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. _folhaCDS 24.8.78 A presente Fotha CDS contém dois artigos de importancia fundamental para a compreensio do futuro politico de Portugal e dos Portugueses. 'No primeiro deles, 0 Prof. Freitas do Amaral, Presidente do CDS, analisa as reaccdes da opiniio publica face as sucessivas crises que 0 Pais vem atravessando, deste o Verio de 1975, as causas que levaram & presente situa¢io politica © 05 perigos que pesam sobre a Democracia portuguesa, 'No segundo, da autoria do Eng.” Amaro da Costa, Vico-Presidente do Partido, sio analisadas algumas das principals tendéneias, defendidas por politicas de outros partides, sobre evolugio do sistema politico portugués e ¢ preconizada uma alternativa nova para essa evolucio. Assim vao as coisas > vA \A 1. NO AUGE do periodo gongalvista de e 1975, toda a gente dizia que a culpa era dos partidos: mas toda a gente sabla que a culpa era do MFA © do PCP, Em 197, a culpa Ja era atribuida ao PPD e ao CDS, ou ao Presidente da Repiiblica, por manterem em func6es um governo minoritario ¢ incompetente: mas em Abril © em Dezembro de 76, 0 eleitorado tinha renovado € con- firmado as vitérias do PS. Em Janeiro de 1978, houve uma crise grave para a qual se no via facil saida. O PS e 0 CDS dispuseram-se a en- frentar a situa¢do, com todos as riscos que esse gesto arro- Jado comportava, 'Pois bem: logo foram fortemente criti ‘ados por terem feito, diia-se, uma alianga ccontra-natura Como se foram eles entender? Bm Julho deste ano dase a ruptura: incrivel, os parti- dos no se entendem! © CDS, afirma porém, que nio exelui’ um novo entendimento com o PS, ainda que em moles diversas dos do primeiro: horror, 14 se vio cles entender outra vee! (© prazo mareado pelo Presidente da Republica para lum novo acordo interpartidério expira sem que se tenha ‘chegedo a qualquer solugko, E logo as mesmas vozes pro- clamam : esta visto, 0 Presidente tem de intervir, os par- tides no sio capazes de se entender! Esta flutuagdo faz lembrar a conhecida tabula «0 velho, © rapaz ¢ 0 burrov: é mau se vamos a pt, se vamos de burro mau € ‘A constante © excessiva critica aos partidos constitui uum perigo sério para a democracia. E muitas vezes ¢ injusta, ¢ infundada, Anes de mais, a culpa do que acontece de negative io ¢ muitas vezes dos partidos e quase nunca ¢ apenas deles. Claro que alguns sto responsivels por factos ox omis- 88e5 graves. Mas nem sempre 0 so, todos eles, daquilo de que 95, acusam, Entretanto, ¢ visto que nfo se mostrou vidvel neste mo- mento um governo com base nos partidos, como devia ser, © Presidente da Republica teve de langar mio dum Pri- melzo-Ministro independente para formar um governo de tecnicos. Néo é a meu ver, uma solusdo llegitima. A Constitul- io admite-a e a logica de um sistema semi-presidenciatista, como 0 nosso, também a. consente Sendo, por conseguinte, uma soluglo legitima, ela 96 € todavia aceitavel como solugo excepeional. Nao tanto or acentuar, um pouco mais, a componente presidencial do nosso regime semni-presidencialista. Mas sobretudo por ser luina solucio que no passa, intrinsecamente, pelos partidos © pode mesmo, em dadas circunstancias, evoluir contra eles. Ora a existéncia © a funcio dos partidos sto essencials em democracia. ‘A verdade ¢ que nio hd democracia sem partidos. Endo se compadece com a demoeracia pluralista de tipo ocidental a limitaggo, a titulo permanente, dos partidos politicos a wma qualquer fungao secundaria, nfo-governativa, Em democracia os partidos no podem ser reduzidos 2 meros clubes de reflexio, ou a gabinetes de producto ideologica, ou a institutos de formagio politica, ou a mé- quinas de’ propaganda eleitoral, ou a servigas de colocacées © emprego, Os partidos no podem sequer servir unicamente como suporte de grupos parlamentares confinados a fun- ‘oes legislativas © de controle, mas impedidos de ter acesso 0 Governo do Pais, Isto porque a principal finalidade de um partido poli- ico, como tal, & 0 exercicio do poder. No dia em que ‘0s partidos deixassem de funcionar como centros de recruta- mento de pessoal governativo, para constituirem téo-somente formas de seleccionar persomalidades excluidas da governa- ‘oho, nesse dia a democracia es- taria no fim. Se para se ser ministro for necessirlo ser independente, os partidos po- ticos como tais morrerdo. E com eles morrera 0 regime democritico: 0 governo sem partidos, como sistema perma- nente e definitive, conduz em linha recta. ao Estado. sem partidos, que o mesmo ¢ dizer, a0 regime do partide unico, Foi o que tivemos durante a Constituicso de 1933, ® Obvio que esse regime nfo voltard. Portugal nfo o quer; ¢ hd energias suficien- les para. o impedir. Aliis, Ra- malho Eanes fol. clarissimo 0 excluir de novo, no seu iiltimo discurso, qualquer velei- dade de quem quer que seja nesse sentido. ‘Mas, apesar disso, & importante reafirmar os principios, denuneiar os perigos, por as coisas no seu devido lugar. B importante nio deixar de lembrar o que tem de ser lem- Drado, no deixar de acentuar 0 que tem de ser acentuado, ‘no deixar marginalizar 0 que nlo pode ser marginalizado. ® importante que no fiquem mudes, agora, aqueles que no primeiro semestre de 78 tanto falaram (e bem) na cons ‘truglo do Estado democrético: ¢ indispensével para todos, comeear por esses, ndo embarcar leviamente na cantilena anti-partidos, a que {6 se vai dando a manivela, Alé porque presidentes, governos, ministros—hé-os em todos os regimes: partidas ¢ que s6 ha em democracia. Diogo Freitas do Amaral (Presidente do CDS) 2. A VIDA POLITICA esta hoje dominada de novo em Portugal pela quest4o das escolhas fundamentals. A crise rovernamental feve o mérito de a por em evidéneia mais edo do que muitos esperavam. E embora no tivesse sido determinada por isso, 0 certo ¢ que abriu caminho amplo & medina anise © discussto dos malores problemas po- Iiticos que se antevéem no nosso horizonte de 1980 © 1981 revisio constitucional e as eleledes presidenciais. A questi dos eblocos» ¢, pois, a questo essencial, na ordem do dia. $6 assim se explica que Salgado Zenha (PS) tenha afirmado, em determinada altura, que a formula PS/CDS @everia durar até 1986. Porqué até 1986? Porque em 1881 se ddarlay a reeleigio de Ramalho Eanes, € so em 1986 se vollariam a verificar eleledes presidenciais. Entretanto, a revisio constitucional far-se-ia dentro da logica do acordo PS/CDS, sendo provavel que 0 PSD nio recusasse, na altura, ‘um entendimento sobre a matéria, dada a importancia de se obter 0 seu concurso para efeitos da indispensivel maioria, de 2/3. Seria, afinal, a maloria presidencial a funcionar de novo para a revisio da Constitulglo. ALTERNANCIA DEMOCRATICA F BIPOLARIZACAO A alternanela democritiea exige que a Constituigao sela lel-limite mais do que uma lei-programa, no podendo © que nela for programatico colidir com a linguagem, a doutrina e os conceites proprios das principais forcas do Teque politico. As diferencas entre dois polos da alterndncia democra- ‘ica estariam, pots, nas suas diversas matizes culturais, na sua contraposieo Ideolégica, nos seus homens, nos. seus distintos programas de Governo. Neste sentido, caberia falar de bipolarizagio. Estariamos no plano de alternancia demoeratica no Executivo, asse- gurados que estivessem os parametros de estabilidade da ct- vilizagao politica, isto ¢, as eregras do Jogo». Decerto, este esquema impde uma culdadosa reflexto sobre a forma de eleicio © os poderes do Presidente da Republica, e sobre a natureza do regime democratico, embo- ra, em principio, no seja in- compativel, nem com um re gime parlamentar puro, nem com um regime de caracteris- ticas mais acentuadamente presidencialistas. Nao valeri, porém, a pe- nna ir por ai. Estamos longe, no plano partidario, e socio- logico, de vistumbrar no nosso horizonte politico uma alter- nancla democritiea como a deserita. A bipolarizagio util nao €, pois, e por enquanto, possivel. Seria pelo menos ne: cessirio que existissem duas forgas politicas nas condigbes indicadas, estando @ direita, no meio, ¢ & esquerda desse conjunto forcas menores, abran- gendo @ primeira e a ultima as franjas mais radicais do espectro politico e assegurando a segunda 0 papel de evo- antes, Nao € isso que se passa, QUE SOLUCAO? © CDS tem recusado bipolarizacio imediata da vida politica. Nio porque 0 CDS ou a sua direcgio deixem de Feconhecer que.o Partido representa largos, sectores da. dle reita democritica, do centro-direita e do centro-esquerda, com releyo para os dois primeiros. Nuo porque a direccio 40 CDS confunda 0 estilo e a inspiragdo centrisia que se encontram expressamente inseritos na Declaragio de Prin- ciplos do Partido com a substincia do projecto democrata- -

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