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Álvaro de Campos:

Dos heterónimos é aquele que mais sensivelmente percorre uma curva


evolutiva. Nasceu em Tavira, a 15 de Outubro de 1890 (dois anos depois de Fernando
Pessoa). Era alto, magro e com tendência a curvar-se, tinha o cabelo preto e usava
monóculo. Fez o liceu em Portugal e o curso de Engenharia Naval em Glasgow, na
Escócia. Viajou pelo Oriente, regressou a Portugal, viveu depois uns anos entre
Londres, onde trabalhou, e Lisboa, acabando por se fixar na capital portuguesa.
Álvaro de Campos surge quando Fernando Pessoa “sente um súbito impulso
para escrever”. Para Campos a sentir é tudo e o seu desejo é “sentir tudo de todas as
maneiras”. O sensacionismo torna a sensação a realidade da vida e a base da arte. O
eu do poeta tenta integrar e unificar tudo o que tem ou teve existência ou
possibilidade de existir. Álvaro de Campos é quem melhor procura a totalização das
sensações, mas sobretudo das percepções conforme as sente, ou como ele próprio
afirma “sentir tudo de todas as maneiras”. O seu sensacionismo distingue-se do de
Alberto Caeiro, na medida em que este considera a sensação captada pelos sentidos
como a única realidade, mas rejeita o pensamento. Caeiro, na sua simplicidade e
serenidade, via tudo nítido e recusava o pensamento para fundamentar a sua
felicidade por estar de acordo com a Natureza; Campos, sentindo a complexidade e a
dinâmica da vida moderna, procura sentir a violência e a força das sensações.

A obra de Álvaro de Campos passa por três fases:

I. Decadentista – que exprime o tédio, o cansaço e a necessidade de novas


sensações;
II. Futurista e Sensacionista – que se caracteriza pela exaltação da energia,
de “todas as dinâmicas”, da velocidade e da força até situações de
paradoxismo;
III. Intimista e Pessimista – que, perante a incapacidade das realizações, traz
de volta o abatimento que provoca o cansaço.

Decadentismo:

Nesta primeira fase, Álvaro de Campos exprime o tédio, o desencanto, o enfado,


a náusea, a melancolia, o cansaço, o abatimento e a necessidade de novas
sensações. Traduz a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à
monotonia. Esta fase apresenta-se marcada pelo simbolismo e pelo romantismo.
O único poema que representa esta fase é o “Opiário”. Pessoa escreveu-o de
propósito para o nº1 da revista Orpheu. Campos tê-lo-ia concebido no decurso de uma
viagem ao Oriente. Neste poema, a nostalgia e a expressão do tédio, do cansaço e da
saturação da civilização provocam a necessidade de novas sensações, muitas vezes,
tentadas na embriaguez do ópio. No fundo, o ópio é o refúgio de Campos para
ultrapassar a ausência de sentido para a vida e a revolta de alguém inadaptado
contra a ordem estabelecida. Os estupefacientes surgem aqui como escape à
monotonia e a um certo horror à vida. São um estimulante que, no entanto, nada
resolvem.

Futurista e Sensacionista:

A poesia desta fase de Álvaro de Campos expressa um entusiasmo por uma


poesia que espelhasse a civilização industrial da época. A intenção inicial de Pessoa
era criar um poeta das sensações modernas, do prazer sensual da imaginação, da
energia explosiva.
Campos adoptou, além do verso livre, um estilo esfuziante, torrencial, espraiado
em longos versos de duas ou três linhas, anafórico, exclamativo, interjectivo,
monótono pela simplicidade dos processos, pela reafirmação de apóstrofes e
enumerações.
Nesta fase, Álvaro de Campos celebra o triunfo da máquina, da energia
mecânica e da civilização moderna. Apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e
da força da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida. Exalta o
progresso técnico, a intensidade e totalização das sensações.
A sua procura da chave do ser e da inteligência do mundo torna-se
desesperante. Tanto a “Ode Triunfal” como a “Ode Marítima” são uma epopeia do
mundo mecânico, do mundo do futuro que caminha para o absurdo. Canta a
civilização e a corrupção na política, os progressos, todas as coisas modernas; canta a
raiva mecânica em contraste com o desejo de sossego e de serenidade. Campos
deseja ser a própria máquina. Futurista, canta a civilização industrial e,
estilisticamente, introduz na linguagem poética a terminologia desse mundo
mecânico citadino e cosmopolita, contemporâneo das máquinas e da luz eléctrica.
Campos aproxima-se muito de Pessoa ao recusar as verdades definitivas.
O futurismo caracteriza-se pela exaltação da energia, de “todas as dinâmicas”,
da velocidade e da força, até situações de paradoxismo. Procura um corte e mesmo o
aniquilamento do passado, para exaltar a necessidade de uma nova vida futura, onde
se tenha a consciência da sensação do poder e do triunfo. É o heterónimo que mais se
aproxima do Modernismo.
A segunda fase também está marcada pela intelectualização das sensações ou
pela sua desordem, pela integração na civilização da máquina, pela pressa
mecanicista e pela inquietude.
Campos, nesta exaltação do paradoxismo, da velocidade e da força, mostra-se
impaciente, sente a força da realidade que lhe faz vibrar todo o corpo. Cativo dos
sentidos, verdadeiro sensacionista, procura o excesso violento de sensações.
O sensacionismo de Campos começa com a premissa de que a única realidade é
a sensação. Mas a nova tecnologia na fábrica e nas ruas da metrópole moderna
provocam-lhe a vontade de ultrapassar os limites das próprias sensações, numa
vertigem insaciável.
O sensacionismo, inspirado por Walt Whitman, apresenta-se como uma procura
de totalização de todas as possibilidades dadas pelas sensações ou percepções de
toda a humanidade, qualquer que seja o tempo ou o espaço. Álvaro de Campos é
quem melhor procura a totalização das sensações, mas sobretudo das percepções
conforme as sente, ou como ele próprio informa “sentir tudo de todas as maneiras”. O
seu sensacionismo distingue-se do Alberto Caeiro na medida em que este heterónimo
considera a sensação captada pelos sentidos como a única realidade, mas rejeita o
pensamento; Campos procura a totalização das sensações, sobretudo das percepções
conforme as sente ou pensa.
Campos busca, na linguagem poética, exprimir a energia ou a força que se
manifesta na vida. Daí o surgimento de versos livres, vigorosos, submetidos à
expressão da sensibilidade, dos impulsos, das emoções.

Intimista e Pessimista:

Caracterizada pelo sono e pelo casanço, nela se revela a desilusão, a revolta, a


inadaptação, a dispersão, o cansaço e uma grande angústia. Após a exaltação heróica
e a obsessão dos “maquinismos em fúria”, cai no desânimo e na frustração. Face a
incapacidade das realizações, sente-se abatido.
Este abatimento, que provoca em Campos “Um supremíssimo cansaço” lembra
o decadentismo, mas esta decadência não possui o mesmo sentido literário e
histórico, antes traduz a reflexão intimista e angustiada de quem apenas sente o
vazio depois da caminhada heróica.
Campos, atordoado pelo mistério das sensações que busca compreender,
procura mergulhar em si mesmo, Por exemplo, em “Apontamento”, Álvaro de Campos
apresenta-se como um vaso vazio que a empregada deixou cair na escada. A imagem
dos cascos mostra-nos a fragmentaridade em que se sente. Os cascos, apesar de
conscientes de si mesmos, não têm consciência de uma essência, da unidade: “A
minha obra? A minha alma principal? A minha vida?/ Um caco”. Que os deuses olham,
“pois não sabem porque ficou ali”.
Nesta fase, Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido. Sofre
fechado em si mesmo, angustiado e cansado.

Quadro síntese das fases de Álvaro de Campos:

1ª Fase

• Expressão do tédio, do desencanto, da abulia, do cansaço e da náusea…


• Ausência de um sentido para a vida
• Angústia existencial
• Procura de novas sensações
• Estilo confessional e divagador

2ª Fase

• Culto de uma estética não aristotélica


• Exaltação da civilização industrial moderna, da máquina, da força, da
velocidade da energia e do processo…
• Evocação da corrupção, dos escândalos, da imoralidade, das falhas, da
técnica, da pobreza…
• Atitude febril, doentia, e feroz
• Postura sadomasoquista auto punitiva
• Vivência do presente, do instante
• Busca incessante de novas sensações, modernas e intensas
• Explosão sentimental e emocional
Temas
3ª Fase

• Retrocesso ao abatimento, ao cansaço, ao tédio, ao desânimo…


• Postura introspectiva e reflexiva
• Sofrimento derivado da sua lucidez
• Evocação da infância como o paraíso perdido
• Perda da identidade
• Estilo esfuziante, torrencial e excessivo
• Linguagem prosaica e técnica
• Predomínio de exclamações, interjeições, apóstrofes, onomatopeias,
enumerações caóticas, imagens arrojadas…
• Adjectivações múltiplas, metáforas, hipérboles, hipálages, anáforas,
Linguagem/Fo anástrofes…
rma • Primazia do presente do indicativo e do gerúndio
• Estrofes e versos longos
• Privilégio do verso livre e branco

“Opiário” - http://pessoa.mdaedalus.com/alvaro-de-campos01.html

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