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A primeira mulher a governar o Brasil

Quando o pai, d. José, subiu ao trono


português, em 1750, ela passou a ser a
“Princesa do Brasil”. Dona Maria I,
também a primeira mulher a nos governar,
reinou de 1777 a 1792. Logo de saída,
anistiou um bando de criminosos. Queria
limpar a barra com Deus, que ela julgava
atraiçoado por seu pai.

Dizem que era doideira, mas tinha muito a ver: Maria imaginava d. José
penando no inferno por ter permitido ao Marquês de Pombal liquidar os
jesuítas. Por isso, decidiu usar a caneta real para pedir perdão ao também
perdoar.
Era uma diplomata de mão cheia. Uma espécie de precursora de Lula, que
desafia no Irã e obedece no Haiti. No ano em que sobe ao trono, 1777, ela já
celebra com a Espanha um tratado preliminar de paz (Santo Ildefonso) e
namora os russos, o BRIC de uma época em que só havia a letra R.
Fez um esplêndido tratado com a Rússia e vendeu vinho do Porto como
nunca. Mas havia um baita abacaxi: o conflito entre os ingleses e suas colônias
no Novo Mundo. Portugal queria apoiar a Inglaterra, a potência da época, mas
França e Espanha fecharam com a Revolução Americana.
Sinuca de bico. Maria I ficou em cima do muro com sua diplomacia bisavó
do atual “pragmatismo” do governo brasileiro, que tem por avó o Estado Novo
e por mãe a ditadura militar, com o chanceler Azeredo da Silveira.
A primeira mulher a governar o Brasil também enforcou Tiradentes e a
indústria nacional. Proibiu rigorosamente o funcionamento de manufaturas e
teares. Toda roupa, da camisa à bombacha, tinha que ser feita com tecidos
europeus. Só permitiu a produção de sacos de aniagem e panos grosseiros para
as roupas dos escravos.
Maria I também concedeu asilo a muitos aristocratas fugidos da Revolução
Francesa e, por ocasião da chamada Inconfidência Mineira, ainda em 1789, foi
decisão dela enforcar Tiradentes e desterrar para a África os demais
conspiradores.
Inferno e Revolução
Dizem que ficou doidinha por temer o inferno e a revolução: achava que os
rebeldes, depois de decapitar Maria Antonieta, iriam repetir o guilhotinaço
com ela, caso invadissem Portugal. E invadiram, mesmo.
Maluca? Vivíssima! Ao embarcar para o Brasil ela disse aos apressados
parentes: “Não corram tanto. Vão pensar que estamos a fugir”. Era, cá entre
nós do Hospício Brasil, a mais lúcida do clã.
Com a vinda da família real e seus súditos, em 1808, o direito de
propriedade foi abolido no Brasil. Se algum puxa-saco do príncipe passasse na
frente da nossa casa e gostasse dela, punha-nos pra fora e passava a morar ali
sem que a gente pudesse exigir reintegração de posse.
Dona Maria I foi chamada “A Louca” por permitir que o filho primogênito
morresse de varíola, proibindo que fosse vacinado: “motivos religiosos”. Tem
muito maluco por aí que sofre da mesma mania, mas não chega a matar um
futuro rei.
A segunda a mulher a governar o Brasil foi a austríaca Maria Leopoldina. O
príncipe d. Pedro, seu marido, foi namorar a Marquesa de Santos e a deixou
no poder. Ela bateu forte: decretou a independência do Brasil, em 2 de
setembro de 1822. O marido infiel foi o último a gritar, no dia 7, ao ler uma
cartinha dela.
A terceira mulher a governar o Brasil foi sua neta, a princesa Isabel, famosa
pela caneta dourada de 1888: escravo livre, mas sem ouro nem terra. E
paramos aí em matéria de mulheres nos governando.
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Alceu A. Sperança – escritor
alceusperanca@ig.com.br
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O autor é escritor

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