teolgica
Tomas de Aquino
Prima pars
PRIMEIRA PARTE
Mas devemos considerar que tal espcie do objeto, ora est na faculdade
cognoscitiva, em potncia somente e, ento, esta s em potncia conhece;
sendo, para que conhea em ato, necessrio esteja a faculdade cognoscitiva
reduzida ao ato da espcie. Se, porm, a faculdade tiver a espcie sempre
em ato, ento por esta pode conhecer sem nenhuma mutao ou
recebimento precedente. Donde resulta que ser movido pelo objeto no da
essncia do ser conhecente como tal, mas enquanto potncia cognoscitiva.
E no importa para ser a forma princpio de ao, que ela prpria seja s
1. Pois, Dionsio diz, que Deus est colocado, por uma virtude
incompreensvel, sobre todas as inteligncias celestes. E, em seguida,
acrescenta que, por estar acima de toda substncia, est segregado de todo
conhecimento1.
3. Demais. A Escritura diz (1 Cor 13, 12): Ns agora vemos a Deus como
por um espelho, em enigmas; mas ento face a face. Donde resulta que h
um duplo conhecimento de Deus. Por um, Deus visto na sua essncia, no
sentido em que se diz v-lo face a face; por outro, visto no espelho das
criaturas. Ora, conhecer a Deus, pelo primeiro modo, o anjo no o pode pelas
suas faculdades naturais, como j antes se demonstrou2. E quanto viso
especular, ela no convm aos anjos, que no conhecem as coisas divinas
pelas coisas sensveis, como diz Dionsio3. Logo, pelas suas faculdades
naturais, no podem conhecer a Deus.
isso, se diz que vemos a Deus num espelho, o conhecimento, porm, pelo
qual o anjo, pelas suas faculdades naturais, conhece a Deus, um meio
termo entre os dois outro modos, e se assemelha ao conhecimento peo qual
uma coisa inteligida por meio da espcie dela recebida. Pois, estando a
imagem de Deis impressa na prpria natureza do anjo, este, pela sua
essncia, conhece a Deus, de quem semelhana. Todavia, no contempla a
essncia mesma de Deus, porque nenhuma semelhana criada suficiente
para representar tal essncia. Por onde, tal conhecimento mais se aproxima
ao do terceiro modo, por ser a natureza mesma do anjo um como espelho
representativo da divina semelhana.