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de Moura ™Castro \ MaClaii 10 = Educar é contar historias € que servem todos 0s conhecimentos do mundo, se ndo somos capazes de transmiti-los Ja08 nossos alunos? A ciéncia e a arte de ensi- har S20 ingredientes criticos no ensino, cons- tituindo-se em processos chamados de pedagogia ‘ou diddtica, Mas esses nomes ficaram polufdos por ideologias ¢ rufdos semanticos, Perguntemos quem foram os grandes educadores da hist6ria. A maioria dos nomes decantados pelos nossos gurus faz. ape- as “pedagogia de astronauta". Do espago sideral ‘apontam seus telesedpios para a sala de aula. Pouco enxergam, pouco ensinam que sirva aqui na terra, ‘Tenho meus candidatos. Chamam-se Jesus Cristo e Walt Disney. Eles pareciam saber que edu- car € contar hist6rias. Esse € 0 verdadeiro ensino contextualizado, que galvaniza 0 imagindrio dos discfpulos fazendo-os viver 0 enredo ¢ prestar atencdo as palavras da narrativa, Dentro da hist6ria, suavemente, en- “Bons professores eletrizam seus alunos com narrativas interessantes ou curiosas, carregando nas costas as ligoes que querem ensinar*” leiam-se as mensagens. Jesus e seus discfpulos mudaram as erengas de meio mundo. Narraram_ pardibolas que culminavam com uma mensagem moral ou de fé, Walt Disney foi o maior contador de histérias do sécuilo XX. Thovou em todos os azimutes. In- ventou o desenho animado, deu vida as histérias em quadrinhos, fez filmes de aventura e criou os parques tematicos, com seus aut6matos ¢ simula Ges digitais. Em tudo enfiava uma mensagem. Nao precisamos concordar com elas (e, alids. ten- demos a ndo concordar). Mas precisamos aprender as suas téenicas de narrativa. Ha alguns anos, professores americanos de in- gles Se reuniram para carpir as suas mdgoas: apesar dos espléndidos livros dispontveis, os alunos se re- cusavam a ler. Poucas semanas depois, foi langado um dos volumes de Harry Porter, vendendo 9 mi- Indes de exemplares, 24 horas apds o langamento! Se os alunos leem J-K. Rowling ¢ no gostam de tau ve Moura OULTOS, & porque estes sJ0 chatos. Em um gesto de ‘ASTRO éecanmista_realismo, muitos professores passaram a usar Harry Poiter para ensinar até fisica. De fato, educar € con- tar hisi6rias. Bons professores esto sempre eletri- zando seus alunos com narrativas interessantes ou curiosas, caregando nas costas as ligdes que que- rem ensinar, E preciso ignorar as teorias intergalé ticas dos “pedagogos astronautas” ¢ aprender com Jesus, Esopo, Disney, Monteiro Lobato e J.K. Row- ling. Eles € que sabem. Poucos estudantes absorvem as. abstragbes, quando apresentadas a sangue-frio: “Seja X a lar- gura de um retangulo...". De fiato, nao se aprende matematica sem contextualizagzo em exemplos coneretos. Mas 0 professor pode entrar na sala de aula e propor a seus alunos: "Vamos construir um novo quadro-negro. De quantos metros quadrados de compensado precisaremos? E de quantos metros lineares de moldura?”. Af esté a narrativa para ensi- nar dreas ¢ perfmetros. Abundante pesquisa mostra {que a maioria dos alunos $6 aprende quando 0 as- sunto € contextualizado. Quando falamos em ana- logias e metdforas, estamos explorando 0 mesmo fildo, Hist6rias e casos reais ou imagindrios podem ser usados na aula, Para quem vé uma equacdo pela primeira vez, compars-la a uma gangorra pode ser ‘a melhor porta de entrada. En- J contrando pela primeira vez a eletricidade, podemos falar de ‘um cano com agua. A presstio da coluna de agua € a volta- ‘gem. O diimetro do cano itus- ira a amperagem, pois em um ano “grosso” flui mais Agua. Aprendidos esses conceitos bé- sicos, tis analogias podem ser abandonadas. E preciso garimpar as boas narrativas que permitam empacotar habilmente a mensagem. Um dos maiores absurdos da doutrina pedagégica vigente € mandar o professor “construir sua propria aula”, em vez de selecionar as ideias que deram certo alhures. E irealistae injusto querer que © professor seja um autor como Monteiro Lobato ou LK, Rowling. E preciso oferecer a ele as melhores. ferramentas — até que aparecam outras mais efica- es, Melhor ainda € fornecer isso tudo 4 articulado e sequenciado. Pligio? Lembremo-nos do que disse Picasso: “O bom artista copia, o grande artista rouba ideias”. Se um dos maiores pintores do século XX achava isso, por que os professores nao podem co- piar? Preparar aulas € buscar as boas narrativas, exemplos e exereicios interessantes, reinterpretando € ajustando (¢ af que entra a criatividade). Se “co- Jando” dos methores materiais dispontveis ele con- seguir fazer brithar os olhinhos de seus alunos, ja merecerd todos os aplausos. 30 | 10 DE JUNHO, 2009 | Veja

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