período de tempo
e com observagáo de cerca de tres milhóes de partos, a morta-
lidade materna estudada globalmente ou específicamente, em
face da doenca intercorrente, era menor nos hospitais que
observavam a assisténcia conservadora.
Isto é o que pensamos sobre as chamadas indicacóes; elas
nao subsistem dentro, de urna conduta médica, obstétrica ou
ética honesta, mas, apesar disso, cada vez mais sao praticados
os abortamentos, as vezes camuflados com rótulos médicos,,
mas exatamente constituindo os abortamentos criminosos no
sentido legal e social da expressáo.

Os códigos, anacrónicos para alguns, continuam a cominar .


penas e a estabelecer regras que pretendem defender o nasci-
turos; seis artigos, entretanto, sao letra morta, táo morta como
a vida fetal ou embrionaria no conceito de alguns colegas, que'
praticam diuturnamente o abortamento como verdadeiro meio
de vida.

Na proximidade de alteragáo dos códigos, em vias de re


forma, alguns pretendem modificar a letra da lei, para desse
modo, com a abolicáo do conceito atual de abortamento cri
minoso, justificaren! suas condutas clínicas diarias, sem que
lhes caibam admoestacóes ou censuras de caráter médico, ético,
ou mesmo dos Conselhos de Medicina.

Será essa orientagáo a que segué a maioria dos médicos


do Brasil?

Pensamos que nao. Pois inúmeros sao os médicos que


conhecemos, que permanecem fiéis aos principios milenarios,
hipocráticos e cristáos, cumprindo com rigor e satisfagáo um
voto splene com que ingressaram no exercício profissional.
Estes sao nossos conceitos, a longo tempo vividos e que pro
curamos sintetizar'.

Condusao

Fundamentando-se em importantes depoimentos científi


cos, pode-se afirmar que, atualmente, nos casos de gravidez
com intercorréncia de enfermidade grave na gestante, a Medi
cina oferece ao médico meios para prosseguir na luta em busca
do fim almejado, qual seja a salvacáo do binomio máe-filho,
deixando, portante, de existir pretextos para o chamado abor
tamento terapéutico».
(Aquí termina o artigo))

— 545 —
Velhas estórias:

e os "mónita secreta" dos jesuítas?1

Em slntese: O presente artigo considera um documento espurio


Intitulado "Mónita Secreta Socletatls Jesu", que, tendo aparecido em 1614
na cldade de Cracovia (Polonia), difama satíricamente a Companhia de
Jesús e seus procedlmentos. — A falslficacfio se deve, como ensina a
eentenca mals provável, a certo Jerónimo Zahorowskl, que, no Intuito de
vlrtgar-se, escreveu o texto respectivo e consegulu publicá-lo com os
subsidios flnanceiros de um Duque da época. Embora os Jesuítas tenham
refutado as Inslnuacfies do libelo, este se difundlu amplamente e tmpres-
slonou a quem nio quls usar de espirito critico. Todavía a critica objetiva
reconhece a Índole espuria dos "Mónita". Estes podem ter base no com-
portamento falho de membros da Companhia de Jesús de fins do séc. XVI
e inicio do séc. XVII; atrlbuem a todos os padres jesuítas o que pode
ter sido conduta pessoal de urna minoría.

Os "Mónita Secreta" hoje em dia estSo relegados ao esquecimento


dos estudiosos em geral; todavía numa ou noutra ocasifio aínda há quem
Ihes faga alusSo como se merecessem ser levados a serlo. SSo auténtico
espécimen de como a falsa erudlcao (no caso, htstorlográfica) pode en
contrar ressonancla no grande público.

Comentario: Este artigo se deve á sugestáo de um antígo


leitor de PR. Tendo encontrado no livro de H. R. Trevor-Ro-
per sobre «Os últimos dias de Hitler» varias alusóes aos «mé
todos jesuíticos», assim como a antigos preconceitos e velhas
lendas concernentes á Companhia de Jesús, esse amigo pediu
a PR divulgue um esclarecimento sobre os «Mónita Secreta»
da Companhia de Jesús, que representarían! os «métodos jesuí
tas». Embora a questáo esteja hoje em dia fora dos interesses
imediatos dos estudiosos, a redagáo de PR julgou oportuno
abordar o assunto, pois que ainda aparece sob a pena, de um
ou outro autor. Além do mais, os «Mónita Secreta» constituem
exemplo típico de como a falsa erudigáo (no caso, historiográ-
fica) pode encontrar ressonáncia no grande público, propondo
a mentira sob a forma de verdade. A esto fenómeno alude o
artigo de PR 203/1976, pp. 504.

Veremos, pois, o que vém a ser os «Mónita Secreta» e o


que pensar a respeito.

1 "Mónita Secreta" = Admoestecdes Secretas.

— 546 —
E OS «MÓNITA SECRETA» DOS JESUÍTAS ? 39

1. «Mónita Secreta»: conteudo e origem


1.1. Conteudo

Em agosto de 1614 apareceu em Cracovia (Polonia) um


opúsculo intitulado «Mónita privata Societatis Jesu» datado
de 1612; teria sido impresso na cidade de Notobirga, que nao
se encontra nos mapas geográficos da época.

A introdugáo no opúsculo explicava que um manuscrito


espanhol desse texto fora encontrado em Pádua (Italia); per-
tencia aos arquivos secretos da Companhia de Jesús, donde
fora desviado; traduzido do espanhol para o latim, havia sido
mandado para Viena e, finalmente, Cracovia, onde era dado ao
público. Continha instrucóes secretas emanadas do Pe. Acqua-
viva, Preposto Geral da Companhia, e reservadas apenas aos
Superiores e iniciados da Companhia de Jesús, dizia o prefacio
do livro.
Este compreendia 16 capítulos (17 ñas edicóes de 1676 em
diante), dos quais eis alguns títulos:

I. Como a Companhia deve agir ao comecar alguma fundacSo.

II. Como os padres adquirlrSo e conservarSo a famlllarldade dos


principes e de personagens notáveis.

III. Como a Companhia se comportará em relacSo aos que, sem


ser ricos, tém autorldade no Estado e podem prestar servlcos...

VI. Como ganhar as vlúvas ricas.

Vil. Como conservar a benevolencia das vlúvas e dtspor dos seus bens.

VIII. Como levar os filhos das vlúvas a entrar na Companhia...

O estilo desses capítulos imita o das Regras e dos documen


tos auténticos da Companhia de Jesús; todavía é cínico e sar-
cástico, embora envolvido em ungáo; o teor dos mesmos ensina
como proceder para conquistar riquezas e prestigio. Eis em
síntese o que apregoam:

Os «nossos» (jesuítas) fundaráo colegios táo somente ñas


cidades ricas, pois o objetivo da Companhia é imitar Jesús
Cristo, que morava de preferencia em Jerusalém e apenas tran-
sitava por lugares menores (c. I) K

»Quem conhece os Evangelhos, verifica quanto é, falsa essa "funda-


mentacSo": Jesús peregrinava da Galilóla & Judéla e vice-versa, segundo
o IV Evangelho. Pregava na Gallléla, tendo por centro mlsslonárto a
cidade de Cafarnaum, segundo os Slnotlcos.

— 547 —
40 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 204/1976

Os Superiores daráo a saber as pessoas piedosas e ricas


a extrema necessidade em que se encontram as suas casas reli
giosas. Quando tiverem recebido alguma esmola, distribui-
-la-áo ostensivamente aos pobres; isto impressionará bem e
atrairá donativos mais importantes.

Os capítulos mais origináis sao o VI, o VH e o VHI, que


tratam de como envolver as viúvas ricas. Seráo delegados para
visita-las alguns dos padres mais anciáos, que elogiaráo o
estado de viuvez e tudo faráo para dissuadir as viúvas de novo
casamento. Quando estas adoecerem, ser-lhes-á enviado um
médico de confianca, que, em perigo de morte, disto dará cien
cia aos Superiores... Se tiverem filhos, seráo incitadas a
mandar as meninas para um convento, e os meninos seráo
arrastados para a Companhia com a respectiva heranga.

Ha também urna serie de instrugóes sobre a maneira de


proceder em relagáo aos reis e príncipes. Os padres jesuítas
sao exortados a se imiscuir nos litigios dos mesmos a fim de
ter a honra e a vantagem de apaziguá-los. Recomendaráo para
os cargos públicos os amigos da Companhia. Procuraráo obter
para si missóes junto a príncipes vizinhos e a poderosos
monarcas.

Também os bispos e dignitários eclesiásticos sao conside


rados; os padres jesuítas deveráo procurar edificá-los mediante
exertícios espirituais, a fim de conseguir por a máo sobre
beneficios da Igreja:

Em suma, para obter o bem temporal da Companhia de


Jesús, todos os valores sao sacrificados: Deus e os homens, a
alma espiritual e o céu. Todos os meios sao lícitos: fraudes,
mentiras, adulacóes. ..

Investiguemos agora quem tenha sido

1.2. O autor dos «Mónita»

1. Urna vez divulgada a obra, o autor nao ficou desco-


nhecido por muito tempo. As primeiras suspeitas recaíram
sobre um calvinista. Todavía a verdadeira pista foi logo encon
trada: chamava a atencáo a insistencia com que eram justi
ficados e recomendados os homens que a Companhia de Jesús
demitira: eram apresentados como pessoas honradas, que os

— 548 —
E OS «MÓNITA SECRETA> DOS JESUÍTAS ? _41

jesuítas perseguiam mesmo depois de terem deixado a Com-


panhia; cf. capítulos X, XI, XHI... Após urna pesquisa reali
zada pela própria Curia Episcopal de Cracovia, foi levado a tri
bunal Jerónimo Zahorowski, ex-jesuíta, que deixara a Compa-
nhia em 1613. Interrogado, este homem negou tudo o que se
lhe imputava, declarando nao ter qúeixa alguma contra a
Companhia; em conseqüénda, foi deixado em paz.

Todavía os jesuítas viam motivos para indagar ulterior


mente, pois Zahorowski tinha urna folha corrida assaz aciden-
tada. — Apurou-se finalmente o seguinte: Jerónimo Zaho
rowski, de familia nobre e imbuido de vaidade, nao fora feliz
em seus estudos na Companhia de Jesús e, por isto, ficou
sendo mero prpfessor de gramática. Todavía, movido por espi
rito de vinganga, ditou aos seus alunos urnas cartas, que os
meninos nao compreendiam e que estavam cheias de acusa-
góes contra a Companhia; muito inoportunamente, Zahorowski
confiou um mago dessas cartas ao Pe. Wielewicki, Reitor de
Lemberg, pedindo-lhe que as fizesse chegar a destinatarios indi
cados; o Reitor executou o pedido, sem desconfiar de coisa
alguma. Em breve, porém, os destinatarios foram ter ao cole
gio pedindo explicagóes sobre os fatos. Realizou-se entáo urna
pesquisa; os alunos reeonheceram cada qual a sua letra e Zaho
rowski foi ¡mediatamente demitido da Companhia (1613). Foi
o próprio Pe. Wielewicki quem narrou o caso e denunciou a
falsificagáo no boletim da casa dos jesuítas de Cracovia. Infe
lizmente as cartas escritas pelos meninos se perderam; segundo
a Crónica, elas teráo servido de base aos «Mónita Secreta».
Para que fosse impressa e divulgada a obra, o autor recebeu
volumoso subsidio financeiro da parte de certo Duque. — Tal
é a versáo geralmente aceita pelos críticos objetivos para expli
car a origem do estranho e tendencioso' documento dito «Mó
nita Secreta Societatis Jesu».

Enquanto o autor Jerónimo Zahorowski viveu, os jesuítas


se abstiveram de citar o seu nome no caso dos «Mónita». Con-
tudo sem demora divulgaram algumas réplicas, como a do
Pe. Bembo, com o título «Mónita sanitaria data anonymo
auctori» (Admoestacóes salutares enviadas ao autor anónimo)
e a., do Pe. Tiago Gretzer, intitulada «Jacobi Gretzeri S. J.,
theologi, contra famosum libellum cuius inscriptio est Mónita
privata S. J., etc., libri apologetici. Opera omnia, t. XI» (Li-
vros apologéticos de Tiago Gretzer S. J., teólogo, contra um
famoso libelo cujo título é Mónita privata S. 3., etc. — Obras
completas, t. XI).

— 549 —
42 <PERGUNTE E RESPONDEREMOS! 204/1976

2. Há outras versóes referentes á origem do libelo, todas


elas, porém, destituidas de autoridade. Sejam mencionadas,
entre outras, as seguintes:

Urna turma de marujos holandeses terá descoberto o ma


nuscrito dos «Mónita» em urna nave que fazia o comercio das
Indias por conta dos jesuítas.

Um capitáo prussiano terá retirado o manuscrito dos ar-


quivos dos jesuítas de Grata: (Austria).

O manuscrito terá provindo de um esconderijo situado no


colegio dos jesuítas de Heidelberg (Alemanha).

Sao, todas estas, teses destituidas de fundamento histó


rico.

Digamos agora algo sobre a historia posterior desse


documento.

3. Os «Mónita» na historia
Zahorowski arrependeu-se do seu fabo comportamento
antes de morrer. Contudo nao pode impedir a propagacáo' do
libelo.

Por isto em 1614 mesmo saiu na Italia urna edicáo fran


cesa dos «Mónita» com o título «Les Avis d'or de la tres reh-
gieuse Compagnie de Jésus á l'usage des Poliüques et de tous
les amís de Jésus, edites par Théophile Eulalin, cathohque de
Bohéme, Plaisance, chez Euréla Agathandre de Verane».
No ano seguinte, apareceu urna edicáo clandestina do li
belo em París. Em suma, no séc. XVII assinalaram-se 22 edi-
tóes dos «Mónita». A partir de 1676 houve remanejamento
dos mesmos e transposicáo de capítulos; chegou-se mesmo a
aSeSS aos originarios o capítulo XVH, do qual vai aquí
transcrita a seguinte passagem:

"É necessárlo que os jesuítas se esforcem por eclipsar, pelo seu


e o seTbom testemunho, o resto do clero secular e regular, prin-

eStá-e, deverao estender as PO^temporals da Com-


ts.^hio iofr> ararretarla Dará a arela a dade de ouro, a paz universal,
lalbam mudar de pomicf com 90 'passar dos tempos. Excitem guerras
para terem a ocasISo de as apazlguar e de ser recompensados por bene
ficios a dignidades eclesiásticas".

— 550
E OS «MÓNITA SECRETA» DOS JESUÍTAS ? 43

Esta versáo ampliada dos «Mónita» teve sua historia pró-


pria. Em 1680 já conhecia 42 edicóes, com títulos varios: «Ar
canos da Companhia de Jesús», «Anatomía da Companhia de
Jesús», «O Gabinete jesuítico», «O maquiavelismo jesuítico»,
«Os lobos desmascarados», etc.

As diversas formas dos «Mónita» muito serviram aos jan-


Benitas na sua polémica contra os jesuítas.

Todavía, ao lado dos que acreditavam píamente na auten-


ticidade dos «Mónita», havia, mesmo entre os adversarios dos
jesuítas, as pessoas que repudiavam o libelo por' sabé-lo espu
rio. Assim as «Nouvelles ecclésiastiques» dos jansenistas, sem-
pre dispostas a desagradar aos jesuítas, em 1719 registraram
os protestos e as refutacóes de Gretzer, Forero e outros jesuí
tas aos «Mónita», e acrescentavam: «Isto deve bastar para
que nao atribuamos os Mónita aos jesuítas; se aqueles que
acabam de os publicar novamente, tivessem sido informados
dessas réplicas, nao há dúvida de que se teriam abstido de
editá-los».

Quando no séc. XVm se moveu a campanna para a extin-


cáo da Companhia de Jesús em diversos países, os «Mónita»
nao parecem ter desempenhado papel importante. Na Franca,
nem o Parlamento nem os autores polemistas os mencionaram.
Isto significa menosprezo em relacáo ao libelo.
No séc. XIX o desmascaramento dos «Mónita» continuou,
ao lado da utilizacáo dos mesmos para fins hostis á Compa
nhia. Por exemplo, Barbier, em seu «Díctionnaire des ouvra-
ges anonymes et pseudonymes», récensela os «Mónita Secreta»
entre os apócrifos (obras espurias, falsamente atribuidas a
determinado autor). O mesmo ocorre no catálogo da biblio
teca do «British Museum».

Trata-se agora de ouvir o pronunciamento dos críticos


sobre os «Mónita Secreta».

4. Os «Mónita» e a crítica

1. Os próprios padres da Companhia de Jesús se encar-


regarám de refutar os «Mónita», mostrando a sua índole espu
ria. Assim, por exemplo,
C. van Haaken, «La fable des Mónita Secreta». Bruxel-
les 1882.

— 551 —
44 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS». 204/1976

C. Sommervogel, «Le véritable auteur des Mónita Se


creta», em «Précis historique» 39 (1890), pp. 83-87.
P. Duhr, «Jesuiten Fabeln», Freiburg 1891, pp. 45-66.
P. Tacchi Venturi, «L'autenticitá dei Mónita Secreta e
il prof. R. Mariani», em «La Civiltá Cattolica» 1902, I,
pp. 695-709.
J. B. Reiber, «Mónita Secreta. Die Geheimen Instruktionen
, der Jesuiten verglichen mit den amtlichen Quellen des Ordens».
Augusta 1902.
Paúl Bernard, «Les Instructions Secretes des Jésuites».
Paris 1903.
Alexandre Brou, «Les jésuites de la légende». Paris 1906,
t. I, pp. 273-301.
Estas refutagóes nao conseguiram demover certos espiri-
tos acirrados e preconcebidos como do de Ch. Sauvestre: «Les
Jésuites nient; done c'est vrai» (os jesuítas negam; por conse-
guinte, é verdade).
Quanto aos historiadores críticos e abalizados, muitos sao
os que reconhecem o caráter espurio dos «Mónita» mesmo
entre os adversarios dos jesuítas: tenham-se em vista os pro
testantes Gieseler, Hubert, Tschackert, Reusch, Paulus, Nip-
pol e os dois velhos-católicos Doellinger e Friedrich (Janus).
Adolf von Harnack, protestante liberal, escrevia:
"é lamentável que tenham explorado contra a Companhia de Jesús
falsos documentos como os Mónita Secreta. Saibamos nos, protestantes,
precaver-nos contra falsos testemunhos a respelto do próximo" ("Theolo-
gische Literaturzeltung" 1891, p. 122).

O historiador R. F. Littledale no verbete «Jesuits» da «En-


cyclopaedia Britannica» (ed. de 1930) observava o seguinte:
"As Regras oficiáis e as Constitulcfies da CQmpanhia de Jesús estSo
em contradigo patente com essas pretensas instrucSes (dos Mónita),
pois prolbem expressamente aceitar dignidades eclesiásticas, a menos que
por ordem explícita do Papa; desde os tempos do fundador Inácio, sabe
mos quantos obstáculos a Companhia opós a tais promoedes. Ademáis
nao raro aconteceu que Instrucóes- auténticas secretas, provenientes do
Superior Geral e dirigidas a Superiores subalternos, caissem em maos
hostis; ora em muitos casos essas InstrucSes auténticas promulgavam
orlentacóes diretamente contrarias ás dos Mónita; em nenhum caso,
aquelas corroboram a estas".

2. Dado que os Mónita Secreta sao realmente um do


cumento forjado e espurio, a crítica ainda pergunta: trata-se
de mera fiegáo, sem que se Ihes possa reconhecer algum fun
damento na realidade histórica da Companhia de Jesús?

— 552 —
E OS «MÓNITA SECRETA* DOS JESUÍTAS ? 45

Pode-se responder tranquilamente que os «Mónita», em


parte, representam urna sátira e caricatura do comportamento
dos padres jesuítas de fins do séc. XVI e inicio do séc. XVII.
Em parte, também generalizam faltas individuáis, atribuindo
a toda a Companhia ou a todos os padres jesuítas as faltas
de membros da Companhia; faltas ocasionáis, ainda que repe
tidas, nao sao faltas sistemáticas, devidas a urna política pre
concebida.

Sabe-se¿ de resto, que a Companhia de Jesús foi fundada


em 1540 para constituir urna milicia vigorosa na defesa dos
interesses da S. Igreja ameagada por hcresias e maquinagóes
políticas. Os jesuítas, desde os inicios da sua fundacio, se
dedicaram generosamente a essa tarefa e conseguiram grandes
benemerencias, ao mesmo tempo que extraordinaria propaga-
gáo nos quatro continentes do globo. Isto lhes valeu entrar em
conflitos,... conflitos as vezes provocados pelo zelo excessivo
ou pelo espirito demasiado militante e conquistador de mem
bros da Companhia; os adversarios desta acusavam-na de
apregoar hipocrisia e o principio de que «o fim justifica os
meios». Na verdade, os documentos oficiáis da Companhia
nunca propugnaram qüalquer atitude ilícita ou desonesta;
todavía os membros da Companhia exageraram, por vezes,
as táticas do seu apostolado. O desenrolar da celeuma em
torno da Companhia de Jesús levou o Papa Clemente XIV, aos
21/VH/1773, a declará-la extinta enquanto durassem as infe-
lizes circunstancias de sua época; em vista da situacáo que se
criara, os jesuítas nao podiam prestar á Igreja e ao mundo os
servigos em vista dos quais haviam sido fundados.
Todavia aos 7/VÜI/1814 o Papa Pió VH restauróu sem
restrigóesa Companhia de Jesús. Esta logo se difundiu de novo
com rapidez e; eficiencia. Hoje conta entre os seus membros
notáveis pensadores e lúcidos agentes da sadia renovacáo da
Igreja apregoada pelo Concilio do Vaticano n.

Nao se deve jamáis esquecer que em todas as sociedades


humanas existem falhas, que háo de ser entendidas com obje-
tividade e sem preconceitos, a fim de que nao haja paixáo
nem injustioa da parte de quern julga.
Como fontes deste artigo, foram utilizados os estudos de
A. Brou S. J., "Mónita Secreta", em "Dlctlonnalre Apologátlque de
la col Cathollque, Supplément". París 1931, cois. 28-34.
Celestino Testore, "Mónita Secreta", em "Enciclopedia Cattolica"
VIII. Clttá del Vaticano, cois. 12958. .
PR 20/1959, pp. 343-351 (supressfio da Companhia de Jesús).

— 553 —
livros em estante
Curandeirlsmo: um mal ou um bem ?, por Osear G.-Quevedo. — Ed¡-
góes Loyola, S§o Paulo 1976, 453 pp., 140 x 210 mm.

O Pe. Quevedo é um dos pionelros dos estudos de parapsicología no'


Brasil, tendo chegado a fundar o Centro Latino-Americano de Parapsico
logía nos arredores de SSo Paulo. Os seus livros e conferencias tém escla
recido multas pessoas, ajudando-as a llbertar-se das falsas expltcagdes
dadas pelo espiritismo e a umbanda a fenómenos meramente naturals
(psicológicos e parapsicológicos). .
O llvro ácima pederá ser de grande utllldade para dlsslpar as ilusoes
provocadas por aparentes curas milagrosas realizadas por benzodores ou
médiuns. Assim é multo Interessante a documentagáo apresentada em torno
de Zé Arigó; as "intervéngaos ^cirúrglcas" e outros prodigios atribuidos ao
"Dr. Frltz" flcam explicados sem "mística". O autor cita numerosos, casos
e dados de "curas" que lludem as massas; fornece perspectivas de historia
do curandeirlsmo e propOe explícaseos de medicina científica, é curioso
averiguar o poder fantástico que a sugestáo exerce sobre o subconsciente
das pessoas; o Pe. Quevedo recorre treqüentemente á forga da sugestáo
para explicar... Todavía deve-se dlzer que o autor exagera no seu a(5 de
tudo explicar pela parapsicología e a sugestáo: até mesmo o caso de
Teresa Neumann ó elucidado por vías naturals, sem que o autor pondere
as razies em prol do sobrenatural no caso.
Eis por que, ao mesmo tempo que apreciamos multas e multas das
páginas do Pe. Quevedo, fazemos restrlgSes ao seu Intuito de explanar
parapslcologicamente certos fatos que mereceriam enfoque diverso. A pa
rapsicología velo dlsslpar numerosas crendices, mas nSo deveria servir
para eliminar a crenga em autenticas manifestagSes do Senhor Deus que
devem ser respeitadas como fenómenos sobrenatural. A parapsicología
como ciencia nova está su|elta a se rever constantemente; deve, pols, estar
consciente de que aínda está Ildando, em parte, com hlpóteses. Ao dizer
isto, nSo tenclonamos depreciar os trabalhos de pesquisa e esclarecimento
empreendidos por nossos parapsicologías.

Contra toda esperanza, por Bernard Bro. ColegSo "OragSo e AgSo,


3? serle, n? 15. TradugSo de JoSo Pedro Mendes. — EdlcCes Paulinas', SSo
Paulo 1976, 232 pp., 110 x 190 mm.
O Pe. Bro é já bastante conhecido no Brasil por seus livros de espl-
ritualldade "Somente Deus é humano" e "Procuram-se pecadores". O pre
sente volume resulta de conferencias feltas pelo autor na catedral de
Notre-Dame de París na Quaresma e ampliadas ou completadas em vista
do prelo.
Versa sobre o tema "esperanga", levando em consideragao o abati-
mento e o desánimo que invadem multas pessoas em conseqüéncla da
difícil situacSo da humanidade contemporánea. O Pe. Bro desenvolve os
seus capítulos citando freqüentemente filósofos e teólogos de nossos. dias;
pSe em foco os clamores desesperados de mullos pensadores modernos,
aos quals responde baseado ñas Escrituras Sagradas e na mensagém
crista. A riqueza de episodios e textos referidos polo autor torna certamente
o livro merecedor de atengao; o leitor poderá ser beneficiado pelo conheci-
mento dessas passagens. Todavia o livro carece da seqüéncia ou concate-
nacáo que caracterizarían! um tratado sistemático; Isto se deve talvez ao
fato de ser o fruto de conferencias feltas durante a Quaresma na catedral
de Notre-Oame. Multo significativas sao as páginas 175-187, que tratam
da "pequeña via" e da esperanga (que conhecia noltes escuras e deses-
LIVROS EM ESTANTE 47

paradoras) de S. Teresa de LIsleux. O tlvro se recomenda como valioso


alimento da vida espiritual.

Pai, em vosaas máos eu me abandono, por Carlos Carretto. TraducSo


de Clemente Raphael Mahl. Colecto "Oracáo e A5B0", 3a. serie rfi 22.
— Ed. Paulinas, Sflo Paulo 1976, 199 pp., 110 x 190 mm.
O Pe. Carlos Carretto é outro autor já notorio entre nos por seus
livros de esplrltualldade. Desta vez o autor tenclona combater o espirito
de pusilanlmidade ou desánimo que se apodera de muitos crlstSos parante
os problemas de nossos tempos. Para tanto, o autor recorre a urna llngua-
gem teológica sólida e penetrante, da quat nos dSo ótlmo espécimen as
seyuintes llnhas tiradas do "Pórtico" do llvro:
Tenfto mals urna colsa para dizer: Vamos acabar com as Jeremiadas:
— os Jovens estSo perdidos, n3o temos mals vocacSes, o povo nao val
mals á Igreja, estamos mesmo perto do flm...
De nada adianta lamentar-nos assim. O plor ó que Isto nos levará a
viver Irritados á maneira de mocas solteironas que nao arranjaram casa
mento ou semelhantes a velhos rebújenlos cuja impotencia só causa tedio.
Querem um conselho?
N2o digamos: 'tudo está para rutr", mas digamos: 'ludo Já mlu'
— o que é bem mals verdade. Voces observara» entSo que ó mullo mais
inleressante e otlmlsta considerarse construlores de um amanhS novo do
que pdr-se a defender um passado vetho e caduco.

Nao ha molido de pensar que Ja chegamos ao flm do mundo. Esta


mos no flm de urna época e o que há de maravilhoso nisso 6 que ime-
dlatamente se Inicia urna época nova que, com a forc.a do Evangelho, será
talver mats Interessante e fecunda" (pp. 6-7).
No corpo do llvro, o autor desenvolve os motivos da confianga do
crlstSo diante do futuro. _
c.B.

"P3o e vida sao de todos", pela !rm§ Isabel Fontes Leal Ferreira,
S. Paulo, Editora Santuario, 1975. Distribuido pela Editora Vozes para todo
o Brasil.
O lema da Campanha da Fraternldade de 1975 — "Repartir o pSo" —
e o evento do 9? Congresso Eucarístlco Nacional — realizado em Manaus
no mesmo ano —, Intimamente relacionados, servlram como fonte de Ins-
piracSo a monsagens multo ricas, transmitidas por diversos autores através
dos cantos da Mlssa da Fraternidade e do Hlno do Congresso. Explorando
tal lesouro, válido nSo só para o ano de 1975, mas para hoje, para amanbS
e para sempre, o lívro "PSo e Vida sSo de todos", ora sob a forma de
reflexSes e meditares, ora de leituras leves e amenas, ora de textos que
se prestam á oracSo silenciosa ou comunitaria, realga os varios aspectos
da fraternidade evangélica, centrada na Eucaristía, Sacramento da unidade,
onde o Povo de Deus encontra o próprlo Cristo, PSo da Vida, descido
do céu.
O llvro pode ser de grande utllidade para comunidades religiosas,
para grupos e movimentos de leigos (cursilhos de cristandade, equipes de
casáis, encontros de Jovens, retiros, TLC, etc.), como serve também para
ajudar o aprofundamento dos conhecimentos tellglosos, do sentido evan
gélico e da auténtica vivencia crista, Junto a adultos e ¡ovens. Como livro
paradidático, poderla ser usado com provello ñas últimas serles do 29 grau
e na falxa universitaria. M A GWs(en¡

— 555 —
CARO LEITOR,

DÉ UM PRESENTE ÚTIL AOS SEUS AMIGOS

NO PRÓXIMO NATAL: UMA ASSINATURA DE

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS".

ASSIM VOCÉ INCENTIVARA O INTERCAM

BIO DE IDÉIAS, CÍENTE DE QUE SAO AS IDÉIAS

QUE MOVEM O MUNDO I

— 556 —
ÍNDICE 1976

ERGUNTE

Responderemos

CONFRONTO
ÍNDICE 1976

(Os números a direita indicam respectivamente fascículo,


ano de edi§áo c página)

ABORTAMENTO TERAPÉUTICO HOJE 202/1976' P' 434-


203/1976¡ pi 485;
204/1976, p. 540.
ABORTO ESPONTANEO OU NATURAL 201/1976, p. 394;
PROVOCADO 201/1976, p. 396;.
E ABUSOS 200/1976, p. 349.
AMOR E PASCOALIZACAO ^IQVnl' V' frk'
E SEXO ' 199/1976, p. 308;
NO CELIBATO 193/1976, p. 195;
ANALISE MARXISTA DA SOCIEDADE 197/1976, p. 195.
ANJOS QUE ANUNCIAM NA BIBLIA 197/1976, p. 217.
ARTE r autonomía e censura 196/1976, p. 151.

BEETHOVEN : vida e personalidade 194/1976, j>. 86.


BEHAVIORISMO : que é? 194/1976, p. 65.
BENZEDOR: sua eficacia 193/1976, p. 3.
BÍBLICA, SEMANA NACIONAL (XI) 200/1976, p. 366.
BILLINGS, MÉTODO 199/1976, p. 294.
BISPOS DO BRASIL E PASCOALIZAgAO .... 201/1976, p. 386.
BOOTH, WILLIAM E E. DA SALVARAO 196/1976, p. 164.
BUCAREST : Conferencia mundial sobre popula-
cao 194/1976, p. 51.

CAMINHAR ENTRE EXTREMOS 201/1976, p. 401.


CARCERES : educativos ou deseducativos ? 193/1976, p. 39.
CARDEAL AVELAR BRANDAO E MACONARIA 202/1976, p. 415.
CARDIOLOGÍA E ABORTAMENTO SS^iKS1 P* o??'
CARISMATICA RENOVACAO 19^5I!' p> 2H '
CARTA DE UMA JOVEM RUSSA 200/1976, p. 328.
CASTIDADE E TENDENCIAS MODERNAS ... 196/1976, p. 148.
CATÓLICOS E MAgONS EM QUÉBEC 202/1976, p. 430.
CENSURA DA ARTE 196/1976, p. 151;
DE LIVROS NA IGREJA : por qu6 ? 193/1976, p. 25.
CIENCIA E CONSCIÉNCIA NA PSIQUIATRÍA. 199/1976, p. 279.
COMA: diversos graus S&SJ S Si
CONCILIO DOS JOVENS EM TAIZÉ 195/1976, p. 124.
CONFERENCIA MUNDIAL DE BUCAREST ... 194/1976, p. 52.

— 558 —
ÍNDICE DE 1976 51

CONSTITUICAO SOVIÉTICA E RELIGIAO .... 197/1976, p. 201.


CONTRAPSÍQUIATRIA 199/1976, p. 279.
"CRIANZAS PARA O FOGO" E ABORTO ...... 200/1976, p. 351.
CRISE PSICOLÓGICA HOJE 201/1976, p. 406.
CHISTAOS "DE ESQUERDA" 197/1976, p. 188;
FRENTE A LICENCA DOS COSTU-
MES 197/197G, p. 222.
CRISTIANISMO E MARXISMO 197/1976, p. 187.
CRÍTICA HISTÓRICA E LENDAS 203/1976, p. 498;
204/1976, p. 546.
CURA EM CENTRO ESPÍRITA 193/1976, p. 11.
CURANDEIROS: sua eficacia 198/1976, p. 3.

DECLARACAO "PERSONA HUMANA" sobre Éti


ca Sexual 200/1976, p. 337.
"DECRETO GELASIANO" E CENSURA DE
LIVROS 193/1976, p. 26.
DIALOGO ENTRE CHISTAOS 204/1976, p. 517.
DISCOS VOADORES E LITERATURA MO
DERNA 203/1976, p. 498.
DOENC.AS PSICOSSOMATICAS 193/1976, p. 4.

ECUMENISMO E RECONCILIAR.AO EM TAIZÉ 195/1976, p. 120.


ESCOLHER SEXO DOS FILHOS ? 199/1976, p. 306.
ESPIRITISMO E CURAS 193/1976, p. 8.
ESQUIZOFRENIA E IDEOLOGÍA NA RÚSSIA. 199/1976, p. 288.
ESTABILIDADE E MUDANC.AS NA SOCIE-
DADE 201/1976, p. 403.
ESTADO DE COMA E EUTANASIA 198/1976, p. 403.
ÉTICA CRISTA E REVOLUC.AO SEXUAL .... 196/1976, p. 139;
200/1976, p. 337.
EUROPA: declínio da natalidade 194/1976, p. 69.
EUTANASIA: sim ou nao? 198/1976, p. 247.
EVANGELIZANDO DO HOMEM ENCARCE-
RADO 193/1976, p. 47.
EVANGELIZACAO E MEIOS DE COMUNI-
■CACAO SOCIAL 195/1976, p. 95.
EVOLUQAO DOS TEMPOS E MORALIDADE.. 200/1976, p. 338.
EXÉRCITO DA SALVACAO : que é ? 196/1976, p. 164.
EXPLOSAO DEMOGRÁFICA: POLÍTICA E
CONSCIÉNCIA 194/1976, p. 61.

«FANTASMA DA LIBERDADE, O" (fbne) ... 196/1976, p. 174.


FARMACOLOGÍA E ABORTO 202/1976, p. 436.
FILOSOFÍA: III SEMANA INTERNACIONAL . 202/1976, p. 444.

_ 559 —
52 ÍNDICE DE 1976

FILOSOFÍA HOJE: PARA QUE ? 202/1976, p. 448.


FOTOGRAFÍA PSÍQUICA 203/1976, p. 495.
FRATERNIDADE SACERDOTAL S. PIÓ X 203/1976, p. 464.

GELLER, URI 203/1976, p. 490.


GENIALIDADE DA MENTE E MISERIA FÍSICA 194/1976, p. 86.
GINECOLOGÍA E ABORTO 202/1976, p. 437.
GUERRA NO LÍBANO 197/1976, p. 226.

HAITÍ E ZUMBÍS 195/1976, p. 126.


HEMATOLOGÍA E ABORTO 202/1976, p. 435.
HOMOSSEXUALISMO OU HOMOFILIA 196/1976, p. 145.
HUMANIZAR A MORTE 198/1976, p. 259.

IDEOLOGÍA MARXISTA 197/1976, p. 191.


"IMPRIMATUR" : sen histórico 193/1976, p. 33.
ÍNDICE DE LIVROS. PROIBIDOS 193/1976, p. 31.
INGLATERRA E ABORTO 200/1976, p. 349.
INSTITUTO SUPERIOR DE FILOSOFÍA EM
LOVAINA 202/1976, p. 451.
INSULINA E" PSIQUIATRÍA 199/1976, p. 285.

JESUÍTAS E "MÓNITA SECRETA" 204/197G, p. 546.


JOVEM LIBANES (carta) 197/1976, p. 226.
SOVIÉTICA (carta) 200/1976, p. 328.
JOVENS NA RÚSSIA DE HOJE 200/1976, p. 331;
E TAIZÉ 195/1976, p. 123.

LAÑE E ABORTO NA INGLATERRA 200/1976, p. 357.


LEFÉBVRE, MARCEL, E CONTESTACAO .... 203/1976, p. 463.
LEÍ NATURAL : existe? 200/1976, p. 337;
196/1976, p. 141.
LÍBANO E GUERRA HOJE 197/1976, p. 226.
LICENCIOSIDADE DE COSTUMES 197/1976, p. 222.

_ 560 —
ÍNDICE DE 1976 53;

LIBERDADE PSICOLÓGICA NO BEHAVIO-


RISMO 194/1976,p. 65.
LITERATURA DE FICCAO RUSSA 198/1976, p. 232.
LIVROS PROIBIDOS 193/1976, p. 31..
LOVAINA E -FILOSOFÍA 202/1976, p. 448.
LUTA DE CLASSES E MARXISMO 197/1976, p. 196;

MACONARIA E IGREJA : csclarecimentos 195/1976, p. 132;


na Bahía: documentos 202/1976,- p. 415;
no Canadá 202/1976, p. 430.
MADALENA, MARÍA: irmá de Lázaro? 203/1976, p. 478.
MARXISMO É CRISTIANISMO : conciliasáo? . 197/1976, p. 187.
— teoría « "praxis" 197/1976, p. 19Z.
MATAR PARA LIVRAR O ENFERMO? 198/1976, p. 246.
MATERIALISMO FILOSÓFICO E M. HISTÓ
RICO 197/1976, p. 194.
MEDICINA E MORAL: aborto 202/1976, p. 434;
eutanasia 198/1976, p. 247;
planejamento familiar . 199/1976, p. 294.
MÉDICO E HUMANIZACAO DA MORTE 198/1976, p. 294.
MEIOS DE COMUNICACAO SOCIAL: importan
cia e problemas •. 195/1976, p. 95.
MERCIER, CAEDEAL, e Filosofía 202/1976, p. 448.
MÉTODO BILLINGS 199/1976, p. 294.
MISSAS PELOS DEFUNTOS 200/1976, p. 365..
"MÓNITA SECRETA" DOS JESUÍTAS 204/1976, p. 544.
MORTE NA LITERATURA RUSSA 198/1976, p. 239;
DO CARDE AL JE AN DANIÉLOU .... 198/1976, p. 271;
E "MORTE" (aparente) 195/1976, p. 128;
198/1976,} pi. 2.60.
MORTOS REAPARECEM ? 195/1976, p. 126.

ÑAPÓLEAO BONAPARTE : nunca existiu.?. ... 203/1976, p. 5028.


NATALIDADE E PROBLEMA DEMOGRÁFICO 194/1976, p. 51.
NATURALISMO E VISAO CRISTA 201/1976, p. 379.
NEUROSE : que é ? 204/1976, p. 524.
NEURÓTICOS ANÓNIMOS 204/1976, p. 522.

OBSTETRICIA E ABORTAMENTO 203/1876, p. 485;


204/1976, p. 539:
OBSTINACAO TERAPÉUTICA 198/1976, <p. 259.
ONANISMO E ÉTICA CRISTA 196/1976, p. 146.
OPCAO FUNDAMENTAL E PECADO ... 196/1976, p. 147.
OllACAO CÁIUSMATICA 199/1976, p. 311.

— 561 —
ÍNDICE DE 1976

■ ■ ' " ' P • " ■"■


PACIENCIA NA RENOVACAO 204/1976, p. 620.
PARAPSICOLOGÍA E URI GELLER .... 203/1976, p. 493.
PASCOALIZACAO : que é ?..;:............... 201/1976, p. 371.
PÁSSOS; DOZE, dos■ N.A; •.::.. 204/1976, p. 627.
PECADO E OPCAO FUNDAMENTAL 196/1976, p. 147.
PELAGIANISMO E VIDA CRISTA 201/1976, p. 380.
PENTECOSTALISMO CATÓLICO 199/1976, p. 311.
"PERSONA HUMANA", DECLARACAO 196/1976, p. 139;
200/1976, p. 337.
PERSONALIDADE DESTRUIDA POR DROGAS 199/1976, p. 286.
PLANEJAMENTO FAMILIAR: MÉTODO BIL-
' LINGS '..'■ . 199/1976, p. 29.4.
PLURALISMO E UNIDADE J... 204/1976, p. 6Í4.
PRISOES E EVANGELIZACAO ..: 193/1976, p. 43.
PSICOLOGÍA E RELIGIAO 201/1976, p. 371.
PSICORIENTOLOGIA 201/1976, p. 384.
PSIQUIATRÍA E ABORTO 202/1976, p. 434;
E ANTIPSIQUIATRIA 199/1976, p. 279;
REPRESSIVA NA RÚSSIA .... 199/1976, p. 290.
PUHARICH E URI GELLER 203/1976, p. 491.
PURGATORIO : exist&icia 200/1976, p. 359.

: \. . r •■-.-•
RADICALIZACAO DE POSICÓES HOJE ...... 201/1976, p. 408.
RASTREAMENTO 201/1976, p. 377.
RELACÓES PRÉ-MATRIMONIAIS: discussáo .. 196/1976, p. 143.
RELIGIAO VODU NO HAITÍ 195/1976, o. 126.
RELÓGIOS QUE ANÜAM 203/1976, p. 493.
RENASCIMENTO RELIGIOSO NA U.R.S.S. .. 197/1976, p. 201.
RENOVACAO iCARISMATICA CATÓLICA ..... 199/1976, p. 311.
RETIROS DE PASCOALI2ACAO 201/1976, p. 371.

s
"SAMIZDAT" na Rússia .- 200/1976, p. 334.
SEMANA BÍBLICA NACIONAL (XI) ; -200/1976,^.866;
•INTERNACIONAL DE FILOSO- '
FIA (III) ■ 202/1976* p. 444;
TEOLÓGICA NAClONAL (V) 196/1976, p. 183.
SEXO DOS FILHOS: escolhér? 199/1976, p. 305.
SILVA, JOSÉ, E PSICORIENTOLOGIA 201/1976, p. 384.
SOFRIMENTO NA LITERATURA SOVIÉTICA. 198/1976, p. 242.
SOLIDAO DO ENFERMO 198/1976, p. 265.
SONHOS PREMONITORIOS E PSICOLOGÍA ... 194/1976, p. 79;
: PROFÉTICOS E PSICOLOGÍA 194/1976, p. 78.
SUBJETIVISMO E PLURALISMO 204/1976, p. 514.
SUGESTAO : QUE É ? 193/1976,-p: 9.
SUSPENSAO "A DIVINIS" 203/1976, p. 475.
TAIZÉ : mosteiro protestante '... 196/1976, p. 113;
■ '■' e os jovens ;... 195/1976, p. .123.

— 562 —
ÍNDICE DE 1976 55

TELEPATÍA ESONHOS ... 194/1976, p. 82.


TENSOES ENTRE CRISTAOS 204/1976, p. 509.
TEOLÓGICA V, SEMANA NACIONAL '. 196/1976, p. 183.
TER OU SER NA LITERATURA SOVIÉTICA.. 198/1976, p. 238.
TESTAMENTO DE JOVEM LIBANES 197/1976, p. 226.
"TORNE-SE PORTE ORANDO" (cáesete) 193/1976, p. 24.
TRADIC.OES, DOZE. DOS N. A. 204/1976, p. 533.
TRANSCENDENCIA NA LITERATURA RUSSA 198/1976, p. 231.
TRUQUES E URI GELLER 203/1976, p. 494.

UNIDADE E UNIFORMIDADE 204/1976, p. 512.


URI GELLER 203/1976, p. 490.

VALORES TRANSCENDENTAIS NA LITERA


TURA RUSSA 198/1976, p. 231..
VAZIO DA JUVENTUDE SOVIÉTICA 200/1976, p. 332'.
VERDADE DENTRO DO PLURALISMO , 204/1976, p. 517.
VIDA NOS CARCERES 193/1976, p. 39.
VIRTUDE DA CASTIDADE 196/1976, p. 148.
VODU : rtsligiSo no Haití 195/1976, p. 126.

WILLIAM BOOTH : vida e persomalidade 196/1976, p. 164Í.

ZUMBÍS NO HAITÍ 195/1976, p. 126.

EDITORIAIS
A DURA MISSAO DE SERVIR 196/1976, p. 137,.
"AMAR ALGUÉM É DIZER-LHE : 'TU NAO
MORRERAS'" 203/1976, p. 461.
AS FOMES DO HOMEM DE HOJE 201/1976, p. 369.
"A VIAGEM" E O ALÉM-AQUÉM 197/1976, p. 185.
DUZENTAO 200/1976, p. 325'.
EUREKA 198/1976, p. 229.
FALA O CAMPEAO 199/1976, p. 277.
FIM DE ANO 204/1976, p. 507.
O DIALOGO DO ATEU COM O CRISTAO ..;... 194/1976, p. 49.

— 563 —
56 ÍNDICE DE 1976

«PRONTOS A DAR CONTAS DA VOSSA ESPE-


RANCA" 202/1976, p. 413.
TEMPOS APOCALÍPTICOS 196/1976, p. 93.
UM ANO DE GRACA ; 193/1976, p, 1.

LIVROS APRECIADOS

ALVES, Rubem — O ENIGMA DA RELH3IAO.. 195/1976, p. 135.


AUBERT, Roger — NOVA HISTORIA DA IGRE-
JA — Vol. V — tomo I: A IGREJA NA SO-
CIEDADE LIBERAL E NO MUNDO MO
DERNO 193/1976, 3* capa.
BARREAU, J.jC. — A ORACAO E A DROGA .. 200/1976, 4» capa.
BÍBLIA DE JERUSALÉM. NOVO TESTAMEN
TO (equipe de tradutores) 197/1976, 3' capa.
BIBLIA SAGRADA (traducáo de Mattos Soares)
— Edicáo popular 202/1976, 3' capa.
BOROS, Ladislau — DEUS DA ESPERANZA . 202/1976, 4» capa.
BRO, Bernardo — PROCURAM-SE PECADORES. 198/1976, p 275
CONTRA TODA ESPERANZA 204/1976, p. 554.
CARRETTO, Carlos — PAI, EM VOSSAS MAOS
EU ME ABANDONO 204/1976, p. 554.
DAÑA, Otto — OS DEUSES DANZANTES. UM -
ESTUDO DOS CURSILHOS DE CRISTAN-
DADE 194/1976, 4» capa.
DATTLER, Prederico — EU, PAULO. VIDA E
DOUTRINA DO APOSTÓLO SAO PAULO .. 203/1967, p. 507.
DICK, Hilario — NA BUSCA DE SER. A AN
GUSTIA DE NAO SER 198/1976, p. 275.
DUFRESNE, P. — LITURGIA DA IGREJA DO
MÉSTICA 199/1976, p. 324.
DUTIL, Gastón te outros — VIVE TUA VIDA —
COMO? 197/1976, 3* capa.
FEINER, Johannes e VISCHER, Lucas — O
NOVO LIVRO DA FÉ. A FÉ CRISTA CO-
MUM 201/1976, 3» capa.
FERREIRA, Isabel Fontes Leal — PAO E VIDA
SAO DE TODOS 204/1976, p. 555.
FRIDERICHS, Edvino A. — CURA DO PSI-
QUISMO 194/1976, p. 92.
GEBHARDT, Gusti — DOS CINCO AOS VINTE
E CINCO ANOS. DINÁMICA DO SEXO ... 195/1976, p. 136.
GLASSER, Etienne — O PROCESSO DA FELI-
•CIDADE POR COELET 193/1976, 3* capa.
GONCALVES Filho, José — MÉTODO DE EDU-
CACÁO SEXUAL DIRIGIDO A JUVEN-
TUDE 199/1976, 3* capa.
HÁRING, Bernhard — ÉTICA CRISTA PARA
UM TEMPO DE SECULARIZACAO 198/1976, p. 274.

— 564 —
HESCHEL, Abraham J. — DEUS EM BUSCA
DO HOMEM 193/1976, p.. 13.
ILLICH, Ivan D. — CELEBRACAÓ DA CONS-
CIÉNCIA "...... 196/1976, 3* capa.
INSTITUTO DIOCESANO DE ENSINO SUPE
RIOR DE WÜRZBURG — TEOLOGÍA PA
RA O CRISTAO DE HOJE —
Vol. 2 : A RESPOSTA DE DEUS EM JE- U.
SUS CRISTO • 196/1976, p. 184.' '
Vol. 3 : A ALIANCA DE DEUS COM OS
__ HOMENS 203/1976, p. 506.
"LACERDA, Milton PáTilo de — JUVENTUDE E
OPCAO VOCACIONAL 198/1976, p. 276.
LADUSÁNS, P. Stanislavs — RUMOS DA FI
LOSOFÍA ATUAL NO BRASIL EM AUTO-
-RETRATOS 194/1976, 3» capa.
LAPPLE, Alfred — VINTE PALAVRAS DE
CRISTO 195/1976, p. 135.
LEGRAND, Lucien — A VIRGINDADE NA
BIBLIA 195/1976, p. 136.
MEGALE, Joáo Batista — CONVERSAS DE
AMOR E SEXO 195/1976, S* capa.
MÉNARD, E.M. — A QUALQUER HORA... A -
QUALQUER IDADE 198/1976, p. 275.
MICHÉLE, Diario de — DA PROSTITUIQAO A
LIBERDADE 202/1976, 4* capa.
MOHANA, Joáo — O ENCONTRÓ 200/1976, 3' capa.
NOVO TESTAMENTO — Ed.-"Ave Maria" 193/1976, p. 46.
PALOMERO, Angelo — TESTEMUNHO DO
4» DÍA 194/1976, 4* capa.
"PUBLICACIONES PASTORALES ARGENTI
NAS" — VIVAMOS NOSSA FÉ. INICIACAO
CRISTA PARA ADULTOS 198/1976, p. 274.
QUEVEDO, O.G. — CURANDEIRISMO : UM
MAL OU UM BEM? 204/1976, p. 554.
RÉGAMEY, P.R. — RENOVAR-SE NO ESPI
RITO 203/1976, p. 508.
RODRIGUES, Jocy — VIVENCAS DO POVO DE
DEUS 200/1976, 3' capa.
SCHMAUS. Michel — A FÉ DA IGREJA. Vol. I
— FUNDAMENTOS 199/1976, p. 324.
SIMÓN, Suzanne — O CARATER FEMININO.. 200/1976, 4» capa.
SURGY. Paúl de — As GRANDES ETAPAS DO
MISTERIO DA SALVA£AO 202/1976, 3« capa.
TIERNY, Jeanne Marie e outros — A MULHER
NA IGREJA. PRESENCA E ACAO HOJE .. 194/1976, 3* capa.
TRILLING, Wolfgang — O ANUNCIO DE CRiS-
TO NOS EVANGELHOS SINÓTICOS 203/1976, p. 47.
VOILLAUME, Rene - SENTINELAS DE DEUS
NA CIDADE 199/1976, 3* capa.
WAST Hugo — O QUE DEUS UNIU 198/1976, p. 276.
ZEZINHO, Pe. — ESTA JUVENTUDE MAGNÍ
FICA E SEUS NAMOROS NEM SEMPRE
MARAVILHOSOS -. 199/1976, 3» capa.
REVISTA DO COMUNIDADE JOVEM 194/1976, p. 92.
CARO AMIGO,

VOCÉ COMPREENDERÁ QUE A ALTA GERAL DOS


PRECOS NOS OBRIGA A ELEVAR TAMBÉM O PREC.0
DA ASSINATURA DE PR. É A CONTRAGOSTO QUE O
FAZEMOS, COMO É A CONTRAGOSTO QUE PAGAMOS
MAIS CARO O PAPEL E A MÁO DE "OBRA DA REVISTA.

A ASSINATURA ANUAL DE PR-1977 FICARÁ POR


CR$ 60,00 ATÉ 33 DE DEZEMBRO. A PARTIR DE 1* DE
JANEIRO PASSARA A CR$ 75,00 POR FORC.A DAS CIR
CUNSTANCIAS.

QUEERA, POIS, RENOVAR QUANTO ANTES A SUA


ASSINATURA !

E, QUANDO PENSAR EM DAR UM PRESENTE DE


NATAL, PENSE EM PR, O PRESENTE QUE O FAZ PRE
SENTE AOS SEUS AMIGOS TODOS OS MESES DO ANO!

DIFUNDINDO PR, VOCÉ DIFUNDE IDÉIAS QUE


CONSTROEM A HISTORIA DA HUMANIDADE.

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