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JURISPRUDENCIA BRASILEIRA 200 CivEL ce - i Swe Br € vi goo fex 2 2001, PRINCIPIO DA BOA-FE CONTRATUAL 1 edigao (Ano 2003) COMERCIO 2" tiragem = agro STF r° 1085 ara comprvagto de dissin Regstr ne STJ1° 6 para comprowngéo de disso, “Resto no TRF = Regio C8/CJ para comprovazie de dss. Tiagom desta eight 5000 exemples. — pegico de abrengénci ado o teri nacional Oe ects pusieados corespondem na nea as cepa obtids as Serer dos ieee i AFT aK zs bE austiga | at / VOLUMES JA EDITADOS. (Em ordem alfabenies) Echo: Jose Ernani de Carvalho Pachec f eaten W231 ese tana Wet 11 egal 28 ‘Advogido ~Potessarde Dato eet Bees 031 iene Wi Dito: Rainer Caskowski Py bali Advogdn~Ptssro Mose om Orono ie Sak ean faa Gorante a saa vaeprt eas ett ; tan en tad ts Produgda: liane Aparecida Peganhia ‘Steams inp fsa inne thesia fom Seana en Fee Organzedor Andria Cunha Fraxine- Advogade, Pos gradvads em iro Con- fede terrae tou fee as vet finch 19 tn Frnt iui ‘Sea gn Secon, : te tert Sa fn Conselho Editon: Fausto Paroira de Lacerda - Advogaio~ Protssor de irito fee ee igen 3 enti Hrmindo Duarte Filho - Advogado~Polessr ce Oveto Satin tinue frac 2 ‘Jonas Ket Kondo» Abogado fiona na iio featan veto i coma ‘Jussara Maria do Mroles-Aavogado- Ptesor de Dreto fata oe lta frenteagso Marcos Bitencourt Fowler -Protrssisige Siento we niet ed Fita do Cassia, de Vasconcolos-AdvogadsPrlesoradiroto cai tiem in Roberto Eurice Schmidt Jinior - jade - Protessor de Direito: waaay We 1 att pa files VL IS rie eet eee eer fai nae ee E fect erat casera hai tone karan friar ied anata ti ‘tn 8 Werte Eerste ar an nana ISSN 0102-5600-200 (en te MLE gebsntap dl Wt onthe Sau Boucheron eet ot ian ‘gna Matrz(Cuviba/PR: Ax. Manor da Roche, 13 — vow undead pete an See Fone: (0-81) *352-3900 esa at ego fe ei iw ie od oe sent Seay Ettore Lt teen) ellie saree A ‘esa era iieas ie ‘LN ne fat ‘onda WL 6 ta a Pe eas WL gta raion 200 -Pincnote boe conta ee fen Peretti Curitiba: Jura, 2004, Demacacne tins AT Some bt ae uke 1 1 308, unoputna Basie, 20 Sie) eis eee TT a Sree cose nee ci ers eee ie Sn val Sie ele a alee seen ea con ste.07 men Ped cou 247.4533 (7) Esgotados ABOA-FE OBJETIVA E 0 ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAGOES' Judith Martins-Costa ‘Advogata, Professors Adjunta na Faculdade de Dirtto da Universo: de Federal do Ro Grande ido Sul, Doutore em Dirt na Unwversidade ie Séo Paul. ‘Sumrio. Intodugao I) As tuncinalidades da boa-¢. A) Boa e Autonomia Negocial 8) Boaée Concroizagae.C}Boe-16¢ culpa I Aboa-fena concretzagéo da weondutadevidar.A)Boa-T8 ede veres de cooparseo; 8) Boa fé 0 Princo da: ratio ao prestar, Bos-feemore: amadidado es: Jorgo onghe Canclusdo Releréncias bibfogrficas e juneprudencias. Siglas © abrevaturas usados. INTRODUGAD ‘A boa-fé objetiva tem sido apre- sentada como «une mer sans rive {ges»?, Em outra ocasiéo, denominei-a de atopos subversive do Direito Obri- gacionabi® As fortes metéforas servem para acentuar @ amplidao de temas e pers- pectivas suscitados pelo principio da boa-fé, bem como 0 giro que promove ‘nos postulados que marcaram a dog- ‘matica wléssican da relagao obrigacio- nal tal como tragada por Savigny desenvolvida por quase dots séculos de cultura cwilista. Contudo, a boa-fé que promove toda essa vitagem, para situar, emno- vvas bases, 0 tratamento da’relagao ‘obrigacional, no &, tao simplesmente, aboa-fé «cranga» ou signordncia escu- sévels, que entrou na Codificacao oite contista em tema de Direitos Reais, ou, ‘no maximo, como uma regra de inter- pretacio confundida com um vago & assistomatico juizo de egiidade' Ea boa-fé objetiva que, ao longo do séc. XX—mas, notadamente, nas suas tiltimas décadas ~ veio se desenvol- vendo nos mais diversos paises por orca da modelager doutrindriaejurs- Fri otaeigo mere a obeaata dea Buona Fs, lrg): CORDOBA, Marcos; GARRIDO, ii: KLUGER ‘Vana, Buenos Ais: Le Ley, 2003 (no pre (2) DAVID-CONSTANT, Simone ws borne lo: tne ner sansnvapes, an sta Boone Far~actes duealogue ot ree ao ne 1000 paris Cerfarance Lire ile Baran de snes ASB, 150, p. 8 {ay Assim o meu A Boa Ft no Dien Prva, Séo Plo, Rowsta dos Tivunas, 1993, p408 {a} Acerca daselagtes one bone qbiadee do peng eareentad east ene amas a ot cpar do over aur ue eebstancrementevlegibus sous ~ vew-seo recente esivd ce SNELL Frencests Donato, Nottm dona FadeedEqutd Risa dito Civile, no XLV £200, p. 337-555 com excelente anise das lates histices, doves ¢lgator. 10 JURISPRUDENCIA BRASILEIRA - JB 200 DOUTRINA un prudencial’, E desta que cuidarei, num recorte especffico, qual seja, a atuagao da boa-fé no adimplemento das obriga- es. Ecomego por apanter as difcuk jades que o tema enseja. Tratar seriamente da boa-{6 signif ca equilibrar-se no fio da navalha, ope- rar com antagdnicas concomiténcias, defrontar-se com antigos dilemas e en- frentar modernos paradoxos. Nao é possivel, por exemplo, definir de modo abstrato e geral a boa-fé objetiva - ex- pressao que abriga variados significa- dos, desenhando normativa proteiforme e multifuncional - embora seja mais do que tudo necesséno nao dissolvé-la numa vagueza semantica que, por querer tudo significar, acaba ‘ou por ser redundante ou por esvazi- ar-se de qualquer conteido proprio. Nao @ possivel submeter a boa-fé a uma plana subsungdo, sempre igual em todas as suas manifestacGes. Po- rem, ao mesmo tempo, néo se pode utt- liza-la como uma panacéia para todos os males da realidade (o que, na verda- de, s6 serve para mal-disfarcar ovolun- tarismo interpretativo). Nao é possivel, (5) Tete da bos como amodelowisca unsprodenc por fim, considerar — nos sistemas juridicos fundados na tnpartigao dos podores © fungdes estatais - que a boa-{6 objetiva serve para substituir a Jet ela serve para mtegré-a, apontando ‘a uma perspectiva substancial, e nao ‘meramente formal, do Ordenamento. Em termos muito gerais, a boa-fé apresenta-se como @ mais imediata ‘radugdo da confianga no dominio das relagées intersubjetivas: a sua etimolo- gia feside na fides» (ucum fideso), uma «ides» adjetiwada como «bonan isto @, como justa, correta ou virwosa® Esse é, taivez, o wnivel minimon da boaté, e, nesse aspecto, 0 seu campo de atuacao abarca todo 0 Ordenamen- to. Nessa primeira perspectiva, 2 boa-é manifesta-se como um princi- fo geal de Dirato que vse 2 utlr 2 confienga, considerada como cimento dda convivéncia social, como base para ‘qualquer convivéncia humana Tradicionalmente a boa-fé compa- rece no Direto Civil de forma subjetiva- da, como crenga ou ignorancia escusdvel —e foi assim que entrou nos Diet brasil em 2A Bop Fé comodo, ‘im MARTINS COSTA,d. e BRANCO, G, DieraesTeviss co Nove Cégo Civ Brasioven, Sioa, Sere, 2002. Nolegsagéobrasiara, bea (éwrha posta, no Cédigo Comers, comaregrademterace- ‘ago, no art. 120, ceaputs eins sn verbs: Sendo necessare mirpetar as cbusuas doconirata, 3 nlapretaéo, alm das ogres sobreas, sora ogulada sobre as seguntos bases: | 2 tiga sim ‘ese adequsda, qu ors conforms baa, oo vrdadaro expt onatueza do contrat, devera Samora prvalacer 3 ngorosa vrei Spiieagio das palavrase. Pore, came absercu Jose Cris [MOREIRA ALVES: Ede nats, parr, qu ese dispesitvo, qu se presets coma nauzeza de ct ‘ula gers at epoca eltvamente recent itd come smples pacino de armenduies quesebase ‘abo sujal ane vA Boa F6Objtwa no Sistema Cantatva Brailes, ct. 138} Codigo do ConsumidariLa.078, de 11/09/80) zpravé roa, ines I, cro um ds prnciios da Pata Nac ‘na as Hesagos da oneumo, vane a warmeanzaze Obs beresses dos parepantes das elagoes ‘decansimoue no art 51, reso V, como enti de alec de abusiidade de lusuacantretsal co ‘sata es nuiade, Coma verter clasul eral, aboeé vers pasta ro now Cédig Cv Brasiero (Le 110.405, de 10dejanavo de 2002, queervauer igo en 11 dejanera Ge 2008, wer: «A. 422.05, ‘onratanies io bngados a guard assmna conluso do conto, como em sua execu, 0 rnc pos de praidade e boot (6) Acorespondénca samntes entre bone ustonne sentido de wtunso, esta am Cicero [aDeDitss, ‘HL 20 também no Digest (0, 1,2, 24, Cédigos oitocentistas, conformando, em larga medida, uma certa pre-com- preensdo do sintagma. Nessa feig80 sua presenga nao se limita ao Direito Civil, apresentando manifestacdes ‘também no Direlto Pablico, de modo especial o Direito Administrativo e 0 Processual. Como crenga ou ignorén- cia escusavel, a boa-fé constitul, tam- bém, uma manifestagao da confianga, mas ver especificada no dever de res- patter situacdes que, podendo ser, or: ginalmente, injuridicas, séo, mesmo ‘assim, tuteladas e respeitadas pelo Di- reito, tals como as situagdes que dao origem a usucapiao?, ou aos efeitos do casamento putativo!, ou as situagoes apanhadas pola Teoria da Aparénciat, | ou, ainda, aquelas abrangidas pela con- validagdo dos atos nulos"® ou por al- guns dos casos inseridos na Teoria dos Atos Proprios"', entre outras hipote- ses. Deixando de lado esses significa- os mais goras (tutela da confianca) ou especificas (crenca na aparéncia e Ignordneaescusévell podemos come- cara delineara boa-f6 que vem traduz- da, no Direito das Obrigagdes, como modelo de conduta (positiva e negat- va} & como cone hermenéutico e in- tegrativo. Essa é@ a boafé objetiva, também chamada de boa-fé obrigacio- nal, ou contratual, Nessa acepeao, a expresso «boa-fé» indica, primeira mente, um modelo de comportamen- to", um standard valorativo de concre- tos comportamentas humanos, Esse standard considera modeler justamen- te um agir pautado por certos valores socialmente significativos, tais como a solidariedade, a lealdade, a probidade, a cooperacdo e a consideragao aos le- gitimos interesses alheios, incluindo Ccondutas omissivas sempre que 0 nao-fazer, ou abstengao, for o meio indicado para concretizar tais valores sociais que, mediante o principio da bboa-é, adquirem entidade juridica. Esse standard juridico tem, porém, uma fungao produtiva, isto é mos- tra-se capaz de produar normas hete- énomas, que sao wdetectadas» polo juiz a vista de determinadas situagies tipicas. Dai a wrevolugao» ou a wevolu- aon - jamais 2 areverséon!? - que a boa-fé provoca no sistema de Direrto Obrigacional, radicionalmente enucle- ado num modelo binario de produgéo de normatividade juridica: ou a wvonta- de individual» ou a lei, estntamente considerada. E dai porque, para com- ee {7) Cho ii, ars. 1.298, saput epragalo une; 1238; 1282 (@) Codigo Ci an 1581, 88 62, {9)V.go TUAS, Ap. Cv 195162760, Rel. Des, Mana lsbo e AZEVEDO SOUZA, une wera gov bf frente. Ne davon veja-s2 DE MATTIA, Fabia. aAparénca de Representayéos. So Paul: [. ‘a8 [10] OUTOESLVA, Aino. sPtncipos de lgaliade ds Admustagéo oda Sequanga Judie no stato de Bets Contemoreor. Resta de Dieta Pablo, v. 8, Sao Paulo, com méicagbo Ge wnsprucinces (01) BORDA, Atgano, La Teoria os Aci Popnoss. Buenos Aes, Abeleso-Pert, 3 4, tualznds “ronda 2000_Najursprodineia exempiiaivament,TARS, Ap. Ci. 180088598, °C. Civ, Re Des. ‘Vane PERN, em U8/08/90, ons van} 1s.gov.uispradénce 12) Vea se trabalho nda ate! de BIANCA, Massimo La nozone di buona fede quae regal compare: tment contrat, Rewats Dita Cv 3, 1983, 13) Useiopnmano ter em xA Bos Fé no Dire Piva, Séo Pao, Revste dos Taibunas 198, 9.27.00 revlugao eurevestolversna, fmardoa pamesaenegando asepunds la BUSNELL Francesco ‘onts«Notemtemadh Buona edeedEqutn, sta diDiitta Cul, aan XI 5, 2001, .S¢4 2 JURISPRUDENCIA BRASILEIRA - JB 200 preender a boa-fé no adimplemento, 0 ‘melhor criténo é o que busca recortar as suas funcionalidades. Tendo em conta esse critério, bus- carei examinar, preliminarmente, como atuam essas funcionalidades frente aos principios que, tradicional mente, s40 considerados os cénones polos quais se avalia 0 adimplemento das Obrigagées, qual seja, aautonomia prvada ea culpa, examinando, outros- ‘sim, as pautas para a concretizacao da boa-fé abjetiva no adimplemento (Pri- meira Parte), Posteriormente, recorta- rei campos de atuacao da boa-fé como elemento de concretzagao da wondu- ta deviden (Segunda Parte). |) AS FUNCIONALIDADES DA BOA-Fé NO ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAGOES Evidenciara boa 6 peo oitériofunci- onal significa deixar marcado que esse principio, considerado wardealy no con- tempordneo Direito das Obngacdes", pode atuar de maneira mais ou menos ‘eomplexa, mais ou menos variada, em diversas fungoes juridicas que constitu- em, sempre, fungdes econémico-sociass dotadas de relevancia juridica. Mas para que esse quadro funcio- nal de atuagao da boa-fé se apresente ‘em toda a sua complexidade, € preciso ter em conta a nagao que Ihe é polar- mente conexa, qual seja, a de autono- mia negocial (A); é preciso, também, ‘examinar como atua a interpretacéo do principio da boa-fé (B); por fim, nao se pode deixar de ado aatuagao da boa-fé ‘como critério de concretizacéo dos de- veres de dligénciae, portanto, demen- suragdo da culpa como elemento do inadimplemento imputavel {C). A) BOA-FE E AUTONOMIA NEGOCIAL Durante muito tempo as funcionali- dades daboa-f6 no Direito Obrigacional se viram obscurecidas pelo papel, ex- ponencial, cometide @ «autonomia da vontaden, signa linglistico denotativo de uma liberdade natural ¢ moral de querer ou de determinar-se atrib todo. serhumano que seria o motor da vinculabilidade juridica e, portanto, da vinculagao obngacional', A racionalidade, no Direito das Obri- gagbes, estava presa & racionalidade ‘que guiava a circulagao de produtos e servicos, presa idéia de relacéo juridi- ‘ca intersubjetiva polanzada pela vonta- de humana como expressao da 114) Da bow-6 como wpnncino casings rete BUSNELL, Francesco Donato, sot i tema di Guana Fde 06 Ft fan Hee Ce ome ALL &, 200. £45, he ear przpebocas 15) Assim a concep, gesteda na flosota mesivel wanspasta pars oDieto go dusracionaismo © pressano primera Consttveonalsmo ena Cosloagdeoforantsta queldeniicovabusce dalam {oto poder objetwamantereconhacdo ops sates. pelo otenamenta de enernonmas wis (poder negectls. coma vontade rel ou siesigics dos suas para cnernovmas idics,vontade qu, nest ‘acepgdo, sana ort ou causa ds eteites pics e que tena, como ressupaste,e guaiade 9 todos ‘cerca porte ae. DOUTRINA 13 liberdade @ todos atribuida's, sto é, da liberdade para dispor, contratualmen- te, sobre os bens. Ora, hoje em dia a boa-fé objetiva comparece ao Direito das Obrigag6es- fimando-se como um dos seus eprinci- pios cardeais» - porque, modernamen- te, o signo «autonomia da vontades @ substituido pola idéia de autonomia pr vada". Jando mais se trata da velha nocdo de «autonomia da vontaden porque se ‘ata a nogao de autonomia nao ao «que- rer individual» ou livre arbitrio, mas ao reconhecimento do direito ao livre de- senvolvimento da personalidade'®, que se exerce, emlargamedida, na ida co- munitaria, constituindo, por isto, uma «autanomia solidérian”® Nessa acepgao, 0 sintagma «auto- nomia privada» nada mais sintetiza do ‘que um modo de qualificar certas rela- ‘Goes entre a atividade privada (singular iu coletiva} e o Ordenamento, const- tuindo, nessa medida, «il principio att- nente ai comportamenti umant costitutivi di situazione giuridiche®. Ucito seria negar-se a autonomra aos seres humanas, pois essa 6 constitut va de sua dignidade, é 0 pressuposto da propria possibilidade de um livre de senvolvimento da personalidade. Por extenséo, ndo se nega que a autono- mia seja exercida no campo dos negd- se el aferenument thera de coral exes ta arbénce cont Sie ds pneu upeares do Orso, xpress a Conclu Fe. Gs ea tosdn cont rb oar ee aio ers tes ang scl ‘onan 100) A singto emcees loge de expr Stl nomnafsme, oa meida em que exo seat ere GRAU, oF concertos ideas no so apenas ngnes decoisa=~constitiempropnémet eee desilcaccesxiGRAD,Fosfabero, Dreto,ConceteseNermas Juries Sa0Paio Ravi toe Trina, 1988 p38). Ore, assent do. signolngfesee vaduzdo no exaressto wausonome da deer esis construc leo, data ds ss do secu XIX por alguns rss Ds purse ans excess obra ecordnc, {aloes do dlvidualismo, para relor stars Na bee contacts, sl rots et Liber ‘onattundo mimmntovlurtaramente ico pos cpus excess» como acantuaIZORCKE, Mane Lue. Fondarnentaan, Pars: Dalz, 1987, p. 503, wad (18)-Viosoeetugo de MDTA PINTO Paulos sobre sreto soir dasenvovmerto di prsonaliade ir ous da yeranaidadeno dretopatupetss =r» SARLET, Igo Walang (1g), A Consttugio Peaseaaess Gonuindepontescom 0 pablico 9oprvadon Porto Alege vraado Advogec, 2000, Ce Rosa d ee, ops tem LUDWIE tacos de Caps, 0 retain desenvlyneni sonal ne Alesha epassbigedes siz apapao ce deo pvad aso» @CUNHA pons Sunoe «Deridods da ossoatumana: cocetotundamentaldo Oto Cah, ambae ane Rae BosTA dion) sAMeconstugie do Diao Prvado,SéoPauo,RenstadosTburas, 2002 26-05 230263, spac. tease caver esevanopia gor else adap ope exresso no at. «21 donav digo Ci Dem ar sabe edrabroaior reper orem enim, 5a vba aera uno; fetct: dpi x enstnea deeds ig Socal sober Fea as gio gavel db ropnadne re concerned do corsuridor des a propiedad velaferaponen busca dopo reg Constuao Fede Src, sepa emese 20) i, Gasope Autorama Piva ~ Dito ds conatto isp costtunonse dl econoran, too: te, 1288p. 14 JURISPRUDENCIA BRASILEIRA - JB 200 cios, na regulacdo da atividade econémica (autonomia negocial) Porém, os comportamentos huma- nos constitutivos de situagies jurid- cas devem amoldar-se a certos parémetros ético-juridicos, precisa- mente porque o Direito é ordenamento, isto é, ordonago da atividade humana segundo certas escolhas axiolégicas que, implicita ou explicitamente, cada sociedade faz traduair em seu corpus normativo, a comegar pela Consttui Gao Federat”, Esse amoldamento a parémetros eticos & necesséiio visto que as situa 60s juridicas constituidas pelos com- portamentos humanos na sua generalidade tém reflexos na esferaju- Tidica alhera, isto €, tracam relagoes de tntersubjetividade e, por vezes, de tran- subjetividade, “Mais ainda sera necessario chama- menio de pardmetros éticos quando a sua dimensao é transindividual, des- personalizada e marcada por verticali- dades econdmicas ou informativas, ‘como ocorre, por exemplo, com a con- ‘tratagéo massificada, com as situa gies de oigopdio ov de monepdtio do fo, de abuso de posigdo dominante no mercado, de dominio de mercado relevante, de abuso de dependéncia econdmica®2, modificagao substancial do mercado%, e, ainda, como decorre dos atos negociais de comunicagao a istincia, tas quars os levados a cabo por meio da Internet. Durante muito tempo, cuidou 0 ‘Ordenamento de impor limites — exter- ‘nos € pontuais - 4 autonomia negocial, cortando o exercicio dealgumas wliber- dades» em bem determinados setores, e situagées, como, exemplificativa- ‘mente, as leis locaticias impeditivas do exercicio de denincia imotivada, por parte do locador. Essa técnica, ainda existente, nao reina mais soberana & isolada. Compreende-se, hoje em dia, que as intervencGes heternomas na ativi- dade privada ndo decorrem tdo-so- mente de imposigées pontualmente limitadoras, tal como, tradicionalmen- te, consistia o papel das unormas de or- dem piblicay ou «inderrogéveis «ex voluntatenn, Hi limites que decorrem de um in- tuito de tutela a interesses comuns a cortos setores sociais - expressando, muitas vezes, o que ja foi chamado de (21) Conettagdo Bratior tra, expctomente, os pris da Signi da possos humans; da soar de social da usta: da gvldads de mora, en outos, ax ws ds sus ai. ‘wei 5°, naput; #37, apa. so 3 (22) Asexpressbeswabuso de psig daminaniow lomo da mercado levate» conta de fas 1) 6984/9, que depde sobre preveng Pressio eabuse de depen nga eprossio as nragées conta aardem econémica. Ax ecnorcas « ulzads pol le talane de 18/07/1888, clawva 20 onrao do eublraeemanto nas atvidades pregutnas, como elata SUSNELL, Francesco Donato. Note tna dh Buona a Egat, sta Ovo Givi, anno XLVI n 5,200.9. 688. (23) Essa expresso oiuliada pa ST no RESP. 256456, “fel Min, uy ROSADO DE AGUIAR, jem in720h, is DIES}, za ened Cap Vendo, aan Prog. Medien Sain delat Deas decopecvotacooa uso lest ware gous then fran nd dels dapesast cote ume ar are, postr canande cre mpd iayie fo page Modcaie ssn do reread gn dear a ups pls ‘Tipe cu eco com fb fonts an, 1 co mere, Recs comwctn « rn DOUTRINA 1% ‘paternalismo do legislador*-e ha lin des tragadas de modo menos paterna- lista, menos autoritaro, por mntermedio de certos principios dotadas de eleva- da carga ética e funcdes de protecao, prevengdo e promogéo de bens jurid cos furdamentais. Esses lindes nao so «externos»; nascem da propria conformacdo do direito subjetivo a concreta situagdo uridica subjetiva (existencial ou patrimonial) na qual esti integrado o decorrem do que Cas- tronovo denominou de, cheteronomia nao-autontaria®, aludindo a uma meto- dologia de técnica legislatwa propria dos inais do século XX e que outros au- tores tém denominado de «legislacéo por principios e cléusulas geraisy. Entre esses, esto os principios da dig- nidade da pessoa humana, do livre de- senvolvimento da personalidade, da fungao social da propriedade e do con- trato e da boa-fé objetiva 0 principio da boa-é objetiva é pa: radigmatico dessa «heteronomia néo-autontarian porque, traduzindo um modelo de comportamento ndo-enrije- cio, mas apto a moldar-se segundo as circunstincias concretas, dé o critério para a valorizaco judicial do compor- ‘Yamento, nao 2 solugao previa”, Atuando como critério, a boa-fé tem, como principaisfung6es: a) otimi- zat 0 comportamento das partes, & vis- ta do concreto programa contratual, das situagées juridicas subjetivas de seus protagonistas eda finalidade eco- némico-social em vista da qual foi 0 ccontrato firmado, assim possibltando uum adimplemento satisfativo:b) corn- gir ereequilibrar, sefor 0caso, oconte- do do negocio juridico, notadamente nos casos de quebra da base negocial objetiva ou excessiva onerosidade, su perveniente e nao-imputavel; c) posst- bilitar, qualificar e mensurar 0 adimplemento satisfatorio, inclusive, ¢.1) impondo, @ ambas as partes dare- Jagdo, a adstrigdo a deveres wavolunta- fistasy que se fazem instrumentalmente necessarios a0 ‘adequado desenrolar da relacao nego- cial, a vista de sua finalidade concreta, atingindo desde a fase das tratativas [aay Acnpressio da COSENTINO F. paternal del laslaore nae normed imtazone del autonome erste cada por GRISL, Giuseppe. AutonamaPrivate— Dirt deiconratt@iscipinacosttse teredaoconemah Mor, Gute 1989p. 18, Comesse expressio,inéiza autor aprvaria ouatone ‘dun do erdade de escof por pre dos nidvidvs, pero peloOrdanamentoparaaseguar ne Feraborprategeos pessoas, ovacategones depessoas.Nesaescasos—wg.2proiegi da cansunt fr, os dos emorepadas~o Ordenamento pnvade fies, ound tapesas polos suetos que tela, quedo tive conseqién Os gidade determined cola coniretual mesmo qua pate tena detrado ores Asm ni fe ia aunua se mostrar esa, oy abuse (25) CASTRONOVO, C »avvenura dele causoe ge 1386, p29, evar: na buona ede causa ream ia ovale per ecelanz,caaterzaa specaimerte neces valde, as pelerencas 2s negnas para esses suyetas + Rivet itis da Dirto Prato, 2a N. dala copae dresser a ques ambiamenta regime a qsstas ater di vlon soc prche ao succeso pos esere se onedorando co eas ene sulle che cree aa canon, ndidus per inoe suns talora fice ca cogieee dapeccoere quale ene oven cramer eerenome nen automa, catia cin tervenio che, pur cendote €3un here on le pr, tutswa non avtontareperhe silt irarevals socal env larmo gun Seas [26] Nasse sentido janie e ands msuperavelensaode RODDTA Selo. tempo tte clausol genes Ten uns Riva Gc dl Dito Pato, anno, 187 {27)COUTOE SILVA, Cus. «A Dbngegso como Pracesso. Sio Palo: Sushashy, 176, p42 16 JURISPRUDENCIA BRASILEIRA - JB 200 ‘egociais até o period pés-contratual; d) suprir eventuais lacunas, atuando ‘como canone de integragao do contra- to; 2) servir como enitério de concreti- zagéo dos deveres de aiigencia, na responsabilidade negocial; f} atuar como critério de ponderagao dos deve- res gerais de «neminem laederen, na responsabilidade civil extra-contratual; ahlimitar 0 exercicio de direitos subjet- vos, direitos potestativos (formativos) e posigdes juridicas, gerando, por ‘exemplo: 9.1) responsabilidade pelo in- justo recesso das tratativas, pela que- bra da confianca legitima ou pelo exercicio contraditorio de posicao juri- dica; g.2}conduzindo a anulacéo de atos abusivos, na esfera das relagdes de consumo; 9.3) impedindo o exerci- cio do poder formativo de resolucao se O adimplemento fo substanci, en tre outras hipéteses que, pouco a pou- co, vai a jurisprudéncia construindo conforme as situacées de vida com as tus se depare; hf atuar como onto de mensuracao e avaliacao da iicitude de metos, na forma do art. 187 do Codi- go Civil? que, como tive ocasiéo de ob- sorvar, modifica, substancialmente, 0 modelo juridico da ilicitude no Direito brasilero® Por ai jé se vé que a boa-fé néo é uma norma que se apresente sempre igual em suas manifestacoes. Relativa- mente a autonomia negocial, a boa-fé pode comparecer por vezes conjunta- mente, por vezes de forma antitetica, ai atuando como jimite, por vezes, enfim, servindo para complementé-la ou ‘amoldé-la aos demais valores do Orde- namento, Dai a constatagao de a boa-f6 carecer, sempre, de concregzo. B) BOA-FE E CONCREGAO ‘0 que constitu, em cada situacéo de vida, um comportamento segundo @ boa é objetiva néo pode ser descrito «a priori e de modo abstrato Sendo em ter- ‘mos muitos gerais porque a boa-fé 6 nor- ‘ma carecedora de concregéo. Ao postular ‘a concrecao, a boa objetiva pede ao in- ‘térprete que ajunte, aos métodos clésst- ‘cos de interpretacéo, desenvolvidos € expostas no séc. XIX, por Savigny, uma nova herenButica, cujo modelo ¢ o da hhermenéutica constitucional Na segunda metade do século XX, 0s constitucionalistas passaram a per- ceber que néo serialcitotransplantar & Constituicao os métodos da hermen6u- tica cléssica, aplicdveis aos Cédigos itocentistas — entéo conformando monumentais «sistemas fechadoss- pela razdo de ser a Constituigéo, se- gundo sua conformagao normati- vo-material, «fragmentaria & fracionadan, apresentando numerosos: principios cujo contetida precisa ser previamente preenchido «para serem realizaveis no sentido de uma aplica- ‘go juridica®, Dai que a doutrina cons- titucionalista tenha proposto outros (28) Aa. 187: Tandem comateatoilte ottlar dum det ge ao exercéo, excede manfestemente os ites mpeses pel sau in ecandmico-socal, pla bos u pelos bons costes» (29) sins sBrevesanatagdes acres do concatn de etude no nC esrures@ uptras am cama do TET) dispoeina sta wir. mages. com. Tambérmen sata Econ, 775, 0206/2003 (90) BOCKENFORDE, Est Waligang Lae Método dele mterpretcin consttuconal ~ mventanoycriten tne Esenos sbre Derechos Fundamental - Noms Verapsgeselschat, vauéo espanladeuan ute Requjo Pages ¢ Ignoeo Vilaverde Badon Baden, 1983, p. 17. DOUTRINA "7 métodos hermenéuticos, diversos dos imaginados por Savigny*, destacan- do-se entre eles as correntes da inter- pretagéo constitucional hermenéutico-concretizadora, Ora, o que importa aqui sublinhar — frente a tao vasto tema ~ é apenas a circunstancia de se ter entéo assenta- do, na ciéncia juridica, a idéia de que certas normas carecem nao apenas de interpretagao, mas de concretzacao. Em rapidissima sintese: frente & mu- danga da linguagem normatwva — ago- ra, muitas vezes uma linguagem semanticamente aberta, caracterzada pela vagueza das normas @ por sua fdragmentagdo» — compreendeu-se ‘que @ metédica apta & interpretacao das normas juridicas nao encontraria, fo texto normativo, desde jé e de perst ‘a anorma de decison. Ao invés de ca- recer de kinterpretagéo» (assim cons derada a «explicagao do texto da norman), a disposicao posta em ter- mos semanticamente vagos necessita ser «tornada concreta», 0 que significa ‘que, para ser aplicével 20 caso conere- 40, disposigao normatwva deve ser pri- meiro prédeterminada. Esse processo de predeterminagao esté enucleado na correlagaa tensional entre o «niicleo rnormativo» (o sintagma boa-1é} ea rea- lidade, de modo que, ao mesmo tempo fem que 0 intérprete elucida, no caso, ‘qual 6 a «norma de deciséo», estara desenvolvendo, materialmente, a es- pécie normativa™. Dai as dificuldades que a boa-é presenta para o pensamento tradicio- nal, subjugado & pretensao derretirardo texto normativo uma solugao pronta € acabada.E que a normatividade da bboa-fé néo 6 um fendmeno estatico que se esgote com a posicao da norma texto) pele legistador nem na busca de seu «sentido e alcancer conforme @ metédica tradicional. Diversamente, dpresenta-se como um proceso, uma virtuosidade dindmica de norma, considerada em sua relagdo com a realidade. Isso est a indicar que a tarefa de concretizar & sempre, e necessaria- ‘mente, contextual, de modo que néo se pode retirar da expressao uboa-fév um conteudo «imanente» senao de forma exttemamente vaga, como «honeste viveren, Mas 0 que significa esse cho- neste viveren sb podera ser densifica do de modo contextual, e, por isto, estreltamente ligado as circunsténc! as, aos dados faticos, aos wfatores vita- is» determinantes do contexto da aplicagao™.Em outras palavras, os de- veres concretamente derivados da boa-fé, o «sen e0 «como» desses deve- res, a sua intensidade, dimensao e efi- cacia etc., devem ser sopesados & {B11 O venir ea ein ecto am BUCKENFORDE, Ent Woigang, Las Métodes de epetacin ofettutonal -ventano y cies, es Estas sobre Derechos Fundamentals - Horas Veo ‘Sotectatt nadogh espanhola de duts Ls RequeoPageselgniioViverde Bader-ecen, 1823 p27 250 (a tee mena one ets ee ars deters aman a Nee Men, ech Osc dea Wee sue, tai kesh Oe enn Payee gt, om espa. 168238 « MULLER, redness de Tabata Consiticarh tradigo de Paso Bonavides. Sia Pao, Max Limaraé 2. ed, 2000, p.51 868 {98 SJ, RESP. 958.82, Rol Min. Nancy ANORIGUL nne(.Jde 0/08/2002, endo as weweunstancies con byetase de ating debra 18 JURISPRUDENCIA BRASILEIRA - JB 200 vista: a} da natureza do vinculo, obser- vado em sua substancialidade; b)da concreta situacao subjetiva das partes e daefetiva relagao de poder (econdmi- 0, informativo, politica} mantida; c} da eventual incidéncia e peso, naquela si- tuago, de outros principios eregras do Ordenamento que acaso Ihe sejam contrastantes, ou colidentes; d) da ponderagdo, a ser fetta objetivamente pelo intérprete, acerca dos valores que guiam 0 espectfico campo juridico no qual se desenrola a relacao. Nessa perspectiva, diversa serd a atuagéo da boa-fé na produgao de de- veres de tutela, consideragao e coope- racéo conforme se tratar de negécios tipicamente bilaterais -«v.g.», 05 con- tratos de intercémbio, nos quais o inte resse, conferido a cada participante da relacdo juridica (amea tes agiturn) cen- Contra a sua fronteira nos interesses do couto figurante, dignos de serem prote- gidos»- ou de uma relagao de parceria, como um contrato de sociedade ou ‘uma sjoint venturex, ou mesmo uma parceria informal. No primeiro caso, a relagéo est es- ‘ruturada em interesses contrapostos, ‘embora convergentes, (de modo que) «co principio da boa-é opera, aqui, sig- nificativamente, como mandamento parte (xtua res agitur) é o contetdo do dever do gestor ou do fiducidrion. Mais intensa, ainda, sera a incidén- cia dos deveres de cooperacdo, consi deragéo, tutela e lealdade quando as relacdes obrigacionais marcadas pela comunhéo de escopo, como as rela- (Goes de sociedade: entéo, a coopera- do so manifesta em sua plenitude fenosttaresagtum), Agu, ensinou Cio vis do Couto e Silva, «cuida-se de algo mais do que a mera consideraco, pois existe dever de aplicagao 4 tarefa su- prapessoal, ¢ exige-se disposicao a0 trabalho conjunto e a sacrificios relaci- onados com o fim comums»*. 0 intér- prete, porém, nao deve enganar-se pelo nome do ajuste, por sua forme deve descer ao fato para averiguar como estado estruturados os miituos in- teresses. Sé assim estaré obedecendo ‘20 que Miguel Reale ~ coordenador da Comissio Elaboradora do Anteprojeto de Cédigo Civil Brasileiro ~ denominou de diretrizda concretude, assim aludit do a «ética da situago concretan, & estrutura normativa concreta (..), destituida de qualquer apego @ meros valores formais abstratos», direciona- da ao ‘homem situado», diretriz essa posta no novo Cédigo como um dos seus travejamentos ideolégicos e te6- is” deconsidragaon® Diversaemaar ea Ficos fundamentals intensidade dos deveres decorrentes Enfim, 0 intérprete deve tambem da boa-f6 quando os interesses em mergulharno fato pare averiquar como jogo ndo so contrapostos, mas quan- se apresentam as respectivas situa~ do verifica-se uma atividade emprovei- ces juridicas subjetivas e como é tre to alheio: nos acordos de gestao, nos cada a efetiva relagao de poder, negocios fiduciarios em geral «o dever juridico e de tato, entre os participes do de levar em conta 0 interesse da outra_vinculo. Se setratar de uma relagao en- [95) COUTOe SLAC. «A Obnagéo com Processor. So Palo, Jocé Bushatshy, 1976 3. (36) COUTDE SILVA C. «A obigagéo com Procassn. So Pao, José Bushatsky, 1976, p30. (90) REALE, Miguel sExposgd de Motives do Propo de Céeigo Civ, 1875, oan oO Projta de Caigo ‘il Siuaglo ual e see problamas luadamantass, S20 Pal, Serava, 1864p. 8€ es, DOUTRINA bd ‘tre empresas € nao houver uma situa~ g40 de monopélio de fato, mas de ‘elativa igualdade de negociacao, 0 de- ver de informar, gerado pela boa-fé, ‘tera muito menor intensidade do que na hipdtese de a relagao estar fundada na assimetria entre as partes, em es- truturas faticamente verticais que des- mentem o mito deuma honzontalidada cingita as relagoes interprivadas e, portanto, nelas sempre presentes™ Aliés, a maior ou menor atuagéo da boa-fé objetiva @ 0 maior ou menor es- pago de exercicio concedido a autono- mia negocial estao em direta dependéncia da estrutura, horizontal zada ou verticalizada, simetica ou 2s- simétrica, subjacente a rlagéo juridica ‘em causa, Quanto maior peso dahon- ontalidade, maior sera o espaco da au- tonomia negocial e com menor intensidade incidiré a boa-fé em sua fungao limitadora de direitos subjet ‘vos, formativos e posigoes juridicas. Inversamente, quanto maior a assime- tia (juridica, econdmica, informata, poltica), mais diminuto seré o espago de exercicio da autonomia, e mais for- temente serao irradiados os deveres limitas decorrentes da boa-fé. Assimé- irica €, por presungéo legal, a relacao ‘etre consumidor e fornecedar de Ser- vigos, verticalizado sera o negocio es- tabelecido entre os particulares © a Administragao Pblica™ Em virtude da concregao, dos paré: metros de avaliagao concreta da con- duta das partes, em conformidade as carcunstancias, 0 principio da boa-té objetiva projeta-se na relagdo entre adimplemento e culpa. C-BOA-FE E CULPA O principio da culpa é basilar em toma de adimplemento, uma ver ser a culpa considerada, por larga doutrina, elemento da mora. Deixando de lado essa discussao, cabe avenguar, aqui, tao-somente as virtualidades da boa-fé ‘objtiva para introduzir na avaliagao da culpa contratual, critérios objetivos concretes, conduzindo a ultrapassa- ‘gem da visdo abstrata dos deveres de diligéncia, para alcangar 2 considera- go concreta do comportamento do devedar ao longo do wprocessus» obn- ‘gacional e, por conseqiiénera, para a superacao da idéia tradicional de cadimplemento», considerado to (ay TIRG Ap Ge 700123865, 16°C el Das. Jada FERE,| em 0805202 wei sr TE ea, Reuunun de clesspoisao deve merdonnde cone abun omar bn Sent ccna grecpamet sabes nce gon plo noes dope ‘nm. ‘ayer sano ST AEMSE 12:06, ST, el. Min Ry ROSADDDE AGLI, ure 10/1205 SSSA Svea -daevornd co endmera Gobi Suspense da acess, 62M Aa sem er ia cafe, awe eMac de end pe cert Sancncsiqescels totanata cece ur scesespasscote an, Hee tes Led omeoain que ena sapersiacorera peers condi eto de area tae propo sane econ, gunn repels ean Delors soe gent osispetipletesa Reardon, Cent ess aeation oA sr ea Covi rasegesOrgacon ene Aamrstote 4 Parca elt acne de uate UFR, va Poe Aye, 202 20 JURISPRUDENCIA BRASILEIRA - JB 200 somente como adimplemento dos deveres de prestagao. O conceito tradicional de «adimple- mento da obrigagao» foi formulado a partir do que Luigi Mengoni, apropria- damente, denomina de «modelo roma- no da «stipulation, Esse conceito sobroviveu até os nossos dias por meio do habito mental de constiuir a relacao obrigacional com refergncia precipua as obnigagdes de dar‘. Eo que, em ou- tras palavras, também apontara Couto e Silva, ao assinalar que o sistema de obnigagdes do Cédigo Civil foi construt- do wapenas com base nas obrigacdes principais»®, e ~ ajuntamos - quando estas eram constituidas preponderan- temente (seja do ponto de vista quanti- tative ou qualitativo) pelo «dare», o que tinha sentido numa sociedade pré-in- dustrial ou pouco industralizada. Hoje ‘0 panorama é outro: na nossa econo- mia explode, quantitative e qualtativa- mente, a prestago de servicos, © 0 «faceren toma-se 0 modelo primordial, em substituigao ao edaren*® Ora, notadamente {embora no ex- adimplemento, nao é destacavel da consideragéo do inteiro desenvolvi- mento da relagao, da medida dos esfor- gos e dos meios que foram ‘empregados visando o adimplemento Essa consideracao do inteiro desenvol- vimento da relacao ¢ fundamental para a avaliagao da «conduta deviian pelo devedor da prestacao. Dai porque, su- blinha Couto e Silva, 0 «principio da culpa» deva ser conjugado ao da boa-fé, pois, acompreendida @ relagéo juridica como um tode, a liquidez do princt- pio da culpa vai encontrar sua justa ‘medida na contemplaggo da condu- ta do outro figurante.»** Consenténea a esta concepgéo esta a consideragdo, atualmente reali- zada pela melhor doutrina, acerca do afastamento da nocéo de subordina- do que, tradicionalmente, informavaa Situagao juridica do devedor*. uA histéria das Obrigagbes é extre- mamente significativa, porque dela se podera traduzir a historia de uma civili- 2achon, afirma, certeiramente, Pietro DOUTRINA 2 ea consideragao dos interesses do de- vedor® tomam o lugar da relago de subordinagao, ao credor, dos interes- ses do devedor: ambos os interesses séo dignos de tutela, Esta virager - que promove fundas alteragbes na avaliagdo da culpa do de- vodor , € movida pela imperatividade de nossa propria sobrevivéncia, estan- do no seu substrato a necessidade, im- posta pelas transformagdes que sofre atualmente a ordem econémica, de mi- rimizar os riscos das fissuras econémi- co-sociais. A lei @ 0s principios do Ordenamento sao chamados @ atuar para impor as pautas informadoras da ‘cooperagdo na relagéo obrigacional Dai decorrem «as condi¢des para a consecugao de padres basicas de so- fidaiedade e cooperagdo», como as naa José Eduardo Faria". Dai também ‘que, na relagdo obrigacional, como re- lagao de cooperagéo, endo se sublinha mais a subordina~ cgao de uma situagao juridica 8 ou- fre, nem de um sujeito a outro sujeito por escopos egoistas de um dos dois sweitos, nem por escopos superiores da produgao, mas se su- biinha a cooperacao dos dois suet tos, das duas situagées juridicas subjetivas, em posigoes paritar- as. Ora, modificada a propna sation que justiica a estrutura da relacéo, modifica-se, concomitantemente, a avaliago dos deveres de diligéncia, impostos ao devedor no para satista- zerinteresses egotstas do credor, mas para possibilitaro elcance de um resu- tado util para ambas as partes da rela- a0, e, bem por isto, resultado nerécedor de tutla juridica. Nessa perspectiva, a avaliacéo de situagao ede moran (que é fatol, néo prescinde da consideracao da efetiva «fattispecien negocial, luz do critério da boa-fé como cénone de interpreta: cgao congruente das disposigBes nego- Giais © como norma impositiva de deveres de cooperagao e consideracao ‘que incumbem a ambas as partes da clusivamente), nas obrigagées de fa- Petlingier®. Em nossa ciilizagéo, a zer, 0 momento final da prestagao, 0 ‘cooperagao entre as partes da relagéo 40) MENGON, Lng, sesponsabitd Cantata (dito genta daw Econ de iit, V. KKK, ‘ilo, Gut, 1868, p. 1.07 (S11 MENGOM, Loo, sesponsabiké Convatuse irito wgente sla Enilopeia del Dirt, V.XXKDK, Mio, Gui, 1968, p. 1.081 (42) COUTOE SILVA, Cibus. wk Dbngugae como Processon So Pal: Bushatsky, 1976. p36. (13) Acenueram ese topic TIMM, Luciano Benet, «A Presiagas de Serags: Do Cign Cv a0 Céigo de ‘eles do Consunigor Ports Alegre: Sinise 1838, e MARQUES, CluciaLimsoPraposta go ua Teons Geraldes Sermgos com Base no Ceige de Censuricr~a evalua das cbngacbes enolrendo seri ‘emunendas deta ndretomonte, Revita da Foouldsde do Dato de UAIGS, m8, Port agra, 2000.38 076 (441 COUTOE SILVA, Clb, A Obngagio coma Processor, Sdo Palo: Bushasky, 1876. p.39. (5) Para una andi hitrica widow MOREIRA ALVES, José Coro, vAs moras de prtegeo zo devedo @0 ‘later debionse dda omana Greta atnoamencaros, ans Pri General dal itoeinguta ton, Ficerche Guide o Poche ~MatealiV/I ed. Unversta d Roma, Cento ella Fearche, Roma, 198i, p. 188 8251, (46) PERUNGIEL, Petr, senornano def estinaone nel obligsnone.Napoles: Joven Eire, 1971p. 48. pee {ery em subsinoase estado, aaisa MOREATA ALVES as nomas de todo ao eevee perpen Hvtes eo rv Cia, sntnda saeco ver debion, autres como SIDMDI& KASER. {Extmmessoosenpeste quedo so enconta exons omaras~aratacratndiocn, aise “ws a ete romero os cbnagies# pros epordies cos, e qe fs ana nor SUSTIGAND Ge proteiaeapoo dogeveder aqua esta na pans de ormas uo (ule sa ob Seni eigen covoostnc oven pre mos tombe aqua qi, ip apresttndo des ‘ous natura, centre one ox pnepostaseosquegem oct unas eases wande& protes id sbsos oda bens cade destuaoes ue, oo apepe sie argos Isms asonars he gieatam terre doce )Como Coda Ci brsieo, que enouem gor Umi BT6lrdenad dena uraboa are dessas eas en ovo do devedorqu won do rete ‘tno, equahovar ido sotadar expesat pels Oleepesporugusss Prato dao {pOwlbester(.seatesteutmagunspons do Céggo ri nelanio mar numero gemsttos Thomas deeds vo deve MOREA ALVES, Jost Ces As arma arta deere ‘ununribs=daGer ronangan dretolainearrencanor, cm Prin Ganere Den {pt SrtypertDutioutne icwche Gul e Pore = Maton VU, od Urverr ones, anvo St ste amencan sCoragle nana Sete fiwce, oma, 1951p. 189875, ages teres 198, 187, 286242 (se FIA, José Eun, eto Economia ibaa Tess aresetad a sercatn pr Proeser "lve Departamento afbstae Teo Gaal do Ove da Unvesiceds dS Pa, 189306 (us) PERLNGIER ict onman del etnnonreleobtigazons. Nips: Joven Eire, 187.48, ‘rains 22 JURISPRUDENCIA BRASILEIRA - JB 200 DOUTRINA 23 relagdo. 0 crtério da conduta segundo aboa-é poderd, assim, acrescer os de- veres de dligéncia ou mesmo flexibil ziclos, conforme as circunstancias, exigindo-se, indubitavelmente, da par- te que detém maior poder na concreta relacao (econdmico, politica, juridico, de informagao sobre 0 negécio, ou O produto, ou 0 servico), um acréscimo dos deveres de diligéncia, Apresenta-se, assim, a boa-fe, como critério de concretizagao da «econduta devidan na relagao obrigacio- nal. Essa conduta, quando realizada, importara no adimplemento e, conse- qlientemente, na extingo da relagao, ‘com satisfagdo para ambas as partes. Ml) A BOA-FE NA CONCRETIZAGAO DA «CONDUTA DEVIDA». Embora flexivel e dotado de amplo grau de vagueza seméntica, 0 principio a boa-fé néo configura uma espécie de remédio a ser utiizado para uma inf: ridade de problemas juridicos, depen: dante tao s6 do alvedrio do intérprete. E lum recurso tecnico preciso (embora ‘multifuncional em sua operatividade), que pode, num mesmo tempo e num mesmo espago, ser dotado de diferen- tes graus de intensidade, na pondera- Gao, sempre necesséria, com as Concretas situacdes da vida e com os demais principios e regras do Ordena- mento. Devemos referir as pautas de concretizagéo da uconduta devidan, tendo em conta a cooparagao intersub- jetiva que esté na base do fendmeno brigacional, examinando os deveres instrumentalmente gerados pela ne- cessidade de cooperagao (A), a ‘atuagéo da boa-té frente 0 principio da exatidao ao prestar (B) e, por fim, a boa-fé como medida de intensidade dos deveres de prestagao (C). A) A relagéo obrigacional como relagao de cooperagao. ‘Aboa-fé atua para mensurar e qua- lificar a econduta devidan que esta no ‘nicleo do adimplemento das obriga- ‘ges, porém, seu papel nao é o de indi- car qual seja a conduta devida {0 «o quen deve ser prestado}, mas o seu acomon, isto 6, @ maneira pela qual a conduta deve ser desenvolvida com vistas a0 adequado adimplemento. Assim sendo, a existéncia, ou ndo, dos deveres instrumentais ¢ 0 sou grau de intensidade, devem ser verificados na situacao concreta, pois a boa-té pode ‘geraras partes certos deveres que néo se confundem com o dever principal de prestagao, porém nao gera «quaisquer deveres», mas tao-sd os que estéo instrumentalizados para a otimizagao da «conduta devidan, Durante muito tempo, os civilistas estiveram presos a idéia de vinculo, de- notada pela imagem descrtiva que vi ttha do Direito Romano: wobligatio est iuris vinculum, quo necessitatis ads- tringimur afiucus solvendae rei, secun- dum nostrae civitatis turav.’ Mas a palavra evinculo» expressa uma estat ‘adaule incompativel com a riqueza ¢ 0 dinamismo do fenémeno obrigacional Por isso a dogmatica propée, contem- poraneamente, a idéia da relagao obr- gacional como processo @ como Totalidade concreta, para evidenciar que nao se trata meramente de um lago aligar, estaticamente, crédito edébito: em seu substrato convivem as nogdes de estrutura, processo e funcao, as ‘quais denotam os aspectos dinamicos e teleolégicos da relacéo. Na definicao de relagao obigacional avulta avalora- Go dos interesses regulados peta pro- Bria rolagao*®, que se, define, indamentalmente, como_uma com- plexa relagao de cooperagao™ Porém, a cooperagéo, ligada & con- duta dos sujettos, néo esta reduzida a0 cumprimento do dever principal de prestagao®: ela requer, em variados graus @ infindavel tipologia, a obser- vvancia de outros deveres, secundétios, anexas, colaterais ou instrumentals, ue encontram a sua fonte ou em ispositivo legal, ou em cléusulg contratual, ou no principio da boa-f6. E que, se em toda a ordem Juridica @ ‘conperacéo é pressuposto abstrato € geral, no Direito das Obrigagoes, centrado na nocao de prestagao como conduta humana devida, a cooperacdo é nuclear, pois através da relagdo obn- ‘gacional «0 interesse de uma pessoa é prosseguido por meio da conduta doutra pessoa» de modo que @ «cola: boragao entre sujeitos de ordem obn- gacional - a colaboracéo intersubjetiva uma constante intrinseca das situa- goesut Deste modo, o dover de cola oracdo esta no nucleo da conduta devide, servindo para possibilitr, men- surar e qualficar 0 adimplemento. A colaboragao possibilita 0 adim- plemento porque para que este seja cf ‘cazmente atingido, é necessario que as [SO)PERLINGER, Pit. fnamene doiestnnene nel obigsons. Nols: Jvene Ete, 1971.22. (51) Para campreendr ess concepgo¢ precio lobar dstngooptrads pr Eo BETTI por vali dos ‘nos do seedoNKentrearaarie cbngacinalea oe eum problems de Die abngasonal resolve 8 um poblemadecooperagaoau de repareySo ashi opin Ge diettoreaEm aperiada sneseeslre- og de bes eros ‘epoocebiadade en Ho prmovo caso, aa de tabu bers aa pessoa ou Ga conelatva excl ‘Eo seyonda caso tatese de coopret,devda rum membxado conta soca nointeresse tp fo de ut membro do eonua socal, sto porque tm as rlagbes obngactons, come ‘cies, uvapresiago, postive ou ranatwa, que se reve come desenvolvimento de ume cond, ‘Como estado da um obyerou como assungao uma paaniapornscos au parvcs. Nasu “xpita BETT, stngue-,apresteao, un momenta subjetve qua corer tim momen cjetv,@ ust lee autdade que 8 presageo ‘peraqao rrgutada 20 deve, ea. reat des. ‘Horns a rer ao credo, vrdace de corsa tipo o qs nrmaimente cance com cada condua de ‘uoperogo, eniendidsposkivemante como watt dodo, portant, possi fasta cas concetas ‘Grevntcies de logo (BETT Enso Teona Geral dela Obigaciones», Mai: Rewsta de Derecho Piva. Tome 1368) 152) Ass entondto aque que efine oto, corresponded a rato de kit {53} Sob o pono de vse dos ntrerses equa, tod 2 rela obrqacialéseorexas, ro senido de oniur’ um conno co situagbeswrseas ubatwas, radu, rormatvamente, pes composi de tmeonita de mereses madi ‘roagiaabigaciona 6 anes d un epaemant egal ucts ou ambos io since der que tment esiuacesricassubjetvas ‘lata, spor eontopan, sea or ceminhto ds estore, sen, portant, recto eso ase pre Tends dafaile coma mere rincl etre rete deca, de um ado, e ever do prestagto, de one (G8] MENEZES CORDEINO, A.M. iret dae Obngagesu. Lisbon: Associagan Academica daFacuidade de Ot rete d Lisboa, v. 1 1880, 142 (65) MENEZES CORDEIRO, A.M iret das DbogagSes. shoo: AssooagSo Aeadémea daFacudade de D> reo de isoa, v1, 1880. p. 142 24 JURISPRUDENCIA BRASILEIRA - JB 200 partes atuem ambas, em vista do inte- resse legitimo do alter. ‘As partes de uma relagéo obriga- cional ndo sao entidades isdladas e es- tranhas, atomisticamente consideradas®: pelo contrénio, entra- ram em contato social juridicamente ‘qualificado por graus®, estdo entre si relacionadas razao pela qual a necessi dade de colaboragao intersubjetiva constitur, como afirmou Menezes Cor- deiro, «principio geral da disciplina obnigacionaly® Exemplfique-se com a hipotese de «anora acipiendis, ou mora do credor. Considerando-se que a relacéo juridica obrigacional é relacao entre situacoes, juridicas* correlatas, e nao apenas en- ‘re direitos & deveres, chegaremos fa- cilmente conclusdo de néo 6 0 devedor estar numa situagao subjetiva de dever, em relacao ao credor: este ‘também esté em situago de dever em relagdo ao devedor® Por isto mesmo, ocorre a mora do credor quando este nao cumpre com 0 dever de cooperacao que ihe concerne, devendo de colaborar para que a div: da seja solvida, Incide & espécie o principio da boa-fé, sendo a intensidade da sua inci- déncia modulada pela natureza do vin- culo que une as partes. Em algumas prestagées & necessario que o credor feceba, em outras the séo exigidos atos antecedentes ao recebimento, para que asolucdo da divida seja corre- Tamente alcangada (av.g», dar instru- bes ou esclarecimentos ao devedor). Também assim nas obrigagées alter- nativas em que a escolha seja de competéncia do credor, e este néo @ escolhe, Assim sendo, e tanto quanto 0 in- cumprimento por parte do devedor, @ mora do credor deve ser avaliada a vis- ta da totalidade concreta da relagao. ‘Seo credor deixou de cumpri parte insignificante da prestacdo, cua falta ‘go justifica o incumprimento por parte do devedor, nao fica 0 credor prvado do direito a resolver" Anecessiriacolaboragio intersub- jetiva, nformada pela boa-f6, €amatriz de deveres que se pier instrumental- mente para possiblitar o adimplemen- to satisfatdrio. Séo os jé aludidos deveres instrumentais ou «deveres de protegox®® que convivem com o crédi- to 80 débito®, Admite-se que, seo credito e 0 débi- to sao considerados como os principals elementos» da relagéo, néo so, po- rém, os tnicos, convivendo com pode- res, faculdades, expectativas, sujelgGes, nus etc, os quais nao séo de modo algum fixos e mutaveis, todos podendo concorrer para, concretamen- te, completar a situagdo crediténia e para, correlatamente, completar asitua- do debitéria®*, Dai a idéia de relagao obrigacional complexa, que @ aquela ‘que agrega aos deveres de prestacao outros deveres, drecionados a estabe- lecer «como» a conduta devida deve ser prestada para ser, efetivamente, satis- fativa (deveres instumentais, ou de DOUTRINA. 28 protegdo). Sua fonte esté na boa-é ob- jetiva, Estes deveres, diz Cameiro da Frada, no esto wvirados, pura e sim- plesmente, para o cumprimento do de- ver de prestar, antes visam @ salvaguarda de outros interesses que devam, razoaveimente, ser tidos em conta pelas partes no decurso de suare- lagao**n, Embora nao se possa apresen- taf uma lstagem taxativa dos deveres instrumentais 0 estagio da doutrina e da jurisprudéncia jé permite sinaizr dors frandes tipos ou grupos: 2 distinggo ‘opera entre os que tém um fim marca- damente positivo € os que visam prote- {era contrapartedosriscos de danas na ‘sua pessoa e no seu patriménio, sendo, entao, denominados deveres de prote- Gao. Exemplficativamente, constituem deveres instrumentais (positives ¢ de 162) 0s deveres struments adqurem divers tarmnologa. tos Nebenlichian na terminloga dems. © orvewes eta chamados de anexa, oat, ov acessvios, tom como pairs 0 Seu eco (Gb) Nessesentdoomeu xk Boa no Dato Pivados. SéoPaulo:Rewst dos Tibunas, 1998, 9. 999-596 (67) Acerea da categonasoentigca do vento oct como categonajricamenterelevante, COUTOE ‘SILVA. Cows, srnepes Fondsmentaux dea Responsable Cute en Oot risen et Compare, Cous Frit la acta daDrot et Sciences Paltiques det Maun, Pans, Prto Nee. 1886, daogrte, {8} MENEZES CORDEIRO, A.M. Dirt das Obngeiess.ishoa: Associgie Readéruca da Faculiace e Diet de Lisboa vf, 1880, p. 143. (59) Relombxe-se que ia de situa juices eva em conta 2 compenidade mtr das elagbes wid ‘a8 pon srt sa um aspect gassv em avo, Situaces aides subiotvas pastas eng ‘ngagbes,sujgoes = onus urdico; shuagies yrds avascompreendem des, bretensdes. poderes,podores-deveres ov sans funn, lacldadas © enpectatvaslegitimas. {60} PERLINGIE, Petr. lfnomano dl'estane naa cbbigaxom Naples; Joven Etare 1871 9.45 4%. [61) AGUIAR JA, Ruy Rosedo Extn dos Conratos por Inumpnmnto de Deed: Resolgéow. io de ‘Sane: Aide, 1881, p. 167 o.que di oma exe preceseamenta da rangi dongacenalconsierada coma unatoaicade unica {Ge Unslticumento ¢ consierador of lgitnasiterasses do water. Nests medio, so deveres ‘arcade pela mstrrontadade, aopalo ql denomnesos neveresinstunentes, pr poreeerme trastigefcalve co qoea do wlveres anexoo- ou -doveres aera, qu enatza ocsrternstrumen {aldos covers tombem mats abvangant, ps saa a possbdade de sus exsténcm mesma quan ti nao ha, anda, sobngagiaprcipls aque ossam esar axes ou aterlmentsealacados, como focore ra tase p-conatal ena se pos-convatual (MARTINS-COSTA, Judth. A Boa-Fé no eto Pivado, Sao Paul: Rawsta dos Tribunas, 1889, p48) (63) Emo cada relagdo cbogneionl sure, namalmene,polanzada em tora de ume ov mass prestogbes {ur dana asus conigurago pes (avers pinypas au punarios de prestagén)~ tas vere no fe epresertam com excisdode, Os Geveres pants de presiago si ecompanhados, degra, fevores secundario ov acento qu comora por ue ve, uta suv, Dstnguem ses de ‘res de pestgaoseeundénes meramante acessros ov anexos da cbngagée pnp dos deveres se “andar com pesto automa, Os prmaros se destnam apreparerocumpmanto ou assagre = fo neetaenizagao, como, ba compree-enda de cos que dova ser trenspartad, o deer de bert tenbsar a cosa tensporia com sngurenga, 20 ecal de destina. Os cegnds, pr Sua vt Se ape= Sentam como um sicedneo de dbngagsoprncival (emo o dev deinderzagao, que surge arte dt tmpovstildade de prestar oprometdl oy de manera covetent como daverarncipalo rasa deine Inzagéo por mor, que ebeniste com o dover pracpal) Pas estas observegbes cansutel, ALNEIDA [SRSTA fio dt Wirto das Dbneacdesy, 4p 66 es, Ass também o nosso «ABoa-FenoDier {a Proadon els p, 4370 454 ¢ CARNEIRO DA FRADA, Mizu, Lonrato e Cavers de rowraas, SoIMSMA, 1534, Separate do vo. XXXVI do Soplemento eo Bolt da Faculdade de Dreto da Unversidade de Cra, 9. 36 5 (68) PERLINGIERI, Pit, enomene deestimane nel obbigecion.Nipoles: Joven Ete, 197. p. 4. (65) CARNEIRO DA FRADA, Manu. Contato @ Devers de Protegios, COIMBRA, 1994, Separate 60 vol XV do Soplemento oo Belem da Fasuldade de Diao ca nwersiade de Comba 33 26 JURISPRUDENCIA BRASILEIRA - JB 200 protegéo) 0s deveres de lealdade®, de Cuidado, previdéncia e seguranga; de Aviso @ esciarecimanto; de informacao; dde consideragéo com os legtimos inte ‘esses do parceiro contratual; de prote- ¢40 ou tutela com a pessoa eo atnménio da contraparte; de absten- (G20 de condutas que possam prem tis a0 programa contratual; de omisso e do segredo, em certas hipdteses. Assim como ocarte a criagéo de de- vveres, pode ainda verifcar-se, pela inc déncia da boa-fé objetiva, a imitagao do exercicio de direitos subjetivos ou de di- reitos formativos. Isto acontece, por ‘exemplo, quando a boaté enseja a apii- ‘cago da Teoria dos Atos Préprios, pela invocagéo da rera que veda vere contra factum propnum; quando cot be a abusiva invocago da excegio de contrato ndo cumprido ou da wexceptio ‘non rite adimpleti contractusw; quando ‘afasta 0 exercicio do poder formativo cextintivo de resolugao, quando ocorreu o adimplemento substancial da obriga- ‘cdo; quando veda a exigibilidade, por inadimplemento antecipado da obriga- cao®; ou, ainda, quando impede a exigi- bilidade de um direito se o titular permaneceu inerte por longo tempo, por forma a criar na contraparte a legitima expectativa de que 0 mesmo nao mais sera exercido («Supression ou veda do a contratitoriedade da conduta con- tratual, hipotese designada pela expresso «tu quoques®, ou ainda car- reando & antiga «fattispecien do abuso de direito uma conotagao objetiva, as- ‘sim como procede, agora, o art. 187 do Cédigo Civil Brasileiro”. (6) TURS, Ap. Civ. 986251181, 1°C. Civ. Rel Des. Arman José de Abreu LMA DA ROSA, em 18/3/98 em ‘cypembat sei «Agia Rawndeatr,lnovel que mieyabteanento ndusralealened apreco sub ‘Sidoto a reviicant, com a conigze de ser implementa corstruo, o que nf oto em tempo hab. Fesoligéo do negocio uc. Baa Obetwa. mprocedénca da Agia oda Denuncsto, Agena Pow dose Por qual TURS, Ap. Cv 86131060 Rel. Des. Moacyr ADIERS, em 25/0807, nas segue er moss. |Inbnge aoe iéebjetnaa médica gua, tnda so eercads pars ratameno de sua saa no ‘ago pio quo coups, var na perodo dalcenca, a atsnderpacintepartclrovatrebahar em int tuple hespatrpaeay,eomprometendo a sa plan recuparaio, cjotvo da icenga deed. (61) eomaicatwamenta, TRS Ap. Civ, 196182760, §. Cim, Civ, fe. Des. Mana abel de AZEVEDO SOUSA, em 19/11/86, sw Reve Jugedes do buna de Algaca do Rio Grande do Sul, ol. 101, p 360; TURS,Ap, Civ. 889073066, 5 Cam. Civ. undrume, Ra. Des. HUY ROSADO DE AGUIAR J, 18. 12.1909, pubic. ane RJTURGS 145/320, RESP. 141 E78-SP, STS #T. Rel. Minto Ruy ROSADO OE AGUIAR, unde, 17/098, (65) IRS, Ap. Gi. 596071530, SC. i, Rel Des. Paulo Augusto MONTE LOPES, 3106/86. Muto embara tena oat undamentao deco ra wolngto do dave deleliae,o caso padenaserlndomenta- ‘da douina doasmplementaarecipato, pos, no tendo sido eafzadasas bres denire-astulua, ‘orto nao pana ser edimpin no Sauter, como pod saver da emena:sConat.Resougéo Boa Fe Objtwa. mecca que goten nao cmc com2realdad, mormentenoacesso au otesmerta ‘eno tatoubensuco, do qusmenta do alastamnent da coretore que provatia as vende, vl pe- ‘oto detae-éotjetva, no eidiadoaderanda sua resporsabldadcomerequanzagao do emprecnd- ‘rena no Roy de moves ena MastpaMede, tala, deve se lasiada ds conderegde a prnere patel, que no negzauopetnmbwa da damandede, vatando-seda camssiodscoetora que ambien ‘oninbu pare o ust, Apel roid em parte. (89) Para o xame desta hipsteses, MENEZES CORDED, Antone Manuel. sOa Boa no Dito Chiu, ‘Combra: Almedin, 1985; eomeu A Bos-Fé no Dono Pivade, Séo Paul: RewstadasTibunas, 1865, 455 wt seg, (00)4Ar. 187 Tambem cmete aoc til do um dito que eo exereé lo, excedemanfestanent os Times mnpostos psa sou fin econéraco ov social, pela boa ov pels bos costumes.» DOUTRINA, 27 Estes deveres ¢ limitagdes seréo ‘agueles que resultam necessarios para ‘8 realizagao do «programa contratual» entendido no aspecto objetivo eecond- mico-social”’ concretamente conside- rado. Portanto, sua especificacdo depende de cada contrato, & vista da sua relagdo econémica de base. Exa- minemos a incidéncia desses deveres ‘em algumas situagies especificas ca- racterizadoras do adimplemento ou, re- versamente, do inadimplemento. B) Boa-fé e 0 principio da exatidao ao prestar Constitu principio fundamental do adimplemento o principio da corres- pondéncia’, também chamado de “principio da identidaden ou «principio da pontualidade», que se especifica no ‘principio da exatidao ao prestar». indi ca-se caber, a0 esolvensn, efetuar a prestacéo «ponto por ponto», «exata- ‘menten, @ em todos os sentidos, e nao apenas no aspecto temporal, 0 que significa dizer que, relativamente a na- tureza do que é devido e & sua exten- ‘so, 0 devedor nao se pode permitir nenhuma modificacéo, seja ela mais vantajosa para o credor ou nao, como esté nos arts. 313 @ 314 do novo Codi- {go Civil Brasileiro”, Para acentuar a importéncia do modo do cumprimento - que 0 Cédigo Civilora denomina de «formay’, o prin cipio da exatidéo € entendido como uma especificacao do principio da cor- respondénoia, para acentuar 0 «como» da prestacdo devida, reforgando 0 fato de 2 prestagao dever ser adimplida exatamente como contraide ov como determina, «in concreto», a progresséo do sinalagma funcional, considerada a incidéncia, articulada, do principio da boo-fé: as partes, afirma Ruy Rosado ITHUDA Gov Mom dogone del cet, coltenet socal acoespeti dole restnon vot asia Canmer 190, p. 0s, Yeeno exresv let, ros udamerns te, 2 “Pioseconvatuoss bam varrandoa aera cass do gest, Osco TRS, AP GReISIosiar te he tl Ooo Auton GEASS. 4 O/an,emena emer se wots Scour Saifocca Sour teers in egres ensie de miagao wo pn bon amectcodetdaraners als resmpmman de avec Neotaotorl eta qorada ree debor quando ssepca ssid eae cobra tees lbw ara ser, tq so aba ees Gs despsns mi bos ‘Mares Empresa, omuleneno de deve contact reso, crane en psa Saran no strtatncnso donor vez, eras, ler itsra a Erte do arc. 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