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ASL CURE Os pilotos de asa delta sé se langamnoar, depois de terem se certificado de que as condig6es de véo 880 absolutamente segu- ras, € 0 equipamento, per- feitamente vistoriado. 0s flos e cabos da Pirelli US a dalieiste jaborados, observando minuciosamente todos os detalhes de cada fase do processo produtivo para garantir a qualidade to ae Nossos cabos, Sn? além de energia, transmi- tem confianca. ALTO-FALANTES CAPA 2 (© dia em que o homem (Os humanos modernos surgiram hd no mais de 200 mil anos, na Africa. Eo que asseguram a Antropologit-e a Genética 18 TECNOLOGIA Colosso de rodas O trem de pouso dos avides suporta os maiores impactos; uma proeza de engenharia 26 NATUREZA Belos ¢ mortiferos nudibranquios Espléndidos como borboletas, sao ferozes predadores do mar 32 ESPACO A conquista européia Paraser uma poténcia espacial, a Europa quer lancar dez raves ao Cosmo es ull 40 BIOLOGIA © corpo. em ‘SUPER FEVEREIRO 1990 AMBIENTE 0 fim da natureza Oefeito estufa est acabando cam ‘que anatureza ial, a sua diz um polémico livro americano ASTRONOMIA Quase uma estreia Fapiter, 0 maior planeta j do sistema solar. uma descomunal bola de gases que a sonda Galileo deve alcangar no final de 1995 60 PERFIL eee Maomé — reli © poder (O fundador da mais nova das erandes religiées do mundo, o islamismo, era um guardador de rebanhos, 6rfio de pai, nascido ha 14 séculos 66 ee Cartas dos leitores Capa: iueracao titan Rocrques Aves SUPERINTERESSANTE Wro2 Nos e os computadores ‘Tenho © prazer de apresentar a primeira edigao de SUPERINTERESSANTE inteiramente feita em computador. Nao se trata de uma novidade qualquer, pois representa uma verdadeira revolugao no trabalho de produzir uma revista, Nao por acaso nossa Redagio foi escolhida para essa experiéncia que, em breve, se estendera as demais publicagdes da Editora Abril. Afinal, a revista destinada ao Ieitor curioso, atento ao progresso da ciéncia ¢ da tecnologia, é feita por jornalistas portadores dessa mesma viriude benfazeja, Foi um ano e meio de reunides sucessivas, estudos e mais estudos para escolha nao apenas dos melhores equipamentos programas, mas também das mesas e cadeiras, da melhor localizagao de cada membro da equipe dentro da nova Redagao, das fontes de iluminagao_ etc. ete, Trabalhamos com um conjunto de microcomputadores ligados em rede, no sistema que Produzir textos agora jé dispensa as laudas e as canetas os especialistas chamam desktop publishing, ‘expressdio inglesa que signitica algo como editar uma publicacdo diretamente da mesa de trabalho. Concebido para permitir que uma tnica pessoa, de sua mesa, execute todas as tarefas necessirias & edi¢ao de pequenas publicacdies — por exemplo, relatorios, news letiers, jornais de empresa —, seu uso inevitavelmente se estendeu a grandes publicagdes, e nisso nos orgulhamos de ser pioneiros no Brasil. No nosso caso, 0 trabalho nao termina na impressora a laser, suficiente quando muito para produzir as copias necessdrias dos relat6rios ou dos jornais de empresa. Vai além, até a produgao dos filmes que, enviados a Grafica da Editora Abril, tornam possivel a impressio das 6 varias centenas de milhares de revistas das tiragens normais de SUPERINTERESSANTE. No processo, para nés antigo, os artigos escritos pelos redatores editores so enviados a0 Departamento de Texto, que se encarrega de passé- los para um papel cuché especial conforme especificado na 3 paginacdo — esta Wels e Kiko travam uma amigavel_ uma delicada escaramuca todos os meses operagao onde se divide 0 espago adequadamente entre texto ¢ ilustragdes. Aqui em SUPERINTERESSANTE termina, invariavelmente, numa amigével polémica entre o redator-chefe Luiz Weis ¢ 0 editor de arte Arlindo Gonealves Filho, Kiko para todos nés. Sempre h4 mais texto e ilustragdes do que espago e cada um quer cortar ‘© excesso na seara alheia, obviamente. As vezes preciso recorrer & minha arbitragem, mas de um jeito ou de outro restabelece-se a paz. Cabe entao aos diagramadores montar a arte final de cada pagina, colando texto, titulos, legendas nos lugares certos deixando abertos os buracos onde sero encaixadas as ilustragdes, Tudo isso vai para a Grafica e 0 que acontece lé voce ja sabe — lembra do artigo "A arte de imprimir revistas". da nossa edigao de setembro pasado? No novo sistema, redatores e editores escrevem, como jé disse, em microcomputadores ligados em rede, o que permite que os textos circulem de um a outro, conforme as necessidades. E depois, que cheguem até ao Kiko, na Arte, onde hd outros computadores especializados em paginagao e ilustragao, também ligados a rede. ‘As vantagens para os diagramadores 840 muitas, € a principal ¢ que 0 texto se distribui quase instantaneamente pelos Jocais a ele reservados, 0 que permite ensaiar muitas vezes antes de decidir pela melhor solugéo. Algumas coisas, ¢ claro, continuam como sempre foram — por exemplo, 0 excesso de texto e de ilustragdes e a conseqiiente escaramuga entre Kiko e Weis. Afinal, nem a mais, moderna tecnologia pode resolver todos os problemas, O resultado disso tudo so os filmes que ‘nos permitem pular um bom pedago do trabalho feito na Grafica, Jé deu para voce pereeber que aqui ha nova redagio de SUPERINTERESSANTE nao usamos mais papel. Se esse no é o fruto mais fascinante do emprego dessa aparelhagem, é sem diyida o mais aflitivo, pelo menos para mim. Depois de mais de trinta anos batendo maquina em redagoes de jornais ¢ revistas, enxergo um bom pedaco da minha vida indo para 0 depésito de coisas inGteis junto com a velha Olivetti. Devo, agora, lembrar algumas pessoas com direito a compartilhar conosco este momento de vit6ria, Por exemplo, os companheiros da Grafica que nos ensinaram a cumprir com apuro as tarefas que deles herdamos, na produgio dos filmes, ou os ue se esmeraram na montagem de um meticuloso plano de manutencao, para garantir que as miaquinas sobrevivam as nossas inevitaveis barbeiragens de prineipiantes. Ou ainda os que improvisaram criativas solucdes para permitir que uma paraferndlia de fios e cabos passe pelas mesas sem riseo de acidentes ou, o que & pior, que algum computador brigue com 0 ‘outro. Alguns nao posso deixar de citar nominalmente Por exemplo, Nivaldo Foresti, Giancarlo Civita ¢ Siilio Bartolo, idealizadores do projeto ¢ comandantes do Comité de Automacao Editorial. Nivaldo, especialista em computadores, ar matreiro Nuvaldo 9 Julio, noss08 re rdado, quem sabe, de antepassados siciianos, 6 capaz de onvir sem espanto qualquer reclamacao, por absurda que seja, e prometer soluclo para amanhd. Quando ela vem, em geral nfo é amanha nem parece uma solucio, mas © problema sem divida se foi. Jélio, ao contrério, jornalista de sdlida reputagdo, ataca as questoes pelas bordas com sua fala mansa, de modo que nunca se sabe exatamente aonde quer chegar, Invariavelmente ele chega & prova de que o dificil é possivel e, portanto, de que © imposstvel nem existe.Um paragrafo especial merecem 0 Marcelo Cosi, a Eloise Alexandre ¢ a Marcia Baldy, comandados pela Ana Simoes, a Nita. Aqui chegaram meses atrds, falando em bits € bytes, tentando aprender como se faz uma revista a fim de, digamos numa licenca postica, ensinar 0 oficio aos computadores, Decifraram programas, juntaram coisa com coisa, aprenderam algo nos ensinaram muito. Marcia, é verdade, acabou trocando nossa companhia a dos computadores por um ar menos poluido, ld pelos lados de Mato Grosso do Sul, Mas hoje ha quem imagine serem Marcelo e Elotse funciondrios da Redacao, e naa da Geréncia de Sistemas/Texto, tamanha sua identificacio com nosso trabalho. Kiko, por exemplo, 86 enfrenta o computador na companhia de Marcelo, nas solugdes que saem dessa parceria jd no se consegue apontar com seguranga quem mostrou a tecla certa a apertar e quem sugeriu 0 melhor achado visual Ha ainda as mogas dos Recursos Humanos, sob 0. ‘comando da agitada (pois est4 sempre inventando alguma novidade) Rugénia Pomi, a saber: Nicéia, Riibia e Carmen, Primeiro, elas também aprenderam como se faz uma revista; depois, como se usa um computador. Criaram um programa especial de treinamento, prepararam apostilas, colaram no nosso pé, vigiaram nossa satide — e aqui estamos nds, todos aprovados com nota 100, enfrentando essas maquinas formidaveis sem traumas nem receios, colunas eretas e cuca fresca. Pudera, com tais professoras, aig eu, veterano do tempo ém que computador signiticava apenas traballrar em precdrias condigdes fisicas, como diria 0 Fausto Silva, companheiro de antigas e inesqueciveis batalhas sindicais Almyr Gajardoni ‘No computador, uma paginacao com mais alternativas Eloise 9 Marcelo: profssionals ‘0 paginagao ou computagdo? Estacao espacial inflavel No vigésimo aniversério da descida do homem na Lua, ano passado, 0 pre~ sidente americano George Bush disse ‘que os Estados Unidos devem preparar © estabelecimento de uma base lunar e ‘envio de um homema Marte. Osmais e6ticos nao levaram a sério a proposta porque ela custaria cerca de 400bilhoes de délares em trés décadas— tres vezes a divida externa brasileira, Um grupo de cientistas do labaratorio Lawrence Livermore, na California, propos um projeto alternativo, que custaria ape- nas 40 bilhoes de dolares: utilizar es Iruturas inflaveis, tanto para montar a base lunar como para uma estagao orbital que faria as vezes de escala obrigatoria de reabastecimento das naves em viagem. As estruturas seriam confeccionadas em Kevlar. uma ibra muitoresistentee muito leve, no lugar das estraturas grandes e pesadas feitas de metal. pre- vistas na proposta original. A estagio inilavel, por exemplo, seria langada a0 espaco a bordo cle um tinico foguete. E consistiria em sete médulos, cada um medindo 5 metros de largura pot 15 de comprimento, capaz de abrigar uma tripulagdo de cineo astronautas, a ern Preerrrnay Pigmento pode frear o cancer Uma familia de mais de quinhentas substéncias, parentas da vitamina A, parece interromper a proliferacto de ‘células cancerosas. Trata-se dos earo- tendides, pigmentos presentes em abundancia no tomate, na cenoura, nas verduras verdes em geral, na gema do ovo e no dleo de tubara0. Pesquisado- res japoneses warantem gue, ad menos emtubosde ensaio, dosesconcentradas Substancias nas verduras podem diminuir tumores de carotendides diminuem sensivel- mente avelocidade dadivisiode eelulas, eocincer, por definicdo, éa multiplica 30 desentreada de uma eclula. O pro- blemia € que os japoneses nao fazem a menor idéia de como os carotendides agem. Talvez.se liguem ao oncogene, 0 gene viral que comanda a divisao celu- lar. atrapalhando assima sta atividade. Mas isso nao passa, por enquuanto, de tama suspeita . Grande Atrator ganha forma s astrénomos suspeitam ha alguns ‘anos que os corpos celestes da Via fctea © das galéxias vizinhas estio sendo puxados inexoravelmente para lum mesmo ponto do espago na diego daconstelagaode Hidra-Centauro,mas alguns milhoes de anos-luz mais adi- ante. O Grande ‘trator, como fo chamado o lugar, seria uma incalc lével concentracio demassa, provavel- mente resultante de um enxame de ga- Iéxias, impossiveis de serem observa das porque esta~ riamno mesmopla- no da Via Léetea. Agora, pesquisado eS australianos que trabalharam no radioobservat6- rio de Canberr: afirmam ter localizado indiretamente © Grande Atrator a 24) milhoes de anos-luz da Terra. Isso foi possivel indiretamente pela analise da velocidad de expanséo de grande ntimero de galaxias naquela di Fe¢do, Segundo esses observadores, 0 Grande Atrator teria um formato irre- gular; lembrando um novelo de cordas roladas como um cilindro. Segundo (0s astrOnomos, as pesquisas sobre 0 Grande Atrator t€m importantes con- seqiéncias para os estudos sobre a posicao das galdxias e a densidade da matéria do Universo. . SUPER FEVEREIRO 1990 estdnas bancas o superposter A. Relatividade em quadrinhos. Ei suas dezesseis paginas, de um lado | hd um grande retrato de Albert Einstein; do outro, sucintas explicacdesdospontosprincipaisda Teoria, com esses titulos: O enigma dotempo, A matériadaenergiae a (O atlas tem 514 ilustracdes com ricos detalhes Uma viagem da cabeca aos pés Quando era estudante de Medicina, Frank Netter passava as aulas dese nhando enquanto seus colegas toma yam notas. “Eu descobri que aprendia melhor desenhando 0 que os profess0 resnosensinavam” conta, Hoje, coma invejavel idade de 83 anos, Netter é re conheeido como um dos maiores ar- listas de Anatomia de todos os tempos. Sua longa carreira foi coroada hi tres mes¢s com a publicacao, pela empresa multinacional Ciba-Geigy, da mais completa obra de Anatomia jé reunida emum nico volume—o Atlasde Ana- tomia Humana, Sao 574 paginas ¢ 514 ilustragdes com detalhes dos pés cabega ricamente desenhados. Produto de dois anos de trabalho, o atlas atualizou alguns Angulos anaidmicos a partir de novas tecnologias mécicas, como citurgia de coracdo aberto ou mesmo transplantes. “A Anatomia em simesma ndo muda, mas a forma como aolhames sim”. justiica Netter. SUPER FEVEREIRO 1900 | Superposter sobre a Relatividade energia da matéria, o Big Bang, Espago curvo significa espaco apertado, Hé,ainda,umacronologia da Relatividade que comecanonas- cimento de Einstein, em 1879.€ vai até sua morte, em 1955. O trabalho & uma eriagao do jornalista Flavio Diegueze asilustragbes sfode Gisé Relax para o coracao Caminhadas, meditagao, iogae ainda uma dicta vegetariana. Nao se trata da programagio de um spa, mas sim do trata- mento que alguns eardiologis- tas americanos sugerem para curar a aterosclerose — obs- trucdo das artérias por coagu- los que leva a problemas fatais, como o infarto, Ninguém nega que certos hébitos, como ndstica, previnem doengas car- dfacas, mas € a primeira yez que se afirma que determinado estilo de vida pode até reverter aaterosclerose, semo uso de medicamentos. Com auxilio de modernos computadores, os médicos acompanharam a evolucao da doenca em dois grupos de pacientes —um que Tecebeu tratamento convencionala ba- se de remédios e dieta com pouca gor- dura; outro que adotou exercicios de relaxamento didrios ¢ a dieta vegetari- ana, Apéstum ano, asatide de apenas 10 por cento dos pacientes do primeiro ‘grupo melhorou, Oito em cada dez pa- eienies que praticaram ioga, porém, di- minuiram a obstrugao das artérias. loga pode diminuir o risco de infarto Um doce sabor de mistério Desde que 0 agticar de eana comegoua ser extraido na {ndia, hé mais de 2 mil anos, ohomem tomou gosto pelo doce. Atualmente, 0 consumo global de agi care adogantes movimenta 10 bilhOes de délares por ano —algoem torno de um. décimo da divida externa que 0 Brasil tem que amargar. Mas, por incr vel que pareca, até ha pouco tempo os quimicos nem sequer desconfiavam 0 {que fazia uma substancia ter esse sabor que tanto agrada, Afinal, a dogura nao Quimicos buscam a recelta da docura uma propriedade quimicacomoaaci- dez, O aspariame, por exemplo, € um aminodcido e, no entanto, chega a ser duzentas vezesmais doce do que 0 ac ar. Quando, porém, os dtomos da mo- Iécula de aspartame sao arrumados de outra maneira, a substincia se torna amarga. Daf suspeltar-se que o que confere oadocicado 6 0formato da mo- iécula, 0 qual permitiria um encaixe perfeito em receptores especializados do paladar. Ao menos em varios ado- ‘gantes, 0s quimicos descobriram que 0 Segredo 6 haver dois ancis de étomos formando uma letra L — o sabor se altera quando o Angulo deixa de ser re to, Mas como as moléoulas de agtcar fo flexiveis, fea dificil saberseseguem ‘omesmomodelo. Ganhaum doce quem desvendar 0 mistério. . 9 Altas energias a baixo custo Os cientistas que tentam descobrir os mistérios da matéria provocando coli- sBesentre elétrons tém nos custos cada ‘vex mais altos dos ace leradores de par tieulasumobstéculo tesanimador. Para superar essa barreira, pesquisadores do Laborat6rio de Argonne, em I EstadosUnidos, estaoprojetandooque chamam de acelerador de campo ativa- do. Dez vezes menor que osmais pode- Toso — como 0 recentemente inau: rado acelerador de Genebra, que mede 27 quilometros —e muito maisbarato, tle se beneficiaré de uma tecnologia que pode ser eficiente justamente por- que explora a simplicidade. A medida que um feixe de elétrons corre por dentro de um tubo de argila revestido Novos aceleradores para superar @ barreira dos custos ee ee de aluminio, os étomos da parede des- se tubo adquirem momentaneamente carga positiva. Essa carga positiva mé- velatrai, por sua vez, outro feixe de elé- trons que vem atrs, acelerando sua ve~ locidade. Assim, quanto mais répido 0 primeiro grupo de elétrons passar no tubo, mais rapido passard 0 segundo grupo. Embora ainda sejam ni jos pelo menos cinco anos de sas para se ter certeza de que essa tec- nologia funciona, os cientistas estdo apostando muito numa futura geracio de ultrapoderosos aceleradores de campo ativado, . 10 Diminui¢ao do buraco lusao Quando os satélites meteorolégicos Tegistraram, ano passado, uma dimi- nuigdo no tamanho do buraco na cama- da de ozOnio sobre a Antértida, cres- ceu a esperanga de que o fendmeno se- reversivel. Um ano depois, essa pectativa foi derrubada pela consta- tagio de que 0 buraco nao ficou menor, foi t4o-somente comprimido por uma ‘onda atmosférica. Formada por ventos estratosféricos, essa onda tem o nome cientifico de oscilacao quase bienal,cujo mecanismo de agio ainda é desconhe- ido. Sabe-se, porém, que é uma onda de ventos cieliea, que muda de direcio todos 0s anos. Ano passado, ef se mo: Vimentou em direcdo 20 polo sul, es- premendo o buraco. Este ano, a onda esta se afastando do pélo. ¢, por isso mesmo. aliviando 0 buraeo, que voltou ‘a0 tamanho recorde, de 1987. . A hipermemoria do chip 3-D Nem comecaram adar frutos as pesqui sas para construir um chip dtico —a pequenissima plaguinha de circuito integrado na qual a informagio trafega Ce ens Cons Cee ane ces por sinais de luz (SUPERINTERES- SANTE niimero 10, ano 3) — e dois guimicos americanos jé esto propo doum novo chip, aindamais revolucio- nario: no s6 pela forma, iridimensio- nal, semelhante a um dado, mas sobre~ tudo pela capacidade de informagées — mais de 6 bits, uma colossal enormidade compa- ‘a0 contelido completo de quase 7 mil edigdes desta revista, Hoje. 0 mai poderoso chip eletrOnico ainda em fase experimental pode armazenar 16 mb Ihoes de bits. Os cientistas propdem encher pequenos cubos de plistico transpa- Tente com substncias ehamadas foto- cromicas, cujas moléculas mudam de cor quando iluminadas por um breve periodo, Como um bit representa um As cores fornecem 0 codigo binério ‘SUPER FEVEREIRO 1200 ‘cuito convencional, a nova idéia € fazer ‘com que um feixe de raios laser atinja determinada molécula da substancia, que poderia entao ter dois tipos de teacao: mudar ou nao de cor. eriando ‘assim 0 cédigo bindrio com o qual tra- balliam os computadores. “J4 mostra- ‘mos que a idéia funciona”, diz Peter Rentzepis, um dos cientistas, “Mas ainda estamos fonge de conseghir era- var bilhes de bits.” O esforgo, porém, promete, como atesta meia dizia de utras equipes de cientistas que pes- quisam a mesma idéia . Nova dimensao na tela de TV A televisdo com imagens tridimensio- nais ou hologtdficas j4 existe — no laborat6rio do fisico argentino José Joaquin Lunazei, da Universidade de José Lunazzi, da Unicamp: ‘estéreo visual Campinas. Segundo o pesquisador, que trabalha i 20 anos no campo da holografia, o searedo est na tela es pecial que ele eriou com 1 500 linhas or milimetro € microestruturas que fundem as imagens projetadas. E o que OS MAIS SENSACIONAIS AVIOES DE GUERF chama de “estérco vi- sual”, pois a cena é captada por duas ca- meras de video dispos- tas lado a Jado, como 5 ollios humanos, ¢ projetada separada- mente sobre a tela. através de lentes ‘O equipamento dis- pensa tanto o uso de Gculos para ver a te ceiradimensio quanto oraiolaser geralmente necessario. aos holo- gramas. O desafio de Lunazzi, agora, étesol- ver os problemas de brilho da imagem, que ainda restringe a projegéo a ambientes escuros, ede Angulo de visto, que obri- ga oespectador a ficarem determinada posicdo paranao perderanocaade pro- fundidade. “A solucdo ainda vai derno- . A Cera Grand Prix acredita que todo carro nasceu para brilhar. E quem anda dentro deletambem. Para isso, criou trés ceras: Grand Prix para pinturas normais ou em bom estado, Grand Prix Metalic para pinturas metalicas ou novas e Grand Prix Revive para , pinturas queimadas e oxidadas. Usando sempre Ceras Grand Prix, seu carrousadovai parecer um carro novo e seu carro novo Nao vai parecer um carro usado. Ceras Grand Prix. Brilho e protecao facil, facil. Para o seu carro e para voce, Johnson A ‘Um homem de 1,80 metro em pé na praia vé o horizonte @ 5,6 quilémetros Horizonte Qual a distancia até o horizonte? (Rodolphe Prefer, S20 Castano do Sul SP) ‘altitude ¢ as caracteristicas geogra- fleas locais definem a distancia de uma pessoa ao ponto em que o céue a terra parecem se encontrar. Assim, quanto mais alto o ponto de vista, mais distante aparecera essa linha imaginaria, Em terra, onde montanhas e vales com- poem ocenério, ohorizonte ¢ irregular, mas em mar aberto ¢ circular. Para um homem de 1,80 metro em pé na praia, portanto ao nivel do mar, o célculo padrao, que supde o planeta perfeita- mente esiérico, ce 0 horizonte ao redor de 5,6 quildmetros. Coma © que 6 coma? (Julio Henrique, S30 Paulo, SP) E a completa falta de conscié caracierizada pela perda de reagi nervosas ao estimulo externo, Exister comas mais ou menos profundos, pro- voeados pelas mais variadas causas: metabilicas (como o diabete), infec- Giosas (meningite), ou produzidas por choques violentose tumores. Em geral, 0 casos mais profundos, que podem durar indefinidamente, so causados pela pouca ou nenhuma oxigenagao do Cérebro, gerando lesbes irreversiveis, 14 A morte cerebral indica que a pessoa esta definitivamente desenganada, ainda que seu coracao continue baten do, O mais longo caso conhecido de coma é 0 da americana Karen Ann Quinian (1954-1985), que permaneceu dez anos nesse estado. Arroz Por que se joga arroz nos noi vos? MarcosMatot Sate. Ardradina, SP: loor C. de Abreu, Araauer, MG: Vinious Telos Sanches, Sorceaba, SP; 0 José Lu iano Necomucenoda Siva, ioce Jane, Au) ‘Acreditarse que a tradigfo tenha se Cristo. Naquela época, 0 arroz ja era simbolo de’ fartura eo folclore local conta que um poderoso mandarim — titulo de fidalgo chinés— fez comque 0 casamento de sua filha se realizasse sob uma “chuva” de arroz para demonstrar a vida farta de seus herdeiros. Com 0 passar do tempo, a vaidadedesse chin veio a ser partilhada pela maior parte dos poves no mundo inteiro. Qual a origem da batuta? (Francisco \ucié de Olvera, Guruol, TO) Acredita-se que 2 batuta (termo de origem italiana que quer dizer batid: compasso) passou a ser adotada origi ariamente na Europa da Idade Mo- derna,afimdemarcaro ritmo damusica gentes faziam essa ga segurando um rolo de pautas (ou batendo uma pesada vara no chao. ‘A fama do compositor chissieo alemio Ludwig van Beethoven (1770-1827), que possufa uma batuia, certamente ‘ibuiu para adifusa0 do habito que, entretaito, até hoje tem opositores. O seu tamanho varia entre 15 e 25 centi- metros e atualmente ¢ feita de madeira leve, celuldide ou mesmo plistico Comece a 150. On A linha de impressoras da Elebra come: a.com a Olivia, do jello que voce precisa 150 caracteres por segundo. Resultado a aplicaezo das mals modemas ‘ecnolo- gies, a Olivia teve projetados em CAD Seu mecanismo sua placa aletronica, Ela tem aié mesimo um chip feito sob medida. aso trouxe ganhos om custos © em qual dade, que a tornarami mais compacta, leve fe economice. Moderna ¢ versati, ela imorime em Quali dade Carta ¢ Dados, aceita tipos adicionas Ge caracteres © 6 vel com tacos os softwares gréfces do mercado, Trabalha com Impressora maincial de 150 ca- Facteres por + Carrodo {2 polegadas © Sels geredores de earactoros residontee + Soto onsidades do Impress40_ 8m) ‘Quaidade Dadse * Condansaean em Quavkade Caria Fonte Ake faliva* Sate dencidaces grafoas (@e604240portos porpolegad) ' Impressso bicireconal, com bbusca logica » Formulario cont ‘nig folhas sotas » Tabulacoes Sertcale horizontal « Salo aute- falco de pagina » Almmentacao, {de papel por cima, ‘qualquer micro, Acelia formulériocontinuo ® folhas soltes em até duas vias, como ganhar tempo ¢ fundamental, ela libera o micro enquanio trabelha, pois sua Memoria 6 capaz de armazenar oll. péa)- fas de texto, Comece bem. Comece rapido, Comece com a Olivia. Produtos Elebra. Qualidade, tecnologia e o suporte da Rede Nacional de Servicos. ‘ S6 a Philips poderia deixar a Cidade Luz muito mais luz. Pacis eur os uC ke eee tere ace eed Ree ee cetera ee itd exer Nore eae Ca Cone) Greene one ae uci) Bren tee) ois emcee aM Okun umes) Ree ac cee al pe ua 4 Peete ue Me maiores ou menores que a Torre Eiffel Philips Lighting. bred fof) am PHILIPS m algum momento do_pas- sedo, entre 92 mil © 45 mil ‘anos airs, numa caverna nos arredoresde onde hojeexiste a cidade de Nazaré, em Israel, um gru- po de homens, mulheres e criancas ‘olhou para 0 horizonte e viu se aprox mar outro grupo de individuos que, de Jonge. tinham uma aparéncia familia Quando 0s forasteiros chegaram mais perto, porém, os moradores da caver- na perceberam que aqueles nao eram seus semelhantes. Enquanto os habi- tanies do local tinham pele escura, estatnira mediana ¢ andar equilibrado, 6s recém-chegados eram claros. atar racados ¢ cambaleavam. Apenas uma caracteristica era comum a todos: a cu- riosidade reciproca. Os da caverna — que viria a ter 0 nome de Qafzeh — faziam parte de uma espécie que ago acieneia identifica como Homo sapiens sapiens, oS humanos anatomicamente modernos. Maisainda: eram, 20 que tu- do indica, os primeiros representant dessa. espécie. Os visitantes, por sua 7.vindosdas terrasgeladas da Europa, também eram humanos, mas de outra variedade, possiveimente mais arcaica, a dos Homo sapiens neanderthalen- sis — os homens de Neandertal A convivéncia compet destruiu o neandertalense A origem do primeiro sapiens sapi- ens esteve por muito tempo ligada a0 homem de Neandertal. O ser humano modemo eraciassificado como perten- cente ao género Homo, um primata da familia dos homindios, espécie sapiens (Sabio). E 0 Neandertal era tido como um antepassado direto nao sapiens, 0 Homo neanderthalensis. Mas, nos Ul timos cineo anos, descobertas arqueo: légicas e pesquisas de laboratério tem mostrado que essa concepgao.estaerra- da. Os humanos de anatomia moderna — subespécie sapiens sapiens — nao descendem daquele homem das eaver- has européias, cujos {osseis foram ‘achados pela primeira vez em 1856, no vale de Neander (dato nome), Alema nha, Os aniropdlogos agora acreditam também que aconvivénciacompetitiva com os sapiens sapiens foi o motivo da extingdo dosneandertalenses (veja qua- dro). Essa nova concepcao da origem do homem atual tem causado um aca lorado debate entre os especialistas no assunto. AsrazGes para a excitagao so muitas, com um ingrediente perturba dor auicional: a entrada em cena dos geneticistas num campo antes exclusi- Vo dos especialistas em ossos pedras 20 Cee ure Merger ret ee esr A historia queasnovaspesquisasestao contando é que os humanos modernos surgiram hd cerca de 200 mil anos na regido central da Africa, a partir de onde ieriam migrado para a Europa © Asia, através do Oriente Médio, prova- yelmente competindo pelos recursos alimentares disponiveis com humanos mais primitivos e tomando 0 set lugar. A teoria até entao mais accita sobr origem do ser humano moderno come: gow @ desmoronar em marco do ano pasado. Christopher Stringer, clo de- pariamento de Paleontologia do Mu seu Briténico de Hist6ria Natural, e sen colega Peter Andrew publica trabalho na revista americana Science expondo uma hip6tese revolucionéria Para tanto, os dois pesquisadores in- gleses nao apenas estudaram a fundo achados recentes de {6sseis como se valeram do apoio de outra pesquisa, como a biogeografia © a ecologia. Sem serem dogmaticos, Stringer € Andrews dizem que as maiores eviden cias “favorecem uma origem recente para ‘© Homo sapiens piensna Africa”. cris- talizando o que jé era (0 popu la pela ori- n também africa: na dos primatas. Até ha bem pouco tem: po, os cientistas esti- am inclinados a acreditar que 0 hu: manomodernosursiv na Europa © que os fasseis do homem de Cro-Magnon. encon- trados na Fra a OL nuit apace de Ferrassie (Franca), extinto no Peer ee ar 2 cranio de um sapiens rosea teen a re eed Cada um a seu tempo Homo habits erectus Homo Homo sapiens, (areaice) Homo sapiens {imoderno} Homo sapiens (neandert) ‘Oesquema mostra 0 periodo em que viveu cada uma das espdcies humanas, inclusive o tempo em que foram contemporaine: ea 1868, seriam uma prova disso. Outra prova estaria nas espetaculares caver has vom pinturas, nosul da Franga eno norte da Espanha, Convencidos, a partir de novas evi- dencias, de que enxergavam a verda deirs pré-hist6ria daragahumana, Strin- SUPER FEVEREIRO 1990 © Andrew sustentam que tndo teria comegado nosul da Africa. O Homo erectus — que na escala evolutiva dos primatas sucederia o Homo habilis € seria o Giltimo antes da Tinhagem sapiens arcaica, tendo vivid entre 1,6mi Thao e 300 mil anos atras (SUPERINTERESSAN TE numero 9, ano 2) — comegow a deixar sua ter~ fa natal hd cerca de 1 mi Ihao de anos, motivado principalmente, supdem bs cientisias, pela curio. sidade de saber 0 que havia além do horizonte. ‘Acompanhando 0 traga do doquesechama hoje 0 Vale da Grande Fenda Africana — que vai do norte de Mocambique até onortedaEtiopia, reche ado de rios € lagos ao longo de seus 3 840 quilo: metros —, chegou. pas: sados muitos séculos. a0 Oriente Préximo, de on de, finalmente, alcangou a Europa eva Asia. Registros fosseis mostram que populacdes de erectus existiram nes. ses dois continentes até 300 mil anos atrds. “Desse ponto em diante”, diz Stringer, “comecase a ver sinais de nudanga nos achados: com a presenga de f6sseis, ja ndo mais do Homo eree- tus nem tampouco de humanos mo: demos.” Na verdade. eles apresentam um mosaico de caracteres de aml espécies. Um desses mosaicos, ocrénio de Petralona, foi desenterrado de uma cayerna distante cerca de 48 quilom tros de Salénica, no nordeste da Gi cia. “E certo que nao se tratava de um Homo erectus”, assegura Stringer Mosaicos similares — que lembram 0 Homo sapiens arcaieo — foram desen- terrados em. varios lugares da Gra- Bretanha. Alemanha, Oriente Préxi- moe Africa Candelabro versus Arca de Noé indicagao de que alguma coisa nova, ndo percebida antes, aconteceu na pré-historia humana entre 300 mil 50 mil anos atras— periodo emquesecompletoua metamorfose do Homo crectus Homo sapiens sapiens, passando pelo Homo sapiens arcaico (Veja esquema), Aqueles achados alimentaram duas interpretagses opastas sobre como se dew a revolugio no desenvolvimento do animal humano. A primeira, co- nhecida como teoria do candelabro, pde grande énfase na cultura — que compreende organiza¢io social, ritu- ais, divisdo do traballto, tecnologia de armas e ferramentas — como motor 21 As diferencas raciais sao recentes da evolucao nos estégios mais recentes da pré-historio humana. A cultura, no- Va € poderosa forca de selecao natu- ral, teria influido em todas as popula- goés de Homo erectus espalhadas pelo mundo. Impulsionadospor ela, os ere lus teriam eyoluido de forma inde- pendente até o Homo sapiens sapicns m varias partes do planeta. “Apelidei essa concepgao de teoria do candela- bro”, diz 0 antropélogo William Ho- wells, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, “para destacar que a Tamilieagao aconteceu prdxima a base da drvore evolucionsria.” Se foi assim, x origem dos humanos modernos em todo o mundo nao teria envolyido mi: gragoes recentes. As diferencas raciais, de hoje seriam maiores e mais profun- das que tao-somente a cor da pele. A Segunda interpretagao, que tam hém Howells denominou hipétese Area de Noé, favorecida pela maioria dos cientistas, afirma que 0 Homo sa- ndente dos Homo Erectus que permaneceram em solo airicano, teria surgido num dinico lu= gar — a regido austral da Africa. A. partir dali, grupos teriam se espalhado por todo o planeta (vefa mapa) substi- iuindo as populagdes humanas pri- mitivas. Se for essa a teoriacorreta, 0 homem anatomicamente moderno se irradiou do eentro de origem, num mo- vimento ondulatorio semeihante ao provoeado por uma gota que eai num halde de agua, As diferencas raciais existentes na humanidade, portanto. seriam muito recentes. A Africa foi o berco do homem moderno Existe uma certa resisténcia e aceitara woria do candelabro porque & Uifieil crer que resultados biolégicos semelhantes tenham acontecido simul- taneamenie e de formaindependente’ explica o professor Walter Neves, que coordena 0 Programa de Biologia Humana do Museu Paraense Emilio Goeldi, em Belém, ¢ que recentemente discutiv o assunto numa visita que fez a seu colega Stringer, em Londres. Mesmo assim, continuo partidario dessa teoria.” Essa fidelidade se baseia no queele acredita sejam evidenciasde uma *sapientizagao” simultanea acon= 22 tecida na Europa Orjente Medio, Asia e Alrica. Fésseis de seres de aparencia convincentemente moderna ¢ com ida- des bem mais antigas foram encontrades da Europa. Um desses fésseis jazia no Monte Carmel, proximo de Haifa.em. Israel. Numa cave na, Mugharet es Skhal, os restos de dois individuos mos- tram tragos que, em- bora nao completa mente modernos, p: recem mais avanga- dos que os do Nean. dertal. Submetidos ao tesie de datacio, alcanearam aidaded 45 mil anos e por isso mesmo tém sido con- siderados por alguns antropélogos como remanescentes de uma populaedo inter- mediaria enire 0 N anderta] e 0 Homo sapiens sapiens. FOs- sels de outra caverna proxima, a jd citeda Qafzeh, também preenchém esse padrao. Sa0 0s vest ios de onze individuos, todos com no- tavel aspecto moderno. O maisimpres sionante é sua idade: 92 mil anos, duas veres mais do que todas as datas pre viamente estabelecidas para os huma nos modernos euronevs. Isso fortal cea hipotese deum fendmeno de subs- timigao de uma espécie por outra nessa Os ossos do neandertal mostram: ele era robust parte do mundo. Essas novas descobertas represen- tam para alguns antropdlogos evide ciasconyincentes de que o humano mo: derno teve berco alri¢ano e nao outro, A Genética reforga essa tese, Os antro. pologos que estudam os fOsseis dese. nham a arvore geneal6gica da espécie humana fazendo comparagoes entre a anatomia dos ossos desenterrados € a SUPER FEVEREIRO 1990 \ thas i é Evens Wi SS Rebecca Cann aralisa o mapa de DNA mitoconctial dos seres atuais, E-um trabalho de bai- xo para cima no tragado da aryore ge- nealégica. Com os geneticistas acon- tece ao contrério. Eles tm apenas as extremidades dos ramos dessa arvore para trabalhar — as populagdes. hu- manas modernas. Seu objetivo é dk terminar ha quanto tempo asetnias que compoem a espécie humana —negros, amarelos, caticasianos, etc, — estao ‘SUPER FEVEREIRO 1980 Da Africa para o mundo eae 'depols pevoou o resto do mundo. aria coniieulIncusive para es caro Amerieas, onde os humanos terlam-comecada.a.chegar ha cerca voamento. “30-mil anos: separadas € como relacionam entre si. A mais conhecida conti bbuietio da Genetica foi ‘© descobrimento no ‘eoracao do continente africano daquela que seria amac da espécie: a Eva de cor negra. A populanidade dessa literalmente, mae pre= ta resulta da técnica genética utilizada pe- los cientistas Allan Wilson, Mark Stone- king e Rebecea Cann, todos da Universidade Berkeley, nos Estados Unidos, Eles recorreram a um reldgio genético existente na mitocon: dria —a microseopica estrutura eujo papel é gerar energi dentro de cada eélula. Acontece que a mitocéndria contém uma cadeia de material genético, o DNA. que acumu. la mutacdes dez vezes mais depressa do que o DNA do niicleo da propria célu- la, Analisando.o DNA mitocondrial de 150 mulheresde quatro populagde: grdficas distintas — da Afr Europa, Austrilia e Nova Guiné—, os pesquisadoresde Berkeley comecaram entao a busear padroes, “Uma das coi sas mais admiraveis”, comenta Allan Wilson, “6 que hi pouca diferenga en- tre as populagbes, 0 que significa qu elas se separaram uma da outra muito recentemente.” Apesar das similaride: des, dois grupos principais sobressa- em: um contém somente padroes afri- canos de DNA, enquanto 0 outra é fo: mado por padres comuns a todos os grupos. “Ficaclaro que ogrupoairicano € 0 mais antigo de todos”, concluiu Wilson. No entanto, para o professor Francisco Salzano, titular do Instituto de Biociéncias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Ale- gre, que trabalha ha trinta anos nessa drea, “qualquer estimativa aleangada pelas técnicas genéticas ainda deve sor vista com eautela”. Supondo, contudo, que a hipétese Arca de Noé esteja cor- reta e que gs humanos modernos evo- luiram na Africa ha cerca de 200 mil anos, fica a pergunta: a partir de quem cles evoluiram? A resposta tradicional seria: a partir do Homo erectus, Um niimero crescente de antropdlogos, po- rém, acredita que 0 Homo erectus nao E tudo 0 que pare Era semelhante aos povos “Quemexistiana A fricanaquele tem po nao era o Homo erectus, mas uma espécie diferente de Homo. E foi essa espécie — que ainda nao tem nome — uc deu a luo Homo sapiens arcaico” afirma Peter Andrews, um colega do inovador Christopher Stringer no Museu Briténico, Mais tarde, outras migragdes envolvendo humanos total- mente modemos, sapiens sapiens, st bsiitufram as populagdes estabeleci- das dos sapiens arcaicos, incluindo o Neandertal. Teriam os humanos mo- demos sobrevividono lugar dossapiens areaicos porque seriam ecologicamen- te mais bem-sucedidos? Tudo indica ue sim. Erik Trinkaus, antrop6togo da Universidade doNoyo México, acredita que a anatomia do Neandertal, por exemplo, mostra que ele cra muito me- nos eficiente provedor que o humano moderno. Istoé,ateoria desubstituicao nao implica uma total dizimagio de uma espécie por outra, mas simples- mente um lento desgaste de uma delas pelo modo de subsisténcia pouca coisa superior da outra. O que, entao, pode ter dotado us humanos modernos des- sa pequena mas decisiva vantagem competitiva? As respostas so as mais diversas. Alguns pesquisadores acredi 23. O futuro da espécie esta na cultura tam que uma inteligéncia maior teria propiciado uma capacidade de planeja- mento mais complexa. Outros buscam ‘na linguagem o instrumento que t ria dado aos humanos modemos nao apenas um refinado meio de comuni- cagao, mas certamente 0 atributo que ‘nenhum outro ser vivo possui: pensar. E com quem. se parecia esse antepas- sado direto do homem? Anatomica- mente, dizem os pesquisadores, era se- melhante aos povos equatoriais de ho- je — pele escura, poucos pélos, estatt- ra mediana, com mand(bulas, nariz © boca levemente pronunciados. Os que deixaram a Africa austral ¢ rumaram para norte teriam ficado cada vez ‘mais palidos em consequéncia de uma adaptacao evolutiva & diminuicao da intensidade dos raios de sal ‘A Historia Natural ayalia que amaio- ria das espécies animais vive cerca de 2 milhdes de anos antes de entrar em um proceso de extingdo ou de evolugio para uma nova espécie. O Homo sapi- ens sapiens, pelo que se deduz. agora, habita o planeta somente ha 200 mil anos. Ele alterou, porém, a velocidade do tempo de evolucao com o acelera- dorda cultura. Porisso, acredita-se que 6 futuro da espécie continuaré depen- dendo principalmente das realizagées oO Renemee i ie ficou lo aminies. ai ‘Nenhum evento to pobre em evidencias tem instigado nossa ima- inacio de forma to rica quanto 0 encontro dos povos Neandertal © Cro-Magnon na Europa hd cerca de 30 mil anos”. diz 0 paleontélogo Stephen Jay Gould, festejado pro- fessor de Historia da Ciencia na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. “Alguma coisa fundamen- tal sobre nossa origem deve estar escondida nese contato entre ni Sos ancestrais © nossos parentes co- laterais mais proximos.” Com o aumento das evidéncias de que 0 Neandertal nao foi um antepassado | direto do homem modemo, aumen- | tou ainda mais a curiosidade sobre sua vida ¢ 05 motivos de sua ext (a0. Ele existiu no periodo dacvol gao humana delimitado entre o Homo erectus ¢ 0 Homo sapiens sa- piens, Justamente o papel que teria desempenhado nessa transigio é agora objeto dos mais acalorados debates, A comecar pelo nome cien- tifico que 0 descreveria com mais preciso: Homo sapiens neandertha- lensis ou Homo neanderthalensis. A primeira forma o coloca como um ancestral direto do homem, asegun- da como um parente mais distante, membro de uma espécie separada. Enguanto nao conhecermos a his- 16ria completa do Neandertal, no podemos afirmar se ele foi ou nto inferior ao sapiens sapiens na escala evolutiva”, afirma 0 professor Wal- ter Neves, do Museu Goeldi, em Belém do Paré. Q desaparecimento do Neander- tal, iniciado ha 45 mil anosno Orien- te Préximo, se processou como uma onda que 0 varreu do leste para 0 este durante cerca de 10 mil anos. Alguns pesquisadores créem que chegou a haver acasalamentos entre neandertalenses e humanos moder nos. “Existe um pouco de Neander- tal em todos nds”, supde o antropd- Jogo americano Milford Wolpoff. culturais, na acepgao mais ampla da palavra. Nesse sentido, orépido desen- volvimento da Biologia Molecular e da Engenharia Genética oferecem pelo menos um visiumbre de que mudancas fisioldgicas, se acontecerem, depende- ro mais do préprio homem do que da caprichosa roleta da natureza. ‘Norton Godoy Leer ane Os mitos da evolurae humana. Nis Earedge & (gp Tarersel ZonatEilores, Ro larovo, 1083 4 evolueao da, humaridede. richard Lsske. Eaitora Crivectsade do Srasiaitenorarentce ‘Sap Paulo, 198" Opinio nao compartilhada por seu colega da Universidade do Novo México, Erik Trinkaus, segundo 0 qual “as proporedes dos membros dos primeiros humanos modernos na Europa sdo tipicas dos povos equatoriais, nao de povosadaptados aos climas frios, como os Neander- tal”. Casoa teoria maisrecente este- jacorreta, isso significa que os nean- dertalensesrealmente foram invadi- dos pelo povo Cro-Magnon oriundo da migragio das terrasafricanas. De toda forma, nao hd a menor diivida de que. a convivéncia desigual com 05 mais bem-dotados Cro-Magnon foio que fez. Neandertal desapare- cer da face da Terra. 24 SUPER FEVEREIRO 1990 COPA MILI ONARIA PHILIPS Compre aparelhos Philips de som ou imagem. E vocé pode ganhar vales para trocar pelo que quiser. A Philips dé uma golecde de 90 prémios que soma 2.000.000 de eruzados novos om vales-dinhsiro reajustéveismensalmente, S60 18 sor- teios semanais que voc8 acompanha pels Glebo, a partir de05 de marco. Em cada sorteio 05 participantes sao premiados, Se vocé ganhar, vocé mesmo escolhe seus prémios num revendedor a=. GF Philips escalado: éleirodomésticos, eletroeletrénicos, brinquedos, mé- veis.«. 0 que quiser. A Philips paga o conta. Participe. Compre oparelhos Philips de som au imo- gem, solicte 0 cupom ao vendedor. 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J6 para suportar suas pesadas responsabilidades, os nis redinem o que hide mais do em tecnologia acroniutica. Rodas, pneus, freiose amortecedores, elemen- ieos dos veieulos quenaosaem do chio, também so essenciais para os ‘aparelhos que youn, ainda que sejam menos ostensivos ¢ mends glamurosos do que asas ¢ reatores. Cada trem de pouso podepesar quase de toda a acrouave — mas agtientam até 0 triplo desse peso total no choque coma pista, No caso deum Jumbo 747, © maior ayia de passageiros da atualidade, as dezoito rodas dos cineo. trens de pouso levam apenas 4 cen- fésimos de segundo upés 0 encontro. como cimento para acelerar 4 mesma yelocidade do aviv, enquanto supor- fam o inpacto das 285 foneladas da ‘acronaye. O atri(o com a pista eleva a temperatura da borracha dos pneus a mais de 80 graus centigrados. Com 0. ‘into apertado, o passageiro sente no ‘corpo quando um anteparo na saida de ar das turbinas ¢ acionado para mudar adirecio do impulso, reduzindoa yelo- ‘cidade do aparelho. AO mesino tempo, Aispositivos aerodinamicos das asas ‘diminuem asustentacio noare crayam aT i ‘rens de pouso indi rodas giram e os amortecedores estilo comprimidos, atestando desse modo ‘que 0 aviio definitivamente esti no chiow-.vex de controles hideduticos acionarem-os.freios automiticos’ das Todas, reduzindo a marcha até uns 60 quilémetros por hora. Desse ponto em diante 0 piloto geralmente aciona 0 freio manual e, girando outro manche, conduz 0 aparelho, jé lentamente, a0 jomamento. 0 Yo, 6 {rem de pouso. servird como um suples soporte emt , enquanto os mecdnicos respon- sivels pela manutencio, tratam de reparar ou substituiras pecasdesgasta- gs, “Sabernos que o bom estado das Todas e pnieus.sigoifica seguranca_ a0 serem exigidas a0 miximo,,As inspe- be, ‘Em um Jumbo 747 prestes 4 tocar 0 solo, cinco trens de pouso, com dezoito rodas ‘no total, amortecem suas 285 toneladas. Nenhurma ‘outra parte do aviao lerrivols. intercdmbio de pecas de reserva entre ‘as companhias”, explica Itacir Silves- ‘rin, engenheiro-chefe de manutencao da-Varig, “Apés trezentas horas de ‘yoo, 0 avino vai finalniente para o Hangar € todo 0 trem & desmontado & revisado.” Em sen depart ‘ocupa uma yasta area pi Acroporto do. Gales, 110 Rio de Ja= neiro, mais de 2 mil pessoas cuidam da conservagao periodiea de uma frotade ‘TDaeronaves, das quais oito 747. De fato, umiaboa medida dessa preo- cupacio esti na lista: de manutencio das aeronaves entre um ydo ¢ outro. ‘Segundo Itacir, os trens de pouso che- ‘gama ocuparo ferceirotngaremni ro de reparas ¢ os gastos com treios € ‘pneu $6 sao superados pelos das pecas Preus usatos san muito mais contiaveis dos motores. Os grandes esforcos a que se sujeitam os 125 centimetros de dig metro desses pncus de aviagio limitam realmente sua vicia normal a um maxi- mo de 200 ciclos — sendo cada ciclo uma média de 11) quilmetros de roda- gem em pistas de acesso a pista de decolagem, manobras no patio de esta cionamento € trechos de impulso em cada decolageme pouso. Parasorte das companhias, entreianto, os pneus po- dem serrecauchutados varias vezessem perdera qualidade.“ A carcacadopneu de aviacao tem uma esirutura diferen- te Os pneus de um Jumbo, por exem- plo. ques6 percem em tamanho paraos de um modelo DC-10, agiientam até ito recauchutagens”. informa Itacir. Ele faz uma afirmagao surpreendente: “Ao contrério do que acontece com os cearros, confiamos mais num pneu usa- Jo que em um igantes. so- frem ainda mais, tendo uma expectati va de vida atil da ordem de setecentos pousos. Seus discos multiplos giram paralelamente em alta velocidade até serem.comprimicios uns contra 05 ow fos por varios mecanismos hidrault €0s, que seguram a rotacao das Todas. provocando um aquecimento superior 260) gras centigrados, Esconder as rodas em véo. Uma boa e exigente idéia Embora altima geragiode discos ja seja feita de materials especialmente resistentes, como 0 berilio ou 0 carbo- no, nao ha como evitar o desgaste provocado por tamanho atrito. Com todos esses problemas emesmodesem- penhando um papel vital, os trens de pouso ndosao considerados pesaseriti- eas para aseguranca do avitio,comoéo caso da motor. *Afinal, é possivel ater~ rissar sem os irens —e 0s projelistas consideram essa alternativa no desen- volvimento dos aparelhos: mas nfo d: para voar sem motores”, compara © engenheiro acronautico Luis Carlos Affonso, da Empresa Brasileira de Acrondutica (Embraer), a qual tem mais de 4 mil unidades vendidas em 21 anos de existéncia Houve tempo, de fato, em gue os trens de pouso eram considerados desnecessirios e mesmo inconvenien- 28 tes, Era o lempo dos pioneiros da avia- 40, quando um pequeno motor movie mentava um engenho de juncos. ara- mese telas. que somaya alguns poucos quilos. Aoconirério do 14 bisde Santos, Damon, por exemplo. 0 mais pesada queoardosamericanos Orvillee Wilbur Wright ndo contava com nenhum trem de pouso, Para sair do chao, o biplano dos irmaos Wright utilizava apenas trilhos metalicos para diminuiro atrito com 6 terreno, 0 nico problema que ros. Para terrissar. o proceso era ainda mais ntistico-a propria estrutura suportava 0 golpe do encontro com, 0 solo. ‘A maioria dos projetistas que os su cederam, entretanto, logo passou ain- ‘luir rodas em suas fantasticas maqui- nas voadoras. O grande desafio dos p meiros adeptos do trem de pouso era resolver 0s problemas no ar, quando a superficie do trem opunha tal resisté cia ao vento que dificultava 0 avanco. E, a medida que se elevava a velocid: de de cruzeiro possivel de ser alcanga da, 0 problema ficava potencialmente maior. E gue. de acordo com uma equiacao baisica de aerodinamica, a re- sisténcia do ar sobe ao quadrado cada vez que se duplica a veloci dade. Isso signifi ‘ea quue'se um cor po a 6 quilome {ros por hora ofe- Tece uma resistén cia de valor fro, quando esti- yer a 120 quilo- metros horrios resistencia ch ria dezesscis. Assim, © que parecia ser uma soligao definitiva ntinhaseus tes nhe trataram de buscar novas opedes. Uma delas foi. utilizagao de um carro ded colagem, que sé desprendia do avido tao logo este deixava_o solo. Obvianiente, essa idéia nao resistiu muito (empo, ja que o pouso se din diretamente sobre-a fuselagem, como ‘nos velhos engenhos dos irm: ‘Mesmo assim. alguns av’ comoocacaalemio Messerschmitt ME~ 163 “Komet”, que aleangava 1 000 qui lometros porhora.chegaram a adotaro desconfortdvel sistema. Temivel cuca a jato da Segunda Guerra Mundial, 0 Komet teve mais perdas duranie as aterrissagens do que em situagdes de Entre um véo e outro, tudo é bem revisado eas pecas gastas trocadas Discos de freio: atrito eleva a temperatura a 260 graus combate. Enquanto uma idéia melhor as aeronaves que poisavam m na agua comecaram a ‘ganhar terreno — por assim dizer O perfil em forma de canoa desses hidroavides demonstrou ter. desde © inicio, uma aerodinamica perfeita muito superior aos seus parentes ter restres com trem lixo. O modelo anti- bio Catalina dos anos 40, por exemplo, $6 foi aposentado pela Forga Agrea Brasileira hi pouco mais de trés anos. Mas, como nem sempre se tem uma superficie de dgua para utilizar como saerédromo, os engenhelros busearam uma nova alternativa — esconder as SUPER FEVEREIRO 1990 Pneus: até ofto recauchutagens rodas dentro da fuselagem ou da asa durante 0 Oo ¢ retiré-las para pouso. Boa ¢ exigente idéia. Atinal, um meca nismo que permita a retracao e exten- sao das patasde rodasé sempre compli- cado de construir inevitavelmente mais pesado gute um equipamento fixo. ‘Tanto assim que até hoje o cléssico SUPER FEVEREIRO 1990 Iacir, da Varig: “As inspecdes ocorrem a cada pouso em todos os aeroportos” trem imovel, simples ¢ robusto, sobre- vive em alguns modelos. E 0 caso. da maioria dos pequenos aviGes de turis- mo. Na maior parte das yeres, esses aparelhos resolvem seus problemas de acrodinamica com revestimentos nas rodas, que rediizem a resistencia doar. ‘AS primeiras acronayes a incorporar efetivamente os trens escamotedveis foram os cacas de combate. Os pilotos desses primeiros modelos tinham de ser_verdadeiros ases para controlar 0 avido. Pois, justamente durante as fa- ses mais titicas, da decolagem ou ater- rissagem, eram obrigados a um traba tho bragal: girar a manivela que por meio de cabos de ago moyimentaria 0 atertissador até seu alojamento. A histéria desses equipamentos registra uma série de acidentes com pilotos que simplesmente esqueciam de bai- xar o trem de pouso nesses momentos de tensa. Desde entéo, a tecnologia de trans- portes aérens desenvolven varios siste- ‘mas alternativos de apoio aos mecanis- mos de controle do avido para reduzir (08 riscos provocados, entre gutras coi * sas, por pecas defeituosas. Eo que o engenheiro Affonso, da Embraer, cha- ma de redundancia: em caso de pane em qualquer sistema, hd sempre outro de reserva pronto para executar a mesma fungao. Assim, se os trens de pouso nao obedecerem ao comando para abaixar, sempre se pocleré destra- é-losmanualmente e cleixd-lose: gravidade (sistema free fall, ow queda livre). Existem normas internacionais especificando taismecanismos deseau- tanga, “No caso dos avides grandes & mesmo na maioria dos modelos feitos por nés, que transportam apenas duas dezenas de passageiros, a norma é uma 86”, explica Affonso. Para os avioes militares as regras sao outras. AMX, um caca de tiltima geragao desenvolvido pela Embraer em con: junto com empresas italianas, conta, or exemiplo, com apenas um pneu em cada trem de pouso, uma falta de re- dundancia inadmissivel em avides ci- vis, que transportam nao uma, mas até 408pessoas—nenhumadelas, porsinal, acomodada em assentos ejet ra Affonso, o exemplo do AMX ilustra bem como o trem de pouso realmente define © projeto final da aeronave ‘Além disso, um aviio comega a ser projetado pela posieao do trem de pou: so em relagao a Tuselagem e as asas”, lembra, Desde a Segunda Guerra Mundial, utiliza-se um trem dianteiro (proa) ¢ um par de trens principais presos as asas ou & fuselagem, proxi mos ao centro de gravidade do apare- Iho (Ponto de equilibrio entre os pesos diantciro e de cauda).. No chao, a aeronave 6 $6 um grande carro A roda de proa substituiu a rodilha traseira cléssica dos velhos DC-3, que ngo tinha como ser recolhida durante 0 vo, diminuindo o risco de pilonagem (como os aviadores se referem & capo- {agem durante 0 pouso), aumentandoa yisibilidade do piloto ¢ facilitando a freada. Seguindo também esse racioc’ nio,o tipo de pneu utilizado pode indi car o tempo de voo que se protende: os pneus radiais — largamente empreg dos por automoveis devido a sua alta resisténcia — 56 na titima década ‘comecaram aseradotados poralgumas ‘companhias de aviagéo ©, mesmo as sim, exclusivamente para determina: das viagens curtas com pouco tempo de permanéncia em terra, Para viagens Tongas, ndo vale a pena carregar esse tipo de pneu e sim outros. mais leves. Mas, se os avides passaram a imitar os carrosnesse aspecto, em outros aconte- ce o inverso. E a razao disso € facil de entender. Com a redugao da velocida- de 0 avido necessariamente vai para 0 28 Novidades do dnihus espacial em todo aviao chiio ¢ passa. funcionar como um im- provavel grande automovel alado, do- ado de todos os recursos € sujeito problemas bem conhecidos de qual: quer motorista. ‘Aaaquaplanagem. por exemplo, éum problema comum em pousos sobre pistas molhadas, que preocupa os engenheiros ‘aeronduticos hamuito tempo. corre quando partfeulas de ‘leo mistur faua da chuva, formando uma fina camada escorregadia sobre a pista, Em alta velocidade, os pneus podem se despregar do Solo, girando em falso e per dendo a oficdcia aderente 20 fear. A solucao, que mais tarde foi transplantada em varios modelos de carro, consiste em um mecanismo gue detecta o bloqueio das rodas, alenuiando a pressao dos freios, Trem de guerra ‘As duras provas pelas quais passa © trem de pouso de um aviao comercial so, como dizem os especialistas em aviagéio. militar brincadeira de erianga, comparadas fis provacdes a que esto sujeitas as versoes utilizadas nos aparelhos de combate. Os pneus do SR-71, um jato americanocapaz de voar a3 600 quilometros por hora (tres vezes a Velocidade do som) precisam, por exemplo, de protecdo especial para | nao se queimarem sob 0 enorme | calor gerado pelo atrito do aviso | comoar, Grandes caixas de titénio, metalresistenteaaltastemperaturas, | abrigam os pneus do SR-71, que possuem ainda uma cobertura especial de aluminio. Mas 0, caso | extremo ¢ 0 das aeronaves embar- igdes de pouso & decolagem sao criticas tanto para os jwanto para ospilotos:oespaco toneladas de um caca como o F-14 americano. capaz de |. carregar 7 mil quilos de armamen- ‘Soa fuselagem se partiu na atorrissagem forcada deste DC-9 na Fldrida ast Nos porta-avides, as provas de resieténcla so ainda mals duras tos. se precipitam para a frente, ace lerando a 240 quilometros por hora menos de 2 segundos. Depois de veneer menosde 50 metios}éestano ar, Pior sera voltaa250quilometros por hora, sobre a instavel superfi. do navio e a parada, quase instan- nea, gragas a um tipo de gancho instalado na sua traseira,cue se pren- de a um cabo de aco atravessado sobre a pists. Um erro de pilotagem uum defeito no trem de pouso e 0 aparelho vai por 4gua abaixo, literalmente — isso se nao colidir com a torre de comando do navio. deforma que elas voltema girar. Parao ‘motor também continuar girando, sem se encharcar € morrer, os trens foram desenhadlos para jogara dena em outra diregdo. O estouro de um pneu, outro problema comum a qualquer au- tomével, contém um risco maior. Por isso, se 0s pneus se aquecerem até 0 ponio critico, a 150 graus centigradios, Uma valvula Se rompers iré liberar 0 ar lentamente, antes que ocorra 0 acidente, “Os atuais desatios que enfrentamos ao desenvolver novos projets reuinem diversas dreas especializadas”. descreve oengenheiro Aor nhariademateri- ais, por exemplo, deverd substituir 6 aluminio forja do € 0 aca dos trens por com- postos metalicos de carbone. Amecinicaea eletrénica pode: rao, em pouco tempo, apresen- tar um amorte- cedorinteligente, que se ajuste a fim de suportaro impacto especi- fico de cada situagao, tornando os pou sos mais confortaveis. O trem de pouso dos Onibus espaciais americanos é a pontado pelos téenicos como um mo. delo a seguir. Muito embora neles os freios¢ pneus resistam poueo aos fortes impactos das aterrissagens (o méximo€ cinco pauusos), todo 0 complicado siste made freios € acionadio por comandos cletrocletrnicos. £ o chamado freio by wire, que dispensa os pesados cabos. de acionamento mecanieo. “Quase tu: do isso € vidvel © um dia vai estar nos avides que circulam por ai”, prevé ‘Affonso, Mas isso os passageiros pro- vavelmente no vao notar. Afinal, a0 subir num avi, poucos se dio conta de que ele também tem pnews. om Luiz Guilherme Duarte SUPER FEVEREIRC 1990 Ja nas bancas va e@ | ‘ BELOSE : MORTIFEROS / NUDIBRANQUIOS O esplendor destes seres hipnotiza. Mas, para os inimigos, | CSC ere eee disp6em de um fabuloso arsenal de acidos e venenos, retirados dos proprios adversarios | je criancastalentosas aginagiig, Com suas Tree eee nian Peston eee CMe Tse reeks equivalentessubaquaticos das borboletas. Arey ee Lunien. Leen OT CORSO e UME ear ccrmen See ee ea STEM Pe Oe On StOe OMe nt On Ce abrigo que sempre protegeu os animais de seu tipo, e parecem ter vencido com folga. Os Rene ee een ee cers oor ORO eee Mme an os Ce Recess ny ree ones tee ee Sear Cerone eure Cees Coed rc eee eRe nt tom ‘Todos sao carnivoros, pelo menos até onde se Pe Etat eaten ar oe ree ee eee eins , mar ett Cera ieee as ns 6s, seus integrantes mais numerosos e conhec € Cienueern ince ier arenas ad rac a ed a Eee Saar eee eee eer PY ey ics Pr ere eee fiemar-se nos seus grandes maxitares e enfiar-s0 na cavidade enya eee Ne oubranquiasnuas;na maioria dase: asdas guelras ficarn na parte externa do corpo). ‘odas as lesmas-clo-mar tém uma lingua aspera chamada radula; possuem também um “pé carnudo que as propele paraa frente, seja através de contragées musculares. coneatenado dos pélos localizados na parte inferior do pé. A snbespécie dos nudibranquios,quecompica grande maioria da subelasse. exihe na cabeca um par de Orgaos sensores. Em linhas gerais, os nudibranquios sao abriram mio da u estdgio adulto. No lugar de defesa para prote eano cheio de predadores A auséncia da concha torna- Por isso, embora a maioria dos nt rasteje no fundo do mar, muitos procurar um par algum predador. Mesmo sem a conc seus movimentos, amujos, com uma diferenga: protegao da concha nose spaizes de nadar, 20 maior parte dos nudibranguios nao fuga como principal meio de def ‘SUPER FEVEREIRO tOxicas; as cores sio titeis também para o animal se esconder: um nudibranquio vermelho-vivo “desapare ‘quando estacionado sobre uma esponja do mar da mesina cor. O nudibranguio frequentemente adquire cor do alimento que costuma consumir. A dieta da espé cie vermelha, por exemplo, 6a esponja domar vermelha. © rosa-brilhante do Hopkinsta rosacea . um nudibran: SUPER FEVERERO 1990 Uma estrela-do-mar gigante_encontra 0 que deveria ser uma presa facil, um nudibranquio bem pequeno (ao fio). A estrela prepara-se para 0 ataque (ao centro). Was, ao sentirna pele 0 veneno expelido por sua delicada inimiga, ela se contrai bruscamente (abaixo) TEREST) Cyrene ead xale-espanhol [4 eared ues ih he Coe a a 7 - quio da costa tendide especifico, niozoario Eurystomella bilabiaia, que. idencia, € 0 alimento daquele nudibranquio. A ra. quimiea é a arma escolhida por muitos nudibran: quios para se defenderem. Algun am dcidos, e estes causam sensagdes que muitos peixes, mas nem todos. acham extremamente desagradaveis. Outros pro- duzem toxinas, algumas delas (a0 poderosas que um nico pudibranquio colocado num balde com peixes ou caranguejos pode mata-los em cerea de uma hora (em cireunstncias normais, o inimigo recebe uma dose pe: quena, suficiente para repeli-lo mas ngo para maté-10). Tupo de nudibranquios conhecidos cor ideos utiliza as armas de suas proprias viti alimentam de outra categoria de invertebrados marin nterados, espe. mente hidréides ¢ anémonas-do-mar. Estas dltimas, por sua vez, tm uma caracteristica que as torna tnicas. 1 producao de nematocistos, pequenas cApsulas que podemdispararum filament nelhante 20 arpao de uma baleeira, O nematocisto fura a pele da vitimae injeta uma toxina (6 assim que as 4guas-vivas, outro grupode ce lenterados, queima banhistas), Quando um eolideo come um hidrdide ou uma anémona-do-mar, ingere osnematocistossem maiores problemas, O sistema digestivo do nudibringuio neutraliza os nematocistos maduros, mas envia os imaturos para as bolsas esp. i possui na ponta dos “dedos” ou ceratos, onde vao s transformar em verdadeiras armas. Os ceratos so tementc a parte mais colorida do nudibranquio attair a atengao do predador, desviando-a da vitais do animal esses apéndices recebera um bocado de nematocistes, além de a oes di gosto homrivel, ¢ rapidamente perderé 0 intereste pelo Banquete, O nudibranquio entao rastefard para longe ando seu pé gastrépod ne conseguird mnerar os ceratos perdi nudibranquio: m a capacidade desconcer romper 0s ceratos um predador houver sbocanhado, do mesmo mod Gue alguns lagartos deixam a cauda com o predador enguanto escapam, Das cerca de 3 mil espécies ¢ opistobranquios co: aproximadamente 2 5( so nudibranguios. Destes, as lesmas-do-mar sio enc radas em todos anos, das regibes polares aos trépicos, © em virtualmente todo tipo de habitat. Elas vam em tamanho, desde espécimes pequenos o sufici- parar um dos n gastropodes do mundo, al metro e pesar 66 quil Apesar desse s defesas, os nudibrinquios nao levam uma vida despreo cupada. Ja foram vistos caranguejos arrancando os cera- tos de eolideos antes de devoré-los. E alguns opistobran- SUPER FEVERE! Pere Cee at penn Breer sem Pree ory Parner nes Be ot as Bacon tte) quios preferem consumir os seus iguais. De qualquer forma, um mecanismo de defesa pode ser eonsiderado m suicesso mesmo quando o nudibranquio que outiliz morto: se a refeigao tiver um sabor amargo para 0 dor, ele evitard nudibranquios no futuro, Entao, a espécie inteira sai ganhando. Mas ha mais coisas na vida, claro, do que tentar saber quem est4 devorando qui até mesmo para os gastropocles subaquatticos sem con- cha. E no € surpreendente que essas criaturas fantasi as de cores alegres tenham desenvolvido formas int ressantes de lidar com esse desafio universal. Todos os opistobranquios sao hermafroditas; cada individuo pos sui Oredos reprodutores dos dois sexos. Qualquer mem: brode determina: eacasalar-se com outro, amaiorparte doscasos, doisnudibranquios se olocam em diregSes opostas, de tal modo qu olado direito de um se une comodo outro, € trocam esperma; assim, ambos so fertilizados. Grupos de lebres-do-mar formam longas correntes acasalamento, em que cada animal faz.o papel de maclio paraoque estéa frente eo de fémea para o que esta atra © Onchidoris bilameliara, o nudibranquio que se alimen- ta de craca, ja foi visto algumas vezes do aos milhares, em grandes grupos de acasalamento jo postosem massas gelatinosas, que se grudam a algu superficie dura. Os ovos da maioria dos nudibranquios dao origem a larvas que ja nasecm nadando, movendo: com outros planctons edispersanclo-se ao longo da costa e estigio, exibem a concha caracte: de sua Mas depois de um periodo variavel descem 20 Jodo mar, pousando muitas vezes diretamente sobre Jesirdose alimentarquando adultos. Eles se transformam em adolescentes, ja sem a 38 Cees re emer ed broause esa P ern Peranrenee \ ae i 44 conch, ¢ finalmente em adultos, Existem muitas coisas no sabidas sobre os nudibranquios, incluindo o qui alguns comem. Eles sa eis de estudar porque {endem a ser transitérios; a0 contrario da maioria invertebrados marinhos, nao se pode contar com suia presenea quando se precisa deles. Bidlogos comecaram a estudar © papel dos nudibranquios em (0 a outras espécics, Eles nao sao propriar dominantes em determinada area, ao que p: s influenciam qui nismos dominem ou nao. Um nudibranguio encon- trado ao longo das costas de todo o hemistério norte chamiado F (pete peludo, des: grechado) alimenta-se de anEmonas-do-mar, especial mente de uma de vida longa que pode dominat uma a consideravel a0 competir com sucesso com outros orga- seis (seres que, nao tendo suporte proprio, se "em outros organismos, como cracas ¢ostras). tudos de laboratério como pesquisas de campo sugerem que a predagao exercida pelo nudibranguio impede o monopélio da anémona- do-mar e deixa espaco para outras espé: senvolverem, aumentando a alimentam de esponjas pode ter um o similar na costa do Pacifico, onde estes organismos so potencial- ‘SUPER FEVEREIRO 1090 mente dominantes, Os nudibranquios so mais do que belas curiosidades biolégicas. Oshumanos, comosempr jf acharam utilidade para cles. Poucos séo comestivei mservido de alimento regular para os s€ para os habitantes das Ihas Kurilas, na ros nudibranquios, especialmente 1, silo usados na medicina chinesa, Os tém um valor maior nas pesquisa neurofisiolgicas. Como a fabulosa lula, que revelou tan- tas coisas aos pesquisadores, alguns tém células nervosa imensas:quase 1 milimetro de didmetro no caso dale! lo-mar da California ‘Osneurdnios nao saoapenasgrandes: siotaoconstantes em sua posigao ¢ colors podem ser facilmente localizadas em outros individuos. fisiologistas podem assim ter certeza do que est descobrindo, especialmente a medida que fazem acone- ‘entre nervos especificos ¢ agdes complexas do corp or esse motivo, uma das espécies foi coletada tio inten- sivamente que, em alguns lugares, poucosadultos podem ’inda serencontrados. Ao fim e a0 cabo, no entanto, 1&0 sflonem osavanigos neurolégicos nem a promessa de uma compreensio ecoldgica melhior que tornam esses peque- nos moluscos facilmente reconhecidos por bidlogos e mergulhadores. Eles sao to coloridos esuas formas tao maravilhosamente improvaveis que nem é pré guntar para que servem. Todos os lancamentos do Peer eats, Carpet Te ESPACO Peer Totes ae fer Rue cue Me ees sondas, foguetes mais poderosos e um laboratério em orbita, a Europa se prepara para competir com americanos e soviéticos fora da Terra € mensageiro dos deuses, é agora um microdni- Pere nee eos ropéia para dat apoio e servir de leya-e-traz na futura estacio tripulada que ser construida em érbita Ce ee entree are ek oc iW Re oan ras tert Ue Ge Aard De LCC pequeno Hermes sobe como um foguete, mas desce OO ew ee cC Romi ny Perc moet re Caer Cy correr de acordo com 0 cronograma, pelo Ariane-5, um foguete tamanho-familia capaz de colocar dezenas CCC EM Mc cM Lee OMe CL Ie Hermes sao trunfos poderosos dos europeus na acirra- Cece ec te mcr cca! Ree ke ted Pen es es eco eee Soe ue oe Re PR eee ee aCe Te eee ets Co eee Pay ciéncia os avancos das outras poté: Pee eee ei oes Epes oe PE ONO M Coc ree er ie on ron ais), um dos responsaveis pelo sucesso dos foguetes an- nner ne enter est ery str ey ts Perotti oe nnn nn eset eee erecta meer Pee ee ee en erst a ait areceifa para conquistar sua completa Prem neren eet tT Enkei ye ROO Ree ea Em primeiro lugar, aESA. phere es eee UU UEC LET LC de Kourou na Guiana Francesa. Depois, yao colocar RN (© médulo do laboratério Ui re) COM Cater] SO ee a eee Ce orn ae Peer npeenenpeeser etc percr erm me cle ao a ee ey Red POs ee eed bilhdes de détares, 10 bilhdes a menos Cet Cree ‘dos paises europeus poderia desen- volver por sua propria conta um pro- Pee ee nhanciado pelostrezemembrosda ESA er it er a re ica, Dinamarea, Espanka, Inglaterra, Lee ae eee ee PSM ad CT ee ane ene On errant et Cn Byers Pre er eon es eee rene ne Pen ir rend ener i cmeeccu om ae Ons Pe cere a Poem nae Pen ce Oro Cnet ee mas condigbes de quase auséncia de Po eee etek choque térmico existentes no espago. reo eres ea ee ue Se eee exemplodos seuscolegasdalinha Spot, eeu en esc eee ee croondas. Isto signifiea que suas ima- Pen eeee rerd sob a cobertura de poluigao ou de chu- SR Rc Le, Pega sea deste do Brasil, queestiio sempre enco- bertas por nuvens. A ESA também Pcs Greenery série Meteosat, estacionados a 36 mil tee te ee cee eee ean OU) Pe i eae Peet rune ey peer Tees Ser ne ered Pe eee de comunieacio que pretende a inte- graciio, via televisio, de todo 0 territé- crs Recent ma_ solar, 05 europeus participam, Pee oM ic Cassini, que prevé o langamento de sed Cam rer ee ws cre eu aes solode Tita, umsatélite do planeta que ase HERMES eee eed FSU e ee eo aoe eee ed Deets Pee eee apresentava antes do infcio da vida, hd cerca de 2 bilhdes de Pe Sa ese nee eo eee ret od © proximo dia 5 de outubro. Fla deve ficar na érbitadoSole passarpelosseus oe ee er Lapsed anlage ey Ce Eee ye Elaestacionaré a uma distincia se- eee ond poder analisar o seu comportamento. Ces ee erro ened ee ees Co eoeuetgg era ent ee ee ecw ee Cd eet ee ad pen eens fener ean tg SUPER FEVEREIRO 1920 Sree soviético Energia . Ele ott PO eos Caray Kiquido capaz de colocar 4,5 tone- ladas de carga em érbitas muito altas, me ea kes acters Cet ue eee) microdnibus Hermes, que levara tri- nese eee ry rome ee eer podem realizar todos os seus projetos Ceca eee arcs Peete er as Mesmo os foguetes Ariane-4, usados Pn eee aren ea tos dos énibus espaciais, embora te- ham a desvantagem de carregar me- tade da carga, Em 8 de agosto do ano passado, um modelo do Ariane-4 colo- érbita o satélite Hipparcos, que deveria elaborar um catilogo da posigio das estrelas com uma preciso ee eer Se eae oe Oe Cd pe ere ey foi bem-sucedido, mas o satélite apre= sentou um problema ao se posicion: em drbita, Se ele sobreviver mais al- tee et de sun missio. © contratempo, no entanto, serviu para mostrar os riscos do programa espacial, em que “é pre- eee kes ec anc Fee ea eu ed CO e so Re etek enviar 0 ISO (Observatério Espacial ee ar Seas bordo de um Ariane-4. Ele devers cap- Peet eee re Roa eres ‘bem dessa vez, 0 ISO terd duasmissdes: aperfeicoar a cartografia do infraver- Poe or onc ee jue funcionou de janeiro a novembro Darang eccrine Cee OM aed vey Cir rnd Pee Perry rd eid ror ered Perera eee aera rrr era) um Co] TPF a roe By Rael aety Te ed Ce ee ee ene pulacio permanente, caso os Estadi Cen ey tos Pe Ee eee ree ragio com os americanos ficar impos- 1, temos capacidade para desen- jolver nosso projeto de forma autd- noma”, aposta odiretor do Centro Es- pacial Francés, Jean-Marie Luton. Oe key: boratério Columbus, de forma cili drica € medindo 13 metros, seré aco- plado ao micleo principal da Freedom € servird para pesquisas cientificas. Es- 4 DRS ee aed ees ee ea Terra en rece Soom eos mantido a cerca de 50 quilémetros da ere hea cee ec eran Pee Sera construida outra plataforma, a Dene Cee ee ee Peer ees ec eee iad a tripulagio de espaconautas — como os europeus orgulhosamente gostam Cnr tee ers eee er Pe ee) ss oe Caer ene er eee dente, temespago para tréstripulantes. ce ea es surizado que serve de dormitério, co- NE etree ae Conn Deve analisar a Pe TT ed bearer ae ed CeO cdmara de onde se pode Rae eu ae Cece CMe Soe te Rc en Peete ean etd permanéncia no espaco. Como fazem Ce no eu ore eee ee ee ere es Salyut-7, por exemplo, que o francés eke mn CN ee eee esta convencida de que, assim que co- Doe ka ae mitir “mais independéneia e um au- ere ey de experimentagdo do homem no es- pago”. Depois disso, ela espera que sua CIOs uae ee Core Oe ae an © poder da ob servagio cuida dosa é comu- * | mente chamado cinismo | por aqueles que niio 0 possuem. abe falar Aquele que | sabe também quando fazé-lo Argumedes Meee Matematica 7090 Viver € muito peri Guimaries Rosa ‘erect O historiador é um pro- feta ao contrério. Fileich vor Schiege! a © que mais precisamos € de alguém que nos o- brigue a fazer aquilo que sabemos. alps Waldo Emerson ton Wal ae SUPER FEVEREIRO 1990 Computadores sao | intiteis. Eles s6 podem dar respostas. Pablo Picasso aar-t873 Pino! espartot © melhor yidente € \ele que adivinha bem. Euripides 404 sdb ac. Dramatrgo 099 Persisténcia recompensada © grande mérito do arquedlogo amador alemao Heinrich Schliemann foi descobrir, em 187 gue na colina de Hissarlik, na entrada do estreito de Dardanelos, atual Turquia, existiram varias Trias, cada uma construfda sobre as rufnas da outra Comerciante bem sucedido, 56 por volta dos 50 anos é que ele comecou a escavar no lugar onde achava que iria encontrar as rufnas de Trdia. No entanto, stia paix por Historia Arqueologia comecou na infncia, sob Aciéneia éum moveino- vo que o homem coloca no primeiso andar se, no térreo, tiver bom senso. Sem misica a yida seria um erro. Incipio mais pro- da natureza_hu- mana € 0 desejo ardente de ser estimado, Wwiam Jenee influéncia do pai. Aos Banos, ganhou dele um livro de historia universal Maravilhado com as ilustrages, pereuntou se as muralhas de Tria eram ta0 grandes como o livro inostrava, Ao ouvir que sim, 0 garoto Observou que, se elas existiram, nao podiam ter sido completamente destrufdas e que as rufnas deviam estar escondidas. Embora o pai negasse, 0 garoto ndo desistiu “Permaneci firme em minha opiniao”, contaria cle mais tarde, e, por fim, ambos concordamos que, um dia, eu faria escavagdes em Trdia.” piedade, nao he nossa tristeza sarosioy Seller, 101-1068 Nunca se mente tanto como antes das cleigoes durante as guerras depois de uma cagada. © discernimento con siste emsaberaté onde se pode ir, O ser humano € 0 nico animal eapaz de fazer fogo: isto o faz exercer seu dominio sobre a Terra Escreve na areia as faltas de teu amigo. 45 Ree ee Cee Mud alee ae ee EI a ae S6 o cérebro tem espa¢o a vontade alimentos. Uma sabia precaugao do sistema nervoso: o aleitamento mater- no €4 tinica maneira de garantir que 0 organismo receberé no inicio da vida oda a matéria-prima necesséria para 0 orescimento, ‘Osistemanervoso ajusta os ponteiros do relogio biol6gico, despertando pa- drdes de comportamento conforme a fase do crescimento”. explica o crono- hiologista José Cipolla-Neto, da Uni- versidade de Sao Paulo, preocupado em verificaras mudangas nos ritmos do organismo, como 0 de sono ¢ vigilia “Ser pequeno ¢ ser um grande dormi- nhoco”, ele exemplifica. De fato, 0 reeém-nascido passa dezesseis horas por ‘quantidade ia dormindo. Mais tarde Ge sonio diminui aos pouco: do opadrao adulto porvolta dos 4.anos. Nio € & toa que 0 perfodo em que o corpo mais espicha dura até essa idade. A hipofise —uma glandula situada logo abaixo da regiao cerebral do hipotala- mo aproveita as duas primeiras horas de sono para fabricar uma substancia, cujo nome ¢ exatamente horménio do erescimento (veja quadro). “Como 0 bebe dorme cerca de trés horas, desp ta,paraemseguida adormecerde nov conclui Cipolla, € l6gico que nele essa prodiucao acaba sendo maior.” Da cabeca aos pés, existe a hora certa para espichat Nas células, © horménio do eresci- mento aleanca onticleo navegando por um mar de goticulas gordurosas, onde existem proteinas mergulhadas. Ali, os hormOnios reagem com os genes que, assim, liberam 0 molde de uma prot na, sob a forma.de uma molécula de RNA (écido ribonuciéico), © molde entao é copiado pelas substincias fora do micleo. Como é preciso fazer cépias, de um por um das centenas de aminod- cidos que formam ums proteina, pode demorar muitos dias até a reproducto ficar pronta, Mas, quando finalmente issoocorre,acélulaaumenta de volume por conter mais protefna ~e, algumas veres,se divide. Apesar deo hormonio docrescimentoscro protagonista dessa aco, ele pode contracenar com outros horménios, como os sexuais, produzi- dos a partir da acolescéncia pelos ova- rios nas meninas ¢ pelos testiculos nos 48 ‘meninos, Além de promoverem o eres cimento — especialmente de muisculos nos rapazes ¢ de gordura nes mocas -, esses horménios so 0s responsivels pelo desenvolvimento das caracteristi- cas que marcam na aparéncia adulta a oposigo entre masculino € feminino Porexemplo, barbas e scios. “Curiosa- mente, 0 garoto recém-nascido possui doses dez vezes maiores de hormdnios sexuaisdo que oadulto”, conta o endo- Crinologista Fébio Bessa Lima, da Uni- versidade de Sao Paulo. “Ecomo aproducdodessassubstanciassé — € retomada na puberdade, seus rgdos genitais, ao contrério do restantedocorpo,diminuem nas primeiras semanas de vida” Essa quantidade de hormoni os tem uma razio de ser: apesar de 0 sexo masculino jé ter sido determinado pelos genés, todo ‘embriao tende a formar um cor po feminino. Sao necessarias, Portanto, doses elovadas do hormonio masculino, a partir do terceiro més de gestagao, para garantirque omenino contin: 4 menino,O horménio do cres- mento comeca a ser fabsricado pelo embriao na mesma época — sua entrada em cena € tao im- pressionante que, secontinuasse se desenvolvendo no mesmo rit- mo apés 0 nascimento. 0 ser Altos e baixos Desde oprimeiro instante de vida, quando o ser humano nao é maior do que um prao de areia, sua estatu- ra final esta escrita em diversos ge- nes, “Noentanto, bastamalteracoes ‘em um tinico gene para arrasar todo © crescimento”, caleula 0 ginecoto- Danny De Vitto Amold ‘Schwai em lrmaos Gémeos gist Thomaz Raphael Gollop. espe- ialista em Genética, do Hospital Albert Einstein, em Sao Paulo. E 0 caso do ano, oherdeirode um gene defeituoso, cujo corpo desenyolve fung6es de adulto, mas permancce com estatura de crianca. "Além dis- so. conforme os estimulos do orga nismo”, diz o médieo, “podem ser feitas correcdes nos genes, crescen- do-se mais ou crescendo-se menos do que o programado."Acreditava- se que os genes do crescimento eram influeniciados apenas por fa- tores fisicos, como os hormOnios e doengas pulmonares cronieas: com a respiracdo prejudicada, as células tem menos oxigénio para queimar no crescimento ~ ndoé & toa que a crianga com bronquite costuma ser um adulto franzino. Hoje, porém, diversos estudos provam que, da mesmamaneira como oestresse po- de levar a hipofise @ ordenar uma maior liberagao de acidos no es- t6mago, causando uma tilcera, as emogdes negativas também dimi- nuem asafra de hormoniodo cresci- ‘mento. Resultado: crianga com pro- blemas psicolégicos tende a ser bai- Xa, por maisaltos que sejam os pais. SUPER FEVEREIRO 1990 humano aleangaria 0 tamanho adulto ‘03 2 anos de idade. “Nao que exista mais horménio do crescimento nesse periodo de gestagao”, esclarece Bessa Lima."*A maioria das taxas hormonais, alifs, permanecem idénticas por toda a vida, Ocorre que, & medida que se cres- ce, as células perdem receptores, as portas de entrada para os horm@nios.” ‘Nunca, porém, se aumenta de tama- nho simultaneamente da cabeca aos pés,poisnesse jogo de abrire fechar re- ceptores nas células o organismno esta- belece, de acordo com a sua necessida. de, 0 que deve aumentar de tamanho, FIM DA CAMADA DE OZONIO © VELHO SOL DO CEU VIRA, UM DEMONIO O Boticario em cada momento. Assim. na gesta- ‘io, 0s bragos € as pernas—curtos no bebe—parecem sair perdendo. A cabe~ §2, por sua ver, é proporcionalmente maior do que em qualquer outra etapa davida (vejao praca). = vantagem inieial nao bastasse, ela se torna cada ver mais larga, até 0 sexto més, porque nao para de aumentar a fontanela~ conhecida por moleira um expago de até 4 centimetros entre (0s ossos superiores do crdinio, quese fe cha por volta dos 2 anos de idade, Nao sdo tanto os cerca de 330 gramas do e¢ ebro ao nascer que exigem essa reser- vade espaco. A questaoé que océrebro € 0 drgiio que mais cresce apds o n: cimento (SUPERINTERESSANTE mrimero 12, ano 3): até 0 sexto més, de- verd ter a metade do tamanho de um cérebro adulto e esse desenvolvimento, no pode ser impedido por falta de lu- gar disponivel entre os ossoscranianos. ‘Trata-se de um privilégio — nenhum outro Srgao dispde dessa folga de espa G0 para crescer, No tronco, onde esto Quase todas as visceras, 0 aperto & tae manho que o apéndice, que no adulto ficanaalturadaviritha, s6encontraum cantinho entre o umbigo e a costela da crianca, A bexiga € empurrada de tal maneira que encosta na superficie in- terna doabdome, O que aumentaainda mais 0 sufoco € 0 Lato de o figado ja ‘ascerquase com oseu tamanho detini- tivo: enquanto em pessoas bem cresci- das ocupa um quarto do abdome, na parte superior direita, na erianca ela se csparrama da costela ate um local pouco ‘abaixo do umbigo—data barriga salien- te caraeteristica das eriangas, Os ossos sao os primeiros a aumentar de tamanho Para no impedir a safda pelo canal de parto, 0 corpo nessa fase acomoda todos os 6rgios com uma incrivel eco- nomia de espago. E.um projeto perfei- define, Jo Aldo Junqueira Rodrigues! tnior, quedesdeaépocade estudante tem endetego certo: 0 de- partamentode Anatomiada Faculdade de Medicina da USP, Certamente, os (s808 S40 Os primeiros a aumentar de {amanho, definindo os limites do corpo — e380 contrério, se as visceras cres- cessem na frente, o homem literalmen- tendo caberia em si, "De qualquer mo- do, 0 corpo humano tenta sempre con: trabalangar: o que cresee muito hoje, eresce pouco amanha”. explica Aldo Junquetra. Por causa de sua despro- porgio no recém-nascido, as pernas 6s bragos, alternando-se em fases, so 8 que mais crescem na infancia. Se, gragas aos diversos fatores envolvidos no crescimento — hormonais, autri- cionais e ambientais— (veja 0 quadro), os brags foram além dos padroes daquela idade em seu momento de Grescer, as pernas em compensac espicharéo menos, A reciproca é ve dadeira. E assim, nesse jogo, 0 produto final docreseimento sao pessoascom os mais diversos tipos fisicos: troncudos, franzinos, pernas longas. Na adolescéncia, € a vez de os ossos do tronco aumentarem e, finalmente, as visceras comprimidas desde o nasti mento descereme se acomodarem, Nes- 49,

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