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Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizagáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoriam)
APRESENTAQÁO
DA EDIpÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanza a todo aquele que no-la
pedir {1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanca e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenga católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda questóes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortalega
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abencoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. EstevSo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.
A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaca
depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
SUMARIO

co Uniu-se a Todo Homem


UJ

O A Evangelizacáo da América Latina


t—

<s>
tu
A Origem da Alma Humana
D
O "O Misterio de Jesús"

co Brasil Ameacado de Velhice Precoce?


<
2 "Sexo para Adolescentes"
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índice Geral de 1990
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o.

ANO XXXI DEZEMBRO 1990


PERGUNTE E RESPONDEREMOS DEZEMBRO - 1990
Publicagáo mensal N9 343

SUMARIO
Diretor-Responsável:
Estéváo Bettencourt OSB Uniu-se a Todo Homem 52!
Autor e Redator de toda a materia
publicada neste periódico Éxito ou f racasso?
A Evangelizado da América Latina . . . 53(
Oiretor-Administrador:
D. Hildebrando P. Martins OSB Quando se dá
A Origem da Alma Humana? 54E
Administracáo e distribuicáo:
Gnose:
Edicóes Lumen Christi
Dom Gerardo, 40- 5? andar, S/501 "O Misterio de Jesús", por
Tel.: (021) 291-7122 Vamberto Moráis 55C
Caixa Postal 2666
Conseqüéncias de um corte drástico:
20001 - Rio de Janeiro - RJ
Brasil Ameacado de Velhice Precoce? . . 561

Um livro didático?
imo'essáo c Encaacnacao "Sexo para Adolescentes", por
Marta Suplicy 573

índice Geral de 1990 577


"MARQUES-SARAft'A"
GRÁFICOS £ EDITORES S -»
Tels IO2t>!>3-9498 - Í73-94

NO PRÓXIMO NUMERO
"Deve-se crer na Trindade?". — Como a Teología ilustra a SS. Trindade? —
"1994: Urna Profecía do Fim do Século". — Vítimas da Pornografía. —
A Fraternidade na Prisao.

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA

ASSINATURA ANUAL 1991 (12 números): Cr$ 1.500,00 - Número avulso: Cr$ 150,00

.Pagamento (á escolha)
1. VALE POSTAL b agencia central dos Correios do Rio de Janeiro em nome de Edi-
' cóes "Lumen Christi" Caixa Postal 2666 - 20001 Rio de Janeiro - RJ.
2. CHEQUE NOMINAL CRUZADO, a favor de Edicóes "Lumen Christi" (endereco
ácima).
3. ORDEM DE PAGAMENTO, no Banco do Brasil, conta N? 31.304-1 em nome do
Mosteiro de S3o Bento, pagável na agencia Praca MauéVRJ N« 0435-9. (N8o enviar
através de DOC ou deposito instantáneo - A ¡dentificacfio 6 diffcil).
Uniü-Se a Todo Homem;?.
Celebramos o Natal de 1990 num mundo convulsionado por odio e
rixas. Os povos acompanham perplexos o desenrolar dos acontecímentos.
Ora o Concilio do Vaticano II, levando em conta a situacao da humanidade
agitada por causa de bens témpora¡s, poe em relevo outros valores, decorren-
tes precisamente do misterio do Natal: "Cristo manifesta plenamente o no-
mem ao próprio homem e Ihe descobre a sua altíssima vocacao". Sim; o
Filho de Deus quis fazer-se novo Adao, entrando na historia dos homens
para dar-Ihe um sentido transcendental: de certo modo o contato de Oeus
com a natureza humana e com os elementos, deste mundo confere urna
dignldade'nova a todas estas criaturas e ábre-lhes a perspectiva da heranca
dos fílhos de Deus: ,..",. '
"A natureza humana foi "em Cristo elevada a urna dignidada sublime.
Com afeito, por sua Encarnacao o Filho de Deus uniu-se de algum modo a
todo homem. Trabalhou com maos humanas, pensou com inteligencia hu
mana, agiu com vontáde humana, amou com coracáo humano".
Chama-nos a atencao o estilo minucioso deste texto, interes'sadó em
p6r em relevo a com un nao do Filho de Deus com tudo o que é humano,,
exceto o pecado. . . E isto, para dizer áos homens que mesmo as situacpes
ingratas e doíorosas sao ricas de sentido, e prenhes de esperanca, pois se
abrem para a vida, plena, desde que atravessadas em uniao com Cristo, o
novo Adao: . .
"Cada um de nos pode dizer com o Apostólo: 'O Filho de Deus me
amou e se entregou por mim' (Gl 2,20). Padecendo por nos, nao só nos
deu o exemplo para que sigamos os seus passos, mas ainda abriu novo cami-
nho: se nos o seguimos, a vida e a morte sao santificadas e adquirem nova
sign¡f¡cacao" (Constituicio Gaudium et Spes n° 22). .
Esta mensagem otimista nos habilita a entrar no novo ano com ánimo
inabalavelmente jovem. Para o cristao. nao há ocaso dos valores essenciais;
ao contrario, existe o desabrochamento de urna sementé de bens definitivos,
que o Natal inaugurou no mundo e que, em cada cristao, se tornam cada vez
mais vigorosos na proporcao mesma em que o velho homem percorre o arco
da sua existencia. O def inhar do vetusto e o desabrochar do novo, eis duas
linhas paralelas que enquadram a realidade do cristao e Ihe dao a perenidade
do Natal.
Convictos disto, desojamos a todos os nossos leitores e amigos um
Santo Natal e abencoado 1991, penetrado sempre mais profundamente pela
luz da eternidade, penhor de paz e imperturbável firmeza de ánimo em meio
ás tempestades da caminhada terrestre.

E.B.

529
•■%

"PERúUNTE E RESPONDEREMO
w^m.
ANO XXXI - N9 343 - Dezembro de 1990

Éxito ou fracasso?

A Evangelizado da América
Latina

Em stnttn: Ñas proximidades da celebrado do quinto centenario


da evangelizado da América, escrevemse comentarios diversos sobre os
pontos positivos e negativos de tal obra. Nem sempre a avaliacSo do passado
6 objetiva e serena. NSo raro os contemporáneos querem aplicar aos antepas
ados criterios e parámetros de nossos días - o que redunda em ¡ulgamentos
injustos. Por isto as páginas subseqüentes, transcrevendo urna entrevista do
atual Arcebispo de Santo Domingo, lembram heroicas atitudes e facanhas
dos missionirios da América Latina. Estes cortamente trabalharam com
denodo em prol das populacSes locáis dentro das limitacdes que a cu/tura
de sua época Ihes impunha e que oles em absoluto na"o podiam ultrapassar.
Sujeltos ao regime do Padroado, nSo podiam deixar de depender do braco
civil na sua obra de evangelizado. Como quer que se/a, os missionários sou-
beram insurgir-se contra abusos e fazer um trabalho altamente benemérito.

* * *

Ao aproximar-se o quinto centenario da descoberta da América, pre-


param-se varias celebracSes de índole eclesiástica, que culminarao com urna
Assembléia Geral do Episcopado Latino-Americano (CELAM) na República
de Sao Domingos.

Em varios escritos tém-se publicado comentarios sobre o modo como


espanhóis e portugueses anunciaram e implantaram o Evangelho ñas térras
latino-americanas. A ligacao existente entre a Igreja e o Estado (o Catolicis
mo era a religiSo oficial) provocou situacóes que alguns cronistas contem
poráneos criticam como tendo sido contrarias aos interesses das populacoes
latino-americanas e da Igreja. Nao raro o passado é recordado em tom de

530
EVANGELIZA QÁO DA AMÉRICA LATINA

censura severa, que parece nao levar em conta a realidade objetiva com
todos os seus aspectos.

É o que justifica a publicacao de urna entrevista concedida pelo Arce-


bispo Monsenhor Nicolás de Jesús López Rodríguez, de Sao Domingos,
Primaz da América,1 á revista espanhola PALABRA. Com 54 anos de idade,
Mons. Nicolás de Jesús é o Primaz da América desde 1981, Presidente da
Conferencia Episcopal do seu país, e também Presidente da Comissao Prepa
ratoria das celebracoes do quinto centenario. Além do qué, vema ser o Pri-
meiro Vice-Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM).

Em Sao Domingos comecou a evangelizacao da América e lá culmi


na rao as celebracoes do quinto centenario em 1992. O entrevistado fala a
partir de sua experiencia e sabedoria. O que ele diz a respeito da Espanha
e da América Espanhola, aplica-se também a Portugal e ao Brasil.

1. A Entrevista

"Urna legiSo de titas deixou a vida em nosso continente"

PALABRA: "Com certa freqüéncia, mesmo entre católicos, faz-se um


jufzo global negativo sobre a evangelizacSo da América efetuada principal
mente pelos espanhóis. V. Excia. ¡ulga que se trata de apreciacóes exatas?"

Mons. Nicolás: "Encontramos muitas vezes pessoas que sabem muito


pouca coisa de historia ou nao tém interesse em estudá-la ou tém péssima
memoria. Pretendem ensinar-nos hoje, a seu modo e segundo os interesses
dos grupos a que pertencem, o que aconteceu na América há quinhentosanos.

Daí resultam especialmente certas releituras, como se diz, novas ínter-


pretacees da historia e absurdas distorcóes da grande obra evangelizadora
realizada por urna legiao de titas, que deixaram sua vida, suas forcas e seus
sonhos na ampia extensáo do nosso continente.

Nao é preciso fazer muitos esforcos para identificar os ambientes, lu


gares e pessoas que se tornam arautos dessa vergonhosa manipulacao da
verdade.

O mais doloroso é que se preste a esta tarefa gente nossa, ciosa de


ofender a memoria dos porta-bandeiras da nossa. fé, fazendo causa comum

1 Primaz 6 o Bispo da sede episcopal mais antíga da América. Isto nSo quer
dizer que tenha ¡urisdicSo sobre os demais Bispos do continente.

531
J "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

com aqueles que lutam por destruir a fé, embora tenham professado o
contrario.

O primeiro grande pecado cometido, segundo esses intérpretes, é o


de se ter vinculado a Cruz com a espada. Se foi assim, nao sei explicar como
podia um Imperio em expansao, governado por dois monarcas que se diziam
católicos, separar a Cruz e a espada urna da outra. Seria diferente e absoluta*
mente inadmissfvel justificar ou legitimar as barbaridades da espada com o
sinal da Cruz ou pretender implantar a Cruz mediante o signo fatídico da
espada.

Ao avaliarmos um processo ta*o ampio quanto complexo como foi a


evangelizacSo da América, temos que nos despojar honestamente de precon-
ceitos, ideologías e paixSes, para analisar o conjunto com serenidade e sen
satez, virtudes que infelizmente faltam em muitas pessoas. Somente assim
podaremos tirar conclusoes verídicas e veremos objetivamente as múltiplas
luzes e sombras que matizam essa realidade multicor.

Repito: nao devemos cair na falsa apologia do que nao pode ser defen
dido, mas também nao podemos mentir apresentando como abusiva ou até
cruel a totalidade do processo de evangelizacSo da América Latina.

Propósito evangelizador

P.: "Mas, ao talar assim, V.Excia. rgconhece implícitamente a existen


cia da abusos".

M. N.: "Os pecados, erros, abusos e arbitrariedades cometidos por


muitos dos colonizadores e por homens da Igreja que nao souberam estar á
altura de suas conviccóes e responsabilidades, nos os reconhecemos e conde
namos. Mas é preciso reconhecer, com a mesma lealdade, que a maioria dos
que se aventuraram a cruzar o océano com propósito evangelizador, foram
homens de grande porte, virtuosos, capazes de consideráveis sacrificios, ¡n-
compreendldos, caluniados e perseguidos muitas vezes, convencidos de que
estavam agindo bem e estavam comprometidos com um grande empreendi-
mentó, que era o de trazer a fé aos habitantes destas térras. Ignorar Isto se
ria urna ignominia.

Outra advertencia que aqui se impoe, é a seguinte: nao se podem jul-


gar facanhas dos sáculos XVI e seguintes com a mentalidade de nossos dias.

Coisas que em nossos tempos podem e devem parecer-nos, em muitos


casos, absurdas e monstruosas, naquela época eram vistas de maneira muito
diferente e avaliadas segundo criterios totalmente diversos dos nossos. Isto

532
EVANGELIZAgAO DA AMÉRICA LATINA

implica que temos de reconhecer urna evolucao no modo de conceber o


mundo, a historia e as realizapdes do homem, a nocao de autoridade, a pro-
pria liberdade de conscifincia e a liberdade religiosa. Também no setor das
ciencias houve grande evoluclo do sáculo XVI para cá.

Há muitas pessoas que nao perdoam á Espanha, chefiada por Reis


Católicos, ter patrocinado a extensao do Catolicismo até estas latitudes; con-
sideram esta obra como inspirada únicamente por razoes políticas. É claro
que estas tiveram sua influencia, como também tiveram influencia no caso
de outros monarcas, que procederám diversamente e propagaram outras
¡déias e religioes em outras áreas. Mas, ao menos no que diz respeito á rainha
Isabel a Católica, prefiro crer na boa fó e até admitir que estava convicta de
ter, em consciéncia, a obrigacao de tornar os indígenas participantes das suas
crencas religiosas. Encontram-se nos arquivos ¡números documentos que cor-
roboram esta afirmacao; se, em mu ¡tos casos, a boa vontade e as boas dispo-
sicoes da rainha nao foram respeitadas, isto nada prova contra a sua condi-
cao de mulher auténticamente crista e virtuosa.

Ñas ¡nstrucSes dadas a Cristóvao Colombo quando preparava a sua se


gunda viagem (talamos de maio de 1493), foi-lhe dada a ordem de que 'por
todas as vias e maneiras possíveis procurasse e trabalhase para trazer os habi
tantes das ditas ilhas e da térra firme á nossa santa fé católica'.

Ademáis deve-se dizer que, se nao o tivesse feito a Espanha, certamen-


te o teriam feito outras das potencias quedisputavam a hegemonía destes ma
res e térras; nao creio que o fanatismo incontrolável gerado pela Reforma
protestante teña atuado com menos zelo na propagacao de suas doutrinas
do que fizeram os nossos abnegados missionários. Neste último caso as ca
racterísticas e a sorte da América seriam hoje diferentes do que sao".

P.: "No tocante é própría evangelizado, pódese dizer que foi satis-
fatóriar

M. N.: "Numa avaliacao serena, a prímeira evangelizado do continen


te importou-se muito com a transmissao das verdades católicas; acentuou a
vida sacramental (nao esquecamos o desconcertó geral provocado pela Re
forma); cultivou com esmero as expressSes da devocao que marcaram tSo
profundamente a religiosidade de nossos povos; enfatizou o lugar privilegia
do de Maria na historia da salvacao; esta, alias, constituí um dos aspectos
mais relevantes de tal religiosidade, que perdura até hoje.

A prímeira evangelizacao teve notadamente em mira a conversao e o


aperfeicoamento progressivo do individuo. Foi sensivelmente verticalista

S33
6 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

em sua concepcao teológica da estrutura interna da Igreja, na espiritualida-


de que ela propugnou e na pastoral que ela desenvolveu".

PromocSo Humana

P.: "Significa isso que 'a vida' nSo foi evangelizada?"

M. N.: "Está latente em nossa evangelizado primeira um princi'pio


fundamental do Cristianismo, que se havia de perpetuar em todo o conti
nente e que hoje em día é tido como muito atual, a saber: a fé católica nao
é genuma se nao se traduz em obras. Nao se limita apenas a proclamar um
catálogo de verdades, mas requer também urna vivencia crista. Por isto, o
grande empenho dos primeiros evangelizadores foi, antes do mais, levar os
indios a vi ver como cristaos, de acordó com o Evangelho, sob o influxo do
Espi'rito Santo vivificante recebido no Batismo.

Oeste elemento primordial surgiu o influxo cultural da Igreja, a puri-


ficacao e transformado a partir do íntimo dos homens. Tal transformado
foi-se realizando; respeitava, por vezes, a 'cultura' (o modo de enfrentar a
vida) existente; afastava-a, em outras ocasioes, e a suplantava impositivamen
te por razóes de Estado ou a fim de integrar a cultura existente no estilo e
no sistema espanhóis. Fez-se assim urna América nossa, vital e culturalmente
crista — católica —, geralmente sem capacidade de dar contas da sua fé viven-
ciada e dos principios doutrinários da sua conduta. Conseqüentemente, apa-
receu um Catolicismo mesclado com elementos sincretistas, mas enfatizando
a vida e a conduta. Este foi um sucesso missionário que hoje merece o maior
respeito e reconhecimento".

P.: "Em que medida essa evangelizacSo descuidou a promocSo huma


na eos direitos dos indígenas?"

M. N.: "Inspirados por um Cristianismo corretamente antropocéntri-


co, que privilegia o homem mais do que todas as coisas criadas, os missioná-
ríos se dedicaram desde o primeiro momento á promocao humana como
parte de sua missao apostólica. Urna das expressóes mais claras dessa promo
cao humana foi a fundacao de escolas e 'Estudos'.

Surpreende-nos o fato de que, em nossa pequeña ilha de Sao Domin


gos, já em 1502 os franciscanos tenham instituido 'Estudos', que compreen-
diam até as cadeiras de Filosofía, de Teología e de Direito Eclesiástico. Em
1510 isto foi feito pelos mercedários e os dominicanos, e em 1530 foi inau
gurado o 'Estudo de Gorjón', que em 1650 os jesuítas elevaram á categoría
de Universidade. Em 1538, por Bula de Paulo III, os 'Estudos'dos domini
canos se converteram na primeira Universidade da América. Isto tudo era

534
EVANGELIZACÁO DA AMÉRICA LATINA

feito com miras aos indCgenas. O nosso ¡ndomável Enriquillo, corajoso e


decidido símbolo da reivindicacSo dos direitos humanos, tinha estudado
com os franciscanos. -■

Outra admirável dimensao — antiga e duradoura - da nossa evangeliza-


cao primordial foi a defesa intrépida dos direitos dos indígenas a partir do
Evangelho e com o Evangelho, desde que comecou o confuto entre brancos
e indígenas.

A Corpa da Espanha nao sufocou a sangue e fogo, nem sequer a gri


setas, o litigio assim oriundo, mas, ao contrario, submeteu-o a estudo na
Universidade de Salamanca e a discussao no Conselho das Indias. Desse
estudo derivou-se felizmente o Primeiro Direito Internacional, codificado no
'De Indis' e no 'De lure Belli' de Francisco Victoria em Salamanca. Depois
de Victoria, haveria a serie de autores: Soto, Bañez e Suárez.

Victoria, doutó eco do grito missionário da "Hispaniola', disiinguiu


claramente, em suas Relectione», o poder civil do poder eclesiástico. O pri
meiro — dizia ele — tem sua origem natural nos povos, que o transferem
para os governantes em vista da consecucao de objetivos naturais. Por con-
seguinte, o poder eclesiástico nao confere poder civil, pois vem de Cristo,
tem origem transcendental e finalidade exclusivamente sobrenatural. Todos
os povos — acrescérítou — tém seus direitos próprios de independencia e
liberdade, e esses direitos nao sao cancelados nem por sua falta de cultura
nem por sua falta de fé crista.

Portanto a evangelizacao destemida e audaz de nossos missionários tem


por conseqüéncia urna benéfica e serena revisao da Eclesiologia vigente na
Europa e urna evangelizacao que pautaría a atividade política internacional.

As leis relativas ás Indias foram modificadas; conseqüentemente veri


ficamos que no livro IV da recompilacao das mesmas, depois de insistir em
que se troque o nome de conquista pelo de povoacffo, diz o rei:'... Deve-se
efetuar a conquista com toda a paz e caridade; por isto é de nossa vontade
que também esse nome (conquista), interpretado em sentido contrario ao
que Ihe damos, nSo ocasione nem favorece de modo algum qualquer violen
cia ou agravo contra os indios'".

Inoulturacfioda Fó

P.: "Hoja em día fala-se muito da 'Inculturafio' do Cristianismo.


Com asta nome ou sam nome específico, a InculturacSó foi levada em con-
ta pelos missionários da América?"

535
8 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

M. N.: "Um aspecto da evangelizado que nao podemos silenciar, é a


profunda ¡dentificacao da maioria dos missionários com os indígenas e corn
o mundo indígena, e a sua vontade firme, desde o primeiro momento, de
construir em cada lugar urna Igreja santa e própria com os indígenas de cada
térra descoberta. Por conseguínte, nao queriam fazer territorios de missao
dependentes, sem comunidades autóctonos. Para surpresa nossa, já em 1504
se criou na 'Hispaniola' a arquidiocese de Yaguate, com as dioceses sufragá
neas de Magua e Mainoa. A Coroa Espanhola, porém, vetou-as porque nao
estavam sob o Padroado do Reí;1 por isto nao se deu execucao ao decreto
da Santa Sé. Em 1541, Roma criou, sob os auspicios do Padroado, tres dio-
ceses sufragáneas de Sevilha: a de Sao Domingos e a de Vega na "Hispaniola',
e a de Porto Rico. Muito em breve, em 1546, a de Sao Domingos foi eleva
da á categoría de arquidiocese metropolitana, sede primacial das Indias
Ocidentais.

A estes fatos é subjacente a intuicao do que modernamente foi chama


do 'inculturacao da fé'. Aqueles abnegados e freqüentemente geniais evange-
lizadores procuravam realizar a identidade da Igreja do Novo Mundo dentro
do comum perfil católico, universal. Identidade hoje reconhecida, que tem
sua origem no ingente trabalho dos missionários, sem excetuar os da primei-
ra hora! : .

O fruto das primeiras e subseqüentes labutas está hoje patente entre


nos.

Com deficiencia e apesar de nossos pecados, a fé católica se la hoje a


alma nacional, marca a nossa identidade e constituí a matriz cultural do nos-
so povo. A cosmovisao de nossa gente é religiosa e a sua religiosidade, em
torno da sua freqüentacao da Igreja, é católica. Este substrato profundo, do
qual ninguém escapa, é um dos pouqufssimos pontos em que convergimos
todos em nossa nacao, apesar das múltiplas diferencas dos grupos sociais,
económicos e raciais. A nossa religiosidade popular, em seu núcleo vital, é
um conjunto de valores cristaos que respondem sabiamente as grandes in
te rrogacoes da existencia. A sabedoria popular é humanismo cristáo que
afirma radicalmente a dignidade de toda pessoa, a fratemidade dos homens

1 Nos sáculos XV-XVf os reís da Portugal a Espanha havlam racabldo da


Santa Sé alguns podaras a dlraltos sobra a organlzaciO a a vida da Igreja,
palo tato da saram tídos como mis missíonáríos ou propagadoras da fá;asses
privilegios tínham o noma da Padroado. Acóntaos», porém, mals da unta vez
qua os monarcas abusaram do Padroado ou da sua Jurísdicib sobra cortos
aspectos da Igreja para sufocar a vida dasta. (Nota do Tradutor).

536
EVANGELIZACÁO DA AMÉRICA LATINA 9

entre si, o direito e o dever de trabalho e o direito ¿ alegría, mesmo em meio


á dureza da existencia".

P.: "Como quer que seja, a evangelizado andava de bracos dados com
a conquista. Isto, por vezas, implicava intruseó da Coma ou urna certa mani
pulado da fé por parte dos conquistadores?"

M. N.: "Com fácil ¡dada hoje se acusa a Coroa Espanhola de ¡ntrome-


ter-se na fundaclo da Igreja e se fala de urna utilizacao da Igreja para fins
políticos.

Ao lado de urna coeréncia total do modelo com a lógica histórica do


momento de um reino cristao expansivo e missionário, está algo <Je muito
moderno, que foi objeto de estudo do penúltimo Sínodo: a missao dos lei-
gos na Igreja e na sociedade. Os reis eram católicos fervorosos, como tám-
bém o eram os capltaes e colonos. Em virtude da sua fé viva, reis, capltaes
e colonos sentiam-se obrigados nao somente a viver a sua fé, mas também a
transmiti-la e expandi-la no exercCcio das suas funpoes temporais.

Sem negar os pecados de capitaes e colonos, é de justica dizer que


Pizarro rezava, sempre que podia, o Oficio da Virgem; Valdivia construiu
ele mesmo a ermida de Nossa Senhora do Socorro; Diego de Almagro pir\-
tou em sua bandeira a figura de Maria e deixou escrito o voto de que o en-
terrassem no Convento das Mercés de Cuzco; Jiménez de Quesada escreveu
seus sermóes para as festividades da Virgem; ao concluir sua caminhada de
dois anos, a partir de Santa Marta, ao longo do rio Madalena através da Ser-
ra aricada em direcao da savana, fez pintar com um pincel feito de pelo de
gamo sobre a ruana (especie de capote) indígena a imagem da Virgem Fun
dadora, que presidiría ao nascimento de Santa Fé de Bogotá; Vasco da
Gama, perante o altar da Virgem Maria, velou as suas armas na véspera do
sbu embarque; Magalhaes colocou a sua expedicáo sob o amparo de Nossa
Senhora das Vitorias e Juan de la Cosa significativamente pds no primeiro
mappa mundi, no centro da Rosa dos Ventos, a Virgem Maria apresentando
Cristo aos filhos de Maria.

O nosso Alonso de Ojeda, que percorreu a estrada dos Fidalgos desde


a Isabela até Jánico, 'morreu em Sao Domingos, como escreve Freí Bartolo-
meu de las Casas, paupérrimo, sem deixar um vintém. Mandou que o enter-
rassem na entrada, logo depols do umbral da porta da igreja e Mosteiro de
Sao Francisco'. Diz o seu biógrafo que, ao morrer, a única propriedade que
ele tinha 'pendente de um prego, um hábito franciscano que ele deseja-
va fosse sua mortalha'. Ao remexerem seus papéis, encontraram um livro de
meditacSes sobre a Virgem, que ele mesmo havia redigido".

537
10 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

Um Trabalho Titánico

P.: "Que diría V.Excia. a respeito do trabalho dos própríos missio-


náríos?"

M. N.: "Schaefer e Aspurz calculam que durante o século XVI foram


5.000 os missionários que vieram para a América. Fernández de Oviedo afir
ma humorísticamente que 'choviam frades'.

O trabalho realizado por eles foi titánico. Com a cruz no peito, chega-
ram a todas as partes aonde nao chegou a espada. Foram os primeiros que se
adentraram no Norte da Nova Espanha, na bacía quente e sufocadora dos
ríos Orenoco e Amazonas, e no Sul penetraram ao longo do rio da Prata e
nos Andes araucanos. Aprenderam h'nguas e dialetos. Escreveram gramáticas
de li'nguas autóctones e valiosos tratados de filología comparada. Estudaram
a flora e a fauna, a hidrología e a orografía. Investigaram cuidadosamente as
culturas existentes e fizeram magníficos ensaios de inculturacao. Fundaram
escolas, institutos e Universidades. Construi'ram hospitais e albergues. Abrí-
ram estradas, edificaram aldeias e cidades.

Para ganhar aquetas populacoes para urna fé e urna vida mais humana e
mais digna, empregaram todos os recursos: a palavra, o teatro, a música.

O missionário Cardiel escreve a respeito da Missa dos Indios no planal-


to dos Andes:

'Ao Gloria Patri, todos /untos - altos, contra-altos, triplos, clarins, fa


gotes, violinos, harpas e órgio - cantam o Gloria e com tal harmonía, majes-
tade e devocio que faríam estremecer o coracio mais duro. E, como eles ja
máis cantam com vaidade e arrogancia, mas com toda a modestia, e dado
que os meninos sSo inocentes e muitos tém voz que poderia ressoarnas me-
Inores catedrais da Europa, 6 grande a devocio que causam. Terminado o
salmo, após a ConsagracSo, tornam a tocar um pouco e logo entoam um
hiño: Jasu, dulcís mamona ou Ave Maris Stalla ou alguma poesía a Nosso
Senhor, á Virgem ou ao Santo daquele dia'.

Em sua labuta nao recusaram sacrificios. Um desses missionários, Ro


que González — recentemente canonizado com seus companheiros de marti
rio pelo Santo Padre Joáo Paulo II no Paraguai — escrevia no comeco do
século XVII:

'Freqüentemente alimentamo-nos apenas de rafzes, que, porserem ve


nenosas, devem primeiramente ser maceradas. Assim, passamos muitos
dias sem comer coisa alguma até o comeco da noite; entib mendigamos de

538
EVANGELIZACÁO DA AMÉRICA LATINA 11

palhoca em palhopa a ver se'os pagaos tém algo e nó-lo querem dar. Traba-
/hamos durante todo o santo día, afadigando-nos esuando, até que nos caía
a roupa, de tffo desgastada Que está;ás vezes, nem a podemos trocar durante

Em 1524 chegaram os primeiros franciscanos ao México. Eram doze,


como os doze Apostólos; por ¡sto foram simbólicamente chamados 'os doze'.
Este número implicava um projeto: construir, á semelhanca dos doze Apos
tólos, urna Igreja nova e própria, indígena, nessas novas térras recém-desco-
bertas, ás quais nunca chegara a fé em Cristo Salvador. Inflamados por este
projeto, aprenderam as línguas dos aborígenes, elaboraram catecismos
adaptados, fizeram serias investigacoes etnográficas, levantaram um Semi
nario para indígenas e chegaram a construir mosteiros para monjas indíge
nas. Algo de semelhante aconteceu em todo o continente".

P.: "Para terminar, já que aludimos ás intromissoes higas: até que


ponto os missionários se intrometeram em puestdes políticas ou, ao contra
rio, se mostraram omissos emsua responsabilidade de defender b ser hu
mano?"

M. N.: "Onde quer que tenha havido avareza e desordem, os missioná


rios foram sempre inquebrantáveis defensores da liberdade e dignidad» dos
indios. Frei Antonio de Montesinos, Freí Pedro de Córdoba e Frei Bartolo-
meu de las Casas nao foram excecoes; foram, sim, o denominador comum da
evangelizarlo.

Diversas foram as alternativas que os missionários apresentaram a


'Encomienda'.1 O primeiro a fazé-lo foi Frei Bartolomeu de las Casas. Alter
nativa muito utópica e sem éxito. A mais feliz e bem sucedida foi a das
Reducoes dos Guaranis.

No fundo deste e de semelhantes projetos estava, da parte dos missio


nários, urna opcao clara pela justica e pela promocao humana dentro de um

1 A "Encomienda" consistía na doacSo de um territorio a importante se-


nfíor espanhol (Encomendero), que tinha o dimito de exercer autoridade so
bre as populacSes indígenas locáis e usufruir o produto do seu trabalho. A
ele competía fomecer morada, alimentacSo, animáis domésticos é protecio
aos habitantes de suas térras, que em troca ficavam obrigados a prestar-lhe
sen/icos em seus campos ou em suas minas, além de pagar-lhe tributo. Fre-
qüentemente, porém, os colonizadores cometiam abusos, chegando a vender
indios. (Nota do Tradutor).

539
J2 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1980

oonceito genuino de salvacáb em Cristo. O reino que Cristo veio implantar


na térra, é transcendente e eterno, mas tambóm imánente e temporal. O
ponto central desse reino é o homem, todo homem, todos os homens, ¡ma-
gem e semelhanca de Deus, cuja dignidade natural se exprime em direitos
inalienáveis, que nenhum ser humano nem o Estado pode pisotear ou prete
rir. Neste sentido era dupla a missáo da Igreja ñas térras descobertas: impe
dir, por todos osjseios ao seu alcance, o vilipendio do ser humano e cons-
cientizar os debéis e subjugados de sua excelsa dignidade, nao somonte pro
clamando-a, mas também promovendo-a. Titánica obra daqueles gigantes do
Espirito!"

2. Raflexffo

Como dito, os dizeres da entrevista transcrita aplicamse também á


evangelizarlo do Brasil. Neste houve, ao lado das inevitáveis falhas humanas,
grande zelo por parte dos misionarios. É de lembrarque trabalhavam sob o
regime do Padrqado, segundo o qual o Rei era, em alguns assuntos, o dele
gado do Papa para promover a difusfo do Evangelho; Igreja e Estado esta-
vam unidos entre si. Tal ordem de coisas, que hoje reconhecemos ser desa-
conselhada, era nos sáculos XV-XIX considerada normal ou mesmo ideal; o
Rei, sendo católico, devia colaborar com a Igreja na ¡mplantacSo do Reino
de Deus, de modo que as autoridades eclesiásticas Ihe faziam um voto de
confianca — voto este ao qual nem todos os monarcas corresponderam
dignamente.

Com vistas especialmente ao Brasil, reproduzimos, a seguir, o depoi-


mento do Bem-eventurado José de Anchieta (1534-1597), que fala de suas
fadioas máñonanas em carta dirigida ao Pe. Diego Layñez, Prepósito-Geral
da Companhia de Jesús, em 19 de junho de 1560:

"De outros mu ¡tos poderla contar, máxime escravos, dos quais uns
morrem batizados de pouco, outros ja* há días que o foram; acabando sua
confitsfio, vio para o Sanhor. Pelo qué, quasa cam eessar, andamos visitando
varias povoaoSes asslm de indios como de portugueses, sem fazer caso das
calmas, chuvas ou grandes enchentes de ríos, e muitas vazes de noite, por
bosques muí escuras a sooorrermos eos enfermos, na*o sem grande trabalho,
assim pela aspereza dos eaminhos, como pela incomodWade do tempo,
máxime sendo tantas estas povoacdes e tifo longo urna das outras, que nlo
somos bastantes a acudir tío «arias necottJdades, como ocorram; nem mesmo
que foramos multo mais, nffo poderlamos bastar. Ajunta-se a itto que nos
outros que socorremos as necesidades dos outros, muitas vazes estamos mal
dispostos e, fatigados da dores, desfalecemos no caminho, de maneira que
apenas o podamos acabar; assim que nao menos parecem ter necessidade de

540
EVANGELIZADO DA AMÉRICA LATINA 13

ajuda os médicos que os metmos enfermos. Mas nada é arduo aos que tém
por fim wmente a honra de Deus e a salvacao das almas, pelas quais nao
duvidarao dar a vida. Multas vezes nos levantamos do sonó, ora para os en
fermóse os que morrem."

Hei-me detido em contar os que morrem, porque aquele se há de jul-


gar verdadeiro fruto que permanece até o fim; porque dos vivos na"o outarei
contar nada, por ser tanta a inconstancia em muitoi, que nao se pode nem
se deve prometer deles cousa que haja muito de durar. Mas bem-avonturados
aqueles que morrem no Senhor, os quais livres das perigosas aguas deste mu-
dável mar, abracada a Fé e os mandamentos do Senhor, s5o transladados á
vida, soltos das prlsóes da morte; e assim os bem-aventurados éxitos destes
nos dffo tanta consolacáo, que pode mitigar a dor que recebemos da malicia
dos vivos. E com tudo trabaIhamos com muita diligencia em a sua doutrina,
os admoestamos em públicas pred¡capóes e particulares práticas, que perse-
verem no que tém aprendido. Gonfessam-se e comungam muitos cada do
mingo; vém também de outros lugares, onde estao dispersados, a ouvir as
Missas e confessar-se".

(Texto original ¡n: Sorafím Leite, S.J., Cartas dos primeiros jesuítas do
Brasil, vof. 3 [155&1563], SSo Paulo, 1954. pp. 253-255)

O heroísmo dos misionarios até hoje fala aoscristaosdoBrasilrVem


a ser, com o zelo de muitos outros evangelizadores, um patrimonio precio
so, que as geracoes subseqüentes nao é lícito trair ou depreciar. Ao contra
rio, os herdeiros de tantos heróis nao de exercer o mesmo zelo abnegado em
prol do Reino de Deus.

APÉNDICE

Parece oportuno transcrever também os pareceres do historiador


Pe. Arlindo Rupert em sua obra "A Igreja no Brasil", wolume II. O autora
cortamente abalizado mestre, pois se vem dedicando intensamente ao estudo
de textos e manuscritos que ajudem a compreender a historia da Igreja no
Brasil.

A ESCRAVIZACÁO DOS INDIOS

"Aqueles que acusam a Igreja, como últimamente parece se tomar


moda, de se ter aliado aos opressores na questáo dos indios, ou, mostram
mi vontade ou ignorancia da historia. Um que outro frade bastardo, algum
clérigo ganancioso, alguns cristaos desnaturados aínda nao representara a
Igreja. Pelo contrario, a propria Igreja os denunciou e procurou remediar os
seus desmandos com as armas espirituais que Ihe sao próprias. Bispos, prela-

541
14 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

dos e misionarios levaram seus clamores até a Corte e mesmo até Roma.
Clamavam e pediam instantemente remedio para tantos males e escándalos
do mundo cristao. O Papa Urbano VIII, depois de maduro exame, a 22 de
abril de 1639, publica o Breve Commissum nobis e renova a Bula de Pau
lo III (29.5.1537) contra a escravidáo dos nativos e cita especialmente o
Paraguai, Brasil e Rio da Prata.13 Comina aos escravocratas a pena de
excomunhao.

A publicacao do Breve pelo prelado do Rio de Janeiro suscitou enor


me celeuma, principalmente na Capitanía de S. Paulo. O vigário de Santos foi
ameacado e os jesuítas se viram em perigo de vida, depois foram expulsos.

Nessa ocasiao alguns Religiosos das Ordens mendicantes mostraram


fraqueza. Mas os Prelados do Rio de Janeiro, desde longa data, inclusive
ñas Constituipóes da Prelazia, levantaram sua voz contra a escravizacáo dos
indios e agiram na sua defesa, sofrendo afrontas e perseguicoes da parte dos
interessados no seu cativeiro. Assim agiu o Pe. Mateus da Costa Aborim, que
se mostrou defensor dos indios;14 o seu sucessor o Dr. Lourenco de Men-
donca, o qual, apenas desembarcado no Rio, desenganou logo osseusapre-
sadores;15 com a mesma decislo agiu o prelado interino Pedro Homem Al-
bernaz, que mandou publicar o Breve de Urbano VIII, e principalmente o
Dr. Antonio de Mariz Loureiro, que, por defender a causa dos nativos, so-
freu muitas perseguicoes.16 Protetores dos indios se mostraram os Arcebis-
pos da Bahia, principalmente D. Joao Franco de Olive ira, os tres primeiros
bispos de Olinda D. Estevao Brioso de Figueiredo. D. Matias de Figueiredo
e Meló e D. Fr. Francisco de Lima." Também D. Gregorio dos Anjos, o
19 bispo do Maranhao, entrou em defesa dos indios escravizados até com a
pena de excomunhao, como os defenderam outros bispos, muitos párocos
e missionários. Entre eles, além dos jesuítas, temos o exemplo do capuchi-
nho francés Frei Macario, Custodio do Brasil, o qual se dirigiu ao Papa para
que reprimisse com pena de excomunhao maior os capadores de indios, pois
com seus desmandos prejudicavam grandemente a propagaos o da fé.18 Ou-
tro valente defensor dos nativos foi o sacerdote secular Pe. Miguel de Carva-

13 Bull. Ron, (ed. Taur. 1868). XIV, pp 712-714).


14 É bem provável que tenha morrído envenenado pelos escravocratas dos
indios.
1 s Por isso, atentaram logo contra sua vida.
16 Sabg-sa ove esta Prelado ficou avarlado no ¡ufzo, por causa do veneno
que Ihe deram os apresadores de fndios.
" D. Fr. Francisco de Lima consaguiu organizar numerosas missñes entre
os fndios do nordeste, subtraindo-os aos atrópelos dos brancos.
18 AP, SOCG. Amen Morid, cód 1. f32

542
EVANGELIZAQÁO DA AMÉRICA LATINA 15

Iho, missionário do Ceará e Piauí, que reclamou contra a ganancia dos latí-
fundiários e investiu contra os seus espolíadores, levando suas queixas até a
Corte, donde vieram diversas providencias. O mesmo fizeram cutros ilustres
missionários dos nossos selvícolas.

Concluindo, é mister reconhecer que, se houve abusos e injusticas com


relapáo aos Cndios por parte das estruturas e do sistema de colonizacao, hou
ve também zelo e interesse na sua defesa e promocao, merecendo muitas
pessoas da Igreja admiraclo e reconhecimento pelo muito que fizeram nesse
campo. Quem poderia esquecer a impertérrita eloqüéncia do grande Pe. An
tonio Vieira, que tantas vezes levantou a sua voz e tomou da pena para con
denar as injustas investidas contra nossos aborígenes? Mas Vieira nao foi
fenómeno ¡solado, pois interpretava urna legiao de outros homens do mun
do eclesiástico e mesmo civil, que com ele concordavam, que antes dele, ao
lado dele e depois dele trabalharam afanosamente para que nossos indios
fossem respeitados nos seus mais ¡nauferfveis direitos" (pp. 312s).

A ESCRAVIZAQAO DOS NEGROS

"A Igreja fez muito por eles. Procurou que fossem humanamente tra
tados, deu-lhes os direitos dos mais cristaos, estimulou as Irmandades eretas
para eles, assistia-os nos seus últimos momentos e nos seus funer.ais.15 Quan-
do, pela sua pobreza, nao podiam construir urna igreja própriada Irmanda-
de, conforme costume do tempo, era-lhes, pelo menos, cedido um altar de
sua devocao ñas igrejas catearais, ñas matrizes e em outras igrejas e cápelas.
Até os mosteiros e conventos religiosos Ihes facilitavam o acesso. Nem Ihes
foi negada a grapa do sacerdocio, pois consta que em 1690 foi pedida á
S. Sé a dispensa da legitimidade e da cor para um candidato negro se orde
nar.16 Alguns senhores mais piedosos, ao morrerem, punham em seus tes
tamentos a obrigacao de libertar alguns escravos de sua maior obrigacao pe
los bons servicos prestados.17 Também sacerdotes, desde tempos imemo-

15 APB, Alvares, cód. 436, ff 83-84: A 18/10/1650 os IrmSos Cativos de


NQ Sr9 do Amparo pedem á Santa Casa que Ihes concada terem um esquife
raso para o enterro dos frmibs.
16 AP, Acta (1690), f3, n97. Tratase de Inácio do Mondonga, fUno natural
de Mateus Mandes e Joana da Silva, o qual pede dispensa da ilegitimidade e
da cor, sendo encaminhado ao Santo Oficio.
17 Houve autoras que se nbelaram contra esta "cerídade mal entendida",
como faz L dos Santos Vilhena, Noticias Soteropolitanas, /, p. 134, por
deixar forros tais escravos "sem oficio, sem legado e sem arrimo", o que,
certamente, nSo é sempre verdade, poís, além de recuperarem a liberdade,
(continua na p. 544)

543
16 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

riáis, costumavam dar alforria a alguns dos seus escravos. Por isso, nem serrv
pre negro é sinónimo de escravo, já que consta ter havido muitos deles livres
por alforria concedida e aceita pelas leis do. país.

D. EstevSo Brioso-de Figueiredo, bispo de Olinda, tomou interesse


pelos negros foragidos de Palmares, enviou-lhes alguns missionários orato-
rianos e pessoalmente os visitou e crismou. Fato aínda mais saliente deu-se
na Bahia. O arcebispo D. Fr. Joao da Máe de Deus estimulou o preto forro
Pascoal Dias a ir até Roma em defesa dos direitos dos escravos. O escrivao da
Cámara Eclesiástica, a 2 de julho de 1686, passa-lhe certidao como delegado
e procurador que era da Mesa dos Negros de N? Sr? do Rosario e das Con
trarias ou Irmandades de N?Sr? doDesterro.de N?Sr?do Rosario da Igreja
de S. Pedro dos Pretos, de N? Sr? do Rosario da Matriz da Conceicao da
Praia, de duas outras Irmandades junto a S. Bento, e a de N?Sr?do Rosario
da Catedral: '. . . para que venha á Curia Romana botar-se aos pés, em nome
de todos, de Sua Santidade com urna peticao, dizendo-lhe o misera ve I estado
em que estao todos os negros cristaos desta e de todas as mais cidades deste
Reino da América, e os grandes trabalhos que passam, sendo filhosda Igre
ja'.iB Certamente o procurador chegou até Roma, pois nesta cidade se en-
controu o referido documento. Embora nao se tenha descoberto documen
tadlo para seguir o interessante fato, o que se pode notar é que a S. Sé nao
ficou insensfvel aos apelos. Certas medidas em defesa dos escravos por parte
do rei de Portugal devem ter sido provocadas pela acao da Nunciatura de
Lisboa. O Secretario de Estado de S. Santidade, escrevendo ao Nuncio, fala
abertamente: "Sobre a venda dos negros, que se faz ñas Indias submetidas ao
dominio dessa Coroa, onde se contrata tal género de homens como bestas,
sem haver algum respeito pelo ser humano, criado á ¡magem e semelhanca de
Deus, nem tampouco ao caráter que muitas vezes tem do Batismo, e que
militas vezes se impede pela forca que se batizem'.19

Em defesa dos escravos, entra também o insigne arcebispo da Bahia


D. Sebastiao Monteiro da Vide. . . O zeloso autor do Peregrino da América
chega mesmo a admoestar aos senhores de escravos para que Ihes déem fe
rias: 'Dai-lhes algumas ferias no ano, em que totalmente cesse o trabalho,
comam, folguem e se alegrem, para que cubram alentó e desejo de conti
nuar no trabalho20" (pp. 307s).

podiam, as mais das vezes, continuar na mesma casa ou procurar outro tra
balho ou outro patrio, que já nSo o trataría como escravo. Consta também
dos testamentos: quando ocorríam tais casos, era-lhes deixado algum subsi
dio ou ajuda.
18 AP, SR. Amen. Morid., cód 1, f. 309.
19 AV.. Nunz. Port, cód 163. f. 79.
20 N. Marques Pereira, o. c, cap. XIII, p. 157.

544
Quando se dá

A Origem da Alma Humana?

Em síntesa: A alma humana é espiritual, ou se/a, incorpórea e imate


rial. Por conseguin te. nSo se origina por geracio a partir do casal humano
nem por emanacáó da Divlndade, mas tem seu principio de existencia num
ato criador de Deus, que a cria e infunde no momento da fecundacao do
óvulo pelo espermatozoide.

* * *

A questao da origem da alma humana tem suscitado ¡nterrogacdes:


alguns autores, querendo afastar a teoría da reencarnacao ou da preexisten
cia da alma humana, afirmam que esta é gerada pelos genitores. — Quem
assim pensa, admite, nem sempre de modo consciente, urna determinada
antropología: o ser humano seria um todo monolítico, no qual nao se dis-
tinguiriam propiamente o corpo material e a alma espiritual; em tal caso,
estaría claro que, ao gerarem urna enanca, os país estariam gerando a alma
dessa enanca. O corpo e a alma seriam apenas facetas dessa enanca, nao,
porém, elementos distintos.

Ora, a fim de elucidar tal temática, comecaremos por considerar a


natureza do ser humano; após o qué, será mais fácil perceber a maneira
como se origina a alma humana.

1. O ser humano: corpo e alma

Todo ser humano 6 um composto de dois elementos realmente distin


tos um do outro: o corpo material, e a alma espiritual. Sao duas substancias
(como diz a Filosofía), que se complementan! mutuamente; a alma espiritual
é o principio vital do corpo material, e nao pode ser confundida ou identi
ficada com este.

É preciso, porém, aduzir provas que demonstrem a espiritualidade da


alma humana. É o que vamos fazer.

545
18 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

2. A espiritualidade da alma humana

A alma humana é realmente espiritual? - Para responder, deve-se levar


em conta o seguinte principio: o ser e o agir de determinada realidade devem
ser correlativos entre si; cada qual age em funga o do que ó. Em conseq Cien
cia, se vejo que determinada substancia tem por efeito "salgar" alimentos,
digo que o seu ser consta de sodio e cloro (NaCI); se outra substancia é cor
rosiva, suporei que seja um ácido, como o ácido sulfúrico (H2SO4). Se, pois,
desejo saber se a alma humana é espiritual ou material, devo examinar as
suas atividades; se estas nao ultrapassam as capacidades da materia, direi que
a alma humana é material; se as ultrapassam, direi que é espiritual ou ¡material.

Anaiisemos portento as atividades da alma humana.

2.1. Percepcao do universal

É certo que o ser humano é capaz de conceber nocoes abstratas, uní-


versáis, percebendo o essencial; é apto a reconhecer proporcoes, relacoes de
dependencia, de causalidade, de finalidade. Com efeito; depois de ver um
homem, urna mulher, urna enanca, um anciao, um gordo, um magro. . ., a
inteligáncia humana se emancipa das diferencas motivadas por cor, tamanho,
sexo, idade. . . e define todos esses individuos como participantes da mesma
esséncia ou natureza; sao todos iguais entre si pela natureza {que a inteligen
cia apreende), embora diferentes uns dos outros pelos aspectos que os olhos
percebem. Em conseqüéncia, deve-se dizer: a alma humana, que, por sua ati-
vidade, é capaz de ultrapassar o concreto, o material, é ¡material ou espiritual.

A psicología experimental corrobora esta conclusao mediante a seguin


te experiencia:

Disponha-se urna serie de vasilhas fechadas, na prime!ra das quais se


coloca o alimento de um macaco. O animal, posto diante de tal serie, nao
sabe onde encontrar a sua racao; o operador entao abre a primeira vasilha e
Ihe mostra o alimento. Repita-se a experiencia, encerrando na segunda vasi
lha o alimento. O animal, recolocado diante da serie, é guiado pela memoria
sensitiva e, recordando-se do ocorrido no dia anterior, vai á primeira vasilha.
O operador o coloca entao diante do segundo recipiente, do qual o animal
se serve. Num terceiro ensaio, coloque-se o alimento fechado no terceiro
recipiente: guiado pelas impressdes sensíveis do ensaio anterior, o macaco
se dirige para o segundo vaso. Caso se multipliquem as experiencias, verifi
ca-te que o animal procura de cada vez o recipiente em que, no ensaio ante
rior, enoontrou o que Ihe interessava. Nunca chega a abstrair dessas diversas
experiencias a lei da progressao que as rege. Nunca se desvencilha das notas
concretas da vasilha em que por último encontrou a sua racao, deduzindo

546
ORIGEM DA ALMA HUMANA 19

que nao é o fato de ser a segunda, a terceira ou a quarta vasilha que interés-
sa, mas é o fato de ser a vasilha n + 1 (fórmula em que n designa o número
da experiencia anterior). Ora urna crianca sujeita a tal teste, depoisdequa-
tro ou cinco experiencias, consegue abstrair a lei n + 1 do fenómeno. Isto
se dá porque a crianca tem um principio vital (alma) que nao é material.

2.2. A Imguagem humana

A linguagem é a capacidade que temos, de formular conceitos univer-


sais e exprimi-los mediante sons concretos, que variam de idioma para ¡dio-
ma. Assim os conceitos de pai e mae, por exemplo, sao conceitos universa¡s,
que cada povo exprime de modo diferente. O homem é capaz de emana-
par-se de determinado som associado a determinado conceito universal para
propor exatamente o mesmo conceito mediante outro vocábulo; é o que se
dá com os tradutores.

Quem olha para a cavidade bucal de um homem e a de um macaco, é


propenso a dizer: se o homem fala, o macaco também fala; nao obstante,
isto nao se dá. A diferenca de comportamentos só se pode explicar pelo
fato de que no homem há algo mais do que no macaco; esse algo mais á a
espiritualidade do seu principio vital; em virtude deste, o homem é capaz
de perceber que diversos sons nao significam sempre diversos conceitos ou'
é capaz de distinguir entre o som concreto e o conceito universal, ¡material.

2.3. A consciáncta de si mesmo

O ser humano, além de conhecer os objetos que o cercam, possui o


conhecimento de si mesmo ou a autoconscifincia; o homem nao somonte
senté dor, mas sabe que senté dor... Possuindo o conhecimento dos objetos
e de si mesmo, o homem concebe o plano de ordenar o mundo e a si mesmo,
dominando fatores estranhos ao seu ideal, superando paixoes desregradas,
cultivando boas tendencias, etc. Isto tudo escapa as possibilidades de um
animal irracional, pois este conhece o seu objeto concreto e ó incapaz de se
emancipar das notas concretas deste e de se voltar para si mesmo de maneira
sistemática a fim de se conhecer. O ser humano, ao contrario, realiza esta
instrospeccao, porque o seu principio de conhecimento (intelectivo) ó ca
paz de ultrapassar o seu objeto concreto, material, para atingir o próprio
sujeito.

2.4. A cultura • o progrotso

Varifica-se que o homem ¡ntervém no seu ambiente natural, criando cul*


tura e tivilizacSo. Essa atividade se deve á 8cao intelectiva e planejadora da
pessoa humana. Com efeito; ao conhecer a natureza que o cerca, o homem

547
20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1980

percebe as relacóes entre meios e fins ou as proporcdes entre os diversos


termos, e concebe projetos para melhorar o seu ambiente (habitat, alimenta-
cao, vestuario, arte. . .); vai assim construíndo civilizacdes sucessivas... Ora
o animal é incapaz de progredir em suas expressdes, porque é guiado por
instintos: embora certeiro em seus mcvimentos instintivos, é incapaz de dar
contas a si mesmo do que faz ou dos porqués da sua atividade; é por isto
incapaz de se corrigir ou de se ultrapassar. Em última análise, a raiz da dife-
renca entre o comportamento do homem e o do animal irracional reside no
fato de que o homem tem um principio vital ¡material ou espiritual, ao pas-
so que o animal tem urna alma material ou confinada pelas potencialidades
da materia.

E¡$, porém, que urna objecao se levanta: como admitir a espiritualida-


de da alma humana quando se sabe que as atividades mais sublimes do ho
mem nao se realizam se o organismo está lesado em seu cerebro ou em seu
sistema nervoso?

A resposta nao é difícil. Embora a alma seja espiritual, ela depende do


organismo, especialmente do cerebro e do sistema nervoso, para funcionar
devidamente. Por conseguinte, se o cerebro está lesado, a inteligencia carece
do instrumental sem o qual nao pode manifestar a sua perspicacia; o sujeito
podará chegar a levar vida meramente vegetativa. É o que leva muitos estu
diosos a dizer que a inteligencia é o próprio cerebro ou a massa cinzenta. Tal
conclusao, porém, é errónea pelos motivos indicados. A alma humana é
espiritual, mas foi feita para animar a materia e aperfeicoar-se em uniao
com esta.

3. A i mortal idade da alma humana

A ¡mortalidade decorre da espiritualidade da alma. Vejamos por qué.

3.1. A natureza masma da alma humana

A morte é a dissolucáo do ser vivo. Ora a alma nao pode dissolver-se


por si, porque nao é composta de partes, mas é simples, como todo espirito
é simples ou liento de composica*o. Por Isto a alma humana, urna vez criada,
subsiste para sempre, mesmo fora do cotpo (do qual ela nao depende para
existir). S6 poderia delxar de existir se Deus, que a criou, a quisesse aniqui
lar; todavia julga-se que Deus nao aniquila nenhuma de suas criaturas (embo
ra o possa), pois isto seria urna especie de contradicao; além disto, seria algo
de injusto, porque tornaría impossível a aplicacao das sancóes merecidas
pelo ser humano nesta vida.

Concluímos, pois, que a alma humana é naturalmente ¡mortal e nao

548
ORIGEM DA ALMA HUMANA 21

deixa de usufruir desta sua prerrogativa, pois Deus nao subtrai as criaturas
o que Ihes outorgou como atributos próprios.

3.2.0 desojo natural

Todo homem deseja existir sem limites de duracao. Esse desejo se deri
va da própria natureza do homem; nao depende de alguma forma de cultura.
Ora tal desejo nao pode ser frustrado ou vao; se o fosse, a natureza seria con-
traditória e absurda. Mais: ela suporia o Absurdo na sua origem, pois teria
sido feita para a vida, e a vida sem fim, mas nao teria a capacidade de usu
fruir da imortalidade. Por conseguinte, a alma humana há de ser ¡mortal, a
fim de poder fruir da plenitude de vida á qual ela naturalmente aspira.

Dir-se-á, porém: se tal argumento é válido para a alma, há de ser'válido


também para o homem todo (composto de corpo e alma), pois o ser huma
no como tal deseja viver sempre.

Em resposta. observemos: o desejo de imortalidade do homem (oh do


composto de corpo e alma), embora seja natural, nao é senao urna aspiracao
ineficaz, pois o composto humano tende naturalmente a desgastar-se; os
órglos corpóreos vao-se tornando ineptos para a vida, até estarem totalmen
te deteriorados. Nesse momento a alma se separa do corpo. Ao contrario, o
desejo de imortalidade da alma humana pode ser eficaz, pois a alma humana,
nao sendo composta, nao se dissolve.

Sabemos, porém, pela fé que o Senhor Deus quis conceder ao homem


a ressurreicao física, atendendo assim ao desejo natural de imortalidade do
composto humano.

3.3. A sancáo da justica

Todos nos aspiramos ardentemente á justica. Contudo a justica na vida


presente é precaria. Freqüentemente as pessoas retas sao prejudicadas por
praticarem o bem, ao passo que os infquos sao materialmente beneficiados
pela perversao.

Ora, se a alma humana nao fosse apta a sobreviver após a existencia


presente a fim de recebar a sancao de seus atos, a justica ficaria definitiva
mente conculcada no caso de muitos homens. A historia da humanidade
terminaría com o triunfo (ao menos parcial) da injustica e da desordem
sobre a justica e o bem. Ora tais conseqüéncias suporiam um mundo absurdo
e, na origem desse mundo, um principio de contradicáo e absurdo, conse
qüéncias estas que nao condizem com a ordem e a harmonia que se verifi-
cam em geral no universo. Daf afirmarmos que a alma humana é por si imor-

549
22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

tal e, por conseguinte, apta a recebar na vida postuma a justa sancao, que
multas vezes na vida presente Ihe é negada.

O que acaba de ser dito, pode ser ilustrado pela verif¡cacao de certos
fenómenos ocorrentes na natureza. Esta parece excluir a frustracao e o
absurdo. Com efeito, se tenho olhos, é porque existe a luz,'para a qual o
olho é feito; se tenho ouvidos, é porque existem sons e melodías; se tenho
pulmoes, existe o ar que Ihes corresponde; se tenho fome e sede, existem ali
mentos de que preciso; se a agulha magnética se agita dentro da bússola,
existe um polo Norte (invisfvel, sim, mas muito real) que a atrai. Análoga
mente, se verifico em mim a sede espontánea e natural de certos valores ou
mesmo do Infinito, posso estar certo de que tais valores e o Bem Infinito
existem no Além, em correspondencia a tais aspiracoes.

Assim se confirma a tese de que a alma humana á por si ¡mortal.

4. A origem da alma humana

Proporemos a solucao lógica e corneta, ó qual se seguirá, á guisa de


Apéndice ilustrativo, urna breve resenha de teorías nao aceitáveis.

4.1. OCriacionismo

A questao da origem da alma humana se resolve sem dificuldade, des


de que se leve em conta a sua natureza espiritual. Com efeito; se o modo de
agir revela o modo de ser (ou a índole própria) de determinada criatura, o
modo de ser, por sua vez, revela o modo de comecar ou de originar-se dessa
criatura. Há urna correspondencia entre agir, ser e vir-a-ser:

VIR-A-SER* pSER«- -7 APIR

A primeira manifestacao de urna criatura é oseu modo de agir. Obser-


vando-o, percebemos o seu modo de ser; e, observando o modo de ser, de-
duzimos o modo de vir-a-ser dessa criatura.

Conseqüentemente, se o agir e o ser da alma humana ultrapassam o


concreto material ou transcendem a materia, a origem da mesma há de ser
também i material. Com outras palavras: a alma humana nao vem da materia
nem por evolucao nem por geracáo, mas diretamente por um ato criador de
Deus. — O Senhor Deus cria e infunde cada alma humana no momento em
que se dá a fecundacáo do óvulo pelo espermatozoide; o embriáo recém-fe-
cundado já possui virtualmente a organizaclo típica do corpo humano; basta
que cresca para que revele as características do organismo humano; daf di-

550
r . ORIGEM DA ALMA HUMANA 23

zer-se que já é animado pelo principio vital (alma) proprio do corpo huma
no. Está hoje em dia superada a tese da animacao gradativa, segundo a qual
0 embriao teria primeramente uma alma meramente vegetativa; depois, uma
alma sensitiva, e por último a alma intelectiva, típicamente humana e espi
ritual. NSo há razao para admitir tal hipótese, visto que o embriao humano
já é plenamente,humano desde que existe o ovo fecundado; umas6 alma -
intelectiva e espiritual — preenche as funcoes vegetativas, sensitivas e inte
lectivas. - A propósito veja-se o artigo do Prof. Jéróme Lejeune, publicado
em PR 305/1987, pp. 457-461, no qual o autor, após longa pesquisa, afirma
a existencia de auténtico ser humano desde a fecundacao do óvulo pelo
espermatozoide.

4.2. Teorias nao aceitáveis

a) O emanatismo ensina que a alma humana é centelha da Divindade


apoucada ou amesquinhada na materia; entraría no embriao por emanacfo
a partir da Divindade. Tal é a posicao de correntes panteístas antigás, medie-
vais e modernas. - Nao se sustenta, pois supoe que a Divindade se possa re
partir, distribuindo-se pelos corpos dos seres humanos. A Divindade nao tem
partes, pois isto significaría ser extensa e corpórea - predicados que nao
competem a Deus.

b) O traducianismo1 ou generaciónismo corporal admite que a alma


de cada genitor possa emitir uma sementé vital; a respectiva fecundacao da
ría origem á alma da prole. - Tal teoría é falha por atribuir á alma espiritual
sementes vitáis corpóreas, das quais se originaria outra alma espiritual. Espi
rito e corpo sao realidades radicalmente diferentes, de modo que nao há
transí pao de uma para outra. O espirito é precisamente o ser incorpóreo,
inextenso e ¡material, dotado de inteligénca e vontade.

c) O traducianismo ou generación ismo espiritual afirma que, por oca-


silo da fecundacao, a alma da prole se deriva das almas dos genitores como a
chama se deriva da chama, sem sementé corpórea. Santo Agostinho (t430)
era propenso a admitir tal teoría. - Também esta é falha, pois supoe que a
alma humana se possa repartir - o que contradiz á natureza espiritual da
alma humana; o espirito nao tem extensao nem partes.

S. Agostinho era favorável a tal tese, pois Ihe parecia explicar bem a
transmisslo do pecado original. - Ora a propósito deve-se dizer que o peca
do original na enanca nao consiste em alguma mancha herdada dos pais,

1 A palavra latina tradux, traducís designa aquilo que transmite ou a semen-


te, o germen.

551
24 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

mas, sim, na ausencia da graca santificante e dos demais dons que os primei-
ros país receberam e deviam ter guardado para os transmitir aos seus descen
dentes. Essa ausencia é compatfvel com a realidade de urna alma espiritual
diretamente criada por Deus. com tudo o que naturalmente a integra; a
graca santificante e os dons paradisíacos foram gratuitamente dados por
Deus aos primeiros país; nao pertencem á esséncia da alma humana.

Resta, pois, a doutrina criacionista como genuína maneira de explicar


a origem da alma humana.

**♦

(continuado da p. 576)

parece ignorar totalmente os beneficios físicos e psíquicos que a castidade


acarreta para o ser humano. 0 afa de facilitar o prazer faz que Marta Suplicy
exponha seus discípulos a perder as grandes vantagens da vida sexual devida-
mente regrada. Eis como essas vantagens se configuram no rapaz, segundo o
Dr. Joaquim Moreira da Fonseca, que no seu tempo foi ilustre professor da
Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil:

O homem possui a glándula espermatogénica exócrina, que alimenta


os testículos produtores de espermatozoides a ser ejaculados; possui também
a glándula de Leydig, cuja funcao endocrina é a producáo do hormónio se
xual masculino, a testosterona. Esta circula por todo o corpo e vai impri-
mindo em cada ponto a marca da sua passagem. Passa pelo rosto e deixa a
raiz da barba. Passa pelo tórax e deixa os pelos esternais. Passa pelos ombros
e imprime a forma aos ombros. Passa pela garganta e modifica a voz. Em
suma, a testosterona (por estímulo da hipófise) vai provocando no adoles
cente o aparecimento das características de homem; dá-lhe fortaleza, ener
gía, resistencia nao s6 corporal, mas também cerebral; robustece o cerebro e,
indiretamente, a mente; ela arma o individuo contra as infeccoes e os trau
mas, mantendo o corpo apto para o trabalho e outras atividades.

Ora no rapaz casto há apenas a producto natural de espermatozoides,


que o organismo se encarrega de eliminar. A excitacáo do rapaz de vida
sexual irregular nao existe no jovem casto. Dá-se entáo um fenómeno im
portante, derivado da leí da compensacao:

"Quando um, dentro dois órgSos gémeos de nosso corpo, cessa de agir
ou diminuí a atMdade, o outro redobra a própria atividade. Por um gesto
compensador, por verdadeiro mecanismo de desforra. Assim quando um dos
rins diminuí a fiitracSo de urina, o outro aumenta; quando um dos pulmdes
baqueta ou adoece, o outro resolve trabalhar mais. Quando urna das mamas

(continua nap. 560)

552
Gnose:

"O Misterio de Jesús"

por Vamfaarto Moráis

Em súrtese: Vamberto Moráis, médico que se doutorou em Historia


Antiga, escreveu um estudo sobre Jesús Cristo como "religioso independen-
te", convicto de que religiSo é experiencia, ou se/a, um sentímento íubjeti-
vo, ao qual a historicidade dos episodios do Evangelho nao importa. Aplica
seu raciocinio (com falhas evidentes) a negar a credibilidade de traeos im~
portantes dos Evangelhos, como a Divindade de Jesús Cristo, a sua rossur-
reicSo corporal, a infancia do Senhor narrada por Mateus e Lucas. O liveo se
ressente de preconceitos e superficialidade; detóm-se em aspectos da temáti
ca, fechando os olhos a outros, que mereceriam igual consideracio. Ao com
parar Jesús e o Cristianismo com mestres religiosos e crencas nao cristaos, o
autor 6 sumario, nSo levando em conta o sentido específicamente cristSo da.
mensagem evangélica.

* * *

Vamberto Moráis é médico formado pela Faculdade de Medicina da


Universidade de Pernambuco. Estudou e trabalhou em Londres. Em 1984/87
fez o Curso de Doutorado em Historia Antiga pela Universidade de Londres
(Birkbeck College); a sua tese teve por título "The Life in Ancient Greece".
Publicou outras obras, entre as quais "0 misterio de Jesús Cristo á luz da
Religiao Comparada e da Historia".1 O autor desenvolve certa erudipao,
revelando conhecimento de historia e de Cristianismo e procurando rein-
terpretar a figura de Jesús Cristo em termos atualizados.

1. O teor do livro

Vamberto Moráis faz questSo de repetir o seu ponto de partida:

"Vale aquí insistir numa das suposiedes básicas dests livro: que reli-
giSo é experiencia, e nSo espeeulaedes ou teorías. O que aconteceu ou dei-

1 IBRASA.SSo Paulo 1990, 140x210mm,388pp.

553
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

xou de acontecer na Judéia há 1900 anos, nSo invalida a experiencia básica


dos cristSos, que 6 urna questSo de vida. Creio, alias, que esta 6 urna tenden
cia das mais sadias da Igreja de ho¡e: concentrarse em viver o Cristo no
dia-a-dia, e nSo discutir dogmas. E isto se aplica aínda mais a muitas das
novas geracdes, que procuram seguir Jesús atraídos por seu fascínio, mas
tém muito pouco interesse pela teología crista"' (p. 298; el. pp. 9. 323, 4?
capa do livro).

Apesar de professar descaso pela teología ou pelo que "aconteceu ou


nao aconteceu", o autor aplica seu talento á díscussao da veracidade dos
Evangelhos. Segué os autores críticos mais ayancados, entre os quais Rudolf
Bultmann. Conseqüentemente nega a ressurreicao de Jesús, seu nascimento
virginal, concebe o Nazareno como mero líder religioso que pregou urna
revolucao social, penhor de mais justica e fraternidade no mundo; Jesús
terá sido um carismático que nao pensou em fundar urna ¡nstituícáo. Seus
discípulos, porém, institucionalizaram e perverteram o ideal de Jesús, dan
do origem á Igreja.

Em nossos dias, a própria Igreja estaría a se desinstitucionalizar, dei*


xando de lado questoes doutrinárias, para se entregar mais e mais á reforma
social. Urna de suas expressoes mais auténticas seria a Teología da Liberta-
pao, inspiradora de comunidades de base. Por isto também a Igreja estaría
aberta a práticas de religioes orientáis e ao próprio marxismo. — O livre
exame dos Evangelhos praticado pelos protestantes estaría sendo adotado
também pelos católicos; donde resultaría um Cristianismo novo:

"A revolucao de hoje. que é urna volta as fontes, apenas comecou e o


seu curso futuro é imprevisfvel. Mas urna compreensSo melhor de Jesús —
que só se pode fazer no laboratorio da vida de acSo e contemplacSo -éde
certo modo um de seus resultados. Até que enfím os católicos estio apren-
dendo (muitos protestantes já tinham comecado esta processo) a encetar
o livre exame dos Evangelhos. nSo como um exercfcio académico ou esco
lástico, mas como algo profundamente prático. Que importa que em meio
disso se sacrifiquem mitos e imagens reverenciadas durante sáculos? Con
templar a nudez forte da verdade é um bom exercfcio ascético, que reprime
os derrames sentimental do velho tipo de imaginacio piadosa" (p. 322).

Em suma, o sentimento, a experiencia e vivencia nao de ser os cri


terios para interpretar os Evangelhos e tentar entender Jesús Cristo e sua
mensagem, conforme Vamberto Moráis.

2. Comentando...

Cinco reflexoes vém a propósito:

554
"O MISTERIO DE JESÚS" 27

2.1. Religifib-ftxperünda

O principio básico do autor segundo o qual religiao é experiencia de-


sinteressada da verdade, é insustentável. A religiao é a mais nobre atitude da
criatura inteligente (pois é o reconhecimento de que existe um Criador sabio
e santo, ao qual o homem deve prestar adoracao e louvor); por isto a religiao
está estritamente ligada á inteligencia do homem, que foi feita para apren
der a verdade. Com outras palavras: a religiao nao se coloca apenas no plano
da experiencia ou dos sentimentos subjetivos, cegos, mas ela interpela e
move o ser humano com todas as suas potencialidades. Se o homem tem
intelecto, ele o tem, antes do mais, para sondar o porqué e o para qué da sua
existencia, . . . para descobrir o sentido da vida, que nao se explica somente
por fatores imanentes e transitorios, mas que só se esclarece e consuma no
Transcendental ou em Deus; a inteligencia existe ainda para tentar elucidar
quem é Deus, que relacionamento tem Ele com o homem, que é que Ele
revelou á criatura, qual resposta esta Ihe deve dar num diálogo confiante e
filial. Esta pesquisa exige o exercfcio da inteligencia e está na altura das mais
nobres funcoes do homem. Existem verdade e erro em materia de religiao,
pois os preconceitós e a fantasía podem obnubilar a mente e dificultar o
acesso a nocoes claras em materia religiosa.

Alias, Vambérto Moráis nao deixa de aplicar a sua inteligencia ao estu-


do dos Evangelhbs, embora ó faca tendenciosamente. É o que passamos a
considerar sob o título abaixo.

2.2. A crítica dot Evangelho»

O autor dedica as pp. 331-365.ao tema assim intitulado: "Apéndice


para os curiosos: Fontes para o Estudo de Jesús".

Neste segmento de seu livro, V. Moráis estuda, entre outras coisas, a


origem e a autenticidade dos Evangelhos... - A impressao que se tem ao ler
as suas considerares, é a de que o autor optou pelo negativismo: recusa o
testemunho de Joao (pp. 355-357); nos Sino-ticos julga que nunca há afirma
res de ordem especulativa ou teológica, mas apenas "ditos de índole predo
minantemente moral, social ou profética. .. segundo a grande tradicáo dos
profetas judeus" (p. 358). Conseqüentemente fala de mitos quartdo nos
Evangelhos se depara com alguma passagem de ordem doutrinária; vejam-se
os capítulos do corpo do livro, onde reina descrédito a respeito da autenti
cidade dos Evangelhos.

O autor comete varias imprecisoes, indicios de impericia na materia:

555
28 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

a) O cSnon (catálogo) do Novo Testamento ter-se-á constituido no


século II, quando "a Igreja rejeitou virios escritos que circulavam na época"
(p. 358). Na verdade, o canon do Novo Testamento foi fixado definitiva
mente no século IV: em 393, o Concilio regional de Hipona formulou a pri-
meira definicao do canon do Novo Testamento.

b) Os Evangelhos sinóticos "quase nao contém sermoes de Jesús"


(p. 354). - Ora o Evangelho de Mateus é conhecido como o livro dos cinco
sermoes programáticos,1 aos quais se acrescenta o sermao a respeito dos
fariseus hipócritas (Mt 23): julga-se até que Mateus utilizou copiosamente
urna suposta fonte (Quella) de dizeres de Jesús.

c) Afirma V. Moráis:

"Por ceno, há trechos da pregacio de Cristo na tradicSo sinótica que


podem ser rejeitados. No complicado processo de traducid e transmissá"o,
deve terhavido muita deformacio e perda do sentido original" (p. 355).

O autor parece nao conhecer a crítica do texto do Novo Testamento,


que é praticada por autores diversos (mesmo liberáis e racionalistas), os
quais jamáis afirmaram oque V. Moráis afirma: hoje em dia há mais de 5.000
testemunhos (papiros e códices) do Novo Testamento, que permitem esta-
belecer com seguranca o texto grego original do Novo Testamento; compa
rando entre si estes testemunhos, dos quais alguns remontam ao século II,
reconstttui-se a face do texto autógrafo quando sobre ele paira alguma dú-
vida. Nem as traducoes antigás deturparam o texto original; ao contrario,
nao raro contribuem para se recompor o original quando impreciso.

d) Á p. 53 afirma o autor:

"Foi Sá~o Jerónimo, ao que parece — famoso como tradutor e comen


tarista da Biblia — o prímeiro a sustentar que os irmSos de Jesús teriem sido
na realidade seus primos, filhos de urna outra María, mulher de Clopas ou
Cleofas (combinando assim Me 15,40 com Jo 19,25)".

V. Moráis nao dá importancia á tradiclo dos primeiros séculos neste


particular (S. Jerónimo morreu em 420). Esquece que desde cedo Maria foi
chamada pelos cristaos gregos aeiparthónos, sempre virgem. Além disto, o
ProtMvangalho da Tiago enfatiza que os ditos "irmáos de Jesús" eram filhos

1 Sermáb da Montanha {Mt S-7);SermSo Mlssionário (Mt 10);Serma~o das


Parábolas do Reino (Mt 13); Sermáb Comunitario (Mt 18); Sermib Esca-
totógico (Mt 24-25).

556
"O MISTERIO DE JESÚS" 29

de José gerados em primeiro matrim&nio (anterior ao casamento com María


SS.); nao se pode garantir a veracidade desta noticia, mas, como quer que
seja, ela atesta a consciéncia que os primeiros cristaos tinham, de que os
"irmaos de Jesús" nao eram filhos de María SS.

e) V. Moráis recorre freqüentemente ás re I ¡g¡ oes da India para ilustrar


e interpretar os Evangelhos - Mais urna vez negligencia algo de essencial:
a concepcao básica da revelacáo bíblica é monoteísta (há um s6 Deus distin
to e Criador do mundo e do.homem), ao passo que as religioes da India
(hinduísmo, bramanismo, budismo. ..) sao pantefstas com fundo politeísta.
Ora estas duas concepcoes básicas diferencian) radicalmente as correntes reli
giosas em foco; se háalguma semelhanca entre elas, deve-se ao fato deque
em todos os homens existe o mesmo senso religioso congénito ou a mesma
religiosidade natural, que em toda parte tem as mesmas ou semelhantes ex-
pressSes (silencio, oracao, jejum, luta contra as paixóes desregradas.. .{.Im
porta ao estudioso examinar a mentalidade que inspira tais práticas em cada
corrente religiosa a fim de nao fundir ou confundir simploriamente elemen
tos heterogéneos.

Estas e outras, ¡mprecisoes tiram a V. Moráis autoridade para ensinar


sobre a origém dos Evangelhos. Nao se pode esquecer a bibliografía mais exa-
ta existente a respeito, devida aos estudos do Latourelle, Lambiasi.Dreyfus
(ver PR 336/1990. pp. 194-210).

Consideremos ainda alguns pontos particulares da crítica feita por


V. Moráis.

2.3. A infancia da Jesús

Ao tratar da infancia de Jesús - como de resto em todo o decorrer do


seu livro —, o autor se mostra preconceituoso e, por isto, superficial.

1. Os capítulos 1 e 2 de Mateus e de Lucas Ihe parecem mitológicos,


ou seja, destituidos de valor histórico, pois sao "aproximacoes sucessivas de
urna realidade espiritual" (p. 25). Por conseguinte, Jesús terá nascido em
Nazaré, e nao em Belém — o que é dito gratuita e superficialmente, sem que
o autor leve em conta a arqueología (ou os monumentos existentes em Be
lém da Palestina) e a tradicao crista amiga.

2. V. Moráis afirma que Jesús teve irmaos, filhos de María e José. Co-
nhece a argumentacao católica segundo a qual a palavra irmao (adelphós,
no texto grego do Evangelho) há de ser entendida no sentido do hebraico e
do aramaico ah (irmao, primo ou párente próximo). Rejeita, porém, tal ex-
plicacao alegando que em grego existem vocábulos distintos para designar

557
30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

irmao (adelphós) e primo (anepsios). "Se fdssemos aceitar o argumentó


católico, teríamos de acreditar que os autores do Evangelho eram tao igno
rantes do grego que nao sabiam os termos mais simples e elementares do
parentesco. . . Se Jesús tivesse sido filho único, ... os autores dos Evan-
gelhos teriam afirmado este fato. e da mane ira mais inequívoca" (p. 53).

Eis um espécimen típico dos arrazoados de V. Moráis : sao aprioristas


ou preconcebidos, além de unilaterais. O autor parece ignorar que os evan
gelistas escreveram na língua greca nao clássica, mas na koiné, impregnada
de semitismos ou de locucoes aramaizantes; por isto o adelphós dos evange
listas tem o sentido nao do adelphós dos gregos, mas do ah dos semitas.
Ademáis os evangelistas insinuam assaz claramente que Jesús era filho único
quando

— Lucas afirma que Jesús, aos doze anos de idade, foi a Jerusalém com
María e José a celebrar a Páscoa, tendo entao ficado no Templo em diálogo
com os doutores; como se pode crer, Jesús era naquela idade filho único
(cf. Le 2, 41-50);

- Joáo refere que Jesús, ao morrer, entregou sua Máe SS. aos cuidados
de Joao, filho de Zebedeu e Salomé, e nao a um dos chamados "irmaos de
Jesús". Se María tivesse outros filhos, seria obvio que Jesús a entregasse aos
cuidados de um de seus outros filhos.

3. Ao tratar do aspecto ffsico de Jesús, V. Moráis assevera: "Nem o


'Jesús belo' nem o 'Jesús feio' parecem ter a menor base histórica" (p. 63). -
Nao faz a mínima referencia ao Sudario de Turim, peca importante para se
reconstituir o retrato ffsico de Jesús. Verdade é que o Sudario é peca ainda
discutida, mas merecedora de mencao num estudo realmente objetivo.

2.4. A ressurreica"o de Jesús

Segundo V. Moráis, Jesús nao ressuscitou corporal mente, mas os seus


discípulos tiveram visóes subjetivas que Ihes sugeriram a crenca na ressurrei-
cao de Jesús. O argumento para afirmar esta tese está em ICor 15,3-8: Sao
Paulo ai enumera as aparicoes de Jesús ressuscitado a Pedro, a Tiago, aos
doze, a mais de quinhentos irmaos e também. . . a Paulo. Ora, dado que
Paulo nao viu Jesús físicamente, mas apenas mentalmente, V. Moráis deduz
daí que os demais Apostólos também viram Jesús apenas mentalmente ou
numa experiencia meramente subjetiva, sem que houvesse presenca objetiva
de Jesús ressuscitado (cf. pp. 299s)! Como é fraco este modo de raciocinar!
Nao leva em conta a resistencia de Tomé, vencida finalmente quando Jesús
Irte deu a tocar suas máos e seu lado (cf. Jo 20, 24-29). Nem considera

55S
"O MISTERIO DE JESÚS" 31

como, de modo geral, os Apostólos estavam totalmente desanimados, longe


de imaginar Jesús ressuscitado, a tal ponto que tiveram dif¡culdade para crer
na noticia da ressurreicao (cf. Le 24,9-11.36-39). Quanto ao sepulcro encon
trado vazior V. Moráis reconhece que nao tem explicacSo:

"Temos de admitir que essa interpretació nio dá eonta da descoberta


do túmulo vatio, que parece ser urna tradicio genuino. Mas o desaparecí-
mentó de um corpo nio áprova da ressurreicio física. Na incerteza e obscu-
ridade de fatos com que lidamos, o acontecimento pode ter verías outras
explicaedes: um engaño na identificado do túmulo, mudenca de planos por
parte de José de Arimatéia (que depois disso desaparece de cena), etc. Está
claro que nenhum historiador serio vai tratar o problema da ressurreicio
como se fosse um enigma de romance policial (como fez, por exemplo,
Hugh Schonfield no seu livro absurdo A Conspirado da PáscoaJ. v

De um ponto de vista histórico, nio pode haver certeza de nenhuma


explicafio. Só podemos esperar que algum dia as pesquisas de parapsicolo
gía nos ajudem a compreender melhor esses fenómenos de aparícoes depois
da morte" (pp. 308s).

0 recurso a parapsicología - chave que abre todos as saídas posticas


— é gratuito e vago, além de nao levar em conta os textos mesmos dos
Evangelhos e da Tradicao.

2.5. Ecumanismo • Diálogo Rtligioso

V. Moráis refere-se freqüentemente ao Diálogo Religioso e ao Ecume-


nismo como termos que ele deseja promover mediante as suas concepcoes...

Para a I greja Católica, Ecumenismo é o moví mentó de aproxirnacao


dos cristaos separados por cismas diversos, tendendo a levar todos á plena
comunhao com a Igreja confiada a Pedro. Diálogo Religioso é o intercambio
existente entre católicos e nao cristaos. — Em um e outro caso, nao se trata
de formar urna frente única amistosa, baseada no relativismo religioso ou
em experiencias místicas meramente subjetivas, mas, sim, trata-se de aplai-
nar os caminhos para que naja comunhao plena sem traicao da verdade
revelada por Deus Pai mediante o Senhor Jesús e confiada á Igreja que
Jesús fundou e entregou ao pastoreio de Pedro (cf. Mt 16, 16-19; Le 22,
31s; Jo 21, 15-17).

A acao social é importante a fim de se construir um mundo mais justo


e fraterno, mas ela é funcao da mensagem doutrinária dos Evangelhos, men-
sagem que deve ser guardada incólume em sua índole transcendental. 0
Cristianismo é, antes do mais, a Boa-Nova a respeito de Deus e de seu plano

559
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

de salvacao, Boa-Nova da qual deve decorrer urna praxis ou atividade ética


adequada.

Nao nos deteremos na análise de outros pontos do livro de V. Moráis,


pois sao muí tos e de pouco valor científico. O autor, alias, confessa: "Nao é
simplesmente como especialista em historia que olho Jesús. O mundo já
sofre demais com a idolatría do 'técnico'! Ese revi este livro como alguém
que vive, sofre e senté as angustias, tormentos e frustracoes da vida de hoje"
(p. 10). — Cremos na boa intencao do pesquisador pernambucano, mas de-
vemos dizer que o seu livro nao foi escrito segundo o rigor de um estudo
científico digno deste nome.

***

(continuado da p. 552)

capitula, a outra enfrenta a crise. Além do exemplo que nos dio, esses er
gios ajudam a compreender melhor as vantagens da castidade.

Apreciando o funcionamento dos testículos dum rapaz que controla


sua vida sexual, notamos que a glándula espermatogenia ó mentida em
regime de trabalho moderado, natural, em regime de atividade inferiora do
rapaz devasso. Acontecerá entio a leí da desforra. A glándula de Leydig vai
tnbalhar mais. Vai fabricar mais testosterona. E como a testosterona é a
gasolina da virílidade, da distribuicSo de músculos masculinos, como ó
estímulo dos pelos axilares, facíais, pubianos, esternais, como ó é "corda"
dos órgSos copuladores, - concluímos que o rapaz casto, verdadeiramente
casto e verdadeiramente homem. é um tipo portador de alto índice de
sexualidade: sexualidade sadia, harmoniosa.

Aínda: como a testosterona garante a resistencia física sob diversas


modalidades (resistencia ao trabalho, ao cansaco, ás ¡nfecedes, aos choques,
etc.), vé-se que o casto tem possibilidade de gozar saúde e de tirar melhor
partido de tudo aquilo em que a saúde 6 condicio indispensável (vida pro-
fissional, vida familiar, vida social).

Mais: como a testosterona, levada pelo sangue até o sistema nervoso


central, conten ao cerebro urna assombrosa tenacidade e aos ñervos urna
resistencia ¡nvulgar, multiplicando a capacidade mental, o casto pode ser.
¡ndiscutivelmonte, um sujeito intelectualmente mais vigoroso, psíquica
mente mais tenaz.

Há experiencias em Fisiología Animal (chamadas experiencias de


Voronoff e Steinach) que comprovam, quantas vezesse queira, o mesmo fato.
(continua na p. 572)

560
Conseqüéncias de um corte drástico:

Brasil Ameagado de Velhice


Precoce?

Em símese: Os métodos de limitacSo da natalidade aplicados á popula-


ció brasilelra nos últimos quinze anos provocaram brusca baixa da taxa de
natalidade e ameaca de envelhecimento populacional, como ocone ém paí
ses europeus; o quadro da sociedade brasileira mudaré de face e de hábitos,
caso o processo continué como tem estado. — Do ponto de vista cristio,
as conseqüéncias negativas de tais métodos e o possfvel envelhecimento pre
coce da populacho nSo surpreendem, pois toda intervencSo artificial ñas
funcSes da natureza sadia costuma ser nociva ao homem. A Igre/a nSo é
natalista; prega apatemidade responsável, ou se/a, o planefamento do núme
ro de filhos de acordó com as possibilidades de economía, saúde e trabalho
do casal. Mas o que caracteriza a Moral católica, é o respeito pelas leis da
natureza, ou se/a, o repudio aos meios artificiáis de contencSo da natalida
de; todos estes tém suas contra-indicacdes, pois visam a perturbar o proces
so de um organismo que funciona bem. Esté claro que o método da absti
nencia periódica requer conviccoes e forca de vontade;estas, porém, custam
menos caro do que qua/quer anticoncepcional e só fazem nobilitar a pessoa
humana.

0 artigo que se segué, ilustra estas afirmacóes com dados numéricos


significativos.

* * *

O tema "limitacao da natalidade" está freqüentemente em foco; hoje,


porám, recebe um tratamento diverso do que recebia há quinze anos. Com
efeito; no Brasil do passado ¡ncutia-se de todos os modos a limitacao dos
nascimentos, pois se previa urna brutal explosSo demográfica, que acarreta-
ria maior miseria e fome no país. Foram entá*o aplicados métodos anticon-
cepcionais que, associados a outros fatores, provocaram urna das mais rápi
das diminuícóes de nascimentos na historia da humanidade; este fato vai
chamando a atencfo dos dentistas da economía e da populacao, pois tem
os inconvenientes de tornar o nosso país envelhecido prematuramente.

Examinemos o problema e procuremos-lhe a auténtica solucao.

561
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

1. O problema

1.1. Dados numéricos'

Há quinze anos 6 Brasil tinha 100 milhoes de habitantes e podia


gloriarse de ser um país jovem; mais da metade da populado tinha menos
de 20 anos, e apenas 5 milhoes de habitantes contavam mais de 65 anos. Para
o ano 2000 previa-se urna populacao de 200 milhoes de pessoas, em maioria
cr¡anpas e jovens. Daf o alarme que um provável colapso económico susci-
tava entre os estudiosos.

Eis, porém, que um brutal retrocesso na taxa de natalidade se tem ve


rificado últimamente: a mulher brasileira, que até 1970 tinha em media seis
filhos, hoje tem a metade disto; ñas grandes cidades contam-se até 2,5 furtos
por mulher — o que mal dá para compensar os óbitos ocorrentes. Há urna
tendencia a continuar caindo, que alguns consideram irreversfvel. O Brasil
terá 170 milhoes de habitantes no ano 2000, ou seja, 30 milhoes menos do
que se previa há quinze anos.

O processo assim verificado deverá provocar mudancas na vida da so-


ciedade brasileira: o futuro nao será mais o mesmo. Com efeito; o Brasil
experimentará a situacáo de países europeus, em que nascem cada vez me
nos enancas, diminuí o número de jovens e aumentam a populacao madura
e o número de anciios; sim, é de prever que os brasileiros com mais de ses-
senta e cinco anos estarao multiplicados por dois em 2000, ao passo que os
jovens serao apenas 40% da populacao. Se este ritmo prosseguir, em quaren-
ta anos a populacao do Brasil deixará de crescer; chegaremos ao nivel medio
de dois filhos por mulher, insuficiente para assegurar a renovacSo da popu
lacao. Predominará entáo o número de velhos sobre o de jovens no Brasil.

12. As causas

Podem-se assinalar tres principáis causas para o fenómeno em pauta:

1.2.1. A mudanca do papel da mulher

A mulher está-se profesionalizando, ou seja, adquirindo títulos de


profissional em diversas áreas. Isto implica: 1) adiamento do casamento;
2) diminuicao violenta do número de filhos; 3) aumento de separacoes de
casáis.

1 Sabemos que as estatfsticas nem sempre concordan* entre si No caso pre


sante, porém, convergem. Isto basta para o nosso estudo.

562
BRASIL: VELHICE PRECOCE? 35

Destes fatos nao se deve deduzir que a mulher nao deva estudar e exer
cer atividades públicas, mas lembram que a mulher e o homem tém papéi
distintos na sociedade; a mulher que trabalha oito horas por dia fora de
lar, nao pode cuidar dos filhos e da casa como outrora. A propósito observa
o Papa Joao Paulo II:

"A experiencia confirma que 6 necessário aplicarse em prol da revalo-


rizacSó social das funedes maternas, dos trabalhos que a elas estfo ligados, e
da necessidada de cuidados, de amor e de carinho que tém os filhos, para
se poderem desenvolver como pessoas responsáveis, moral e religiosamente
amadurecidas e psicológicamente equilibradas. Reverterá em honra para a
sociedade o tornar possívet á mSe - sem pbr obstáculos á sua liberdade, sem
discriminacSo psicológica ou prática e sem que ela fique numa situacfib infe
rior em relacao ás outras mulheres — cuidar dos seus filhos e dedicarse é
educacSb deles, segundo as diferentes necessidades da sua idade. O abono
toreado de tais tarefas, por ter de arranjar um trabalho remunerado fora de
casa, é algo de nio correto do ponto de vista do bem da sociedade e da fa
milia, se isso estiver em contradicao ou tornar dificéis tais objetivos prima
rios da missSo materna" (Encíclica Laborem Exercensf 19).

0 adiamento do enlace matrimonial perde um tanto do seu caráter


negativo, para muitos jovens, pelo fato de que os anticoncepcionais Ihes per-
mitem ter relacóes sexuais sem grande perigo de prole. De acordó com dados
fornecidos pela Organizacao Mundial da Saúde (OMS), entre as brasileiras
em idade fértil (dos 15 aos 44 anos), dois tercos adotam algum método anti
concepcional (desde a pílula até a esterilizacáo simplesmente dita). Quase
tres milhoes tomam pílula - o que faz do Brasil o terceiro maior consumi
dor de pílula anticoncepcional no mundo. 0 número de abortos no Brasil
ultrapassa.os tres milhoes, ao passo que o número de nascimentos devida-
mente registrados em 1988 foi de 2.779.253. Sobre a incidencia do aborto
no Brasil ver PR 338/1990, pp. 320-330.

1.2.2. Dificuldades económicas

A crise por que tem passado o Brasil, leva muitos casáis a nao querer
ter muitos filhos, ao invés do que acontecía outrora. Nao somante as classes
media e alta limitam rígidamente a prole, mas tambóm os casáis carentes
(que costumavam ser altamente fecundos); o próprio Nordeste do Brasil,
berco tradicional de familias numerosas, tem sofrido considerável quqdade
natalidade.

12.3. Esterilizacáo e campanhat anticoncepcionais

As campanhas em prol da reducao da natalidade lograram efeito. Mul-

563
36 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

tiplicaram-se os recursos anticoncepcional (farmacéuticos e cirúrgicos);


além do qué, em varias partes do Brasil, especialmente ñas regí oes mais po
bres, apareceram associacoes privadas de planejamento familiar, formadas
por médicos, que atuavam na rede do INAMPS, nos postos públicos de saú-
de e em convenios com empresas interessadas em ter mülheres esteréis como
funcionarías. A propósito o jornal "Folha de Sao Paulo", de 20/09/90, pu-
blicou a seguinte noticia:

CIDADE ESTERILIZA OS MORADORES POBRES

"O prefeito de Cascavel (PR), Salazar Barreiros (PMDB), 51, val san
cionar esta semana um projeto de leí aprovado segunda-feira pela Cámara
Municipal que autoriza a nalizacao de laqueadura e vasectomia em pessoas
da rídade com renda até 2,5 salarios mínimos. O projeto recebeu 18 votos
favoráveis contra dois. A Prefeitura vai custearas cirurgias e a orientacao aos
casáis a respe/to do controle da natalidade.

O autor do projeto, o suplente de venador Adarcino Adolpho Amo-


rim, 49, do PMDB, implantou programa semelhante entre Janeiro e junho
de 84, quando foi secretario municipal de Saúde. Segundo ele, o projeto
tem amparo em artigo da Constltuicio que diz ser dever do Estado a definí-
cSo de recursos para programas de planejamento familiar. O programa per
mite a esterilizado em mülheres com mais de 35 anos que tenham mais de
cinco filhos vivos e estejam Impedidas de utilizar outros métodos contra
ceptivos por motivos de saúde. O venador chama de "hipocrisia" as maní-
festacdes contrarias ao projeto. O padn local, Antonio Capelesso, e os par
tidos de esquerda se opuseram ao projeto".

A esterilizacao no Brasil tem sido praticada em alta escala, de tal


modo que, segundo dados do Ministerio da Saúde, há mais de dez milhoes
de mülheres esterilizadas no país, sendo a maioria entre as faixasde menor
renda; muitas destas hao de ter sido induzidas inconscientemente á esterili
zacao, mas por certo boa parte dessas pessoas desejou espontáneamente tal
intervencao cirúrgica.1 E - diga-se de passagem - isto tudo acontece num

1 Bis informacdes fornecidas pelos Drs. Aníbal Faundes e José Aristodemo


Pinotti:

"Em 1986, 5,5% das multares eitavam esterilizadas antes de com


pletar 25 anos, e 19,5% antes dos 30. Isto significa que urna em cada cinco
mülheres brasileiras chega aos 29 anos tendo perdido definitivamente a
possibilidade de procriar

(continua na p. 565)

564
BRASIL: VELHICE PRECOCE? 37

pai's que nao tem política oficial de controle da natalidade e onde a laquea-
dura é ilegal! ■

1.3. Conseqüéncias da reducao da natalidade

Em quinze anos o Brasil fez o que muitos países desenvolvidos só con-


seguiram em cem ou mais anos. Atualmente as nacoes escandinavas, a Ale
mán ha, a Italia e a Franca procuram urna solucao para os problemas da que
da da natalidade e do envelhecimento da populacao. A principio julgavam
que os ¡migrantes do Terceiro Mundo poderiam manter a populacao estável.
Agora, porém, apelam para os jovens a fim de os convencer de ter filhos,
oferecendo-lhes facilidades nos servicos de saúde, no pagamento de impos-
tos, premios, prolongadas licencas de paternidade e maternidade, ajuda na
educacao dos filhos. . . A Franca adotou um programa singular de incentivo
ás maes solteiras; a Alemanha procura estimular com cartazese publicidade
o senso de paternidade nos jovens de vinte anos para que pressionem suas
namoradas hesitantes.

Por enquanto, nao se pode predizer que algo de semelhante acontecerá


no Brasil. Mas percebe-se que as almejadas vantagens da contencao da natali
dade nao ocorreram: pensavam muitos que maior desenvolví mentó e mais fá
cil riqueza haveria se a populacao deixasse de crescer tanto: a miseria econó
mica era atribuida á existencia de familias numerosas. Ora, apesar da queda
da natalidade, o país nao vai melhor no plano económico; ao contrario ...
Há mesmo quem diga que, em vez de resolver seus problemas, o Brasil ape
nas substituiu um problema por outro.

Verifica-se mesmo que o país nao está preparado para suportar o enve
lhecimento da populacao. Há, sim, um preconceito na sociedade contra os
andaos; o Brasil sempre se considerou um país jovem. O sistema da Previ
dencia Social é omisso em relacao aos mais velhos. As pessoas que tém mais
de 45 anos de idade, sao ignoradas ou marginalizadas quando se trata de
procurar ou oferecer ernpregos; isto quer dizer que 20 milhoes de pessoas
aproximadamente, das quais muitas ricas em experiencia e capacidade de
trabalhar, nao tém lugar no potencial produtivo do país. A propaganda
comercial dirige-se principalmente aos jovens, como se os mais velhos nao
tivessem possibilidade de consumir (eles que ás vezes tém mais tempo e
dinheiro que os jovens).

Num ertudo realizado entre mulheros que tinham sido esterilizadas


tres anos ou mais antes da entrevista, constatamos que 50% das que fizeram
ligadura de trompas antes de completar 25 anos, nao voltariam a se laquear
se pudessem retroceder no tempo" {Urna análise crítica da contracapcSo
no Brasil, na revista FEMINA, setembro 1988, pp. 776s).

565
38 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

O envelhecimento da populacao exigirá que o Estado em dez anos


duplique seus gastos com aposentadoras, pensoes e tratamentos de saúde
da faixa da populadlo que vive mais tempo dependente do Estado.

Se a queda da populadlo continuar como nos últimos anos, acontece


rá que no futuro a legislacio trabalhista deverá mudar: nao se permitirá mais
a aposentadoria em idade precoce. mas exigir-se-á um prolongamento do
tempo de vida produtiva (até os 60 ou mais anos), como acontece em outros
países. - O fato de haver menos filhos significará também menos possibili-
dades de abrigo e amparo na velhice, o que deverá provocar, da parte do Es
tado, urna rede de instituicoes assistenciais para a velhice, apesar da imagem
negativa que as caracteriza. Será preciso ainda reformar o sistema previden-
ciário para os que tém mais de 50 anos, oferecendo-lhes aposentadorias e
pensoes justas, e atendimento médico adequado. Ao mesmo tempo, far-se-á
mistar vigiar para que, sob o pretexto de diminuicao do número de criangas,
nao naja cortes nos orcamentos da educacao, área nevrálgica do Brasil; ao
contrario, dever-se-á pleitear o aperfeicoamento dos currículos e dos profes-
sores, a melhora das instalacoes escolares e o prolongamento do turno esco
lar {em muitos países as enancas passam, no mínimo, seis horas na escola),
o que ajudaria as míes que trabalham fora de casa.

Em suma, se as coisas continuaren*! como estao, um conjunto de mu-


dancas dif icéis em breve deverá ocorrer para atender ao rumo populacional
do Brasil.

2. Que dizer?

Do ponto de vista cristao, o quadro do envelhecimento da populacao,


com os seus aspectos sombríos e negativos, há de ser considerado como con-
seqüéncia de grave derrogacao ás leis da natureza.

A Igreja Católica nao é natalista ou preconcebidamente favorável ás


familias numerosas. Muito ao contrario; ela apregoa a paternidade respon-
sável ou o planejamento familiar, de modo que cada casal só tenha os filhos
que pode criar e educar com dignidade; cf. Constituicao Gaudium et Spes
n? 50s. O modo, porém, como se há de praticar a paternidade responsável, é
que dá ocasiao a controversias.

2.1. Ot métodos comportamentais ou naturai*

2.1.1. Funcionamento

Convicta de que as leis da natureza sao as leis do Criador e, portanto,


merecem respeito, a Igreja propugna os métodos naturais de limitacSo da

566
BRASIL: VELHICE PRECOCE? 39

prole. Ora a natureza é, por si mesma, infecunda em numerosos dias do mes;


por conseguinte, é recomendável que os casáis desejosos de nao ter filhos se
abstenham de relacoes sexuais nos dias fecundos e pratiquem a cópula se
xual nos dias estaréis. Para calcular a faixa de dias infecundos na mulher,
existem diversos métodos, dos quais o mais preciso é o de Billings ou do
muco cervical; permite observar dia por dia os principáis sinais e síntomas
de fertilidade que ocorrem durante o ciclo menstrual. Tais métodos gozam
de elevada taxa de segu ranea, pois indicam ao casal o estado do organismo
feminino na sucessao dos dias. É método de baixo custo (requer talvez a
compra de um livrinho ou folheto portador de instrucoes, como os há ñas
livrarias católicas}; nao tém contra-indicacoes farmacéuticas. Exige, porém,
que marido e mulher se predisponham a colaborar entre si, seriamente mo
tivados para exercerem a abstinencia sexual quando necessária. Pra ti cando
tal exercicio, marido e mulher repartem entre si a responsabilidad? e os sa
crificios da limitacao da prole, ao passo que os métodos artificiáis pesam.ge-
ralmente sobre o organismo da mulher apenas, ficando o homem isento de
riscos e sacrificios.

2.1.2. Objocoes

Contra tal posicao levantam-se objecoes:

1) a utilizacáo dos dias infecundos nao é também urna burla da natu


reza? - Respondemos que quem utiliza os periodos esteréis nao aplica
meios artificiáis nem inflige violencia á natureza. É esta que por si mesma
oferece ao ser humano a ocasiao de cópula sem prole (é preciso que o orga
nismo tenha suas pausas ou seu repouso); por conseguinte, é licito ao ho
mem aproveitar-se desta oferta da natureza.

2) Existe realmente a lei natural? Deve a pessoa humana estar "atrela-


da" as leis da biología e da fisiología, quando se sabe que o homem é o se-
nhor da natureza, derrubando montanhas e desviando ríos? — Respondemos:
o homem nao pode tratar seu corpo como trata os elementos naturais que
estao fora dele (montanhas, ríos, baías. . .), pois o corpo é parte integrante
da pessoa humana, ao passo que montanhas e ríos nao o sao; o homem ruó
tem um corpo, como tem urna montanha; o homem é um corpo (vivificado
por urna alma espiritual), mas nSo i urna montanha. Disto se segué que as
leis da corporeidade (como sio as da biología e da fisiología...) sao leis do
homem, leis constitutivas da natureza humana, sobre as quais o homem nSo
tem poder, a menos que se queira prejudicar ou mesmo destruir. Nirtguém
está "atrelado" senio a alguma coisa que Ihe é extrínseca; por isto nao se
pode dizer que o homem esteja atrelado ás leis da biología, quando observa
estas normas que o constituem como ser vivo.

567
40 "PERGUNTEE RESPONDEREMOS" 343/1990

3) Há casáis que dizem: "A observancia da continencia periódica será


fatal para o nosso casamento, pois há de gerar desavencas, de mais a mais
que os dias fecundos sao os que mais atrativo sexual suscitam". — Res
pondemos:

a) é necessário que os casáis nao se deixem sugestionar fácilmente pe


lo pessimismo; é certo que a continencia periódica exige sacrificio ou renun
cia, mas é de notar que nao há grandeza humana sem sacrificio; fugir de
toda renuncia na vida significa amesquinhar-se; os esposos conscientes disto
poderao entender-se entre si e colaborar no seu modo de planejar a familia,
em vez de hostilizar um ao outro; se há conviccao do valor em pauta, há
também cooperacao;

b) em último recurso, porém, se um casal nao vé como observar a


continfincia periódica e prevé sinceramente, diante de Deus, que isto Ihe
acarretará graves danos conjugáis ou talvez a ruina do casamento, assuma a
responsabilidade diante de Deus e faca o que, em consciéncia pura, julgar
melhor. Alias, é o que ocorre com qualquer lei moral; se a alguém, posto
diante de Deus com toda a sinceridade, tal ou tal lei parece ser injusta ou
nociva, assuma a responsabilidade diante do Senhor e proceda como a cons
ciéncia reta e pura Ihe sugere.

2.2. Métodos artificiáis

Os métodos artificiáis tanto podem ser farmacéuticos (pilula, por


exemplo) como mecánicos (DIU...) e cirúrgicos (laqueadura. ..). Consistem
em intervencao do ser humano no curso da natureza. No Brasil, segundo as
estatisticas, quatro de cinco mulheres que praticam a contracepcao, utilizam
apenas um de dois métodos: a pilula ou a esterilizacao definitiva. Notam os
Drs. Aníbal Faundes e José Aristodemo Pinotti: ■

"Perguntando-se és mulheres que Hgaram as trompas multo ¡ovens por


que o flzeram, urna resposta freqüente 6: 'Porque a pilula me fez mal', ilus
trando a falta de alternativas quanto é anticoncepcSb, em que se encontré
a mulher braslleira. Pflula e ligadura constituemse em 80% dos métodos
usados tanto para as analfabetas como para as de maior nivel de escolarida-
de" (artigo citado, p. 777).

Tal aberracao resulta de outra ainda mais fundamental: nao se entende


que o homem intervenha na natureza ou num organismo que funciona bem
(isto é, saudavelmente) para perturbar seu curso normal ou fazer que nao
funcione bem. Tal intervencao só pode' ser nociva para o usuario — o que se
confirma tendo em vista os efeitos colaterais negativos de cada método con-

568
BRASIL: VELHICE PRECOCE? 41

traceptivo; a famosa pílula anticoncepcional é responsável por certo tipo de


cáncer e outras anomalias na mulher.1

Mais: a incoeréncia dos métodos artificiáis aparece outrossim se se leva


em conta que o papel, destes é excluir a finalidade típica de urna funcáo do
organismo (a genitalidade é dirigida á perpetuacao da especie), para usufruir
de um acessório, ou seja, do prazer ligado á cópula sexual; o prazer vem a ser
um incentivo dado pela natureza ao homem, mas nao é a finalidade da cópu
la sexual. Esta implica complementacao de todos os aspectos do homem e
da mulher, e nao apenas prazer.

3. Conclusao

1. Segundo a Moral católica, a limitacáo da natalidade é lícita desde


que

a), seja planejada tao somente pelo casal responsável, sem pressao do
Governo ou de, alguma instituicao estranha (atencáo especial ás instituícoes
que tém interesses comerciáis na venda de pílulas e anticoncepcionais, em
favor dos quais.desenvolvem desonesta propaganda!): .

"A contracepcio constituiu-se em apenas um artigo a mais no merca


do de consumo. Assim a escolha dos métodos de acordó com criterios da
melhor ¡ndicacio dos mesmos foi substituida pela capacidade de pagamento
de quem consomé e as possibilidades de lucro de quem oferece o método.
A pfluía, por ter que ser comprada mes a mes, oferece bons lucros i indus
tria e constituí-so mima especie de pagamento em prestacdes para quem a
usa. A ligadura, por sua parte, é urna invenSo a longo prazo pan a mulher
e urna das methores e mais fnqüentes tontas de renda para o médico, usual-
mente muito mal pago pelo sistema. Mulher, balconista de farmacia e até
médico nao estffo suficientemente informados dos riscos e beneficios de

1 SSo obsen/acdes dos Drs. A Faundas e J. A. Pinotti:

"Um estudo realizado em 1986 mottra que 13% das multares de


35 a 39 anos, e 11% das de 40 a 44 anos estavam ainda usando pfluías. Nes-
tes grupos de idade, nenhum outro método aprasenta tanto risco quanto a
pflula, muito mais se alguma dessas mulheres tem outros fatores de risco
(fumo, obesidade, hipertensfo, etc.), como é o mais provável. Num estudo
realizado na UNICAMP,... 27% das usuarias da pflula contraceptiva tinham
eontra-indicaoSes absolutas para usá-la" (art. citado, pp. 776*).

Ver Apéndice, ás pp. 571 s deste fascículo.

569
42 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

cada método e se oríentam apenas pelas leis do morcado" (artigo citado,


p.777).1

b) seja inspirada por razoes objetivas e ponderosas: falta de recursos


financeiros, falta de saúde, dificuldade de criar dignamente os filhos...;

c) seja praticada segundo os métodos naturais, que sao

- menos caros e menos sujeitos á exploracao comercial abusiva;

- destitu idos de contra-indicacoes médicas;

- exigentes de igual responsabilidade da parte do homem e da mu-


Iher, nSo onerando exclusivamente a esta, com isencáo de proble
mas de saúde para o marido;

- inspiradores de urna filosofía de vida que respeita a pessoa humana


e seu organismo. O respeito á natureza ou á obra do Criador é pe-
nhor de felicidade para o homem, ao passo que toda derrogacao ao
curso normal da natureza acarreta serias conseqüéncias para a pes
soa humana (como se pode depreender do envelheci mentó de po-
pulacoes que se entregaram a limitacao artificial da natalidade).

2. O combate á miseria e á fome no Brasil nao se há de travar apenas


mediante a reducao da natalidade. Esta é, sim, oportuna desde que pratica
da segundo as leis da natureza. É preciso, porém, que se leve em conta outro
aspecto do problema, ainda mais profundo: verif ica-se que o aumento demo-

1 A disputa comercial em torno dos anticoncepcionais, subordinando a saú


de da mulher a criterios financeiros, aparece tambóm na entrevista que o
Dr. Etíenne Emite Baulieu, inventor da pfluía RU-486, concedeu é revista
VEJA, de 26/09/1990:

Repórter: "Recantemante o sanhor acusou o presidente da Hoechst, a


industria farmacéutica alemS que tem como subsidiaria a Roussel-Udaf,
para a qual o sanhor trabalha a que lancou a pílula na Franca, da estar boi-
cotando a RU-486 nos Estados Unidos. O boleóte exista?

Baulieu: Urna companhia farmacéutica tem o direito de fa»r o qua


bam entender, mas a sita moral nao ó a moral de seu presidente e, sim, a da
medicina. A oplniffo de um homem nao á suficiente para fazar a política de
urna empresa a ala deva fabricar os medicamentos se esses sao pedidos pelos
doutores e pelos pactantes, o que é o caso da pílula" (p. 8).

570
BRASIL: VELHICE PRECOCE? 43

gráfico se dá especialmente entre as pessoas menos cultas oü mais carentes


de Instrucáo e educacao; esta carencia contribuí, em grande parte, para o
aumento da populacáo. É necessário, portanto, encarar de cheio o problema
da educacao, que parece ser o problema n°. 1 do Brasil; a solucao do mesmo
facilitará a solucao de outros, que Ihe sao correlatos: os da saúde, os da habi-
litacao para o trabalho, os da'vida afetiva da populacáo. Urna boa educacao
faz dos habitantes "hominizados" gente "humanizada", ou seja, consciente
de sua dignidade e de suas potencialidades; a educacao faz pensar sobre o
sentido do amor, do casamento, da paternidade e da matemidade, sobre a
responsabilidade de cada pessoa na sociedade e na consecucao do bem co-
mum; a educacao ajuda o homem a viver de maneira inteligente e planejada,
e nao apenas segundo os impulsos cegos e desarrazoados.

A propósito ver aínda o artigo "Ética do Plañe/amento Familiar" em


PR 319/1988, pp. 554-564.

* * *

APÉNDICE

Eis alguns dos riscos de saúde acarretados pelos anticoncepcioneis


oráis, hormonais, injetáveis e implantes:

1)A taxa de mortalidade devida aos efeitos colaterais dos anticon-


cepcionais hormonais é a mais alta entre todos os outros métodos náo-natu-
rais. Seus defensores alegam que ela é inferior á de mortes por partos, aci-
dentes, etc., mas ninguém nega sua existencia: os dados sao oficiáis e com-
provados, embora variem por regiao.

2) Tromboflebites e tromboembolismos sao mais numerosos em mu-


Iheres que usam anticoncepcionais hormonais do que ñas que nao os usam;
estes efeitos em casos ¡solados podem levar a óbito.

3) Embora possam proteger contra alguns tipos de tumor, levam a


desenvolver outros tipos, como o cáncer de fígado, provocando a morte da
paciente. Quando administrados no inicio da gestacáo, podem prejudicar o
feto, por ex. sendo causa de cáncer de vagina ñas filhas.

4) Eis outros efeitos colaterais: derrame cerebral, infarto do miocar


dio, alteracáo da coagulacáo sanguínea com tromboembolismo venoso, alte-
racSes de peso, graves mudencas de humor, pendas sanguíneas intermens-
truais, diminuicSo da quantidade de leite e da duracSb do aleitamento, risco
de esterilidade permanente após a suspensSo da pflula.

571.
44 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

Observacao: A dita "Minipílula", mais recente (1973), reduz alguns


dos riscos á saúde, mas aumenta outros, tais como: relevantes sangramentos
¡ntermenstruais, que requerem tratamento médico caro e a suspensio do mé
todo; arteriosclerose, falta de menstruacao. . . - Os recentes injetáveis, de
acáo prolongada, aumentam o nivel de colesterol; em inicio de gravidez dao
possibilidades de gerar bebés com vicios de desenvolví mentó, dao serias he
morragias e ciclos menstruais irregulares em 30% dos casos; seu efeito anticon
ceptivo pode ser muito mais vultoso do que o previsto, ou talvez definitivo;
foram proibidos nos Estados Unidos e no Brasil, justamente por falta de
estudos suficientes e por envolverem risco de vida.

***

(continuadlo da p. 560)

— Resumo das afirmacdes anteriores numa única, como expressio da


realidade em foco: A castidade é um método natural de aumentar saudavel-
mente a taxa de testosterona no organismo. Como a testosterona viriliza e
vitaliza, a castidade viriliza e vitaliza" (Joao Mohana, A Vida Sexual dos
Solteiros e Casados, 23a edicSo, pp. 38-39).

Possam os nossos educadores e seus discípulos conhecer melhor os


enormes beneficios da castidade, a fim de nao se deixar levar por arautos
do prazer instintivo e cegó, que, em vez de exaltar a pessoa humana, so
contribuí para degradar e ¡nfelicitar!

Muito se recomendam as obras de Joio Mohana, médico e sacerdote:

A Vida Sexual dos Solteiros e Casados. Ed. Globo, Porto Alegre


e Rio de Janeiro (Rúa Sargento Slvio Hollenbach 350, Barros Fílho,
21510 Rio, RJ). Obra Que tem mais de 25 edicdes.

Prepare seus Filhos para o Futuro. Ed. Globo, Porto Alegre e Rio de
Janeiro.

Estévao Bettencourt O.S.B.

572
Um livro didático?

"Sexo para Adolescentes"

por Marta Suplicy

Em símese: Marta Suplicy publicou mais um livro sobre sexo. Desti


nado a adolescentes e usando, as vezes, de linguagem chula ejarcástíca,
expoe em termos crus a anatomía e o funcionamento da sexualidade e da
genitalidade. Faz questSo de nSb apresentar normas óticas, mas apenas cau
telas para que os adolescentes possam gozar dosprazeres da sexualidade sem
recear incómodos ou conseqüSncias penosas. Infelizmente, poróm, Marta
Suplicy expSe seus leitores ¡maturos a criar vicios que podem prefudicar a
sua futura vida conjugal ou mesmo o resto da sua existencia.

A ¡nstrucSo sexual deve necessariamente ser acompanhada de educa-


ció, ou se/a, da apresentacio de urna escala de valores em que se mostré o
papel subordinado, e nSo primacial, que toca i genitalidade na formacio de
urna personalidade. O prazer nSo pode ser o criterio do comportamento do
ser humano, pois pode redundar em satisfacio instintiva ou bestial que de
grada o individuo. A castidade ou a modaracSo das funcdes genitais 6 pe-
nhor de saúde física e psíquica, ao passo que a liberdade sexual desorientada
induz á desgraca e ás decepcdes no plano físico e no psíquico.

* * *

Marta Suplicy, sexóloga multo conhecida, escreveu mais um livro de


formacáo (ou deformado) sexual, destinado este a adolescentes.1 Tem sido
aplicado aos alunos de educandártos diversos, provocando inquietacao entre
pais, alunos e a Direcáo do respectivo colegio. Daf a oportunidade de uma
análise da obra.

1.0 livro

Em linguagem juvenil e tom, muitas vezes, de deboche, Marta Suplicy


aborda a fisiología e a anatomía sexuais do homem e da mulher; ironiza a

1 FTD.Sáó Paulo, 177x2S7mm. 128 pp.

573
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

virgindade (pp. 9.91); ensina a maneira de realizar a copula; insinúa a legiti-


midade dos anticoncepcionais, da relacao anal entre pessoas sadias (p. 122),
do aborto (p. 111)...

Essas instrucoes de ordem biológica nao sao acompanhadas de alguma


orientacao moral ou da proposta de alguma escala de valores. A autora faz
questáo de nao apresentar diretrizes áticas, ficando a criterio do adolescente
proceder como julgue melhor em materia sexual: "Sei que no momento em
que um educador diz 'Faca assim' ou 'Faca assado', ele falha na sua tarefa
de educar. Este livro foi feito com o maior cuidado de nao fornecer 'mode-
I ¡tos' de comportamento" (p. 3).

Marta Suplicy dá a entender que o criterio do comportamento é o


prazer, ... o prazer conseguido com habilidade para evitar os incómodos
que possam sobrevi r do uso livre do sexo; rechaca-se assim a "repressao
sexual", que Paulo Freiré e Frei Betto profligam ñas orelhas do livro.1 O
lícito e o ilícito em materia sexual resultariam tío somonte de um conven
cionalismo ultrapassado e irrisorio existente ñas sociedades de outrora.

A leitura da obra é altamente excitante nao só pelo texto, mas tam-


bém pelas numerosas figuras que apresenta. Fácilmente desperta, em quem
ainda nao a tenha, a obsessao pelo sexo, com todos os desequilibrios físicos
e psíquicos que ela acarreta para o adolescente; despertam-se assim proble
mas que em müitos leitores sao prematuros e fatores de vicios, talvez para
o resto da existencia, dif ¡cuitando a futura vida conjugal do rapaz e da moca.

2. Refletindo...

Abordaremos dois pontos relacionados com a temática.

2.1. A germina educacao sexual

1. O livro está sendo aplicado em colegios de primeiro e segundo grau


e suscitando conseqüentemente perturbacoes no comportamento dos alu-
nos. Estes atribuem a si o direito de programar e realizar as suas experiencias
sexuais; qualquer censura da parte da familia ou da própria consciéncia é
tida como algo de ridículo e despropositado. A orientacao da Igreja á objeto
de caricatura, devendo ceder quando "surgir um papa que diga que fazer

1 $6b palavras de Frei Betto:


"Aquí fíSo hi ncaitas. Há indicacdes, exp/lcacSes, advertencias científicas
e existencia!*... é tnegável o mérito desta obra:sem censura, agora o prazer
sexual ó abordado com muita seriedaoe" (29 orelha).

574
"SEXO PARA ADOLESCENTES" Vi

amor, fazer sexo nao é feio e nao deve ser feito apenas para a reproducao"
(PP. 12s).

A consciéncia crista nao pode deixar de repudiar tal livro, que desee a
minucias da vida íntima do homem e da mulher numa linguagem francamen
te desrespeitosa e, por vezes, de baixo cálao (ver p. 12).

2. A ¡nstrucao sexual nao é condenável. Todavía há de ser feita dentro


de parámetros que garantam a sua eficacia:

1) nao seja mera ¡nformacao biológica, mas seja acompanhada de nor


mas éticas. Os adolescentes sao ¡maturos e, por isto, nao tém a capacidade
de escalonar corretamente os valores ou de colocar a vida sexual em seu de-
vido lugar dentro das expressoes da pessoa humana. Fácilmente excitados,
podem entregar-se a práticas que os marcara o negativamente para o futuro
prejudicando-os seriamente. — Nao se podem abolir normas e preceitos no
processo educacional: os genitores costumam legitimamente exigir dos f¡-
Ihos que tomern banho, escovem os dentes, saibam comer á mesa coTn digni-
dade, mantenham o asseio das máos e das vestes, cumpram os deveres esco
lares. . . A crianca nao pode discernir o valor dessas práticas básicas de edu-
cacSo, de modo que, se nao for obrigada por normas, dif ici Imente criará bons'
hábitos. — Ora algo de semelharité se dá com o uso da sexualidade; é preciso
que, ao apresentá-la, os genitores e educadores indiquem aos adolescentes
as normas éticas que salvaguardarao o encaminhamento dos filhos para um
futuro feliz.

A propósito vem urna observacao de Joáo Mohana, médico e sacerdote:

"Educado humanizante nio ó agüela que se contenta em transmitir


conhecimentos. mas aqueta que habilita a tomar atitudes. Aquela que fazos
conhecimentos geraram um comportamento. E isto ninguém consegue se
nSo transmite, além de informaedes biológicas, urna ética sexual.

Em 1964, 140 (canto e quarenta) ilustres médicos suecos, inclusive o


próprio clínico do Rei, dirlgiram a Gustavo Adolfo urna peticffo, solicitando
revisSo no processo como é feita a educacSo sexual na Suécla. Em cinco
anos a incidencia de blenorragia se aumentou para 75% (entre adolescentes),
crescendo também assustadoramente a mará de prenhezes pré-matrimoniais.
Os médicos colocaram a culpa principalmente ñas escolas suecas, onde a
educacSo sexual cornaca nos primeiros anos, cuidando apenas de instrucSes
anatómicas e fisiológicas. Os médicos chamaram a atencio para o fato de
que mentes ¡ovens podem confundir instrucSo com estímulo. E é o que se
tem verificado. Numa civilizacSo pan-sexualiste como a nossa, a mera ins-

575
48 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

trucio sexual conduz precisamente para o contrario do que pretende. Ou


saja, os conhecimentos fatílitam atirar-se á comnteza.

Em suma, conforme a edicSo do Tima, de 6 de marco de 1964, os


médicos solicitaram escolas que nao apenas instrufssem, mas tambóm que
ansinassem o que 6 ceno e o que 6 errado" Prepare seui filhoi para o Fu
turo1 1972, p. 22).

2) A educado sexual entendida em seu sentido globalizante nao deve


ser ministrada em grupos ou coletivamente (promiscuamente), pois, no
mesmo grupo e dentro da mesma faixa etária, pode haver diversos graus de
evolucao psicológica e de despertar da curiosidade. Conseqüentemente a
instruclo que a uns é útil, para outros pode ser prematura. Antecipar as
necessidades psíquicas e físicas de um adolescente é desrespeitá-lo e mal-
tratá-lo. Por isto preconiza-se a educacüo sexual ministrada individualmente,
a comecar no ambiente do lar por parte de pai e míe e desenvolvida na esco
la, onde deve haver um Setor próprio de Orientacao Educacional a cargo de
profissionais ¡dóneos. - A propósito seja citada a seguinte noticia publicada
na Folha de Sao Paulo, 9/9/90:

ESTUDO MOSTRA QUE 80% DOS ALUNOS


SE CONSTRANGE COM AULA SOBRE SEXO

Pesquisa realizada pelo Centro de Sexologia de Brasilia (Cesex) apon-


tou que 80% dos adolescentes entre 11 e 19 anos gostaríam de ter educacio
sexual com os país a apenas 15% ñas escolas. Segundo o coordanador da pes
quisa, o ginecologista Ricardo Cavalcanti, 58, a maioría dos jovens se senté
constranglda em falar sobre sexo em aula.

A pesquisa fot matizada em seta capitals do país (Sio Paulo, Porto


Alegre, Curítiba, Brasilia, Salvador, Belám e Beto Horizonte) com 3.600
adolescentes. 5% dos entrevistados sa~o indiferentes quanto é sua formacSo
sexual.

0 livro de Marta Suplicy sugere ainda outro item de reflexoes:

22. Caitidade1
A autora, como alias os profissionais que seguem a mesma escola,
(continua na p. 552)

1 Por castidade entendemos o reto uso da genltalidade. Isto quer dizer:


antes do casamento, abstancio sexual; após o casamento, prática dagenita-
lidada sagundo as lels da natureza.

576
Pergunte

Responderemos

índice Geral de 1990


50 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

ÍNDICE

(os números á direita ¡ndicam, respectivamente, fascículo, ano de edicáo


e página)

ABORTO LIBERDADE E MENTIRA 338/1990. p. 325.


ABORTOS SUPERAM NASCIMENTOS 338/1990, p. 320.
ACASO e origem do universo 335/1990, p. 146.
"A CURA PELA IMPOSIQÁO DAS MÁOS" por Frei
Hugolino Back e Pedro A. Grisa 340/1990, p. 415.
ADOLESCENTES E EDUCAgÁO SEXUAL 343/1990, p. 573.
ADVENTISTAS e fim do mundo 333/1990. p. 56.
"A IGREJA E OS DIVORCIADOS" por Michel
Legrain 333/1990. p. 66.
ALFA, ESTADO:queé? 340/1990. p. 416.
ALMA DAS MULHERES:discussao 337/1990, p. 275.
"AMANHECER", documento proselitista protestante . 333/1990, p. 78
AMÉRICA LATINA: evangelizado espanhola 336/1990, p. 237;
343/1990, p. 530.
ANO 1000:terrores 333/1990, p. 62.
ANTICONCEPCIONAL: efeitos 338/1990, p. 323.
ANTIGO TESTAMENTO E RELl'QUIAS 336/1990, p. 227.
ANTlYESE "OUTRORA.. . HOJE..." e juventude . . 335/1990, p. 184.
APOTEOSE PAGA E CANONIZACÁO DOS
SANTOS 336/1990, p. 235.
ARTE, RELIGIAO E MORAL, segundo Freud 338/1990, p. 313.
ATLANTE, ANEL:desmitificagao 340/1990, p. 421.
AUSCHWITZ: Carmelo e Judeus 332/1990, p. 8;
341/1990, p. 478.
AUTENTICIDADE DOS EVANGELHOS 336/1990, p.202.
"A VIDA EM CUBA", artigo de Helio Begliomini .... 337/1990, p. 279.

BABILONIA: A RELIGIÁO DOS MISTERIOS",


por
por Ralph
Ralph Woodrow
Woodrow 336/1990. p. 220.
BALDUI'NO
' (RED E ABORTO 338/1,9^P £
338/19^P 32£
BANDERA, ARMANDO: entrevista 332/1990, p. 47.
BATISMO. CHAMADO RADICAL A EUCARISTÍA . . 333/1990. p. 68
BEGLIOMINI HELIO E CUBA • 337/1990. p. 279

578
l"NDICEGERAL1990 51

BENl'TEZ. JJ.: "OS ASTRONAUTAS DE YAVEH" . . 336/1990, p. 211


Bl'BLIA SAGRADA - Edicao Pastoral 342/1990, p. 514;
337/1990, p. 285.
"BIG-BANG" e existencia de Deus 337/1990, p. 242.
BRASIL: VELHICE PRECOCE? 343/1990. p. 561.

CABALA: que é? 332/1990, p. 36.


CADÁVERES, DISSECACÁO DE, E IGREJA 342/1990, p. 525.
CREMACAO 334/1990, p. 120.
CANONIZACÁO DOS SANTOS E APOTEOSE
PAGA 336/1990, p. 235.
CARA VACA, CRUZ DE: que é? 334/1990, p. 141.
CARDEAL JOHN HENRY NEWMAN 342/1990, p. 492.
CARMELO DE AUSCHWITZ . 332/1990, p. 8;
341/1990, p. 478.
CASTIDADE, que é? 332/1990, p. 19;-
340/1990. p. 386.
CATOLICISMO E PAGANISMO: dependencias? .... 336/1990, p. 222.
CAUSALIDADE na Filosofía e na Ciencia 342/1990, p. 486.
CEAUCESCU, NICOLAE: homenagem a 337/1990, p. 266.
CEFLURIS - Estatuto, ritual e atividades 340/1990, p. 425.
CENSURA A TELEVISÁO, CINEMA E TEATRO . . . 341/1990. p. 451.
CIENCIA E FÉ: convergencia 335/1990, p. 146;
337/1990. p. 242.
CIENTISTAS HUMILDES 337/1990, p. 243.
CIPRIANO MAGO, Sato? . 332/1990, p. 24.
COHN, HAIM: "JULGAMENTO DE JESÚS..." 341/1990. p. 463.
COMPLEXO DE ÉDIPO 338/1990, p. 312.
COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE, segundo o
CELAM 335/1990, p. 190.
COMUNISMO: esséncia e falencia 337/1990, p. 253.
"CONFISSAO DE CIPRIANO" 332/1990, p. 26.
CONFISSÁO DOS PECADOS, segundo P. Knauer . . . 337/1990, p. 2.73.
CONSCIÉNCIA DE SI MESMO E
ESPIRITUALIDADE 343/1990, p. 547.
"CONVERSAO DE SAO CIPRIANO" 332/1980, p. 25.
CREMAgAO DE CADÁVERES E IGREJA 334/1990. p. 120.
CRIACIONISMO E CIENCIA CONTEMPORÁNEA .. 335/1990. p. 146;
337/1990. p. 242;
343/1990. p. 550.

579
52 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

CRISTIANISMO E HISTORIA 341/1990, p. 460;


NAO ACEITA REENCARNACAO . . 340/1990, p. 403.
CRISTOLOGIA: problemas atuais 342/1990, p. 5.
CRITERIOS DE AUTENTICIDADE HISTÓRICA
DOS EVANGELHOS 336/1990, p. 202.
CRITICA DOS EVANGELHOS 343/1990, p. 555.
CRUZ DE CARA VACA 334/1990, p. 141.
CUBA: ¡mpress&s de viagem 337/1990, p. 279.
CULTO DAS RELI'QUIAS 336/1990, p. 232.
CURA PELA IMPOSigAO DAS MAOS 340/1990, p. 415.
CURAS OBTIDAS PELO SANTO DAIME 340/1990, p. 428.

DAIME, SANTO: que é? 340/1990, p. 422.


DESEJO NATURAL DE IMORTALIDADE 343/1990, p. 549.
DETERMINISMO OU INDETERMINISMO NA
NATUREZA 342/1990, p. 482.
DEUS ATRÁS DO "BIG-BANG" 337/1990, p. 242.
FALHÁ? 339/1990, p. 345.
"DEUS:SONHO OU PESADELO?", por
Ovidio Zanini 335/1990, p. 182.
DÍA DO SENHOR: incerteza da data 333/1990, p. 59.
DIALOGO ENTRE CATÓLICOS E JUDEUS 341/1990, p. 471.
DIEZ, MÓNICA PERIN: auténtico feminismo 334/1990, p. 138.
DIFICULDADES ECONÓMICAS E VELHICE
PRECOCE 343/1990, p. 563.
PARA A FÉ, HOJE 332/1990, p. 2.
DIGNIDADE E UNIDADE DO GÉNERO HUMANO . 334/1990. p. 104.
DIREITO A VIDA E ABORTO 338/1990, p. 323.
DISCOS VOADORES E ASTRONAUTAS 336/1990, p. 213.
DISSECACAO DE CADÁVERES E IGREJA 342/1990, p. 525.
DIVORCIADOS E IGREJA 333/1990, p. 67.
DOENCAS PSÍQUICAS: origem 338/1990, p. 313.
VENÉREAS: contagio e prevencao 340/1990, p. 386.

ECUMENISMO E DIALOGO RELIGIOSO . 343/1990, p. 559.


ÉDIPO: complexo 338/1990, p. 312.
EDUCACAO SEXUAL PARA ADOLESCENTES 343/1990, p. 574.
EMANATISMO E ORIGEM DA ALMA 343/1990, p. 551.

580
■ ÍNDICE GERAL 1990 53

ENVELHECER: fracasso? 339/1990, p. 352.


ENVELHECIMENTO DA POPULACÁO 343/1990, p. 566.
ERROS DOUTRINÁRIOS NA BIBLIA PASTORAL . . 342/1990, p. 522.
ESCATOLOGlAÍdiscute-se .. 322/1990, p. 6.
ESCRAVIDÁOEABORTO::quadro comparativo .... 338/1990, p. 322.
ESCRAVIZACÁÓ DE fNDÍOS E NEGROS 343/1990. p. 343$$.
ESPIRITUALIDADE DA ALMA HUMANA: prova$ . . 343/1990, p. 546.
ESPÓRTULAS DE MISSA: $ignificado 334/1990, p. 110.
ESTADO "ALFA": que é? 340/1990, p. 416.
ESTERILIZACÁO E CAMPANHAS
ANTICONCEPCIONAL 343/1990, p. 563.
ÉTICA E RU 486 335/19907p. 180.
EUTANASIA: sim ou nao? 342/1990, p. 5.10.
EVANGELHO --género literario 336/1990,p. 198.
EVANGELHOS APÓCRIFOS 336/1990, p. 214;
E A HISTORIA ..-. 336/1990, p, 201.
EVANGELIZACÁO DA AMÉRICA LATINA:
Congre$so :. 336/1990, p. 237;
Críticas? 343/1990. p. 530.
EVOLUgÁO E ACASO na origem do mundo 335/1990, p. 153.

'-'"X-

FÉ: fal$aexplanadlo 337/1990, p. 270;


E CURA DE DOENCAS 340/1990, p. 420;
OBSTÁCULOS A 332/1990. p. 2.
FEMINISMO: auténtico sentido 334/1990. p. 138.
FIM DO MUNDO: ESTÁ PRÓXIMO? 333/1990. p. 50.
FINANCAS DA SANTA SÉ: exposicao 335/1990, p. 174.
FI'SICA E METAFÍSICA: como se relaclonavam 342/1990, p. 484.
FRANKL, VIKTOR: sentido da vida 333/1990, p. 88.
FRASSATI, PEDRO JORGE: jovem fiel 339/1990, p. 361.
FREUD - COMO CONCEBE O HOMEM 338/1990, p. 310.
FUNDAMENTALISMO: que ó? 338/1990, p. 303.

GÉNERO LITERARIO "EVANGELHO" 336/1990, p. 198.


GRISA, PEDRO: "A CURA PELA IMPOSICÁO..." . 340/1990. p. 415.

581
54 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

HIERARQUIA DA IGREJA: significado 339/1990, p. 380.


HINOS DO SANTO DAIME 340/1990, p. 430.
HISTORIA E HISTORIA (Historie und Geschichte). . . 336/1990, p. 199.
HUGOLINO BACK: "A CURA PELA IMPOSICÁO..." 340/1990, p. 415.

IDADE MEDIA E FIM DO MUNDO 333/1990, p. 54.


MODERNA E A PREVIÉSÁO DA
DATA FINAL 333/1990, p. 55.
IGREJA DOS APOSTÓLOS 341/1990, p. 439.
IGREJA E ABORTO 338/1990, p. 320;
EUTANASIA 342/1990, p. 509;
PORNOGRAFÍA E VIOLENCIA NA TV . . 341/1990, p. 453;
- origem e natureza 341/1990, p. 434.
IGUALDADE FUNDAMENTAL ENTRE OS
HOMENS 339/1990, p. 376
IMORTALIDADE DA ALMA HUMANA: provas 343/1990, p. 548.
1MPOSICÁO DAS MÁOS E CURA 340/1990, p. 415.
INCONSCIENTE PODEROSO 338/1990, p. 310.
INCULTURAQÁO DA FÉ 343/1990, p. 535.
INDETERMINISMO Fl'SICO: discussao 342/1990, p. 484.
INFERNO: falsa conceppao 335/1990, p. 188.

JESÚS E CURAS: processo parapsicológico? 340/1990. p. 421.


"JESÚS EXISTIU?" por Rene Latourelle, SJ . 336/1990, p. 194.
JESÚS: problemas de Cristologia 332/1990, p. 5.
JESÚS: quem é? 338/1990, p. 291.
JULGAMENTO DE JESÚS E JURISPRUDENCIA
JUDAICA 341/1990. p. 463.
JUVENTUDE E CASTIDADE 340/1990, p. 386;
332/1990, p. 19.

KNAUER, PETER: "Para compreender nossa Fé" . . . 337/1990, p. 269.

582
l'NDICEGERAL1990 55

LARRAÑAGA, INÁCIO, E OFICINAS DE ORAQÁO . 338/1990, p. 331.


LATOURELLE, RENE: "JESÚS EXISTIU?" 336/1990, p. 194.
LEGRAIN, MICHEL: "A IGREJA E OS
DIVORCIADOS" 333/1990, p. 66.
LEIGOS NA IGREJA: lugar de destaque 339/1990, p. 378.
LEITURA MATERIALISTA DA Bl'BLIA 342/1990, p. 519.
LESTE EUROPEU:acontec¡mentos recentes 337/1990, p. 252.
LINGUAGEM HUMANA e espiritualidade da alma .. 343/1990, p. 547.
LIMITACÁO DA NATALIDADE: debate 343/1990, p.561.

MACONARIA NA AL DO SÉC. XIX 336/1990, p. 238.


E CREMACÁO DE CADÁVERES 334/1990, p. 125.
MAGISTERIO DA IGREJA E TEÓLOGOS . 340/1990, p. 407.
E ESPÓRTULAS DE MISSA 334/1990, p. 110.
MANUSCRITOS DO MAR MORTO: misterio
sufocado? 335/1990, p. 168.
MAR MORTO: manuscritos misteriosos? 335/1990, p. 168.
MATRIMONIO INDISSOLÚVEL OU NAO? 333/1990, p. 69.
MAXIMILIANO KOLBE E EDITH SETE!N: mártires . 332/1990, p. 10.
MEDITACÁO CRISTA E TÉCNICAS NAO CRISTAS . 335/1990, p. 156.
MENTE: poderes extraordinarios 334/1990, p. 133;
340/1990, p. 415.
MIDRAXE E PARÁBOLA: diferencas 341/1990, p. 461.
MILENARISMOE IGREJA CATÓLICA 333/1990. p.64.
MIRANDA, MARIO DE FRANCA: "Um homem
perplexo" 333/1990, p. 94.
MISSA E ESPÓRTULAS ' . . . 334/1990, p. 110.
MISTÉRIOSDA CABALA 332/1990, p. 36.
MORÁIS, VAMBERTO: "O MISTERIO DE JESÚS" . . 343/1990, p. 553.
MORAL E RELIGlAO, segundo Freud 338/1990, p. 317.
MOVIMENTO DE OXFORD E CATOLICISMO ..... 342/1990, p. 496.
MULHER: novas funcóes 343/1990, p. 562;
almada : 337/1990. p. 275.

"NAO CONTÉ OS ANOS", por Héber Salvador de


Lima 339/1990, p. 359.

583
56 "PERGUNTEE RESPONDEREMOS" 343/1990

NATUREZA E CRIACAO: descoberta de Deus 332/1990, p. 4.


NEWMAN. J. H.: converso ao catolicismo 342/1990, p. 492
NOVÁIS, GERMANO DE: "O FASCINANTE
PODER..." 334/1990, p. 133.
NOVO TESTAMENTO E RELIQUIAS 336/1990, p. 227.

"O FASCINANTE PODER DA MENTE", por


Germano de Nováis 334/1990, p. 133.
OFICINAS DE ORACAO: que sao? 338/1990, p. 331.
"O JULGAMENTO DE JESÚS...", por Haim Cohn . . 341/1990, p. 363.
"O MISTERIO DE JESÚS" por Vamberto Moráis 343/1990, p. 553.
"OPERACAO CÁVALO DE TRÓIA", por J. J.
Benftez 332/1990, p. 44.
ORACÁO: operacSo energética? 334/1990, p. 136.
CRISTA A LUZ DA REVELACAO 335/1990, p. 158.
ORIGEM DA ALMA HUMANA 343/1990, p. 545;
DAS DOENQAS PSÍQUICAS 338/1990, p. 313.
ORIGENS DA VIDA 337/1990, p. 244.
"OS ASTRONAUTAS DE YAVEH", por J. J. Benftez. 336/1990, p. 211.
OXFORD, MOVIMENTO DE, E NEWMANI 342/1990, p. 496.

PACIENTE TERMINAL E EUTANASIA 342/1990, p. 508.


PADROADO-.que era? 336/1990, p. 238.
"PAIXAO DE CIPRIANO" 332/1990, p. 27.
"PALAVRA, PARÁBOLA" por Rdmulo Cándido
de Souza 341/1990, p. 455;
339/1990, p. 384.
PANTEÍSMO E PSICOLOGÍA 334/1990, p. 135.
"PARA COMPREENDER A NOSSA FÉ" por
Peter Knauer, SJ 337/1990, p. 269.
PARENT, REMI: "Urna Igreja de Batlzados..." 339/1990, p. 373.
PAULO APOSTÓLO E VELHICE 339/1990, p. 355
PEDRO JORGE FRASSATI: jovem fiel 339/1990, p. 361.
PERCEPCAO DO UNIVERSAL E
ESPIRITUALIDADE 343/1990. p. 546.
"PERMANECER JOVEM" - autor anónimo 339/1990, p. 358.
PICCIAFUOCO, ENNIA e juventude 340/1990, p. 386.
PfLULA RU 486:que é? 335/1990, p. 177

584
ÍNDICE GERAL 1990 57

PIRÁMIDES: desmitificacáo 340/1990, p. 421.


POPULACÁO DE 1985 A 2000 340/1990, p. 397.
PRECONCEITO RACISTA 334/1990, p. 106.
PROCESSO DOS JUDEUS CONTRA JESÚS:
discussao 341/1990, p. 470.
PROFECÍA: processo parapsicotógico? 334/1990, p. 137.
"PROJETO DE DEUS" na Biblia Pastoral 342/1990, p. 517.
PROSELITISMO PROTESTANTE NA AL 333/1990, p. 78.
PROTESTANTES e objecSes ao catolicismo 336/1990, p. 220.
PSIQUE HUMANA, segundo Freud 338/1990, p. 318.

"QAHAL" E IGREJA 341/1990, p. 439.


"QUEIXAS" DOS HOMENS DE DEUS, NO AT 339/1990, p. 339.
"QUEM DIZEIS QUE EUSOU?"(Mt 16,15) 338/1990, p. 290.
QUMRAN: manuscritos misteriosos? 335/1990, p. 168.

RACISMO E IGREJA 334/1990, p. 98.


RATZINGER, CARD. JOSEPH, E IGREJA 341/1990, p. 434.
REDUCÁO DA NATALIDADE: conseqüéncias 343/1990, p. 565.
REENCARNACÁO E CRISTIANISMO 340/1990. p. 399.
RELIGlAO: experiencia cega? 343/1990, p. 555.
RELIQUIAS: como entender? 335/1990. p. 226.
RESSURREICÁO DE JESÚS: ¡nterpretacdes 343/1990, p. 658.
REVELACAO DE DEUS: sentido erróneo 342/1990, p. 516.
REZAR - maneiras erróneas 335/1990, p. 159.
ROMÉNIA: mudancas políticas e religiosas 337/1990, p. ?62.
RU 486: que é? 335/1990, p. 177;
343/1990, p. 570.

SAGRADA ESCRITURA E TRADIQAO: inseparáveis. 341/1990, p. 459.


SANTA SÉ¡financas 343/1990. p. 549.
SANTO DAIME: que é? 340/1990, p. 422.
SEITAS: fundamentalismo 338/1990, p. 303.
SEMINARIO SOBRE EVANGELIZACÁO DA AL ... 336/1990. p. 237.

586
58 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 343/1990

SENTIDO DA VELHICE 339/1990, p. 353.


VIDA: necessidade de 333/1990, p. 88.
SER HUMANO: CORPO E ALMA 343/1990, p. 545;
340/1990. p. 420.
SEXO E VIOLENCIA NA TV 341/1990, p. 459.
"SEXO PARA ADOLESCENTES" por Marta Suplicy . 343/1990, p. 573.
SIGMUND FREUD: antropología 338/1990, p. 310.
SILENCIOS DE DEUS 339/1990, p. 338.
SOMENTE A Bl'BLIA? 336/1990, p. 221.
SOUZA, Rómulo Cándido de: "PALAVRA,
PARÁBOLA" 341/1990, p. 455.
SUDARIO DE TURIM:discussáo 341/1990, p. 473.
SUGESTÁO: poder da 334/1990, p. 135.
SUPLICY, MARTA, E EDUCACÁO SEXUAL 343/1990, p. 573.

TARÓ E NUMEROLOGIA: que sao? 332/1990, p. 29.


TEOCTISTO: Patriarca Rumeno: 337/1990, p. 265.
1 tOLÓGO: que é? 340/1990, p. 407.
TEÓLOGOS E MAGISTERIO DA IGREJA 340/1990, p. 407.
'TÓTEM E TABÚ", segundo Freud 338/1990, p. 314.
TRADICÁO CRISTA E RELl'QUIAS 336/1990, p. 229;
DA IGREJA: valor fundamental 341/1990, p. 437.
TRADUCIANISMO E ORIGEM DA ALMA 343/1990, p. 551.

"UM HOMEM PERPLEXO", por


Mario de Franca Miranda 333/1990. p. 94.
"UM SENTIDO PARA A VIDA", por
Viktor Frankl 333/1990, p. 88.
"UMÁ IGREJA DE BATIZADOS. PARA SUPERAR
A OPOSigÁO CLÉRIGOS/LEIGOS", por
Rémi Parent 339/1990, p. 373.

VELHICE: sentido 339/1990, p. 353.


VERACIDADE DOS EVANGELHOS 341/1990, p.469.
VIDA E ACASO 335/1990, p. 146.

586
ÍNDICE GERAL 1990 59

VI'NCULO NATURAL E VINCULO


SACRAMENTAL 333/1990, p. 74.
VIOLENCIA E SEXO NA TV . 341/1990, p. 459.
VIRGILIO: QUARTA ÉCLOGA 333/1990. p. 51.
VOCACÁO ECLESIAL DO TEÓLOGO 340/1990, p. 410.

WIESEL, ELIE: campo de concentracao 339/1990, p. 341.

ZANINI, OVIDIO: "DEUS, SONHO.. .?" 335/1990, p. 182.

E D I T O R I A I S

A ALEGRÍA DA VERDADE 340/1990, p. 385.


A MULHER GLORIOSA E DOLOROSA 336/1990, p. 193.
"CERCADOS POR TAL NUVEM DE
TESTEMUNHAS. .." (Hb 12,1) 342/1990, p. 481.
DESCUBRIR DEUS 335/1990,p. 145.
"EXERCITA-TE NA PIEDADE. .." 332/1990, p. 1.
"EX UMBRIS ET IMAGINIBUS IN VERITATEM" . . 341/1990, p. 433.
"GUARDEI A FÉ" (2Tm 4,7) 333/1990, p. 49.
"NAO TEMAS!" 338/1990. p. 289.
PARA DESCREVER O AMOR DE DEUS 334/1990, p. 97.
"SEI EMQUEM ACREDITE!" {2Tm 2,12) 339/1990, p. 337
UNIU-SE ATODOHOMEM 343/1990, p. 529.
"VENCESTE, GALILEU!" 337/1990, p. 241.

LIVROS APRECIADOS

CARVAJAL, Francisco Fernández, Falar com Deu$.


Meditacoei para cada día do ano 339/1990, p. 383.

587
60 "PERGUNTEE RESPONDEREMOS" 343/1990

CASTRO. Emilio Silva de. Filósofos da Hora e


Filosofía Perene 341/1990. p. 472.
EDICOES PAULINAS. Biblia Sagrada - Edicao
Pastoral 337/1990, p. 285.

COLEgÁO "TUA PALAVRA É VIDA" -


Publicapoes da CRB/1990. Leitura
Orante da Biblia 341/1990, p. 480.
GRINGS, Dadeus, A descoberta científica de Deus.
Ensaio de Diálogo Pós-científico 337/1990, p. 287.
LADUSÁNS, Stanislaus, Questoes atuais da bioética.. . 336/1990,'p. 240.
MACEDO, Carmen Cinira, Imagem do Eterno.
Religioes no Brasil 342/1990. p. 491.
MATEOS. Juan e J. Barreto, O Evangelho de Sao
Joao. Análise lingüistica e comentario
exegético 338/1990, p. 335.
PASTO RI NO, C. Torres, Sugestoes oportunas 333/1990, p. 96.
PEÑA. Juan L. Ruiz de la, Teología da Criacáo 342/1990, p. 528.
SÁ. Irene Tavares de, Fazenda da Estrela 338/1990, p. 309.
SANTE, Carmine di. Israel em Ora cao. As origen»
da Liturgia Crista 337/1990, p. 287.
SOUZA, Rómulo Cándido de. Palavra, Parábola 339/1990. p. 384.
VANCELLS. José O. Tuñi, O testemunho do
Evangelho de Joao 337/1990, p. 284.

* * *

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"A vocacao crista é. por sua natureza, também vocacao para o aposto
lado. . . No Corpo de Cristo, que é a Igreja, tá"o grande é a conexao e a coe-
sao dos membros que o membro que nao trabalha para o aumento do Corpo
segundo a sua medida, deve considerarse inútil para a Igreja e para si mes-
mo" (Decreto Sobre o Apostolado dos Leigos nP 2, do Concilio do Vati
cano II).

588
NOVIDADES

LIVROS EM LI'NGUA ESPANHOLA:

- SUMA DE TEOLOGÍA (Santo Tomás de Aquino). Edci6n dirigida por


los Regentes de Estudios de las Provincias Dominicanas en España.
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latinos, versión crítica, estudios ¡ntrodutórios y comentarios por Aurelio
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Daniel R. Bueno. BAC. 1979. 1010p Cr$ 5.244,00
- PADRES APOSTÓLICOS, edición bilingüe completa. Daniel R. Bueno.
5a. ed. BAC. 1985 Cr$ 4.761,00
- TEOLOGÍA DE LA PERFECCIÓN CRISTIANA, Antonio Royo Marín.
6a. ed. 1988. 993 p Cr$ 6.926,00
- EL COMPLEJO ANTIRROMANO, Hans Urs Von Balthasar (Integración
del papado en la Iglesia Universal). BAC. 1981. 375p . . . Cr$ 3.235,00
- IGLESIA. ECUMENISMO Y POLÍTICA (novos ensayos de eclesiologia)
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nidos en la Sag. Escritura y los Santos Padres, con introducciones y notas
por Jesús Solano. S.l.) Vol. I. Hasta fines del siglo IV. 2a. ed. BAC 1988.
755p. Vol. II Hasta en fin de la época patrística (s. VU-VIII). 2a. ed.
BAC 1989. 1007p. (02 Vols.) Cr$ 9.420.00
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de Dios. Diálogo sobre la necessidad y provecho de la oración vocal.
Melchor Cano, Domingo de Soto. Juan de La Cruz. BAC. J962
520p Cr$ 2.885.00
- ASI FUE LA IGLESIA PRIMITIVA, vida informativa de los Apostóles.
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445p Cr$ 5.495,00
- CÓDIGO DE DERECHO CANÓNICO, edición bilingüe comentada por
los professores de la Univ. de Salamanca. BAC. 7a. ed. revista. 1986.
945p Cr$ 6.785,00
- NUEVO DERECHO CANÓNICO, MANUAL universitario por Lamberto
de Echeverría, director (Salamanca). BAC 1988. 628p. . Cr$ 4.970.00
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Pedro a Joao Paulo II. 1986,272p Cr$ 5.900,00
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Girones, Ed. Mari Montanana. Valencia. 1980,485p Cr$ 2.000,00
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Vol. I, Moral fundamental y especial. 7a. ed. 1986. BAC. 990p
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crítica de José María Bover y José O'Callaghan. 2a. ed. BAC. 1988.
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ditina - Traducao do alemáo por D. Mateus Rocha OSB
A Autora é professora no Pontificio Ateneu de Santo Anselmo em Roma
(Monte Aventino). Tem divulgado suas pesquisas nao só na Alemanha,
Italia, Franca, Portugal, Espanha, como também nos Estados Unidos, Brasil,
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Povo de Deus" de Paulo VI. Especialmente para curso superior em
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tas de D. Cirilo Folch Gomes, OSB. Tratado de "DEUS UNO E TRI
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