Autonomia
Embora todos os arqutipos possam ser considerados como sistemas
dinmicos autnomos, alguns deles evoluram to profundamente que se
pode justificar seu tratamento como sistemas separados da personalidade.
So eles: a persona, a anima (l-se "nima" em portugus do Brasil), o
animus (l-se "nimus" em portugus do Brasil) e a sombra. Chamamos de
instinto aos impulsos fisiolgicos percebidos pelos sentidos. Mas, ao mesmo
tempo, estes instintos podem tambm manifestar-se como fantasias e
revelar, muitas vezes, a sua presena apenas atravs de imagens
simblicas. So estas manifestaes que revelam a presena dos
arqutipos, os quais as dirigem. A sua origem no conhecida, e eles se
repetem em qualquer poca e em qualquer lugar do mundo - mesmo onde
no possvel explicar a sua transmisso por descendncia direta ou por
"fecundaes cruzadas" resultantes da migrao. Jung constatou que, alm
de elementos tipicamente ligados psique, como os sonhos, os arqutipos
do inconsciente coletivo tambm se expressam atravs de narrativas,
destacando e estudando especialmente o mito e o conto de fada. Ele diz:
Nos mitos e contos de fada, como no sonho, a alma fala de si mesma e os
arqutipos se revelam em sua combinao natural, como formao,
transformao, eterna recriao do sentido eterno.
Outros estudiosos, como Joseph Campbell e Christopher Vogler,
considerando a definio junguiana, tambm sugerem interpretaes a
respeito da expresso dos diversos arqutipos em uma narrativa,
independente de seu carter fantstico ou no. Para Campbell, os
arqutipos fazem parte de todo ser humano, como rgos de um corpo,
fenmenos Vogler, por sua vez, influenciado pela obra de Vladimir Propp,
que observa a narrativa a partir de funes desempenhadas pelos
personagens, sugere que os arqutipos sejam tomados como mscaras das
quais os personagens de uma histria dispem, utilizando-as
temporariamente conforme a necessidade do andamento do enredo.
Outras perspectivas, tambm sugeridas por Vogler, so:
Enxergar os arqutipos como facetas da personalidade do heri,
possibilidades (boas ou ms) para o protagonista;
Entend-los como personificaes das diversas qualidades humanas
biolgicos.