A Técnica do Duplo
A técnica do Espelho
Camila S. Gonçalves refere que Moreno relacionou as três técnicas acima referidas do
psicodrama com três estágios da matriz da identidade, das quais destacou três fases:
A fase de dependência total enquanto bebé, onde apenas se inicia a vivencia de
identidade que corresponde à técnica do duplo. O indivíduo incapaz de se fazer entender por si
só, necessita de um mediador ou de um duplo, tal e qual uma mãe faz mediação da vivencia do
filho nas primeiras semanas de vida. A fase do espelho que proporciona à criança a descoberta
de si mesmo permitindo-lhe o auto-reconhecimento, vê a sua imagem que reconhece através
dos outros. A fase da inversão de papeis, como quando a criança já reconhece o “outro” e é
capaz de desempenhar vários papeis de acordo com o meio onde se insere, compreendendo
os que o rodeiam e colocando-se na sua posição.
As técnicas do psicodrama devem ser utilizadas de acordo com a situação em que o
individuo se encontra, não tendo que obedecer necessariamente a esta ordem, mas sim
estando de acordo com o estado emocional vivido em dado momento.
1. Físicos
O movimento corporal (andar, levantar, deambular, espreguiçar, mímicas, gestos,
danças, sons, alongamentos, etc.) indica que o indivíduo está receptivo e disponível
para a participação, quebrando resistências.
2. Intelectivos
Referem-se às ideias, que ocorrem no processo intelectual do grupo, resultando numa
produção expressiva. Ou seja o grupo inspirado no seu quotidiano, com recurso ao
“Brain Storm”, propõe “ideias-titulo” (vergonha, tristeza, saudade, segredos, alegrias,
etc.) para a concepção de uma acção teatral.
3. Temáticos
Proposta temática para ser trabalhada por um grupo, este indicador é um subgrupo dos
Intelectivos. Os grupos já em uma proposta de trabalho com um indicador temático
(diabetes, menopausa, reumatismo, etc.). Podem ser utilizadas obras literárias,
musicais, teatrais ou mesmo frases soltas.
4. Sócio-relacionais
Ocorrem fora do espaço de dramatização e estão relacionados com a socialização e
com a afectividade entre os membros e o terapeuta. Por exemplo, colocar a mão no
ombro, sorrir, conversas entre os subgrupos, apresentação de um novo membro,
técnicas de relaxamento ou hipnoses.
.
5. Psicoquímicos
Bebida, medicamentos ou drogas que tenham acção sobre o sistema nervoso central,
alterando o estado de vigia da consciência e estimulando a percepção pelo
pensamento ou imaginação.
6. Fisiológicos
Estimulações dos sentidos (tacto, olfacto, visão, audição e paladar), através do toque
em superfícies diferentes, audição de música ou mesmo das palavras do director,
substâncias balsâmicas colocadas na língua, odores diferentes, visualização interior ou
exterior de situações ou pessoas, etc. Pretende-se que através das estimulações dos
sentidos, sejam provocadas sensações que alterem o estado físico e emocional do
indivíduo.
7. Mentais ou psicológicos
Dando asas à imaginação e às fantasias promove-se a “mobilização de afectos” e
emoções, desenvolvendo “sentimentos espontâneos e pensamentos criativos.” Podem
ser utilizados jogos, brincadeiras, sonhos, devaneios, criações artísticas, etc. Há que
ter em conta a necessidade de controlar esta prática cuidadosamente, especialmente
em pacientes nervosos ou hipersensíveis, para que as suas emoções sejam
correctamente canalizadas, e para que haja um proveito efectivo na utilização desta.