PROJETO DE PESQUISA
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Análise Teórica
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O conceito de representação eliminou a separação existente nas
análises tradicionais entre real e não-real, possibilitando um debruçar-se sobre
manifestações que comportam regimes de verossimilhança e não de veracidade.
É a partir das representações que os sujeitos percebem a realidade e pautam
suas ações, portanto funcionam como geradoras de condutas e práticas sociais
que explicam o real e dão sentido ao mundo e, por isso “são portadoras do
simbólico, ou seja, dizem mais do que aquilo que mostram ou enunciam, carregam
sentidos ocultos, que, construídos social e historicamente, se internalizam no
inconsciente coletivo e se apresentam como naturais, dispensando reflexão”
(Pesavento, 2003: 41).
Do conceito de representações deriva um outro conceito que também se
posiciona nessa nova reorientação epistemológica do historiador. O conceito de
Imaginário, como um sistema de representações coletivas, dota-se de
historicidade e, mais que isso, é apreendido como um objeto de entendimento da
realidade humana, capacidade criadora do real que não compreende seu reflexo
ou cópia, mas que é vívida e vivida como uma realidade, talvez a única realidade a
qual podemos nos apropriar. O imaginário que comporta crenças, valores,
verdades, mitos e ideologias é construtor de identidades e, como tal, também
constrói exclusões e unidades pautadas nas diferenças e semelhanças na
percepção de quem é o outro. Representação e imaginário são realidades
construídas historicamente, dando sentido ao universo material, social e cultural e,
como tal, expressos em todas as manifestações humanas. Sentidos que se
impregnam em palavras e gestos, discursos e imagens, coisas e materialidades,
práticas ritualísticas e performances extra-ordinárias, as quais expressam saberes,
fazeres e a própria consciência de si, a identidade de si, produzindo coesão e
conflito.
Com a reorientação voltada para as representações e imaginário, como
categorias epistemológicas de compreensão das múltiplas realidades históricas,
as identidades tornaram-se um dos principais objetos de apreensão das análises
da História Cultural. Não mais circunscrita exclusivamente às categorias de classe,
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Justificativa
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Secretaria da Cultura e Desporto do Estado do Ceará (SECULT). Plano de
Desenvolvimento Cultural 1995/ 1996. Sem referência de Publicação.
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já era uma demanda da elite econômica e política local que buscava ampliar as
atividades de mercado locais. Para a orla foram canalizados os maiores
investimentos imobiliários, uma especulação jamais empreendida na capital,
deflagrando um enorme impacto social e ambiental, cuja visibilidade pôde ser
sentida em curto espaço de tempo, a partir da favelização de sua circunvizinhança
e o quase desaparecimento da pesca artesal. Estes homens e mulheres que
figuravam no quadro litorâneo da chamada “Fortaleza provinciana” foram
remanejados para o morro de Santa Tereza, Serviluz e Titan, formando
verdadeiros bolsões de miséria, desprovidos de infra-estrutura básica e
deficientes, quando existente, os serviços de saúde e educação. Mas ao passo
que os novos investimentos procuravam romper com a história de tradições em
essência regionais, a economia supersimbólica resgatava uma estética tradicional,
cujo apelo à bucolidade e ao saber-fazer do artesão-pescador servirão de ícone-
matriz para a publicidade turística.
O caráter de universalidade urbana em que se funda Fortaleza, a partir
dos projetos de re-qualificação urbanística, encontra-se presente no nível
simbólico como “agora” ou “fórum” funcionando como um centro de concentração
e fomentação pública, trabalhando as atribuições da cidade num contexto espacial
elaborado e projetado para ser uma plaza de celebração e de vida social. Um
espaço que deve proporcionar o “pleno exercício da cidadania”, uma vez que o
seu “nível local” concorre para a produção cultural apoiada na metaforização da
história, a qual se fez presente durante décadas, agora redesenhada para acolher
a nova tradição que, aos poucos, vai se instaurando à medida das novas técnicas
de produção cultural e da nova subjetividade decorrente das relações de troca por
estas estabelecidas.
Ao “redesenhar as tradições”, “realçar edifícios velhos e lhes dar
sentidos”, “fazer a máquina supersimbólica”, “mostrar a riqueza e a variabilidade
de seus aspectos e interpretações para o maior número de pessoas possível”,
dilui-se o passado cultural e histórico e a subjetividade deles proveniente, num
presente caleidoscópio de referenciais universais apontados para o mercado da
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Objetivo Geral:
Objetivos Específicos
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• Identificar as implicações que as transformações na fisiografia
urbana de Fortaleza, patrimônio histórico edificado e estratos
supersimbólicos contidos nos equipamentos de atração turística,
tiveram para as remanescentes comunidades de pescadores
artesanais.
Metas
Metodologia
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de significados presentes nas narrativas de eventos e acontecimentos, os quais
revelam a importância da subjetividade e a riqueza de conteúdo explicitadas nas
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A História Oral é uma produção documental fundamentada em
memórias e, como tal, sujeita às inexatidões de suas leituras sobre o passado.
Memória, como um fenômeno histórico, é uma representação afetiva feita a partir
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Referência bibliográfica
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FERRARA, Lucrécia D’Alessio. O turismo dos deslocamentos virtuais. In: YÁZIGI,
eduardo, CARLOS, Ana Fani Alessandri e CRUZ, Rita de Cássia (Org.). Turismo:
paisagem, espaço e cultura. São Paulo: Hucitec, 1996.
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