Quem chega a So Carlos, vindo de Araraquara, pouco depois de passar por
Ibat, percebe, direita da rodovia, a tragdia do nosso modelo retrgado,
para dizer o mnimo, de habitao popular, em que pese a boa vontade de muitos em dar uma casa aos mais pobres sob a rubrica publicitria que o "Minha Casa, minha Vida". Cercado de canaviais, vai surgindo um imenso conjunto habitacional, nos piores moldes das antigas COHABs. Isolado, muito distante do centro e dos equipamentos sociais da cidade, um srio candidato aos problemas de mobilidade, segurana e carncia de servios bsicos de qualidade; um srio candidato, enfim, estigmatizao e marginalizao social que no so novidades nesse pas e cuja dinmica, tristemente cruel, notria. E entre o conjunto (ou entre os conjuntos, as periferias pobres) e a cidade, outro emblema da tragdia que se vai construindo sob os lucros das empreiteiras e imobilirias (apoiadas nas cmaras municipais que no raro fazem dos vereadores, via financiamento de campanha, seus solcitos despachantes!): imensos espaos vazios, reservados especulao na forma de condomnios fechados de classe mdia. So vrias centenas de casas com o mesmo aspecto, de uma arquitetura serial, cuja nica esttica a da reduo dos custos. Uma antiarquitetura, em termos daquilo a que se deveria prestar um projeto minimamente decente de ocupao de um espao para se habitar: funcionalidade, conforto, beleza para a casa, para o bairro, para a cidade... triste notar que o grande programa de habitao desse Governo o mesmo de todos os outros, s vencendo em quantidade, nmeros, estatsticas. Mas se certo que a vida brota em todo lugar, e em todo lugar resiste e produz mais vida, o impulso beleza far com que a gente humilde que ali dever morar transforme o lugar, a partir dessa magia humana que moldar o espao do modo mais criativo possvel e deixar sua marca ali inscrita, para os seus, para os outros ou para ningum, no importa. Resta-nos torcer para que o senso comunitrio possa ali surgir, na forma de luta social para que os problemas a que a especulao imobiliria d origem possam ser, pelo menos localmente, minimizados, j que o sonho de tornar as cidades mais democrticas, justas e belas parece ainda muito longe de ser alcanado. O MTST que nos acuda!
O problema a so as foras que os instalaram ali, contrrias compaixo, a
solidariedade, a beleza e tribuarias da violncia, do lucro, da explorao. Ser certamente, mais uma parcela da populao pobre contra o Mercado, contra o Estado