Helmut Hatzfeld fez um livro intitulado Estudos sobre o
Barroco em que ele abre falando sobre como o movimento artstico que d nome obra aqui analisada era mal visto pela sua poca. Essa palavra Barroco era tabu para todo crtico de gosto neoclssico. Em arte, representava uma espcie de sinnimo de mau gosto, atravs de quase todo o sculo XIX, no s at Jakob Burckhardt, mas at Benedetto Croce. A mudana de perspectiva que acontece prximo ao sculo XX faz com que as obras barrocas sejam vistas por outro prisma. Isto leva a uma nova compreenso de todo o movimento Barroco, e, talvez, contribua para o nascimento do Neobarroco. Em 1915, Heinrich Wlfflin aperfeioou sua teoria do barroco, exposta em 1888, com seus famosos cinco princpios da histria, limitando sua anlise estrutural ao poder discriminatrio dos olhos e a seu modo de ver e de reproduzir os objetos.
Ento, se a arte composta pelo modo de ver o mundo,
temos neste mesmo texto de Helmut a seguinte passagem: O Barroco o modo espanhol de olhar as coisas, a viso longnqua. No mesmo ano de 1924, o especialista de arte espanhola em Munique, Hugo Kehrer, declara que, na realidade, se o metafsico a essncia do Barroco, com igual ou maior razo h de ser a Espanha a sua ptria, j que em nenhum lugar tem o transcendental uma importncia to relevante. Porm o crtico refuta logo em seguida a afirmao de Kehrer que diz se tratar de uma questo espacial, para afirmar ser mais uma questo de pensamento de poca. Se, de acordo com a ideia exposta por Wilhelm Hausenstein nesse mesmo ano, o Barroco se identifica simplesmente com um realismo catlico paradoxal e aterrador, no tem razo de ser precisamente espanhol; pode reduzir-se a uma arte particularmente espiritual que utiliza meios concretos para expressar-se, e sua presena possvel em todas as partes. E assim o pois existe o Barroco mineiro que, apesar de ter suas caractersticas prprias e ter sido considerado quase um estilo nico, est mais inserido no pensamento cristo do que no espao espanhol.