O Cardeal Ratzinger, encarregado, em 2004, pela Congregação para a Doutrina da Fé
( conhecida antigamente como Inquisição) de redigir um documento dirigido aos bispos da Igreja sobre a “colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo”, condenou o feminismo e a ideologia de gênero. Argumentava que a diferença natural de sexos tem que ser respeitada e que a ideologia de gênero equipara a homossexualidade à hetero, pela possibilidade de opção de gênero. Aproveitou para acusar as feministas de promover a guerra entre os sexos e de destruir a família. Sua Santidade está certíssima. A idéia de gênero não é uma boa para a Santa Madre. As diferenças entre sexos devem se aferrar aos destinos traçados pelos genitais. E assim se manterem definidos, homens e mulheres e seus papéis na Igreja e no mundo. Como Deus designou e todo mundo sabe, úteros lavam roupas e testículos pensam. Onde iríamos parar se, por uma opção de gênero os homens usassem saias, adereços dourados, se rodeassem de rendas, paninhos bordados, echarpes franjeadas caindo sobre as batinas, vestissem rôxo, falassem com aquela vozinha anasalada e falsamente mansa, e ainda ficassem jogando água benta fora da bacia? Se por uma opção de gênero chamassem uma instituição de patriarcas de “barca de Pedro”, um símbolo nítidamente uterino?Se destruissem a família e separassem os homens das mulheres obrigando-a-os a uma convivência de uma vida inteira só com pessoas do mesmo sexo? Tal prática seria uma forte incitação à homossexualidade, quem sabe até à pedofilia! Não! Os pastores devem dar o exemplo para seus rebanhos de ovelhas. Ovelhas devem pastar serenas e responder ao sinal seguro do cajado. Os pastores têm a responsabilidade divina de garantir o comando dos patriarcas em todos os domínios. Domminus, como toda ovelha sabe, quer dizer senhor. Sua Santidade, tem, porisso, o dever de garantir a abolição da ideologia de gênero não só nas pastagens das ovelhas. Não se pode sair por aí passando instituições respeitáveis como o Sistema Jurídico, por exemplo, pela lente do gênero. Seria uma opção de gênero usar togas rodadas, chapéus enfeitados com arminho, lapelas rendadas. Acabar-se- ia até com a pompa e circunstância dos garçons e seus aventais elegantes até os pés, na nobre e elevada função de servir à mesa, que não poderia ser confundida com outra possível opção de gênero. Dos garçons aos chefs, com seus impolutos aventais compridos. Os homens, como qualquer ovelha não desconhece, não fazem as mesmas coisas que as mulheres. Mulheres são cozinheiras, garçonetes. Imagine o ridículo de uma garçonete vestida com um longo servindo um prato requintado. Isso é coisa para um smoking. Com gravata borboleta de lacinho. E não são à toa os tamanhos dos chapéus dos chefs, das mitras e das coroas. A cabeça do Domminus tem que se elevar acima da carneirada.Quanto mais estrelinha, fitinha e medalhinha no peito, mais respeitável o comandante. E cajados, espadas, as varas dos antigos professores (de avental até o chão eles também), o martelo do Meretíssimo, o martelo do pregoeiro da Bolsa de Valores, para não falar dos ejaculantes garrafões de champanhe dos campeões da Fórmula -1, esguichando-se uns nos outros, estas sim, são opções viris, como a viril coragem e o orgulho varonil. Que ningém se emascule em rendados, não se embaralhem os signos. Sua Santidade está certíssima. Não vá nenhuma ovelha sair do caminho traçado. Ela vira uma ovelha negra, imediatamente. E a ovelha negra, como reza o cardápio, contamina todo o rebanho.Incita, por sua própria negritude, a ideologia da diferença. Pastores odeiam a diferença. Amam suas ovelhinhas todas iguais, balindo assustadas, temerosas, passando umas sobre as outras, pisando as próprias crias se ameaçadas. Ovelhas são muito asssustadiças. Precisam de rotinas, ritos rígidos, o mesmo percurso diário, geração após geração. Uma vida regrada, de tosa em tosa até o corte final. Sem elas, o que seria dos longos mantos dos reis e imperadores? sem a lã de seus corpos quem haveria de aquecer os pastores, os meretíssimos, as santidades, os nobres senadores e deputados, os excelentes, excelentíssimos senhores? E sem as mulheres que cardassem com paciência a lã, fiassem interminavelmente em suas rocas e ferissem seus dedos e gastassem seus olhos a tecer? E mantenham-nas longe das doutrinas histéricas das feministas, essas desagregadoras das congregações, incapazes de bordar uma batina, de fazer um sequilho para o senhor cura, de ajoelhar-se e confessar seus pecados. Cabeças cobertas e silentes, as mulheres, pela própria natureza, não empunham cajados. São muito assustadiças, dóceis e assustadiças. O mundo, com seus domínios, não é um lugar seguro para mulheres sem pastores. Assim reza a doutrina da fé de Benedito XVI, o Papa Ratzinger. Papa, como toda ovelha sabe, é o nome do Pai. Do patrão, do patrocinador, do patriarca, do patrício, do patrimônio, do patrulheiro do………