PRIVADO
JUSTIÇ
A
Princípios: regras muito amplas que servem de base para outras ilações
(deduções), princípios são baseados em uma racionalidade ou lógica. Ex.:
Ninguém pode transferir o que não tem. Ou então frases de conteúdo ético. Ex.:
Não cobiçar a mulher do próximo. Estes são exemplos de princípios jurídicos,
donos de uma regra de caráter amplo, e um conteúdo bastante variável, que não
possui muita discussão, mas não são os mesmos dos princípios gerais do Direito.
Obs.: Princípios Gerais do Direito: É um grupo de pensamentos pertencentes
à escola positivista. Visões do Direito:
• Jus naturalismo: o direito existe, pois é uma revelação divina,
que parece com normas emanadas por um ente superior. Ex.: os
mandamentos de Moises. Com o passar do tempo esta escola
evoluiu e ela se transformou em “racionalismo”, o Direito
é produto do raciocínio humano, ou o Direito é produto da
razão;
• Jus positivismo: o Direito nada mais é que regras que a classe
dominante impôs, direitos impostos, colocados por outras
pessoas para serem exercidos;
• Jus Historico-Sociologico: o Direito é um produto da evolução
Normas: Norma é uma palavra polissêmica, multisignificativa. São
proposições que tem na sua simplificação uma estrutura especial ou bimembre
(dois membros). Todas as normas quando reduzidas chegam a uma Hipótese
Normativa (se e quando acontece algo), que estipula um fato possível, os
filósofos a definem como um antecedente da lei e é representada por: Se e
quando acontece algo=>gera uma conseqüência (efeito, eficácia, sanção). Ex.:
Se alguém mata alguém deve haver prisão de seis a doze anos/ Se alguém nasce
com vida ele ganha personalidade. A norma é uma construção intelectual, uma
interpretação da lei, que trata todos como iguais, quando alguém desrespeita
uma lei, é preciso interpretá-la, compreende-la, criando uma norma que vai
mostrar a maneira como a lei deve ser aplicada. As normas criadas fazem parte
da jurisprudência, quando um jurista precisa decidir algo, ele busca na
jurisprudência para ver como que outros juristas procederam em situações
antigas semelhantes. As normas duram ate que alguém construa outras
melhores e, todos nos somos capazes de melhorar as normas. Não existem
normas obrigatórias, quando alguém as desrespeita, sofre uma sanção
(conseqüência). Exemplo de criação de diferentes normas a partir de uma
mesma lei: no caso do Crime de Sedução, a lei é a mesma de 50 anos atrás,
porem hoje é interpretado de maneira diferente. A função do advogado é
convencer o juiz de que ele esta certo, justificando normas. As normas jurídicas
podem ser publicas (quando contidas na lei, sentenças e atos administrativos), e
privadas (quando nos contratos).
Conceitos Básicos: para obter coerência no sistema do Direito é necessário
fixar conceitos básicos, isto é muito importante para obter uma coerência entre
valores, princípios e normas. Os fatos quando acontecem devem ser vistos com
uma visão de Direito. Ex.: A batida (peixada) de Marau. O sistema visa o
equilíbrio das relações sociais, a homeostase social (equilíbrio no movimento),
não se deve esquecer que a sociedade também esta em movimento. O sistema
também visa à divisão equitativa dos bens do mundo, de modo que terminem
aas classes sociais. O Direito é incompatível com a força, aonde há força não há
Direito e vice-versa. O Direito tem uma sanção, somente no Direito Penal, alguns
autores dizem que o Direito é sancionativo (CUIDADO), O Direito não tem
conotação de castigo, somente uma parte do Direito tem essa característica, o
Penal, isso não pode fazer defini-lo como um todo.
Fontes do Direito ou Fontes das Normas Jurídicas: a compreensão da
natureza e eficácia das normas jurídicas pressupõe o conhecimento das suas
fontes. O Direito tem sua origem nas leis, nos costumes, na jurisprudência, e nas
doutrinas.
1. Costume: repetição de uma norma não escrita ao longo do tempo é
uma norma que passa de boca em boca pela tradição. Ex.: Apedrejar
a mulher adultera. É muito semelhante à norma. O costume só pode
servir como fonte do Direito e construir uma norma quando não há
lei para regular o acontecimento ou atitude por isso diz-se que tem
instrução supletiva. O costume só tem validade se tiver mais de cem
anos.
2. Jurisprudência: a sentença de um juiz muda de um lugar para o
outro. A sentença é um discurso de convencimento diluído em
relatório, argumentação e decisão. As decisões dos juízes são
baseadas no conhecimento dele e nada mais são do que a
construção de uma norma. Ao recorrer a uma sentença, a sentença
vai para o tribunal de justiça, este é formado por três juízes
(chamados de desembargadores), estes juízes julgarão novamente o
caso e darão uma nova sentença, chamada de acórdão. O conjunto
das decisões dos tribunais, “os acórdãos”, forma a jurisprudência.
Ex.: a jurisprudência do Rio Grande do Sul são os acórdãos julgados
no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, porém as sentenças
emitidas por este Tribunal são pouco usuais, ou seja, não são usadas
para se formarem normas, pois tem menos força.
3. Doutrina: são trabalhos feitos sobre a matéria, executados pelos
juristas, ou estudiosos do tema. Silvio Rodrigues, por exemplo, é um
dos estudiosos que formam as doutrinas do Direito.
Obs.: a diferença entre Doutrina e Teoria esta em que a primeira engloba os
conjuntos de idéias que não se submetem apenas as regras da lógica ou a prova
dos fatos, mas se apresentam estreitamente vinculados com aspirações,
sentimentos e preferências, já Teoria representa os complexos de idéias ou
noções que se sujeitam aos critérios lógicos e a verificação dos fatos com
possibilidade de revisão e melhor ajustamento a realidade.
4. Lei: é uma fonte escrita em um papel, emanada pelo poder
competente. Começa por um político, alguém que representa uma
parcela do povo e propõe um projeto de lei, os demais discutem
propõem emendas, suprimem, aprovam ou desaprovam o projeto de
lei. Depois de aprovada a lei, ela vai para as mãos do chefe do poder
executivo que pode aprovar (sancionar), ou vetar parcialmente ou
totalmente a lei. Havendo veto a lei volta novamente para a câmera
que vota em derrubar o veto, essa votação deve possuir no mínimo
2/3 do quorum, ai a lei é promulgada, que é a certeza que o projeto
de lei cumpriu todos os passos anteriores, devendo então ser
publicada para que todos aqueles que tenham interesse em
conhecer as leis possam ter acesso. Todos nos somos obrigados a
saber ou no mínimo ler as leis. Publicar não significa imprimir e sim
torná-la conhecida por todos. A lei sempre pretende regular
comportamento. A lei é somente o ponto de partida, igual a todos os
outros pontos para formar a norma. A lei é um texto sujeito a
interpretações diversas, uma simples frase diz coisas diferentes a
cada um. A política persegue o poder a lei serve a política. A partir
da data de vigência é que a lei passa a ter validade. A lei é um
conjunto ordenado de regras que se apresenta como um texto
escrito. Caracteriza-se por ser estatal, geral, e permanente. Estatal,
no sentido de ato do Estado, pelo seu poder legislativo; obrigatória,
porque se impõe a vontade dos destinatários, que a devem observar
e respeitar, sob a pena de sanção; geral porque se dirige a todos e a
cada um indeterminadamente; permanente porque dispõe para o
futuro, em princípios sem limitação de tempo. A lei é assim, um ato
do poder legislativo que estabelece normas de comportamento
social. Pra entrar em vigor, deve ser promulgada e publicada no
Diário Oficial.
Publicação
REPRISTINAÇÃO
Plano da Existência
(verificamos se um fato se tornou fato jurídico)
Norma jurídica
(hipótese normativa+conseqüência)
Fenômeno da
Fenômeno da
Juridicização Fato Subsunção
(Suporte fático)
Fato Jurídico
Plano da Eficácia
(a conseqüência do fato)
Nasce nascimento
Fato Jurídico Modifica Relação Jurídica modificação de
direito(s) subjetivo(s) e/
Extingue extinção ou
dever (es) jurídico(s)
Fatos Jurídicos como já vimos estão previstos nas normas de direito, são
acontecimentos que produzem efeitos jurídicos, e causam o nascimento, a
modificação ou a extinção de relações jurídicas e de seus direitos. O fato jurídico
do nascimento de uma criança representa também o nascimento de uma nova
relação jurídica. As primeiras relações jurídicas de um bebê são a relação de
parentesco com a mãe (o bebê tem o direito a amamentação e a mãe o dever de
amamentar), e a relação entre a criança e o Estado, onde este lhe garante o
direito à vida.
Relação Jurídica: nem todas as relações de homem a homem entram no
domínio do Direito, ou seja, nem todas são suscetíveis a serem determinadas por
uma regra de tal gênero, podemos distinguir três casos de relações entre
pessoas: uma relação esta inteiramente dominada por regras jurídicas, outra
esta somente em parte, e outra escapa delas por completo (a propriedade, o
matrimonio e as amizades podem servir como exemplo dos três casos
respectivamente). A relação jurídica entra no primeiro dos casos, é a relação
social disciplinada pelo direito, onde um sujeito é titular de um poder, e o outro,
titular de um dever. Representa uma situação em que duas ou mais pessoas se
encontram, a respeito de bens ou interesses jurídicos. Art. 1°. Redação: “Art.1°.
Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.”
Também podemos citar como exemplo de relação jurídica: a relação de
consumo, entre consumidor e fornecedor, a relação de parentesco entre
descendentes do mesmo ancestral, a relação locatícia entre locadora e locatário,
a relação de condomínio entre os co-proprietários de uma coisa, a relação de
responsabilidade civil solidaria entre os que praticam um ato ilícito, a relação que
existe entre os herdeiros de um mesmo falecido, etc.
Simplificando, Relação Jurídica é a relação entre duas ou mais pessoas com
referencia a um “objeto”, onde um é o Titular do Direito Subjetivo sobre este
objeto e o outro o Titular de dever. Vide esquema a seguir.
Direito Subjetivo
(quanto à oponibilidade)
Reais
Patrimoniais
Obrigacionais
Direito Subjetivo
(quanto à patrimonialidade)
Personalíssimos
Não-patrimoniais
Pessoais
Ônus
Sujeição
Dever Jurídico
(lato sensu) Obrigação
PESSOA
=ENTE PERSONALID
ADE
+
PESSOA PESSOA
NATURAL JURIDICA
A possibilidade de alguém participar de relações jurídicas decorre de uma
qualidade inerente ao ser humano, que o torna titular de direitos e deveres. Essa
qualidade chama-se personalidade jurídica, e os que a têm, pessoas.
Pessoa é o homem ou entidade com personalidade, ou seja, que pode ser
titular de direitos e deveres. Existem dois tipos de pessoas:
Naturais ou Físicas
Pessoas
Jurídicas
Concepção Nascimento
• Absolutamente Incapazes:
Redação: “Art.3°. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente
atos da vida civil: I – os menores de dezesseis anos; II – os, que por enfermidade
ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática
desses atos; III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua
vontade.
“... menores de dezesseis anos.”: a lei entende que o ser humano, ate
atingir essa idade, não alcançou ainda o discernimento para distinguir o que lhe
convém ou não, impedindo que atue pessoalmente na vida jurídica. É
representado pelo pai ou pela mãe, no caso de falta dos dois, por um tutor
nomeado pelo juiz.
“... enfermidade ou deficiência mental.”: incluem-se todos aqueles que por
defeito psíquico, não podem reger a sua pessoa e seus bens. Mas para um
deficiente mental ou enfermo ser incluído no rol dos absolutamente incapazes,
um processo de interdição deve ser aberto pela pessoa interessada, onde se
supre a incapacidade com uma representação de curatela. O juiz nomeia um
curador para ser o representante do deficiente.
“Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a sua
vontade.”: como no caso acima, uma pessoa da família ou amigo entra na justiça
com um processo de interdição, e o juiz nomeara alguém para ser o curador
dessa pessoa, ate que ela volte ao seu estado normal.
• Relativamente Incapazes: são assistidos. Participam de alguns atos da
vida civil, acompanhados, e podem dar a sua opinião.
Redação: “Art.4°. São incapazes, relativamente a certos atos, ou à
maneira de os exercer: I – os maiores de dezesseis anos, e os menores de
dezoito; II – os ébrios naturais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência
mental tenha o discernimento mental reduzido; III – os excepcionais, sem
desenvolvimento mental completo; IV – os pródigos.”
“Os maiores de dezesseis, e menores de dezoito anos.”: a lei, neste caso,
admite que o indivíduo já tenha atingido certo grau de desenvolvimento
intelectual, que, se não basta para dar-lhe o inteiro discernimento de tudo que
lhe convém nos negócios, chega, entretanto, pra possibilitar-lhe atuar,
pessoalmente na vida jurídica.
Nos demais casos, dos que tem discernimento reduzido, os excepcionais e
os pródigos, alguém da família ou amigo, deve entrar na justiça com uma aça de
interdição parcial. Nesse caso a pessoa não é proibida de fazer tudo, apenas de
fechar negócios e de tomar decisões importantes, nos quais ela é acompanha por
um curador que o juiz nomeia.
• Capazes: Aos dezoito anos completos, acaba a menoridade, ficando
habilitado o indivíduo para todos os atos da vida civil. Quando um
deficiente mental atinge a maioridade, sua Capacidade de Fato deve ser
cassada total ou parcialmente, dependendo do grau da doença, porque
a sua vontade não e confiável. Ai vem à ação de interdição e a
nomeação de um curador para ela.
A personalidade que o individuo adquire ao nascer com vida, termina com
a sua morte. No instante me que expira, cessa sua aptidão para se titular de
direitos, e seus bens se transmitem aos seus herdeiros. O desaparecimento ou a
ausência, depois de certo tempo tem os mesmos efeitos que a morte. Código
Civil do Art.6°. ao Art.8°.
Redação: “Art.6°. A existência da pessoa natural termina com a morte;
presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a
abertura de sucessão definitiva.” “Art.7°. Pode ser decretada a morte presumida,
sem decretação de ausência: I – as for extremamente provável a morte de quem
estava em perigo de vida; II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito
prisioneiro, não for encontrado ate dois após o termino da guerra. Parágrafo
único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente pode ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença
fixar a data provável do falecimento.” “Art.8°. Se dois ou mais indivíduos
falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.”
Civis
SOCIEDAD
Mercantis
DE DIREITO
PRIVADO ASSOCIAÇ
PESSOA
FUNDAÇÕE
JURIDICA
União
DE DIREITO INTERNO
Cada um dos estados
PUBLICO
Cada um dos municípios
Considerados em si mesmos;
BENS Considerados reciprocamente;
Considerados quanto à titularidade.
Obs.: Inalienabilidade: em principio todos os bens podem ser apropriados e
alienados, há, entretanto importantes exceções: como no caso dos bens públicos,
onde a inalienabilidade é objetiva e declarada por lei; Impenhorabilidade: bens
que não podem ser penhorados; Incomunicabilidade: é uma clausula de
testamento, onde o pai que deixa a terra para o seu filho, mas quando este se
casar, independente do regime de bens o cônjuge não tem direito a nada.
Coisas Simples e Coisas Compostas: entende-se por coisas simples tudo
aquilo em que quando visto não se identificam as partes integrantes. Ex.: quando
eu vejo um cavalo, vejo apenas um animal, nada alem disso, com uma arvore é a
mesma coisa. Coisas Compostas: são aquelas em que se podem identificar
nitidamente as partes integrantes. Ex.: um Bem imóvel, eu posso identificar com
clareza o solo, a casa (esta não é coisa, é parte do bem imóvel que é a coisa), as
arvores, o espaço aéreo. Tamanho não é critério para diferenciar coisas simples
de coisas compostas.
Partes Integrantes e Partes Componentes: partes integrantes definem-se
como aquilo que eu posso distinguir em determinada coisa. Ex.: quando eu
diferencio a casa no bem imóvel. Partes componentes não podem ser
distinguidas. Ex.: em uma xícara de café eu não posso diferenciar o leite do café.
Acessão: A acessão é o fato jurídico stricto sensu que se caracteriza pela
união permanente de duas ou mais coisas formando um todo indissociável.
Então, no suporte do fato jurídico denominado acessão, estão presentes: duas
(ou mais) coisas, a união dessas coisas e a permanência dessa união. Na acessão
está presente a idéia de aderência permanente, a união inseparável de duas ou
mais coisas. Dessa união resulta que a separação traria dano, fratura,
modificação ou destruição de uma das coisas. Pela acessão, as coisas unidas
deixam de ser coisas para passarem a ser partes de uma só coisa. Isso é
importante que se fixe: pela acessão, as duas (ou mais) coisas tornam-se uma só
(pelo que não pode haver coisa principal e coisa acessória). A acessão tem o seu
oposto na discessão (decessio) ou distração, com o significado de separação ou
dissociação. A discessão das partes acedidas acarreta prejuízo, dano ou
deterioração. O edifício construído - aderido fisicamente ao solo - torna-se, com o
solo, uma só coisa; a árvore - não destinada ao corte - aderida ao solo torna-se
com este uma só coisa; a ilha fluvial que apareceu naturalmente no rio é um só
imóvel com o prédio a que adere. Não é o caso dos frutos naturais, por exemplo,
que podem ser destacados, sem que haja deterioração quer da coisa principal, o
solo com a árvore quer da coisa acessória, a fruta; não é o caso dos frutos civis
(rendimentos) que nada afetam a qualidade jurídica da coisa principal, o capital,
por exemplo, quando destacados; não é o caso, ainda, das benfeitorias que
sendo despesas (impensae) podem ser separadas (pela titularidade) do bem
principal pela vontade das partes ou da lei. O que o Direito faz, pelo fato jurídico
da acessão, é precisamente manter essa unificação (unidade e unicidade) da
coisa que aderiu a outra e que não podem separar-se sem deterioração de uma
delas. Se as coisas unidas não têm, originariamente, o mesmo proprietário, a lei
dá várias soluções, mas nenhuma delas faz retornar aquele bem uno e único a
ser mais que um. Acessão não é a coisa, repetimos, é o fato jurídico da união
inseparável: a construção torna-se com o solo uma só coisa pelo fenômeno
jurídico da acessão porque aderiu física e juridicamente; assim como se diz que
não há acessão (união) quando a construção não tem caráter de permanência,
de definitividade, como, por exemplo, "as construções ligeiras, que se levantam
no solo ou se ligam a edifícios permanentes, e que se destinam à remoção ou
retirada, como as barracas de feira, os pavilhões de circos, os parques de
diversões que se prendem ao chão por estacas, mas que para própria utilização
devem ser retirados e conduzidos para outro local”. Acessão é, portanto, um
evento relevante para o Direito sobre o qual incide a norma jurídica. Esta pode
ser construída nos seguintes termos: se e quando se verifica a união inseparável,
com caráter de permanência, de duas (ou mais) coisas, o proprietário de uma
das coisas torna-se proprietário do todo.
Outras formas de acessão (de bens moveis):
➢ Especificação: se da mediante a transformação de matéria prima em
espécie nova pelo especificador. A espécie nova não poderá retornar
ao seu estado primitivo, pois a ação humana porta definitividade. O
problema da especificação consiste em saber a quem pertence a
propriedade da coisa nova. A boa-fé ou a má-fé do especificador
será fundamental a elucidação do caso concreto, de acordo com os
artigos 1269 a 1271 do Código Civil. Redação: “Art.1269. Aquele
que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie
nova, desta será proprietário, se não se puder restituir a forma
anterior.” “Art.1270. Se toda matéria for alheia, e não se puder
reduzir a forma precedente, será do especificador de boa-fé a
espécie nova. §1. ° Sendo praticável a redução, ou quando
impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencera ao
dono da matéria-prima. § 2. °Em qualquer caso, inclusive da pintura
em relação à tela, da escultura, escritura e outro qualquer trabalho
gráfico em relação à matéria prima, a espécie nova será do
especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da
matéria prima.” “Art.1271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos
artigos 1269 e 1270, se ressarcira o dano que sofreram, menos ao
especificador de má-fé, no caso do §1. ° do artigo antecedente,
quando irredutível a especificação.” Ex.: madeira em estatua, bloco
de folhas em livro e etc.
➢ Comistão: é a mistura de coisas secas ou solidas, pertencentes a
diferentes donos, sem que possam ser reparadas e sem que se
produza coisa nova, mantendo-se a natureza originaria das mesmas.
Ex.: café de duas qualidades;
➢ Adjunção: trata da justaposição da coisa solida a outra, de tal modo
que não possam mais ser separadas sem a deterioração do bem.
Ex.: anel de brilhantes;
➢ Confusão: diz respeito à mistura de duas coisas liquidas de
diferentes pessoas, nas mesmas condições. Ex.: vinhos de duas
espécies.
Imóveis
Bens Considerados Bens fungíveis e infungíveis
em si mesmos Bens consumíveis e Bens inconsumíveis
Moveis Bens deterioráveis e Bens duráveis
Bens de produção, Bens de uso, Bens de
consumo
Bens divisíveis e Bens indivisíveis
Bens singulares e Bens coletivos
LIVR
O
Naturais
Frutos Artificiais
Civis
Produtos
Bens acessórios Necessárias (para conservação)
Benfeitorias Úteis (para melhorar)
Voluptuárias (por mero capricho, para
embelezar)
Pertenças
Convencionais
MUTUO
PRINCIPA
L
ACESSÓ
HIPOTE RIO
CA
Bens considerados quanto à titularidade: dependendo de quem é seu
titular um bem pode ser publico ou privado. Bens públicos são os que pertencem
às pessoas jurídicas de direito publico interno: a união, os estados, o distrito
federal e os municípios. Redação: “Art.98. São públicos, os bens do domínio
nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito publico interno; todos os
outros são particulares, seja qual for à pessoa a que pertencem.” Os bens
públicos dividem-se em:
São as coisas cujo acesso é
aberto a todas as pessoas. Ex.:
praias, praças, estradas, e etc.
De uso
Afetados comum Servem para o desempenho da
De uso função publica. Ex.: prédios
especial onde estão localizadas as
repartições, o trator da
Bens Públicos Estes imóveis são inalienáveis, e prefeitura, e etc.
precisam de lei especial aprovada
pelo legislativo pra alienar. Compreendem moveis e
imóveis do patrimônio da união,
estados e municípios, como:
Não-afetados Dominicai estradas de ferro, terrenos da
marinha, terras devolutas, e
s etc. também são considerados
bens dominicais aqueles que o
governo recebe em doação,
Não possuem destinação como pagamento de impostos
especifica. A sua alienação não atrasados. o estado leiloa esses
depende de lei especial, depende bens para ser ressarcido do
somente de uma lei genérica.
Ex.: os frutos cultivados em uma
escola agrícola.
33 m Terras de marinha
33 m
Mar
Linha ate aonde vai a
praia
Norma =
Hipótese Conseqüênc +
Jurídica Normativa ia
Incidência Incidência
Real
Nível
Relação Aquisição
Jurídica
Modificação direito(s) subjetivo(s) e/ou dever (es)
jurídico(s)
Extinção
vontade.
Fatos Jurídicos stricto sensu: são acontecimentos da vida real que são,
simplesmente, eventos da natureza, são eventos naturais, que ocorrem sem a
intervenção direta do homem. São acontecimentos sobre os quais a norma
jurídica incide e em cujo suporte fático não há a intervenção direta do homem.
Ex.: a morte por suicídio é um fato jurídico stricto sensu, apesar de não parecer.
Mesmo que a pessoa teve a intenção de se matar, ao direito não interessa isso.
As nossas normas interessam simplesmente que uma pessoa morreu e que a
morte é conhecida. Não importa se a pessoa morreu por suicídio, homicídio,
morte natural ou acidente, importa apenas que a pessoa morreu que se conhece
essa morte, e que para o Direito essa morte é um fato stricto sensu. Assim
também é o caso do nascimento com vida, é um fato jurídico stricto sensu, pois
ao Direito apenas interessa que nasceu, e nasceu com vida. Não importa saber
se nasceu branco ou preto, de noite ou de dia, importa apenas se nasceu e com
vida, outros exemplos: maioridade, decurso de tempo, aluvião, avulsão,
desabamento de um edifício em razão da tempestade, naufrágio de um navio em
virtude de um maremoto, e etc.
Atos-fatos Jurídicos: são acontecimentos do mundo real onde a vontade do
sujeito esta dirigida para um fim, mas o resultado é outro. São fatos jurídicos lato
sensu, ora tidos como fato jurídico stricto sensu, ora como atos jurídicos. Ex.:
alguém faz uma caminhada na praia, encontra uma conchinha e a pega para si, a
pessoa não tinha intenção (vontade) de ir à praia para pegar uma conchinha, o
ato de pega-la para si é denominado ocupação. Redação: “Art.1263. Quem se
assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo
essa ocupação defesa por lei.” Outro exemplo de ato-fato jurídico: uma pessoa
natural esta cavando um buraco para plantar uma arvore e, ao abrir tal buraco
encontra uma panela com ouro e torna-s proprietário desse tesouro, é
considerado um ato-fato jurídico porque a vontade da pessoa esta dirigida para
um fim (o de plantar um arvore) e o resultado obtido é outro (achou um tesouro).
Redação: “Art.1264. O deposito de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não
haja memória, será dividido em igual entre o proprietário do prédio é quem achar
o tesouro casualmente.” “Art.1265. o tesouro pertencera inteiro ao proprietário
do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro
não autorizado.” “Art.1266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será
dividido entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele
mesmo for o descobridor.”
Obs.: tanto a ocupação como o achado de tesouro são considerados meios
de aquisição de propriedade móvel.
Atos Jurídicos lato sensu: são os eventos que somente acontecem com a
intervenção do homem, ou seja, o homem provoca a ocorrência desses
acontecimentos. São os acontecimentos cujo suporte fático exige a intervenção
do homem, a presença da vontade humana. Os atos jurídicos lato sensu se
dividem em atos jurídicos stricto sensu e negócios jurídicos que, por sua vez,
dividem-se em contratos e em declarações unilaterais de vontade. Ex.: a compra
e venda é um ato jurídico, porque através da norma, vemos que para que haja tal
contrato é necessária a presença de vontade humana tanto no sentido de
comprar, como no de vender.
Então o elemento nuclear que diferencia os fatos jurídicos stricto sensu dos
atos jurídicos é a presença de vontade do homem. E como sabemos se um
determinado evento exige a intervenção direta do homem, a presença da
vontade do homem? Através da norma. Porque o que juridiciza o fato é a
incidência da hipótese normativa sobre ele. Então, é a hipótese normativa que
vai dizer se determinado acontecimento é ato ou fato, se exige ou não a
intervenção do homem, e quais os elementos que coincidem com o suporte
fático. Não é na realidade que descobrimos se um acontecimento é ato ou fato, e
sim no Direito. Repare-se que nos atos jurídicos lato sensu há a presença de
vontade e, principalmente, nos negócios jurídicos. Enquanto nos atos-fatos a
vontade é uma e o resultado obtido é outra, nos atos jurídicos ela corresponde
absolutamente ao resultado que vai ser obtido.
Distinção entre os dois tipos de vontade é o critério de classificação dos
atos jurídicos lato sensu. Vamos a um exemplo clássico:
1º. Um sujeito tem um par de sapatos velhos, não os quer mais e o joga
fora pela janela;
2º. Outro sujeito também tem um par de sapatos velhos, e ao invés de
jogá-los fora, simplesmente, declara (oral, escrita ou gestualmente no caso dos
surdos-mudos) a todos de maneira bem clara que não quer mais os sapatos.
Qual a diferença entre um ato e outro? A diferença esta na expressão da
vontade de cada sujeito: o primeiro manifestou sua vontade por um
comportamento e o segundo declarou a sua vontade. Chamaremos o primeiro
ato de Manifestação da Vontade, feita através de um comportamento e o
segundo de Declaração de Vontade, sendo uma manifestação qualificada de
vontade.
A regra geral dos atos jurídicos stricto sensu é que eles tenham a simples
manifestação da vontade, enquanto que nos negócios jurídicos normalmente
será exigida uma declaração de vontade. Ex.: o domicilio é um ato jurídico stricto
sensu, cujo suporte fático exige a residência com animo de permanência (suporte
fático do domicilio = residência + animo, intenção, vontade). para podermos
dizer que o domicilio é um ato jurídico stricto sensu, basta a simples
manifestação de vontade do individuo em ter o seu domicilio em determinado
lugar, ninguém declara aonde quer morar. O comportamento da pessoa (sair e
volta para casa, dormir em casa...) determina o domicilio dela. Ela não precisa
declarar sua vontade de domiciliar em certo lugar, basta o seu comportamento, a
sua manifestação de vontade. Agora a compra e venda, é um negocio jurídico,
mais particularmente um contrato. Normalmente, para realizar um contrato de
compra e venda, não basta à simples manifestação de vontade, é necessária
uma declaração de vontade. Mas é claro que esta é uma regra geral, pois há
muitos contratos que não exigem uma declaração de vontade. Por exemplo, num
contrato de transporte: o passageiro assume um comportamento (manifesta a
sua vontade) de entrar num ônibus. Sem duvida há um contrato entre a
companhia de ônibus e o passageiro, cabendo a companhia levar o passageiro ao
destino escolhido. Para isso, no entanto, o passageiro não precisou declarar a sua
vontade de querer chegar ao destino; bastou ele manifestar sua vontade
entrando no ônibus. O comportamento do passageiro é o que chamamos de
Conduta Social Típica, a qual substitui a declaração de vontade, tendo, porem, a
mesma eficácia desta. Portanto, a simples manifestação de vontade ou a conduta
social típica podem substituir a declaração de vontade em certos negócios
jurídicos.
A classificação dos fatos jurídicos leva em conta o Plano de Existência dos
fatos, ou seja, leva em conta os elementos do suporte fático dos fatos. é uma
classificação segundo o momento em que os fatos jurídicos são juridicizados,
conforme o momento em que os fatos da vida real tornam-se jurídicos.
Sabe-se que os fatos são jurídicos quando os elementos do suporte fático
desses fatos coincidem com aqueles previstos na hipótese normativa das
normas.
A esses elementos do suporte fático daremos o nome de Elementos do
Plano da Existência ou elementos existenciais. Se o conjunto dos elementos do
suporte fático de um fato estiver incompleto, esse não será um fato jurídico ou
então outro fato que não é o qual procuramos.
Veremos a seguir, um esquema que faz a divisão dos elementos
existenciais:
Elementos acidentais