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Do ensino superior

Na Idade Média ocidental havia duas camadas de cultura: a popular


(com suas lendas, canções e costumes), e a erudita superior (nas
Universidades). A superior latina sorvia sua seiva na inferior vulgar, e
era, para a inferior, autoridade. Na Idade Moderna uma terceira
camada (a nacional), muito duvidosa, se introduzia qual cunha entre as
duas primeiras. Atualmente a situação é inteiramente diferente. A
revolução dos meios de comunicação esta esvaziando tanto a cultura
popular quanto a nacional, criando assim a cultura de massa. Qual é
doravante o papel da cultura superior (e o das Universidades)?
É preciso remontar até a Idade Média para poder falar-se em
Universidade. As Universidades são remanescentes medievais no
contexto atual, por mais que tenham sido atualizadas (reestruturadas).
São medievais não apenas em seus títulos e seu formalismo, mas
muito mais significante por sua função na sociedade: pretendem ser
autoridades. Isto é, autores de modelos. Mas não podem sê-lo pelo
simples fato de que para a cultura de massa não há autoridade. Todo
participante de tal cultura se assume autoridade em tudo (futebol,
política, aventuras amorosas dos astros de cinema). E o enumerado
entre os parênteses é praticamente tudo para a cultura de massa.
É claro: para a cultura superior o enumerado não é tudo. Há ciência, há
as artes, as disciplinas "humanistas" e tantas outras coisas. É nisto as
Universidades pretendem ser autoridades. Mas tudo isto não interessa
do ponto de vista da cultura de massa. "Ciência" interessa apenas
como programa de televisão, e como disciplina é praticamente
dispensável. A cultura de massa se propaga automaticamente,
dispensando novas descobertas. "Arte" são desenhos animados ou
similares, o resto é para uma elite alienada. Assim com todo o resto.
A Universidade esta perdendo sua função na sociedade. E não apenas
no sentido mencionado. O titulo universitário não confere nem mais
vantagem econômica nem "status". Nos países desenvolvidos a
próxima geração será constituída de doutores, trabalhando de
contadores ou massagistas. Atualmente um torneio vale mais que um
professor de mecânica (para não falar em filósofos e lingüistas). Tal
tendência parece indicar que as universidades estão fadadas ao estéril
academismo.
Tudo isto pode ser considerado um exagero. As Universidades ainda
são lugares de pesquisa, e seus laboratórios ainda absorvem bilhões
de dólares nos países desenvolvidos. Ainda servem de espaço para a
juventude contestar a situação. No entanto, o importante é a palavra
"ainda"; "por quanto tempo?".
Publicado originalmente em "Folha de São Paulo" 22/02/1972

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