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P rojeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizacáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoriam)
APRESENTAQÁO
DA EDIQÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos estar
preparados para dar a razáo da nossa
esperanza a todo aquele que no-la pedir
(1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos conta


da nossa esperanca e da nossa fé hoje é
mais premente do que outrora, visto que
somos bombardeados por numerosas
correntes filosóficas e religiosas contrarias á
fé católica. Somos assim incitados a procurar
consolidar nossa crenga católica mediante
um aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


- Responderemos propóe aos seus leitores:
¡ aborda questoes da atualidade
'* controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista crístáo a fim de que as dúvidas se
■ dissipem e a vivencia católica se fortaleca no
Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar
■""" ' este trabalho assim como a equipe de
Veritatis Splendor que se encarrega do
respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.

A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaca depositada


em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral
assim demonstrados.
Ano xxxix Agosto 1998 435
O Corpo Humano

Poder Regio e Inquisicáo em Portugal

As Espórtulas de Missa

Espórtulas "coletivas" de S. Missa

Por que ser fiel á Igreja?

O declínio da natalidade

Os graves erros da "Folha Universal"

Congelamento de Cadáveres Humanos

"Um pouco de Etiqueta nao faz mal"


PERGUNTE E RESPONDEREMOS AGOST01998
Publicado Mensal N°435

SUMARIO
Diretor Responsável
Estéváo Bettencourt OSB O Corpo Humano 337
Autor e Redator de toda a materia Procurando nos Bastidores:
publicada neste periódico Poder Regio e Inquisicáo
em Portugal 338
Diretor-Administrador:
Mal-entendidos:
D. Hüdebrando P. Martins OSB
As Espórtulas de Missa 345

Administracáo e Distribuicáo: Missas "Comunitarias":


Edicoes "Lumen Christi" Espórtulas "coletivas" de S. Missa 355
Rúa Dom Gerardo, 40 - 5° andar - sala 501 Muitos perguntam:
Tel.: (021) 291-7122 Por que ser fiel á Igreja? 361
Fax (021) 263-5679 Surpresa:
O declínio da natalidade 366
Enderezo para Correspondencia:
Preconceitos cegos:
Ed. "Lumen Christi"
Os graves erros da "Folha Universal".. 372
Caixa Postal 2666
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Congelamento de
Visite o MOSTEIRO DE SAO BENTO Cadáveres Humanos 378
e "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" "Um pouco de Etiqueta nao faz mal" ... 383
na INTERNET: http://www.osb.org.br
Livro em Estante 384
e-mail: LUMEN.CHRISTI @ PEMAIL.NET

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"marquessaraiva" COMAPROVACÁO ECLESIÁSTICA


GRÁFICOS E EDITORES /.roto.
Te,,: (021) 502-9498 NQ pR0X|M0 NÚMER0:

Separados e Re-casados. - O «Malleus Maleficarum» (O Martelo das Feiticeiras). -


Dízimo, Sacrificio e Gracas obtidas. - Oficinas de Oracáo aprovadas. - Respostas a
Questóes de Historia da Igreja. - Mes de setembro: mes sinistro?

(PARA RENOVACÁO OU NOVA ASSINATURA: R$ 30,00).


(NÚMERO AVULSO R$ 3,00).

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Obs.: Correspondencia para: Edicóes "Lumen Christi"


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O CORPO HUMANO

O mes de agosto, no calendario católico, é marcado pela testa da Assuncáo


corporal de María SS. aos céus. A Virgem Maria nao permaneceu sob o imperio da
morte, mas foi glorificada em corpo e alma ao terminar o curso de sua vida terrestre. O
Papa Pió XII, atendendo a pedido de Bispos e fiéis leigos, houve por bem, a 1fi/11/
1950, definir como artigo de fé a Assuncáo de Maria. Antes da definigáo, perguntavam
os teólogos por que definir urna verdade de fé já táo claramente professada pelo povo
de Deus; a resposta que Ihes foi dada, explicava que a afirmacáo da glorificacáo
corporal de Maria equivalía a enfatizar a dignidade do corpo humano, muito vilipendia
do pelos males físicos e moráis da segunda guerra mundial (1939-1945).
Lembrar tais fatos é altamente oportuno aínda em nossos días, quando se
conculca brutalmente a nobreza do corpo. A fé ensina que este é templo do Espirito
Santo (cf. 1Cor 6,19), portador de um principio de ressurreicáo (cf. Rm8,11). Mas nao
somente a fé... Já os antigos pensadores pagaos reconheciam a nobreza do corpo
humano. É o que atesta o naturalista romano Plinto o Velho (t 79 d.C.) ao falar de
"urna religiáo do corpo" (Historia Naturalis X1103), significando religiáo, nesta pers
pectiva, a índole misteriosa e transcendente do corpo humano. Escreve Plinto:
'"Hominis genibus quaedam et religio inest, observatione gentium... Inest et
alus partibus quaedam religio, sicut dextra osculis aversa appetitur, in fide porrigituf.
'Os joelhos do homem sao portadores de certa reverencia misteriosa, como atestam
os povos... Também as outras partes do corpo exprimem reverencia: a máo direita
deixa-se beijar pelos labios que a procuram, e estende-se aqueles a quem se dá em
confianca'".

Mais: a mecánica nao explicaría que o corpo humano, pesada massa de carne
flácida cujas articulacoes sao propensas a se dobrar todas simultáneamente, possa
permanecer erguido sobre a base táo exigua da planta de seus pés; urna vez morto,
esse corpo cai, só podendo ser levantado pelas torcas de dois ou tres homens. E nóte
se que o equilibrio do corpo humano vivo, contra todas as previsoes, nao é instável;
resiste ao furacáo e possibilita ao homem lutar em pé contra seus adversarios. Essa
burla infligida ás leis da pura materia significa precisamente que o homem nao é ape
nas materia; o garbo de seu porte constitui um sinal eloqüente do espirito que habita
no corpo e que é dignamente homenageado pela atitude erecta do ser humano.
Ainda por outra via se percebe o valor simbólico da estatura erecta do corpo
humano. Já o filósofo grego Aristóteles (t 322 a.C.) lembrava algo que Sao Tomás, na
Suma Teológica 191, 3 ad 3, havia por sua vez de inculcar: se o homem nao tivesse
porte vertical, seus membros anteriores se apoiariam sobre o solo; por conseguinte,
para apreender a sua presa, deveria ter boca adequada (focinho oblongo, bico...),
labios duros e ásperos, língua rugosa, com a qual se defendería contra os adversarios
e os elementos que o cercassem. Conseqüentemente, nao poderia mais falar ou care
cería desta expressáo típica da inteligencia que é a linguagem. Donde se vé que a
estatura erecta do homem é característica da sua dignidade própria, dignidade que o
coloca ácima dos demais seres visíveis.
Se aos olhos da razáo o corpo humano é transparente para o Transcendental,
ao olhar da fó tal realidade é enriquecida pela presenca do próprio Deus no templo vivo
do cristáo.

Consciente disto, o fiel católico oiría para Maria SS. exaltada aos céus como
prototipo do que Ihe deve acontecer... e acontecerá sob a tutela da Virgem orante.
E.B.

337
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Ano XXXIX - Ns 435 - Agosto de 1998

Procurando nos Bastidores:

PODER REGIO E INQUISIQÁO EM PORTUGAL

Em síntese: O Instituto Histórico e Geográfico do Brasil publicou


os Regimentos da Inquisigáo em Portugal (vigentes também no Brasil)
datados de 1552, 1613, 1640 e 1774 (este assinado pelo Marqués do
Pombal). Sao acompanhados de urna Introdugáo redigidapela ProflSónia
Aparecida de Siqueira, que póe em evidencia o fato de que a Inquisigáo
nunca foi urna instituicáo meramente eclesiástica, mas, em virtude da lei
do padroado, foi mais e mais dirigida pela Coroa de Portugal em vista de
seus interesses políticos. A Santa Sé teve de se opor mais de urna vez
aos processos da Inquisigáo, a fím de tutelar os cristáos-novos e outros
cidadáos julgados pelo Tribunal.
* * *

A Inquisigáo está sempre em foco. É motivo de acusagSes á Igreja,


muitas vezes mal fundamentadas ou repetidas como chavóes, sem que
o público tenha acesso aos documentos básicos que nortearam a
Inquisigáo. Poucas pessoas tém contato direto com os arquivos e as fon-
tes escritas do movimento inquisitorial.

Eis que o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (IHGB) publicou


no número 392 (ano 157) da sua revista, correspondente a julho/setem-
bro 1996 (pp. 495-1020) os Regimentos do Santo Oficio da Inquisigáo
dos Reinos de Portugal datados de 1552,1613,1640,1774 (este assina
do pelo Marqués de Pombal), além de um Regimentó sem data. Tal edi-
gáo esteve aos cuidados da Prof9 Sónia Aparecida de Siqueira, sócia-
correspondente do IHGB em Sao Paulo, que escreveu longa Introdugáo
a tais documentos. Como nota o Prof. Arno Wehling, presidente do IHGB
em 1996, a Dr9 Sónia Aparecida "localizou a Inquisigáo e seus sucessi-
vos regimentos nos diferentes momentos históricos, sublinhando, inclu
sive, a progressiva expansáo do poder real sobre a instituigáo, culminan
do no regime sectarista" (p. 495).

338
PODER REGIO E INQUISIQÁO EM PORTUGAL

Como se sabe, a Inquisicáo nunca (nem na Idade Media) foi um


Tribunal meramente eclesiástico. Isto era inconcebível outrora, dado que
o Estado era oficialmente cristáo e, por isto, se julgava responsávei pelos
interesses da fé crista; a tal título intervinha ele em questoes de foro
religioso, por vezes ditando normas a Igreja. Tal realidade se acentuou
na península ibérica (Espanha e Portugal) a partir do século XVI, em
virtude dos privilegios do padroado. Com efeito, já que os reis de Espa
nha e Portugal eram descobridores de novas térras, ás quais levavam a
fé católica, a Santa Sé Ihes concedeu poderes especiáis para organiza-
rem a vida da Igreja ñas regióes recém-descobertas; daí a grande inge
rencia nos assuntos religiosos, a título de colaboracáo com a Igreja,...
colaboracáo que redundou, aos poucos, em sufocacáo da autoridade
eclesiástica em favor dos interesses da Coroa.

Ñas páginas subseqüentes, apresentaremos as origens da


Inquisicáo em Portugal e alguns traeos da explanacáo da Prof3 Sónia
Aparecida, que póem em relevo a ¡ntervencáo sempre mais prepotente
dos monarcas em assuntos inquisitoriais.

1. Origens da Inquisicáo Portuguesa

O rei D. Joáo III de Portugal (1521-57) desejava que o Papa esta-


belecesse a Inquisicáo em seu reino, tendo em vista especialmente a
eliminacáo dos judeus, nao plenamente convertidos ao Cristianismo. -
Durante 27 anos, S. Majestade e a Santa Sé se defrontaram, visto que o
rei pedia poderes, em materia religiosa, que o Papa nao Ihe quería con
ceder: assim, conforme o monarca, o Inquisidor-mor seria escolhido pelo
rei, assim como os outros inquisidores (subordinados), podendo estes
últimos ser nao apenas clérigos, mas também juristas leigos, que passa-
riam a ter a mesma jurisdicáo que os eclesiásticos. Mais: conforme o
desejo do rei, os inquisidores estariam ácima dos Bispos e dos Superio
res das Ordens Religiosas, de modo que poderiam processar e condenar
eclesiásticos sem consultar os respectivos prelados; os Bispos ficariam
impedidos de intervir em qualquer causa que os inquisidores chamas-
sem a si. Ainda: os inquisidores poderiam impor excomunhoes reserva
das á Santa Sé e levantar as que eram impostas pelos Bispos. Como se
vé, o rei quería desta maneira obter o controle total sobre os Bispos e a
Igreja em Portugal.

Finalmente aos 17/12/1531 o Papa Clemente Vil concedeu a


Inquisicáo em Portugal, mas em termos que contrariavam ás solicitacóes
de D. Joáo III: em vez de outorgar ao rei poderes para nomear os
inquisidores, o Papa nomeou diretamente um Comissário da Sé Apostó
lica e Inquisidor no reino de Portugal e nos seus dominios. Esse Comis
sário poderla nomear outros inquisidores, mas a sua autoridade nao estava

339
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

ácima da dos Bispos, que poderiam também, por seu lado, investigar as
heresias.

Os termos desta Bula ou concessáo nunca foram aplicados em


Portugal. O Inquisidor nomeado, Frei Diogo da Silva, era o confessor do
rei; nao aceitou o cargo, talvez por pressáo do monarca. Apesar disto,
em meio a grande agitacáo popular, comecaram a funcionar tribunais
inquisitoriais em algumas dioceses anárquicamente. Em conseqüéncia,
o Papa suspendeu a Inquisicáo e, alegando que o rei o engañara (escon-
dendo-lhe a conversáo toreada de judeus no reinado de D. Manoel, 1495-
1521), ordenou a anistia aos judeus e a restituicáo dos bens confiscados
(Bula de 07/04/1535).

As razóes sobre as quais se baseavam tais decisóes de Clemente


Vil, sao assaz significativas: a conversáo dos judeus infiéis deve ser pro
piciada mediante a persuasáo e a docura, das quais Cristo deu o exem-
plo, respeitando sempre o livre arbitrio humano; a conversáo violenta ou
extorquida dos judeus sob o reinado de D. Manoel era tida como facanha
que nao se deveria reproduzir. A Santa Sé assim procurava defender a
proteger os cristáos-novos, vítimas do poder regio.

O Papa Clemente Vil, que resistirá a D. Joáo III, morreu em 1534,


tendo por sucessor Paulo III. O rei voltou a insistir junto ao Pontífice para
conseguir o tipo de tribunal de Inquisicao que atendia aos interesses da
Coroa. Nao o obteve propriamente, mas por Bula de 23/05/1536 Paulo III
restabeleceu a Inquisicáo em Portugal, nomeando tres inquisidores e au
torizando o rei a nomear outro; além disto, o Pontífice mandava que,
durante tres anos, os nomes das testemunhas de acusacao nao fossem
acobertados por segredo e durante dez anos os bens dos condenados
nao fossem confiscados; os Bispos teriam as mesmas faculdades que os
Inquisidores na pesquisa das heresias. Por intermedio de seu Nuncio em
Lisboa, o Papa reservava a si o direito de fiscalizar o cumprimento da
Bula, de examinar os processos quando bem o entendesse e de decidir
em última instancia.

É a partir desta Bula (23/05/1536) que se pode considerar


estabelecida a Inquisicáo em Portugal.

O rei, que nao se dava por satisfeito com as disposicoes da Santa


Sé, comecou a burlá-las. Quis, antes do mais, subtrair a Inquisicáo á
vigilancia do Pontífice e, para tanto, suscitou incidentes numerosos a
ponto de obrigar a partir o Nuncio Capodiferro, que tinha poderes para
suspender o tribunal, caso nao fossem respeitadas as cláusulas de pro-
tecáo aos cristáos-novos. Além disto, nomeou Inquisidor o Infante D.
Henrique, seu irmáo, entáo arcebispo de Braga, que, com seus 27 anos,
nao tinha a idade legal para exercer tais funcoes. Enfim aproveitava ou

340
PODER REGIO E INQUISIQÁO EM PORTUGAL

provocava ocasióes ou pretextos para fazer que o público cresse na má


fé dos judeus convertidos (cristáos-novos): assim apareceu um cartaz
ñas portas da catedral e de outras igrejas de Lisboa, anunciando a che-
gada próxima do Messias...; um alfaiate de Setúbal apresentou-se ao
público como Messias - o que nao foi levado a serio pela populacáo, mas
bastou para que os agentes do rei fizessem grandes represalias e tentas-
sem convencer Roma dos perigos do judaismo em Portugal.

Apesar da má vontade do rei, o Papa fazia questáo de manter sob


seu controle o Santo Oficio em Portugal. Reforjando normas anteriores,
o Pontífice emitiu nova Bula em 12/10/1539, que proibia aduzir testemu-
nhas secretas e concedía outras garantías aos acusados, entre as quais
o direito de apelacáo para o Papa; determinava outrossim que os
emolumentos dos Inquisidores nao fossem pagos mediante os bens dos
prisioneiros.

Também esta Bula nao foi observada em Portugal. O Papa entáo


resolveu suspender a Inquisicáo pelo Breve de 22/09/1544; tomou a pre-
caucáo de fazer publicar de surpresa em Lisboa este documento, levado
secretamente para lá por um novo Nuncio. O rei, profundamente golpea
do, jogou a sua última cartada; requereu ao Papa que revogasse a sus-
pensáo e restaurasse a Inquisicáo sem qualquer limitacáo, e acrescenta-
va a ameaca:

"Se Vossa Santidade nao prover nisso, como é obrigado e dele se


espera, nao poderei deixar de remediá-lo confiando em que nao somente
do que suceder Vossa Santidade me haverá porsem culpa, mas também
os principes e os fiéis cristáos que o souberem, conheceráo que disso
nao sou causa nem ocasiáo".

Tais palavras continham a ameaca de desobediencia formal ao Papa


e de cisáo na Igreja. D. Joáo III seguía o conselho que Ihe fora dado
pelos seus dois enviados á Santa Sé em 1535: negasse obediencia ao
Papa, imitando o exemplo do rei Henrique VIII da Inglaterra. Entre a obe
diencia ao Papa, como fiel católico, e a rebeldía declarada que Ihe permi-
tisse instituir um tribunal, que era no fundo um instrumento da política
regia, o rei de Portugal estava disposto a seguir a segunda via.

O Pontífice via-se naquele momento (1544/45) premido por outras


graves preocupacoes, como a convocacáo e a preparacáo do Concilio
de Trento, sobre o qual o Imperador Carlos V e outros monarcas tinham
seus interesses. Em conseqüéncia, acabou por aceitar os pontos princi
páis da solicitacao de D. Joáo III: por Bula de 16/07/1547, nomeou Inqui-
sidor-Geral o Cardeal Infante D. Henrique e retirou aos Nuncios em Lis
boa a autoridade para intervirem nos assuntos de aleada da Inquisicáo;
esta seguiría seus trámites próprios, diversos dos habituáis nos proces-

341
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

sos comuns. Ao mesmo tempo, porém, o Papa mitigava suas disposi-


cóes: promulgou um Breve que suspendía o confisco de bens por dez
anos; outro Breve suspendia por um ano a entrega de condenados ao
braco secular (ou a aplicacáo da pena de morte). Em outro Breve ainda o
Papa fazia recomendacóes tendentes a moderar os previsíveis excessos
da Inquisicáo e a permitir a partida dos cristáos-novos para o estrangeiro.
Pouco antes de morrer ou aos 08/01/1549, Paulo III editou novo Breve,
que abolía o segredo das testemunhas - Breve este que provavelmente
nunca foi aplicado em Portugal.

2. Inquisicáo sempre mais regalista

Eis algumas passagens muito significativas da Introducáo redigida


pela Prof3 Sónia Aparecida:

2.1. Cristáos-novos1

"Urgía acalmar a inquietacáo causada pela presenca dos cristáos-


novos, inimigos em potencial pelo seu supranacionalismo. O combate as
minorías dissidentes era um programa inadiável. Os neocristáos podiam
ser portadores do fermento herético por suas crencas residuais e por
seus íntimos contatos com luteranos e judeus. E mais. Com a frutificacáo
das descobertas, da exploracáo do mundo colonial que se montava, com
o comercio ultramarino, com a urbanizacáo progressiva, os cristáos-no
vos ganhavam forca económica e tendiam a urna solidariedade que Ihes
acrescia o poder de acáo no meio social. O trono sentiu a ameaca que
representariam se nao fossem bons cristáos. Reagiu. A Inquisicáo foi
criada e estendeu-se sobre cristáos-novos, cristáos-velhos, povo, hierar-
quias" (pp. 502s).

"Certas determinacóes de Roma avocando a si, diretamente, ou


por meio de seus nuncios, jurisdicáo sobre os cristáos-novos revelam
que existia ainda urna certa indefinicáo da hierarquia judicial, bem como
o propósito pontificio de reservar para a Curia a jurisdicáo superior. Em
1533, a Bula de Clemente Vil Sempiterno Regirevogou todos os poderes
que haviam sido outorgados a Freí Diogo da Silva, Inquisidor-mor de
Portugal, chamando a si todas as causas dos cristáos-novos, mouros e
heréticos. Em 1534, um Breve de Paulo III dirigido a D. Joáo III mandava
que os Inquisidores suspendessem os processos contra pessoás suspei-
tas de heresia. Em 1535, urna Carta Pontificia determinava que os nuncios
de Portugal pudessem conhecer as apelacóes dos cristáos-novos.

No mesmo ano, escrevia Paulo III ao rei sobre os cristáos-novos, e

1 Os cristáos-novos eram judeus recém-batizados, nem sempre convictos e since


ros.

342
PODER REGIO E INQUISIQÁO EM PORTUGAL

aos cristáos-novos; interferindo diretamente na definicáo do processo,


concedía que pudessem tomar por procuradores e defensores quaisquer
pessoas que quisessem.

As Bulas de perdáo geral que paralisavam a acáo do Tribunal vi-


nham de Roma, diluindo, de tempos em tempos, a autoridade dos
Inquisidores. Confirmando o primeiro perdáo concedido por Clemente
Vil, concedía Paulo III, um segundo, em 1535 e, em 1547, pela Bula Illius
qui misericors, concedía um terceiro. Ao depois, outros indultos gerais
foram sendo concedidos, e quando o próprio rei os negociava com os
cristáos-novos, tinha de pleiteá-los junto á Curia Romana, como aconte-
ceu com Felipe III em 1605.

Alias, as intromissoes da Curia ñas atividades da Inquisicáo conti-


nuaram, decrescentes sem dúvida, mas constantes pelo tempo afora,
dada a natureza de sua justica. De 1678 a 1681, o Santo Oficio chegou a
ser suspenso em Portugal por decisáo do Pontífice, o que indica que,
apesar da amplificacáo do absolutismo, os tribunais continuavam a care
cer da aquiescencia de Roma para atuar" (pp. 506s).

2.2. A figura do Inquisidor

«Capaz, idóneo, de boa consciéncia, devia ser o Inquisidor: requi


sitos que garantiriam a aplicacao da justica com equanimidade. Pedia-se
também constancia...» (p. 526).

«O juízo coletivo sobre a Inquisicáo dependería do comportamento


de seus oficiáis, de sua capacidade de corrigir as próprias imperfeicóes,
de ¡molar impulsos e interesses em prol do bom nome do Tribunal. A
verdade é que, na prática, ou por causa da vigilancia social, ou do contro
le institucional, ou talvez, da fusáo dos ideáis individuáis com os do San
to Oficio, nao temos, noticia de escándalos ou abusos dos agentes
inquisitoriais. Geralmente, as excecóes apenas confirmariam a regra.
Alguns Inquisidores, por suas virtudes ou pelo sacrificio, chegaram a ser
elevados aos altares».

Em nota (74) diz a autora:

«Nao pertenceram ao Santo Oficio portugués, mas foram santifica


dos os Inquisidores S. Raimundo Penafort, S. Toríbio Mogrovejo, S. Pe
dro de Verana, mártir, S. Pió V, S. Domingos de Gusmáo, S. Pedro de
Arbués, S. Joáo Capistrano. Beatificados foram Pedro Castronovo, lega
do cisterciense, Raimundo, arcediago de Toledo, Bernardo, seu capeláo.
Inquisidores também, dois clérigos, Fortanerio e Ademaro, nuncios do
Santo Oficio de Tolosa, martirizados pelos albigenses, Conrado de
Marburg, mártir, pároco e Inquisidor da Alemanha, e o confessor de Sta.

343
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

Isabel da Hungría, Joáo de Salerno. O Inquisidor da Frfsia e Holanda no


sáculo XVI, Guilherme Lindano, fo¡ considerado Venerável» (p. 527).

2.3. A Inquisicáo Pombalina

«A idéia de separacáo de um Estado só político e de urna Igreja só


religiosa germina nessa época1. Pretende-se urna nova política religiosa
que usa a tolerancia como seu instrumento. Impunha-se conexáo com o
Absolutismo, ainda entáo vivo como idéia política. Limitar o poder
jurisdicional da Igreja e difundir o espirito laico.

Em meio a esse clima das reformas pretendidas, a questáo religio


sa punha em relevo o Santo Oficio, tradicional defensor da ortodoxia das
crencas, fiel zelador da unidade das consciéncias. Nao se pensa em ex-
tingui-lo, mas, sim, em reformá-lo, adequando-o aos novos tempos. Ur-
gia a elaboracáo de um novo Regimentó que tomasse a Inquisicáo mais
inofensiva e pusesse o Tribunal realmente ñas máos da Coroa.

Esse novo Regimentó foi mandado executar pelo Cardeal da Cu-


nha. No seu Preámbulo, justifica-se a sua necessidade na medida em
que as leis que geriam o Santo Oficio teriam sido, ao longo dos sáculos,
distorcidas pelos jesuítas, ¡nteressados em dar ao Papa d*supremo po
der sobre a Inquisicáo. Desde o governo do Cardeal Infante D. Henrique
- dominado, diz o Cardeal da Cunha, pelo seu confessor, o jesuíta Leáo
Henriques-, até o Reinado de D. Joáo V, foi o Tribunal escapando ao
poder do rei. Teria chegado ao máximo a influencia da Companhia, sob o
Inquisidor D. Pedro de Castilho, que tornou a legislacáo mais jesuítica do
que regia» (p. 562).

«Os tempos eram diversos. O Estado se configurava de outra ma-


neira, definindo diferentes funcoes. Cioso de seu poder, recusava-se a
partilhá-lo com quaisquer instituicóes ou estamentos. Impunha-se a ne
cessidade de limitar o poder jurisdicional da Igreja. Assim o Regimentó
de 1774 visou o fortalecimento do poder da Coroa, invocando o direito do
Reino. Instalava-se o regalismo absolutista como ideal de uniáo crista na
ordem civil» (p. 563).

É importante conhecer os dados históricos dos quais as páginas


deste artigo referem apenas alguns poucos tragos. Contribuem para re-
por a verdade em foco, mostrando as causas latentes da Inquisicáo em
Portugal (como também na Espanha). Os estudiosos nao podem deixar
de exprimir sua gratidáo ao Instituto Histórico e Geográfico do Brasil pela
publicacáo do trabalho da Prof3 Sónia Aparecida de Siqueira e dos Regimen-
tos da Inquisicáo Portuguesa (que vigoraram também no Brasil colonial).

Século XVIII.

344
Mal-entendidos:

AS ESPÓRTULAS DE MISSA

Em síntese: A prática das esportillas, inspirada pelos escritos


mesmos do Novo Testamento e vigente durante quase dois mil anos,
deve ser elucidada e explicada aos fiéis para que se livrem de todo mal
entendido a respeito. Tal prática tem duplo sentido: 1) para quem oferece
sua dádiva, deve serpenhorde mais íntima participagáo do fiel na oblagáo
eucarística e nos frutos desta; é expressáo da fé e do amor com que tem
acesso ao Pai por Cristo no Espirito Santo; 2) para a Igreja, é meló de
sustentagáo legítimo, ancorado na Tradigáo bíblica e aínda hoje indis-
pensável em muitas regióes católicas; cuide-se, porém, de remover daí
toda aparéncia de simonia, coisa pela qual tém zelado as autoridades
eclesiásticas e o Direito Canónico.

As esportillas ou os honorarios1 de Missa sao um ponto nevrálgico


para muitos fiéis; desejariam vé-los substituidos pelo dízimo, que separa
nítidamente o culto divino e a contribuicáo dos fiéis para o sustento mate
rial da Igreja. Há, pois, necessidade de esclarecer o seu significado e
assim dissipar possíveis equívocos sobre o assunto. É o que taremos,
examinando: 1) a posicao atual do magisterio da Igreja; 2) a historia da
prática das esportillas; 3) as objecóes hoje levantadas contra tal uso.

1. A posicáo do Magisterio

1. Após o Concilio do Vaticano II (1962-1965), que fez serio balan-


90 da vida da Igreja, considerando as suas necessidades, Paulo VI hou-
ve por bem legislar também sobre as espórtulas de Missa. Aos 13/06/
1974 publicou o Motu Próprio Firma in Traditione, em que dizia:

"É tradigáo firmemente estabelecida na Igreja que os fiéis, movidos


por seu espirito religioso e seu senso eclesial, acrescentem ao sacrificio
eucarístico um ceño sacrificio pessoal, a fim de participar mais estrita-
mente daquele. Atendem assim as necessidades da Igreja e, mais parti-

1 A palavra espórtula vem do latim sportula, diminutivo de sporta, cesto. Sportula


vem a ser um cestinho e, por extensáo, significa dádiva, dom liberal.
A palavra espórtula é equiparada a honorario, que indica a remuneracáo dada
aqueles que exercem urna profissáo liberal (advogados, módicos...). Éa honra tribu
tada ao trabalho de tais profissionais.

345
10 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

cularmente, á subsistencia dos seus sacerdotes. Isto está de acordó com


o espirito das palavras do Senhor: 'O trabalhador merece o seu salario'
(Le 10,7), palavras que Sao Paulo lembra em sua primeira carta a Timo
teo (5,18) e na primeira aos Corintios (9,7-14).

Este costume, mediante o qual os fiéis se associam mais estrita-


mente ao sacrificio de Cristo e daí colhem frutos mais abundantes, foi
nao somente aprovado, mas também estimulado pela Igreja, que vé nes-
sa prática como que um sinal da uniáo do fiel batizado com Cristo e da
uniáo do fiel com o sacerdote, que exerce o seu ministerio para o bem
dele".

Tais palavras de Paulo VI, que reafirma uma praxe tradicional na


Igreja, foram proferidas após madura reflexáo sobre as diversas propos
tas de reformulacáo da mesma.

2. O Código de Direito Canónico, promulgado aos 25/11/83, consi-


derou a questáo das espórtulas de Missa nos seguintes termos:

Canon 945 - § 1. "Segundo o costume aprovado pela Igreja, a


qualquer sacerdote que celebra ou concelebra a Missa, é permitido rece-
ber a espórtula oferecida para que ele aplique a Missa segundo determi
nada intengáo.

§ 2. Recomendase vivamente aos sacerdotes que, mesmo sem


receber nenhuma espórtula, celebrem a Missa segundo a intengáo dos
fiéis, especialmente dos pobres.

Canon 946 - Os fiéis que oferecem espórtula para que a Missa


seja aplicada segundo suas intengóes, concorrem, com essa oferta, para
o bem da Igreja e participan) de seu empenho no sustento de seus minis
tros e obras.

Canon 947 - Deve-se afastar completamente das espórtulas de


Missa qualquer aparéncia de negocio ou comercio.

Canon 948 - Devem aplicarse Missas distintas na intengáo de


cada um daqueles pelos quais foi oferecida e aceita uma espórtula, mes
mo pequeña.

Canon 951 - § 1. O sacerdote que celebra mais Missas no mesmo


dia, pode aplicar cada uma délas segundo a intengáo pela qual foi ofere
cida a espórtula, mas com a condigáo de reterpara si a espórtula de uma
só Missa, excetuando o dia do Natal do Senhor, e entregaras outras para
os fins determinados pelo Ordinario, admitindo-se alguma retribuigáo por
titulo extrínseco".

O novo Código assim confirma a disciplina contida no Código ante-

346
AS ESPÓRTULAS DE MISSA 11

rior, cánones 824-844, acrescentando-lhe duas notas próprias:

- recomenda que os sacerdotes celebrem gratuitamente em favor


dos fiéis, especialmente dos pobres;

- mediante a sua oferta, os fiéis contribuem para o bem da Igreja,


das suas obras e para o sustento dos seus ministros.

Merece atencáo também o fato de que o sacerdote que celebra


mais de uma Missa por dia, nao pode guardar para si mais do que uma
espórtula. - Caso celebre uma só Missa por diversas intencóes (Missa
comunitaria, como se diz), mediante oferendas espontáneas, que nao
podem ser equiparadas a espórtulas, os Bispos costumam determinar
que o sacerdote guarde apenas a quantia correspondente a uma espórtula
e entregue o resto á Curia Diocesana. Ver o artigo seguinte neste fascí
culo.

Procuremos agora a

2. Justificativa teológica

Para entendermos devidamente a legislacáo da Igreja, torna-se


necessário recordar o respectivo fundamento teológico, que é o seguinte:

1. A Missa é a própria imolacáo de Cristo (outrora oferecida


cruentamente na Cruz), que a Onipoténcia Divina torna presente de ma-
neira incruenta sobre os altares, sem que multiplique tal imolacáo, mas
sem que por isto Ihe diminua algo de sua plena realidade. A mesma
oblacáo de Cristo realizada no pretérito deixa de pertencer ao pretérito e
se faz presente. "Misterio da fé", diz a fórmula de consagracáo eucarística.
E por que Jesús Cristo quis instituir tal rito?

- Ele o quis em vista de seus fiéis, ou seja, a fim de associar ao


sacrificio da Cruz a sua Igreja. Com efeito, outrora no Calvario Jesús,
como Sacerdote, se ofereceu ao Pai qual Vítima pelos pecados do mun
do. Atualmente na S. Missa Jesús oferece com a Igreja, que participa do
Sacerdocio de Cristo, e se oferece com a Igreja, que participa da quali-
dade de Cristo Hostia.

Ora lembremo-nos de que a Igreja nao é apenas o clero, mas é o


Corpo Místico, do qual todo cristáo é um membro ou uma célula viva. É,
pois, em cada fiel batizado que a Igreja repousa, vive e age.

Deste fato decorre importante conseqüéncia relativa aos frutos da


S. Missa.

Sendo a Missa o próprio Sacrificio da Cruz celebrado de maneira


incruenta, compreende-se que cada S. Missa tem, como tal, valor infini-

347
12 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

to; com efeito, qualquer dos atos de Cristo possui tal valor, já que proce
de de urna Pessoa Divina; por conseguirte, urna só Missa por si seria
suficiente para dar a Deus todo o louvor que as criaturas Ihe devem,
suficiente também para apagar as culpas de todos os homens, perdoar
todas as penas satisfatórias, obter todas as grapas, espirituais e tempo-
rais, necessárias á salvacáo...

Na realidade, porém, o valor infinito da Missa nao é aplicado aos


homens em grau infinito; os frutos da S. Missa, para as criaturas, sao
sempre limitados.

Por qué?

- Porque a Missa nao é somente oferecida por Cristo. Enquanto,


sim, é oferecida por Cristo, toda Missa indubitavelmente produz frutos
para o género humano; é sempre eficaz para louvar a Deus e obter grapa
para os homens, independentemente das criaturas que déla participam.
Todavía, na medida em que os membros de Cristo, os cristáos, sao asso-
ciados ao oferecimento, os frutos do rito sagrado sao restrítos. Com
efeito, o Corpo Místico, com o qual Jesús compartilha o seu ato de oblacáo,
consta de urna multidáo de homens portadores das conseqüéncias do
pecado, e, por isto, limitados em seu espirito de ofertorio ou de entrega
total ao Pai. A parte de devotamente próprio que cada cristáo associa á
oblacáo de Cristo, está sujeita ás restrigóes que o egoísmo e a covardia
provocam. Estes empecilhos, como se compreende, tornam os fiéis me
nos aptos a usufruir os beneficios da Redencáo e, conseqüentemente,
limitam a aplicacáo dos frutos da Missa.

Em termos positivos, poderíamos recordar as palavras da Oracáo


Eucarística n. 1:

"Lembrai-vos, ó Pai, dos vossos filhos e filhas N.N. e de todos os


que circundara este altar, dos quais conheceis a fidelidade e a dedica-
gao em Vos servir. Eles Vos oferecem conosco este sacrificio de louvor
por si e por todos os seus e elevam a Vos as suas preces para alcangar
o perdió de suas faltas, a seguranga em suas vidas e a salvagáo que
esperam".

Vemos que o texto chama a atencáo para a fidelidade e a dedica-


cáo (fides et devotio) daqueles que oferecem com Cristo o sacrificio do
altar. É a fé e a dedicacao (espirito de entrega e de amor) dos cristáos,
em uns mais intensa, em outros menos vivida, que os torna capazes de
obter em seu favor e em favor de outrem as grapas ou os frutos decorren-
tes do Sacrificio Eucarístico.

2. Costumam-se distinguir tres tipos de frutos decorrentes de cada


celebracáo da S. Missa:

348
AS ESPÓRTULAS DE M1SSA 13

a) frutos gerais, isto é, grapas em beneficio de toda a Igreja e de


cada um dos seus membros diretamente; indiretamente beneficiam tam-
bém todos os homens que nao pertencem á Igreja, visto que a santificacáo
dos cristáos implica a santificacáo do mundo e Cristo é o Salvador de
todos os homens;

b) frutos especiáis: sao gragas que tocam ao(s) celebrante(s), aos


seus ministros e a todos os que assistem físicamente ao rito eucarístico,
nele tomando alguma parte;

c) frutos especialíssímos: sao grapas cuja aplicacáo a Misericor


dia Divina deixa á livre escolha dos fiéis. Por conseguinte, as pessoas
interessadas podem assinalar urna finalidade particular (urna intenpáo
especial), á qual seráo aplicadas essas grapas. Isto acontece precisa
mente quando os fiéis pedem que a Missa seja celebrada portal defunto,
por tal aniversariante, por tal causa, em acáo de grapas por um favor
recebido, etc. - A intenpáo formulada será mais ou menos beneficiada
na medida da fé e da devopáo dos cristáos considerados na seguinte
ordem:

19) o(s) presbítero(s) ou bispo(s) que celebram a S. Missa, pois é


(sao) o(s) representante(s) imediato(s) da S. Igreja em tal ato litúrgico;

2-) os fiéis que tiverem ocasionado a celebrapáo da S. Missa, for


mulando a respectiva intenpáo ou as respectivas intenpóes, pois esses
cristáos sao, logo após o(s) celebrante(s), os oferentes mais diretos, por
conseguinte os mais próximos representantes da Igreja. Daí a conveni
encia de que nao somente pepam a celebrapáo da Missa, mas também
déla participem físicamente presentes;

39) os fiéis que estiverem presentes á celebrapáo do Sacrificio, re


zando com o celebrante e participando;

49) os fiéis da Igreja inteira (mesmo ausentes e longínquos), pois


todos os cristáos sao envolvidos nos atos litúrgicos da Igreja; sao eles
que constituem de maneira concreta a face humana da Esposa de Cristo.

Os fiéis que pedem a celebrapáo da S. Missa por alguma intenpáo,


costumam exprimir a sua participacáo nessa celebrapáo mediante a oferta
do que se chama "espórtula". Eis a origem desta prática:

No inicio da historia da Igreja, os cristáos que saíam de casa para


participar da S. Missa, levavam consigo dons naturais (pao, vinho, leite,
frutas, mel...). O pao e o vinho eram reservados para a consagrapáo
eucarística, ao passo que as outras dádivas eram bentas e distribuidas
aos irmáos mais carentes sob forma de ágape ou refeipáo fraterna. As-
sim quem freqüentava a Liturgia Eucarística, déla participava nao só pela

349
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

fé e a devocáo, mas também mediante um sinal sensível dessa atitude


interior. Aos poucos, os bens naturais foram sendo substituidos por di
nheiro (que é de mais fácil manuseio), ... dinheiro oferecido fora (antes
ou depois) do rito litúrgico. A propósito ver ulteriores noticias em PR 220/
1978, pp. 164-173; 223/1978, pp. 282-294, e também no nosso Curso de
Diálogo Ecuménico por Correspondencia, Módulo 20, pp. 78-80.

Examinemos agora as objecoes que se levantam hoje contra a prá-


tica das esportillas.

3. Sim ou Nao?

Seráo quatro as objecóes consideradas:

3.1. Igrejae Dinheiro

"É preciso dissocíar a celebracáo do culto sagrado e o dinhei


ro, pois a praxe atual pode ser mal entendida e favorecer abusos".

- Sem dúvida. A prática das espórtulas pode ser ocasiao de com-


portamento indevido por parte de clérigos e de leigos. Todavía abusus
non tollit usum, o abuso nao deve impedir o uso... As espórtulas, como
tais, nada tém de desonesto; ao contrario, elas se justificam como sendo
a expressáo da fé e do amor dos fiéis desejosos de participar mais inti
mamente dos frutos da S. Missa.

Mais precisamente devemos dizer: a Igreja nao sendo urna socie-


dade meramente transcendental, mas estando inserida neste mundo,
precisa de dinheiro para exercer a missáo de pregar o Evangelho que
Cristo Ihe confiou. Isto... desde os tempos de Jesús:

Os doze Apostólos, segundo S. Joáo, tinham urna caixa comum


(cf. Jo 12,6). Serviam a Jesús com seus bens algumas mulheres benefi
ciadas pelo Senhor e seguidoras de seus passos: María Madalena, Joana,
mulher de Cuza, Susana e varias outras (cf. Le 8,1-3).

A primeira comunidade crista em Jerusalém praticava a voluntaria


partilha de bens (cf. At 2,44;5,1-6).

Sao Paulo desenvolveu urna teología da coleta, enfatizando o in


tercambio entre judeus e gentíos convertidos ao Cristianismo: aqueles
comunicavam seu patrimonio espiritual aos pagaos para que se tornas-
sem cristáos; conseqüentemente estes deviam transmitir aos irmáos po
bres de origem judaica algo dos seus bens materiais; cf. 2Cor 8,1-9,14;
Rm 15,26s. Assim se fortaleceriam os lagos de comunhao entre os discí
pulos de Cristo.

Aos corintios Sao Paulo recomendava que no dia da assembléia

350
AS ESPÓRTULAS DE MISSA 15

litúrgica (domingo) os cristáos pusessem de lado o que tivessem poupa-


do em favor dos seus irmáos em Jerusalém; cf. 1Cor 16,1s. O Apostólo
atribuía grande importancia a tal gesto, pois seria o sinal e o penhor da
unidade entre os cristáos de origens diversas; cf. Gl 2,10.

Notemos outrossim o elogio que o Senhor teceu a oblacáo da viú-


va no Tesouro do Templo: "Em verdade eu vos digo que esta viúva, que é
pobre, lancou mais do que todos os que ofereceram moedas ao Tesouro.
Pois todos os outros deram do que Ihes .sobrava; ela, porém, na sua
penuria ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuia para viver" (Me
12,42-44).

É desta praxe instituida pelos Apostólos que se origina, entre os


cristáos, o costume de associar á oblacáo do altar urna doacáo material
em favor dos irmáos ou da Igreja. Este costume deve ser isento de qual-
quer vislumbre de comercio, mas nao deve ser abolido; antes, seja expli
cado pelos pastores aos fiéis; estes compreenderáo que nao se trata de
pagar algo que nao tem preco, mas de testemunhar o desejo de associ-
ar-se intimamente á oferta que Jesús faz de Si e de sua Igreja ao Pai.
Especialmente a Liturgia da Missa reformada sob Paulo VI facilita aos
fiéis a participacáo ou a tomada de consciéncia de que tém sua respon-
sabilidade na oblacáo eucarística.

3.2. Justica e caridade

"O clero que, por seu trabalho, merece receber o necessário


para se sustentar, deveria ter sua subsistencia garantida por um sis
tema de financiamento independente de ofertas feitas por particula
res ou pelos fiéis que pecam servicos religiosos".

- Pode-se reconhecer que esta afirmacáo é razoável e ponderável.


Mas a realidade concreta de nossas paróquias e dioceses fica longe de
Ihe corresponder. Nao tém meios de assegurar ao clero um salario ou o
seu sustento digno. Isto é verdade especialmente nos países de regime
totalitario, na Asia, na África e na América do Sul. A Europa e os Estados
Unidos parecem constituir excecóes; mas, mesmo assim, em tais regi-
óes há setores muito pobres, em que o sacerdote só tem os honorarios
do culto para se sustentar.

Vista a comunháo que une entre si as dioceses do mundo inteiro,


cada sacerdote dos países desenvolvidos deve preocupar-se com a sub
sistencia de seus confrades de dioceses carentes. Isto tem ocorrido pelo
fato de que as espórtulas de Missa doadas pelos fiéis em determinado
país sao, por vezes, transferidas para países mais pobres, a fim de que lá
se celebrem as Missas solicitadas, de acordó com a regulamentacáo
estabelecida pelo Código de Direito Canónico:

351
16 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS'435/1998

Canon 953: "A ninguém é lícito receber, para aplicar pessoalmen-


te, tantas espórtulas de Missa que nao possa satisfazer dentro de um
ano".

Canon 954 - "Se em determinadas igrejas ou oratorios se pede a


celebregáo de Missas em número superiores que ai se podem celebrar,
é lícito celebrá-las em outro lugar, salvo vontade contraria dos ofertantes
expressamente manifestada".

Canon 955 - § 1. "Quem tenciona confiara outros a celebracáo de


Missas a serem aplicadas, deve entregar quanto antes a celebracáo de-
las a sacerdotes de sua confianga, contanto que conste estarem eles
ácima de qualquer suspeita; deve transmitir integralmente a espórtula
recebida, a nao ser que conste com certeza que o excedente da soma
devida na diocese foi dado a título pessoal; tem aínda a obrigagáo de
cuidar da celebragáo délas até que tenha recebido uma declaragáo de
que foi aceita a obrigagáo e recebida a espórtula.

§2. O prazo dentro do qual as Missas devem ser celebradas, co-


mega a partir do dia em que as recebeu o sacerdote que vai celebrá-las,
a nao ser que conste o contrario.

§ 3. Quem confia a outros Missas a ser celebradas, deve sem de


mora registrar num livro as Missas que recebeu e que entregou a outros,
anotando também suas espórtulas.

§ 4. Cada sacerdote deve anotar cuidadosamente as Missas que


recebeu para celebrar, e as queja celebrou".

Canon 956 - Todos e cada um dos administradores das causas


pias, ou de algum modo obrigados a cuidar da celebragáo de Missas,
sejam clérigos, sejam leigos, entreguem a seus Ordinarios os encargos
das Missas que nao tiverem sido satisfeitos dentro de um ano, segundo o
modo a ser por estes determinado".

3.3. Oferenda do individuo e oferenda da comunidade

"As espórtulas sao oferendas de individuos em favor de suas


intencdes pessoais (aniversario, acáo de gracas, sufragio por um
defunto da familia...). Ora ísto parece 'privatizar' a S. Missa (popular
mente há quem fale do 'dono da Missa': aquele que ofereceu a
espórtula). Ora tal tendencia é errónea. Seria preciso dar a compre-
ender aos fiéis que na Missa todos se oferecem, unidos a Jesús,
com seu trabalho, suas alegrías e ansiedades. 'Por meio dele ofere-
camos continuamente um sacrificio de Iouvor a Deus, isto é, o fruto
dos labios que confessam o seu nome' (Hb 13,15). Esta oblacáo de
todos pode-se exprimir mediante dons da comunidade aos irmáos

352
AS ESPÓRTULAS DE MISSA 17

mais pobres, como sería a entrega de vestes, alimentos, material


escolar... por ocasiáo do Ofertorio da Missa (essa entrega substitui
ría a coleta de dinheiro feita durante o Ofertorio)".

- Estas observares sao válidas. O Código de Direito Canónico


recomenda vivamente a celebracáo da Missa mesmo sem esportillas,
em favor dos irmáos mais pobres (vivos ou mortos). Alias, todos os do
mingos cada Vigário tem a obrigacao de aplicar urna Santa Missa pro
populo, pelo povo de Deus; seria a principal Missa paroquial; nesta po-
der-se-ia fazer o Ofertorio de dádivas que simbolizem explícitamente os
grandes interesses de cada fiel pela comunidade (tais seriam roupas,
calcados, alimentos...).

Este realce dado ás ofertas comunitarias nos domingos nao exclui


que, durante a semana ao menos, naja oblacáo de esportillas pessoais
por intencóes particulares (sufragio de algum defunto, cura de enfermo,
bom éxito na vida matrimonial...). A manutencáo desta prática é de inte-
resse tanto dos fiéis como tais quanto da Igreja como instituicáo segundo
o que foi dito atrás. Sao palavras do Senhor Jesús: "Importa praticar isto
sem omitir aquilo" (Mt 23,23).

3.4. E aqueles que nao tém dinheiro para mandar celebrar a S.


Missa?

"A prática das espórtulas parece favorecer a uns, que tém di


nheiro e podem mandar celebrar a S. Missa, em detrimento de ou-
tros fiéis, que nao dispóem de recursos para pedir a celebracáo nem
por si nem por seus familiares defuntos".

-AS. Igreja reza diariamente por todas as grandes intencóes e


necessidades do género humano (os doentes, os moribundos, os encar-
cerados, os falecidos...). Em conseqüéncia, nao se pode dizer que há
almas abandonadas no purgatorio por falta de dinheiro da parte dos fa
miliares. A comunicacáo de bens espirituais entre os fiéis nao conhece
classes nem privilegios; todos os bens espirituais da Igreja circulam livre-
mente entre todos os membros desta; todas as almas sao beneficiadas
pelos sufragios universais da S. Igreja. Nao se creia que as regras de
lógica terrestre e comercial sejam observadas também por Deus. O Se
nhor seria mesquinho se atendesse menos solícitamente aos interesses
daqueles que menos dinheiro tém; heranca monetaria nao significa pri-
mazia para alguém diante de Deus. Jamáis poderemos esquecer que a gra-
ca e a misericordia de Deus tém o primado sobre as obras do homem. As
almas dos pobres, por conseguinte, sao amadas por Deus como as demais.

De resto, notemos: a espórtula de Missa nao tem somente o obje


tivo de sufragar os mortos mediante a celebracáo da S. Eucaristía. Inde-

353
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

pendentemente desta finalidade, ela contribuí para estimular a participa-


gao do fiel na oblacáo eucarística de Cristo e sustentar a Igreja em suas
necessidades materiais.

4. Conclusáo

A prática das esportillas, inspirada pelos escritos mesmos do Novo


Testamento e vigente durante quase dois mil anos, deve ser esclarecida
é explicada aos fiéis, para que se livrem de todo mal-entendido a respei-
to. Tal prática tem duplo sentido: 1) para quem oferece sua dádiva, deve
ser penhor de mais íntima participacáo na oblacáo eucarística e nos fru
tos desta; é expressáo da fé e do amor com que tem acesso ao Pai por
Cristo no Espirito Santo; 2) para a Igreja, é meio de sustentacáo legítimo,
ancorado na Tradicáo bíblica e aínda hoje indispensável em muitas regi-
óes; cuide-se, porém, de remover daí toda aparéncia de simonía - coisa
pela qual tém zelado as autoridades eclesiásticas.

A prática do dízimo é inegavelmente outro meio de prover as ne


cessidades materiais da Igreja. Merece incentivo, desde que os fiéis a
compreendam e aceitem pó-la em execucáo.

Cartas entre Freud e Pfister (1909-1939). - Ed. Ultimato, Vigosa


(MG), 135x210mm, 199 pp.

O livro tem por subtítulo Vm Diálogo entre a Psicanálise e a Fé


Crista". Publica as cartas que entre si trocaram Sigmund Freud, o pai da
psicanálise, materialista, e o Pastor Oskar Pfister. Compreende-se que
este professava urna cosmovisáo e urna antropología radicalmente diver
sas das de Freud. Nao obstante, os dois pensadores eram gentis um
para com o outro, de modo que as cartas respectivas se tornam de agra-
dável leitura, além de muito instrutivas sobre as experiencias e reflexóes
dos dois intelectuais. O livro será muito útil a quem deseje penetrar nos
bastidores da psicanálise. A edigáo se deve á Editora Ultimato, protes
tante, e ao Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristáos, do qual é mem-
bro a Dra. Karin Hellen Kepler Wondracek, de Porto Alegre, autora do
Prefacio á edigáo brasileira e da própria tradugáo das cartas (esta em
colaboragáo com Ditmar Junge).

354
Missas "Comunitarias":

ESPÓRTULAS "COLETIVAS" DE S. MISSA

Em súrtese: As esportillas de S. Missa, legítima colaboragáo dos


fiéis no sustento das obras da Igreja, significan) afee o devotamento dos
respectivos doadores; estes, participando mais intensamente da celebra-
cao da Missa mediante a sua oferta material, tém direito a formular urna
ou mais intengoes pelas quais deve ser aplicada a Missa.

A fim de evitar abusos a respeito, a S. Sé estipulou que o montante


da espórtula seja definido por cada Bispo para a sua diocese e nao seja
lícito recebermais de urna espórtula por urna S. Missa. Últimamente, na
falta de sacerdotes para atender a todos os pedidos de Missa, tém-se
celebrado Missas comunitarias: cada um dos interessados formula as
suas intengoes e oferece a quantia que deseja. Visto, porém, que a quan-
tia assim arrecadada pode ultrapassaro teorda espórtula oficial, a Santa
Sé determinou que, em tais casos, ao sacerdote toca apenas o montante
correspondente á espórtula oficial; o excedente seja entregue á Curia
Diocesana. Além disto, um Decreto da Congregagáo para o Clero, data
do de 22/02/91, determina que somente duas vezes por semana é permi
tido celebrar Missas comunitarias em cada paróquia.

Aos 22/02/91 a Santa Sé, mediante a Congregacáo para o Clero,


promulgou um Decreto referente as espórtulas de S. Missa: tem em vista
principalmente a prática da "intencáo coletiva", segundo a qual se cele
bra urna só S. Missa por diversas intencóes indicadas por fiéis que, para
tanto, doam urna pequeña quantia de dinheiro.

As determinacóes da Santa Sé tém importancia, pois se destinam


a evitar mal-entendidos e abusos que nao raro ameacam o uso do di
nheiro. Eis por que publicaremos o texto do Decreto precedido de escla-
recimentos necessários á melhor compreensáo do assunto

1. Espórtulas: que sao?

A S. Missa é a perpetuacáo do sacrificio do Calvario sobre os nos-


sos altares. É Cristo quem se oferece sacramentalmente ao Pai com a
sua Igreja, para que esta possa participar da oblacao de Jesús. A Missa
assim celebrada obtém frutos e gracas em favor dos fiéis. Essas gracas sao
distribuidas a cada um de acordó com o seu grau de participacáo na oferenda
a Cristo; tal participacáo implica fé e devotamento da parte do cristáo.

355
20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

Para exprimir essa atitude interior, antigamente os fiéis, antes de


sair de casa para a Missa, iam buscar na sua dispensa o pao e o vinho
necessários á celebracáo e os levavam solenemente ao altar no momen
to do Ofertorio. Além do pao e do vinho, que eram consagrados, tornan-
do-se o Corpo e o Sangue de Cristo, os fiéis costumavam levar ao altar
dádivas naturais (óleo, frutas, leite, mel, cera...), que serviam ao sustento
da igreja e dos pobres da comunidade. O pao e o vinho, pela consagra-
cao, se tornavam o sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor, ao
passo que as outras dádivas eram bentas por ocasiáo do Pai-Nosso e,
depois da Missa, distribuidas em refeicao fraterna (ágape). Com o tem-
po, as dádivas naturais foram substituidas por dinheiro (elemento mais
funcional), que, a seu modo, devia exprimir o desejo, dos fiéis, de partici
par, com fé e amor, do sacrificio de Cristo. Finalmente o dinheiro passou
a ser oferecido fora da Missa, como hoje acontece; é a chamada
"esportilla", que nao é preco do culto sagrado, mas continua sendo o
símbolo da fé e da devocáo com que um cristáo deseja participar do
Sacrificio Eucarístico.

Ao ofertar a espórtula, o fiel expressa o seu desejo de entrega ao


Pai com Cristo ou a sua participacao na oblacáo de Cristo; conseqüente-
mente pode indicar urna ou mais intencóes pelas quais deseja que se
aplique a Missa. Esta prática é assaz antiga e contribuí para manutencáo
da paróquia e de suas obras.

A fim de evitar qualquer abuso, a S. Sé houve por bem regulamen-


tar a praxe das espórtulas nos seguintes termos:

1) O montante da espórtula de Missa é estipulado por cada Bispo


diocesano para a sua diocese; ao sacerdote nao é lícito fugir desta nor
ma;

2) A urna espórtula corresponde urna Missa. Nao é permitido rece-


ber mais de urna espórtula por urna só Missa.

Acontece, porém, que nos últimos tempos há grande número de


fiéis a pedir a celebracáo de Missa e insuficiente número de sacerdotes
para Ihes atender individualmente. Por isto em varias igreja se introduziu
a seguinte prática: varios fiéis podem solicitar a celebracáo de urna Mis
sa, indicando cada qual a sua intencáo e dando quantia inferior á da
espórtula. Tem-se assim o que se chama "espórtula coletiva" e "Missa
comunitaria". A soma de dinheiro assim arrecadado pode ultrapassar o
valor da espórtula tabelada pelo Bispo; em tal caso, nao é lícito ao sacer
dote ficar com todo o dinheiro; guarde apenas a cota correspondente á
espórtula e entregue o excedente á Curia Diocesana, para que o Bispo
aplique essa quantia em beneficio das obras diocesanas mais carentes
(Seminario, paróquias, movimentos pastorais...); vero artigo anteriordeste

356
ESPÓRTULAS "COLETIVAS" DE S. MISSA

fascículo, artigo que expóe minuciosamente a historia, o sentido e a re-


gulamentacáo das espórtulas.

Ora as disposicóes de ordem jurídica relativas as espórtulas de


Missa receberam ulteriores precisóes mediante o Decreto da Congrega-
cao para o Clero datado de 22/02/1991, cujo texto é o seguinte:

2. O Decreto da Santa Sé

"É costume constante na Igreja - como escreve Paulo VI no Motu


Proprio1 Firma in Traditione - que os fiéis, impelidos pelo seu sentido
religioso, queiram trazer, em vista de urna participacáo mais ativa na ce
lebracáo eucarística, a sua colaboracáo pessoal, contribuindo assim para
as necessidades da Igreja, e, de modo particular, para o sustento dos
seus ministros (AAS, vol. 66 [1974], p. 308).

Antigamente esta colaboracáo consistía prevalentemente em ofer


ta de géneros; nos nossos tempos, ela tornou-se quase exclusivamente
pecuniaria. Mas as motivacóes e as finalidades da oferta dos fiéis perma-
neceram iguais e foram sancionadas também no novo Código de Direito
Canónico (cf. can. 945, § 1;946).

Já que a temática se refere diretamente ao augusto Sacramento,


qualquer mínimo indicio de lucro ou de simonia causaría escándalo. Por
isso a Santa Sé tem sempre seguido com atencáo o evoluir desta piedo-
sa tradicáo, intervindo oportunamente para cuidar das suas adaptacóes
ás mudancas de situacóes sociais e culturáis, a fim de prevenir ou corrí-
gir, onde seja necessário, eventuais abusos conexos com tais adapta
cóes (cf. can. 947 e 1385).

Últimamente, de fato, muitos Bispos dirigiram-se á Santa Sé para


obter esclarecimentos quanto á celebracáo de santas Missas por inten-
cóes chamadas coletivas segundo urna praxe bastante recente.

É verdade que desde sempre os fiéis, especialmente em regióes


mais pobres económicamente, costumam levar ao sacerdote ofertas
modestas, sem pedirem expressamente que, por cada urna destas, seja
celebrada urna Missa segundo urna intencáo particular. Em tais casos é
lícito unir diversas espórtulas para celebrar tantas santas Missas quantas
correspondem á taxa diocesana.

Os fiéis, de tato, sao sempre livres para unir as suas intencóes e


ofertas na celebracáo de urna única Missa por essas intencóes.

1 Motu Proprio é expressáo latina que significa "por proprio movimento" ou "por
própria iniciativa". Designa qualquer ato legislativo elaborado e promulgado pelo Sumo
Pontífice por sua própria iniciativa ou sem que tenha sido solicitado.

357
22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

Bem diverso é o caso daqueles sacerdotes que, recofhendo indis


tintamente as ofertas dos fiéis, destinadas á celebracáo de santas Mis
sas segundo as intencóes particulares, as acumulam numa só esportula
e Ihes satisfazem com uma única santa Missa, celebrada segundo uma
intencáo chamada precisamente "coletiva".

Os argumentos a favor desta nova praxe sao especiosos e


dissimuladores, quando nao refletem também uma eclesiologia errónea.
De qualquer modo, este uso pode comportar o risco grave de nao
safisfazer a uma obrigacáo de justica para com os doadores das espórtulas
e, com o passar do tempo, de debilitar progressivamente e de extinguir
completamente no povo cristáo a sensibilidade e a consciéncia quanto á
motivacáo e á finalidade da esportula para a celebracáo do santo Sacri
ficio, segundo as intencóes particulares; além disto, podem privar os mi
nistros sagrados que aínda vivem destas ofertas, de um meio necessário
para o seu sustento, e subtrair a muitas Igrejas particulares os recursos
para a sua atividade apostólica.

Portanto, em execucáo do mandato recebido do Sumo Pontífice, a


Congregacáo para o Clero, em cuja competencia se acha a disciplina
desta delicada materia, realizou ampia consulta, ouvindo também o pa
recer das Conferencias Episcopais. Após atento exame das respostas e
dos varios aspectos do complexo problema, em colaboracáo com os ou-
tros Dicastérios interessados, a mesma Congregacáo estabeleceu quan
to segué:

Art. 1

§ 1. Nos termos do can. 948: Devem aplicar-se Missas distintas na


intencáo de cada um daqueles pelos quais foi oferecida e aceita uma
esportula, mesmo pequeña. Por isso, o sacerdote que aceita a esportula
para a celebracáo de uma santa Missa por uma intencáo particular, deve
ex iustitia satisfazer pessoalmente á obrigacáo assumida (cf. can. 949),
ou confiar a outro sacerdote a celebracáo, segundo as condicóes
estabelecidas pelo Direito (cf. can. 945-958).

§ 2. Violam esta norma e assumem a relativa responsabilidade


moral, os sacerdotes que acumulam indistintamente espórtulas para a
celebracáo de Missas segundo intencóes particulares e, unindo-as numa
única esportula sem o conhecimento dos ofertantes, satisfazem-lhes com
uma única Missa celebrada segundo uma intencáo chamada coletiva.

Art. 2

§ 1. No caso em que os ofertantes, advertidos de maneira previa e


explícita, consintam livremente em que as suas espórtulas sejam acumu
ladas com outras numa única esportula, pode-se satisfazer-lhes com uma
só santa Missa, celebrada segundo uma única intencáo coletiva.

358
ESPÓRTULAS "COLETIVAS" DE S. M1SSA 23

§ 2. Neste caso, é necessário que seja indicado publicamente o


lugar e o horario em que essa santa Missa será celebrada, nao mais do
que duas vezes por semana.

§ 3. Os Pastores em cuja Diocese se verificam estes casos, déem-


se conta de que este uso, que constituí urna excecáo em vigor pela lei
canónica, no caso de se ampliar excessivamente - mesmo com base em
idéias erróneas sobre o significado das espórtulas para as santas Missas
- deve ser considerado um abuso. Poderia progressivamente gerar nos
fiéis o desuso de fazer ofertas para a celebracáo de Missas distintas,
segundo intencoes particulares, extinguindo assim um antiqüíssimo eos-
turne, salutar para as almas singularmente e para a Igreja inteira.

Art.3

§ 1. No caso considerado no § 1 do art. 2, ao celebrante nao é lícito


reter para si únicamente urna quantia maior do que a espórtula estabe-
lecida na Diocese (cf. can. 950).

§ 2. A soma excedente á espórtula determinada pela Diocese deve


ser entregue ao Ordinario, de que fala o can. 951 § 1, o qual o destinará
aos fins estabelecidos pelo Direito (cf. can. 946).

Art. 4

Especialmente nos Santuarios e nos lugares de peregrinacáo, aonde


habitualmente afluem numerosas ofertas para a celebracáo de Missas,
os Reitores, onerata conscientia, devem atentamente vigiar por que
sejam aplicadas á risca as normas da lei universal nesta materia (cf. prin
cipalmente os can. 945-956) e as do presente Decreto.

Art. 5

§ 1. Os sacerdotes que recebem espórtulas maiores para celebra


cáo de Missas segundo ¡ntencóes particulares, por exemplo, na Come-
moracáo dos Fiéis Defuntos, ou noutras particulares circunstancias, nao
podendo satisfazer-lhes pessoalmente dentro de um ano (cf. can. 953),
em vez de as rejeitar, frustrando a piedosa vontade dos ofertantes e re-
movendo-os do louvável propósito, devem transmiti-las a outros sacer
dotes (cf. can. 955) ou ao próprio Ordinario (cf. can. 956).

§ 2. Se nessas ou semelhantes circunstancias se configurar quan-


to é descrito no art. 2 § 1 deste Decreto, os sacerdotes devem ater-se ás
disposicóes do art. 3.

Art. 6

Aos bispos diocesanos incumbe de modo particular o dever de fa


zer com que, com prontidáo e clareza, tanto o clero secular como o reli-

359
24 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

gioso tomem conhecimento destas normas, e de vigiar por que elas se-
jam observadas.

Art.7

É preciso, contudo, que também os fiéis sejam instruidos sobre


esta disciplina, mediante urna catequese específica, que deve em pri-
meiro lugar abranger:

a) o alto significado teológico da espórtula dada ao sacerdote para


a celebracáo do sacrificio eucarístico, a fim de prevenir sobretudo o peri-
go de escándalo por causa de uma especie de comercio com as coisas
sagradas;

b) a importancia ascética da esmola na vida crista, ensinada por


Jesús mesmo, pois a espórtula oferecida para a celebracáo de Missas é
uma forma excelente de esmola;

c) a partilha dos bens, pela qual, mediante as espórtulas para a


celebracáo de Missas, os fiéis concorrem para o sustento dos ministros
sagrados e para a realizacáo de atividades apostólicas da Igreja.

O Sumo Pontífice, no dia 22 de Janeiro de 1991, aprovou de forma


específica as normas do presente Decreto, e ordenou que fossem pro
mulgadas e entrassem em vigor.

Roma, da sede da Congregado para o Clero, 22 de fevereiro de 1991.

Antonio Card. INNOCENTI


Prefeito
+ Gilberto AGUSTONI
Arcebispo Titular de Caorle
Secretario"

Conclusáo

Do texto transcrito depreende-se que

1) todo fiel tem direito á Missa "individual", se a deseja;

2) as Missas Comunitarias só podem ser celebradas duas vezes


por semana;

3) em tal caso, o celebrante guarda a quantia correspondente a


uma espórtula de Missa na respectiva diocese e entrega o restante á
Curia Diocesana.

Tais normas, sabias e prudentes como sao, dissipam mal-entendi


dos e evitam abusos.

360
Muitos perguntam:

POR QUE SER FIEL Á IGREJA?

Em síntese: A Igreja é mais do que a soma de seus membros; é,


como diz Sao Paulo, o Corpo de Cristo prolongado (cf. Cl 1,24; 1Cor
12,12-30). Cristo fundou-a e prometeu-lhe sua infalível assisténcia (cf. Mt
16,16-19; 28,18-20) para que transmita incólume o depósito da fé e da
Moral reveladas. Se nao fosse a Igreja assim constituida, os artigos da fé
e da Moral estariam entregues a arbitrariedade dos homens e se diluiri-
am ou perderiam. Se na Igreja existem falhas, estas se devem ao pesso-
al da Igreja, ou seja, aos filhos da Igreja, que procedem a revelia dos
preceitos de sua Mae ou da Pessoa da Igreja. A própria Igreja tira do seu
bojo o remedio para atender as deficiencias dos seus membros enfer
mos. - Eis por que "nao pode ter Deus por Pai no céu quem nao tem a
Igreja por Mae na térra" (S. Cipriano).
* * *

Há quem diga: "Sou fiel a Jesús Cristo, mas nao á Igreja"; em con-
seqüéncia, muitos fazem seu Cristianismo particular, créem no que Ihes
parece merecer crédito e praticam o que julgam acertado.

Esta atitude fere o Evangelho e a Tradicáo crista. O Evangelho


relata que Jesús quis fundar sua Igreja ("minha Igreja", Mt 16,18) e a
confiou a Pedro como Rocha visível {cf. Mt 16,16-19)\ como Mestre des
tinado a confirmar seus irmáos na fé (cf. Le 22,31 s) e como Pastor do
rebanho (cf. Jo 21,15-17). Além disto, o Senhor prometeu nao somente
sua assisténcia infalível ("Eis que estarei convosco até a consumagáo
dos sáculos", Mt 28,20), mas também a do Espirito Santo como
Consolador e Iluminador dos fiéis (cf. Jo 14,26; 16,13-15).

E por que Jesús quis fundar a Igreja assim constituida?

- Para que fosse guardada incólume a mensagem do Evangelho.


Esta nao podia ficar ao leu, entregue aos pareceres e aos caprichos hu
manos. O sacrificio de Cristo na Cruz teria sido inútil se nao houvesse
urna instancia divinamente capacitada para garantir a transmissao fiel da
Boa-Nova; ao cabo de certo tempo nao haveria mais o Evangelho de
Jesús, mas os evangelhos de homens tidos como carismáticos e inspira
dos, mas na verdade deturpadores da auténtica mensagem. Alias, é isto

1 É de notar que estes versículos se encontram em todos os manuscritos bíblicos


antigos. Nao há sinal de interpolagáo tardía.

361
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

que se dá no protestantismo, que relativiza a Igreja e toma a Biblia como


única fonte de fé, interpretada segundo o livre exame ou a intuicao subje
tiva de cada crente; daí procedem centenas e centenas de denomina-
cóes cristas, urnas observando o sábado, outras observando o domingo,
urnas batizando enancas, outras somente adultos, urnas conservando a
hierarquia (bispos, presbíteros, diáconos), outras sem hierarquia. O es-
facelamento chega a tal ponto que algumas correntes derivadas do pro
testantismo já nao aceitam a Divindade de Jesús, como as Testemunhas
de Jeová, ou tém urna nova Biblia, como é o Livro dos Mórmons.

Assim estabelecida por Cristo, a Igreja é mais do que a soma dos


seus membros ou mais do que urna assembléia de pessoas que léem o
Evangelho e procuram edificar-se mutuamente. Ela é urna realidade divi-
no-humana, ilustrada por Sao Paulo mediante a ¡magem do Corpo cuja
Cabeca é Cristo (cf. 1Cor 12,12-27); entre Cabeca e membros há um
fluxo e refluxo de vida, há urna comunhao de vida, como acontece entre
o tronco e os ramos da videira {cf. Jo 15,1-5).

Estas verdades nos levam a distinguir entre Pessoa e pessoal da


Igreja. Pessoa é o que há de divino na Igreja: é o seu aspecto indefectível,
que se exerce quando se trata de artigos de fé e de Moral a ser professa-
dos por todos os fiéis. Pessoal da Igreja é o aspecto humano da mesma;
somos nos, sujeitos a falhas. Ocorre, porém, que as falhas do "pessoal"
nao impedem a acáo divina e santificadora da Pessoa da Igreja. O ouro
de Deus pode passar por máos sujas, mas chega incontaminado aos
seus destinatarios; assim foi e será até o fim dos tempos. Por isto a Igreja
é inseparável de Cristo e do Pai; foi Jesús quem disse aos Apostólos:

"Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e
quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" (Le 10,16).

Quando o Papa pede perdió pelo passado, ele o pede pelas falhas
de filhos da Igreja, que se desviaram das normas do Evangelho. Esses
desvíos, porém, nao comprometem o magisterio da Igreja, que goza de
especial assisténcia do Espirito Santo quando ensina verdades de fé e
de Moral, orientando os fiéis pelos caminhos da VIDA.

A Tradicao crista é muito enfática ao falar do amor á Igreja. Ouca-


mos Sao Joáo Crisóstomo (t 407):

"Nao te afastes da igreja. Nada é mais forte do que ela. Ela é a tua
esperanca, o teu refugio. Ela é mais alta do que o céu e mais vasta do
que a térra. Ela nunca envelhece".

Sao Cipriano de Cartago (t 258), por sua vez, escreve:

"A esposa de Cristo nao pode ser adulterada, ela é incorrupta e


pura, nao conhece mais que urna só casa, guarda com casto pudor a

362
POR QUE SER FIEL Á IGREJA? 27

santidade do único tálamo. Ela nos conserva para Deus, entrega ao Rei
no os filhos que gerou. Quem se afasta da Igreja e se junta a urna adúlte
ra, separase das promessas da Igreja. Quem deixa a Igreja de Cristo,
nao alcangará os premios de Cristo. É um estranho, um profano, um ini-
migo. Nao pode ter Deus por Pai quem nao tem a Igreja por Máe. Se
alguém se pode salvar, dos que ficaram fora da arca de Noé, também se
salvará o que estiverfora da Igreja... Tornase adversario de Cristo quem
rompe a paz e a concordia de Cristo... O Senhor diz: 'Eu e o Pai somos
um' (Jo 10,30); está aínda escrito do Pai, do Filho e do Espirito Santo: 'E
estes tres sao um' (Uo 5,7). Quem eré nesta verdade fundada na certeza
divina e adere aos misterios celestiais, nao abandona a Igreja nem déla
se afasta, por causa da diversidade das vontades que se entrechocam.
Quem nao mantém esta unidade também nao mantém a lei de Deus, a fé
no Pai e no Filho; nao conserva a vida nem a salvagáo" (S. Cipriano,
Sobre a Unidade da Igreja, cap. 4).

Quem tem consciéncia destas verdades, senté com a Igreja, sofre


e luta com a Igreja e regozija-se com ela.

SANTIDADE E PECADO NA IGREJA

As ponderacóes anteriores nos levam a refletir mais detidamente


sobre o tema "santidade e pecado na Igreja".

Os membros da Igreja devem levar urna vida moralmente santa ou


isenta de pecado: "Sede santos, porque eu sou santo" é norma do Antigo
Testamento, que ressoa no Novo:

"Como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos também santos


em todo o vosso comportamento, porque está escrito: 'Sede santos, por
que eu sou Santo' (Lv 17,1)" (1Pd 1,15s).

O cristáo é chamado a ser, por todo o seu teor de vida, urna hostia
santa e agradável a Deus; a vida do cristáo é um culto, cuja lei é a pureza:

"Exorto-vos, irmáos, pela misericordia de Deus a que oferegais vos-


sos cornos como hostia viva, santa e agradável a Deus; este é o vosso
culto espiritual" (Rm 12,1).

Assim a Igreja é a comunidade dos santos, ou seja, de pessoas


consagradas e pertencentes a Deus pelo batismo e que se esforcam por
viver fielmente a sua consagracáo batismal e a sua qualidade de mem
bros do Corpo de Cristo.

A Igreja nascente era muito exigente no tocante ao teor de vida dos


seus fiéis. Todavía desde os tempos dos Apostólos se registravam desvíos
dessa vocacáo sublime: tal foi o caso do incestuoso de Corinto (1 Cor 5,1),

363
28 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

o do homem que injuriou Paulo (2Cor 2,5-11), o dos apóstatas (Hb 6,4-8;
10,26-31). O Apostólo aplicava sancóes, até mesmo a excomunháo, aos
delinqüentes, a fim de os trazer de volta ao bom caminho (cf. 1 Cor 5,3-5;
2Cor 2,6-8).

Quem percorre os escritos do Novo Testamento, verifica que já no


tempo dos Apostólos havia graves falhas moráis ñas respectivas comu
nidades (cf. Gl 1,6; 3,1; 5,4); o Apocalipse, ce. 2 e 3, censura severamen
te o esfriamento do fervor inicial. Isto se compreende bem, se se levar
em conta a pregacáo do próprio Cristo: a parábola do joio e do trigo (Mt
13,24-40), a da rede que capta peixes bons e maus (Mt 13,47-50); so no
fim dos tempos será feita a definitiva separacao de bons e maus.

Apesar de tudo, houve nos primeiros sáculos tendencias rigoristas,


que nao admitiam o perdáo dos graves pecados da apostasia, do homici
dio e do adulterio; assim pensavam Tertuliano (t 220 aproximadamente),
Novaciano (t 225 aproximadamente), os donatistas nos séculos IV e V.
S. Agostinho (f 430) disse a respeito a palavra final, lembrando a pará
bola do joio e do trigo; a Igreja nao consta apenas de Santos; ela inclui
também os pecadores entre os seus membros, como o joio existe ao
lado do trigo no mesmo campo.

Estes fatos iniciáis da historia da Igreja tiveram significado definiti


vo. A Igreja reconhece ser indefectivelmente santa, porque é o Corpo de
Cristo prolongado, mas ela tem filhos pecadores, que ela carrega em seu
bojo e para os quais ela traz os meios de reconciliacáo, entre os quais o
sacramento da Penitencia.

Aprofundando estas verdades, pode-se aínda dizer:

A Igreja é santa, porque ¡ndissoluvelmente unida a Cristo, que nela


habita e por ela age. Todavía essa santidade nao atinge igualmente to
dos os membros da Igreja, que, mesmo depois do Batismo, trazem em si
resquicios do velho homem ou do paganismo. O fato de que Cristo habita
na Igreja distingue do povo de Deus do Antigo Testamento o novo povo
de Deus; com efeito, a Igreja nao é apenas a soma de seus membros
humanos; ela é o Cristo prolongado, revestido da face humana de seus
membros.

A dialética entre santidade e pecado na Igreja se exprime por di


versas fórmulas:

"A Igreja nao existe sem pecadores, mas ela mesma é sem peca
do" (Charles Journet, L'Église du Verbe incarné, II, París 1954, p. 904).
Jacques Maritain distingue na Igreja a pessoa e o pessoal. A pes-
soa é o sujeito-lgreja unida a Cristo como Corpo Místico ou Esposa
indefectivel; o pessoal seriam os membros da Igreja, sujeitos a fragilida-

364
POR QUE SER FIEL Á IGREJA? 29

de humana1.0 pensamento é assim desenvolvido, com outras palavras,


por Maritain:

"Os católicos nao sao o Catolicismo. As faltas, as lerdezas, as ca


rencias e as soñolencias do católico nao comprometem o Catolicismo...
A melhor apologética nao consiste em justificar os católicos quando er-
ram, mas, ao contrario, em caracterizar esses erros e dizer que nao afe-
tam a substancia do Catolicismo e só contribuem para melhor trazer á
tona a forga de urna religiáo sempre viva apesar deles... Nao nos
consideréis a nos, pecadores. Vede, antes, como a Igreja sana as nos-
sas chagas e nos leva trópegos para a vida eterna... A grande gloria da
Igreja é ser Santa com membros pecadores" (Religión et Culture, París
1930, p. 60).

Em conseqüéncia, afirma-se, com razáo, que as fronteiras da Igre


ja nao passam em torno dos países pagaos, mas passam no íntimo de
cada cristao, onde há urna porcao já cristianizada e urna faixa ainda paga,
que se exprime no pecado.

Aprofundando um pouco mais, diremos: é certo que nao se pode


atribuir á Igreja como tal o pecado, como se ela cometesse pecado; sujei-
to do pecado só pode ser urna pessoa individual. Ela consta de seres
humanos na sua realidade histórica, que sao pecadores: sao membros
da Igreja, mas o pecado que eles cometem nao brota do bojo da Igreja
nem é ensinado pela Igreja, que, ao contrario, o combate. Por isto na
Igreja existe a Penitencia como remedio para o pecado. É o que diz a
Constituicáo Lumen Gentium n9 8:

"Enquanto Cristo santo, inocente, imaculado (Hb 7,20), nao conhe-


ce o pecado (2Cor 5,21), mas velo para expiar os pecados do povo (Hb
2,17), a Igreja, reunindo em seu próprio seio os pecadores, ao mesmo
tempo santa e sempre na necessidade de purificarse, busca sem cessar
a penitencia e a renovagáo".

A expressáo "casta meretriz" é aplicada á Igreja por alguns autores


desejosos de indicar os dois aspectos da Igreja, santa e portadora do
pecado de seus filhos. Todavía é impropria, pois, no caso, meretriz é
substantivo e casta é adjetivo; prevalece assim a nota má ou pecamino
sa como sendo a substancia da Igreja; a santidade seria um adjetivo ou
um acídente. Devem-se inverter as posicoes: a santidade constituí a subs
tancia (a Pessoa) da Igreja, á qual sobrevém o pecado por obra do pes-
soal da Igreja. A precisáo ou exatidáo da linguagem é de importancia
capital.

1 VerJacques Maritain, A Igreja de Cristo. A Pessoa da Igreja e seu Pessoal. Ed.


Agir, Rio de Janeiro, 1972.

365
Surpresas:

O DECLÍNIO DA NATALIDADE

Em sintese: O Pontificio Conselho para a Familia publicou em mar


go 1998 um documento sobre a desaceleragáo geral do aumento da po-
pulagáo mundial. Há 51 países que mal preenchem os claros deixados
pelos óbitos e há outros 15 que estáo em decréscimo absoluto de popu-
lagáo. Apesar disto, promovem-se campanhas antinatalistas devidas, em
grande parte, a interesses políticos e ideológicos, com abena violagáo
dos direitos humanos, pois tentam persuadir as mulheres de que se de-
vem deixar esterilizar; a persuasáo redunda muitas vezes em pressáo e
coagáo apoiada em oferta de alimentos e outras presumidas vantagens.

O Pontificio Conselho para a Familia denuncia tais abusos em nome


do respeito a pessoa humana.

Sao apresentados outrossim casos dolorosos ocorrentes no Perú


para ilustrar a iniqüidade das referidas campanhas.

O Pontificio Conselho para a Familia publicou em marco 1998 urna


longa "Declaracáo sobre a queda da fecundidade no mundo". O docu
mento apoia-se numa consulta organizada pelo Conselho Económico e
Social da ONU junto a quatorze peritos demógrafos qualificados. Abaixo
segue-se a traducáo de urna síntese de tal Declaracáo editada pelo Bo-
letim SNOP, da Conferencia dos Bispos da Franca, n91029, abril de 1998,
pp. 21 s.

1. Evolucáo demográfica: realidade e responsabilidades

O Pontificio Conselho para a Familia segué de perto a evolucáo


demográfica em nivel mundial e por continentes. Ñas proximidades da
Conferencia das Nacoes Unidas no Cairo sobre "Populacáo e Desenvol-
vimento" (setembro 1994), publicou um documento de trabalho dirigido
as Conferencias Episcopais do mundo inteiro, com o título "Evolucáo
Demográfica: dimensoes éticas e pastorais"; ai denunciava com firmeza
"a ideología do medo demográfico", difundida sob forma de slogans: ex-
plosáo demográfica, bomba P, crescimento galopante, exponencial...

A atual Declaracáo retoma essa denuncia de rumores globais e


erróneos, como urna crítica das campanhas maltusianas de certas Orga-
nizacóes nao Governamentais e dos casos de esterilizacáo compulsoria

366
O DECLÍNIO DA NATALIDADE

em varios países (após a india, o Perú). "Já nao é contestável a verdade


sobre a evolucáo demográfica dos países do mundo. É mais e mais evi
dente e reconhecido que o mundo se acha numa importante desace-
leracáo demográfica, cujo inicio pode ser situado por volta de 1968...".

Os fatos demográficos averiguados sao os seguintes: em toda par


te, existe uma baixa, mais ou menos rápida, da fecundidade; já 51 países
tém uma taxa conjuntural de fecundidade inferior ao limite necessário
para manter estável a populacáo, ou seja, inferior a 2,1 filhos por mulher;
e uma quinzena de países experimentam um decréscimo absoluto (mais
óbitos do que nascimentos), por vezes ocultado pelos fluxos migratorios.

Em trinta anos, a taxa de crescimento anual da populacáo mundial


passou de 2,06% (1963-1970) a 1,44% (1977), havendo, sem dúvida,
diferencas consideráveis entre os continentes, mas todos participando
da desaceleracáo. A Europa estagnou-se, envelhece e esboca uma bai
xa absoluta; a África ainda está em crescimento forte (2,6%), mas em
declínio.

Se a populacáo mundial deve atingir os seis bilhóes em 2000, as


projecóes oficiáis das Nacóes Unidas sao revistas no sentido de prever
cifras menos elevadas para o ano de 2025... A revisáo feita em 1996
previa 7.494.000.000 (hipótese baixa ), 8.030.000.000 (hipótese media)
e 8.500.000.000 (hipótese alta). A aceleracáo do decrescimento da
fecundidade nos países menos desenvolvidos, independentemente do
respectivo contexto cultural e religioso, surpreende os demógrafos. Es-
ses países estáo para realizar sua transicáo demográfica muito mais
depressa do que a realizaram os países mais desenvolvidos. Ñas gran
des cidades do Terceiro Mundo, a fecundidade atualmente já é a dos
países da Europa. Alguns demógrafos chegam a perguntar se a própria
hipótese baixa para 2025 será realmente atingida, sendo que a hipótese
media já nao é levada em consideracáo.

Por conseguinte, a tendencia á reviravolta vai-se confirmando.

Sao numerosas as causas da baixa mais rápida da fecundidade;


também sao complexas e, em parte, independentes das culturas e das
crencas religiosas. A Declaracio do Pontificio Conselho para a Familia
retoma os dizeres do Relatório de J. ■ Chesnais, demógrafo francés, na
reuniáo do Conselho Económico e Social da ONU: diminuicáo do núme
ro de casamentos, nupcias e maternidade mais tardías, falta de política
favorável aos nascimentos, mudancas do estatuto da mulher na socieda-
de, escolarizacáo da mulher, desmantelamento da familia, sem esque-
cer a intensa propaganda em prol da contracepcáo...

Se a fecundidade permanece duradoura abaixo da taxa necessá-

367
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

ría para a estabilidade demográfica de um país, ela pode levar a urna


baixa absoluta da populacáo (dita "baixa de suicidio"). Tal fato pode ficar
encoberto provisoriamente por urna esperanca de vida mais longa e um
envelhecimento acentuado (terceira e quarta idades). Diante desta som
bría perspectiva, alguns demógrafos acreditam que as populacóes e seus
dirigentes se podem abalar, como ocorreu na Suécia passageiramente.
O possível abalo para a Europa nao passa de urna hipótese que nao
parece confirmar-se.

Restam e agravam-se outros problemas demográficos: a urbaniza-


cáo, o desequilibrio das geracóes e o peso da faixa dos idosos, os fluxos
migratorios, as novas pandemias (ou epidemias generalizadas), a agres-
sáo ecológica...

Em estilo vigoroso e um tanto polémico, o Pontificio Conselho para


a Familia pleiteia que a verdade seja difundida:

"É urgente que a opiniáo pública de cada país e os homens de


poder decisorio estejam plenamente informados a respeito dos fatos
demográficos. Nao é menos urgente remover os falsos dados, freqüente-
mente apresentados em publicagóes que dissimulam sofismas ideológi
cos -para nao dizer:... manipulagóes estatfsticas. Nosetorda demografía,
como nos diferentes setores do saber, os fatos tendem a se tornar evi
dentes, e a verdade nao pode ser indefinidamente dissimulada. Só nos
podemos regozijar por averiguar que tal verdade mais e mais aparece em
plena luz, pois que a Divisáo de Populagáo das Nagóes Unidas nao hesi-
tou em reunir um grupo de peritos para refletirem sobre a fecundidade
inferior á reposigáo (Below Replacement Fertility). Nada impede que
sejam removidas as imprecisóes e as mentiras freqüentemente explora
das com o objetivo de justificar programas políticos e outros totalmente
incompatíveis com o respeito aos direitos fundamentáis da pessoa hu
mana".

Neste ano do 50Q aniversario da Declaracáo Universal dos Direitos


Humanos (10/12/1948), o Pontificio Conselho para a Familia apela para
a grande vigilancia a fim de se evitar que, em tal ocasiáo, procurem os
interessados introduzir novos direitos da mulher (a liberdade de procria-
cáo e a saúde genésica) como ocorreu ñas Conferencias do Cairo (1994)
ede Pequim (1995).

"Urna grande vigilancia impóe-se aqui. A fidelidade á Declaragáo


dos Direitos implica seja excluida toda manobra que, sob a cobertura dos
assinalados novos direitos, visaría a incorporar o abortamento (artigo 3),
atentar contra a integridade física (artigo 3), destruir a familia heterosse-
xual e monogámica (artigo 16). Sao atualmente empreendidas certas ati-
vidades sorrateiras em tal sentido. Tém finalidade nefasta: Privar o ser

368
O DECLÍNIO DA NATALIDADE 33

humano de alguns de seus direitos fundamentáis e submeter os mais


fráeos a novas formas de opressáo (artigos 4 e 5). As mentiras de que se
alimentam essas tentativas, desembocam fatalmente na violencia e na
barbarie, e introduzem a cultura da morte".

O texto do Pontificio Conselho para a Familia pode ser ilustrado


por dados numéricos precisos atinentes á América Latina.

2. Na América Latina

A esterilizacáo de muiheres na América Latina tem sido praticada


em grande escala. Eis alguns traeos estatísticos:

No México urna pesquisa datada de 1980 registrou que 28% das


muiheres haviam sido esterilizadas.

Em El Salvador, S. Domingos e no Panamá a pesquisa em 1991


registrou 50% de muiheres esterilizadas.

Em Porto Rico, 57% de muiheres esterilizadas, conforme pesquisa


de199U

No Perú está havendo forte campanha pro-esterilizacáo, que fere


os direitos humanos. Com efeito, em julho 1995 o presidente Alberto
Fujimori anunciou que o planejamento familiar era urna das prioridades
do seu governo. Pouco depois, o Congresso Nacional aprovou a esterili-
zacáo como método de planejamento familiar. Em conseqüéncia foram
estabelecidas metas de campanha e o Governo comecou a promover
Festivales de Ligadura, antes do mais ñas áreas rurais mais pobres; tal
campanha perdura até nossos dias.

Tém-se verificado serios abusos em relacao a muiheres semi-anal-


fabetas. Alguns relatórios noticiamque 1) as muiheres sao pressionadas
a aceitar a ligadura de trompas; 2) nao sao ministradas ¡nformacóes a
respeito dos riscos atinentes nem há proposta de métodos alternativos;
3) as muiheres sao aliciadas com a doacáo de alimentos nos programas
do Governo e em programas patrocinados pelos Estados Unidos; 4) sao
recusados outros métodos contraceptivos de caráter temporario. Con-
tam-se casos de muiheres que foram esterilizadas sem o seu consenti-
mento por ocasiáo de urna operacáo cesariana, na qual a crianca mor-
reu. Outras muiheres morreram em conseqüéncia de ligadura de trom
pas que elas haviam aceitado sob pressáo. A irmá de urna dessas mu
iheres declarou que "os agentes de saúde do Governo vinham dia e noite,
dia e noite, dia e noite para pressionar a vítima a se submeter á cirurgia".

1A fonte de tais informagóes é a revista italiana Mondo e Missione, cujos dados


foram reproduzidos por Inslde The Vatlcan, march 1998, p. 27.

369
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

Também há noticia de que 1) os agentes de saúde tém recebido


gratificacáo especial por cada muiher que eles conseguem persuadir da
necessidade de esterilizacáo; 2) o Governo nacional impós metas de
esterilizacáo aos diretores de saúde regionais; 3) os agentes de saúde
tém sido ameacados de demissao caso nao cumpram os objetivos pro-
postos. Assim, por exemplo, em 1997 um agente de saúde relatou que
recebera a quota de quatro muiheres a ser esterilizadas; o chefe desse
agente Ihe sugeriu que oferecesse alimentos nos casos em que as mu
iheres se mostrassem relutantes. O diretor regional, Dr. Chavez, mostrou
recentemente que tres outros diretores regionais de saúde estabelece-
ram metas precisas de esterilizacáo ñas respectivas regióes.

Muitas destas práticas sao abertamente defendidas pelo Governo.


Numa entrevista concedida a David Morrison, do Instituto de Pesquisa da
Populacáo, aos 29/01/98, o Dr. Yong Motta, assessor do presidente
Fujimori, afirmou que era necessário ir de casa em casa para convencer
as muiheres de aceitar a esterilizacáo porque, "se o Ministerio da Saúde
nao fizer a campanha de casa em casa, a populacáo nao se renderá". O
Dr. Yong, interrogado a respeito do por que os agentes do Governo váo
de casa em casa, respondeu citando o caso de um homem necessitado
de cirurgia de hernia, mas resistente a tal intervencáo; disse o Dr. Motta
que o dever do médico seria persuadir o paciente da urgencia da cirurgia;
ora, acrescentou Motta, o mesmo se dá com as muiheres que queremos
esterilizar. "As muiheres no Perú tém muitos filhos".

A propósito das metas da campanha, o Dr. Motta nao hesitou em


confirmar que de fato elas existem. "Sem dúvida, a campanha tem suas
metas... O sucesso da mesma é avaliado comparando entre si o número
de quem aceita com o de quem nao aceita".

O oficial do Govemo responsável pela campanha em toda a sua


amplidáo parece despreocupado com os abusos. Reconheceu que "as
muiheres peruanas sao pressionadas de varios modos a fazer ligadura
de trompas que elas nao desejam realizar segundo as metas do Governo".
Os Bispos do Perú foram os primeiros e mais decididos opositores
da campanha de esterilizacáo. Os seus protestos despertaram a opiniáo
pública nacional. Ocorre, porém, que a imprensa se lancou contra eles,
tentando sufocar as suas vozes.

Eis alguns casos particulares muito significativos:


Avelina Sánchez Nolberto declarou em fevereiro 1998 a urna agen
cia de noticias de Washington D.C. que seu estómago estava dilatado e
seus intestinos ardiam como se estivessem pegando fogo quando ela
voltou para sua casa no Perú após ter sofrido urna ligadura de trompas.

370
O DECÜNIO DA NATALIDADE 35

"Comecei a me aborrecer porque entrei sadia no hospital". Dois dias de-


pois ela retornou ao hospital, e pode averiguar que seus intestinos havi-
am sido cortados durante a operacáo. Após isto foi submetida a quatro
cirurgias corretivas, mas nao conseguiu mais retomar suas atividades de
lavadeira para sustentar seus filhos.

Sánchez, com 46 anos de idade, católica, máe de cinco filhos, se


parada do marido, foi persuadida de que devia submeter-se a urna cirur-
gia a ser praticada por urna obstetra que ela havia encontrado no seu
trabalho. Embora nao quisesse ser esterilizada, Sánchez disse que a
obstetra a convenceu de que precisava disto, pois o seu marido poderia
voltar a qualquer momento e ela engravidaria de novo.

Victoria Esperanza Vigo Espinoza, peruana, católica, de 34 anos


de idade, mae de dois filhos, declarou que, após oito meses de gravidez,
foi a urna clínica particular para tratar-se. Foi transferida para um hospi
tal, onde devia sofrer operacáo cesariana. Urna enfermeira recebeu-a no
hospital e perguntou-lhe quantos filhos ela tinha e se ela estava lá para
ser esterilizada. Victoria disse que ela (Victoria) nao respondeu, porque
"eu nao estava interessada e sentia muitas dores". Declarou também que
nao tinha lido o formulario que ela havia assinado antes da operacáo por
causa das dores que sentia. E foi esterilizada.

Estes depoimentos demonstram bem como é explorada a simplici-


dade de pessoas rudes, com aberta violacáo dos direitos humanos. E
isto nao só no Perú, mas também em varios países do Terceiro Mundo.

Grandes Oragóes, por Pe. Nadir José Brun. - Ed. Ave-Maña, Sao
Paulo 1998, 110 x 175mm, 211pp.

O Pe. Nadir Brun é pároco da igreja de Nossa Senhora do Brasil


em Sao Paulo (SP). Tem escrito alguns livros relativos á pregagáo na
Liturgia dos casamentas, dos mortos... Desta vez brinda o público com
urna colegio de belas oragóes redigidas por Santos e Mestres para di
versas situagóes da vida: oragáo da noite, oragáo em trabalho, no sofri-
mento, antes da Missa, antes da Comunháo, Ladafnha da Vida de Jesús,
Vía Sacra... A coletánea supóe "vinte anos de selegáo devocional" (p.
208), vinte anos bem aplicados. O organizador da obra termina dizendo:
"Ser grande rezador ou rezadora é a maior gloria da criatura humana" (p.
208). Parabéns ao Pe. Nadir! Possa este trabalho frutificar nos ceragóes
dos leitores e orantes!

371
Preconceitos cegos:

OS GRAVES ERROS DA "FOLHA UNIVERSAL'

Em sáltese: O artigo póe em evidencia flagrantes inverdades


alegadas pelo jornal "Folha Universal" para desfigurara Igreja Católica.
O amor á verdade leva a procurar esclarecer o público a respeito de táo
inconsistentes invectivas.

O jornal "Folha Universal" da Igreja Universal do Reino de Deus


costuma publicar artigos altamente agressivos ao Catolicismo. Varios
leitores de PR pedem resposta a tais invectivas; nossa revista tem prefe
rido nao entrar em constante polémica. Todavia em alguns casos o ata
que é maldoso e falso a tal ponto que se torna necessário esclarecer o
público, mostrando-lhe a inconsistencia e a desonestidade da agressáo.
Afinal é dever que se impoe a toda pessoa de bom senso amar a verdade
e defendé-la, principalmente quanto se trata do patrimonio da fé.

Ñas páginas subseqüentes comentaremos alguns tópicos de dois


artigos da "Folha Universal".

1. "O Imperio Romano e o Vaticano segundo a Biblia"

O artigo se deve a Karl Weiss, apresentado como escritor. Eis al-


gumas de suas falhas notorias:

1) "S. Ireneu em 130 descobriu o significado do número 666". - Ora


S. Ireneu faleceu em 202 aproximadamente; setenta anos antes devia
ter a idade de dez anos, se morreu com oitenta anos (o que já é urna bela
idade para a antigüidade). Mas com dez anos de idade ninguém pratica
exegese do Apocalipse nem faz descobertas lingüisticas.

2) Pouco adiante escreve Karl Weiss: "Observamos que o Papa


tem na crista a inscricao latino por ser chefe de urna religiáo latina, tendo
portanto o número 666 sobre a fronte". - Ora o mundo inteiro tem acom-
panhado o Papa pela televisáo; no Rio de Janeiro foi visto pessoalmente
em outubro pp.; quem pode dizer que avistou a "crista" do Papa? Que
significa a palavra "crista" no caso? O Papa usa, sim, a mitra ou tem a
cabeca coberta por ocasiáo do culto sagrado, como a tém coberta os
prelados orientáis (sirios, armenios, coptas...). Mais: quem viu na fronte
do Papa a palavra latino? Nem hoje nem em épocas passadas, jamáis
os Papas tiveram na fronte o vocábulo latino.

3) O número 666 da primeira Besta do Apocalipse (cf. Ap 13,18)

372
OS GRAVES ERROS DA "FOLHA UNIVERSAL" 37

tem suscitado ampias pesquisas. Karl Weiss diz que resulta da soma das
letras do vocábulo LATEINOS, cujo valor numérico é assim discriminado:
L = 30 A = 1 T = 300 E = 5 1 = 10 N = 50 0 = 70 S = 200...
Refletindo sobre tal explicacáo, lembramo-nos de que Sao Joáo escre-
veu o Apocalipse para cristáos da Asia Menor (Turquía de hoje), que se
achavam abatidos pela perseguicáo que o Imperio Romano Ihes movía,
sem que Cristo voltasse para por termo á calamidade no fim do século I.
O Apostólo quería reconfortá-los e, para tanto, descreveu o Imperio Ro
mano como urna Besta hedionda assinalada pelo número 666. Sabe-se
que os antigos atribuiam valor numérico as letras do alfabeto, de modo
que, para entender o significado de 666, é necessário procurar um nome
cujas letras somadas perfacam o total 666. Esse nome deve ser grego ou
hebraico, pois estas eram as duas únicas línguas que Sao Joáo e seus
leitores conheciam; nao sabiam latim nem se preocupavam com o Bispo do
Lacio ou de Roma. Mais: esse nome deveria ser o de um personagem co-
nhecido por Sao Joáo e seus leitores, pois o Apostólo quería dizer algo que
os cristáos pudessem ¡mediatamente compreender e avaliar com facilídade.
Em conseqüéncia, os melhores exegetas julgam que 666 representa o nome
grego Kaisar Nerón escrito em caracteres hebraicos; seria o Imperador César
Ñero, o primeiro e maís famoso perseguidor dos cristáos, tipo dos demais
perseguidores. Eis como se distribuem os valores numéricos no caso:
Q S R N R V N

100 60 200 50 200 6 50

Sao Joáo, ao usar linguagem cifrada, queria dizer que o Imperador


perseguidor estava fadado ao fracasso, poís 666 é número de mau agou-
ro (6 = 7 - 1; 7 significa plenitude; donde 7 - 1 quer dizer deficiencia,
fracasso); a linguagem cifrada protegería o denunciante. Tal explicacáo
podía ser entendida pelos leitores ¡mediatos do Apocalipse de Sao Joáo;
tinha sentido para eles, poís os reconfortava, significando que o inímigo
nao triunfaría, mas seria derrotado. Vé-se assim quanto é desproposita
do dizer que 666 significa um pretenso título do Papa, título que nunca
existíu e que jamáis os leitores do Apocalipse na Asía Menor de outrora
poderiam entender.
Em suma, a exegese de Karl Weiss é preconceituosa e, por isto,
falsa. As duas Bestas do Apocalípse, capítulo 13, sígnificam respectiva
mente o Imperio Romano perseguidor e a religíáo oficial do Imperio, que
mandava adorar o Imperador. O número 666 é o da primeira Besta, e nao
o da segunda, como pensa Karl Weiss. Mais: as regras de exegese bíbli
ca, aceitas por católicos e nao católicos abalizados, mandam que o estu
dioso retroceda ató a época do autor sagrado e procure compreender os
seus dízeres a partir dos parámetros da cultura do seu tempo, e nao de
época posterior.

373
38 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

4) "Só em 381 a denominacáo Católica foi instituida". Por conse


guirte, segundo Karl Weiss, até 381 só se falava de cristios, e nao de
católicos. - Eis mais urna falsa alegacáo; com efeito, o nome católica
aparece no fim do século I ou no comeco do século II, numa carta de S.
Inácio de Antioquia dirigida aos cristáos de Esmirna;

"Onde querque se aprésente o Bispo, ali esteja também a comuni-


dade, assim como a presenga de Cristo Jesús nos assegura a presenga
da Igreja Católica".

Tais dizeres datam dos anos anteriores a 107, pois em 107 morreu
S. Inácio de Antioquia. Por conseguinte, nao se pode dizer que só em
381 apareceu o título católico. Em 381 houve, sim, o Concilio de
Constantinopla I, que tratou da SS. Trindade e nao do título, já muito
usual, de católico.

5) Karl Weiss atribuí o livro bíblico de Daniel ao ano 600 a. C. Na


verdade, o profeta Daniel viveu depois de 600 a.C, ou seja entre 587 e 538
a.C. no exilio da Babilonia. Todavía o livro de Daniel (assim intitulado) é de
época mais tardía, ou seja, do século II a.C, supondo a pressáo helenizante
dos sirios sobre os judeus durante o reinado de Antíoco IV Epífanes.
6) O jornal poe em relevo urna frase violenta do artigo de Karl Weiss:
"O catolicismo criou a mentira do limbo e do purgatorio, dogmas comple
tamente estranhos as Escrituras Sagradas". Que dizer a táo pungente
acusacáo?

Na verdade, o purgatorio nao foi criado nem imaginado pelo Cato


licismo. Está documentado em 2Mc 12,39-45: Judas Macabeu mandou
fazer urna coleta para oferecer sacrificios em Jerusalém, em sufragio
dos soldados mortos em batalha. Por conseguinte, o purgatorio aparece
ñas Escrituras do Antigo Testamento pré-cristás; tem origem no judais
mo e nao no Catolicismo. Mesmo quem nao reconhece os livros dos
Macabeus como canónicos, reconhecerá que a crenca no purgatorio teve
origem no povo de Deus anterior a Cristo e por este foi transmitida aos
cristáos juntamente com a Revelacao do Antigo Testamento.

O limbo... A palavra limbo vem do latim limbus, o que significa


orla, margem. Na linguagem teológica tem duas accepcóes:
a) Os judeus imaginavam que debaixo da térra havia um grande
compartimento chamado cheol, no qual estariam as almas dos faleci-
dos. Tal depósito teria urna borda ou orla, limbo, no qual estariam os
justos aguardando a vinda do Redentor para poder gozar da bem-aven-
turanca celeste. Esse estado é chamado o limbo dos país; pertence ao
patrimonio das crencas judaicas, e passou para o Cristianismo, feita abstra-
cáo da topografía do além assim veiculada. Em 1 Pd 3,16-21 lé-se que Jesús
374
OS GRAVES ERROS DA "FOLHA UNIVERSAL" 39

foi anunciar aos justos do Antigo Testamento e aos demais justos a obra da
redencáo realizada. Por conseguinte, a crenca no limbo está no Novo Testa
mento ou na Escritura Sagrada e é professada no Credo, que reza:

"Jesús foi crucificado, moño, sepultado e desceu a mansáo dos


mortos (= limbo), ressuscitou ao terceiro dia".
b) A teología conhece também o limbo das criancas. Este sería
um estado de felicidade natural reservado as criancas que morrem sem
Batismo. O primeiro a falar do limbo das criancas foi S. Anselmo de
Cantuária no comeco do século XII. O conceito de limbo nunca foi artigo
de fé. Em nossos dias muitos e bons teólogos julgam que as crian$as
mortas sem Batismo sao salvas pela oracáo dos pais e da Igreja, de
modo que podem obter a bem-aventuranca celeste ou a visáo de Deus
face-a-face, pois o Senhor Deus nao está preso aos sacramentos; pode
conceder a graca independentemente do canal dos sacramentos.

Assim mais urna vez se vé que Karl Weiss está mal informado.
7) Chama a atengáo ainda urna passagem do artigo. Diz em seu
final: "O Vaticano está situado sobre sete colinas" e o autor enumera
essas colinas: Quirinal, Viminal, Esquilino, Celio, Aventino, Palatino e
Capitolino. Ora quem conhece geografía sabe que o Vaticano é um mi
núsculo territorio que mede 0,44 km2; jamáis poderia estar pousado so
bre sete colinas; é despropositado dízé-lo. Também basta ler os jomáis
para saber que o Quirinal é a sede do Governo da Italia e o Vaticano é a
sede do governo central da Igreja. Por conseguinte, o Vaticano nao está
pousado sobre sete colinas nem sobre o Quirinal. A cidade que está pou-
sada sobre sete colinas é Roma. Roma e o Vaticano sao realidades bem
distintas urna da outra.

2. "Curiosidade sobre os Papas"

Em sua edicáo ns 315 de 19 a 25 de abril de 1998, a "Folha Univer


sal" publica á p. 4A o artigo intitulado "Curiosidade sobre os Papas", da
autoría de Mary Schultze. Vale a pena comentá-lo, pois se evidencia que
os preconceitos da articulista sao tais que, em nome da Biblia, nega ver
dades bíblicas muito obvias.
1) "Simáo era o nome do mágico de Atos 8,9-25, amaldigoado por
Pedro, o apostólo. A 'santa madre' juntou o nome desse mago que teña
ido para Roma e lá estabelecido o mitrafsmo, ao nome 'Pedro', intérprete
dos grandes misterios do paganismo, e criado um 'Simáo Pedro' que se
ria o primeiro papa e nunca foi o Simáo Pedro a quem Jesús pediu que
apascentasse suas ovelhas".
Estas afirmagóes parecem provir de alguém que ignora por com
pleto o Evangelho ou, se o conhece, o conhece para dar vazáo ao seu

375
40 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

préconceito. Na verdade, basta ler Jo 1,41s para perceber que Simáo


Pedro é o nome dado por Jesús ao irmáo do Apostólo André:
"André encontrou primeramente Simáo e Ihe disse: 'Encontramos
o Messias (o que quer dizer Cristo). Ele o conduziu a Jesús. Fitando-o,
disse-lhe Jesús: 'Tu és Simáo, o filho de Joáo; chamar-te-ás Cefas (o que
quer dizer Pedro)". Ver também Jo 6,68; 13,36; 18,25.

Simáo Pedro, portanto, é apelativo devido a Jesús e nao é constru-


cáo tardia da Igreja. Foi a esse Simáo Pedro que Jesús quis confiar o
pastoreio de suas ovelhas:

"Jesús disse a Simáo Pedro: 'Simáo, filho de Joáo, tu me amas


mais do que estes?' Ele respondeu: 'Sim, Senhor; tu sabes que eu te
amo'. Jesús Ihe disse: 'Apascenta os meus cordeiros'. Urna segunda vez
Jesús Ihe disse: 'Simáo, filho de Joáo, tu me amas?'- 'Sim, Senhor, disse
ele; tu sabes que eu te amo'. Disse-lhe Jesús: 'Apascenta as minhas
ovelhas'. Pela terceira vez disse-lhe: 'Simáo, filho de Joáo, tu me amas?'
Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez Ihe perguntava Tu me
amas?' e Ihe disse: 'Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo'. Jesús
Ihe disse: 'Apascenta as minhas ovelhas'" (Jo 21,15-17).
2) "Chaves do Reino. Sao as chaves místicas do deuspagáo Janus
e da deusa Cibele do mitrafsmo, urna das principáis correntes dos misté-
ríos da Babilonia que veio para Roma".

Como ignorar que a expressáo "chaves do Reino" procede dos la


bios de Jesús? Basta ler Mt 16,19: Tu te darei as chaves do Reino dos
céus, e o que ligares na térra será ligado nos céus, e o que desligares na
térra será desligado nos céus". Ao dizer tais palavras, Jesús parece fazer
alusáo a Is 22,22: "Porei sobre os ombros de Eliacim a chave da casa de
Davi: quando ele abrir, ninguém fechará; quando ele fechar, ninguém
abrirá". Seja citado outrossim Ap 3,7: "Assim diz o Santo, o Verdadeiro,
aquele que tem a chave de Davi, o que abre e ninguém mais fecha, e,
fechando, ninguém mais abre".

3) "Quanto ao túmulo de Pedro, ele foi descoberto em Jerusalém, e


agora a 'santa madre' está com serias dificuldades para explicar como
ele veio parar em Roma".

Quem conhece a Térra Santa e acompanha os noticiarios interna-


cionais, sabe que nao ocorreu tal descoberta. Trata-se de afirmacáo gra
tuita e falsa da "Folha Universal", afirmacáo que surpreende pelo seu
caráter leviano e desonesto.

4) O artigo confunde entre si o antipapa Joáo XXIII (1410-1415)


com o Papa Joáo XXIII (1958-1963). Urna pessoa adulta que tenha vivido
nos últimos decenios, pode acompanhar a trajetória de vida do Papa Joáo

376
OS GRAVES ERROS DA "FOLHA UNIVERSAL"

XXIII e perceber que fo¡ grandemente estimado pela sua conduta bondo
sa e simpática, digna sob todos os aspectos.

5) O uso de velas, incensó e as procissóes sao criticados como


práticas pagas.

Na verdade, trata-se de costumes bíblicos, bem conhecidos de quem


costuma ler as Escrituras Sagradas. Assim quanto as velas, basta referir-se
a Ap1,13-20;2,1, onde se fala de candelabro(s): o Filho do homem se en-
contra no meio de sete candelabros. No tocante ao incensó, ele aparece na
corte celeste descrita em Ap 5,8; 8,3. As procissóes encontram seu funda
mento bíblico em 2Sm 6,15s, onde se lé que o rei Davi saltava e dancava ao
acompanhar a procissáo que transportava a Arca do Senhor para Jerusalém.

Outras aberracóes se podem apontar ñas páginas agressivas da "Fo-


Iha Universal"; depóem contra o valor desse periódico, que, por seu odio
preconceituoso, já nao pode ser tido como publicacáo genuinamente crista.

...continuagáo da pág. 384

um mundo novo, urna humanidade nova. Minha filha, escreve que tudo isto nao
está longe. Está ai. Porisso quero que vivas só para Mim. Quero que escrevas o
que falo» (p. 134).

Que dizer?

- Observase que nos documentos oficiáis da Igreja existe, sim, a exorta-


cáo a oragáo e á penitencia. O Papa Joáo Paulo II tem insistido na conversáo dos
fiéis a urna vida mais coerente e fervorosa, tendo em vista especialmente a re-
conciliagáo dos irmáos separados; assim se há de preparar o mundo cristáo para
o Grande Jubileu do ano 2000, que deve implicar renovagáo interior, capaz de se
irradiarpelo mundo profano.

Quanto á predigáo de catástrofes, nada se encontra na palavra oficial da


Igreja. Deve-se a revelagoes particulares, cujo teornáo se impoe a fé. Os histori
adores registram o surto periódico de "profecías" alarmantes no decorrer dos
séculos; quando as coisas nao váo bem, é espontáneo ao homem pensar que
"só Deus dá um jeito" e que Ele intervirá de maneira drástica para pórordem no
mundo. Tem-se assim urna especie de consolagáo, que redundará em premio
para os bons. Tais "profecías" ocorreram no fim da Idade Media, como também
nos dois últimos séculos, quando adventistas e Testemunhas de Jeová se esmera-
ram por calculara data do fim do mundo, em váo porém. É de crer que o ano 2000
assinalará urna alteragao no calendario da humanidade, mas sem conseqüénci-
as cósmicas. O que importa ao fiel cristáo é aproveitaro dom do tempo que Deus
concede á humanidade como tal e a cada individuo, para praticar urna conversáo
mais radical. Vale a pena refletir sobre as palavras do Apostólo: "Desprezas a rique
za da bondade de Deus, a sua paciencia e longanimidade, desconhecendo que a
benignidade de Deus te convida á conversáo?" (Rm 2,4). A meditagao sobre tais
dizeres tem mais valordo que a atengáo ás profecías que pululam neste fim de sáculo.

377
Tecnología versus Ética:

CONGELAMENTO DE CADÁVERES HUMANOS

Em síntese: A sociedade Alcor, nos Estados Unidos, conserva á


temperatura de -196BC em azoto líquido treze cadáveres e vinte e duas
cabegas de seres humanos, na expectativa de fazé-los voltar á vida me
diante oprogresso da ciencia. Os "neuropacientes" sao preparados para
permanecerem ilesos, tanto quanto possfvel sob táo baixa temperatura.
Ninguém sabe o que resultará de tais experiencias. -Éde notar, porém,
que a vida humana tem um principio vital (alma) espiritual, que só Deus
pode produzir ou criar ou só Deus pode fazer voltar ao corpo depois da
separagáo ocorrente pela morte do individuo.

A Crioconservacáo (conservacáo em ambiente gélido) tem-se es


tendido a cadáveres e cabecas de cadáveres humanos nos Estados Uni
dos.

A Alcor, situada no Estado do Atizona, é a sociedade, sem finalida


des lucrativas, que se encarrega desse tipo de tecnología. Ela conserva
no azoto líquido, á temperatura de -196SC, treze corpos inteiros e vinte e
duas cabegas de pessoas que o desejaram em vida, na esperanca de
que possam ser um dia ressuscitadas ou mesmo na expectativa de que a
ciencia produza um corpo que se reunirá a tais cabegas e comecará a
viver normalmente.

Proporemos, a seguir, alguns dados que ilustram este procedimen-


to, e urna reflexáo a respeito. Os elementos científicos foram extraídos
do artigo "Les croisées de la congélation", da autoría de Thierry Souccar,
publicado pela revista "Sciences et Avenir", fevereiro de 1998, pp. 44-48.

1. Crioconservacáo: em que consiste?

A justificativa para se empreender a crioconservacáo humana é o


fato de que já se conseguiu congelar o coracáo de animáis inferiores,
que, após varios dias, tornou a bater.

Assim em Rochester (New York, U.S.A.) os pesquisadores conser-


varam o coracáo de ratos a -10°C; 86% desses coracdes voltaram a ba
ter. Ras inteiras foram congeladas e tornaram a manifestar vida. A
salamandra da Sibéria passa o invernó todo a -309C e recupera-se após
a estacáo gélida. Tais animáis produzem substancias antigel ou
crioprotetoras... Desde 1957, os estudiosos canadenses congelaram a

378
CONGELAMENTO DE CADÁVERES HUMANOS 43

- 55QC, durante dezenove días, larvas de cynips, inseto que produz natu
ralmente glicerol e surbitol.
O procedimento bem sucedido em animáis inferiores suscita a es-
peranca de que o mesmo se dé com o ser humano. Por isto, além de
trinta e cinco já congelados, há 416 clientes de Alcor em fila de espera.

O Sr. Paúl Garfield mostrou-se hesitante sobre o que Ihe acontece


ría no além. O seu rabino Ihe assegurou que teria outra vida. Octogenario,
Garfield respondeu: "Eu gostaria de que a vida continuasse. Se Deus
existe, tanto melhor! Mas, a título de precaucáo, prefiro entregar-me as
máos da ciencia". Por isto em 1994 confiou á Alcor a responsabilidade de
Ihe congelar a cabeca após a morte, na expectativa de que um dia Ihe
daráo vida e um corpo novo.

A explicacáo deste pedido foi dada pelo próprio Sr. Paúl Garfield
nos seguintes termos:

"Nao tenho formagáo científica, mas adquirí a conviccáo, lendo re


vistas durante quatro anos, de que a futura tecnología permitirá reconstituir
um corpo completo, seja por clonagem, seja por nanotecnologia".
Eis, porém, que Paúl Garfield vive modestamente, de modo que a
sua opcáo de head only (cabeca apenas) foi devida principalmente a
razóes económicas:

"Eu nao tinha como pagar os 120.000 dólares solicitados para a con-
servagao do corpo inteiro. A cabeca me custava apenas 50.000 dólares".

P. Garfield passou as festas do fim do ano de 1997 com os familia


res. Foi entáo debatida e contestada a sua decisáo de ter a cabera con
gelada. Ele mesmo, porém, nao se ¡mportou e declarou:
"Adoro a vida. O que Alcor me oferece, é suavizar a própria idéia da
morte; é apostar numa segunda oportunidade de viver".

O Sr. Jerry Searcy, de 56 anos, declarou: "Adoro a ciencia de fic-


gáo. A idéia de ser congelado e, depois, ressuscitado parece ridicula,
mas nao me cria problema".
A primeira pessoa congelada após a morte foi James Bedford, com
a idade de 73 anos aos 12/02/1967; seu corpo passou por tres socieda
des de crioconservacáo, e finalmente foi confiado á Alcor.

A sociedade Alcor tem por sede um edificio cor de rosa um tanto


desbotada. Quem nele entra, leva logo um choque devido ao forte cheiro
de formol que impregna o hall de entrada; penetrando no interior do pre
dio, os visitantes podem ver o retrato do semblante de cada um dos
379
44 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

"neuropacientes" (como sao chamados). Lá se encontra Chamberlain,


pai de Fred Júnior e Linda, fundadores da Alcor em 1972; Fred Júnior
conservou ai seu pai falecido em 1976; Linda colocou lá sua falecida
máe em 1990. Mais adiante, véem-se o sorridente produtor de televisao
Dick Clair, o rosto dolorido de Ed Kuhrt, falecido de cáncer do pulmáo aos
8/02/1997 e o olhar preocupado do cirurgiáo Jerry Leaf, morto em 1992.
Os técnicos da Alcor sabem que devem ser muito expeditos para
conseguir o que almejam:

'Temos de intervir antes que avance oprocesso de degenerescencia


que se segué a morte. Na medida do possível, queremos estar no hospi
tal antes que o paciente seja declarado clínicamente morto".

A principio os técnicos da Alcor cortavam a cabeca do neuropaciente


no lugar mesmo em que ele morria. Atualmente a amputacao se dá na
sede da sociedade, pois, como diz Brian Stock, "nao era fácil explicar as
companhias de aviacáo e aos oficiáis da alfándega por que viajávamos
com a cabeca de um morto".

Tendo chegado á sede da Alcor, o cadáver é depositado sobre um


leito de gelo, a fim de que os cirurgioes Ihe abram a caixa torácica, enfi-
em tubos finos pela aorta (arteria que leva ao corpo o sangue oxigena
do), pela qual fazem circular urna solucáo de glicerol ou antigel. O conge-
lamento pode entao comecar: o paciente é merguihado durante 36 horas
num banho de gelo e de silicone, até atingir a temperatura de -799C. A
última etapa pode durar entre sete e dez dias: consiste em levar o corpo
ou a cabeca ao azoto líquido com a temperatura de -196SC. Assim imersos
no azoto, os pacientes sao colocados em seu lugar definitivo: um dentre
seis recipientes de acó de 3m de altura, cheio de azoto, no qual cada um
co-habita com locatarios mais antigos.

Tirar do container será operacáo delicada. O contrato observa que


"é impossível saber se os pacientes seráo, um dia, reconduzidos á vida".
Com relacáo a cada paciente, Alcor conserva um informativo médico com
pleto, que enuncia as causas e as circunstancias da morte assim como
dados biográficos importantes.

2. Um espécimen do procedimento

Ed Kuhrt era um detective privado, que faleceu em Nova lorque


aos 8/02/1997, estando presente urna equipe de Alcor.

4h 25min (hora de Nova lorque): os médicos verificaram o óbito.

4h 25min até 5h 5min: aplicacao de oxigénio e estimulacao


cardiopulmonar. Injecoes intravenosas de medicamentos para facilitar o
380
CONGELAMENTO DE CADÁVERES HUMANOS 45

transporte e limitar o desgaste dos tecidos: anticoagulantes, enzimas para


destruir as pedras arteriais e venosas, sais minerais contra acidez gástri
ca, antibióticos, antioxidantes contra a deterioracáo das células...

5h 5min: transferencia para a cámara mortuária.


6h 40min até 8h 40min: substituicáo do sangue por urna solucáo
rica de potássio (para preservar os órgáos contra as toxinas e evitar o
edema celular).

18h 10min (hora de Scottdale, sede de Alcor) ou 21 h 10min (de


Nova lorque): chegada a Alcor por via aérea.
18h 20min até 21 h 55min: abertura do esterno para atingir o apare-
Iho circulatorio e infundir urna solucáo de glicerol concentrado e também
um tanto de manitol e de agua (em quantidade mínima).
21 h 55min até 22h 33min: a cabeca de Ed Kuhrt é retirada median
te seccionamento entre a sexta e a sétima vertebras. É colocada em
bolsa de polietilénio..., depois mergulhada em banho de silicone á tem
peratura de -319C.

O congelamento vai sendo realizado aos poucos e com precisáo,


de modo que aos 9/02, ás 6h da manhá, os termómetros marcam -799C.
Os técnicos passam entáo a cabeca para o azoto líquido, e aos 20/02, á
tarde, a cabeca de Ed Kuhrt está imersa na temperatura ideal de -1962C.
Transferem-na para um recipiente de acó.

3. Que dizer?

O avanco da tecnología surpreende o leitor e Ihe sugere diversas


interrogacóes.

Deixando de lado as considerares de ordem médica, estas linhas


se deteráo no plano filosófico-teológico.

Tratando-se de crioconservacáo, duas hipóteses podem-se levan


tar: ou os pacientes estáo realmente mortos (como supoe a exposicáo
atrás) ou nao estáo realmente mortos, mas em coma profundo.
No primeiro caso, deve-se levar em conta que a vida humana nao
resulta apenas de habéis combinacóes químicas, pois é vida que trans-
cende a materia ou é animada por um principio vital ¡material ou espiritu
al. Ora nenhum cientista é capaz de produzir um ser espiritual, pois este
é incorpóreo, dotado de intelecto e vontade. Somente um ato criador de
Deus pode produzir urna alma humana ou pode fazer a alma de um de-
funto voltar ao seu corpo. Daí a interrogacáo: o Criador colaboraria com
os dentistas, dando alma humana ao corpo hipotético reconstruido pela
381
46 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

ciencia ou conservado em azoto? A esta pergunta ninguém pode respon


der, mas ela parece versar sobre algo de multo pouco provável sob todos
os aspectos.

No caso de nao estarem realmente mortos os pacientes (o que nao


se dá na sede de Alcor, onde só se guardam defuntos), pode-se dizer
que, se o organismo dos pacientes voltar a ter condicóes de exercer suas
funcóes, a alma nele existente voltará a fazer tal organismo funcionar.
Nao haverá um retorno á vida, mas a passagem da dorméncia para a
atividade. Todavía também esta hipótese parece estar longe do verossí-
mil e provável.

Em suma, o ato de proceder ao congelamento de cadáveres, medi


ante manipulacáo requintada, é algo de inédito; parece ser urna opera-
cáo que estende o raio de acáo da medicina, ciencia que tenta salvar a
vida e combater a morte. Assim considerado, o congelamento pode ser
lícito do ponto de vista ético. Todavía pode-se perguntar se, assim proce-
dendo, o homem nao está esquecendo os seus limites de criatura e pre-
tendendo assumir utópicamente o lugar de Deus...?

O Caminho da Felicidade, por F. Battistini, - Ed. Vozes, Petrópolis


1998, 135 x 210mm, 260 pp.

Frei Francisco Battistini é muito conhecido por suas obras


catequéticas, editadas e reeditadas varías vezes. Entrega ao público um
compendio de doutrina da fé com o título ácima. Segué o Catecismo da
Igreja Católica, servindo-se de linguagem simples e clara para proporas
grandes verdades do Credo. Eis como o autor justifica o título da sua
obra:

«A felicidade existe. Vocé é feito para ela. O sinal mais evidente de


que vocé é feito para ser feliz é aquele anseio profundo e intenso, aquele
impulso e aqueta tendencia radical que leva vocé a procurara felicidade.
Incessantemente. Nao se trata de um simples desejo que hoje se tem e
amanhájá sumiu. É algo bem mais profundo. É algo que faz parte essen-
cialda nossa vida e da nossa natureza. Porém cuidado! Vocé nao é feito
para urna felicidade efémera, fugaz, passageira. Vocé é feito para urna
felicidade total. Duradoura. Infinita. E que o satisfaga totalmente. Onde
está ela? Vocé tem ñas máos um instrumento válido e seguro para
encontrá-la.

Este livro quer ser um guia para vocé conhecera felicidade» (p. 11).
Possa realmente este valioso livro levar muitos leitores ao Paioor
Cristo!

382
"UM POUCO DE ETIQUETA NAO FAZ MAL"

Tem sido divulgada urna folha com o título "Um pouco de Etiqueta
nao faz mal" como proveniente da Igreja na Italia. Visto que aprésenla nor
mas sabias e oportunas para o comportamento do cnstao na igreja,
reproduzimo-la a seguir, certos de que tem significado também para o Brasil.
«1 - Cuida da casa de Deus como se fosse a tua casa.
2 - Quando entrares numa igreja, cumplimenta o Dono da casa.
3 - Veste-te com decencia quando participares de urna cerimónia
religiosa.
4 - Procura chegar na hora marcada.
5 - Nao fiques de pé quando todos se ajoelham.
6 - Nao deixes respingar no chao agua benta ou cera de vela.
7 - Lembra-te de desligar o telefone celular e de evitar ruidos de-
sagradáveis durante a missa.
8 - Participa das oragdes e preces no tempo ceño.
9 - Nao deposites, na sacóla da coleta, fichas de telefone ou mo-
edas sem valor.
10 - Nao fagas barquinho de papel com os folhetos e livros.
11 ■ Mantém o comportamento participativo em todo ato religioso.
12 - Respeita as filas de confissáo, comunháo e outras.
13 - Cuida das chancas, para evitar que elas perturbem a celebragáo.
14 - Nao converses durante a homilía e depois da Missa».
O valor desses axiomas é evidente por si mesmo.
Estéváo Bettencourt O.S.B.

CORRESPONDENCIA MIÚDA
M.C.C.: "Ouvi dizer que a narrativa da ressurreicáo de Lázaro é
meramente simbólica. Fiquei surpresa".
Minha cara amiga, sempre que se lé um texto, a boa exegese supóe
que tenha sentido literal ou deva ser tomado ao pé da letra, a menos que
haia indicios de género simbólico (parábola, alegoría, metáfora...). Assim
também na Biblia; ora em Jo 11 nao há sinais de estilo figurado, de modo
que anegagáo da sua historiddade é um postulado subjetivo e gratuito.
Quanto ao Magníficat de María SS., lembra o cántico de Ana em
2Sm 2,1-10; é vasado no estilo dos "pobres de Javé", a que Mana perten-
cia; dafa presungáo de que María o tenha cantado.
383
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 435/1998

LIVRO EM ESTANTE

Mensagem da "Misericordia Infinita", sob a responsabilidade de Pedro


de Mana-Jesus. - Brasil 1998, 125 x 180mm, 143 pp.
Pedro de Maria-Jesus (pseudónimo?) reproduz mensagens atribuidas a
£íZn*?£nHadaSi Uim, dfVOta an6nima- Desc™em *™ termospessimis-
tasa sríuagao do mundo e da Igreja, apontandopecados e falhas eprevendo o
onnn ' qUe' se9uncto se dePreende d° ^xto, deve desencadear-se no
ano 2000 ou nassuas imediagóes: "O tempo está chegando ao fim" (p. 135)-
Estamos chegando. Daqui a pouco é a estagao final. No mundo nao se quer
pensar no que está por vir" (p. 139). H
O texto mais significativo é o seguinte:
«O ano 2000 está ai. Quem pensa nisto? O ano 2000 está ai e o mal
n^JjJ? pecad°se avoluma- Poriss° Deus precisa voltar visivelmente á térra
para salvaros filhos, para vencer o inimigo de Deus e dos homens. Porisso Eu
Znfn^ T? A 'Uta $erá breve: irés dias será0 suficientes para destruir o
ZSfEr* ^ e reconduzir os filhos a Cas* d° PbL A minha voita, porém,
será ternvelporque acontecerá o que foipredito pelo profeta Joel. Eu vireipará
recriara térra eela será habitada pelos filhos de Deus assim como Israelhabitou
a térra que Ihe foi preparada pelo Senhor» (p. 133).
O texto apoia as mensagem de Vassula Ryden:

,octaonF'lh^'abreolÍVr0da Vassula^uer°esclarecer-tealgoquenaosabes. Oque


leste?QueEuesctBvoatmvésdaVassulaVmaCartaaomundoeálgreja'.>(p.135).
nomw"í?° eS°^es uma Carta como a Vassula- mas escreves urna Mensa
gem de Misericordia a todos que ainda podem e devem sersalvos. O tempo estí
%S?nf:°^
O Papa será assassinado e seu sucessorseté um pastor ilegítimo:
MetAril'i ^'T 6 a ?ÚHSÍa Se uniráo para curr>Prír os designios de Deus na
hstóna desta humamdade. Daqui a pouco será a Aiemanha que entrará napurí-
ficagao. Depos vira a morte do Papa. Voltoadizer-tequeestefato-amortedo
Papa - está condicionado á liberdade dos homens políticos. Tudopoderá aconte-
?eaTnÍrin™Me, "* If* ** ««««*»*» « Alemanha.Os fatosesSo
relacionados. Matam o Papa para que a Igreja se cale. Este será o último Pedro.
ten*, n-Pfa qUííra'ná0 Será meu ^Mentante. Nao mepertencerá e, por-
tl%n éescolh,doe aceito por Mim. Seugovemo será breve porque a críe
levara o mundopara a hora finalda historia desta humanidade sem Deus» (p. 140)
seráOímNSTT^f0^S6ráaSSaSSÍnad0p0rmá0^
SLÍ n SeríotnunfodoAmoreda Misericordia. O mundo que vira será o
Remo de Deus. Deus será tudo em todos que restarempara a gloria do PaiSerá
continua na pág. 377...
384
LIVROS A VENDA NA LUMEN CHRISTI:

JESÚS CRISTO IDEAL DO MONGE - Dom Columba Marmion, OSB. Versáo portu
guesa dos Monges de Singeverga. 682 pags * •

edicáo 1994. Formato 21,5 x16cm

SSS3S
SsSSSS^
nários e Faculdades. 691 págs ■""

índole didática. 230 págs "


DIÁLOGO ECUMÉNICO, Temas controvertidos. Dom Estéváo Bettencourt OSB
¡^di5?o, ampliada e revista, 1989. 340 pags ■"■«*".
- GRANDE ENCONTRÓ, Dom Hi.debrando P. Martins. OSB. Semana da M.ssana
Paróquia para melhor compreensao do povo. 109 pags
- QUADROS MURÁIS. Formato grande. Para aulas, círculos, portas de Igreja e sa-
loes Paroquiais. Em cores. Q QQ
1-ESTRUTURAGERALDAMISSA '

2 - O ANO LITÚRGICO

- ^^.^^=^^
- BODAS DE PRATA E OURO, ritos e textos para Missa 12* ed.
- MEUS QUINZE ANOS, ritos e textos para Missa 18* ed. 1994 R$ .3°-
- M.SSA DA ESPERANCA (EXEQUIAS DE SÉTIMO DÍA), 6* edicáo em cores, 04
págs., com 2a Oracáo Eucarística
Pedidos pelo Reembolso Postal ou pagamento conforme 2a capa.
RENOVÉ QU ANTO ANTES SUA ASSINATURA DE PR.
R$ 30,00.
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Encademado em percalina, 590 págs. com índice
(Número limitado de exemplares)... R$ 5U,uu
NO VI DA D E

AQUlN0
osa (da Academia R$ 16,00.

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