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Processo

Penal II

que fazem com que a ação penal não possa se desenvolver 394, §1º, CPP), é considerado um procedimento comum.
PROCESSO E regularmente. Nesse prisma, é possível rejeitar a denúncia ou Como vimos, seguirá o rito comum sumário aquele crime
queixa, quando ocorrer: a) a extinção da punibilidade do que não tiver procedimento especial, cuja pena máxima
PROCEDIMENTOS agente: as causas de extinção da punibilidade do art. 107, CP. seja superior a dois anos e for inferior a quatro anos. O
1. Processo e Procedimento: todo procedimento é uma traz rol não taxativo - há outras esparsas. ex: reparação do rito sumário seguirá a mesma seqüência de atos que o
série de atos seqüenciados cronologicamente. São atos dano no peculato culposo; pagamento do cheque sem fundos rito ordinário. Todavia, o número de testemunhas que
processuais organizados que se sucedem. Já a palavra antes do recebimento da denúncia, etc. O art. 61, CPP diz que pode ser arrolado por cada uma das partes será de até 5
processo tem um sentido técnico mais profundo, porque o Juiz pode reconhecer a extinção da punibilidade em qualquer (cinco) e a audiência de instrução, debates e julgamento
significa procedimento somado a uma relação jurídica tempo; b) a ilegitimidade de parte: é a ilegitimidade ativa. a serão realizados no prazo máximo de 30 (trinta) dias con-
preestabelecida. A lei 11.719 de 20 de junho de 2008, deu passiva refere-se ao mérito (se o réu foi ou não o autor do forme artigos 531 e 532,(no rito ordinário o número de
nova redação ao Código de Processo Penal no que diz crime) - ou é caso de absolvição/condenação ou trancamen- testemunhas é de até oito e a audiência será realizada
respeito aos procedimentos. Dessa forma, doravante os to da ação. Pode ser ilegitimidade ativa “ad causam” ou “ad em até 60 dias). De resto, os procedimentos são idên-
procedimentos serão o comum e os especiais. processum”. Ex: o MP oferece queixa-crime -> não pode. é ile- ticos. Ressalte-se que o atual artigo 394, §5º do CPP
1.1. Procedimentos comuns: a) ordinário (para os gitimidade “ad causam”. O ofendido não tem capacidade para que “aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos
crimes punidos com pena máxima igual ou superior a 4 estar no processo (tem menos de 18 anos) -> ilegitimidade “ad especial, sumário e sumaríssimo as disposições do pro-
anos); b) sumário (para os crimes punidos com pena má- processum”; ou então o ofendido leigo entra com queixa sem cedimento ordinário” e que o artigo 533 diz que “aplica-se
xima inferior a 4 anos e superior a 2 anos) e; c) sumarís- ser subscrita por advogado; c) a falta de condição exigida ao procedimento sumário o disposto nos parágrafos do
simo (para as contravenções e crimes cuja pena máxima pela lei: são as condições de procedibilidade. Ex: denúncia é art. 400 deste Código” e esse artigo relaciona exatamente
seja de até 2 anos), conforme reza a nova redação do rejeitada porque não tem representação nos crimes de ação como deve ser a audiência de instrução, debates e julga-
art. 394 do CPP. penal pública condicionada. Ex: sentença declaratória da mento no rito ordinário.
1.2. Procedimentos especiais: são os mencionados falência - condição objetiva de procedibilidade; d) a falta de
pelo Código de Processo Penal e aqueles previstos em justa causa: entende-se por justa a causa que a existência 4. Procedimento sumaríssimo (JECRIM): Segue o pro-
legislações esparsas, que fogem ao procedimento co- de fundamento fático ou jurídico que autoriza a propositura da cedimento sumaríssimo qualquer infração que tenha pena
mum por conterem atos diferenciados e uma celeridade ação. Falta justa causa para a ação quando inexistir lastro pro- máxima de 2 (dois) anos (infrações de menor potencial
que foge à regra. Dessa forma, diante de uma infração, batório mínimo (falta de indícios). ofensivo). A base legal do procedimento é a Lei 9.099/95,
para se chegar a qual o procedimento que será adotado, Nota 1: se o magistrado padecer da dúvida entre receber ou que regulou os juizados especiais cíveis e criminais. A
primeiro se verifica se não é caso dos procedimentos não a denúncia ou a queixa deverá recebê-la, porque nessa seqüência dos atos no procedimento dos juizados espe-
especiais e, não sendo, o procedimento será o comum. fase a dúvida pende em favor da sociedade (“in dubio pro so- ciais criminais é a seguinte: Termo circunstanciado (TC)
Os procedimentos ditos especiais são: a) do Júri; b) de cietate”). > encaminhamento ao JECRIM > marcação de audiência
Crimes Afiançáveis praticados por Funcionário Público; Nota 2: no mesmo ato do recebimento da denúncia ou quei- preliminar > audiência preliminar > oferecimento da de-
c) dos Crimes contra a Honra; d) dos Crimes contra a xa, o Juiz marca o interrogatório e ordena a citação. Decidirá, núncia ou queixa (se o procedimento não for arquivado
Propriedade Imaterial; e) das Drogas; f) dos Crimes de ainda, sobre eventuais pedidos feitos pela acusação como a anteriormente) > marcação de audiência de instrução
Imprensa; vinda aos autos de certidões de antecedentes do réu, a prisão debates e julgamento > citação > oferecimento de defesa
preventiva, laudos, etc. preliminar > recebimento da denúncia ou queixa > audi-
2. Procedimento Comum Ordinário: a seqüência dos 2.3. Citação: em seguida, deverá o réu ser citado para integrar ência de instrução, debates e julgamento.
atos no procedimento comum ordinário é a seguinte: a lide. Sobre esse tópico chamamos atenção para o capítulo 4.1. Termo Circunstanciado: nas infrações de menor
Oferecimento da denúncia ou queixa > Recebimento da pertinente às citações. potencial ofensivo não há prisão em flagrante. Ainda que
denúncia ou queixa > Citação > Resposta a acusaçãoo 2.4. Defesa: a lei 11.719/08 trouxe inovação importante ao o acusado (aqui chamado de “autor do fato”) esteja em
> Decisão > Audiência de Instrução, Debates e Julga- procedimento quando disse que o acusado será citado para estado de flagrância, será encaminhado para a delega-
mento. que no prazo de 10 (dez) dias ofereça defesa, sendo certo que cia, onde será lavrado um “TC” – termo circunstanciado,
2.1. Oferecimento da denúncia ou queixa: como todas nessa defesa o acusado poderá argüir preliminares e alegar onde, continuamente, são ouvidas a vítima, eventuais
as petições iniciais, a denúncia e a queixa estão cerca- tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e jus- testemunhas e o pretenso “autor dos fatos”, todos em um
das de formalidades, devendo ser demonstradas as con- tificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemu- único auto. Não é aberto inquérito. O termo circunstan-
dições da ação. Tecnicamente, a denúncia e a queixa são nhas (até o número de oito), qualificando-as e requerendo sua ciado é encaminhado ao Juízo, pela Autoridade Policial,
iguais, tendo como ponto principal a narrativa pormeno- intimação, quando necessário. Como nessa defesa é argüida ficando uma cópia arquivada na delegacia.
rizada dos fatos para, com isso, dar condições ao réu de toda matéria de defesa, se trata de uma verdadeira contes- 4.2. Marcação de audiência preliminar: chegando o
se defender (princípio do contraditório), pois, se o mesmo tação, sendo muito mais abrangente do que a antiga defesa termo circunstanciado ao Juizado Especial Criminal, o
não tem conhecimento da acusação ou do alcance da prévia (que era prevista no art. 395 do CPP) arts 396 e 396-A. Juiz marcará desde logo uma audiência preliminar, con-
acusação, não tem como se defender de acordo. Con- 2.5. Decisão: outra inovação da supra referida lei, após a vocando as partes, vítima e pretenso autor dos fatos para
siderada em tão a igualdade técnica entre essas peças, apresentação da defesa, deverá o Juiz absolver sumariamente comparecerem.
deve-se observar que a queixa tem dois requisitos a mais o acusado (art. 397 do CPP) quando verificar: a) a existência 4.3. Audiência Preliminar: na audiência preliminar,
que a denúncia: a queixa deve ser assinada por um ad- manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; b) a existên- primeiro o Juiz verifica, com a vítima, quais foram a ex-
vogado e deve vir acompanhada de uma procuração com cia manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, tensão de seus danos (materiais, morais, etc.) e depois
poderes especiais. Na ação pública o titular da ação salvo inimputabilidade; c) que o fato narrado evidentemente volta-se ao autor do fato (que deverá estar acompanhado
é o Ministério Público e é ele que assina a petição ini- não constitui crime; d) - extinta a punibilidade do agente. de advogado, senão ser-lhe-á nomeado um) para verifi-
cial (denúncia). Mas na ação penal privada o titular da 2.6. Audiência de Instrução, Debates e Julgamento: se- car se o mesmo aceita reparar os danos informados. Se o
ação é a vítima, que não assina a petição inicial (queixa), guindo a forma que já havia sido estabelecida na lei 9.099/95 autor dos fatos aceitar, estará sendo feita a composição
tem que contratar um advogado para postular em juízo. (Juizados Especiais Criminais), a audiência de instrução, de- civil, extinguindo-se o processo sem julgamento do méri-
A queixa vem acompanhada de uma procuração com po- bates e julgamento terá a seguinte seqüência: o primeiro a to na esfera criminal e impedindo qualquer processo, pelo
deres especiais (art.44 CPP) . Os poderes da procuração ser ouvido é o ofendido; depois são ouvidas as testemunhas mesmo fato, na esfera cível. Não aceitando, o Juiz infor-
são os normais das procurações “ad judicia”, acrescidos de acusação; depois são ouvidas as testemunhas de defesa; ma a vítima que poderá pleitear os seus danos na esfera
da descrição dos fatos (o que a torna específica) também a seguir o acusado é interrogado; a acusação tem a palavra cível e, se o tipo de ação penal demandar, verificará se a
na procuração. O momento oportuno para a acusação para sustentação oral pelo prazo de 20 (vinte) minutos, que vítima apresenta representação ou não. Seguindo o pro-
arrolar as suas testemunhas é na petição inicial, podendo poderão ser acrescidos de mais 10 (dez) minutos; a defesa cedimento, o Juiz, ou o órgão do Ministério Público ofe-
ser arroladas até 8 (oito) testemunhas. terá igual prazo; o Juiz proferirá a sentença. Há de se observar, recerá ao autor dos fatos a possibilidade do cumprimento
2.2. Recebimento da denúncia ou queixa: após o ofe- que o legislador mencionou, explicitamente (art. 400 do CPP) imediato de uma pena não privativa de liberdade, que, se
recimento da denúncia ou queixa cabe ao Juiz, no rito que a audiência de instrução deverá ocorrer em até 60 (ses- o mesmo aceitar, extingue o processo sem julgamento do
ordinário, decidir se recebe ou não a peça acusatória. O senta) dias, ressalvada questões acerca de carta precatória. mérito. É a chamada transação penal.
Juiz não está obrigado a recebê-la, podendo rejeitá-la. Ressalve-se, também, que enquanto não se esgotarem a oitiva 4.3.1. Transação Penal: aceitar a transação penal não
2.2.1 Hipóteses de rejeição da denúncia ou da queixa: das testemunhas de acusação não começam as testemunhas é o mesmo que admitir a prática delituosa ou infracional.
estavam previstas no art. 43 do CPP, porém passaram, defesa. Após a oitiva de testemunhas nessa audiência, poderá Quem aceita a transação não está assumindo a culpa. A
com a lei supra mencionada, a serem regidas pelo art. surgir a necessidade de diligências, cuja necessidade se origi- sentença que homologa a transação penal é declaratória
395 do CPP, a saber: (i) for manifestamente inepta; (ii) ne de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. É impe- de extinção da punibilidade, não gerando reincidência e
faltar pressuposto processual ou condição para o exercí- rioso esclarecer, também, que nos casos mais complexos ou nem maus antecedentes, embora aquele que aceitou a
cio da ação penal; (iii) faltar justa causa para o exercício dependendo do número de testemunhas, poderá o Juiz deter- transação, no prazo de 5 (cinco) anos não possa acei-
da ação penal. minar a apresentação de memoriais, sucessivamente, primeiro tar outra transação penal. Não aceita a transação penal,
Conforme abordamos no capítulo referente a ação penal, a acusação e após a defesa, pelo prazo de 5 (cinco) dias. encerra-se a audiência preliminar e, se a ação for pública,
a denúncia ou a queixa devem seguir padrões rígidos de os autos irão com vista ao Ministério Público.
formalidade. Se faltarem esses requisitos, dar-se-á a pe- 3. Procedimento Sumário: o procedimento sumário está pre- 4.4. Manifestação do Ministério Público (se a ação for
tição inicial por inepta. Quando a lei menciona que a falta visto no Código de Processo Penal dentro do Título II, dos Pro- pública): aberta a vista dos autos ao Ministério Público,
de pressuposto processual ou condição para o exercício cessos Especiais. Mas, por força da lei 11.719/08, em disposi- esse poderá entender que são necessárias novas dili-
da ação penal, há de se lembrar que existem situações ção expressa alterando o Código de Processo Penal (atual art. gências no caso e pedir o encaminhamento dos autos de

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volta à delegacia para que seja aberto inquérito policial. deverá ser encerrada em até 90 (noventa) dias.
Pode, também, o Ministério Público não se convencer ou 2.1. Pronúncia: a pronúncia é a decisão que encerra a pri- 3. Juízo da Causa: a segunda fase do júri, embora seja
da materialidade, ou da autoria, ou dos dois aspectos e meira fase do júri e que faz com que o acusado seja levado reduzida, é totalmente diferenciada de todos os demais
requerer o arquivamento do feito. Por fim, o Ministério a julgamento pelo Plenário do Júri, como também faz ter a procedimentos. Vejamos:
Público poderá oferecer a denúncia. Como os Juizados segunda fase, e agora está prevista no art. 413 do CPP. É 3.1. Manifestação da Acusação: a segunda fase do júri
Especiais Criminais preconizam o princípio da oralidade, importante salientar que só com a decisão de pronúncia o se inicia quando transitar em julgado a sentença de pro-
a denúncia, a rigor, poderá ser feita até oralmente (e ain- processo alcança a segunda fase desse procedimento. O Juiz núncia. O Código de Processo Penal fala em “preclusa a
da na audiência preliminar) e reduzida a termo. pronunciará o acusado quando se convencer da autoria e de decisão de pronúncia” (art. 421, CPP), ou seja, quando
4.5. Marcação da audiência de instrução debates e indícios suficientes de que o acusado foi o autor dos fatos. Não não couber mais recurso, transitada em julgado. Antiga-
julgamento: após o oferecimento da denúncia pelo Mi- são necessárias provas de autoria, bastando os indícios. A mente, a primeira peça da segunda fase era o libelo crime
nistério Público, o Juiz não a recebe. Antes, marcará a suficiência deve ser analisada caso a caso. O magistrado, na acusatório, que era apresentado pela acusação.
audiência para instrução, debates e julgamento, determi- pronúncia, não fica vinculado à classificação feita na denún- Nota: a nova lei substituiu o libelo por uma simples ma-
nando a citação do acusado. cia ou na queixa e se houverem outros elementos nos autos nifestação, com o intuito de arrolar até 5 (cinco) testemu-
4.6. Citação: o acusado será citado para comparecer à da culpabilidade de outros indivíduos não acusados, baixará nhas para serem ouvidas em plenário, juntar documentos
audiência para instrução debates e julgamento, mas é os autos para que o Ministério Público por 15 dias (art. 417, e requerer diligências, tudo isso em 5 (cinco) dias.
alertado, na citação, que deverá comparecer acompanha- CPP), desmembrando-se os autos se o caso (regra do art. 80 3.2. Manifestação da defesa: substituindo a contrarieda-
do do advogado (senão ser-lhe-á nomeado um), deverá, do CPP). A fundamentação da pronúncia deve limitar-se à indi- de de libelo, a lei disse que a defesa, também no prazo de
na audiência, apresentar uma defesa preliminar, que pode cação da materialidade do fato e da existência de indícios sufi- 5 (cinco) dias, poderá arrolar até 5 (cinco) testemunhas,
abranger todos os aspectos de defesa, inclusive mérito e cientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o juntar documentos e requerer diligências.
poderá trazer testemunhas, que serão até o número de dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar 3.3. Despacho que marca o julgamento: a seguir,
5 (cinco) se for crime, ou 3 (três) se for contravenção. as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de deliberando sobre os requerimentos de provas a serem
Se quiser que as testemunhas sejam intimadas, deverá pena, sendo que, se for o caso (crime afiançável), arbitrar o produzidas ou exibidas no plenário do júri, e adotadas as
apresentar o rol com antecedência para que haja tempo valor da fiança para a concessão ou manutenção da liberdade providências devidas, o Juiz Presidente ordenará as dili-
hábil para a diligência. Se o acusado não for encontrado, provisória e decidir, motivadamente, no caso de manutenção, gências necessárias para sanar qualquer nulidade ou es-
deverá ser citado por edital e, como o procedimento não revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de clarecer fato que interesse ao julgamento da causa e fará
comporta essa medida, sairá o processo do JECRIM. liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado relatório sucinto do processo, determinando sua inclusão
4.7. Audiência para instrução, debates e julgamento: solto, sobre a necessidade da decretação da prisão preventiva. em pauta da reunião do Tribunal do Júri. Salvo motivo
ao início da audiência, o advogado do acusado apresen- A intimação da decisão de pronúncia será feita pessoalmen- relevante que autorize alteração na ordem dos julgamen-
tará defesa preliminar, que poderá ser oral e reduzida a te ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Público tos, terão preferência os acusados presos, dentre os acu-
termo. Então, o Juiz decide se recebe ou não a denúncia. e ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do sados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na
Recebendo, o Magistrado ou o membro do Ministério Pú- Ministério Público, será por edital (regra do § 1o do art. 370 prisão e em igualdade de condições, os precedentemente
blico oferecerá ao réu o benefício da Suspensão Condi- do CPP). Será intimado por edital o acusado solto que não pronunciados, conforme reza o art. 429 do CPP.
cional do Processo. for encontrado. Verifica-se, dessa forma, que houve mudança
4.7.1. Suspensão Condicional do Processo: cabe a substancial a lei sobre esse aspecto (intimação da pronúncia), 4. Julgamento: no dia do julgamento, a primeira provi-
suspensão condicional do processo em qualquer infração pois antes, o procedimento não seguiria o seu curso enquanto dência a ser verificada é o comparecimento das partes. O
punida com pena mínima de 1 (um), cumpridas as condi- o acusado não fosse intimado da pronúncia (pessoalmente se julgamento não será adiado pelo não comparecimento do
ções previstas pelo art. 77 do Código Penal (condições o crime for inafiançável, pessoalmente se o réu estiver preso, acusado solto, do assistente ou do advogado do quere-
da suspensão condicional da pena). Aceita a suspensão pessoalmente ou ao defensor por ele constituído se tiver pres- lante, que tiver sido regularmente intimado.
condicional do processo, o processo ficará suspenso por tado fiança antes da sentença, ao defensor se não tiver pres- 4.1. Pedidos de adiamento e as justificações de não
um período de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, sob condições. tado fiança e estiver foragido, mediante edital se não forem comparecimento: deverão ser, salvo comprovado moti-
Não aceita a suspensão, tendo em vista a nova redação encontrados nem o réu nem o defensor e mediante edital, se o vo de força maior, previamente submetidos à apreciação
do Código de Processo Penal dada pela lei 11.719/08, réu não constituiu defensor e não for encontrado). Agora, o Có- do juiz presidente do Tribunal do Júri. Por outro lado, se
determina a lei (art. 394, §4º do CPP) que “as disposições digo de Processo Penal silencia a esse respeito, dando a en- o acusado preso não for conduzido, o julgamento será
dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os tender que o processo seguirá normalmente com a intimação adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reu-
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não por edital. Se o magistrado ficar na dúvida entre pronunciar ou nião, salvo se houver pedido de dispensa de compareci-
regulados neste Código”. não, diz a corrente majoritária da jurisprudência que ele deverá mento subscrito por ele e seu defensor. Se o membro do
4.7.2. Prazo: caberá a citação, a defesa/contestação no pronunciar, porque nessa fase pesa o chamado “in dubio pro Ministério Público não comparecer, o juiz presidente
prazo de 10 dias e a decisão do juízo acerca da possi- societate”. A decisão de pronúncia, como todas as decisões adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido da
bilidade de absolvição sumária. Se não for o caso de deve ser fundamentada, mas o exagero na fundamentação mesma reunião, cientificadas as partes e as testemunhas
absolvição sumária, haverá audiência que transcorrerá poderá invalidá-la. e se a ausência não for justificada, o fato será imediata-
com a oitiva da vítima, oitiva das testemunhas de acusa- 2.2. Impronúncia: a impronúncia se dará quando o magistra- mente comunicado ao Procurador-Geral de Justiça com
ção, interrogatório do acusado, debates orais (primeiro a do não se convencer da materialidade ou os autos não tiverem a data designada para a nova sessão. Se o defensor do
Acusação por um período de 20 minutos que podem ser indícios suficientes de autoria ou ainda quando faltarem ma- réu não comparecer sem escusa legítima, e se outro
acrescidos de mais 10 minutos e depois a defesa por igual terialidade e indícios de autoria, com previsão no art. 414 do não for por este constituído, o fato será imediatamente
prazo) e o Juiz dá a sentença. Observe-se que a nova re- CPP. É uma decisão que arquiva o processo, mas, nos moldes comunicado ao presidente da seccional da Ordem dos
dação do artigo 538 do CPP diz que “nas infrações penais do arquivamento do inquérito policial, uma vez arquivados os Advogados do Brasil, com a data designada para a nova
de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial autos, poderão ser reabertos mediante o concurso de novas sessão. O detalhe é que não havendo escusa legítima,
criminal encaminhar ao juízo comum às peças existentes provas, desde que não tenha ocorrido a prescrição. Fala-se o julgamento será adiado somente uma vez, devendo
para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o ainda no termo “despronúncia” que, a rigor, é a impronúncia o acusado ser julgado quando chamado novamente e
procedimento sumário previsto neste Capítulo”. que ocorre após o acusado ser pronunciado. Da decisão de nessa hipótese, o juiz intimará a Defensoria Pública para
LINK ACADÊMICO 1 pronúncia cabe recurso em sentido estrito. Se o réu pronuncia- o novo julgamento, que será adiado para o primeiro dia
do recorrer e o Tribunal ou mesmo o magistrado (no Juízo de desimpedido, observado o prazo mínimo de 10 (dez)
PROCEDIMENTO DO JÚRI retratação) entender que é caso de impronúncia, despronun- dias, o Presidente do Tribunal nomeará outro defensor e
ciará o acusado. comunicará o Conselho da Ordem dos Advogados. Se a
1. Introdução: o Tribunal do Júri é constitucionalmente 2.3. Desclassificação: operar-se-á a desclassificação do de- testemunha, sem justa causa, deixar de comparecer,
competente para o julgamento dos crimes dolosos contra lito, sempre que o Juiz se convencer que o crime em testilha o juiz presidente, sem prejuízo da ação penal pela deso-
a vida (Homicídio – art. 121, CP / Participação em Suicídio não é doloso contra a vida e nem guarda conexão ou conti- bediência, aplicar-lhe-á a multa. Antes de constituído o
– art. 122, CP / Infanticídio – art. 123, CP / Aborto – arts. nência a um. Assim, se de início pensava-se que o crime era Conselho de Sentença, as testemunhas serão recolhidas
124 a 128, CP) e também é competente para os crimes de homicídio doloso, mas após a primeira fase (com oitiva de a lugar onde umas não possam ouvir os depoimentos das
conexos ou que guardem continência para com um dos testemunhas e colheita de provas) concluiu-se que era um la- outras. Esclareça-se que o julgamento não será adiado
crimes dolosos contra a vida. Só não vão a julgamento trocínio, ou um homicídio culposo, ou lesão corporal seguida se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma
pelo Júri Popular os crimes eleitorais, os crimes militares de morte, p. ex., deve-se desclassificar a infração, tirando a das partes tiver requerido a sua intimação por mandado,
próprios e os menores infratores. O procedimento do Júri competência do júri e encaminhando os autos ao juiz singular. na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código,
é chamado de bifásico ou escalonado, isso porque tem Sua previsão legal encontra-se no art. 419 do CPP. declarando não prescindir do depoimento e indicando a
duas fases distintas: a primeira é o juízo de acusação (“iu- Nota: no juízo singular, o acusado terá nova oportunidade de sua localização. Todavia, se intimada, a testemunha não
ditio acusationis”) e a segunda é o juízo da causa (“iuditio defesa, arrolando e ouvindo testemunhas e produzindo provas comparecer, o juiz presidente suspenderá os trabalhos e
causae”). de toda ordem. mandará conduzi-la ou adiará o julgamento para o pri-
Nota: a lei 11.689 de 09 de junho de 2008 alterou comple- 2.4. Absolvição Sumária: por expressa disposição constitu- meiro dia desimpedido, ordenando a sua condução e o
tamente o rito do Júri, modificando todos os artigos a esse cional, quem condena ou absolve os crimes dolosos contra julgamento será realizado mesmo na hipótese de a teste-
respeito que estavam previstos no Código de Processo a vida, conexos ou continentes a esses é o Tribunal do Júri. munha não ser encontrada no local indicado, se assim for
Penal (do art. 406 ao art. 497 do CPP). A atual seqüência O juiz, em regra, não tem competência para fazê-lo. Mas a certificado por oficial de justiça.
de atos do rito do Júri é a seguinte: oferecimento da de- lei, entendendo que o réu não pode ser punido injustamente 4.2. Jurados e composição do Conselho de Sentença:
núncia ou queixa > recebimento da denúncia ou queixa > por esse dispositivo, conferiu ao magistrado a possibilidade para o julgamento serão convocados 25 (vinte e cinco)
citação > defesa/contestação > manifestação do Ministé- de absolvê-lo antes da sessão plenária. É uma absolvição jurados daqueles que constarem na lista geral de jurados
rio Público > audiência de instrução, debates e julgamen- antecipada que acaba por sumariar o processo. É a chamada do Tribunal. Não será realizado o julgamento se não com-
to > decisão encerrando a primeira fase > manifestação “absolvição sumária”. parecerem no mínimo 15 (quinze) jurados (não haverá
da acusação arrolando testemunhas > manifestação da Nota: com a mudança legislativa trazida pela lei 11.689/08, a quorum para o julgamento). Dos jurados que comparece-
defesa arrolando testemunhas > Despacho resolvendo absolvição sumária passa a ser prevista no art. 415 do CPP. rem (com o quorum necessário) serão sorteados 7 (sete)
questões pendentes e marcando a data do julgamento Para que o Juiz absolva sumariamente o réu, é necessário que jurados que farão parte do conselho de sentença. A cada
> Plenário. esteja provada a inexistência do fato, provado não ser o réu o jurado que vai sendo sorteado, o Juiz Presidente da ses-
autor ou partícipe do fato, o fato não constituir infração penal são perguntará primeiro à defesa e depois à acusação se
2. Juízo de Acusação: a primeira fase do procedimen- ou ficar demonstrada causa de isenção de pena ou exclusão aceitam aquele jurado. Cada parte poderá recusar até 3
to do júri (juízo de acusação) é praticamente idêntica ao do crime (excludente de ilicitude, excludente de culpabilidade (três) jurados imotivadamente e com motivo quantos fo-
procedimento comum ordinário. Isso porque, a rigor, só ou erro). A lei faz uma ressalva para expor que a tese de exclu- rem necessários (motivos de impedimento e suspeição).
existe uma diferença: no rito ordinário após a defesa/con- dente de culpabilidade oriunda de doença mental ou desenvol- Se for mais de um acusado, com mais de um defensor, a
testação vem uma decisão do juízo que poderá absolver vimento mental incompleto ou retardado não pode ser argüida recusa só poderá ser feita por um dos defensores. Com-
sumariamente o acusado e, se não for o caso, marcar para a absolvição sumária, salvo se for tese única. posto o conselho de sentença e feito o juramento de im-
audiência para instrução, debates e julgamento. No Júri, 2.5. Recursos das decisões que encerram a primeira fase: parcialidade, começará efetivamente o julgamento.
após a defesa/contestação o Ministério Público deverá das decisões pronúncia e desclassificação cabe RESE, recur- 4.3. Plenário: primeiramente, o Juiz Presidente ouve o
manifestar-se e o Juiz marcará a audiência de instrução, so em sentido estrito (art. 581 do CPP). Mas, da decisão de ofendido, se possível, as testemunhas de acusação, as
debates e julgamento. Ressalte-se, também, que a lei absolvição sumária e de impronúncia, segundo a nova redação testemunhas de defesa, as partes poderão requerer aca-
(atual art. 412 do CPP) diz que a primeira fase do Júri do art. 416 do CPP caberá apelação. reações, reconhecimento de pessoas e coisas, esclare-

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cimento de peritos, leitura de peças a que se refiram e a entendimento pessoal acerca da criminalidade em geral, dos incomunicabilidade dos jurados; interromper a sessão por
seguir ouvirá o réu. criminosos em geral, do rigor ou brandura de penas etc., por- tempo razoável, para proferir sentença e para repouso ou
O uso de algemas na sessão plenária passou a ser que não poderá externar o seu pensamento. E, no momento refeição dos jurados; decidir, de ofício, ouvidos o Minis-
proibido (art. 474, §3º do CPP), salvo se absolutamente da votação, um jurado não pode saber o que o outro jurado tério Público e a defesa, ou a requerimento de qualquer
necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das teste- pensa e qual o seu voto. destes, a argüição de extinção de punibilidade; resolver
munhas ou à garantia da integridade física dos presentes. 5.2. Desaforamento: desaforar é tirar de um foro e encami- as questões de direito suscitadas no curso do julgamento;
A seguir, iniciam-se os debates orais. a) Se o julgamento nhar a outro foro, ou seja, se mudará o lugar em que o réu determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de
for de apenas 1 (um) réu, a acusação falará em até 1 deverá ser julgado. Pelas regras do Código de Processo Penal qualquer jurado, as diligências destinadas a sanar nuli-
(uma) hora e meia, a defesa falará em até 1 (uma) hora e (art. 427) haverá o desaforamento sempre que o interesse da dade ou a suprir falta que prejudique o esclarecimento
meia, poderá ter réplica pela acusação de 1 (uma) hora e ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparciali- da verdade; regulamentar, durante os debates, a inter-
tréplica pela defesa de até 1 (uma) hora; b) Havendo mais dade do Júri ou a segurança pessoal do réu, ou ainda, quando venção de uma das partes, quando a outra estiver com
de 1 (um) acusado, o tempo para a acusação e a defesa houve comprovado excesso de serviço e o julgamento não a palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos para
será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses contados do cada aparte requerido, que serão acrescidos ao tempo
réplica e da tréplica. trânsito em julgado da pronúncia (art. 428 do CPP). O desa- desta última.
Durante os debates as partes não poderão, sob pena de foramento é pedido ao Tribunal de Justiça (segunda instân- 5.6 Súmulas sobre o Júri: sobre o Júri, foram editadas
nulidade, fazer referências à decisão de pronúncia, às cia) e, em todos os casos o acusado deve ser previamente as súmulas do STF 156 (é absoluta a nulidade do julga-
decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ouvido sobre a possibilidade dessa medida. Correto e possível, mento pelo júri, por falta de quesito obrigatório), 162 (é
ou à determinação do uso de algemas como argumento portanto, o desaforamento, mas com critérios. Já se decidiu: absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os
de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado, “A jurisprudência do STF é no sentido de que a indicação da quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias
ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório comarca, para o desaforamento, deve ser a mais próxima, e agravante), 206 (é nulo o julgamento ulterior pelo júri com
por falta de requerimento, em seu prejuízo, não será per- que a exclusão das mais próximas deve ser fundamentada” a participação de jurado que funcionou em julgamento
mitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que (RTJ 34/588, 47/471, 71/26 e 131/588). No mesmo sentido: anterior do mesmo processo), 712 (é nula a decisão que
não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mí- STJ, REsp 298, 6ª Turma, JSTJ 18/236 e RT 664/324. E o determina o desaforamento de processo de competência
nima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte, desaforamento para Comarca de outro Estado é inadmissível do júri sem audiência da defesa), 713 (o efeito devolu-
compreendendo-se na proibição deste artigo a leitura de (TJSP, Desaf. 179.923, 5ª Câm., j. 30.3.95). tivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos
jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de 5.3. A função dos jurados: o juiz presidente requisitará às fundamentos da sua interposição), 721 (a competência
vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou autoridades locais, associações de classe e de bairro, entida- constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar des associativas e culturais, instituições de ensino em geral, por prerrogativa da função estabelecido exclusivamente
sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julga- universidades, sindicatos, repartições públicas e outros nú- pela Constituição Estadual) e do STJ 21 (pronunciado o
mento dos jurados. cleos comunitários a indicação de pessoas que reúnam as réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal
Nota 1: havendo mais de um acusador ou mais de um condições para exercer a função de jurados. O serviço do da prisão por excesso de prazo na instrução) e 191 (a
defensor, os prazos ficam inalterados, deve todos os acu- Júri é obrigatório, e compreenderá os cidadãos maiores de 18 pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o
sadores e todos defensores dividirem o prazo destinado (dezoito) anos de notória idoneidade. Nenhum cidadão pode- Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime).
para esse fim. rá ser excluído dos trabalhos do júri ou deixar de ser alistado LINK ACADÊMICO 2
Nota 2: Encerrados os debates, o Juiz Presidente deve em razão de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe
indagar dos jurados se estão aptos a julgar, fazer os de- social ou econômica, origem ou grau de instrução e a recusa
vidos esclarecimentos, se necessário for e, preparados, injustificada ao serviço do júri acarretará multa no valor de 1 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
o Juiz Presidente, os Jurados, a acusação, a defesa e (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de acordo (DROGAS, IMPRENSA,
eventuais serventuários da justiça se reunirão na sala com a condição econômica do jurado. FUNCIONÁRIO PÚBLICO,
secreta. 5.3.1. Estão isentos do serviço do Júri: o Presidente da HONRA, PROPRIEDADE
Nota 3: O réu não participa da reunião na sala secreta. República e os ministros de Estado; os Governadores e seus IMATERIAL E FALÊNCIA)
4.4. Votação dos quesitos: cada jurado receberá uma respectivos secretários; os membros do Congresso Nacional,
cédula contendo o voto “sim” e uma cédula contendo o das Assembléias Legislativas dos Estados e das Câmaras
voto “não”. O Juiz Presidente formulará uma série de per- Distritais e Municipais; os Prefeitos Municipais; os Magistrados 1. Novo Procedimento da Lei de drogas: a Lei
guntas objetivas, que sejam respondíveis “sim” ou “não”. e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública; os 11.343/06 trouxe um procedimento novo, e bastante sim-
Essas perguntas são chamadas de quesitos. servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da De- plificado, para os crimes relacionados a entorpecentes.
Os quesitos são formulados de acordo com as teses fensoria Pública; as autoridades e os servidores da polícia e da A seqüência é a seguinte: oferecimento da denúncia >
sustentadas pelas partes.e seguirão a seguinte ordem: a) segurança pública; os Militares em serviço ativo; os cidadãos defesa preliminar > recebimento da denúncia > citação >
a materialidade do fato; b) a autoria ou participação; c) maiores de 70 (setenta) anos que requeiram sua dispensa; defesa/contestação > decisão > audiência de instrução,
se o acusado deve ser absolvido; d) se existe causa de aqueles que o requererem, demonstrando justo impedimento. debates e julgamento. As novidades são que o prazo
diminuição de pena alegada pela defesa; e) se existem 5.3.2. Recusa ao serviço do júri: se fundada em convicção para o oferecimento da defesa preliminar será de 10 (dez)
circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar dias, podendo ser alegada toda matéria de defesa, inclu-
reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos polí- sive mérito e exceções. Nessa defesa preliminar, deverá
que julgaram admissível a acusação. ticos, enquanto não prestar o serviço imposto, entendendo-se a defesa, se quiser, arrolar as suas testemunhas, que
A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qual- por serviço alternativo o exercício de atividades de caráter ad- poderão alcançar o número de 5 (cinco). Observe-se que
quer dos quesitos sobre materialidade e autoria encerra a ministrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, no mais a frente no procedimento não haverá oportunidade
votação e implica a absolvição do acusado. Respondidos, Poder Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério Público de defesa prévia, pelo que, a defesa preliminar será o
afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os quesitos ou em entidade conveniada para esses fins. Os jurados res- momento oportuno para que a defesa apresente as suas
relativos a materialidade e autoria será formulado quesito pondem criminalmente como se fossem funcionários públicos. testemunhas. Recebida a denúncia, o Juiz designará dia
com a seguinte redação: “O jurado absolve o acusado?”. 5.4. Ata de Julgamento: o julgamento no Tribunal do Júri é e hora para a audiência de instrução, debates e julga-
(de acordo com o art. 483, § 2º do CPP). registrado em uma ata. Essa ata tem importância fundamental, mento, ordenando a citação pessoal do acusado. Na au-
Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento principalmente pelo fato de que só podem ser levantadas even- diência de instrução, debates e julgamento, primeiro o réu
prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre a tuais irregularidades e cerceamentos em sede de apelação se será interrogado, depois serão ouvidas as testemunhas
causa de diminuição de pena alegada pela defesa e cir- constarem na ata. O artigo 495 do CPP dispõe “in verbis”: “A de acusação, depois as testemunhas de defesa, depois
cunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, ata descreverá fielmente todas as ocorrências e mencionará serão feitos debates orais que serão de 20 (vinte) minutos
reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores especialmente: a data e a hora da instalação dos trabalhos; podendo ser acrescidos de mais 10 (dez) minutos para
que julgaram admissível a acusação. o magistrado que a presidiu a sessão e os jurados presentes; a acusação, igual prazo para a defesa e o Juiz prolata
Nota 1: sustentada a desclassificação da infração para os jurados que deixarem de comparecer, com escusa ou sem a sentença.
outra de competência do juiz singular, será formulado ela, e as sanções aplicadas; o ofício ou requerimento de isen- Nota: tendo em vista a nova redação do Código de
quesito a respeito, para ser respondido após o 2o (segun- ção ou dispensa; o sorteio dos jurados suplentes; o adiamento Processo Penal dada pela lei 11.719/08, determina a lei
do) ou 3o (terceiro) quesito, conforme o caso. da sessão, se houver ocorrido, com a indicação do motivo; (art. 394, §4º do CPP) que “as disposições dos arts. 395
Nota 2: sustentada a tese de ocorrência do crime na sua a abertura da sessão e a presença do Ministério Público, do a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimen-
forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação querelante e do assistente, se houver, e a do defensor do acu- tos penais de primeiro grau, ainda que não regulados
do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, sado; o pregão e a sanção imposta, no caso de não compareci- neste Código”. Dessa forma, caberá a citação, a defesa/
o juiz formulará quesito acerca destas questões, para mento; as testemunhas dispensadas de depor; o recolhimento contestação no prazo de 10 dias e a decisão do juízo
ser respondido após o segundo quesito. Materialidade e das testemunhas a lugar de onde umas não pudessem ouvir o acerca da possibilidade de absolvição sumária.
autoria, teses da defesa, teses da acusação e, por fim, depoimento das outras; a verificação das cédulas pelo juiz pre-
sempre um quesito obrigatório sobre se há alguma cir- sidente; a formação do conselho de sentença, com o registro 2. Procedimento dos Crimes de Imprensa: a lei
cunstância atenuante em favor do réu. dos nomes dos jurados sorteados e recusas; o compromisso e 5.250/67 define os crimes veiculados pela imprensa
Nota 3: se houver mais de um réu, deverá ser formulada o interrogatório, com simples referência ao termo; os debates e (parte material) e também traz o procedimento a eles
uma série de quesitos para cada réu. as alegações das partes com os respectivos fundamentos; os atinentes (parte processual). O procedimento a ser se-
incidentes; o julgamento da causa; a publicidade dos atos da guido é: oferecimento da denúncia ou queixa > citação
5. Observações importantes sobre o Tribunal do Júri: instrução plenária, das diligências e da sentença.” > defesa preliminar > manifestação do Ministério Públi-
há algumas informações que são extremamente relevan- 5.5 Presidente do Tribunal do Júri: como se verifica, o Tribu- co (se a ação for privada) > recebimento da denúncia
tes que dizem respeito à instituição do Júri. nal do Júri é um Tribunal popular, com juízes leigos, extraídos ou queixa > citação > defesa/contestação > decisão
5.1. Princípios que regem o Julgamento no Tribunal do povo. Como esses juízes naturais não dispõem de conheci- > marcação de audiência de instrução e julgamento >
do Júri: existem dois princípios que regem o julgamento mento técnico, quem conduz os trabalhos no julgamento é um alegações escritas > sentença. Existem algumas pe-
pelo Tribunal do Júri: soberania dos veredictos e inco- Juiz togado. É o Juiz Presidente. O Juiz Presidente tem atri- culiaridades que cercam o procedimento dos crimes
municabilidade. buições no julgamento, que lhe foram conferidas pelo art. 497 de imprensa. Por primeiro, o número de testemunhas,
a) Princípio da soberania dos veredictos: se houver do CPP. São elas: regular a polícia das sessões e prender os que poderão se de 8 (oito) caso o crime seja punido
impugnação à segunda instância, atacando a sentença desobedientes; requisitar o auxílio da força pública, que ficará com reclusão e 5 (cinco) se o delito for punido com
condenatória ou absolutória, a segunda instância não po- sob sua exclusiva autoridade; dirigir os debates, intervindo em detenção. O prazo decadencial para o oferecimento de
derá reverter a decisão (de condenação para absolvição caso de abuso, excesso de linguagem ou mediante requeri- queixa ou representação é de 3 (três) meses da data da
ou de absolvição para condenação) porque o Júri é so- mento de uma das partes; resolver as questões incidentes que veiculação da notícia. A defesa preliminar é oferecida
berano. Assim, poderá ser anulada a primeira decisão e não dependam de pronunciamento do júri; nomear defensor em 5 (cinco) dias, podendo o acusado apresentar toda
submetido o processo a uma nova sessão de julgamento ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, neste matéria de defesa, arrolar testemunhas e apresentar a
(para que outro corpo de Jurados decida soberanamen- caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o julga- exceção da verdade. Por exceção da verdade (“exceptio
te); b) Princípio da incomunicabilidade: o pensamento mento, com a nomeação ou a constituição de novo defensor; veritatis”) entende-se a defesa do acusado afirmando ter
de um jurado acerca do processo não poderá ser externa- mandar retirar da sala o acusado que dificultar a realização passado a informação que está sendo acusado, porque
do, ou seja, outro jurado não ficará sabendo. Esclareça- do julgamento, o qual prosseguirá sem a sua presença; sus- é verdade. Cabe exceção da verdade na calúnia e na
se que os jurados podem conversar nos intervalos do pender a sessão pelo tempo indispensável à realização das difamação contra ato de funcionário público no exercício
julgamento, mas nunca sobre o processo ou sobre o seu diligências requeridas ou entendidas necessárias, mantida a da função, mas não cabe na injúria. Se o acusado não

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for encontrado na citação pessoal, será citado por edital vistos nos artigos 503 a 512 do Código de Processo Penal. do sorteio dos jurados do conselho de sentença e a sua
com prazo de 15 (quinze), ser-lhe-á nomeado advogado Entretanto, esses artigos foram revogados pela lei 11.101/05 incomunicabilidade; falta dos quesitos e das respectivas
dativo, que apresentará a defesa preliminar. Observe- (Nova Lei de Falências), que passa a tratar do assunto. E respostas; falta ou irregularidade na acusação ou defesa
se que não há nesse procedimento a chamada defesa segundo o disposto no art. 185 da Lei de Falências, o pro- no Tribunal do Júri; Irregularidade na sentença; Falta do
prévia, pelo que o acusado só terá esse momento para cedimento a ser seguido deverá ser o sumário. A lei, só es- recurso de ofício quando a lei determina; Irregularidade
apresentar o rol de suas testemunhas. Após o recebi- clarece que o procedimento criminal será promovido no juízo ou falta de intimação da sentença ou dos despachos que
mento da denúncia ou queixa, o Magistrado marcará criminal da comarca onde se deu a falência, recuperação caibam recurso; Falta de “quorum” para julgamento nos
audiência de instrução e julgamento. Mas na verdade, judicial ou extrajudicial (não poderá ter o procedimento an- Tribunais; por omissão de formalidade de constitua ele-
nessa audiência não haverá julgamento. Somente será tes dessas decisões) e a ação penal será sempre a pública mento essencial do ato; Por deficiência dos quesitos ou
feito o interrogatório do réu e serão ouvidas as teste- incondicionada, ressalvada a hipótese de ação penal privada das suas respostas e contradição entre elas.
munhas de acusação e as de defesa. Encerrados os subsidiária da pública. Nota: segundo o artigo 572 do Código de Processo Pe-
depoimentos, encerra-se a audiência. Consigne-se que LINK ACADÊMICO 3 nal, a falta da intervenção do Ministério Público em todos
poderá o Juiz marcar uma audiência antes da audiên- os atos processuais da ação pública ou privada subsidiá-
cia de instrução, com a única finalidade de interrogar ria da pública, a falta ou irregularidade dos prazos confe-
o réu. Após a audiência de instrução e julgamento (que VÍCIOS E NULIDADES ridos às partes, a falta ou irregularidade da intimação do
vimos ser somente de instrução), primeiro a acusação PROCESSUAIS réu para a sessão de julgamento no Júri, salvo quando
em 3 (três) dias e depois a defesa em igual prazo, apre- a lei possibilite o julgamento a revelia, a falta ou irregu-
sentarão alegações escritas. Em seguida, o Magistrado 1. Introdução: no tramitar do processo penal algumas regras laridade da intimação das testemunhas de acusação
prolatará a sentença. poderão não ser seguidas. Surge ai um vício processual, o e de defesa para o julgamento no Júri e a omissão de
Nota 1: observe-se, por fim, que em regra, da decisão que não significa exatamente uma nulidade. Existem diversos formalidade de constitua elemento essencial do ato, são
que rejeita a denúncia ou queixa cabe recurso em sentido graus de vícios processuais com conseqüências diferenciadas nulidades relativas, eis que devem ser argüidas no mo-
estrito. Aqui nos crimes de imprensa caberá apelação. também. mento oportuno, porque senão serão consideradas sana-
Também em regra, da decisão que recebe a denúncia das. Todavia, é imperioso lembrar que após o Código de
ou queixa não cabe recurso. Aqui, caberá recurso em 2. Irregularidade: primeiramente, podemos contar o vício pro- Processo Penal, que entrou em vigor em janeiro de 1942,
sentido estrito. cessual irregularidade, ou mera irregularidade. Na irregularida- foram elaboradas Constituições e dentre elas a vigente
Nota 2: também tendo em vista a nova redação do Códi- de a lei não é seguida, houve um erro. Mas o erro existente não Carta Magna de 1988. E a Constituição Federal só traz
go de Processo Penal dada pela lei 11.719/08, determina trouxe prejuízo algum às partes envolvidas no processo. questões de ordem pública, com interesse público e por
a lei (art. 394, §4º do CPP) que “as disposições dos arts. isso, presumido (não precisa ser demonstrado). Dessa
395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedi- 3. Inexistência: por outro lado, às vezes a lei é descumprida forma, quando a Constituição Federal for violada, ainda
mentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados e o vício que surge é tão grande que não anula o ato, o des- que o Código de Processo Penal diga que ela é relativa,
neste Código”. Dessa forma, caberá a citação, a defesa/ caracteriza. Veremos mais à frente que o ato anulável é iden- ela será absoluta.
contestação no prazo de 10 dias e a decisão do juízo tificável. Ele é mal feito, mal elaborado, mas aquele que vem LINK ACADÊMICO 4
acerca da possibilidade de absolvição sumária. o ato (mesmo mal feito) consegue identificá-lo. Na inexistência
isso não ocorre, porque o ato foi profundamente afetado (p. ex. RECURSOS: PRINCÍPIOS,
3. Procedimento para Crimes de Funcionário Públi- vimos que uma sentença é dividida em três partes: relatório,
co: o Código de Processo Penal marca a partir do art. fundamentação e parte dispositiva. Imaginando-se uma sen- PRESSUPOSTOS E EFEITOS
513 o processo e julgamento dos crimes de responsabi- tença sem fundamentação, vemos que ela está mal feita, erra-
lidade dos funcionários públicos. Só seguirão esse rito da, deve ser feita de novo por impositivo constitucional – art. 1. Introdução: os recursos estão presentes em todas as le-
os crimes afiançáveis. E de especial esse procedimento 93, IX, CF – que determina a fundamentação dos atos judiciais. gislações por ser uma decorrência do próprio comportamen-
só tem um único fator: após o oferecimento da denún- É caso de nulidade. Todavia, se a sentença não tiver a parte to humano ser falível, sujeito a erro ou ao desconhecimento,
cia e antes do recebimento da denúncia, o acusado dispositiva, a decisão, a imposição do “posto isso, condeno” ou sujeito a desatenção e aos vícios morais, sujeito ao interesse
apresentará a defesa preliminar, consistente em toda “posto isso, absolvo”, o vício na sentença será tão grande que pessoal e ao sentimento. Por isso, as decisões podem ser
matéria de defesa. Com o recebimento da denúncia, o a mesma não deverá ser refeita. Simplesmente o ato deverá revistas, re-analisadas.
procedimento a ser seguido é o procedimento comum ser desconsiderado, ignorado, para que seja feito um ato con-
ordinário. O verbete número 330 da Súmula do Superior dizente. É o caso de inexistência. 2. Princípios que regem os recursos
Tribunal de Justiça, no entanto, praticamente extinguiu 2.1. Princípio do duplo grau de jurisdição: é necessário
esse procedimento especial, ao prever que é desneces- 4. Nulidades (em geral): quando o ato procedimental foi ela- que as decisões possam ser reavaliadas por um outro órgão,
sária a resposta preliminar na ação penal instruída por borado fora dos padrões legais, feriu regras e com isso preju- diferente daquele que deu a decisão. Geralmente, aqueles
inquérito policial, pois, se o inquérito policial é dispen- dica ou pode prejudicar uma das partes processuais, esse ato que analisam os recursos são pessoas mais experientes,
sável, na ampla maioria será a base de sustentação da deverá ser refeito porque ele é nulo. Portanto, a nulidade é um que contam com um conhecimento mais abrangente, uma
petição inicial. vício que macula o processo, contamina os demais atos, faz visão mais ampla e menos impetuosa acerca do calor dos
com que o ato viciado deva ser refeito. As nulidades poderão fatos. Por isso, ainda que o magistrado que tenha dado a
4. Procedimento dos crimes contra honra: se não for ser relativas ou absolutas. decisão seja mal-intencionado ou mal-informado, há a segu-
caso de procedimento sumaríssimo do JECRIM, em ra- 4.1. Nulidades relativas: devem ser argüidas no momento rança de que a decisão poderá ser revista.
zão da pena, os crimes contra a honra (Calúnia, Difama- oportuno, porque se não forem, elas se convalidam. Em re- 2.2. Princípio da fungibilidade dos recursos: por esse
ção e Injúria, de acordo com os artigos 138 e seguintes do gra, o momento para manifestá-la é a primeira oportunidade princípio, ainda que o recurso interposto seja o errado, o ina-
Código Penal) terão um rito especial. Na verdade, o rito de se manifestar nos autos. O prejuízo, nesse caso, deve ser dequado, ele poderá ser conhecido como sendo o correto,
será o comum ordinário (segundo o artigo 519 do Código demonstrado. desde que não haja má-fé. A má-fé será presumida se o re-
de Processo Penal), com alterações, que o tornará espe- 4.2. Nulidades absolutas: podem ser argüidas a qualquer corrente perdeu o prazo do recurso correto e ingressou com
cial. Antes do recebimento da queixa, o Juiz marcará uma tempo e o prejuízo é presumido, não precisando ser demons- um recurso com prazo maior. P. ex. perdeu-se o prazo para
audiência para a tentativa de reconciliação das partes, trado. a apelação (5 dias) e ingressou-se com recurso especial (15
em que as mesmas comparecerão sem a presença de dias) totalmente incabível a espécie. Mesmo que o recorren-
seus advogados. Outra diferença é que no momento da 5. Princípios que regem as nulidades te tenha mesmo se equivocado, o recurso não será aceito,
defesa prévia pode ser oferecida a exceção da verdade, 5.1. “Pas de nullité sans grief”: não há nulidade sem pre- porque a má-fé é presumida. Mas, quando não houver má-
em que o acusado se defende afirmando ter se manifes- juízo. Aliás, esse é um marco diferencial entre a nulidade da fé, p. ex. ingressar com apelação (5 dias) ao invés de recurso
tado contra a vítima, mas só porque era verdade. O que- mera irregularidade. A última não prejudica; já a nulidade sem- em sentido estrito (5 dias), o recurso será aceito.
relante poderá contestar a exceção da verdade no prazo pre prejudica. 2.3. Princípio da segurança jurídica: pelo princípio da
de 2 (dois) dias, podendo ser inquiridas as testemunhas 5.2. Instrumentalidade das formas: segundo o artigo 566 do segurança jurídica os processos terão fim. Embora quase
arroladas na queixa ou outras indicadas naquele prazo, Código de Processo Penal “não será declarada nulidade de ato que sempre caiba recurso no processo penal, e por essa
em substituição. Nos moldes dos crimes previstos na Lei processual que não houver influído na apuração da verdade sistemática o processo pode se alongar bastante, um dia
de Imprensa, a exceção da verdade cabe para a calúnia, substancial ou na decisão da causa”. Dessa forma, o ato pro- ele terá fim, eis que haverá decisões que não são passíveis
para a difamação contra funcionário público no exercício cessual que atingiu a sua finalidade, que fez com que viesse à de recurso e que o prazo para determinados recursos pas-
da função, mas não cabe contra a injúria. luz a verdade real, não deve ser anulado. sarão “in albis” sem qualquer movimentação no sentido de
5.3. Causalidade: será declarada a nulidade de todos os atos impugná-los.
5. Procedimento dos crimes contra a propriedade que sejam dependentes do ato anulado. É uma nulidade de- 2.4. Proibição da “reformatio in pejus”: aquele que re-
imaterial: os crimes contra a propriedade imaterial são rivada, ou seja, o ato será anulado sem ter problemas, será correu não poderá ter piorada a sua situação, se a parte
aqueles definidos no Código Penal a partir do artigo 184. anulado porque o outro ato estava viciado. Ao revés, os atos contrária não tiver recorrido também. Esse é o entendi-
São aqueles que protegem a atividade criativa das pes- que não dependam do anulado prevalecerão, em nome da mento do art. 617 do CPP, ao dizer que “o tribunal, câma-
soas, expressões do intelecto que, indiscutivelmente, re- economia processual. ra ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos
fletem na esfera patrimonial do ser humano. Eles também 5.4. Interesse: só a parte prejudicada pode alegar a nulidade, arts. 383, 386 e 387 no que for aplicável, não podendo,
seguirão o procedimento comum ordinário, com as mu- embora ela possa ser declarada de ofício. porém, ser agravada a pena, quando somente o réu hou-
danças elencadas nos artigos 524 e seguintes do Código 5.5. Ninguém pode alegar a própria torpeza em juízo: esse ver apelado da sentença”. A “reformatio in pejus” poderá
de Processo Penal. E diferença do procedimento reside princípio geral de direito se aplica às nulidades, isso porque, ser: a) direta: quando p. ex. o réu é condenado a uma
exatamente no fato de que se o crime deixar vestígios, aquele que deu causa a nulidade não poderá alegá-la. pena de 2 (dois) anos de reclusão, recorre pleiteando a
obrigatoriamente deve ser feita a busca e apreensão do absolvição, o Ministério Público não recorre e o Tribunal
material, bem como deve ser efetuada perícia. A diligência 6. Nulidades em espécie: o Código de Processo Penal, a partir aumenta a pena do réu para 3 (três) anos de reclusão; b)
de busca ou de apreensão será realizada por dois peritos do art. 564, aponta os casos em que haverá nulidade. São eles: indireta: quando p. ex. o réu é condenado a uma pena
nomeados pelo juiz, que deverão verificar a existência de Incompetência, suspeição ou suborno do Juiz; Ilegitimidade de de 2 (dois) anos de reclusão, recorre pleiteando a absolvi-
fundamento para a apreensão. Quer a diligência se reali- parte; denúncia, queixa ou representação mal formulados; falta ção ou o reconhecimento de nulidade na citação, o Minis-
ze, quer não, o laudo pericial será apresentado dentro de de exame de corpo de delito, quando a infração deixar vestí- tério Público não recorre e o Tribunal anula o processo.
três dias após o encerramento da diligência, sendo certo gios salvo se os vestígios tiverem desaparecidos e puderem O processo recomeça com nova citação, a instrução é
que o requerente da diligência poderá impugnar o laudo ser supridos por testemunhas; falta da nomeação de defensor toda refeita e, ao final, o Juiz condena o réu a uma pena
contrário à apreensão, e o juiz ordenará que esta se efe- quando o réu não tiver; falta da intervenção do Ministério Pú- de 3 (três) anos de reclusão. Ou seja, de início o recur-
tue, se reconhecer a improcedência das razões aduzidas blico em todos os atos processuais da ação pública ou privada so do recorrente não o prejudicou, mas posteriormente,
pelos peritos. Sem a prova do direito de ação não será subsidiária da pública; falta ou irregularidade da citação, do verificou-se o prejuízo. No caso, no novo processo o réu
admitida a queixa. Aliás, é imperioso lembrar que o prazo interrogatório ou dos prazos conferidos às partes; falta ou ir- só poderá ser condenado a uma pena de 2 (dois) anos de
decadencial para se ingressar com a queixa-crime nos regularidade da sentença de pronúncia; falta ou irregularidade reclusão, no máximo.
crimes contra a propriedade imaterial é de 30 (trinta) dias, da intimação do réu para a sessão de julgamento no Júri, salvo Nota: em se tratando de julgamento pelo Tribunal do Júri, em-
a contar da homologação do laudo supracitado. quando a lei possibilite o julgamento a revelia; falta ou irregula- bora exista corrente em sentido contrário, também não poderá
ridade da intimação das testemunhas de acusação e de defesa haver “reformatio in pejus” direta ou indireta, para a corrente
6. Procedimento para os crimes falimentares: o para o julgamento no Júri; quando da presença de menos de majoritária.
procedimento para os crimes falimentares estavam pre- 15 (quinze) jurados para a constituição do Júri; Irregularidade 2.4.1. “Reformatio in mellius”: sempre poderá ocorrer

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(Ex.: réu é condenado a pena de dois anos de reclusão, efeito e outros não. O recurso suspensivo faz com que a de- máximo, a instância que analisará o recurso poderá
não recorre; o Ministério Público, pleiteando o aumento cisão impugnada não produza os seus efeitos imediatamente. anular o julgamento, submetendo o acusado a novo
de pena, apela e o Tribunal nega provimento ao recurso e O agravo em execução nunca terá efeito suspensivo e nem o julgamento, ou modificar a pena, ou ainda aplicar ou
reduz a pena imposta). recurso que ataca a absolvição. As decisões, nesses casos, deixar de aplicar um benefício, que, a rigor, são atri-
sempre terão efeito imediato. Cumpre assentar que a legisla- buições do Juiz Presidente e não dos jurados. Cabe,
3. Pressupostos recursais: para que um recurso seja ção atual não impede a nenhum crime (nem mesmo hediondo ainda, apelação das decisões definitivas ou com força
aceito, conhecido, ele deve cumprir todos os pressupos- ou equiparado a hediondo) a possibilidade do réu condenado de definitivas, proferidas pelo Juiz singular e que não
tos recursais. Os pressupostos recursais poderão ser recorrer em liberdade, ou seja, apelar com efeito suspensivo. haja previsão de cabimento do recurso em sentido
objetivos e subjetivos. a) Os pressupostos recursais No processo penal, muitas vezes o “habeas corpus” e o man- estrito.
objetivos são: cabimento, adequação, tempestivida- dado de segurança são utilizados para conferir efeito suspen- Nota: há decisões no processo penal a que cabe
de, regularidade procedimental e ausência de fatos sivo ao recurso que não teve conferido esse efeito. recurso, mas não há previsão do RESE. É caso de
impeditivos ou extintivos ao direito de recurso. b) Os 4.3. Efeito extensivo: o efeito extensivo poderá ocorrer no cabimento da apelação. P. ex., cabe apelação da de-
pressupostos recursais subjetivos são: legitimidade caso do concurso de agentes quando um dos réus interpor o cisão sobre a restituição de coisas apreendidas (não
e interesse. recurso (e o outro não) se fundando em motivos que não se- contempladas com o RESE). Observe-se que nos Jui-
3.1. Cabimento: para que alguém possa recorrer, deve jam de caráter exclusivamente pessoal. Nesse caso, a decisão zados Especiais Criminais não há previsão do RESE
ser cabível recurso. Em regra, das decisões criminais pertinente ao recurso do recorrente estenderá seus efeitos ao e, por isso, o recurso aplicado é a Apelação.
sempre cabem recursos. Mas essa regra comporta algu- réu não recorrente. 3.1. Prazo: o prazo para interpor a apelação é de 5
mas exceções, em que não há recurso previsto. Destarte, 4.4. Efeito regressivo: o efeito regressivo também é chamado (cinco) dias. No entanto, no JECRIM o prazo é de 10
da decisão que rejeita a denúncia ou queixa, em regra de efeito devolutivo diferido, efeito iterativo ou juízo de retrata- (dez) dias e o prazo para a vítima não habilitada ape-
(na imprensa é diferente) cabe recurso em sentido es- ção. É a possibilidade que alguns recursos têm de fazer com lar é de 15 (quinze) dias após o prazo conferido ao
trito, mas da decisão que recebe a denúncia ou queixa que aquele que deu a decisão possa revê-la. Cabe esse efeito Ministério Público. Há previsão de prazo para a apre-
não cabe recurso. Da decisão do Juiz que se dá por in- para o recurso em sentido estrito, para o agravo em execução sentação de razões de apelação e de contra-razões.
competente não cabe recurso. O mesmo caminho para e para a correição parcial, dentre outros. Esse prazo é de 8 (oito) dias.
a decisão que arquiva inquérito policial, embora nesse Nota: o artigo 416 do CPP (com a redação dada pela
caso, o inquérito poderá ser reaberto com o concurso de 5. Recurso voluntário e recurso de ofício: os recursos po- lei 11.689/08) afirma que da decisão de impronúncia
novas provas. dem ser interpostos voluntariamente, ou seja, aquele que se e absolvição sumária o recurso pertinente é a ape-
3.2. Adequação: em regra, para cada decisão no pro- sentiu prejudicado com a decisão poderá impugná-la. Todavia, lação.
cesso penal há um recurso adequado, conforme vere- há casos em que mesmo sem recurso voluntário, o processo LINK ACADÊMICO 6
mos nos recursos em espécie. Essa regra é quebrada terá o duplo grau de jurisdição obrigatório, eis que a decisão
na medida em que de um mesmo acórdão pode caber obrigatoriamente deverá ser reavaliada pela superior instância. 4. Embargos de Declaração: cabem embargos de
recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, por É o caso da decisão que concede a ordem de “habeas corpus” declaração (ou declaratórios) da sentença ou acór-
ter violado a Constituição Federal e recurso especial ao que embora possa ser impugnada por recurso em sentido es- dão omisso, contraditório, ambíguo, obscuro. No ca-
Superior Tribunal de Justiça, por ter violado lei federal. trito, se não o for, passará pelo recurso de ofício. pítulo dos recursos no Código de Processo Penal, há
De uma mesma sentença pode caber apelação – para LINK ACADÊMICO 5 previsão dos embargos somente para acórdãos (arts.
reverter a condenação ou absolvição, p. ex. – e embargos 619 e 620). Entretanto, também cabem embargos
de declaração – em razão da omissão, contradição etc. É RECURSOS EM ESPÉCIE das sentenças, com previsão legal no capítulo desti-
importante lembrar que se o recurso interposto não for o nado à sentença, mais precisamente no artigo 382, e
adequado, será aceito como o correto se não houver má- 1. Recurso em sentido estrito (RESE): é o primeiro dos que alguns autores chamam de “embarguinhos”.
fé – princípio da fungibilidade dos recursos já verificado. recursos previstos no Código de Processo Penal (art. 581) 4.1. Prazo: o prazo para a oposição de embargos é
3.3. Tempestividade: é da própria característica dos que traz um rol taxativo para atacar as decisões, des- de 2 (dois) dias. Contudo, nos Juizados Especiais
recursos que eles devam ser intentados num prazo. As pachos ou sentenças lá previstas. Entretanto, parte das Criminais o prazo para a oposição é de 5 (cinco)
decisões devem passar por um período em que elas ga- decisões previstas no art. 581 e que caberia recurso em dias.
nharão publicidade, em que elas devem ser analisadas e sentido estrito, depois da criação do agravo em execução
deve ser analisada a possibilidade de reforma. Passado com a Lei de Execução Penal, passaram a caber agravo. 5. Embargos Infringentes e embargos de nulida-
esse prazo, não há como recorrer, tendo em vista o princí- 1.1. É passível de recurso em sentido estrito a deci- de: embargos infringentes e de nulidade também são
pio da segurança jurídica, de que os processos terão fim. são: que não receber a denúncia ou a queixa; que concluir recursos exclusivos da defesa. Cabem das decisões
3.4. Regularidade procedimental: cada recurso tem pela incompetência do juízo; que julgar procedente as ex- não unânimes, da segunda instância e que sejam
uma característica, uma forma, e esse formato deve ser ceções, salvo a de suspeição; que pronunciar o acusado; desfavoráveis ao réu. Esses recursos se apóiam exa-
seguido, sob pena de não conhecimento do recurso. Por que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea tamente no voto vencido. Tecnicamente, se diria que
esse aspecto, há recurso arrazoados, em que o recorren- a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou os embargos infringentes e os embargos de nulidade
te deve dar as razões de seu inconformismo. Há recursos revogá-la, conceder a liberdade provisória ou relaxar a pri- têm o efeito devolutivo limitado ao voto vencido. A
que seguem para o tribunal por instrumento (com cópias são em flagrante; que julgar quebrada a fiança ou perdido diferença dos embargos infringentes para os embar-
que necessariamente devem acompanhar o recurso). Há o seu valor; que decretar a prescrição ou julgar, por outro gos de nulidade é que nos infringentes a divergência
recursos que tem juízo de retratação, que deve ser anali- modo, extinta a punibilidade; que indeferir o pedido de re- apontada é de mérito e nos de nulidade a divergência
sado. Há recursos que para serem analisados não pres- conhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da é processual.
cindem do prequestionamento da matéria. Todos esses punibilidade; que conceder ou denegar a ordem de “habe- 5.1. Prazo: o prazo para a oposição de ambos é de
são casos de regularidade procedimental do recurso. as corpus”; que anular o processo da instrução criminal, 10 (dez) dias.
3.5. Ausência de fatos impeditivos ou extintivos ao no todo ou em parte; que incluir ou excluir jurado da lista
direito de recurso: são impeditivos ao direito de recurso geral; que denegar a apelação ou julgá-la deserta; que or- 6. Correição parcial: a correição parcial é um recurso
a renúncia – manifestação, quando da decisão, que não denar a suspensão do processo, em virtude de questão que não está previsto no Código de Processo Penal.
quer recorrer - e o não recolhimento à prisão nos casos prejudicial; que decidir o incidente de falsidade. A correição está prevista geralmente nos regimentos
em que a lei determina (embora, na legislação atual, todas 1.2. Prazo: o prazo para a interposição do recurso em sen- internos dos Tribunais. No Estado de São Paulo, a
as infrações, até mesmo nos crimes hediondos ou equi- tido estrito, em regra, é de 5 (cinco) dias. Todavia, a vítima correição está prevista no Código Judiciário do Esta-
parados a hediondos, possa o réu recorrer em liberdade não habilitada poderá recorrer no prazo de 15 (quinze) do de São Paulo (Decreto Lei Complementar Estadual
em alguns casos). É fato extintivo ao direito de recurso a dias após o prazo do Ministério Público e, da decisão que nº. 3 de 1969). Esse recurso visa corrigir um erro no
desistência do recurso, ou seja, após a sua interposição exclui ou inclui jurado da lista geral o recurso tem prazo procedimento adotado pelo Juiz e não um erro no seu
a manifestação de que não quer prosseguir com o recur- de 20 (vinte) dias. Como se trata de recurso arrazoado, o julgamento. O Juiz é um administrador e, como admi-
so e a deserção, que se dá pela falta de recolhimento prazo para que o recorrente apresente as razões do seu nistrador tem funcionários que lhe são subordinados,
de custas nos Estados em que houver essa previsão na inconformismo é de 2 (dois) dias, sendo igual o prazo para alguns administram orçamentos inclusive, controla a
esfera criminal ou pela fuga do réu preso da prisão após apresentar as contra-razões de recurso. rotina de audiências e dá andamento ao processo. Se
a interposição do recurso. Observe-se que para que o re- 1.3. Juízo de retratação: no recurso em sentido estrito o Juiz cometer uma inversão tumultuária que acabe
curso seja conhecido, não devem estar presentes esses está presente o juízo de retratação, ou seja, o Juiz que por atrapalhar o bom andamento do processo ou a
fatos impeditivos ou extintivos. Também vale lembrar que decidiu poderá voltar atrás em sua decisão. urbanidade no tratamento com as partes, o recurso
o Ministério Público não poderá desistir do recurso que 1.4. Procedimento: o RESE pode subir para o tribunal por contra tal ato é a correição parcial.
tenha interposto. instrumento ou nos próprios autos, dependendo se o pro- 6.1. Prazo: em regra, o prazo para a interposição da
3.6. Legitimidade: o recurso no processo penal poderá cesso terá regular andamento apesar do recurso (subirá correição parcial é de 5 (cinco) dias. A correição par-
ser interposto pelo Ministério Público, pelo querelan- por instrumento) ou ficará parado, aguardando a decisão cial tem juízo de retratação e pode trazer conseqüên-
te, pelo réu, seu procurador ou defensor, pelo curador (subirá nos próprios autos). Quando o recurso subir por cias administrativas para o Magistrado.
do acusado, querelado, assistente de acusação e até instrumento, a parte indicará no respectivo termo, ou em
mesmo a vítima não habilitada. Todavia, na ação penal requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda 7. Recurso ordinário constitucional: o recurso or-
exclusivamente privada o Ministério Público não poderá traslado. dinário constitucional tem previsão nos artigos 102 e
recorrer, por não ter legitimidade ante o interesse pura- 105 da Constituição Federal, pois esse recurso pode
mente privado. 2. Agravo em execução: tem a sua previsão no art. 197 ser intentado para o Supremo Tribunal Federal (re-
3.7. Interesse: quem tem interesse em recorrer é aquele da Lei de Execução Penal. O agravo em execução terá gras do art. 102) e para o Superior Tribunal de Justiça
que foi sucumbente na decisão. Sucumbente é aquele o mesmo processamento que o recurso em sentido es- (regras do art. 105).
que perdeu algo na decisão, mesmo que seu interesse trito (Súmula 700 do STF). Diante disso, o prazo para a Cabe recurso ordinário constitucional para o STF
tenha sido afetado em parte. Dessa forma, mesmo o réu interposição é de 5 (cinco) dias e o prazo para razões e quando o “habeas corpus”, o mandado de segurança,
absolvido poderá recorrer para modificar o fundamento contra-razões também é de 2 (dois) dias, podendo subir o “habeas data” e o mandado de injunção forem de-
da absolvição, ou, o Ministério Público poderá recorrer na por instrumento ou não. cididos em única instância pelos Tribunais Superiores
condenação para aumentar a pena. (STJ, TST, TSE, STM), quando denegatórias, bem
3. Apelação: cabe apelação da sentença absolutória ou como as decisões sobre crimes políticos. Cabe recur-
4. Efeitos dos recursos: pode o recurso produzir alguns condenatória do Juízo Singular ou do Tribunal do Júri. so ordinário constitucional para o STJ quando o “ha-
efeitos, conforme a disposição legal ou característica a Das sentenças absolutórias ou condenatórias do Júri cabe beas corpus” for decidido em única ou última instân -
que esteja sujeito..Os efeitos dos recursos serão o devo- apelação quando ocorrer nulidade posterior à pronúncia, cia pelos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
lutivo, o suspensivo, o extensivo e o regressivo. quando a sentença do Juiz Presidente for contrária a lei dos Estados, do Distrito Federal ou dos Territórios,
4.1. Efeito devolutivo: esse efeito é comum a todos os expressa ou à decisão dos jurados, quando houver erro quando denegatório e os mandados de segurança de-
recursos. A matéria que foi impugnada no recurso poderá ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida cididos em única instância pelos Tribunais Regionais
ser revista pelo órgão encarregado de analisar o recurso. de segurança ou quando a decisão dos jurados for mani- Federais, dos Tribunais dos Estados, do Distrito Fe-
Por outro lado, a matéria que não foi impugnada, não po- festamente contrária à prova dos autos. Da apelação da deral ou dos Territórios, quando denegatórios.
derá ser reavaliada, com as ressalvas das questões de decisão do Júri, é importante lembrar que existe o princípio 7.1. Prazo: o prazo para ingressar com o recurso or-
ordem pública. da soberania dos veredictos, sendo certo que a segunda dinário constitucional é de 5 (cinco) dias.
4.2. Efeito suspensivo: Alguns recursos podem ter esse instância não poderá nem condenar e nem absolver. No Nota: usa-se muitas vezes como sinônimo de recurso

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ordinário constitucional o recurso em “Habeas corpus” quando, após a sentença, descobrirem-se novas provas magistrado não fundamento corretamente o decreto
(RHC) e recurso ordinário. de inocência do condenado ou de circunstância que deter- segregacional, o “HC”, nesse caso, será liberatório.
mine ou autorize diminuição especial da pena. Em suma, se a coação estiver materializada, expres-
8. Carta testemunhável: cabe carta testemunhável 2.1. Competência: a competência para analisar a revisão sa e escrita, o “HC” será liberatório. Se houver uma
da decisão que denega ou nega seguimento ao re- criminal é: o Supremo Tribunal Federal, quanto às conde- ameaça (verbal, velada) de coação, caberá “HC”
curso em sentido estrito, ao agravo em execução e nações por ele proferidas; o Superior Tribunal de Justiça, preventivo. Somente a concessão da ordem ao “HC”
ao protesto por novo júri. Esse recurso não tem efeito Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça, nos preventivo faz com seja expedido um documento de-
suspensivo e pesa sobre ele uma peculiaridade: é um demais casos. Observe-se que a lei (art. 624 do CPP) nominado “salvo conduto”, que o paciente trará con-
recurso que é interposto perante o Escrivão-diretor ou ainda menciona a competência do Tribunal Federal de Re- sigo e, se a coação se materializar, o “salvo conduto”
Secretário do Tribunal. cursos (extinto com a Constituição Federal, sendo que no a combaterá.
8.1. Prazo: o prazo para a interposição é de 48 (qua- seu lugar foram criados o Superior Tribunal de Justiça e os 4. Mandado de Segurança em matéria criminal: foi
renta e oito) horas. Tribunais Regionais Federais) e dos Tribunais de Alçada criado para amparar o direito líquido e certo que não
LINK ACADÊMICO 7 (que também foram extintos). for acobertado pelo “habeas corpus” ou “habeas data”,
9. Recurso especial: caberá recurso especial dirigido Nota 1: a revisão criminal poderá ser intentada mais de quando o responsável pela ilegalidade ou o abuso for
ao Superior Tribunal de Justiça quando a causa for uma vez, desde que por motivos distintos. autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
decidida em única ou última instância, pelos Tribunais Se a revisão criminal for julgada procedente, o Tribunal exercício de atribuições do Poder Público. Tem o seu
Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, processamento previsto na Lei 1.533/51, mas foi ele-
Distrito Federal ou dos Territórios, quando a decisão modificar a pena ou anular o processo. Quando o con- vado à condição de garantia constitucional, ao ser
contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigên- denado é absolvido em sede de revisão criminal, todos previsto no art. 5º, inc. LXIX, da CF. Não é recurso.
cia, julgar válido ato de governo local contestado em os seus direitos perdidos são restabelecidos, devendo o Sua natureza é de uma ação, predominantemente é
face de lei federal ou der a lei federal interpretação Tribunal, se for o caso, impor medida de segurança. cível, com rito sumaríssimo, mas dada a sua afinida-
divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. Nota 2: pode o Tribunal reconhecer o direito a uma justa de com o “habeas corpus” porque ambos pretendem
O prazo para a interposição desse recurso é de 15 indenização pelos prejuízos sofridos pelo réu, desde que proteger imediatamente o indivíduo, tem possibilida-
(quinze) dias e, para o seu seguimento normal é im- o mesmo requeira, sendo que a liquidação far-se-á na es- de de aplicação na esfera criminal. O seu campo de
prescindível o prequestionamento da matéria. fera cível e será respondida pela União ou pelo Estado, atuação no processo penal, por suas características,
dependendo do caso. Entretanto, a indenização não será acaba por ser complementar ao campo destinado aos
10. Recurso extraordinário: caberá recurso extraor- devida se o erro ou a injustiça da condenação proceder remédios constitucionais citados. Assim, onde não
dinário dirigido ao Supremo Tribunal Federal quando a de ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como a cabe “HC” ou “habeas data”, cabe mandado de se-
causa for decidida em única ou última instância, quan- confissão ou a ocultação de prova em seu poder e se a gurança. O direito líquido e certo que o mandado de
do a decisão recorrida contrariar dispositivo da Consti- acusação for meramente privada. segurança pretende proteger é aquele indiscutível,
tuição Federal, julgar válida lei ou ato local contestado que não paira dúvidas, que não precisa de maiores
em face da Constituição Federal, julgar válida lei local 3. “Habeas corpus”: o “habeas corpus” não é um re- esclarecimentos. É o caso, p. ex., do direito do ad-
contestada em face de lei federal. Para esse recurso, o curso. É uma ação de impugnação, uma ação popular vogado do averiguado tirar cópias do inquérito poli-
prazo para a interposição é de 15 (quinze) dias e, para constitucional, é, enfim, um remédio constitucional. Cabe cial, ou o direito do advogado de ver consignadas as
o seu seguimento normal também é imprescindível o “HC” nos dias atuais quando a pessoa humana estiver perguntas indeferidas pelo Juiz quando da oitiva de
prequestionamento da matéria e a demonstração de ameaçada no seu direito de ir, vir ou permanecer. A pes- testemunhas ou então o direito que assiste a vítima
repercussão geral das questões constitucionais discu- soa a quem se destina o “habeas corpus” é chamada de de um furto de automóvel de obter a liberação de seu
tidas no caso. paciente (aquele que está sofrendo ou prestes a sofrer veículo para o seu uso.
coação no seu direito ambulatório). Que pede a ordem de Quem tem legitimidade para impetrar mandado de
11. Agravo de instrumento: o agravo de instrumento “habeas corpus” é chamado de impetrante. segurança é a pessoa lesada em seu direito pela ile-
na esfera criminal tem previsão na lei 8038/90, lei essa Qualquer pessoa pode ser impetrante do HC, menos o galidade ou abuso de poder. Entretanto, a inicial deve
que institui normas procedimentais perante o Superior Juiz enquanto Juiz da causa (enquanto cidadão ele pode- ser subscrita por advogado, regularmente inscrito na
Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, mais rá impetrar). Nesse sentido, o próprio paciente poderá in- OAB. É da própria natureza do mandado de seguran-
precisamente no art. 28 da referida lei. O seu prazo é gressar, pessoa leiga também e até menor de 18 (dezoito) ça a possibilidade de concessão de liminar “inaudita
de 5 (cinco) dias e tem cabimento das decisões que anos poderá impetrar “HC”. altera pars”, sempre que presente o “fumus boni iuris”
denegam recurso extraordinário ou especial. O agravo Nota: antigamente se falava em “Autoridade coatora” que e o “periculum in mora”.
deverá ser instruído com as peças que forem indica- cometesse abuso e prejudicasse o direito de “ir e vir” do Nota: não caberá mandado de segurança quando a
das pelo agravante e pelo agravado, dele constando, paciente. Mas, atualmente, cabe “habeas corpus” também lei admitir, para o caso, um recurso específico.
obrigatoriamente, além das mencionadas no parágrafo da ilegalidade praticada ferindo direito de “ir, vir e perma- LINK ACADÊMICO 9
único do art. 523 do Código de Processo Civil, o acór- necer”, admitindo, portanto, a medida heróica contra a ati-
dão recorrido, a petição de interposição do recurso e tude do particular. Assim, p. ex., se alguém se interna num
as contra-razões, se houver. hospital e, tendo possibilidade de alta médica, é impedido
de deixar dito estabelecimento, cabe “HC” contra a atitude
12. Agravo regimental: o agravo regimental não está do diretor do hospital.
previsto no Código de Processo Penal. A sua previsão 3.1. A coação será ilegal (art. 648 do CPP): a) quando A coleção Guia Acadêmico é o ponto de partida dos estudos
vem nos regimentos internos dos Tribunais, para ata- não houver justa causa para o ato; b) quando alguém esti- das disciplinas dos cursos de graduação, devendo ser
car decisões que não seguem esses regimentos. Em ver preso por mais tempo do que a lei determina; c) quan- complementada com o material disponível nos Links e com a
do quem ordenar a coação não tiver competência para leitura de livros didáticos.
regra, o prazo para a sua interposição é de 5 (cinco)
dias. fazê-lo; d) quando houver cessado o motivo que autorizou Processo Penal II – 2ª edição - 2009
LINK ACADÊMICO 8 a coação; e) quando o processo for manifestamente nulo
e; f) quando estiver extinta a punibilidade. Coordenador:
3.2. Competência: salvo as competências especiais por Carlos Eduardo Brocanella Witter, Professor universitário e de
AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO prerrogativa da função (elencadas no capítulo acerca da cursos preparatórios há mais de 10 anos, Especialista em Di-
1. Introdução: mesmo estando previstos no título do competência), em regra se impetra “habeas corpus” para reito Educacional; Mestre em Educação e Semiótica Jurídica;
a autoridade ou instância acima de quem estiver infringin- Membro da Associação Brasileira para o Progresso da Ciência;
Código de Processo Penal, Título II do Livro III – Dos Palestrante; Advogado e Autor de obras jurídicas.
Recursos em geral, mais precisamente nos capítulos VII do o direito de locomoção. Desse modo, se a autoridade
e X, nem a Revisão Criminal e nem o “habeas copus” são re- coatora for Delegado de Polícia ou a ilegalidade partir do Autor:
cursos. A natureza jurídica desses institutos é de verdadeira particular, a impetração se dará para o Juiz. Se a autorida- Rodrigo Julio Capobianco é advogado militante especializado
ação de impugnação ou impugnativa porque estabelecem de for o Juiz, impetra-se para o Tribunal. Se a autoridade em Tribunal do Júri, pós-graduado “lato sensu” em Moderna
uma nova relação jurídica. Com efeito, os recursos atacam coatora for o Tribunal o “HC” irá para o Superior Tribunal Criminologia pelo IBCCrim/Apamagis, em Direito Empresarial
decisões dentro do processo penal, mas, por suas naturezas de Justiça. Se a autoridade coatora for o STJ a impetra- pela FMU e em Direito Imobiliário pela FMU, é Árbitro do TBAM
ção será para o Supremo tribunal Federal. Das coações - Tribunal Brasileiro de Arbitragem e Mediação, foi Presidente
e características, obedecem a um prazo para a interposição, do IBDF - Instituto Brasileiro de Defesa do Fornecedor gestão
sendo que passado esse prazo sem impugnação, dir-se-ia perpetradas pelos membro do STF, quem julga a ordem 2006/2007, é Professor em cursos preparatórios da área
que a decisão transitou em julgado, não podendo mais de “HC” é o próprio STF. jurídica desde 1998 nas áreas de Direito Penal e Processo
ser atacada por recurso. Pois bem, tanto a revisão Nota: não cabe “Habeas corpus” nos casos de punições Penal, é autor das obras “Coleção Como se Preparar para o
criminal, quanto o “habeas corpus”, não obedecem disciplinares. Exame de Ordem - Direito Penal” (5a Edição) e “Decisões
a prazo específico, podendo ser intentados a qual- 3.3. Procedimento: a petição inicial do “HC” poderá ter pe- Favoráveis à Defesa” (3a Edição) ambas da Editora Método,
quer momento, mesmo após o trânsito em julgado da dido de liminar, que será deferida se estiverem presentes São Paulo.
sentença condenatória. O mesmo raciocínio serve o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora” característicos
das concessões liminares. Nos Tribunais, quem analisa o A coleção Guia Acadêmico é uma publicação da Memes
para o mandado de segurança que, embora deva ser Tecnologia Educacional Ltda. São Paulo-SP.
impetrado no prazo máximo de 120 (cento e vinte) pedido liminar é o Relator. Pode, ainda, inicialmente, ser Endereço eletrônico: www.memesjuridico.com.br
dias do ato impugnado, estabelece uma nova relação determinado que se apresente o paciente no dia e hora
jurídica. que for designado. Após a distribuição do feito, concedida Todos os direitos reservados. É terminantemente proibida a
a liminar ou não, será pedida à autoridade apontada como reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer
2. Revisão Criminal: a revisão criminal é uma ação coatora ou o responsável pela ilegalidade as informações meio ou processo, sem a expressa autorização do autor e
de impugnação exclusiva da defesa. Após o trânsito atinentes ao caso. Recebidas as informações e, passados da editora. A violação dos direitos autorais caracteriza crime,
os autos pelo crivo do Ministério Público, o “habeas cor- sem prejuízo das sanções civis cabíveis.
em julgado da sentença condenatória, o condenado
por si só ou por advogado e seus ascendentes, des- pus” será julgado na primeira sessão seguinte.
cendentes, cônjuge ou irmão, na sua falta (ausência, Nota 1: da decisão do “Habeas Corpus” em primeira ins-
morte) poderão intentar essa ação. A revisão só cabe tância cabe recurso em sentido estrito ou outra ordem de
em favor do réu, nunca em favor da sociedade. Por “HC”, sendo que se conceder a ordem haverá recurso “de
isso, não cabe revisão criminal da sentença absolutó- ofício” e do “HC” denegado pelos Tribunais cabe recurso
ria. Assim, ainda que o réu tenha sido absolvido injus- ordinário constitucional.
tamente, ou por Juiz incompetente, nada poderá ser Nota 2: existem dois tipos de “habeas corpus”: o preventi-
feito em favor da sociedade, pois não há revisão “pro vo e o liberatório. a) “Habeas corpus” preventivo: ocorre
societate”. É possível se intentar a revisão criminal quando houver uma ameaça de coação; b) “Habeas cor-
até mesmo após o cumprimento da pena ou da mor- pus” liberatório: ocorre quando a coação estiver em cur-
te do condenado. Caberá revisão criminal: quando a so. Não se pode confundir a eventual prisão do réu com
sentença condenatória for contrária ao texto expres- a coação. A prisão em si não é coação – ela poderá ser o
so da lei penal ou à evidência dos autos; quando a efeito de uma coação anterior – p. ex. a prisão ser decre-
sentença condenatória se fundar em depoimentos, tada sem fundamento. Nesse diapasão, se o réu está na
exames ou documentos comprovadamente falsos; ou iminência de ser preso, diga-se, injustamente, porque o

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