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AS SENTENGAS CLIVADAS NO PORTUGUES FALADO DO RIO DE JANEIRO MARIA LUIZA BRAGA “Ricardo Reis rebusca na memGria fragmentos de versos que j4 levam vinte anos de feitos... E hd um momento em que duvida se ter4o mais sentido as odes completas aonde os foi buscar do que este juntar avulso de pedagos ainda coerentes, porém j4 corrofdos pela auséncia do que estava antes ou vem depois, contraditoriamente afirmando, na sua propria mutilagdo, um outro sentido fechado, defi- nitivo, como € 0 que parecem ter as epfgrafes postas a entrada de li- vros. A si mesmo pergunta se ser4 possfvel definir uma unidade que abranja, como um colchete ou chaveta, 0 que € oposto e diverso...” (Saramago, 1988, p.65-66) O lingiista, 4 semelhanga de Ricardo Reis, rebusca na transcrigdo ¢ ha fita gravada os enunciados que 0 seduzem. Estuda os pedagos ainda coerentes, corroidos pela auséncia do que estava antes ou vem depois, re- torna a ode maior de onde foram extrafdos, procura descobrir-lhes 0 sen- tido definitivo. A si mesmo pergunta se sera possivel explicar, como um colchete ou chaveta, o que é maledvel e, portanto, diverso. ; Este artigo € uma tentativa de captar o funcionamento das senten- gas clivadas (daqui para frente SCs) no discurso semi-coloquial oral do Rio de Janeiro. Baseia-se na andlise da amostra de fala de 17 (dezessete) cariocas' e compreende trés partes: na primeira, caracterizo e exemplifico ‘as referidas construgdes; na segunda, investigo a maneira como estas sen- tencas, principalmente as SENTENGAS CLIVADAS PROPRIAMEN- TE DITAS (doravante CLIVs) podem sinalizar a estrutura topica da seqiiéncia discursiva em que ocorrem; na terceira, tego alguns comenté- tlos sobre 0 que me parecem ser as caracterfsticas mais gerais destas construgdes. A conclusao € apresentada na quarta parte. Lulzn Braga, Professora da Universidade Federal Fluminense, 1As amostras de fala analisadas integram 0 acervo do Projeto Censo da Variagio Lingdistica do Rio de Janeiro, ‘Organon 18/1991 109 1-CARACTERIZACAO DAS SENTENGAS CLIVADAS No portugués falado no Brasil, coexistem seis tipos formalmente distintos de SCs, Estas variedades sao rotuladas, descritas? e exemplifica- das abaixo. SENTENGA CLIVADA PROPRIAMENTE DITA que SerCl S-C', em que S-C' = Sentenga menos Constituinte. quem Ex. (1) I: O que vocé quer? F: O que eu quero? Eu quero continuar estudando, sabe? Se der pra me formar, tudo bem, n’é? Se ndo der, eu ir arranjar uma coisa melhor pra mim viver minha vida, eu sozinha, sabe? Sem ta ~ ~ sem ter que morar na casa dos outros. [‘E “isso que eu ‘quero, ? [Hmhm.] E: Os homens sao cempris riches? (Su 351 A145) CONSTRUCOES E QUE C1 ser/3? sg. que S-C' = Ex. (2) E:Mas vocé cozinha. E vocé deve ter algum prato que os seus fregueses gos- tam mais. ER E: Qual 6? 2Minha caracterizagio de SCs baseia-se na de Prince (1978), que substitui os termos foco e pressuposigao por expressdes mais neutras: Constituinte! e Sentenca-Constituinte'. O adjetivo focalizado e demais termos correlatos, usados ao longo deste trabalho, séo tio-somente sindnimos de ressaltado, salientado, posto em Sentenca menos Constituinte'. Pausa no meio do enunciado: ... Pausa curta, isto é, pausa inferior a 1 (um) segundo, apés a SC: (.) Pausa longa, isto , pausa superior a 1 (um) segundo, apés SC: (indicagéo dos segundos e de seus déci- mos entre parénteses) Entrevistado: F Participante: P Entonagdo descendente: . Entonagio ascendente: ? 110 Organon 18/1991 F: Ah, eu cozinho ndo. R A minha “tia é que ‘cozinha. R. () E: E voce nao sabe cozinhar nada? F: N&o, eu sei. E:Hm. Qual [é 0 prato que vocé mais gosta] de fazer? E {Eu sei cozinhar) Ah. eu gosto ~~ Bem, pramim -~ pramim... eu gosto assim muito de peixe, E: Hm. F: sabe? (Jo 1154 B133) SENTENGA PSEUDO-CLIVADA Quem aa S-C1 ser/34 sg.C1, em que S-Cl = Sentenga menos Constituinte.1 Oque Ex. (3): P: E quando o pelotao sai marchando, os garoto fica gritando: “Cavalo!” ER F:Pior que €. Porque o~~ —_ © pelotaéo tem que marchar assim (barulho com a mao, imitando o marchar do pelotéo) [Com uma] E [Marcando passo.] FE. E: Nao. Ba-- A esquerda, n’é? P: B. Com forga. A direita [devagar.] E [Devagar.] P: Tam. Assim. E: Ham. F: O CCE também entra assim, pra sentar. E: E entra com bandeira também? Entra. O pelotéio, o CCE nao. E: Hm. : ‘Quem ‘segura é o “Sandro. Ele segura, a gente segura a ponta da bandei- fa. E: O que que vocé gosta mais na sua escola? (RO/AP 317 A138) FOCO SER S-C! SER/3* sg. C!, em que S-C'=Sentenga menos Constituinte'. Ex. (4): F: Eu acho isso € uma boa, mesmo. Uma boa! A mulher deve ser indepen- dente, nunca depender do marido. Organon 18/1991 iM E:Eh, mas as vezes os homens ficam muito ameagados, os homens ~~ maridos. F: Ah, eles ficam ameagado nada. ‘Eles ‘ficam eh E: Pois é, nesse sentido [ (X) ] FE [‘Eles ‘ficam | com “citimes, porque tem mulher que ganha mais do que o marido. E: Hm. F: Conhego muito. Muita mulher que ganha mais do que marido ¢ eles ficam enciumados, porque eles querem sempre ser os machées, n’é? ... € “enciumados. (MA 446 A235) QUE FOCO C' que S-C', em que S-C'=Sentenca menos Constituinte'. Ex. (5): F: J teve tr€s desfiles esse ano da Pluft. Eu vi um deles (X). E: Mas af so pessoas de fora que vém desfilar aqui? F: Nao, s&o pessoas do Barramares [que sao as convidadas.] E: [Ah, s40?] F: Bu ja at€ fui, mas eu no quis desfilar, porque eu nao tenho jeito. E: Hm. F: Mas s4o pessoas que s4o convidadas, ou até elas se falam ... quem até - ~ Até uma das garotas da nossa... do nosso pessoal € mae da organizadori do desfile~~ do desfile da Pluft. “Ela que ‘organiza os desfiles aqui Entdo ela chama todo mundo. () E: Hmhm. F: Mas eu nao tenho jeito pra desfilar. Af eu nao desfilo nao. Eu assisti [esse desfile.] E: [Mas vocé gosta de assistir.] (GU 1889 B439) DUPLO FOCO Ser/3* sg. C' ser/3* sg. que S-C', em que S-C! =Sentenga- Constituinte1. Ex. (6): F:... mas 0 caso € 0 seguinte: tu jd viu pafs sendo governado por militar, ra- paz? Qual o pafs que ¢ bom? Qual? Nenhum. Tu ndo vé? Até o pais Id de fora, sendo governado por militar, tu nao vé que eles tio em uma boa. Eles esto tudo caindo. Mas comandado por civil, tu vé que ele ta bem. Porque acontece muito. O rombo td muito grande (X)... 0 rombo € muito grande. Entéo pa eles tentar fechar, quem sofre € a gente, rapaz! Ea “gente & que ‘sofre. Gasolina subindo todo dia! Todo dia a gasolina sobe agora! Ja ta cento e quarenta e cinco. Aumentou agora a semana passada, Tem condigao? (JA 1547 B735) 112 Organon 18/1991 A distribuigdo dos constituintes € critério necess4rio, mas nao sufi- ciente a identificagéo de uma sentenga clivada. Igualmente relevantes s4o © padrao entonacional, a localizagdo do acento primério e a fungao do elemento focalizado. Estas construgdes tendem a apresentar contorno entonacional descendente‘, acento prim4rio no constituinte focalizado e a ser formadas por uma tnica unidade entonacional, aqui definida como ‘a stretch of speech, by one speaker, occurring under a single coherent con- tour‘ (Chafe, 1988). A presenga do auxiliar ser e/ou do pronome relativo, a envolver total ou parcialmente o Constituinte', conjugada a localizagao do acento primdrio neste mesmo constituinte levam sua focalizagio, simultaneamente autorizando, em enorme numero de casos, uma leitura contrastiva da SC. E 0 conjunto das propriedades referidas acima que permite distin- guir 0 enunciado sublinhado em (7) de uma verdadeira CLIV. A andlise do contexto maior em que ocorreu este enunciado, bem como dos gague- jos hesitagGes claramente audiveis na fita, Sugerem que o falante expe- rimentava algumas dificuldades ao produzir este trecho. O que ele parece ter querido transmitir é que o Zico, jogador de futebol, tivera garra, ten- do sido 0 que mais reclamara no time. Ex. (7): F: Ele teve garra... aquele pénalti roubado, que rasgaram a camisa dele -- E: Sacanagem, nao? F:Entéo. Re-~ ‘Foi 0 ‘time que ‘mais “reclamou ~- Ele foi o que mais e, sabe? levou 0 time a trente, sabe? (ZR465 A175) Neste trabalho, restringir-me-ei a trés dos tipos caracterizados aci- ma: sentenga clivada propriamente dita (daqui para frente CLIV), sen- tenga pseudo-clivada (daqui para frente PC) e construgdes E QUE. Dis- tinguem-se eles quanto a classe de palavra e quanto a fungdo sintatica do Constituinte', consoante mostro nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. A leitura horizontal das percentagens apresentadas abaixo evidencia que substantivos, locugées prepositivas, pronomes pessoais e demonstrati- vos podem ocupar a posi¢ao de Constituinte' nos trés tipos de sentengas Clivadas. A leitura vertical contrabalanga, todavia, tal afirmagao: substan- tivos e pronomes demonstrativos distribuem-sc quase complementarmente em PCs e CLIVs, como se a classe preponderantemente ressaltada por um destes tipos de SC fosse relegada ao ostracismo no caso da outra va- riedade de construgao clivada. As construgdes E QUE distinguem-se das anteriores, visto que aqui advérbios, substantivos e pronomes pessoais ‘Exceto as que ocorrem como perguntas, cujo contorno torna-se, entao, ascendente. Organon 18/1991 113 TABELA | Classe de palavras ¢ tipos de sentengas clivadas. PC CLIV E QUE F % F % F % Substantivo 23 56,0 5 12,0 19 31,5 Cléusula i 17,0 5 8,5 Loe. preposic. 7 17,0 5 12,0 5 8,5 Pron. pessoal 3 1,5 8 20,0 ret 18,5 Pron. demonst. 1 2,5 22 52,5 2 3,0 Advérbio 2 45 18 30,0 TOTAL 41 100,0 42 100,0 60 10,0 apresentam indices nao polarizados de ocorréncia. Depreende-se, pois, da tabela acima que os varios tipos de SCs divergem quanto aos elemen- tos que podem ser focalizados. Mesmo em referéncia as categorias de pa- lavras que, em principio, podem coocorrer com qualquer tipo de SC, é possfvel identificar uma distribuigdo preferencial. Apresento, a seguir, os resultados para a fungao sintatica do Consti- tuinte’. TABELA 2 Fungo sintética do constituinte’. PCs CLIVs. BE QUE F % Fz % F % Sujeito 41 1000 21 500 27 45,0 Circunstancia 14 33,56 43,5 Objeto direto a. 16,5 4 6,5 Tépico frasal 3 5,0 TOTAL 41 100,0 42 100,0 60 100,0 Com relagao a fungOes sintaticas, 0 perfil de cada sentenga clivada, apenas esbogado quando da investigagao da categoria gramatical, ganha contornos mais precisos € especificos. Assim, PCs ‘focalizam’ tao somen- te sujeitos; CLIVs, sujeitos, circunstancias e objetos diretos; a estas trés ca- tegorias, E QUE acrescenta um novo dominio: 0 tdpico frasal. A maneira como os ntimeros foram apresentados ¢ comentados po- deria sugerir semelhangas inexistentes entre CLIVs e E QUE no que diz respeito a circunstancia. Convém esclarecer, todavia, que os advérbios que ocorrem em E QUE sio aqueles que normalmente tendem a aparecer a esquerda das sentencas (Braga e Botelho, 1983), 0 que nao € verdadeiro em referéncia as locugées prepositivas das CLIVs: aqui so as motivagGes 114 Organon 18/1991 discursivas que levam as referidas locug6es a posi¢do mais 4 esquerda do relativo. Para os objetos diretos, nao se coloca tal diferenciagao, pois, em ambos tipos de sentengas, a sua posigao mais a esquerda parece decorrer de estratégias discursivas similares.® A Ultima tabela evidencia que, também quanto a fungao sintatica do Constituinte’, os diversos tipos de SCs tendem a divergir. Embora sujeito seja a posigaéo mais freqiientemente associada a tais construgdes, PCs opdem-se as demais por admitir apenas esta posigao, enquanto EQUEe CLIVs apresentam uma gama mais diversificada de constituintes poten- cialmente ressaltaveis. Caracterizadas e exemplificadas as SCs, passarei a seu papel na es- truturagdo do t6pico/subtépico discursivo da seqiéncia em que apare- cem. 2- TOPICO DISCURSIVO, MUDANGA DE TURNO, PAUSA E SENTENGAS CLIVADAS O escrutinio das SCs sugeria que, embora potencialmente todas pudessem funcionar como sentengas t6picas, isto €, todas fossem suscet{- veis de exprimir diretamente as proposigdes t6picas (Van Dijk, 1977), as CLIVs pareciam particularmente bem adaptadas ao desempenho de tal tarefa. A proporgao que se esbogava 0 perfil desta variedade de SC, cris- talizavam-se as indicag6es de que elas serviam basicamente a sinalizagao de fim de subt6pico discursivo e de potencial mudanga de turno. Visando, pois, a captar a correlagéo das SCs quer com a estrutura t6pica/subtépica da seqiiéncia discursiva em que ocorriam, quer com 0 sistema de troca de turno, propus dois grupos de fatores® a serem consi- derados a seguir. Vale lembrar que trabalhar a nocao de t6pico/subtdpico discursivo em dados empiricos € tarefa repleta de artimanhas. O desen- volvimento discursivo, com seus fluxos e refluxos, a auséncia de marcas formais que assegurem uma delimitagao incontroversa dos subt6picos de que se tece o texto foram as principais dificuldades que enfrentei. Por fim, o pr6prio cardter pré-tedrico da nogao de tépico discursivo (Brown ¢ Yule, 1983), problematiza ainda mais 0 seu manuscio. SFOCO SER, por sua vez, ressalta tio-somente constituintes que ocorram a direita do verbo, No decorrer deste trabalho, empregarei os termos fatores e, ocasionalmente, grupo de furores. Vago or comodidade, Seu uso nio implica a utilizagio da metodologia da Teoria da Varlagho, embora $48 IN fluéncia seja evidente. Organon 18/1991 a8 O t6pico discursivo foi caracterizado, segundo Van Dijk: “A concept or a conceptual structure (a proposition) may be- come a discourse topic if it hierarchically organizes the conceptual (propositional) structure of the sequence” (1983, p.134). Ou ainda: “We have reconstructed the notion of topic of (a part’of) a discourse as a proposition entailed by the joint sect of propositions expressed by the sequence” (1983, p.136). Com o objetivo de capturar 0 desdobramento tépico, decidi traba- lhar com a nogao de subt6pico discursivo (t6pico atomistico), conceito também presente na obra de Van Dijk, mas melhor desenvolvido em Ke- enan ¢ Schieffelin (1976), e Gardner (1987). As decisGes referentes ao sistema de turno, também delicadas, serao abordadas apés as consideragGes sobre a estruturagao t6pica/subtépica. Na tentativa de fotografar 0 papel das SCs na organizagao do t6pico discursivo, propus doze diferentes fatores (mudanga de t6pico, mudanga de subt6pico, repeticao do contetido proposicional da SC pelo entrevis- tador, questionamento do contetdo proposicional da SC pelo entrevista- dor, refocalizagao pelo falante, etc.) que levaram a uma grande fragmen- tagao dos resultados, obscurecendo 0 retrato que desejava nitido. Optei, entao, por amalgamar e distribuir os dados em dois grandes subgrupos, consoante houvesse ou néo mudanga de subtépico (ou de tépico). A se- guir, descrevo e exemplifico as categorias com que trabalhei. (1) Introdugdo de novo subtépico/tépico, quer pelo entrevistador (exemplo 1), quer pelo falante (exemplo 8 abaixo). 5 Ex. (8): E: Hum! Quem foi seu par? F:Foi0~~ Nao! Era mulher e mulher. Ela botou [mulher e mulher]. E: [Ah! Era] F: mulher com [mulher!] S: [EJ Eu gosto mais de uma (garota) Janaina. Af eu escolhi ~~ eu pedi tia pra ela me botar uma par para mim que seja a Janaina. E: Hmhm. F: Tem uma Janajna loura e R outra assim R, com cabelo escuro e morena. Foi a com cabelo “escuro e “morena que eu ‘dancei com ela. C) F: Af, quando foi na danga, sabe? um garoto, ele sobrou. Todo mundo foi dangando com 0 par, af sobrou ele. Af: “Cadé meu par? (MAR 102 A053). (2) Retomada de um subtépico, pelo falante, apds digressao finalizada pelo SC (refocalizagao). Ex. (9). F: Porque a outra, eu namorei a Suely dez ou doze anos, a Suely nunca quis. ~~ Tirou duas crianga. O primeiro houve um probleminha, ela teve que ti- 116 Organon 18/1991 rar. Tudo bem, eu tive que aceitar, na época eu sofri 4 bega, tava com uns vinte e um ano, Eu softi muito. Mas j4 0 segundo nao. Fez, néio me falou nada, quando eu vim a saber jd tinha feito. Entdo acho que desde 0 mo- mento que cla fez isso, nao tomou nenhuma... assim, ndo teve conside- ragfo nenhuma comigo, n’é? Porque ela pra fazer, tinha que falar comigo. Nao falou. E eu-~E eu que sempre quis assumir, n’é? um compromisso com ela, ‘Ela é que ‘sempre me ‘dava uma ‘volta. Entéo eu achei que aquilo foi demais. E continuamos por mais algum tempo assim mas nao deu pra levar o barco muito adiante, ndo. Af come- cou briga, briga, briga. (DA2110 B460) (3) Repetig¢ao do conteudo proposicional da SC, pelo entrevistador ou pelo falante, como exemplifico em (10) e (11), respectivamente. Ex. (10): E:Que que vocé sonha para sua filha? Nao que vocé queira que ela seja, n’é? F; Sabe que que eu quero que ela seja? E: Hm. F: Que eu estou sonhando? R Miss Brasil dois mil R ER F: R E “isso que eu ‘quero para ela R. [eee 35) E: R Hm. Barato R. E entdo Miss Brasil dois mil, n’é? (DA 321 A123) Ex. (11): E: Vocé joga mais com seu irmao? F: E. [jogo mais]. E: [Quem € que] (x)? F: “Quem que me ’ensinou' foi= 0 ‘cara ‘id da ‘minha “av. 6) 0 ‘garoto. Ele que me ensinou. E; Que garoto? (VI855 A396) (4) Questionamento do conteiido proposicional da SC. Confira ex. (2) (5) Desenvolvimento do subt6pico discursivo apés a SC. Ex. (12): E:A senhora~~a senhora quando casou, a senhora ja sabia cozinhar ou aprendeu na vida? Organon 18/1991 w7 F: Nao, minha filha, naquele tempo, a gente casava sabendo cozinhar, lavar R passar, cuidar de crianga... Fu sou a mais velha de cinco, agora ja viu que eu sempre é que ajudava a minha mae, n’é? () () F: Entao, foi vindo homem, homem, homem, homem e “eu é que oh (gesto) ‘ cuidava “deles By 2 a pentiltima é que é mulher. (> F:N’6? Fazia todo 0 servigo de casa. Era limpeza~~E aquilo era obrigagéo da gente. E: Hm. F: Néo era dizer que fazia porque queria fazer, nao. A gente nao gostava, El6gico. (HE 434 A247) Os fatores 1 € 2, visto fazerem “avangar” 0 desenvolvimento tépico, valendo-me da metdfora de Firbas (1964), foram agrupados sob o rétulo de [+ mudanga]. J4 os demais foram considerados como exemplos de [- mudanga]. Desnecessdrio ressaltar que a ultima categoria, mesmo nao provocando o “avangar“ t6pico, pode ser igualmente importante, contri- buindo para a construgéo e desnudamento de significados interacionais relevantes. Ainda quanto aos fatores incluidos na ultima categoria, vale lembrar que repetigao ou solicitagdo de confirmagao do contetido proposi- cional do enunciado anterior (oito ocorréncias) sao estratégias mais co- muns do que questionamento do referido contetdo proposicional (duas ocorréncias). Os resultados para este grupo de fatores sio apresentados a seguir. TABELA 3 Sentengas clivadas e estruturagao tépica. PCs CLIVs E QUE F % ey % H % [+ mudan.subtép]) 15 36,5 30. 71,5. 29 48,5 [- mudan, subtép] 26 63,5 i2ee 2856 3 <51;5 TOTAL 41 1000 42 100.0 60 100,0 Os némeros acima mostram uma harmoniosa distribuigdo, com PCs e CLIVs ocupando as posigGes extremas do continuo cadeia tépica ¢ CONSTRUGOES FE QUE ocorrendo em posicdo intermedidria. Em ou- tras palavras, enquanto as CONSTRUGOES E QUE tendem a neutrali- zar a oposigdo entre [+ mudangal] ¢ [- mudan¢a], as CLIVs tendem a favo- recé-las € as PCs, a desestimulé-las. 118 Organon 18/1991 Tal padrao distribucional correlaciona-se a relativa especializagao funcional de cada tipo de SC. O fato de E QUE prestar-se primordial- mente a expressdo de contraste ¢ de PC facilitar quer a introdugao de refe- rentes novos, quer a apresentagao de “verdades gerais“, explica as per- centagens observadas acima. As CLIVs, por sua vez, embora possam ex- primir contraste, sao empregadas primordialmente na estruturagdo t6pi- ca/subt6pica. Mecanismos outros podem igualmente indicar fim de t6pico/subt6- pico. Roncarati (1990), por exemplo, mostrou que mudangas de t6pi- co/subt6pico sao mais provaveis do que a manutengao apés reiteragado de enunciados. Paredes Silva analisou as expressGes constituidas por ser + pronome demonstrativo com referéncia estendida como elementos que “costuram” 0 texto, “arrematando-o” ou funcionando como “gancho“. Com referéncia a primeira fungao, esclarece: “Elas funcionam para 0 t6pico discursivo como a coda de Labov para a narrativa. Ao procurar estabelecer as etapas de uma narrativa plenamente desenvolvida, Labov identifica a coda como a etapa final, que assinala seu término. E o momento da narrativa em que no faria sentido uma pergunta como “Eentiio o que aconteceu”? Ela dé ao ouvinte uma sensagéio de completude. Ali acabou uma etapa. Na fala, pode servir para indicar que é a vez do outro falar (a mudanga de tur- no). No portugués essa fungao aparece cristalizada na expressao E isso at” (1985, p.6). As CLIVs tendem a combinar estes dois procedimentos: recupe- ragdo da informagdo de uma seqiiéncia prévia através da referéncia es- tendida do pronome demonstrativo (Halliday e Hasan, 1967) e reiteragao do verbo (e de outros constituintes, porventura presentes) de um enun- ciado anterior (cf. exemplo 1). A conseqiiéncia desta jungdo de estraté- gias é a intensificagao da faculdade sinalizadora de potencial fim de t6pi- co/subtopico. Em se tratando de género narrativo, estas construgdes fun- cionam como codas, como exemplifico abaixo. Ex. (13): E: R Como € que éR? F: Foi! A moca levantou do caixdo e se sentou. Pegou, tiraram todo mundo de 14. Daf veio um médico... Estava cheio de policia 14. Veio um médico, daf 0 médico --Daf acho que mandaram dar injegéo na moga pra moga morrer, dafa moga -- daf enterraram a moga de novo. Foi “isso que ‘aconteceu. () Olha, ch="~Na morte da mae da minha cunhada... (RO 1691 B4S4) Organon 18/1991 49 Evidéncias adicionais a favor da interpretagao proposta aqui sao fornecidas pela andlise do sistema de troca de turnos e da ocorréncia de pausas ap6s as SCs. Zimmerman (com. pes.) sugeriu-me que, em de- corréncia do cardter rigido de alocagéo de turnos em entrevistas, as CLIVs poderiam estar, simultaneamente a indicagao de fim de subtépico, sinalizando lugar potencial de mudanga de turno. Em outras palavras, 0 falante, ao assinalar o cumprimento da tarefa verbal que lhe fora solicit da, também insinuaria que o entrevistador poderia retomar a palavra. CLIVs atuariam, pois, no dominio da estruturagaéo tépica e dominio do sistema de turno, Para investigar 0 mecanismo de troca de turno, propus trés fatores: (1) Troca de turno apés a emissao da SC. Em referéncia a este fator, algumas consideragdes so necessérias. Aqui a dimensdo € complexidade do turno tornam-se irrelevantes, isto ¢, a categoria em questao engloba tanto o oferecimento’ de novos t6pi- cos/subtépicos pelo entrevistador quanto a produgdo de solicitadores verbais®. Estas duas possibilidades séo ilustradas, respectivamente, em (2), acima, e (14), a seguir. Ex. (14): F: Sabe que eu, Ana Paula, Sandro, todo mundo tem, mesmo que (se) que ¢ pobre. To-toda turma da Quatrocentos e Um tem o que comer dentro. de casa, no tem necessidade de ficar pedindo pao. E ‘quem ‘fica ‘pedindo ‘pao ‘é “mendin=go, ‘ld na ‘porta. Sa E: Hm P: Mas a gente ndo tava ali pa pegar pao, a gente tava pa brincar. F: Pa fazer bagunca. (RO/AP 764 A375) Outro aspecto diz respeito ao modo como este grupo de fatores ¢ 0 anterior recortam a dimensao t6pico/subtépico discursivo. O primeiro (SCs ¢ estruturagao tépica/subtépica) ignorava a fonte da mudanga, pro- curando ressaltar ta0-somente 0 papel das construg6es clivadas na orga- nizagdo € sinalizagao da estrutura t6pica/subtépica. O segundo grupo in- verte a perspectiva e procura captar a interagdo falante/entrevistador, obscurecendo a colaboragao do entrevistador enquanto artifice também do desenvolvimento t6pico/subt6pico. 7Na situagio de entrevista, embora o informante fale a maior Parte do tempo, é 0 entrevistador que propée perguntas, selecionando, de uma certa forma, os aspectos a serem abordados. Nas nossas entievis. {as, todavia, algumas vezes 0 falante esquivou-se de discorrer sobre 0 t6pico/subt6pico proposto pelo en trevistador. Dai o emprego do termo oferecimento, umplicando que a construgio do discurse & un Larelt social que supde a colaboragio dos varios participantes. ®fraduzi literalmente a denominagio empregada por Maynard & Zimmerman (1984). Solicrier designs qualquer emissao verbal. 120 Organon 18/1991 (2) Auséncia de resposta verbal por parte do entrevistador, ap6s a SC. Confira ex. (9). (4) Outros: resposta verbal por parte do entrevistador, apds um ou dois enunciados posteriores a SC em questao. Confira ex. (11). Os resultados s4o mostrados na Tabela 4. TABELA 4 Sentengas clivadas e sistema de troca de turno. PCs CLIVs E QUE F % F % F % [+ mudanga] 12 29,5 17 40,5 18 30,0 [- mudanga] 25 61,0 23 55,0 36 60,0 [outros] 4 9,5 Dy 4,5 6 10,0 TOTAL 41 100,03 42 100,0 60 100,0 Os niimeros revelam uma curva semelhante para PCs, E QUEe CLIVs, com uma percentagem mais elevada de [ - mudanga ] por parte do entrevistador. Tais resultados eram prediziveis em vista de algumas das caracteristicas das entrevistas que estou investigando, entre elas a orien- taco dada aos entrevistadores no sentido de refrear sua fala eestimular a produgao verbal dos falantes. Nestas circunstancias, era previsivel que as percentagens para o fator ‘mudanca de turno’ fossem relativamente bai- xas. Todavia se, apés uma SC, ocorre troca de turnos, esta é mais prova- vel no contexto de uma CLIV. O grupo pausa compreende também trés fatores: (1) [- pausa ] - Nenhum siléncio perceptivel segue-se a SC. A transcrigao procura retratar tal comportamento apresentando 0 material poste- rior 4 SC sem nenhuma interrupgao. Confira exemplo (3). (2) [ + pausa ] - Este fator inclui quer as pausas longas, quer as pausas curtas, como exemplifico em (10) ¢ (12), respectivamente. (3) Outras ocorréncias - Engloba os dados em que a pausa ocorre apos uma unidade entonacional que se segue imediatamente a SC. Aqui ha um “intervalo semantico” entre a SC ¢ a pausa, como mostro no tre- cho seguinte. Organon 18/1991 12 Ex. (15): ra ‘Fluminense. G) No exemplo acima, a pausa aparece posteriormente a emissao do aposto, unidade entonacional distinta. Os resultados sao apresentados a seguir. TABELA 5 Pausas e sentencas clivadas, PCs CLIVs. E QUE Fs % Fs % Fs % [+ pausa] 15 36,5 25 59,5 29 48,5 [- pausa] 26 63,5 16 38,0 27 45,0 TOTAL 1 2,5 4 6,5 41 100,0 42 100,0 60 100,0 Observa-se aqui um padrdo distribucional bastante similar ao ob- servado na Tabela 3, com PCs ¢ CLIVs novamente ocupando as posigdes extremas e antagOnicas e E QUE revelando pouca sensibilidade & varid- vel em andlise. Chafe (1987), Pawley e Syder (1976), « Maynard (1980) tém men- cionado que a ocorréncia de pausas pode correlacionar-se a causas distin- tas, requerendo a sua compreensdo an4lises empfricas cuidadosas. Vale lembrar, todavia, que, segundo 0 primeiro, em narrativas, as pausas que precedem mudangas de “grandes pardgrafos orais’ tendem a ser mais lon- gas. Ponto de vista semelhante € defendido por Brown e Yule (1983). Maynard, mais recentemente, comenta que as pausas tendem a sinalizar fim de tépico e preceder mudanga de turno. O fato de as pausas ocorre- rem mais freqiientemente ap6s as CLIVs nao € aleatorio, mas um reforgo a favor da hipOtese que vé tais construgdes como sinalizadoras de poten- cial fim de t6pico e de potencial mudanga de turno. Na caracterizag4o do papel das SCs, mormente das CLIVs, frisei o carater potencial da mudanga de t6pico/subtépico e da mudanga de tur- no. Tal cardter potencial € uma decorréncia das pr6prias caracteristicas da conversagao. Por se tratar de atividade desenvolvida conjunta e intera- cionalmente, os interlocutores cooperativos negociaréo, quer a mudanga de turno, quer 0 término de uma seqiiéncia t6pica/subt6pica. No caso das amostras de fala analisadas aqui, a situagao ainda é mais delicada, j4 que cumpria manter um estado continuo de fala. Nestas circunstancias, da si- nalizacao de fim de t6pico/subt6pico, via CLIV e pausa, nao decorria au- tomaticamente a introdugdo de um novo assunto a ser abordado ou a to- mada do turno pelo entrevistador. Face ao siléncio apés uma SC, social- 122 Organon 18/1991 mente constrangedor, numerosas vezes 0 falante procedcu a reiteragio do contetido proposicional de um ou mais enunciados anteriores, s6 pos- teriormente engatilhando a almejada troca. A categoria Outros, nos dois Ultimos grupos de fatores, constituiu uma tentativa de refletir a situagdo de fala da forma mais aproximada possivel. Tendo investigado o papel das SCs na organizagao \6pica/subt6pica de um trecho, passarei as consideragGes finais. 3- CONSIDERACOES FINAIS Ao interpretar os resultados da Tabela 3, referi-me as fungdes de- sempenhadas por cada tipo de SC e expliquei aqueles cm termos destas. E importante frisar que a distribuigao funcional € apenas preferencial. Significa isto, restringindo-me a CLIVs E QUE, que 0 iiltimo tipo pode desempenhar o papel habitualmente reservado aquelas ¢ vice-versa. A ti- tulo de ilustragao, apresento dois exemplos: Ex. (16): E:E qual € o.. assim, 0 maior nimero de problemas, assim, que aparece, que as pessoas levam? F: O maior némero de problema, mais ¢ lanternagem, n‘é? que nego ta ba- tendo mais do que coragao assustado. F:E. Bate muito. Mecdnica apare~sempre aparece. Problema de freio, mo- tor ratiando, entendeu? Mas aparece muita lanternagem. ‘Lanternagem é que tem “muita. E: Como € que €? Motor ratiando, assim, como é que é? (Ja 19 A009) Aqui, apés a enumeragdo de problemas relacionados a automéveis, 0 entrevistador solicita do falante uma passagem do geral para o particu- lar, isto €, que este se restrinja a um dos membros. Observe que, apés a CONSTRUGAO E QUE, segue-se uma pausa e mudanga de turno. Ob- serve-se também como esta construgao reitera 0 enunciado imediatamen- te precedente. No trecho a seguir, em que a falante descreve uma das aparigGes de ET, 0 contraste entre a lingua utilizada por aquela personagem ¢ 0 idio- ma empregado na representagao do didlogo entre este e Elliot 6 estabele- cido por uma CLIV. Ex. (17): F: Mas depois, quando ele foi dormir, foi deitar, apareceu cle (FT). Hie (Lil- liot) pensou que era outro. Afele: “Mam~Ma~Ma-”, Queria falar também Organon 18/1991 a de novo: “Ma-Ma~ Ma-”. “Ah, é vocé!” Falando inglés também. Eu vou ~-eu vou falar assim como a nossa voz, mas s6 que vai ser in- Era “inglés que cle ‘falou, ta? ae E:Hmhm._ (MAR 807 A399) Este trecho ilustra também a possibilidade de, na combinagéo de duas seqiiéncias discursivas, exprimir-se simultaneamente mais de uma proposigao relacional (Mann & Thompson, p. 1986), no caso, reiteragao € contraste. Maleabilidade funcional parece ser entéo um dos tragos das sentengas Clivadas. Tendo me referido A flexibilidade funcional das SCs, passarei 4 con- clusdo. 4-CONCLUSAO Neste artigo, considerei as Sentengas Clivadas produzidas no dis- curso semicoloquial oral do Rio de Janeiro. Inicialmente caracterizei-as ¢ exemplifiquei-as. Mostrei que, além da disposigéo peculiar de constituin- tes, 0 contorno entonacional € a localizagao do acento primdario no Cons! tuinte 1, levando a sua focalizagéo, sdo tragos definidores destas cons- trugGes. A seguir, propus categorias que permitissem captar a estruturagao t6pica/subtépica dos trechos discursivos em que as SCs apareciam e indi- quei como CLIVs podem ser utilizadas na sinalizagéo de fim de subt6pi- co discursivo. Revelei que esta interpretagdo se reforga pelos resultados de duas outras varidveis, mudanga de turno e ocorréncia de pausa. Por fim, mostrei que a compreensao das SCs implica a aceitacao da sua maleabilidade funcional. Este funcionamento, desconcertante para 0 analista, que nao consegue descrevé-lo com formulas rigidas, € uma de- corréncia do maior grau de liberdade de que os interlocutores dispoem a nivel discursivo ¢ interacional. Torno minhas as consideragées de Ricardo Reis: “Procurar cobrir com uma unidade estas variedades é talvez tao absurdo como tentar esvaziar 0 mar com um balde, no por ser obra impossfvel, havendo tempo e forca ndo faltando, mas porque seria ne- cess4rio, primeiramente, encontrar na terra outra grande cova para 0 mar, € essa jd sabemos que a no ha suficiente, tanto mar, a terra tao Pouca (Saramago, 1988, p.66). 124 Organon 18/1991 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BRAGA, M. L. & BOTELHO, M. A. P. Advérbios: caracteristicas e diferengas quanto a sua posigao na sentenga. In: Encontro Nacional de Lingiiistica, VII. Rio de Janeiro: PUC, 1983, BROWN, G. & YULE, G. Discourse Analysis. Cambridge: Cambridge University Press, 1983. CHAFE, W. Cognitive constraints on information flow. 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