Para alcançar tal situação, o governo Lula, desde a campanha presidencial, armou-se de
uma ampla aliança política, composta por partidos como o PC do B, PTB, PL, setores do
PMDB e até o PP de Paulo Maluf. Aliança essa, caracterizada, desde o início, pelo
distanciamento político-ideológico de seus membros.
Uma das armas do Poder Executivo para consolidar alianças políticas formadas por
membros com ideologias e interesses diversos é o loteamento dos milhares de cargos de
confiança disponíveis, preenchidos por indicação do Palácio do Planalto, aos políticos e
partidos da base governista. Ou seja, compra-se apoio político do Poder Legislativo
distribuindo cargos de confiança de órgãos públicos e empresas estatais que administram
grandes volumes de recursos.
Empresas estatais, como os Correios, que geraram o início da crise política, administram
milhões de reais que podem ser manipulados, pelos cargos de confiança das diretorias,
beneficiando empresas particulares em contratos e licitações, canalizando recursos para
benefícios políticos ou mesmo desviando recursos públicos para fins próprios, entre
outros meios existentes.
Percebe-se, desse modo, que a origem do problema está na própria legislação vigente,
independente do governo, ou seja, existe uma falha estrutural na Administração Pública
brasileira que permite o preenchimento de cargos de chefia em órgãos públicos e
empresas estatais através de simples indicação. Dessa forma, esses cargos que têm
acesso a volumosos recursos públicos e ampla autonomia administrativa continuarão a
ser transformados em moeda política pelo Poder Executivo.