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REVISTA DE ANTROPOLOGIA, SO PAULO, USP, 2004, V. 47 N 1.

lgica, na natureza e na constituio mesmas do ser humano. A igualdade poltica e legal seria, portanto, a negao artificial e superficial da
natureza das coisas e dos seres. Ora essa compreenso do racismo significa circunscrev-lo modernidade, pois nos remete logicamente ao aparecimento da cincia da biologia e da filosofia poltica liberal.
O racismo surge, portanto, na cena poltica brasileira, como doutrina cientfica, quando se avizinha abolio da escravatura e, conseqentemente, igualdade poltica e formal entre todos os brasileiros, e mesmo entre estes e os africanos escravizados. Como no posso me alongar
sobre esse ponto, remeto-os a alguns trabalhos j clssicos sobre o perodo, entre os quais cabe destacar: A escola Nina Rodrigues, de Mariza
Corra (1998); e O espetculo das raas, de Lilia Schwarcz (1993)2.
O racismo brasileiro, entretanto, no deve ser lido apenas como reao igualdade legal entre cidados formais, que se instalava com o fim
da escravido; foi tambm o modo como as elites intelectuais, principalmente aquelas localizadas em Salvador e Recife, reagiam s desigualdades regionais crescentes que se avolumavam entre o Norte e o Sul do
pas, em decorrncia da decadncia do acar e da prosperidade trazida
pelo caf. Quem no se lembra do temor de Nina Rodrigues ao ver se
desenvolver no Sul uma nao branca, enquanto a mestiagem campeava
no Norte3?
O racismo duro da Escola de Medicina da Bahia e da Escola de Direito do Recife, entrincheirado nos estudos de medicina legal, da
criminalidade e das deficincias fsicas e mentais, evoluiu, principalmente no Rio de Janeiro e em So Paulo, em direo a doutrinas menos
pessimistas que desaguaram em diferentes verses do embranquecimento, subsidiando desde as polticas de imigrao, que pretendiam a
substituio pura e simples da mo-de-obra negra por imigrantes europeus, at as teorias de miscigenao que pregavam a lenta mais contnua
fixao pela populao brasileira de caracteres mentais, somticos,

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