Valorizar a A ASTA nasceu em 2000 numa pequenaaldeia do distrito da Guarda e dá apoio a jovens com deficiência Catarina Cristão
DEIXOU o trabalho e a vida
em Lisboa para se dedicar in- teiramente ao filho e a outros como ele. Formou-se em pe- dagogia curativa e socíotera- pia e voltou às origens para criar uma associação com o objectivo de apoiar pessoas portadoras de deficiência. Assim nasceu, em 2000, a ASTA, Associação Sócio-Te- rapêutica de Almeida, numa aldeia escondida no interior de Portugal. Entre rochas e floresta, em Cabreira do Côa, distrito da Guarda, Maria Jo- sé Dinis da Fonseca, de 53 anos, lutou para dar forma a um projecto que apoia, inte- gra e educa jovens acima dos 16anos com deficiência men- tal e multídeficiência. aparentemente, inóspito dor (mãe de casa) que lhes dá sete ateliês: de carpintaria, te- O filho Marco, de 31 anos, como a Cabreira podiam tra- apoio. Só em 2004 foi cons- celagem, olaria, agricultura, com paralisia cerebral, foi o zer, Maria José nunca desis- truída a obra projectada des- teatro, música e pintura. motor para a implantação tiu. «Estava convicta, ape- de o início: a Casa da Fonte, «Procuramos que cada desta comunidade terapêuti- sar de, inicialmente, não onde moram 14 pessoas (os trabalho tenha uma com- ca. Hoje são 32 os jovens e ter apoios e de as pessoas mais dependentes) e três co- ponente criativa e utilitá- adultos acompanhados pela acharem que o meu projec- laboradores, e onde funcio- ria. Está sempre presente a ASTA - 22 em regime de 'lar to era uma loucura», recor- nam os ateliês e espaços ad- noção de responsabilidade residencial' e 10externos. da Maria José. ministrativos. Está em cons- e de trabalho útil. Nada Com a burocracia por de- trução uma piscina que deve ser desperdiçado». sembaraçar, foi na casa dos ajudará nos cuidados tera- As peças do tear - como ta- Começou na casa dos pais pais que a fundadora iniciou pêuticos e de saúde. petes e cachecóis - de olaria e com seis jovens actividade com seis jovens. À O dia na ASTAcomeça com de carpintaria são vendidas Com uma retaguarda fami- medida que os apoios estatais o grupo reunido para uma em feiras de artesanato e na liar fragilizada, a maioria en- e sociais iam chegando, a AS- canção, um poema e ainda Feira da Solidariedade, orga- controu nesta instituição TA foi acolhendo mais pes- por um exercício para esti- nizada todos os anos no pi- uma família e uma vivência soas e alargando as suas acti- mular a mente - em que são nhal circundante da ASTA.O útil e com responsabilidade. vidades sócio-terapêuticas. desafiados a dizer onde se en- que. contribui para o reco- São quase todos da região da «Foram-nos cedidas casas contram e em que dia estão. nhecimento da capacidades Guarda, mas há quem tenha velhas na aldeia, que re- «Pretendemos assim, num destes jovens, e ajuda simbo- vindo de Santarém, Bragan- formámos e transformá- ritmo diário, sentir cada licamente nas despesas. ça e Lisboa. Em lista de espe- mos em núcleos familia- um e fazê-los sentir parte Quem queira auxiliar esta ra estão mais de 60pessoas de res». Primeiro nasceu a Casa de um todo», diz Maria José. associação basta associar-se todo o país, mas as vagas es- da Oliveira e dois anos depois Depois, cada jovem segue ao grupo de amigos da ASTA. tão esgotadas. a Casa Cristalina. Perto uma para o respectivo ateliê ou ac- Mais informações no sítio Apesar de todos os entraves da outra, acolhem, cada uma, tividade conforme o seu pro- www.assterapeutica.com ou que um lugar escondido e, quatro jovens e um colabora- grama individual- existem pelo telefone 271581562. •