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A VERDADE Newsletter de informação

Nº 9 Abr/2008

Editorial: Um homem é o que come!

Números anteriores

1. Portugal, que futuro?


2. Vox populi
3. Crise? Qual crise?
4. O que pensa Constâncio
5. Poupança, ou nem por isso?
6. Porque não sobe a taxa de
desemprego
7. No reino do faz de conta
8. A ver a banda passar
9. Um homem é o que come!

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Ludwig Andreas Feuerbach


foi um pensador alemão nascido
em Landshut, Baviera, Alemanha,
cujo pensamento representou a
transição entre o idealismo Figura 1 - Ludwig Andreas Feuerbach
hegeliano e o materialismo (Pensador alemão )
histórico. 1804 - 1872
Estudou teologia
protestante em Berlim, com Georg
Hegel, e tornou-se docente da Universidade continuar produzindo seus textos, marcados
de Erlangen (1829-1836). por uma crítica radical à religiosidade.
Muito impopular no meio académico Adepto de um materialismo espiritual,
por causa de seus primeiros textos de o seu conceito de alienação influenciou
filosofia, resolveu recolher-se à aldeia de muitos pensadores socialistas e teólogos
Bruckberg e depois a Rechenberg, para protestantes posteriores como Karl Marx,
Sören Kierkegaard, Karl Barth e Rudolf
Bultmann. anos ocorreu um êxodo rural sem
Morreu em Rechenberg, Alemanha, e precedentes neste país, com 50% da
entre suas obras principais destacaram-se população nacional a migrar do campo para
Pierre Bayle (1838), Beitrag zur Kritik der a cidade. Foram cerca de 5 000 000 (cinco
hegelschen Philosophie (1839), Das Wesen milhões!!) de pessoas que abandonaram o
des Christentums (1841), Vorläufige Thesen campo, segundo as estatísticas do INE,
über die Reform der Philosophie (1842), Das levando a que em 2000 a proporção
Wesen der Religion (1845) e Theogonie rústicos/urbanos pendesse para o lado dos
(1857). urbanos com um rácio de 30%/70%.
Num ensaio escrito em 1863, Über Estes urbanos perderam a ligação
Spiritualismus und Materialismus, Ludwig com o campo deixando progressivamente de
Andreas Feuerbach escreveu uma frase que produzir os seus alimentos. Inicialmente
ficou famosa: ainda compravam nos mercados locais, mas
com o aparecimento das grandes redes de
"Der Mensch ist, was er ißt." distribuição passaram a efectuar as compras
nas grandes superfícies.
Ou seja Os hábitos alimentares modificaram-
se também. Muitas pessoas passaram a optar
“Um homem é o que come”. por comprar alimentos já confeccionados ou
pré-confeccionados (conservas e
Ora sem dúvida que uma das congelados), outras compram refeições
transformações mais recentes da nossa prontas nos take-aways e parte da novas
sociedade nos últimos trinta anos, foi a perda gerações até já nem sequer sabe cozinhar.
de auto-suficiência alimentar por parte das Uma parte substancial das novas
pessoas. A alimentação sofreu uma gerações citadinas não tem qualquer ligação
verdadeira revolução, silenciosa e gigantesca, com o campo e ignora mesmo qual a
que alterou completamente o modo como uma proveniência e o método de produção dos
parte substancial dos portugueses passou a alimentos que consome. Apenas sabe que
alimentar-se. gosta de ir ao hipermercado comprar
Ainda há poucos anos atrás, no início alimentos coloridos, brilhantes e baratos.
da década de 1980, apenas vinte por cento Nos últimos cinco anos surgiu ainda
da população portuguesa era urbana. Os um elemento novo. Para evitar uma alegada
restantes oitenta por cento viviam em “contaminação” dos alimentos criou-se
agregados urbanos inferiores a 10 000 legislação a impor o consumo de “alimentos
habitantes, e a maioria cultivava mesmo os certificados” nos restaurantes, cantinas, lares,
seus vegetais, criava e abatia os animais que infantários etc.
consumia, produzia vinho para consumo de Em nome da saúde pública os
casa, bebia água da fonte e cozinhava as pequenos agricultores “não certificados”
suas refeições. foram impedidos de fornecer os vegetais por
Quando necessitavam de adquirir si cultivados ao comércio e restauração,
alimentos, o mais usual era efectuarem a mantendo-se (por enquanto) apenas a
compra aos vizinhos, também produtores, ou possibilidade de os venderem ao consumidor
então adquirirem-nos nos mercados locais, final nos mercados tradicionais. Ovos, leite ou
onde a maior parte dos vendedores era carne é que nem pensar.
também produtores que vendiam os seus Simultaneamente criou-se a polícia da
excedentes. A regra nesses tempos era a da “descontaminação”, a ASAE para impedir os
proximidade, com o local de consumo a pequenos produtores de “contaminarem” os
coincidir com o local de produção. consumidores com as suas hortaliças “não
A maioria dos alimentos era vendida certificadas”.
nos mercados locais imediatamente após a Já esclarecemos n’A VERDADE nº 8
colheita, sem sofrer qualquer transformação, que uma parte desses alimentos era
sem embalagem, sem marca, sem corantes produzida em cultura hidropónica.
para lhe darem uma cor diferente da original, Mas afinal como é que a hidroponia
e sem conservantes que impedissem a sua produz esses “alimentos certificados”?
decomposição natural. A VERDADE fez uma pequena
Ora entre 1980 e 2000 a situação pesquisa, e veja só
inverteu-se. Durante esse período de vinte

o que descobrimos!
Um homem é o que come!
História da hidroponia

A hidroponia é um sistema de cultivo, dentro ou fora de estufas, onde as plantas


não crescem fixadas ao solo. Os nutrientes que a planta precisa para seu desenvolvimento
e produção são fornecidos somente por intermédio da água da rega.
As plantas são colocadas em canais ou recipientes por onde circula uma solução
nutritiva, composta de água pura e de nutrientes dissolvidos em quantidades individuais que
atendam a necessidade de cada espécie vegetal cultivada. Esses canais ou recipientes
podem ou não ter algum meio de sustentação para as plantas, como pedras ou areia. A
solução nutritiva tem um controle rigoroso para manter suas características. Periodicamente
são feitas medições de pH e da concentração de nutrientes. Assim as plantas crescem
artificialmente sob as melhores condições possíveis.

Figura 3 - John Woodward


(01/05/1665 - 25/04/1728)
Naturalista e geólogo inglês.
Figura 2 - Jan Baptist van Helmont
(12/01/1577 – 30/12/1644)
Em 1699 o naturalista inglês John
Woodward cultivou plantas em água contendo
O estudo da hidroponia tem uma longa diversos substratos e descobriu que o
história, tendo-se já conhecimento de estudos crescimento das plantas era o resultado de
hidropónicos desde o ano de 382 A.C. certas substâncias contidas na água e obtidas a
Contudo a primeira informação escrita partir do solo.
As investigações continuaram até que o
data do séc. XVII, quando o belga Jan Baptist
van Helmont documentou uma experiência naturalista suíço Horace-Bénédict de
Saussure propôs a teoria que as plantas eram
onde mostrou que as plantas obtém substâncias
nutritivas a partir da água. compostas por elementos químicos obtidos da
água do solo e do ar.

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Os cientistas germânicos Julius von
Sachs e Wilhelm Knop demonstraram na
segunda metade do séc. XIX que as plantas
podiam cultivar-se num meio inerte
humedecido com uma solução nutritiva e isto
deu origem à hidroponia.
Nos anos seguintes desenvolveram-se
várias fórmulas básicas para o estudo da
nutrição vegetal em 1915 por Hoagland, em
1919 por Trelease e em 1925 a indústria das
culturas em estufa começa a interessar-se por
esta técnica devido à necessidade que havia de
substituir a terra utilizada para os cultivos com
frequência para evitar problemas de estrutura,
fertilidade e doenças.
No início da década de 1930 o
professor catedrático da Universidade de
Berkeley na Califórnia, W. F. Gericke,
chamou a este sistema Hidroponia palavra
derivada dos vocábulos gregos Hidro (água) e
Ponos (trabalho). Esta técnica pode ser
Figura 4 - Horace-Bénédict de Saussure
definida como a ciência do crescimento das
(17/02/1740 - 22/01/1799) plantas sem utilizar o solo ainda que
Naturalista suíço. utilizando um meio inerte como a areia,
gravilha, lã de rocha, etc.
A primeira aplicação prática da
hidroponia ocorreu durante a 2ª Guerra
Mundial, onde foi utilizada pelos militares a
partir de 1940 para cultivar vegetais frescos
para as tropas estacionadas nas ilhas inférteis
do Pacífico.
Depois da 2ª Guerra Mundial os
militares continuaram a utilizar a técnica e
estabeleceram um projecto de 22 hectares na
ilha japonesa de Chofu, para alimentar com
hortaliças frescas as forças de ocupação.
No entanto, o uso desta técnica sobre
circunstâncias normais provou não ser
comercialmente viável. Uma vez que Chofu
fechou, apenas restaram um punhado de
pequenas unidades comerciais disseminadas ao
redor do mundo, totalizando menos de 10
hectares.
Em 1955 foi fundada a Sociedade
Internacional de Cultivo Sem Solo (ISOSC)
por um pequeno grupo de dedicados cientistas.
Naqueles primeiros anos, frequentemente
estiveram sujeitos ao ridículo por perseguirem
uma causa que comercialmente foi considerada
Figura 5 - Julius von Sachs
inútil e irrelevante.
(02/10/1832 - 29/05/1897) O primeiro uso comercial significativo
Botânico germânico não ocorreu até a metade da década de 1960,
no Canadá. Existia uma sólida indústria de

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estufas de vidro na Columbia Britânica, regiões da Holanda em 1980, resultou na
principal produtor de tomates, que chegou a ser esterilização do solo em estufas. Isto levou a
devastado por enfermidades do solo. um rápido abandono do solo como meio de
Eventualmente, a única opção para sobreviver cultivo, passando as culturas a serem feitas
foi evitando o solo, pelo uso da hidroponia. A através da hidroponia. A técnica mais popular
técnica que usaram foi rega por gotejamento foi a lã de rocha alimentada por regas gota a
em bolsas de serradura. gota.
Os avanços técnicos também ajudaram Seguindo os evidentes êxitos na
especialmente ao desenvolvimento da indústria Holanda, houve uma rápida expansão na
de plásticos e fertilizantes. No decorrer desta produção hidropónica comercial em muitos
década, houve um aumento de investimento na países em todo o mundo. Utilizando sistemas
investigação e desenvolvimento de sistemas que diferem amplamente de país a país, a área
hidropónicos. Também houve um pequeno mundial hidropónica aumentou para cerca de
aumento gradual na área comercial que estava 6.000 hectares no ano de 1989.
sendo utilizada. A hidroponia agora passou de
O impulso seguinte veio como “curiosidade irrelevante” a técnica hortícola
resultado do impacto da crise do petróleo sobre significativa, principalmente nos segmentos de
o custo do aquecimento da indústria de estufas floricultura e de hortaliças para saladas.
em rápida expansão na Europa. Devido ao Durante a década de 1990, a expansão
enorme incremento nos custos de aquecimento, continuou ainda que a taxa de crescimento
os rendimentos chegaram a ser ainda mais tenha diminuído notávelmente no norte da
importantes, levando os produtores e Europa.
investigadores a começarem a ver a hidroponia Segundo os seus promotores, o cultivo
como um meio para melhorar a produção. sem solo utilizando apenas uma solução
Na década de 1970, o cultivo em areia líquida artificial, associada ou não a substratos
e outros sistemas floresceram e logo não orgânicos naturais, proporciona um bom
desapareceram nos Estados Unidos. O sistema desenvolvimento das plantas, bom estado
NFT (Nutrient Film Technique) foi fitossanitário, além das altas produtividades
desenvolvido, assim como o meio de quando comparado ao sistema tradicional de
crescimento em lã de rocha. cultivo no solo.
Em 1979, o grande volume de produção Graças à hidroponia, muitas zonas
em estufas continuou aumentando. A nível desérticas e estéreis do ponto de vista botânico
mundial a área hidropónica rondava apenas os tornaram-se grandes produtores hortícolas, e
300 hectares. inundaram os mercados mundiais com
A detecção de níveis significativos de hortícolas de baixo custo.
substâncias tóxicas nas águas subterrâneas em

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Afinal como são efectuadas as culturas hidropónicas?

A hidroponia é uma técnica alternativa de cultivo protegido, na qual o solo é


substituído por uma solução aquosa contendo apenas os elementos minerais
indispensáveis aos vegetais.
A Hidroponia é uma técnica bastante difundida em todo o mundo e o seu uso está
crescendo em muitos países. A sua importância não é somente pelo facto de ser uma
técnica para investigação hortícola e produção de vegetais. Ela também está sendo utilizada
como uma ferramenta para resolver um amplo leque de problemas, que incluem
tratamentos que reduzem a contaminação do solo e da água subterrânea, a manipulação
dos níveis de nutrientes no produto e a produção massiva de alimentos de baixo
custo.

Figura 6 - Técnica de fluxo laminar de nutrientes

Os sistemas utilizados tempo para ligar ou desligar a bomba de


circulação de nutrientes.
Os tipos de sistema hidropónico A solução nutritiva é bombeada de um
determinam estruturas com características depósito para um canal de cultura, e flui
próprias, entre os mais utilizados estão: constantemente no seu fundo, na forma de um
filme muito fino (5 a 10 cm).
O sistema NFT (Nutrient film technique) ou Parte das raizes, fica submersa neste
técnica do fluxo laminar de nutrientes é o filme de solução, onde são banhadas
sistema hidropónico mais conhecido constantemente, e outra parte fica em constante
actualmente, e muitas pessoas, quando se contacto com o ar húmido acima do filme
referem à hidroponia, imediatamente a líquido, de onde absorvem oxigénio.
relacionam com ele. Após percorrer o canal, a solução
No Sistema N.F.T. normal, existe um nutritiva retorna ao seu depósito.
fluxo constante de solução nutritiva, e assim Na cultura de plantas de pequeno porte,
sendo, não existe nenhum controlador de o canal é geralmente substituido por um tubo

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de secção retangular. O grande problema deste sistema, é a
Neste sistema, normalmente não existe falta eventual de energia elétrica e falhas nas
meio de cultura, e as plantas, geralmente, ficam bombas, o que provoca a interrupção do filme
apoiadas em vasos ou redes de germinação, de de solução nutritiva, e como consequência,
onde as raizes ficam suspensas no ar, com as rápido ressecamento das raizes, e morte das
pontas mergulhadas no filme de solução plantas.
nutritiva.

Figura 7 - Cultura hidropónica em substrato e com sistema de gotejamento.

No sistema com substratos utilizam-se conduzida através de tubos e micro-tubos até


materiais inertes para a sustentação de ao colo de cada planta, onde é descarregada na
hortaliças frutíferas, de flores e outras culturas, forma de gotas, por meio de pequenos
cujo sistema radicular e cuja parte aérea são dispositivos chamados gotejadores.
mais desenvolvidos. Neste caso utilizam-se Existem dois sistemas de gotejamento
canaletas ou vasos cheios de material inerte, normalmente utilizados: O Sistema a Solução
como areia, pedras diversas (seixos, brita), Perdida, e o Sistema com Recuperação de
vermiculita, perlita, lã-de-rocha, espuma Solução.
fenólica ou espuma de poliuretano. A solução O sistema a solução perdida, exige
nutritiva é percolada através desse material e menos trabalho de manuseamento, uma vez
drenada pela parte inferior dos vasos ou que os excessos de solução nutritiva utilizada,
canaletas, retornando ao tanque de solução. são descartados, geralmente por infiltração no
O Sistema de Gotejamento, sub-solo, através de um sumidouro.
provàvelmente, é o sistema hidropónico mais Assim sendo, as plantas são irrigadas
utilizado em todo o mundo. sempre com uma solução nutritiva nova, e não
A sua operação é muito simples. há necessidade de controle constante do seu pH
A solução nutritiva é retirada do e da sua Condutividade Eléctrica.
depósito por uma bomba, cujo funcionamento Basta fazer-se o controle destes
é comandado por um controlador de tempo, e parâmetros, quando se prepara a solução e se

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Materiais dos Substratos

A maioria das plantas têm o solo como


o meio natural para o desenvolvimento do
sistema radicular, encontrando nele o seu
suporte, fonte de água, ar e minerais
necessários para a sua alimentação e
crescimento. As técnicas de cultivo sem solo
substituem este meio natural por outro
substrato, natural ou artificial, sólido ou
líquido, que possa proporcionar à planta aquilo
que, de uma forma natural, ela encontra no
solo.
Existem diversos tipos de sistemas de
cultivo sem solo variando de acordo com a
Figura 8 - Murcha provocada por falha estrutura, substrato e fornecimento de oxigênio
na energia eléctrica

enche o depósito. Sistemas com meios Inorgânicos


Convém salientar no entanto, que a
descarga da solução perdida para o solo, poderá Lã de Rocha (57%). É um substrato
causar problemas de poluição ambiental, fabricado fusão de lã de rocha, o qual é
atingindo as águas subterrâneas e podendo transformado em fibras e usualmente prensado
também provocar, a médio ou longo prazo, a em blocos e pranchas. A sua principal
acidificação localizada do solo onde se monta característica é que contém muitos espaços
o complexo hidropónico. vazios, usualmente 97%, isto permite absorver
Alguns paises, como a Holanda, já níveis muito altos de água, enquanto que
proibiram este tipo de irrigação. também um bom conteúdo de ar. A lã de rocha
No sistema com recuperação de também é usada frequentemente como
solução, os excessos desta são reconduzidos ao pequenos blocos iniciadores para ser
depósito, e reciclados para o sistema. transplantados em outros substratos ou em
sistemas baseados
em água.

Areia.
Chegou a ser
popul ar co m o
meio hidropónico
no início dos anos
70, especialmente
nos USA, onde
f o r a m
desenvolvidas
camas compridas e
profundas de
cultivo de areia.
Um grande
p r o b l e m a
experimentado
com a técnica foi
manter sobre
Figura 9 - Berçário em lã de rocha c o n t r o l e

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enfermidades de raízes, motivo pelo qual agora hidrocultivo e por estudiosos. Recentemente
é raramente usado. existe algum uso comercial limitado na Europa
para plantas de crescimento alto, como as
Perlita. Feita por aquecimento de lã de rosas.
rocha em água, a qual se expande muito para
dar partículas porosas. Foi usada inicialmente Vermiculita. Foi anunciada anos atrás mas
na Escócia em torno de 1980, mas o seu uso agora não se usa comercialmente, só em poucas
difundiu-se por vários países especialmente misturas.
onde é fabricado localmente. É muito popular
na Coréia onde a sua utilização alcança 112 Sistemas com Meios Orgânicos
hectares ou seja, 41% da área hidropónica
coreana. Serradura. Foi um dos primeiros
meios usados comercialmente, ainda é usado
Escória. É uma rocha ligeiramente no Canadá, onde recentemente, só tem sido
porosa, natural conhecida com vários nomes: ultrapassado em popularidade pela lã de rocha.
“tuff” em Israel e “picón” en Ilhas Canárias. Também é o principal meio no Sul da África e
Como é pesada (800 kg/m3) só é usado onde Nova Zelândia e é usada em certo grau em
é um recurso local. outros países, incluindo Austrália. A serradura
usada é grossa, não descomposta, de origem
Pumecita. É uma rocha vulcânica conhecida e se cultiva só para uma estação.
natural, leve e porosa, a qual é um bom meio
de crescimento. Normalmente é usada onde Musgo. Foi um dos primeiros meios
existe em quantidade disponível, como na tratados e não é considerado por alguns como
Nova Zelândia. Existem grandes depósitos na meio hidropónico. É usado em certo grau em
Islândia e recentemente estão sendo exportados muitos países que possuem uma quantidade
para a Europa continental. disponível de qualidade, e é o principal método
usado na Finlândia e Irlanda. A sua utilização
Argila Expandida. É relativamente é elevada dentro da indústria.
cara e tem sido usada principalmente em
Fibra de Coco. Recentemente tem sido
adicionado favoravelmente como meio
hidropónico. Existe uma quantidade
significativa usada na Holanda e um pequeno
uso em outros países.

Produtos de Espuma. Têm-se


utilizado vários tipos e marcas de espuma,
freqüentemente com bom resultado e alguns
por mais de 20 anos, mas seu uso ainda está
limitado. Têm sido vistos pelos produtores
como muito caros. Alguns destes meios ainda
têm potencial.

Produtos de Madeira Processada.


Tem-se produzido e vendido este produto mas
o seu uso não dá resultado em extensões
significativas.

Gel. Tem-se produzido, provado e


promovido um determinado número de
polímeros de gel mas a maioria tem
Figura 10 - Alfaces cultivadas em desaparecido do mercado sem ter sido aceite
substrato de argila expandida pelos produtores.

A VERDADE 009 Abr/2008 | 9


Aeroponia : as plantas que se alimentam do ar!

Figura 11 - As plantas criadas em aeroponia são alimentadas através


da pulverização das raízes com um cocktail de produtos
químicos dissolvidos em água.

O Sistema Aeroponico, é muito curtos, desde alguns segundos, a alguns


provavelmente o sistema hidropónico de mais minutos.
alta tecnologia. Digamos que é o state of the Como o sistema N.F.T., o sistema
art em hidroponia. aeropónico é muito susceptível às falhas de
Até certo ponto similar ao sistema energia eléctrica e falhas nas bombas. Quando
N.F.T.,o meio de cultura utilizado é o ar houver interrupção de energia, ou falhas nas
húmido. Neste sistema, as raízes das plantas bombas, as raízes das plantas secarão
ficam suspensas no ar e imersas numa Câmara rapidamente, com perdas totais.
de Cultura, ou Câmara de Cultivo, onde são A aspersão da solução de nutrientes,
aspergidas com uma névoa de solução pode ser feita por aspersores de média ou alta
nutritiva, a intervalos de tempo muito curtos, pressão, por nebulizadores de alta pressão, por
geralmente de alguns minutos. nebulizadores ultra-sónicos, e por
Como em quase todos os sistemas nebulizadores centrífugos.
hidropónicos, a solução nutritiva é retirada de A sua grande utilidade, é na produção
seu depósito por uma bomba, comandada por de plantas para muda por enraizamento de
um controlador de tempo de grande precisão, e estacas e de rebentos comestíveis.
com capacidade de regulagem para ciclos

Percentagem estimada da área total para os diferentes sistemas hidropónicos.

Sistemas Percentagem
Lã de rocha 57%
Outros meios inorgânicos 22%
Substratos orgânicos 12%
NFT 5%
Cultivo em água 3%
Técnicas em cascalho 1%
Total 100%
Fonte: Donnan (2003).

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As vantagens da hidroponia

Segundo os produtores, as culturas hidropónicas apresentam uma série de


vantagens em relação às culturas naturais. Para as conhecer A VERDADE fez uma ronda
pelas associações industriais de produtores de vegetais hidropónicos. Eis o que
conseguimos apurar.

• Uniformização de produtos: pois as produto hidropónico são sempre iguais


plantas crescem em um ambiente durante todo o ano.
controlado, procurando atender as
exigências da cultura e com isso o • Menos operações: já que o cultivo é
tamanho e a aparência de qualquer feito longe do solo e não são
necessárias operações como lavrar,
frezar, coveamento, sachar, etc.

• Menor quantidade de mão-


de-obra: diversas práticas
agrícolas não são necessárias
e outras, como irrigação e
ad u b a ç ã o , s ão
automatizadas.

• Monocultura: como a
hidroponia se cultiva em
meio artificial, pode-se
explorar, sempre, a mesma
es péci e veget al s em
necessidade de efectuar
rotação de culturas.

• Alta produtividade e
colheita precoce: como se
fornece às plantas boas
condições para seu
desenvolvimento não ocorre
competição por nutrientes e
água, e além disso, as raízes
nestas condições de cultivo
não empregam demasiada
energi a para crescer
antecipando o ponto de
colheita e aumentando a
produção.

Figura 12 As maravilhas dos adubos foliares e • Menor uso de pesticidas:


hormonas de crescimento: morangos como não se emprega solo,
“certificados” criados artificialmente em
os insectos e
tubos de plástico sem qualquer solo,
microorganismos de solo, os
alimentados por um cocktail químico
dissolvido em água, com produções nematóides e as plantas
elevadas, tamanho gigante, cor viva, daninhas não atacam as
aspecto brilhante e de sabor insípido.

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culturas, reduzindo a quantidade de aparência melhor, com um tamanho
pesticidas defensivos utilizada. grande e cores vivas e brilhantes.
Mesmo a meterem-se pelo olho do
• Desperdício mínimo de água e comprador citadino.
nutrientes: já que o aproveitamento
dos insumos em questão é mais • Menor custo de transporte: A cultura
racional. hidropónica pode ser efectuada em
qualquer local. Uma vez que a sua
• Maior higienização: além do cultivo produção é totalmente industrial e
ser feito sem o uso de solo, todo artificial, o cultivo em hidroponia não
produto hidropónico tende a ser necessita de terra, podendo ser
vendido embalado, não entrando em implantada mais perto do mercado
contato directo com mãos, caixas, consumidor.
veículos, etc.
Conforme o leitor pode verificar são só
• Melhor apresentação: graças aos vantagens financeiras para os industriais de
adubos foliares e hormonas de hidroponia. Para o consumidor, excluindo o
crescimento com que os vegetais são baixo preço dos vegetais, não foi apresentada
alimentados eles irão adquirir uma nenhuma.

Quais os vegetais hidropónicos que já se encontram no mercado?

Figura 13 - Produção hidropónica de alface roxa com técnica NFT

A alface é a mais cultivada, mas pode- plantas ornamentais, entre outras espécies
se encontrar: brócolos, feijão-verde, repolho, hortícolas. Teoricamente, qualquer planta
couve, salsa, melão, agrião, pepino, berinjela, pode ser cultivada no sistema hidropónico.
pimentão, tomate, arroz, morango, forrageiras
para alimentação animal, mudas de árvores,

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A hidroponia já chegou a Portugal

Figura 14 A fruta que comemos não nasce toda da terra: no Algarve, há estufas com
morangos empoleirados em prateleiras que se alimentam apenas de água
misturada com adubos químicos.

(Notícia original em http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=180670&visual=26)

Os agricultores do Algarve foram os consegue produzir-se 90 toneladas", disse


primeiros do País, há cerca de 10 anos, a Pedro Mogo, engenheiro técnico no centro de
desenvolver culturas hidropónicas, ou seja, hidroponia do Algarve, realçando que a
plantas que crescem sem estar em contacto hidroponia é amiga do ambiente.
com o solo e que são sustentadas apenas por As culturas hidropónicas do Algarve -
água com nutrientes e substratos à base de morango, tomate, meloa, feijão verde ou
casca de pinheiro ou fibra de coco. pepino - são produtos mais biológicos que os
Actualmente existem milhares de da agricultura tradicional, que necessita de
morangos a crescerem ao longo do ano no mais adubos e pesticidas por estar em contacto
Algarve através do sistema de "cultura sem com solos mais desgastados e com doenças.
solo". Segundo explicou à Lusa o responsável
A inovadora técnica, além de permitir pela Direcção Regional de Agricultura do
que a produção triplique em relação à Algarve (DRAA), José Paula Brito, o controlo
agricultura tradicional, por se fazerem duas da qualidade com alta tecnologia traduz- se em
culturas por ano, tem a vantagem de menos pragas e, consequentemente, em menos
rentabilizar a água das regas com tecnologia adubos e pesticidas.
avançada e combater os desperdícios em Há cerca de 25 por cento da área de
período de seca severa na região. estufas no Algarve coberta com o sistema de
"Um hectare com morangueiros hidroponia e quase meia centena de
assentes na terra é capaz de produzir 30 agricultores a dedicarem-se a esta inovação,
toneladas de fruta, mas por hidroponia mas alguns produtores diminuíram as colheitas

A VERDADE 009 Abr/2008 | 13


em relação a anos passados. nessa altura.
A abertura das fronteiras, a entrada de Lídia Agrela refere ainda que o produto
frutas exóticas no País a preços acessíveis e a português é mais requisitado do que o
crise económica generalizada são alguns dos espanhol. A explicação pode relacionar-se com
fundamentos para explicar que há dez anos o facto de Portugal estar a ser mais rigoroso
havia 1.200 hectares de estufas e hoje restam com as normas adoptadas por pedido dos
400 hectares. compradores, ao contrário do consumidor
Há, no entanto, casos de sucesso como espanhol.
a Madrefruta, a única organização de As características do produto não são
produtores de "culturas sem solo" no Algarve adulteradas com o sistema de hidroponia e o
que comercializa meloa, tomate e morangos morango, por exemplo aguenta-se
hidropónicos tanto no mercado regional e perfeitamente uma semana no frigorífico, disse
nacional, como além fronteiras. Pedro Mogo, lembrando que aquela fruta, por
"Exportamos morangos para França, ser muito frágil, só é apanhada por mulheres,
Inglaterra e Holanda e este ano para Itália", "que têm mais tacto".
disse Lídia Agrela, da Madrefruta, lembrando As culturas hidropónicas são uma
que o clima algarvio foi o trunfo para grande alternativa para ter agricultura
conquistarem um nicho de mercado. sustentável em determinadas zonas do
As plantas desenvolvem-se melhor por Algarve", pois permite conseguir produções
haver mais luminosidade e, assim, consegue-se consideráveis em terrenos de pequena extensão
levar morangos vermelhinhos em Dezembro ou e gerir melhor os gastos de água e pesticidas.
Janeiro a países que não conseguem produzir

Transforme o seu sonho em realidade e torne-se agricultor!

Se o leitor sempre teve o sonho de ser agricultor mas nunca o conseguiu realizar por
não dispor de terreno onde efectuar as plantações, tem agora a oportunidade de concretizar
o seu sonho. Tudo sem sair de casa. Na varanda ou no terraço do apartamento, ou ainda
na marquise ou em qualquer local onde entre a luz do Sol.
Basta dispor de uns tubos de plástico e água, que nós damos a receita para
alimentar as plantas em cultivo hidropónico.
Evita assim de se deslocar ao campo, de se sujar com terra, de apanhar sol e vento,
e pode ainda poupar dinheiro cultivando para consumo da família, no conforto do seu
apartamento, vegetais moles, coloridos, inodoros e insípidos.
Como o cultivo é feito sem contacto com o solo, as plantas não irão ter
contaminantes desse meio, como bactérias, fungos, lesmas, insectos e vermes. As plantas
obtidas são exactamente iguais aos tais vegetais “certificados” que os inspectores
escolares e os inspectores da ASAE querem à viva força que tanto as crianças das creches
como os velhinhos dos centros de dia comam.

Para iniciar uma cultura hidropónica, solução aquosa de adubos químicos.


comece por adquirir um recipiente Quanto ao adubo a dissolver na água
impermeável. Pode ser um vaso ou um tubo tem duas possibilidades: ou adquire a mistura
plástico com aberturas para as plantas. De já feita e pronta a utilizar numa casa
seguida encha-o com um substrato inerte - por especializada em produtos para hidroponia, ou
exemplo argila expandida. então pode optar por efectuar a mistura,
Para começar a produzir vegetais utilizando por exemplo a fórmula seguinte.
hidropónicos, basta inserir a semente no
recipiente e começar a irrigá-la com uma

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Figura 15 - Cultivo de alface hidropónica em tubos de plástico

Fórmula de adubo para culturas em hidroponia

Fazer 3 soluções intermediárias concentradas dos seguintes nutrientes com as concentrações indicadas:

Solução A
Fosfato monopotássico (KH2PO4) ........................... 26,3 mg/Lt
Nitrato de potássio (KNO3) ...................................... 583 mg/Lt
Sulfato de magnésio (MgSO4.7H2O) ....................... 513 mg/Lt

Solução B
Nitrato de cálcio (Ca(NO3)2.4H2O) ......................... 1003 mg/Lt
EDTA-Fe ([CH2.N(CH2COOO)2] 2FeNa) ............... 74 mg/Lt

Solução C
Sulfato de manganês (MnSO4.H2O) ......................... 6,1 mg/Lt
Ácido bórico (H3BO3) .............................................. 1,7 mg/Lt
Sulfato de cobre (CuSO4.5H2O) ............................... 0,39 mg/Lt
Molibdato de amônio ( (NH4)6Mo7O24.4H2O ) ...... 0,37 mg/Lt
Sulfato de zinco (ZnSO4.7H2O) ................................ 0,44 mg/Lt

Adicionar 150 ml de cada solução a 4,5 Lts de água para obter a solução diluída a ser usada na hidroponia.

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Poderão as culturas hidropónicas encerrar perigo para o consumidor?

Figura 16 - Tomate cultivado em lã de rocha numa das modernas fábricas de alimentos

Apesar de as associações de produtores de vegetais hidropónicos assegurarem que


eles são saudáveis, não conheço nenhum produtor individual que os consuma. Todos os
que conheço vendem os saudáveis vegetais “certificados” para os restaurantes e comércio
e têm uma pequena horta onde cultivam para consumo próprio vegetais adubados apenas
com estrume. E comem-nos sem receio de serem contaminados pelas bactérias do solo.
Uma pesquisa recente concluiu que o teor de nitrato nas folhas de alface é maior no
cultivo hidropónico que no convencional, sendo que o cultivo orgânico apresenta a menor
taxa de concentração de nitrato.
Isto devido ao uso de fertilizantes com baixo teor de nitrogénio, como estrume de
bovino e composto orgânico.

A pesquisa conduzida por quantidades muito acima da capacidade da


pesquisadores do IAPAR (MIYAZAWA et. al., planta assimilar, acumulando, assim, o
2001) mostra que alfaces cultivadas em sistema excedente no tecido vegetal.
hidropónico apresentam um teor de nitrato No organismo humano, o nitrato
extremamente elevado: 70% das amostras ingerido passa à corrente sanguínea podendo
tinham entre 6.000 a 12.000 mg/kg e apenas reduzir-se a nitritos que são ainda mais
3% das amostras tinham teor inferior a 3.000 venenosos. Quando combinados com aminas,
mg/kg. formam as nitrosaminas, substâncias
No cultivo hidropónico, o fertilizante cancerígenas.
nitrogenado é fornecido nas formas nítrica e
amoniacal facilmente absorvidos pela raiz em

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Figura 17 Frequência de concentração de nitrato nas folhas de alface segundo os
diferentes métodos de cultivo. Valores em 10-3 mg/kg, base seca.

A monitorização dessas substâncias é do IAPAR, mostrando que as taxas de nitratos


essencial para garantir a qualidade dos nos legumes orgânicos são largamente
alimentos. inferiores a legumes obtidos por métodos
De acordo com a FAO, o índice de convencionais (SILGUY, 1998). Um estudo
máxima ingestão diária admissível (IDA), de realizado por LECERF (1994) do Instituto
nitrato é de 5 mg/kg de peso vivo e, 0,2 mg/kg, Pasteur de Lille, na França, fez uma síntese de
para o nitrato. vários trabalhos sobre a qualidade de alimentos
A ingestão admissível para uma pessoa orgânicos.
de 70 kg seria de 350 mg de nitrato por dia. Todos os estudos mostraram reduções
Assim, se considerarmos que quatro cabeças de de nitratos de 69 a 93% para vários legumes
alface pesam aproximadamente 1 kg e tem em cultivados organicamente. Resultados
média 160 folhas, concluí-se que uma pessoa semelhantes foram obtidos em outros países
de 70 kg comendo entre 4 e 9 folhas de alface como Áustria, Holanda, Suíça e Alemanha,
hidropónica por dia, já estará atingindo a para cultivos de espinafre, cenoura e alfaces.
dose diária máxima de nitrato permitida. No Dos estudos efectuados resulta que dos
caso de crianças, a quantidade de folhas três sistemas de cultivo utilizados em termos
ingeridas é proporcionalmente menor. de qualidade os resultados são largamente
Esta mesma pessoa poderia comer em favoráveis ao orgânico:
média mais de 50 folhas de alface produzida
no sistema orgânico (utilizando apenas Cultivo orgânico - As plantas encontram-se no
estrume como adubo), para atingir o mesmo solo absorvendo o alimento deste
nível de nitrato. através das raízes. Os únicos adubos
Sendo assim, o consumo de alface utilizados são o estrume e o composto
cultivada no sistema hidropónico deve ser orgânico. Os vegetais obtidos
cauteloso, pois pode trazer riscos à saúde apresentam maior valor nutritivo e
humana. auxência de toxicidade.
O estudo do Dr. Miyazawa abarcou
apenas as alfaces, mas atendendo á similaritude Cultivo tradicional - As plantas encontram-se
do metabolismo das restantes plantas, os no solo absorvendo o alimento deste
resultados da concentração de nitratos nessas através das raízes. Além de se poder
culturas não deve diferir muito do obtido para utilizar estrume e composto orgânico
a alface. também se utilizam adubos compostos
De facto diversos estudos realizados na químicos. Os vegetais obtidos
Europa corroboram os resultados da pesquisa apresentam maior tamanho, menor

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valor nutritivo e toxicidade reduzida. concentração de nitratos.

Cultivo hidropónico - As plantas são Não querendo aqui alongar mais a


cultivadas fora do solo e alimentadas análise dos efeitos do método de cultivo dos
exclusivamente por uma solução vegetais sobre saúde do consumidor, para não
aquosa de adubos químicos. Os transformar esta newsletter num documento
vegetais obtidos são grandes, coloridos, excessivamente técnico e ininteligível pelos
brilhantes, inodoros e insípidos. O leitores sem conhecimentos na área,
valor nutritivo é reduzido e apresentam, recomendo aos mais interessados em
quando consumidos com regularidade, aprofundar os seus conhecimentos sobre o
toxicidade devida à elevada assunto a leitura dos sites listados a seguir.

http://wwwbibli.vet-nantes.fr/theses/1999/salbreux9906/Partie1_2.pdf

http://www.planetaorganico.com.br/trabdarnut1.htm

http://www.acopa.org.br/orga.htm

http://www.planetaorganico.com.br/trabEwa.htm

http://redeagroecologia.cnptia.embrapa.br/biblioteca/impactos-da-agricultura-convencional/conv%20X%20org.pdf/

http://www.dag.uem.br/gaama/agrcvn1.htm

http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0304/Nitrosaminas/nitrosaminas.htm

http://www.spq.pt/boletim/docs/BoletimSPQ_085_049_09.pdf

http://europa.eu/scadplus/leg/pt/lvb/l21115k.htm

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Há mais fraudes cometidas na indústria alimentar!

É verdade caros amigos e nós vamos aqui revelar duas delas, feitas às claras, com
o conhecimento e conivência das autoridades competentes.

Omeletes sem ovos comercialização de produtos genuínos


e caseiros são a doer.
É o leitor apreciador do famoso Queijo
da Serra produzido na região demarcada da 4. E agora vem o mais irónico da
Serra da Estrela? situação. Segundo a nossa fonte, o
A maioria dos portugueses é. Todos os grosso da produção de “Queijo da
anos se vendem toneladas e toneladas do Serra” é fabricado na região por
afamado queijo em Feiras do Queijo, nas casas queijarias industriais que utilizam
de artigos regionais e nas grandes superfícies. como matéria prima leite de ovelha
Tudo certificado, tudo com selo de garantia importado de Espanha, de ovelhas
DOC (Denominação de Origem Controlada). E estabuladas em produção intensiva.
esses queijos certificados custam bem caro a
quem os compra, porque a genuinidade do E tudo isto caros amigos com o
produto tem o seu preço. conhecimento e o beneplácito das autoridades
Contudo, uma coisa que durante anos responsáveis pela certificação DOC do referido
me intrigou era o facto de sempre que ia passar “Queijo da Serra” e da ASAE responsável pela
alguns dias de férias na região demarcada não fiscalização das fraudes alimentares.
conseguir avistar um único rebanho de Toda estes factos são conhecidos dos
ovelhas (e a maioria das vezes nem sequer uma habitantes locais, e o leitor, se assim o desejar,
única ovelha) da famosa raça bordalesa. É que poderá confirmar os mesmos quando se
o Queijo da Serra com certificado DOC, por deslocar à região.
lei, só pode ser fabricado com o leite destas
ovelhas criadas em liberdade e alimentadas nas
pastagens.
Decidido a esclarecer o mistério, Simplesmente inchados
questionei um dirigente de uma cooperativa
agrícola local. A resposta foi surpreendente: Para os leitores criados no campo e
habituados a ver os animais demorarem meses
• Já praticamente não existem pastores ou mesmo anos até atingirem o tamanho ideal
nem ovelhas na serra. para o abate, sempre constituiu um mistério
saber como é que os animais “certificados”
• Os poucos que ainda existem na sua aumentavam de peso em poucos meses ou
esmagadora maioria estão proibidos semanas. Isso aliado à constatação de que a
pela legislação vigente de vender o carne dos referidos animais “certificados” se
queijo de produção própria fabricado desfazia em água quando era grelhada.
pelos processos ancestrais e arriscam- Ora segundo informação que nos foi
se mesmo a ser autuados pela ASAE se prestada pelo proprietário duma pocilga
infringirem a lei. industrial, entre outras, uma das técnicas
utilizadas para promover o crescimento rápido
• Ainda se consegue encontrar Queijo da dos animais consiste em ministrar-lhes
Serra genuíno nalguns produtores medicamentos inibidores do funcionamento do
sobreviventes. A maioria destes não rim.
está autorizada a comercializar o Assim o animal bebe e como não
queijo que produz. Por isso é sempre consegue urinar incha devido à retenção de
vendido a medo e às escondidas, que as líquidos no organismo.
coimas da ASAE para a

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Livres para escolher!

Figura 18 - Os pimentos são dos frutos mais produzidos em cultura hidropónica

Alguns dos maiores atropelos aos direitos dos cidadãos portugueses têm sido feitos
no sector da agricultura e da indústria alimentar. E estas violações são particularmente
graves, por envolverem a saúde e em casos mais extremos a própria vida dos
consumidores.
As pessoas têm o direito de consumir alimentos saudáveis e qualquer legislação a
proibir o seu consumo deve ser denunciada como criminosa por ser atentatória contra um
dos direitos mais fundamentais de todo o ser humano: o direito à saúde e a uma vida
saudável.

O desconhecimento da situação

Na sequência do alerta efectuado n’A agricultores e para culturas sem solo.


VERDADE número 8, em que denunciámos a Para muitos dos leitores citadinos com
proibição por parte dos fiscais que visitaram o uma visão idílica da agricultura e que
infantário e o centro de dia da utilização de imaginavam as pessoas a cultivarem vegetais
alimentos naturais e a sua substituição saudáveis nos campos, a revelação de que uma
compulsiva por alimentos “certificados”, parte significativa dos vegetais frescos,
atendendo ao desconhecimento da generalidade verdinhos e luzidios que compram nos
da população do que se está a passar supermercados não provém do campo mas de
actualmente no sector agro-alimentar, culturas hidropónicas totalmente artificiais em
decidimos dedicar este número à hidroponia. autênticas fábricas de alimentos deve ter
Para quem ainda o não sabia, estamos constituído uma surpresa.
a caminhar para uma agricultura sem

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O direito à informação Esta prática é lesiva do direito à
liberdade de escolha dos cidadãos. As pessoas
Os consumidores têm direito a saber o têm o direito de consumir os alimentos que
que compram para comer e isso não está a quiserem. Mesmo que sejam provenientes de
acontecer. produtores locais não certificados.
A maioria dos consumidores A muitos de nós se calhar inspira-nos
desconhecia e desconhece ainda que uma parte mais confiança comprar uma hortaliça num
dos vegetais expostos nas prateleiras dos produtor local onde possamos deslocar-nos à
hipermercados é produzida em meio sua horta e comprovar in loco os métodos de
totalmente artificial e alimentados cultivo, do que adquiri-la proveniente de uma
exclusivamente com fertilizantes químicos, grande companhia de estufas a centenas de
porque essa informação não lhes é prestada nos quilómetros de distância e onde é vedado o
locais de venda. acesso aos consumidores.
Efectivamente nas bancas de hortícolas E além disso porque a “certificação”,
encontram-se vegetais de cultivo hidropónico conforme exemplificámos no acima citado caso
expostos a par com vegetais de cultivo do Queijo da Serra, em muitos casos é apenas
tradicional. Nada os distingue no aspecto uma farsa de que algumas companhias agro-
exterior, se bem que a composição química a alimentares com a conivência dos responsáveis
nível de nitratos e de valor alimentar seja políticos se servem para enganar os
completamente distinta. consumidores.
A indicação no local de venda do A certificação em Portugal, é tal e qual
método de cultivo deveria ser obrigatória, como os nossos responsáveis políticos: nem
bem como a indicação dos riscos para a saúde inspira confiança nem merece credibilidade.
do consumo dos alimentos de cultura
hidropónica. As pessoas estão a comprar e a
levar para casa vegetais frescos convictas que
está ali um cocktail de vitaminas e tal não O direito à saúde e à vida
acontece.
De acordo com os estudos efectuados Apesar da inexistência de casos de
por vários investigadores e que podem ser infecção causadas pelo consumo de vegetais
consultados nos endereços web indicados, os provenientes de produtores não certificados,
vegetais de cultivo hidropónico são pobres em assistiu-se nos últimos anos uma sanha
vitaminas e ricos em nitratos potencialmente persecutória sem precedentes contra os
cancerígenos. O seu consumo por períodos de produtores locais, com a alegação de que os
tempo prolongado ou em quantidades seus produtos ao não estarem “certificados”
significativas pode levar ao aparecimento de poderiam ser uma fonte de “contaminação”
cancros em quem os consome. com reflexos na saúde pública.
Ironicamente contudo, desde que nos
últimos anos se procedeu à substituição dos
produtos locais pelos alimentos ditos
O direito à liberdade de escolha “certificados”, assépticos, descontaminados e
seguros que a mortalidade por cancro não deixa
Se a introdução dos alimentos de crescer. Em particular os cancros do
hidropónicos no início foi feita gradualmente aparelho digestivo. Só o cancro do cólon
e consentida pelos consumidores (apesar da aumentou 80% em 20 anos
quase totalidade deles ignorar a procedência, os (http://www.apn.org.pt/apn/index.php?option
métodos de produção subjacentes, e os efeitos =news&Itemid=2&topid=2# )!
sobre a saúde), agora está-se a tentar obrigar Os gráficos seguintes ilustram a
as pessoas a consumir alimentos artificiais evolução das mortes por cancros do aparelho
através da proibição de restaurantes, cantinas, digestivo entre os anos de 2002 e 2005
escolas, infantários, lares, etc. adquirirem os (gráficos originais em
seus vegetais nos produtores locais não http://downloads.officeshare.pt/expressoonlin
certificados. e/PDF/cancro_web.pdf ):

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Os dois fenómenos são concomitantes,
o que indicia algum tipo de correlação entre
eles. Uma das causas poderá residir no excesso
de nitratos dos vegetais de cultura artificial.
A conclusão óbvia que se tira é que
quando se comiam apenas produtos locais não
existiam infecções. Com a substituição dos
produtos locais pelos “certificados”,
continuamos a não ter infecções e passámos a
ter muito mais cancros.
Por isso quando o Dr. António Nunes
vier para os media todo babado vangloriar-se
da grande ajuda dada à saúde pública com a
retirada pela ASAE de alimentos não
certificados do circuito alimentar, haja algum
jornalista que tenha a coragem de lhe atirar
com estes números à cara, e lhe pergunte
porque é que pessoas sem comportamentos de
risco estão agora também a contrair cancros do
aparelho digestivo?

Salvemos as crianças e os idosos

Quando um adulto consciente compra


alimentos artificiais ele sabe que está a correr
um risco. Mas assume-o de livre vontade. Já o
caso das crianças e dos idosos é diferente uma
vez que são grupos muitas vezes sem vontade
própria nem opção de escolha.
O caso das crianças é de muita
delicadeza. Aquilo que comem nos primeiros
anos pode-lhe afectar o desenvolvimento e a
saúde para o resto da vida, e ninguém tem o
direito de os forçar a substituir alimentos
saudáveis por alimentos “certificados” de

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cultura hidropónica. Muito menos um inspector comércio os matadouros estão a cobrar menos
qualquer do Ministério da Educação. de 50,00 € pelo abate de um vitelo, aos
Concomitantemente também com a agricultores que pretendem abater um vitelo
substituição dos alimentos naturais por para consumo familiar, o preço cobrado é de
alimentos “certificados” o número de casos de 300,00€, ou seja 600,00% mais caro pelo
cancro em crianças duplicou nos últimos 15 mesmo serviço!
anos ( leia a notícia original em E esta diferença de preço não tem
http://sic.sapo.pt/online/noticias/sic+tv/report qualquer justificação do ponto de vista
agem+sic/O+Mundo+ao+contrario.htm). económico. O objectivo declarado mas não
Algumas destas crianças terão contraído a confesso é o de favorecer as grandes redes de
doença devido à alimentação de risco fornecida distribuição (a tal mão amiga!!!), tornando
nas creches e infantários, e foram ignobilmente economicamente inviável a criação de animais
condenadas a uma vida de sofrimento. para consumo próprio e obrigando os
Infelizmente a maioria nunca desfrutará a vida agricultores a comprarem aquilo que
na sua plenitude nem conseguirá sequer poderiam produzir.
sobreviver até à idade adulta. E mereciam
melhor sorte!
Fica aqui o apelo aos pais:
salvaguardem a saúde e o futuro dos vossos Condenados à miséria!
filhos. Não permitam que lhes sejam retirados
os alimentos naturais. Não tenham medo dos Até há poucos anos atrás os pequenos
alimentos não certificados. E não permitam que agricultores portugueses viviam bem. A
um qualquer inspector comprometa a sua saúde agricultura de subsistência praticada permitia-
e desenvolvimento. lhes ser auto-suficientes e com a venda dos
Também os idosos nos lares e centros excedentes de produção não só obtinham
de dia são pessoas vulneráveis. Mas são dinheiro para as despesas do dia-a-dia como
também adultos com capacidade jurídica. Por ainda conseguiam aforrar excedentes.
isso têm o direito de escolher os alimentos que De há quinze anos a esta parte foi
pretendem ver confeccionados. E não é montado um cerco tenaz e persistente
legítimo que pessoas já debilitadas pela idade destinado a estrangular os pequenos produtores
vejam o seu estado de saúde agravar-se ainda em duas frentes, a da produção e a do
mais ao serem impedidos de consumir escoamento.
alimentos naturais. Nem podem ser impedidos Na produção foram exigidas condições
de aceitar ofertas de alimentos da população. E a nível de instalações e de equipamento que
têm ainda direito a uma alimentação saudável não tinham qualquer justificação técnica nem
no final da vida. racionalidade económica. A maioria dos
pequenos produtores, nem tinha dinheiro para
as satisfazer, nem produção em quantidade
O direito à auto-suficiência suficiente para as rentabilizar. Logo foram
impedidos de continuar a comercializar os seus
Um dos direitos fundamentais que produtos, por não lhes ser concedido o famoso
assiste a qualquer ser humano é o de produzir “alvará” que os transformava em produtores
os seus próprios alimentos. E esse direito está certificados.
a ser negado em Portugal. Relativamente ao escoamento da
Um dos exemplos é o da criação de produção têm sido fechados sucessivamente os
animais para consumo doméstico. Há alguns vários canais de distribuição existentes, com o
anos atrás que o abate de animais na residência impedimento legal de venda das produções
dos agricultores foi proibido. Com a alegação particulares a instituições ou ao comércio. O
dos interesses da “saúde pública” os único canal que ainda lhes resta são as feiras e
agricultores são agora obrigados a levar as mercados, alguns dos quais estão em vias de
reses para serem abatidas num matadouro com extinção.
alvará. O imoral da situação reside nos preços Este estrangulamento dos canais de
praticados: é que enquanto às redes de escoamento está a levar mesmo ao

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esmagamento dos produtores certificados E-mails
pelos intermediários. Para o leitor ter uma ideia
do ponto a que as coisas estão a chegar, a maçã 1. Queremos aqui agradecer
que compra nas grandes superfícies a 1,00€, publicamente a amabilidade e
1,50€ ou mesmo a 2,00€ o quilo, está a ser gentileza das muitas e muitas
paga aos produtores da zona de Pinhel na Beira pessoas que nos têm contactado
Alta apenas a 0,08€ / kg (é isso mesmo caro via e-mail.
leitor, 8 cêntimos por kg) deixando uma
2. Lamentavelmente para nós
margem bruta superior a 1250% para o devido ao grande volume de
circuito de distribuição! correspondência recebida não
Ao contrário daquilo que muitas conseguimos responder com a
pessoas pensam, incluindo lamentavelmente rapidez que desejáveis e
alguns opinion makers que escrevem para os mereceis. Daí algum atraso nas
respostas. Mas fica prometido
jornais sem saber daquilo que falam, a que iremos tentar responder a
agricultura portuguesa é rentável, desde que os todos!
agricultores não sejam escorraçados e
impedidos de vender directamente os seus 3. Desde já o nosso MUITO
produtos. Porque quando 70 % da distribuição OBRIGADO. Bem-hajam pelo
a retalho está concentrada na mão de três ou interesse e continuem a enviar
os vossos comentários!
quatro grandes grupos, cria-se uma situação de
monopólio em que do preço a que no exemplo
dado a maçã chega ao consumidor final, ficam
92% para a distribuição e apenas 8% para a
produção. Lisboa, 13/Abr/2008
Este é o principal motivo para o
abandono dos campos e o êxodo rural: a Manuel Rodrigues Cunha
retirada de meios de subsistência a quem lá
vive. mrc008@gmail.com
Se calhar também esta política faz parte
da famosa justiça social para os mais
desfavorecidos que os nossos governantes tanto
apregoam.
Fomentando o êxodo rural sempre
ficam mais uns hectares livres para os grupos
económicos com interesses no turismo
poderem continuar a construir resorts e
campos de golfe nas herdades abandonadas.
Agora até com a ajuda do instrumento legal
criado pelos famosos PIN (Projectos de
Interesse Nacional) que permitem ultrapassar
as restrições do PDM e autorizar a construção
de hotéis onde os camponeses foram impedidos
de construir as suas casas.

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