Anda di halaman 1dari 18
Constituigao e direitos individuais Raut Macwapo Horta Professor Catedriitico de Direito Cons- titucional da Faculdade de Direlto da ‘Universidade Federal de Minas Gerais SUMARIO 1 — Fundamentos dos direitos individuats 2 — Autonomia da Declarag&o de Direitos 3 — A concepcao dos direitos individuals na Constituigéo go Imp de 1824 e na Constituigéo Republicana le 4 — Direltos individuals e as prestagdes objetivas do Estado. A Constituigho do México de 1917 e a Cons- tituteéo alema de 1919. O novo constitucionalismo e a Constituigio federal de 1934. A ruptura do modelo Constitucloual na Constitulgdo sovietica de 1936 5 — Direitos individuals e as Constitulgées europélas do segundo apés-guerra. Direites cancretos ¢ as Cons- tituigdes marzistas 6 — O ciclo constituctonal do segundo apés-guerra e as, Constitus; federais ‘brasilelras de 190 ¢. 100% A ortodoxia do regime. © abuso dos direitos individuals 7 — A internacionalizagéo dos direitos individuais 8 — Permanéncta dos direitos individuais 1. A recepgao dos direitos individuais no ordenamento juridico pressupée o percurso de longa trajetéria, que mergulha suas raizes no pensamento e na arquitetura politica do mundo helénico, trajetéria que prosseguiu vacilante na Roma imperial e republicana, para retomar seu vigor nas idéias que alimen- R. Inf, fegisl, Bresitia @. 20 n. 79 jul./eet. 1983 a7 taram o Cristianismo emergente, os tedlogos medievais, o Protestantismo, o Renascimento ¢, afinal, conporificar-se na brilhante floragdo das idéias politicas e filoséficas das correntes de pensamento dos sécules XVII e XVIII. Nesse conjunto, temos as fontes espirituais e ideolégicas da concepcao que afirma a éncia dos direitos individuais, inatos, naturais, imprescritiveis e inaliend- veis do homem. Direitos oponiveis aos grupos, as corporagdes, ao Estado e a0, politico, Direitos individuais e direitos humanos, identificados e in- cindiveis, pois 0 individuo, a pessoa, é, ontologicamente, o ser humano. A transposigo da concepcfio abstrata dos direitos individuais para o dominio conereto das instituig6es politicas, em proceso desencadeado pelos fragmen- tarios documentos constitucionais ingleses do século XVII — “Petition of Rights”, de 1628, “Habeas Corpus Amendment Act”, de 1679, e o “Bill of Rights’, de 1689 —, atendia ao objetivo fundamental de limitar o poder do Estado pela submissio dele aos direitos individuais, que se colocavam acima do Estado, limitando-se o ordenamento estatal A revelagio desses direitos naturais pela técnica declaratéria, para proclamar a anterforidade e a insuprimsbilidade dos direitos individuais. Reconhecia-se, na ligio de Ducurr (+), a subordinagdo do Estado a uma regra de direito superior a ele proprio. Concebeu-se a Declaragio dos Direitos Individuais como instrumento de controle do poder, que nao pode via ultrapassar a 4rea indevassdvel dos direitos individuais. Assimilando as idéias precursoras que sustentaram o direito de resisténcia ao poder absoluto do monarca (?), re tase pré-constitucional, a concepgao constitucional dos direi- tos individuais difundiu a técnica das liberdades-resisténcia, incorporando ao texto juridico da Constituicgo 0 nticleo inviolvel dos direitos individuais, O mecanismo das instituigdes politicas do século XVIII concentrava sua eficdcia funcional na existéncia da separagio dos poderes, no reconhecimento dos direi- tos individuais e no primado da Constituigao escrita e rigida, instrumento juri- dico da ordenagéo suprema dos poderes, dos direitos individuais e da eficaz limitago do Estado. A anterioridade dos direitos individuais ao dircito estatal, que se limitaria 4 declaragdo daqueles direitos, determinou a implantagao de instrumento técnico formal correspondente, de modo a exprimir a precedéncia dos direitos indivi- duais e a natureza declaratéria do documento juridico, Na origem do consti- tucionalismo moderno, formulou-se a solugio que atenderia a essa dupla exi- géncia, Os direitos individuais ingressaram no texto solene da Declaragio de Direitos, como se fez no modelo clAssico da técnica juridica — a “Déclaration des Droits de Homme et du Citoyen”, de 26 de agosto de 1789 —, o “pacto social” (#) da nova sociedade politica e fonte auténoma dos direitos individuais. Essa autonomia formal do texto declaratério dos direitos naturais, indicando sua anterioridade em face do direito estatal, é responsivel pela primazia que cabe, na Franga, 4 Declaragdo de Direitos, destacando-a do texto da Consti- tuiggo. Essa precedéncia estabeleceu-se, formalmente, nas Constituicdes france- sas do periodo revoluciondrio — 3 de setembro de 1791, 24 de junho de 1793, (D LRON DUGUIT — Traité de Droit Constitutionnel — 3* edigho, vol. 1, Paris, B. de Boccard, 1930, pag. 688. (2) JEAN TOUCHARD — Histoire des Idées Politiques — vol. 1, Presses Universitaires de France, 1909, pag. 278. (3) LON DUGUIT — obrs elteda — vol. TIT, pag. 599. R. Inf, legisl. 22 de agosto de 1795 —, nas quais a Declaragiio dos Direitos do Homem e do Cidadao 6, tecnicamente, um texto separado, vindo depois dele a Posteriormente, a precedéncia documental transformou-se na precedéncia cro- nolégica, dentro do préprio texto da Constituiga0, como na Constituigio da Reptblica, de 14 de janeiro de 1852, que inaugurou a técnica da invooagio dos “grandes principios proclamados em 1789”, técnica igualmente adotada nas Constituicées francesas de 27 de outubro de 1946 ¢ de 4 de outubro de 1958, Estas ultimas, proclamando sua subordinacdo aos prinefpios da Decl de 1789, dispensaram a enumeragio repetidora dos direitos individuais, ndveis ¢ sagtados, que se incorporaram ao Direito Piblico francés, e superaram com essa dispensa as dificuldades de produzir novo texto, tal a certeza de que 0 texto de 1789 é incompardvel, exprimindo a genialidade politica de momento decisivo na histéria da humanidade. 2. Atento as singularidades do Direito Publico francés, Ducurr (4) confi a superioridade da Declaragao de Direitos, quando sustentou a existéncia de trés categorias de leis, que se dispdem hierarquicamente no ordenamento jurt- : as Declaragdes de Direito, as leis constitucionais ¢ as leis ordindrias. A primazia juridica das Declaragdes de Direito, segundo Ducurr, impunha a obediéncia de seus preceitos pelo legislador ordindtio ¢ pelo préprio legislador constituinte (*), ao contrério do que afirmava EsMrrn (*), outro mestre do Direito Publico francés, que nelas s6 identificava um complexo de princfpios filoséficos, sem efichcia executéria, No caso francés, dentro da formulago de Dvucurr, a Declaragdo de Direitos nfo sé dispunha de primazia, como também de permanéncia no tempo pela sua incorporagio ao Direito Péblico francés. Essa permanéneia permitiu a Ducurr afirmar a vigéncia da Declaragdo de 1789 (7), em pleno periodo das Leis Constitucionais francesas de 1875, quando a Constituigao fragmentéria da IIT Repiblica omitiu a invocagio daquele texto ¢ deixou de dispor sobre a Declaragdo dos Direitos nas leis constitucionais de organizagéo dos poderes da Repdblica. Com a Declaracdo de Direitos de 1789, “arquétipo constitucional” de documentos dessa natureza, fez-se, na ver- dade, a catalogagio mais famosa dos direitos individuals de resistéacia ao Estado e ao poder. Qualificados de direitos naturais, inaliendveis e sagrados do homem, esses direitos passam a identificar e a proteger a liberdade, a propriedade, a seguranga ¢ a resistencia A opressdo; a igualdade perante a lei; a liberdade de opinidio e de pensamento; a liberdade de palavra e de imprensa, A Declaragio de 1789 acrescentava & lista das lil des e dos direitos indi- viduais a afirmacéo de principios definidores da organizagio social e politica: a soberania nacional, a lei como expresso da vontade geral, a necessidade de uma contribuigio para atender as despesas piiblicas, a repartigio dessa contribuigéo entre todos os cidadios, em razao de suas faculdades, a separagio dos poderes e a garantia dos direitos, a énfase na propriedade como direito inviolivel e sagrado, do qual ninguém poderia ser privado, exceto por exi- CO LRON DUGUTT — obra citada — vol. ITT, pag. 604, (8) LON DUGUIT — obra cltads — vol. TI, pag. 607. (6) A. ESMEIN — flements de Droit Constitutionnel Frangais et Comparé — 7 dicho, VoL I, Recuell Sirey, 1921, pag. 553. (D LAON DUGUIT — obra eltada — vol. 11, pég. 184. R inf. lia a, 20 n, 79 149

Anda mungkin juga menyukai