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Reoacron eninciraL, Annibal Queiroga Baletin mensal orgao oficial da U. . Mobilisemo-nos A hora nfo admite delongas. A Re- volugdo crepita em todos os cantos do vetho mundo, Os govérnos da Enténte, aliados aos sociais-democratas, ea todos sobre quem pésa a tremenda responsa- bilidade da Guerra Europeia, metem escoras ao madeiramento capitalista; mas _ ste oseila por todos os lados. " Ouve-se- distintamente os estalidos * _ precursores da derracada eminente, ace- - lerada pela Conflagracio ‘Social’ que mina sem cessar os alicerces argamas- sados com sangue das oligarquias de- crepitas. lio vem longe a hora que nos envol- ver nessa fatalidade historiga, de que ag classes proletarias ndo teem respon- sabilidade, visto que thes tem sido inter- dito 0 seu mandato nos destinos da Hu- manidade. Ela pésa sobre aquéles que na Revolucio demolidora do Direito ~ Divino, se proclamaram censOres dos Povos, e 4 pouco mais de século © meio de predominio, ddo-nos uma Sociedade em estado de decomposigio, reflexo duma organisagio politica e economica depravada pelo principio dum privilegio grosseiro conquistado pela violencia e pela traigdo aos anceios de Liberdade proclamada nos Direitos do Horlem pelos descamisados de 1793. ‘A Revolugio mundial de hoje é 0 | efeito logico’ duma causa que caira so- | bre as eabecas dos sets corifeus, mas "se os progenitos dos i 1793 se nfo apetrecharem para a, sua incluso, podem indirectamente sér en- Aurora ‘Social de Evora, de educacdo e propagania associative Distribuigdo gratis a todos os operarios sindicados Rodacgio—P, Joaguim Antonio d'Aguiar, 14—BVORA <> Propriedade da U. 8. 0. de Brora, Composio e npresso na Minerva Comercial, R. da Republica, 77—Evora o> EDITOR Jouquim Nogueira oo S=== yolvidos e sublevados no confucionis- mo catélico da corrupgdo politica e da decadencia economica da actual Socie- dade, ainda agravada no momento agu- do pela intriga interna e externa, e as manobras fraudalentas do inimigo co- ‘mum. O deficit da producao, causa directa do enorme exercito parasita, que atinge j uma percentagem de 1000 %/, o pri- vilégio anti-natural da propriédade indi- vidualista, e 0 egoismo ferdz do sist€- ma comercial, so os Factores primaciais da carestia da vida, pomo da discordia social que agita nesta hora os povos de todo Mundo civilisado, As gréves na Alemanha, na Inglaterra, na Franca, na Espanha, na Italia, na America do Norte, em Portugal e em toda a parte, os protestos colectivos e individuais, é as imprecagdes das cente- nas de milhOes de victimas da carestia da vida sao 0 psalmo ¢ 0 de profundis da organisacio burguésa, Todavia é necessario que as classes proletarias se mobilisem. A organisacdo operaria € o élo que nos prende a Socie- dade Futura, € a unica institui¢do que ficard indemne na derrocada historica que se aproxima, Ingressemos néla, Os sindicatos profissionais, forea indistruti- vel no presente, creadora e repartidora da produgdo num proximo futuro, tem as portas abertas para a incluso de to- dos os escravos do presente, Eis a mo- bilisacdo, Mas € necessario mais, Ao proleta- riado portugués eabe-Ihe jé, sem perda de tempo, o devér de adquiri uma consciencia colectiva do estado econo- 14 AURORA SOCIAL mico do pais, pela organisacdo de esta tisticas da producto de cada regitio; a percentagem, em cada populacio dos que no produzem trabalho itil; estatis- ticas da produgo agricola de cada re- gio, destringada por cada classe com © maximo escrupulo na preciso de ci- Tras; estatisticas da repartigdo e dos interesses industriais. Uma correspondencia directa e conti- nua permutada entre todas as Unides Locais do pais, informando-se_ mutua- mente ¢ interrogando-se sobre os estu- dos. acima expostos, ¢ 0 meio pratico de levarmos a cabo 'o nosso objectivo. ‘Ahora historiea que passa obriga a organisagao sindical a materialisar, sem perda de tempo, a idealogia da eman- cipaco economica dos trabathadores pela sua propria gerencia nos multiplos ramos da actividade humana, e que no dmanha da Revolugdo se reconhecera impotente para cumprir, se hoje,—que ja nfo é cedo—se nao municiar dos Conhecimentos indispensaveis para o equilibrio economico do seu periodo, caindo entdo uma tremenda responsabi- lidade sobre as Unides dos Sindicatos se descurarem deste assunto, para que foram criadas, deixando-se assaltar pela Revoluedo sem que nada de pratico ha- jam feito para a defensiva. ‘A Unitio dos Sindicatos Operarios de Eyora, reconhece que as comissdes administrativas de todas as Unides exis- tentes em Portugal almejam pela eman- Cipacdo integra dos trabalhadores. Acre- dita ‘no apoio expontaneo e mutuo de todas élas para esta obra que se impoe como um dever iniludivel das Unides Locais, ‘Ja € tarde, mas vale mais tarde do que nuinea, Vamos a0 trabalho. Maos 4 obra. A nossa alforria ha-de sér conquistada pelo nosso esforgo colectivo. Cumpra- mos 0 nosso devér. A todas as Unides 4 quem envidmos a Aurora Social, ro- gamos que na volta do correio nos en- Viem o nome da rua e numero das vos- sas sédes, que serio publicadas nas colunas do nosso jornal, afim de serem conhecidas reciprocamente por todos os organismos congeneres. E 0 ponto de inicio dos nossos tra- balhos, Aguardamos confiantes no vosso zélo pela organisacio. Joaquim NOGUEIRA, Horas de revolta Ir Reboa em volta de mimo éco de mil gritos de indignacao, gemidos de tortu- rados, estertores de agonisantes, blas- femias horriveis repassadas de revolta, urros formidaveis de criaturas oprimidas pela tirania brutal dos fortes, vozes que reclamam socorro e que'sio abafadas pelas baionttas, Neste concerto infernal misturam-se, numa amalgama confusa e indescritivel, os gemidos roucos dos yelhos que consumiram a vida a enri- quecér os verdugos e os tiranos, asivo- as argentinas das criangas que, ainda mal viram a luz do dia, j& sentem a opressio pesar-lhe sobre as almas como um fardo de chumbo; as imprecagdes justissimas das mies que se revoltam ao vérem os filhinhos morrerem de Fome. Por toda a parte vejo punhos que se erguem ameacadores contra os causa: dores de tantos males e que 0 gladio da Justiga decepa para que no per- turbema Ordem que reina no mundo. Proeuro o lugar onde esta confusdo se manifesta com mais intensidade, yol- to-me para os Iados da Franga, abro os olhos € apuro os ouvidos: vejo os ale- mies calgando os tratados e cometendo toda a sorte de tropelias, desrespeitan- do os direitos das gentes, saqueando cidades indefésas, fusilando cidadaos pacificos e langando sobre as cidades que dormem pesadas maquinas infernais que matam velhos, mulheres e criancas. Ougo os empresarios da guerra—os tar- tufos das chancelarias—que unem os seus brados de protesto aos das gentes sacrificadas, prégando o exterminio dos violadores dos tratados e os tiranos dos povos. E eu indigno-me e junto o mew protesto ao de todos contra os alemaes. ate A guerra terminow ea sorte protegeu os soldados que combatiam pela jusfiga € em defesa dos oprimidos. Os tiranos baquearam, mas eu contintio a ouvir os mesmos gritos lancinatites dos oprimi dos, os arrancos das almas que sofrem, 0 estertor dos agonisantes, mais fortes, mais dolorosos, mais repassados de angiistia, Agora 0, vento que sopra dalem fronteiras traz até mim mais re- volta, mais odio. E’ uma rajada horrorosa que pée calafrios gelados na minha alma. AURORA SOCIAL 15 Mas, d’onde provém este concerto hofrivel? ¢ Acaso’a guerra ndo termi-” nou ainda € os tiranos que esmagavam 0s povos ndo foram vencidos pela Jus- tiga que trouxe a Liberdade aos povos oprimidos? ¢ Ou serio, porventura, as almas dos verdugos que esto ardendo em caldeiras de pez, para se purificarem do’ mal que fizeram na terra, nesse In- ferno que os dogmas da Igreja nos que- rem impingir por intermedi dum sacer- dote vicioso que destroe um lar tirando a esposa a0 marido e a mie aos filhi- thos que adoram ? Procuro novamente a causa de tudo isto e vejo I muito distante, nos confins do Oriente, soldados que massacram um povo inteiro; nos mares que circun- dam aquela terra ha esquadras, muitas esquadras, e nos mastros d’aqueles na- vios tremulam diferentes. bandeiras, Os soldados que ceream aquele povo tam- bem se abrigam 4 sombra de muitas bandeiras de cOres diversas. éMas quem sao aqueles homens? Hein! Que vejo? Mas, sao russos ! S40 os escravisados de ha seculos de quem a Europa se compadecia! Mas eles tam- bem deram o seu sangue pela causa dos oprimidos! E agora combatem-nos! Mas porque? E 08 homens das chancelarias, tiran- do preguigosamente 0 charuto dos la- bios, respondem-me: — rio’ e- eapitalista internacional 0 Congrésso dos Sovietes repudia todos os empréstimos contrai- dos pelo governo do. Tsar, bem como pela bur- uesia, oNSe~Serio nacionalisados, com o fim de liber- tar a classe trabalhadora, todos os bancos da Russia, $6 por este melo se podem as massas populares ver livres do jugo do capitelismo. G.e-—Para se fazer desaparecet as classes que nfo trabalham, mas que vivem & custa do traba- Tho dos outros, sera decretado para toda a gente ‘a obrigagto de'se empregar em qualquer traba- Tho uti. ‘2 (Cotclie no proximo mimero). ss A’s classes trabalhadoras Realisa-se na proxima 3.* fei- ra, 23 do corrente, uma _sessiio publica, na séde da U. S. O., para a imauguragdo da Biblioteca o para apreciar a atitude do Go- vérno perante as classes produ- ctoras. A Comissiio Administrativa, AURORA SOCIAL 17 CANTAS ERMELEAS A um defensor da guerra Meu omig Cé estou nas tinchelras, Escrevo-te dequi, deste ambiente de morte, horroreso,.malaho, Como isto ¢ diferente do que nds imagioavemse Sentalon & lareica no inverse’ passnde, quanto. {U me dines: «Como deve sor belo mérrar pela tia ‘Abt meu amigo, se tu visses, se sentisses, se pdesses ao. menos sonhar o que ét gust, Epesar das taas ideiay estremechris de hovrosl O'crepitar da fasion, 0 ribombar do canto, a explosto das gransdasy a trepidagio dos mot ores dos avides que nos esprsitan «todos os ‘momentos como s again esptcita a pitse, 0: ca, daveres insopattos e despeduendos polos obazes, (0s gritos lancinantes dos fertdoy o estertor og Aagonisantes, tudo, tudo € revoltante, Wl e cl inosol Quando eu te dizia que abominada a guerra @ The chamaya a mals degradaate invengio, dos homens, tu respondias-me sempre qua'els ort ém pro! dara enues tanta ¢ just que obedecia 08 principios de Jastign © de Litetdede, Como 1G, ama Ingenua, te lludias © procorovas Nuts ‘me em vat Vem comigo até 4s trinchelras de primeira linha, Primetfo temos que atravessar uma enor ime planicle desolada e constancemente, betida pelo fogo da artthariainimiga, Entremos agora Ba vala de actseo & trincheira, Curve-te que po des ser vio. Ci eximon A ewe sual a fegras sas por sobre at nosses cobegas. Os pro jectels de todos os calfores, passando por cima da trinchelra, ssibilando, drrando, preduaindo tm concerto internal, vo. perder‘sealet re. talvendo a tera, neabando de despedactt reston Ge aldeias ¢ logares, fulminando tudo ne sie pissagem devastadors Quando. cesse esta medonha tempestade de ferro e fogo langaremos os ellos pars slam So ppeito da trnshelra, Entretanto vou comtar. Re wm facto que se deu comigo ha dias que jdtmals se apagaré da minha memorioe Depois ae. transferdo para este, tegimento, Som sabes por causa dhs minus ideas suber” Sinas como'eles Ihe chamavamn, iopistas ¢ he mmerieas como ta ts efinas, travel goahecimen { com um rapsz de vinte anos, louro, de olhos faues ¢ cinmadores que traduriam toda. 8 mee Ignclin que The assobehava a alia, Era de Braga onde exercia o luger de guarda livros nus tia esa te camisebes ‘As nevessidades da guerra fizeram de aés dois amigos inseparavels. Onde estivesve um estovs 0 outror na ttiacketra, nas patrulhos de recone. imento, em todos os puntos perigoxoss Haat: tente, amos como frmios, Troeatnos impres: bes ¢ confidencias. Soube que deteira mele Braga ums puna padi em easamentoe que possira dob din attes dt partite, ‘Umm dia mostrousme uma carta sm que olathe confossava que ertava gravida, @ pergumtoume que hava He fazer? Respondi-tnes que se rest Boasse Ihe aconselhasse a mesina coisa De entdo para cf nfo mais‘ vi socit, Anda va sempre tate ¢ pensntivo, © encontrel 0 mule us vezes a um canto da tcincheira limpando as rimas 4 manga do capote. Um dia disse-m =AiMen amigo teoho um présentimento de que jfmais verei'a minha noiva, Prometesme quelse eq morrer e v. sobreviver a esta medonha retar: trofe, the Tevard uma carts que. eu tenho. ao bolsé do casaco.»—E abrindo d eapote tirou da algibeira uma volumost carta, sPromnetel-«Pro- eto, sim mas nfo pense na morte, nfo vé tan tos que vieram primero que nds ©'que se riem Welats—wObrigado, meu" amigo, obrigados disse le apertando as minhes mos, enquanto a2 grossat lagrimas Ihe sulcovam 9 fosto quel. thado pelo sol das batalhos. Em vio tentel espalharthe a mogua que o compungia, porque ele respoadia me sempr STINKo sabe que, se eu morrer, aqu Serf spontada como uma criminova iho nto terd poe? Ah! o meu amigo a8 convenebet da Sociedade porque-os seus pein Gipios jf IN'os Gzerdm esquecer!s—E depois des: tas palavras fazia me prometor que lhe Levan Garta a0 seu destino. Ha trez diss estavamos nés aqui um ao lado do outro, A fuzilaria era medostha dv parte. pparte. Como agora 0 caahio langava torrentes To metralha pelas suas guelas de ago. Subite mente vejoo meu amigo.resvalar pela torva ate 40 fando da ‘trincheire, Saltei imedintamente € curtel-me sobre ele, Umo ferida profunda ne fronte lnundavarthe o rosto de. sangue. Sorrit Iistemente ¢ disse-me:—rEu nfo. the disia... a nfo tornava a ver, , « minha noiva’s—aA frida nfo € mortalo—disberlie para o wenguil ‘a o diga isso... Sinto ja. a morte.» Faltarme a luz... dos olhos... Prometame que... levard a eatta..~ 20 seu destino.» Pro. Metor—sObrigado... Morto....saiiicito por: ue... sei que nfo faltard. Um estremecimento -horrivel_ pereorreu-Ihe todo 0 corpo, ¢ articulou a custo.—«Maldita guerra... Malditos... sejam...0s que... a 8 Zoran... Dige-he ;. que morro! aman don. .a%—F soltou'o ultimo arranco. tina onde 8 reat inanouime 0 exrebro iz vingalco’e subi para o meu posto, pus a eapingarda 4 cara e bz fogo para a tacheica inlmiga, pela primeira vez aevde que agul estou Depols'velo ® abatimento e cont ele as ideias aclaravam, Ew que me considerava superior a todos os homens porque até aguele momento # minha espingarda 36 disparavi para o ar const derava:me io vil como. eis! Senti que me ailiava mais que tos proprios assoscinos Vé'tu, tied amigor como os homens; com 4s suas: conveng6es e: preconcettos, fazer de ho- tae bons « inofensivoy, fori abutes © hye Mas agora reparo: tu estds trémalo! Que te Malo. nfo pode ser porque conhego perfeita. mente & tun coragem'e duvido hastante, que 6 Singuestrio que te. to peculiar, te abando- nasse ainda que momentanesmente! Nao, senteso Horror por tinto crime. praticado em Senciclo duns pela infame amibigho de oatcos, tens 2500. por tanta cobardi, julges um sonho 6 que estie Nendo, parece-te impossivel que. os homens se ustnssingm cobsrdemente, sem se. Yerem, sem se conheserem, simplesménte porgue outros ho ens igauis.a élet thes dizems—eAlatem se, es. Ficelemss, assassinem se, fora assegurat & esta- 18 AURORA SOCIAL bilidade das nostas posigdes ¢ 0 bem-estar dos fossos estomagos>. Deita te imediatamente, Olha, uma, graneda acaba de explodir a dez metros de nds, dentro Setrinchelre: corpos esfacelados, membros dis- ercos, sangue detramade! Hsvuta os gemidos os feridoseEntio que tal te parece 9 guerra? E tu respondes ainda palido e temulet elsto 6 horrivell Eva mals horrorosa hesatompe que os omens desencadearam a Terrale ‘ns ninda nio © tudo. Agora que fogo das setrathadoras cessou vamos subir 4 trinehelea. Néo levantes, muito.a cabega que podes ser vise foe entao nfo dou nada pela tua vide. Lance- hos os olbos por toda esta imensa planicie que fe estende. a perder de sista na nossa frente. Gu vee! Campos desoladon,rulnas e nada mats Gis acolf aqtelas sablencias no terreno! € 0 gue resti dum bosque enorme que os ebuzes Ritram, detxando apenas at raizes como o res- folho dutn ceita colossal Vés mas ler aquele amontoadlo de raigss? Fol o que cou da impor- ante edade de Reims, ‘Tenbo ainda impressa fa retiny a cruel visto do bombardeamento da utearal Se percorresses a enorme extensao de ferreno gue vai dagui # feonteira belga ed'ali Homteire glema, encontcaias por toda @ parte SP povosgbes tronsformadas ex Tuinas 60s eam pos en vastos comiterios! : Fa pencasis © que sera 9 opressko exercida schrebs povor das Fegides em poder dos alemies? E'brutale infume, € egusl & que pesaria sobre 5 alemées se amanbf ‘os allados conseguissem Sharar nos seus dominios: ¢a roafo natural das Shisas nesta Sociedade torpe e sorrapta, €a for Sa esmagando 0 direito porque. aqucle posste Gimmae e este tem a ruzto vomo defesal Mas isto ndo nade. Por aqui pédes imaginar coe se pasa na Polonia, na Roumania, na Ser- Sid SGo. Montenegro, no’ Norte a Tala por Todes as partes onde’ maldade humana levou a guetta. flaticida: em toda.a Europa. ouvirds Snetzumes ¢ lamentos de esposcs chorendo 05 kus companhelros, Je mils chorendo os seus Fihos de noivaschemrndo os seus emados ausen- fs, de creanciahas chorando a sua ovfandadey Jerls lanes. destruitos, campos abendonados Tngultos, miseria © privagdes! ‘A guerra traz tolos os males imaginavels. A morte sos que estio ors tracheiras ea fome tos que fichma nos lares, Quando entrimos em Eperhay vi criaturss que agonisavam 4s esqul- por fata de alimento! ligula quio orroroso seria. softimento daqucles enfes « quem a fore cravdra a5 goto Sdnees nos estohogos até os estaceley simples tiente pergue cometeram 0 ctime de naseerem pobre! Vel agora perguatar queles que lancaram esta imensa maquina de destrulglo por toda Europa, onde entio as ridentespovongbes, as fligas’cidades, os modesto logate]os, 05 €ah- pinas fercis © productivas que a Natureza con- Foden go homem para tirat dela 0 plo, quot diano, os milhares de seres que teem deixado a Sia fos campos de batalnny tudo, tudo quanto 2 vorseidade a guerre tem consumido, & eles Gomé, unica, resposta, abritGo os labios! uma Gergalhada cinien e apontam-te montes fabulo- Sosede ouro amassalo com o sangue das vict fas do sua dermediia smbicto! Depois diz le, que aqui nesta trincheira don- seen de acabo de te mostrar o.qie & a guerray ha um ser que os odeia.e que’ espern resignado a morte a que eles 0 condenarai The que as amaldigou-o por tantos crimes praticados, ‘mas talvea que a horaida Jastiga nao tardeie en- {io sles comparecerto no supremos tibunal do povo:para prestarem contas de tantas infemias. ‘Abraca-te o ten velho amigo Rafaol BARROS. P. S,—Escrevi esta carta no Outono passa- do é nao Ta enviel logo porque a sensura pos- tal no a deixaria passar. S6-agora me foi pos- sirel expedi-ia. Nao tens que estranhar a demora, pois que num paiz onde um telegrama chega tres dias depois de expedido, nfo para admi- rar que uma carta tenha um ano de atrazo. — Sempre Teu—R. B. ee ... NO DESERTO ‘A Russia € 0 facho d’onde irradia a verdade e aonde devem concentrar as suas esperangas todos os trabalhadores. FEscusddo serd dizer que € na Russia bolxevista que esti em jogo o destino dos pévos, © por consequencia o seu bem-estér individual e colectivo, sendo tambem, talvez, desnecessario dizer que se nos impée o dever de fazer Constante pressao sobre tudo que nos esté embargando 0 caminho que nos ha-de conduzir ao fim que temos de atingir, muito embora tenhamos que nos sacrificar até a0 maximo das. nossas foreas. ‘Temos, pois, que encetar uma lucta titanica, tenaz, sem tréguas nem quar tel, contra a Lei e contra 0 Estddo, contra 0 burguez-industrial e mercan- filista, contra 0 agambarcador que nos enyenena e contra o intermediario que nos suféca. Nao seré necessario explicar como essa pressfio se exercerd, porque a ex- periencia de alguns. anos nos tem jé emonstédo que a mais pratica de to- das as férmas €a da acglo o mais di- recta possivel. Nao é blasfemando do canto do nos- so tugurio que remediaremos 0 mal que ha seculos pesa sobre nds, mas sim partindo do principio qué perfilhdmos a0 fim que almejamos. Urge, pois, activar, tanto quanto as nossas forgas 0 permitam, a propagan- da pela palavra e pelo facto, porque é necessario que 03 nossos adversarios tremam, caiam mesmo, deante da nossa forga bem organizada e devidamente disciplinada, AURORA SOCIAL E? preciso que se comece desde jé a extremar os campos € a definir a dife- renga que existe e separa o trabalho itil, da casta burgueza-parasitéria. Cada hora de apatia que passa sobre nés representa um seculo mais de re- trocesso, um seculo mais de opressio, de tirania e definhamento. © termos sido perseguidos até aqui como féras nfo é razio para desanimar, porque nto ha triunfo sem revezes e sem martires; jamais se podera cantar victoria sem que antes se tivessem Ias- timado e chorado déres. Fixae bem : preparemo-nos primeiro, mas sem perda de tempo, e depois de bem formados moralmente e unidos co- mo um sO homem, lancemo-nos entio fa revolueto expropriadora, revolucdo que nfo serd nem mais nem menos que 0 ajuste de contas, que no teré. por fim sendo fazer imperar a Justica ¢ restabe- lecer a Ordem ¢ o Equilibrio. ‘Amo 0 povo’ porque sou do povo, mas s6-esse povo que pede Verdade, que pede Justia, que pede Liberdade € nfo esse povo que vegéta ¢ vive 4 custa do mesmo povo donde saiu, esse povo que tem direitos adquiridos ¢ quer que seja sua a terra e os instrumentos com que da mesma extrae tudo que faz parte do indispensavel 4 vida. ‘Mostrémos a0 povo'a Verdade, como os nossos inimigos fazem passar por verdade a mentita, moralisemos como eles desmoralisam, formemos caracte- res como eles. os deformam e passare- mos a ser integralmente livres. Nao nos devemos s6 contentar em ver em sonhos a sociedade futura, preciso vivela de facto, redobrar de energia, comecando por fazer pressio sobre nds proprios, comegando por nos afastarmos da taberna, dos talhos de carne humana, etc., escorragar para lon- ge de nds. a politiquice e os- dogmas, acabar com os falsos e lendarios pre- conceitos. ‘Temos 0 dever de olhar para a Rus- sia com mais atengiio e cuidar d’Ela co- mo dum doente que periga, a quéda da Russia representa a nossa propria qué- da, e por conseqnencia a continuacso da’ escravidio novo-estilo, bem mais perigosa que a primitiva, Griclo CALDEIRA Justigas de Portugal QUADRILHA DE MALFEITORES. Esto lembrados, certamente, 05 lei- tores, de um proceso crime que corre em Evora contra uma dezena de traba- Ihadores rurais e um proprietirio de politica democratica que—caso raro en~ tre proprietarios e entre democraticos tem olhado com simpatia a sua organi- zacho de classe e com éles tem privado em boa harmonia. Os reacciondrios daquela cidade nao sabendo como ferir a organizagio dos trabalhadores rurais nem como atingir oreferido proprietario, a quem tambem nfo podem vér, forjaram na sombra um plano miseravel que poseram em exe- cugao. Disto devem estar lembrados os Ieitores, pois que A Batalha publicou uma entrevista com o autor destas {i nhas e advogado dos arguidos e jé de- pois disso, por mais duma vez, a0 caso se referiu. No entanto, nao faz mal re~ petir, nfo é inconveniente recordar: Foi 0 caso que tendo-se dado, na re gifo das quintas, freguesia da Sé da- quela cidade, alguns roubos ¢ furtos ha uns trés ou quatro anos, como jd em ou- tras ocasides se haviam dado e como teem continuado a verificar-se jé depois da prisio dos meus constituintes, um dos atingidos por esses furtos—o Do- mingos Canelas, mais conheeido por Domingos Lagareiro, criatura sem es eriipulos, useira ¢ yéseira em tropelias € trampolinices de varia ordem—com- prou com promessas de dinheiro e bom futuro um desgracdto sem caracter para que este indicasse outros individuos — aqueles que Ihe fossem dizendo—como fazendo parte duma quadritha, duma terrivel associagio de malfeitores. Na peugada do Canelas ou Lagareiro — certamente préviamente combinados. —foram logo queixar-se tambem mais tres proprietarios, igualmente reaccio- narios, dizendo terem sido aqueles os autores dos furtos e dos roubos. Tudo se preparou, pois, para esmagar a or- ganisagho rural de Evora e aqueles que por ela teem mostrado simpatia, mas fez-se tudo isto sem desassombro, sem dignidade, traigoeiramente, pelas costas. Requeri a instrugo contraditéria no processo. A ela se procedeu, com mo- ° 20 AURORA SOCIAL rosidade, porém, porque o jufs do pro- cesso no quiz marcar essas diligencias em férias. Justia de Portugal!... A maneita como essa instrugdo contraditoria de- correu seria uma coisa bem significativa ¢ bem para desiludir quem ainda tivesse ilusdes sObre a... justiga e sobre 0 respeito que a ela votam os seus prin- cipais representantes. © juis da comar- ca, que est contrariadissimo por estar em Evora, que chama aquela comarca um destérro e muitas outras coisas feias, passou todo o tempo a chalacear com as testemunhas, dizendo que elas tam- bem faziam parte da quadrilha, metendo tudo a ridiculo, julgando ter muito espi- rito e demonsttando nao ter pela justica € pelo lugar que ocupa a menor consi- deracao—pelo ugar que assim desem- penha e pela justia que muito judicio- samente classifica de—lotaria.. Devia @sse juis proceder muito diver- samente ¢, Fosse qual fdsse a sua opi nifo,]ndo devia manifesti-le emquanto se estivesse procedendo 4 instrugdo contraditéria que a ele juis era destina- da e que, quando nao desse como resul- tado 0 arquivar do processo, era natural que viesse a dar a modificagdo da pro- niiincia e a desproniincia mesmo de um maior niimero de réus, Pois—Justigas de Portugal!. ..—foi esta a atitude do juis da comarca de Evora seguindo, correntemente consigo, aquela orientago que resulta de consi- derar a justiga uma lotaria onde, em geral, os bilhetes saem premiados para Os Lagareiros, e brancos, sempre bran- cos, para os pobres, como sto na sua quasi totalidade os presos do processo de Evora. ‘Mas—Justi¢as de Portugal!. para aqui 0 sudério. A seguir 4 infamia dos queixosos e 4 graciosa lotaria do juis da comarca, aparece-nos a acedo do delegado ou agente do ministério pablico. ‘Reparem que é editicante: Terminada a instruglo contraditéria mandou 0 juis 0 processo com vista a0 mjnistério puiblico para @le dar a que- rela. Mas 0 delegado, meus amigos, hé muito tempo que nao esti na comarca, passando o tempo em Lisboa e noutras ferras, menos em Evora. O delegado —niio nfo quis demorar-se na comarca, nao esteve para ter o trabalho de estudar 0 processo e de dar a querela. E como nfo esteve para isso, ndo quiz incomo- dar-se, como lhe € indiferente a situa- eo dos réus, que a prontincia seja de- finitiva ou ndo contra todos éles, que ties se afiancem ou nfo, 0 delegado, sem escripulos nenhuns, pensando so em si, pensando sé em que aquéle tra~ batho’o aborrecia e 0 retinha em Evo- ra, 0 delegado—diz que, havendo no processo parte acusadora, ao advogado dos queixosos devia ir primeiro 0 pro- cesso com vista para a querela. O juis confirma o seu“despacho e determina, por isso, que 0 processo vd com vista a0 delegado. © delegado, entio, diz que agrava do despacho mas, no final dé contas, nfo agrava nada’ e tudo ficou como dantes sem querelas, sem prontincia, os réus presos, alguns ilegalmente, sem poderem mesmo afiangar-se ! Justigas de Portugal! Comarcas da provincia! Comarea de Evora, sem juis ou juis jocoso jogando aos processos, brincando ds lotarias de artigos de o6- digo! Justigas de Portugal! Comarca de Evora sem delegado ou com dele- gado que passeia pela capital, na cid: de das pandegas e dos deboches, ali- jando, num dar de ombros o trabalho com a mesma facilidade com que alija os escriipulos da consciéncia. Justigas de Portugal!... Que bam- bochata! Que degringolade em que tudo vai! Como isto se afunda numa paihacada grotesca! E como estas, coi- sas de forjadas quadrithas de malfeito res teem os resultados curiosos de por ant as verdadeiras quadrithas, os ver- dadeiros malfeitores | Justigas de Portugal... Justi¢as de lotaria, justicas de tavolagem ! Que miséria! Que trampa | Sobral DE CAMPOS D’A Batatha de 30—XI—919. ee Se a colera do povo ¢ terrivel, 0 san- gue frio do despotismo é atroz. As suas Crueldades sistematicas fazem mais des- gragados em um dia, do que as insur- reigdes populares imolam vitimas duran- te anos. Miraboau, AURORA SOCIAL a A Associagdo © Inferno do salario Que sittagio ocupa o trabalhador, 0 assalatiado, na sociedade actual ? Eis.0 que se nfo aprende na escola laica, Incumbe aos interessados aperfeigoar por si proprios, neste assunto, a sua Instrucgao, descuidada propositadamen- te pelos pedagogos burguéses. Para tal conseguir nao é necessario nem grande ciéncia nem grande potencia ce- rebral. Basta simplesmente 0 bom senso. As questdes sociaes ndo sto materia ardua nem abstracta, ‘Nao € preciso ser catedratico para se convencer que todos os seres humanos devem ter a existencia assegurada e no estarem, obrigados a arrastar, do berco 4 cova, uma vida de grilhetas. Assim. pois, um pouco de clarividen- cia e de reflexdo levam 0 trabalhador a constatar que nfo € necessario muito para que assim seja. A sua sorte esta mercé do Patrao. Nunca tem assegurado 0 pio do dia seguinte, Se encontra hoje um_patrao (para cujo enriquecimento trabalha) que consinta em empregal-o, vive penosa- mente; mas, se esse patrao por qualquer motivo o despede, eil-o frente a frente com a miseria, Todas as miserias pro- venientes da falta de trabalho o opri- mem. A lei (expresso codificada dos gran- des principios. de 1789) proclamou— que i0!—o Pobre egual a0 Rico. Eis porem que este Pobre, na sua qua- lidade de homem livre, passeia o sew esqueleto em busca dum Explorador que o admita como Escrayo Voluntario. Se resiste, recusando prostituir os setis muscitids e 0 seu cerebro em b neficio do Burguez, foge do salario para cair na miseria, Serd isto um caso excecional ? Infelizmente, nfo. E’ a sorte de todos os trabalhadores!—é a ventura dada a0 povo do seculo XX. Assim somos foreados a/constatar que a existencia precaria do Assalariado moderno é egual 4 do Escravo do mun- do antigo ou do Servo da edade media. E? certo que 0 Assalariado moderno beneficia (em bem fraca proporeaio) dos progressos cientificos e industriaes que modificam o ambiente social: come em pratos que pareciam luxuosos ao esera- yo antigo ; alumia-se com petroleo, com velas, com gaz, com electricidade, mo- dos diversos de iluminagio que esto muito longe das candeias fumarentas ou dos archotes de resina da edade media. Mos esias maravilhas do genero hu- mano e outras tantas que é inutii enu- merar-se, se podem considerar como elementos de bem estar e felicidade, no podem comtucdlo considerar-se como elementos tinicos essenciaes. Para ser ditoso nao € suficiente dis- frutar a vista, nem ainda dispOr na me- dida das suas posses monetarias, de automoveis, trens, telegrafo, telefone, etc. A Telicidade—que é a sublimagao do bem estar—depende do equilibrio nor- mal entre o esforgo produtivo e a pos-’ sibildade do consumo, equilibrio que permite gosar a vida sem obrigagdes forgadas nem inquietagbes. A Felicidade consiste na serenidade de espirito re- siitante da certeza da existencia asse- gurada no presente e no futuro; con- siste em ndo estar subordinado a pessoa alguma,—patrao, encarregado ou seja 0 que for—e em Se reconhecer moral e materialmente um ser autonomo, livre de todos os impedimentos e de’ todos os servilismos que imanem de vontades humanas. Depois a ciencia, por maravilhosos que tenham sido os progressos realisa- dos, nao modificou 0 trafo social que poe o Trabathador debaixo do dominio do Capitalista. O tratamento seré sem- pre o do Dono para com o Escravo. Nao ha duvida que no curso dos anos, e debaixo da pressio do espirito de re~ volta, se atenuou pelo menos na forma, (Continua) Emillo POUGET = As creangas teem necessidade de en- contrar uma aplicacio pratica do que aprendem teoricamente na escola, e anto estupidos so os educadores que nio podem compreender 0 auxilio po- deroso que poderiam encontrar nas apli- cagdes coneretas para ajudarem os seus alunos a compreender o sentido real das coisas que estudam. Kropotkine, 22 AURORA Grupo Dramatico “Aurora Social,, Est em ensaios, no teatro Garcia de Rezende, a’ magnifica pega social do laureado’dramaturgo Bento Mantua, Or- dinario... Marche, 3belos actos de ensi namentos dolorosissimos em que 0 insi- gne escritor, escalpelisa indignadamente © porubentismo da actual sociedade cor- rupta, que se afunda na depravacao do vicio, do egoismo e do crime, envol- vendo nas malhas perfidas da iniquidade social os bons, os simples, os que tra- balham, as eternas forgas vivas das so- ciedades. Bento Mantua, com mio de escritor consagrado, sem tiradas de chavas, sub- tilmente, divide pelas 18 personagens, do seu Ordinario-.. Marche, e com uma precisa pouco vulgar, sem perder nnn- ca a oportunidade nas diversas fases da peca, toda a sua reprovacio contra a actual estrutura da sociedade. O G po Dramatico » Jonguim Pires 5 » +» A. Rochinha.. 14895 > Jose J. David: 3$00 > 8 a MORBitho. $0 th a Sarai 338 Soma. 126855 DESPEZA ‘Trex nos do Jornal «0 Corticelron.... 9860 Céta fConfederagio Geri do Trabalho 2800 Céta d Escola da Unio dos Sindicatos do mez de novembro. 2850 Céta 4 Unio dos Sindicatos novembro.. (liens aa Céta 4 Federacio Nacional Corvicelra. domes de Novembro ice. c. 10a Renda da casa do mez de novembros.. 3880 | Petroleo ¢ 0 jornal «A Batalha» do mez og Ge NOVEMDIO. se cyeeeeeceseeeee 4819 1 Despeza durante 0 mez de novembro.. 25856 Receita. ... 126555 Saldp para Dezembro . 102899 0 Tesoureiro 0 Sacretarlo da Direcgto “Artur Rochinka Joaquim Pires = eee Cultivar sem restituir ¢ cultura de rapina, Liebing.

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