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1- O QUE É MONOGRAFIA
Desafio estimulante
A monografia obedece a certas normas de redação e apresentação. Espera-se, por
exemplo, que o texto se divida em introdução, desenvolvimento e conclusão; que as
indicações dos livros consultados sejam feitas de maneira padronizada; e assim por
diante.
Nossa primeira reação a tais exigências é de repulsa. Temos a impressão de nos
estarem impondo uma camisa-de-força. Todavia, se analisamos bem, cada uma dessas
regras tem razão de ser. E o que é mais importante: em conjunto, ajudam-nos a
organizar nosso pensamento e facilitam a compreensão de quem nos lê.
Na verdade, a monografia nos possibilita ampliar a capacidade de pesquisar, analisar
e expressar nosso pensamento. A importância desse esforço salta aos olhos quando
pensamos que, em todas as esferas da vida, nosso sucesso depende de sabermos o que
dizer e como dizer.
Em situações sociais, por exemplo, você consegue a atenção das pessoas com um
papo agradável e inteligente. Numa entrevista para emprego, é fundamental falar de
maneira articulada. Nos projetos para melhorar seu bairro ou sua faculdade, é preciso
combinar consistência e clareza.
Ao escrever uma monografia, você exercita tudo isso. Portanto, em vez de vê-la
como obrigação penosa, encare-a como trabalho capaz de enriquecer sobremaneira sua
formação.
2- CONDIÇÕES DE TRABALHO
Concentração
Certa vez, um carro com som excessivamente alto estacionou em frente a um edifício
onde se fazia vestibular. Pediu-se ao dono do automóvel que partisse, pois estava
atrapalhando. Não adiantou, ele andava de mal com a vida e continuou atrapalhando,
agora de propósito.
Alguns candidatos pensaram em desistir da prova, muitos se irritaram, alguns
chegaram a chorar. Ao final da prova, a multidão correu na direção do importunador e,
por pouco, não o agrediu.
Em meio à confusão, uma vestibulanda não entendia o que acontecia e perguntava a
causa do tumulto – estivera tão concentrada na prova que sequer ouvira o som vindo do
automóvel.
Pessoas como essa garota conseguem se concentrar com tal facilidade e intensidade
que nada as perturba. Como esse não é o caso da maioria de nós, temos de nos preparar
para nos mantermos isolados durante algum tempo diário ou semanal, dedicados à
monografia.
Isso não quer dizer que nossa vida deva parar. Podemos continuar tendo lazer,
namorando, tudo. Mas não convém, por exemplo, dividir o tempo reservado à
monografia com a televisão. Tampouco interromper a todo momento nossa reflexão
para sair com a galera.
Espírito investigativo
Nos filmes policiais, o detetive costuma ser um xereta: mete o nariz em tudo e acaba
sabendo mais que todo mundo. Postura semelhante devemos assumir em relação à nossa
monografia.
Na conversa com os amigos, fale de seu tema e ouça o que eles sabem ou pensam a
respeito. Ao ler os jornais, verifique se há dados de seu interesse. Sempre que a
televisão tocar no assunto, abra bem olhos e ouvidos. Vasculhe a internet. Vá mais
vezes às bibliotecas de sua faculdade ou cidade, pois os livros costumam ser fontes
privilegiadas.
Aproveite todas as oportunidades de se informar. Somente assim conseguirá
conhecer a fundo seu tema.
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Organização
Para elaborar sua monografia, você escolhe um tema e se lança na pesquisa. Vai
coletando dados e, em determinado momento, começa a ordená-los. Aos poucos,
consegue diferenciar as informações que convêm à apresentação daquelas que
pertencem ao desenvolvimento e à conclusão.
Inicia a escrita propriamente dita, durante a qual explora ao máximo a própria
criatividade. As idéias brotam, a melhor maneira de expressá-las é encontrada. A cada
nova versão, sua monografia se mostra mais agradável de ser lida. Você arruma as
referências bibliográficas, dá os últimos retoques e chega ao final do trabalho.
O roteiro de elaboração de monografia costuma ser este, mesmo que varie um pouco
de pessoa para pessoa. Pois bem: para empreendê-lo de maneira realmente produtiva,
você precisa de organização, esta grande aliada da produção.
Seguem algumas dicas para você se organizar:
3- TEMA
Além dos fatores acima, vários outros são levados em consideração quando da
escolha do tema. Se você já tem em vista uma pós-graduação, por exemplo, talvez seja
possível ajustar seu interesse às linhas de pesquisa desenvolvidas no mestrado que
pretende fazer.
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Tudo isso é conversado com o orientador, que, experiente, pode vislumbrar com mais
facilidade o resultado final de seu esforço, portanto tem condições de indicar caminhos
a serem percorridos até lá.
No sentido do aprofundamento, por exemplo, é possível que ele lhe sugira demarcar
um pouco mais o tema; ou isolar um ponto específico, sobre o qual você tenha acesso a
material suficiente para empreender uma abordagem consistente e original.
4- PESQUISA
Quando você conhece alguém que lhe interessa, possivelmente tenta descobrir se a
pessoa é legal, quantos anos tem, onde mora etc. Ou seja, pesquisa.
Se sua família mora no interior e você precisa limitar suas despesas na cidade a uma
modesta mesada, atenta para os anúncios de aluguel, pergunta aos colegas se sabem de
algum lugar barato... Isto é, pesquisa.
Esses dois exemplos já nos permitem definir pesquisa como coleta de dados.
Logicamente há uma diferença entre as pesquisas que fazemos em nosso cotidiano e
aquelas que realizamos profissionalmente.
Para informar o público sobre uma falcatrua escondida sob sete capas, por exemplo,
o jornalista contata possíveis informantes, procura a polícia, faz plantão diante da porta
dos suspeitos e chega a se disfarçar para descobrir o ocorrido.
A escrita da monografia requer disposição semelhante. Talvez não necessitemos
correr perigo, mas devemos recolher o maior número possível de dados sobre nosso
tema.
Acontece que a universidade é o local por excelência da transmissão e ampliação do
conhecimento: sempre teve muita gente pesquisando.
Os acertos e erros, as grandes descobertas e os fiascos retumbantes, tudo isso foi
mostrando a maneira mais racional, econômica e eficaz de pesquisar. Assim surgiu a
chamada pesquisa acadêmica ou científica.
Os adjetivos “acadêmica” e “científica” dão a entender uma atividade complicada.
Mas querem dizer apenas que a pesquisa é feita de maneira organizada, controlada e
rigorosa. Na verdade, é a forma mais simples de recolher informações para trabalhos
universitários.
É o que demonstramos a seguir, ao percorrermos suas diferentes fases.
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Formulação de hipóteses
Digamos que você tenha resolvido dedicar sua monografia ao seguinte tema:
“Emprego e economia no século XXI”. Ora, recentemente os meios de comunicação
veicularam que, na Grande São Paulo, o nível de desemprego ultrapassou 20% e atingiu
o índice mais alto desde 1985.
Em conversas com seu tio, que vivia na capital paulista nos anos oitenta, você fica
sabendo que, naquela época, a maioria das casas comerciais da cidade tinham placas
anunciando vagas – algo que não acontece mais.
Com esses dois dados, talvez você conclua que, neste século, haverá cada vez menos
postos de trabalho. Mas isto é apenas uma hipótese, a ser comprovada ou refutada em
função do que você descobrir.
De toda forma, sua formulação ajuda você a dirigir sua pesquisa, isto é, a privilegiar,
no verdadeiro oceano de informações relativas ao tema, aquelas vinculadas à hipótese.
Mesmo que você descubra que o aumento do índice de desemprego é um fenômeno
passageiro – a ser resolvido com a melhoria das condições de vida no campo –, a
hipótese inicial terá sido importante.
Podemos dizer, portanto, que formular hipóteses é um exercício recomendável, pois,
independentemente de se comprovarem ou não, elas estimulam à pesquisa, ao mesmo
tempo que ajudam a demarcar o material a ser consultado.
nem constem de livros. Isto é importante sobretudo nas abordagens de assuntos de nosso
tempo.
Um cuidado relativo às fontes em geral diz respeito à sua qualidade. Pode acontecer
de um livro recém-lançado ser menos consistente do que uma obra publicada há um
século. Ou de o ensaio mais conhecido sobre um determinado tema, escrito por um
cientista de renome, já estar ultrapassado.
Para utilizar fontes realmente fidedignas, densas e atualizadas, escolha-as com
critério, preferencialmente com a ajuda de seu orientador. Leve em conta também a
necessidade de elas realmente terem a ver com seu objeto de estudo.
Sobre as diferentes fontes escolhidas, anote título, nome do autor, cidade onde foi
publicada, editora e ano. Esses dados lhe possibilitam localizá-las e, futuramente, serão
digitados ao final de sua monografia, nas “Referências bibliográficas”.
O ideal é partir para a pesquisa com uma lista de fontes que contenham todo o
conteúdo necessário à monografia. Mas, se isto não for possível, comece a pesquisa com
os títulos de que dispõe, pois, durante as leituras, descobrirá outras fontes igualmente
válidas. Mesmo que o livro seja essencial, abra-se às outras fontes impressas, como
jornais e revistas. Preste atenção também ao que aparece sobre seu tema na televisão e,
se possível, no rádio.
Até mesmo na conversa com os amigos, tente obter dados. Puxe o assunto e veja o
que eles sabem ou ouviram a respeito. Não despreze fonte alguma. Apenas tenha o
cuidado de submetê-las a uma triagem e, entre as válidas, estabelecer uma hierarquia.
Leitura
A leitura começa ainda durante o levantamento das fontes. Você pega o livro e o
aborda pelas beiradas: lê quarta capa, orelha, sumário, prefácio, introdução. Isso lhe
permite descobrir se a obra é importante ou não para seu trabalho. Na internet, você dá
uma passada de olhos nos textos, antes de copiá-los. Tendo escolhido o material
necessário à sua monografia, você organiza um programa de leitura. Uma dica: leia
primeiramente obras mais gerais, como enciclopédias, dicionários e manuais. Então
parta para os textos mais específicos.
Para freqüentar bibliotecas, precisamos vestir roupas nem sempre confortáveis e
passar grande parte do tempo sentados, às vezes em cadeiras duras. A vantagem é
termos todos ou quase todos os textos ao alcance da mão.
Em casa, a contrapartida do aconchego é a agitação. Você terá certa dificuldade de se
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concentrar com seus irmãos menores brincando de pique à sua frente. Ou ao som do
potente aspirador de pó recém-adquirido pela família. Latidos, então...
Ler sobre um determinado tema é uma atividade que se torna prazerosa na medida
em que ampliamos nosso conhecimento a respeito; mas inicialmente pode se apresentar
como tarefa penosa, cujo progresso requer boas condições, a serem criadas em qualquer
lugar.
Na biblioteca, podemos levantar periodicamente da cadeira, passear um pouco e,
eventualmente, até fazer exercícios de alongamento. Em casa, o isolamento necessário à
concentração pode ser conseguido com o simples fechamento da porta do quarto.
Em prol da própria produção, convém que você saiba exatamente o que ler em cada
livro. Às vezes, um volume de quinhentas páginas tem apenas dez que interessam a seu
estudo. É tão-somente a elas que você deve ater-se.
Finalmente, estabeleça um horário mínimo de leitura diária. Não encontramos
sempre tempo para nos banhar, escovar os dentes e tomar outras medidas antes de sair
de casa? Parece risível, mas convém tratarmos a pesquisa com a mesma seriedade.
Isso não quer dizer que precisamos deixar de viver; apenas temos de acrescentar o
item pesquisa em nossa agenda.
Tendo em vista que as anotações são feitas na ordem em que você as lê, é
interessante que, finalizada a confecção das fichas, você as organize segundo a ordem
que quer imprimir à sua monografia.
Arquivos
Nos países ricos, é comum os pesquisadores chegarem às bibliotecas com
computadores portáteis, nos quais registram diretamente as informações coletadas.
Ainda que isto esteja longe de nossa realidade, é possível imaginar que nosso futuro
será semelhante.
Mesmo que você só tenha acesso a computador de mesa, transfira para ele os dados
anotados na biblioteca. Assim, você os organiza e manuseia com muito mais facilidade.
5- PLANEJAMENTO
Se você percorreu todas essas etapas, já tem uma idéia geral sobre seu tema. Não leu
tudo o que se escreveu sobre ele, pois isso é impossível; mas conhece a visão de alguns
especialistas. Isso lhe basta para planejar sua monografia no tocante ao conteúdo e à
forma.
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Conteúdo
O conteúdo de uma monografia é constituído dos dados que recolhemos durante a
pesquisa, associados às nossas próprias idéias e conclusões.
O ideal é conciliarmos consistência com originalidade. Ou seja, apresentarmos o
máximo possível de informações e fazermos avançar a reflexão sobre o tema.
Digamos que você opte por “Meio ambiente, ação social e erradicação da pobreza” e
resolva dedicar sua monografia a uma experiência de horta comunitária bem-sucedida,
ocorrida num bairro carente de sua cidade.
Sua pesquisa certamente engloba leituras, assim como visitas à comunidade onde o
projeto se desenvolve, para observação das atividades, análise dos resultados,
entrevistas com os participantes e assim por diante.
Dessa forma, você concilia reflexões gerais com experiência localizada. Combina
dados teóricos com empíricos. Aplica conceitos desenvolvidos por especialistas a uma
situação concreta, com a qual você trava contato direto.
Isto pode fazer de sua monografia um texto passível de interessar amplamente.
Mesmo quem conhece bastante o tema vai querer saber o que se passa especificamente
nessa comunidade.
Se, além disso, você desenvolve pensamentos inéditos sobre o tema, amplia as
chances de sucesso. Caso a articulação entre leitura e observação de campo lhe
possibilite chegar a conclusões novas, sua monografia pode se tornar até mesmo
referência obrigatória.
Evidentemente a busca de originalidade não pode levar a ações precipitadas ou
levianas. A novidade – caso apareça – deve resultar de uma pesquisa séria e profunda,
realizada com base num planejamento cuidadoso.
Para tanto, comece com leituras e, somente quando sentir que domina o tema, passe à
pesquisa de campo.
Para fazer a pesquisa de campo, observe as seguintes dicas:
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Visite o local tão logo perceba a importância de incluí-lo em sua monografia, para
verificar a viabilidade de pesquisá-lo e estabelecer os primeiros contatos.
• Volte ao local depois das leituras, pois assim você saberá exatamente que
dados empíricos recolher.
• Use os instrumentos de registro aplicáveis ao caso: caderno gravador,
maquina fotográfica e outros.
• Após cada sessão de pesquisa, analise os dados coletados, de modo a preparar
a visita seguinte.
• Ao final, faça uma avaliação da totalidade das informações recolhidas,
conectando-as aos dados anotados durante as leituras.
Forma
Depois de muitos ensaios e tentativas, ficou comprovado que a maneira mais lógica
de se fazer monografia é dividi-la em introdução, desenvolvimento, conclusão e
referências bibliográficas – nesta ordem.
Dentro do que parece uma verdadeira fôrma, você tem muito a criar. Não no sentido
de fantasiar situações, como fazem os romancistas; e sim concebendo uma linha para
expor os dados de sua pesquisa e as conclusões a que chegou sobre o tema.
De volta ao exemplo da horta comunitária, você pode iniciar oferecendo uma visão
panorâmica do tema “Meio ambiente, ação social e erradicação da pobreza” ou entrando
diretamente na experiência registrada em sua cidade. Tudo é possível, contanto que seu
roteiro tenha início, meio e fim.
Esta flexibilidade decorre da riqueza do pensamento humano, que possibilita infinitas
maneiras de ordenação dos dados. A contrapartida da maleabilidade é o risco de você
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especular tanto sobre os caminhos franqueados à sua exposição que acabe sem escrever
uma linha.
Para evitar isto, sugerimos que:
Sumário
Nas primeiras páginas dos livros teóricos, costumamos encontrar a lista dos tópicos
que o constituem. Antigamente esse rol era indicado pela palavra índice, mas no
presente generalizou-se o emprego do termo sumário.
O sumário oferece uma visão de conjunto da obra. Por isso, esboce-o assim que tiver
uma idéia global de sua monografia. Dessa maneira, você passa a dispor de uma espinha
dorsal de seu trabalho – o que ajuda bastante a vislumbrá-lo, organizá-lo e redigi-lo.
O primeiro item do sumário evidentemente é a introdução, da mesma forma que a
conclusão e as referências bibliográficas vêm por último. Entre esses dois extremos,
encontra-se o desenvolvimento, que precisa ser esmiuçado.
Ensaie títulos para os diferentes capítulos de seu desenvolvimento na ordem que lhe
parece lógica. Arrisque subtítulos para as divisões dos capítulos.
Sinta-se totalmente livre ao fazer esse exercício, pois a modificação e a reordenação
são fundamentais para que você conceba uma estrutura realmente segura para sua
monografia.
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Mas vá além da mera enumeração de itens. Os títulos e subtítulos não podem ser
ambíguos ou obscuros. Precisam fazer sentido e oferecer a idéia exata do que anunciam.
Pense que eles são espelhos: quanto mais cristalinos, melhor.
Título da monografia
O título da monografia funciona como o sumário: indica o conteúdo. Por isso, quanto
mais cedo é concebido, mais produtivamente pode ser utilizado.
Evidentemente, o título pode mudar; mas isto acontece como parte do processo de
aperfeiçoamento do trabalho.
Mesmo que você não se contente com as primeiras idéias de título, anote aquela que
lhe parece menos canhestra. Quando você menos espera, a versão definitiva se impõe.
Só que escrever é uma atividade complicada para muitos de nós. Mas não tenhamos
dúvida: se vencemos a preguiça de raciocinar, atualmente temos todas as condições de
superar a dificuldade de redigir.
É o que demonstramos a seguir, por meio de três sugestões: escrever sem censura,
reescrever como se brincasse e transformar redação em hábito.
Todos nós conhecemos excelentes professores que raramente publicam. Dão aulas
densas e bem articuladas, mas não ousam sistematizar em texto a matéria que lecionam.
As explicações para esse tipo de bloqueio variam. Fala-se, por exemplo, que a escola
nos traumatiza ainda na infância, ao nos constranger a encarar a famosa folha em
branco.
Mesmo que isso seja verdade, lembremos que traumas podem ser superados. No
caso, facilita bastante pôr para fora tudo o que vier à mente, sem qualquer preocupação
com resultado ou forma.
É assim que procedem os chamados gênios da literatura e da ciência. Nenhum deles
produz obra-prima na primeira tacada. Colocam no papel ou na tela do computador o
que lhes ocorre e, somente depois, investem em clareza, graça e elegância.
Reescreva à vontade
Nosso aprendizado do idioma não pára de crescer. Nos primeiros anos de vida, nosso
vocabulário era reduzidíssimo, comparado ao número de palavras que dominamos
agora.
Com a escrita, ocorre um processo semelhante: ao praticá-la, descobrimos maneiras
interessantes de associar vocábulos, exploramos efeitos frasais, ampliamos nosso
conhecimento técnico.
Isto nos leva a pensar que, em vez de crer que alguns de nós trazem de berço a
habilidade de redigir, devemos apostar na capacidade de melhorarmos continuamente
nossa relação com a escrita.
Reforço a esse pensamento encontramos em biografias de autores excelentes que, no
início de suas vidas, escreviam muito mal. Foi a prática que lhes possibilitou melhorar a
relação com a língua e utilizar bem seus recursos.
Com todos nós acontece o mesmo: quanto mais redigimos, melhor nos expressamos.
Aos poucos, passamos a associar sentimentos positivos à atividade. Até descobrirmos
que não podemos mais viver sem a escrita.
7- LINGUAGEM
Ao conversar com uma pessoa que não sabe ler nem escrever, você emprega palavras
simples e evita raciocínios mirabolantes. Com os amigos, seu verbo se solta. Numa
entrevista para estágio ou emprego, você concilia polidez, fluência e serenidade.
Ao buscar a expressão adequada a cada situação, você não demonstra falta de
personalidade, e sim bom senso. Afinal, você quer se comunicar.
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A monografia também requer uma linguagem própria. Mas não pense que se trata de
vocabulário rebuscado, frases pomposas e clichês acadêmicos. Decididamente isso
pertence ao passado.
Hoje, mais que nunca, procura-se clareza, objetividade e coesão.
Clareza
Objetividade
Durante a pesquisa, você se familiariza com o tema. Desenvolve idéias acerca de
seus diferentes aspectos. Testa hipóteses.
No momento de escrever, distribui os dados pelas três partes que constituem a
monografia: introdução, desenvolvimento e conclusão.
Para ordenar tudo isso numa exposição cada vez mais profunda, você desenvolve
uma linha de raciocínio.
Linha de raciocínio é como linha ferroviária: não permite bifurcações. Com
metáforas e outros recursos literários, você corre risco de descarrilar o pensamento.
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Em poema, por exemplo, uma rosa pode significar muitas coisas; em monografia, é
apenas uma flor.
Isto não quer dizer que a linguagem da monografia seja mais pobre. Apenas é
utilizada sem ambigüidade.
Ao empregar as palavras no sentido que elas têm no dicionário, você pode transmitir
dados em grande quantidade, de maneira organizada, sem deixar dúvidas. Assim,
conduz o leitor do início ao fim.
Coesão
• Redundâncias;
• Gírias e grifos excessivos, como sentenças em itálico e palavras com letra
maiúscula;
• A primeira pessoa do singular. Por exemplo: em vez de “eu fiz a pesquisa com base
em...”, prefira “a pesquisa foi baseada em...”;
• Adjetivos e advérbios em excesso;
• Artigos que podem ser dispensados.
Períodos longos
Períodos muito longos, com várias orações, só atrapalham: você se arrisca a perder o
fio da meada e, mesmo que isso não aconteça, dá um trabalho desnecessário ao leitor.
Sem falar que amplia o risco de cometer erros de concordância, regência, pontuação etc.
Por fim, tende a empregar excessivamente a palavra “que”. Note a diferença:
1o) “É necessário que se entenda a pesquisa científica que foi realizada, de modo que
se possa entender que objetivos estamos querendo que sejam alcançados”.
2o ) “É necessário que se entenda a pesquisa científica realizada. Desse modo,
poderão ser entendidos os objetivos que queremos alcançar”.
As duas construções dizem a mesma coisa. Porém, a segunda foi dividida em dois
períodos, o que evitou a repetição excessiva de “que”.
Repetição de palavras
Repetição desnecessária de vocábulos empobrece o texto e cansa o leitor.
Para evitar isso, utilize os seguintes recursos:
a) Sinônimo. Ao perceber que uma palavra está se repetindo em seu texto, recorra ao
dicionário e encontre um equivalente. Se um dia foi chamado de “pai dos burros”, o
dicionário é visto atualmente como o melhor amigo de quem quer escrever bem.
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c) Pronome: “Esta é minha idéia; aquela, a sua” →o pronome “sua” refere-se à “sua
idéia”, evitando-se a repetição da palavra “idéia”.
Hermetismo
Quanto mais estuda, mais você se especializa. Habitua-se a usar um número
crescente de termos técnicos e conceitos específicos de sua área de estudos. Mas isso
não pode levar você a se expressar de maneira obscura, incompreensível, hermética.
Na verdade, o ideal é conciliar profundidade de pesquisa com clareza de expressão.
Assim, você transmite suas descobertas ao maior número possível de leitores.
E, cá entre nós, o hermetismo já passou por traço fino, mas atualmente é visto como
disfarce para quem não tem muito o que dizer.
Verbalismo
Durante a pesquisa, lemos muitos autores diferentes. Se fizemos uma triagem
cuidadosa, certamente nos debruçamos sobre textos densos e pertinentes. Mas isto não
quer dizer que todos sejam bem escritos.
Nesse sentido, há casos até mesmo dramáticos, como o de Kant, um gênio da
filosofia que, entretanto, chegava a assumir publicamente sua dificuldade de escrever.
Histórias assim nos dão um certo alívio. Não precisamos ser exímios escritores para
elaborar monografia ou fazer carreira acadêmica. Mas devemos fazer o possível para
tornar legível nosso texto.
Para tanto, precisamos evitar o pernicioso verbalismo, ou seja, o uso de palavras
excessivamente livrescas, vazias e pretensiosas.
Em monografia, a elegância da escrita costuma resultar da simplicidade –
evidentemente combinada à consistência.
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8- DISSERTAR E ARGUMENTAR
Dissertar
Digamos que você escolha o tema “Cultura e globalização” e resolva dedicar sua
monografia ao relato da seguinte experiência:
ser informados da maneira mais simples e rápida possível. Enquanto isso, quem se
debruça sobre uma monografia busca profundidade.
Ciente disso, você narra a experiência em toda a sua riqueza, enfocando implicações,
causas e conseqüências. Desenvolve raciocínios a partir de um número razoável de
depoimentos e de uma bibliografia consistente. Atinge o nível requerido em trabalhos
científicos.
Você não tenta convencer o leitor de nada. É como se o relato da experiência
bastasse. Para atestar a importância das manifestações culturais, você simplesmente
narra o maravilhamento das crianças, a alegria dos participantes dos folguedos, as
oportunidades de congraçamento criadas pelas danças e eventos semelhantes.
Então dizemos que sua monografia é basicamente dissertativa. Expõe, explica e
interpreta, mas sem intenção de persuadir.
Mesmo assim, você acaba argumentando. Na introdução, ao longo do
desenvolvimento ou na conclusão, inevitavelmente você defende certos pontos de vista
e assume determinados posicionamentos.
Por isso, ao nos referirmos a qualquer monografia, podemos falar em predomínio do
discurso dissertativo ou do discurso argumentativo, mas jamais em exclusividade de um
dos dois.
Argumentar
Digamos que você resolva dedicar sua monografia a “Cultura e globalização”, mas
não para narrar uma experiência, e sim com o objetivo de discutir os efeitos da onda de
globalização sobre a formação dos jovens, que recebem continuamente uma grande
quantidade de dados da cultura estrangeira, por meio de internet, música, cinema e
outros mecanismos.
Percebe como o mesmo tema comporta abordagens distintas? Neste último caso,
você parte de um fato, levanta hipóteses e chega a conclusões. Para obter êxito, prioriza
o discurso argumentativo.
Argumentar é uma atividade bem mais complexa que dissertar. Notamos a diferença
em nosso próprio cotidiano: temos muito menos trabalho para relatar um acontecimento
do que para convencer alguém de alguma coisa.
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Hipóteses são respostas provisórias, portanto têm de ser testadas. Para tanto, você
focaliza os argumentos que sustentam as duas acima, demonstrando o que eles têm de
coerente ou de falho.
Aos poucos, você expõe seu próprio pensamento, levanta sua hipótese – que não
precisa necessariamente ser uma das duas já aventadas.
Sua hipótese precisa ser defendida. Para tanto, em vez de se limitar a indícios e
suposições, você recorre a fatos, exemplos, comparações, estatísticas, testemunhos e o
que mais possa justificar seu ponto de vista. Organiza essas informações em ordem
crescente de importância. Alinha seus argumentos dos mais frágeis aos mais
consistentes.
Percebe como, numa monografia com essas características, você usa argumentos do
início ao fim? Inicialmente, para apoiar ou refutar hipóteses dos autores consultados.
Em seguida, para demonstrar a pertinência de seu próprio pensamento.
Acrescentemos apenas que mesmo uma monografia assim inclui passagens
dissertativas. A apresentação da questão, a descrição das hipóteses e o relato de eventos
são alguns dos muitos exemplos que podemos dar nesse sentido.
Para que sua argumentação seja bem-sucedida, apresentamos a seguir algumas dicas
valiosas.
Contestação
Antes de contestar uma opinião, exponha-a. Apresente-a de maneira imparcial e
completa, de modo a oferecer uma visão nítida do pensamento de quem a formulou. O
leitor tem direito de saber o suficiente para formular um ponto de vista próprio.
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Ao iniciar a contestação, seja gentil. Para tanto, abra a frase com partículas de
ligação que introduzam a idéia oposta e evite generalizações. Exemplos: “Mas,
considerando certos aspectos...”; “Contudo, a maior parte dos estudiosos afirma...”.
Concordância parcial
Deixe clara sua posição, mesmo que ela difira de pontos de vista alheios. Mas não se
esforce em negar totalmente opiniões contrárias ao seu pensamento. Sempre que for o
caso, aponte que aspectos opostos ao seu discurso merecem ser considerados.
Faça isto por meio de frases como: “É verdade que em determinados casos...”; “É
possível que isso também aconteça...”; “Em parte, talvez o autor esteja com a razão...”.
Formulação de hipóteses
Nós, seres humanos, somos naturalmente curiosos. Tentamos conhecer tudo.
Queremos saber por que e como as coisas acontecem.
Diante de algo desconhecido, que nos intriga, levantamos afirmações provisórias
para explicar o que ainda não conhecemos: são as hipóteses.
Chegamos às hipóteses por diferentes caminhos, do bom senso à experiência,
passando pela intuição e mesmo a fantasia.
Seja como for, as hipóteses precisam ter fundamento e lógica. Afinal, norteiam a
pesquisa e a escrita. Até o último momento, nós as testamos, a fim de verificar se são
válidas ou não.
Seguem algumas dicas para você formular bem as hipóteses:
Autoridade
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Falácias
Durante a pesquisa, buscamos dados para sustentar nossa monografia do início ao
fim. Mas, durante a redação, eventualmente descobrimos que nos faltam informações
igualmente importantes. Voltamos às fontes e as completamos.
Porém, pode acontecer de não termos tempo ou condições de realizar esta última
busca. Neste caso, assumimos a lacuna para o leitor, que tem direito de conhecer o nível
de consistência das diferentes partes do texto.
Durante defesa de monografia (graduação), dissertação (mestrado) ou mesmo tese
(doutorado), os professores da Banca Examinadora costumam comentar as fraquezas de
conteúdo ou raciocínio que detectaram. E nem por isso reprovam o estudante.
Agora, ficam decepcionados ou enfurecidos caso percebam erro primário, ardil ou
fraude.
Portanto, evite:
Conclusão
Sua monografia inclui uma conclusão, na qual você faz um balanço completo do
caminho percorrido. Mas, nas diferentes partes do texto, feche suas descrições e
raciocínios com expressões e frases arrematadoras.
29
9- INTRODUÇÃO
Muita gente se pergunta se deve redigir logo a introdução ou deixá-la para o fim,
quando terá uma visão mais clara do trabalho como um todo.
A nosso ver, ela deve ser produzida em primeiro lugar, para organizar o pensamento
sobre as diferentes partes da monografia.
Para escrevê-la, mantenha o sumário ao alcance da vista e use-o como base para
alinhavar suas idéias.
Com a introdução, você inicia o desenvolvimento sabendo por onde encaminhar a
exposição – o que reduz as chances de extravio.
É claro que, até o último momento, você faz descobertas e ajusta seu foco. Portanto,
volta freqüentemente à introdução, para retocá-la ou mesmo refazê-la.
Mas não se alarme com tais mudanças, pois elas são essenciais ao aperfeiçoamento
de seu trabalho. É justamente nesse vaivém que você refina a abordagem, depura o
conteúdo e aprimora a forma.
Ao concluir a primeira versão global da monografia, retrabalhe a fundo a introdução:
refaça frases, corrija deslizes, insira mais conteúdo e aprofunde reflexões.
Assim, seu leitor trava contato com um texto denso, ordenado e bem escrito, a
indicar a qualidade da monografia como um todo. Então se sente estimulado a seguir em
frente.
O que escrever
Tema
• Defina e delimite.
• Situe no espaço e no tempo.
• Demonstre a importância.
• Diga por que o escolheu.
• Comente o que já escreveram a respeito.
• Informe sob que ponto de vista o focalizará.
• Explique a demarcação adotada.
Pesquisa
• Revele a diferença de sua pesquisa em relação às realizadas anteriormente.
• Se achar conveniente, avente possíveis críticas que poderão ser feitas à sua
abordagem, desculpando-se ou defendendo-se antecipadamente.
• Elucide os motivos de determinadas decisões no tocante à escolha do
material consultado.
• No caso de pesquisa de campo, relate como foi feita a coleta de dados e
sua interpretação.
Abordagem
• Sintetize o conteúdo da monografia.
• Exponha sua linha de raciocínio.
• Resuma a ordenação impressa ao desenvolvimento.
• Aponte idéias mestras e pontos principais da exposição.
• Explique procedimentos adotados em sua argumentação.
• Antecipe a conclusão.
Convite
32
10- DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento é a parte principal da monografia. De tal forma que é chamado
de corpo do trabalho.
No desenvolvimento, você demonstra que dá conta de seu tema: expõe os resultados
da pesquisa, aprofunda conceitos, defende idéias, chega a conclusões.
Por sua densidade e extensão, o desenvolvimento precisa ser dividido. Assim, você
conduz com mais facilidade o leitor.
Para que isso fique claro, pense no próprio menu do programa Word, que usamos
para escrever nossos textos: ele se reparte em tópicos, sobre os quais clicamos para
chegar às suas divisões internas.
A necessidade de critérios
Ao final da pesquisa, você dispõe de uma grande massa de dados. Se é uma pessoa
organizada, os separou por autor, obra ou assunto.
Caso as informações coletadas estejam digitadas, você pode separá-las de acordo
com a estrutura de seu desenvolvimento.
Pense nos capítulos e subcapítulos como recipientes a serem preenchidos. Abra um
arquivo para cada um deles e o ocupe com os dados que lhe dizem respeito.
Essa reorganização do conteúdo ajuda a refinar a divisão do desenvolvimento e
facilita o manuseio dos dados.
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Seleção de trechos
Escrita
·Demonstre respeito por todos os autores, sem resvalar para o elogio descabido.
·Lance luzes sobre os pontos de vista: contextualize-os, compare-os entre si, aponte
concordâncias e entrechoques.
·Exponha seus próprios raciocínios, posicionando-se de forma clara e direta. Os
autores podem ser famosos e conceituados, mas você também pesquisou o assunto e
formou idéias a respeito. Sua monografia é o espaço ideal para expressá-las.
·Inicie o desenvolvimento com uma apresentação. Algumas linhas que sintetizem o
percurso proposto ao leitor. Escreva-as em primeiro lugar, pois elas também ajudarão
a manter a exposição no rumo certo.
·Para facilitar a redação, concentre-se num capítulo do desenvolvimento de cada vez.
Bole um pequeno roteiro para ele. Imagine onde começar, passar e terminar. Produza
uma primeira versão e a deixe de molho.
·Redija os capítulos na ordem em que aparecem no sumário. Todavia, se um deles
parecer complicado, inicie outro. Mais tarde, quando se sentir mais à vontade,
retorne àquele deixado temporariamente de lado.
·Mantenha à vista o foco principal de sua monografia. Ao longo de todo o
desenvolvimento, evidencie os limites que estabeleceu para seu tema, sua opção de
abordagem e o rumo que está dando à exposição. Dessa maneira, o leitor entende
suas tomadas de decisão e não cria expectativas que você não tem como atender.
Reescrita
11- CONCLUSÃO
O ser humano cria grande expectativa em torno dos finais. Basta pensar na produção
de adrenalina dos últimos instantes de qualquer jogo ou na esperança de desfecho feliz
que nutrimos em relação a filmes e romances.
Por mais que a monografia constitua um texto científico, o leitor espera que você a
encerre com chave de ouro. De tal forma que sua conclusão influenciará a lembrança
que ele guardará de sua exposição como um todo.
Mas elaborar uma boa conclusão é fácil, pois você se limita a rematar o que expôs na
introdução e no desenvolvimento. Com densidade, clareza e concisão, você dá conta
disso.
A conclusão deve ser breve, mas precisa se configurar:
As normas técnicas são o que se pode chamar de verdadeiro mal necessário. Quase
todos os estudantes e professores as consideram muito chatas, mas admitem que, sem
elas, os textos acadêmicos gerariam muita confusão.
Elas nos possibilitam separar o pensamento alheio do nosso, inserir notas, colocar em
seqüência as diferentes partes da monografia, fornecer dados sobre as fontes consultadas
e muito mais – sempre de maneira ordenada.
Entre os vários modelos de padronização, um dos mais adotados é o estabelecido
pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que utilizamos como base
principal do que apresentamos a seguir.
Citações
Durante a pesquisa, você lê muitos textos, nos quais encontra farto material a ser
aproveitado em sua monografia.
Os fatos e idéias que constam das obras consultadas podem reforçar seus argumentos
ou despertar comentários que os contradigam.
Em ambos os casos, seu leitor precisa conhecê-los da maneira mais nítida possível e
saber a quem atribuí-los.
Ao citar ou referir-se à produção de terceiros, você prova que sua monografia tem
fundamento. Ao indicar diferentes fontes, demonstra consistência.
Apenas evite transformar seu trabalho em simples colagem de informações e
raciocínios alheios. Limite o número e o tamanho das citações, tendo o cuidado de ligá-
las com suas idéias – que o leitor também precisa conhecer.
Às vezes, em lugar de reproduzir o trecho, você o resume com suas próprias
palavras. Faz o que se chama de paráfrase. Nesse caso, evidentemente não precisa usar
aspas. Mas deve retratar fielmente o pensamento do autor referido.
Caso você decida reproduzir citações, apresente-as em função do número de linhas.
A citação deve vir no próprio corpo de seu texto, entre aspas, com referência da
fonte.
Exemplo: Othon M. Garcia (Comunicação em prosa moderna, p. 371) defende que
“a legítima argumentação, tal como deve ser entendida, não se confunde com o ‘bate-
boca’ estéril ou carregado de animosidade”.
Perdidamente, pois é assim que se define a ação de quem não sabe aonde vai,
nem o que faz, Márcia olhava a fotografia daquele rapaz. Que não era o Jim
Morrison, nem Pedro ou alguém que eu conhecesse. Acompanhei seu olhar.
Pela primeira vez naquela tarde, ela desviou os olhos de onde estavam para
olhar meus olhos, que acompanhavam os olhos dela, interceptados no meio
do olhar. Entardecia no quarto quase escuro.1[1]
Observe que, como a citação já vem destacada, não precisa ser colocada em itálico
ou negrito. Ao final, indica-se a fonte.
Outras orientações
O uso de citações envolve uma série de outros cuidados, dos quais enumeramos os
principais:
1[1]
ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
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Assim, você possibilita a seu leitor ter acesso ao texto do autor, sem se comprometer
por conta do erro que o mesmo cometeu com a palavra “cidadão”.
4. Se alterar alguma coisa na citação, avise o leitor, por meio de nota ou advertência
em seu próprio texto.
6. Ao destacar trecho ou palavra da citação por sua conta, faça o leitor perceber isso
escrevendo (grifo meu) ou (grifo nosso). Recomendamos o último.
7. A referência a autor e obra pode vir em nota ou entre parênteses, logo depois da
citação.
É aconselhável fazer a primeira referência em nota, onde você pode fornecer todos os
dados bibliográficos da obra.
A partir da segunda referência à mesma obra, você pode usar parênteses, que
possibilitam ao leitor encontrar tais dados imediatamente após a citação.
Como falaremos adiante sobre nota, limitemo-nos aqui às indicações entre
parênteses. Estas precisam conter necessariamente o sobrenome do autor e a página de
2[2]
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. 34 ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.
3[3]
LOPEZ, Luiz Roberto. Cultura brasileira: de 1808 ao pré-modernismo. 2 ed. Porto Alegre: Ed. da
Universidade/UFRGS, 1995.
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onde a citação foi extraída, mas podem trazer o título da obra ou o ano da edição
utilizada.
Parágrafos atrás, por exemplo, reproduzimos um trecho do romance Onde andará
Dulce Veiga?, de Caio Fernando Abreu, retirado de sua primeira edição, publicada em
1990. Na nota 1, fornecemos todos os seus dados bibliográficos. Agora, ao nos
referirmos à mesma obra, podemos recorrer a parênteses.
Digamos que o novo fragmento seja extraído da página 156.
A referência pode ser feita de duas maneiras:
a) (Abreu, 1990:156);
b) (Abreu, Onde andará Dulce Veiga?, p. 156).
Notas
Ao folhearmos um livro com muitas notas, logo pensamos que sua leitura só poderá
ser feita lentamente, com freqüentes deslocamentos dos olhos na direção do rodapé, do
final do capítulo ou mesmo das últimas páginas do volume.
Quanto ao autor, acreditamos que ele não controle todas as informações que detém.
Estas excederiam as frases, para se esparramar na forma de comentários paralelos.
É possível que isso aconteça. Mas, em si mesmas, as notas são recursos capazes de
imprimir fluência ao texto. Usadas com bom senso, facilitam a transmissão da grande
quantidade de dados de todo texto científico.
Para perceber a importância das notas, imagine sua monografia sem elas: um texto
corrido e consistente, mas sem indicação das fontes. Você omitiria de seu leitor dados
essenciais à compreensão de sua pesquisa.
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Com as notas, você amplia o número de conexões entre sua monografia e outros
textos, enriquece a abordagem e exerce mais amplamente o senso crítico.
Mas limite suas notas às realmente necessárias. Sobre cada uma delas, pergunte-se se
não é o caso de cortar ou de integrar seu conteúdo ao texto. Se a resposta for
duplamente negativa, mantenha-a.
Ao redigir nota, busque a síntese. Só se satisfaça com a extensão depois de ter feito
tudo para reduzi-la.
Insira as notas ao pé da página ou no fim do trabalho, sabendo que a primeira opção
facilita a leitura.
Atenção agora para alguns procedimentos em relação a uso de notas:
• Referência indireta. Se o trecho citado está na obra de determinado autor, mas não
é de sua autoria, indique com uma dessas formas: “apud”, “em”, “citado por”,
“referido por” etc.
Apresentação da monografia
Sempre esperamos que os textos que nos cabe ler tenham boa apresentação. Em
livro, por exemplo, gostamos de capa bonita, diagramação cuidadosa, letra agradável.
Esperamos também poder nos situar facilmente em relação às partes que o constituem.
Nas monografias que analisamos durante a pesquisa para elaborar a nossa, também
esperamos contar com esses cuidados. Mesmo em relação a apostilas, somos exigentes.
Por que não satisfazer nosso leitor no tocante a esse aspecto?
Para tanto, basta incorporar as recomendações que apresentamos a seguir.
Capa
Folha de rosto
Folha de exame (se a monografia for avaliada por banca examinadora)
Sumário (não listar os elementos que o antecedem, como: capa, folha de rosto e folha
de exame)
Lista de quadros, tabelas ou abreviaturas (se houver)
Introdução
Desenvolvimento (que não vem com esse nome, mas com os títulos de seus
diferentes capítulos e subcapítulos)
Conclusão
Referências bibliográficas
Anexos e apêndices (se houver)
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Como todos nós gostamos de texto arejado, seu leitor certamente apreciará que você
use espaço 1,5 entre as linhas.
A fonte Times New Roman, tamanho 12, na cor preta, possibilita uma leitura
agradável e objetiva.
Para que o leitor visualize com facilidade os números das páginas, insira-os no canto
superior à direita da página ou centralizados na parte inferior. A numeração só deve
aparecer a partir da introdução (inclusive), mas é contada desde a folha de rosto.
TÍTULO DA
MONOGRAFIA
44
Por
NOME COMPLETO
INSTITUIÇÃO DE ENSINO
cidade – mês − ano
Figura 1 – Modelo de capa e de folha de rosto.
Folha de exame
45
TÍTULO DA MONOGRAFIA
Sumário
SUMÁRIO
Introdução..................................................................... 5
1 – Estrutura sintática da frase ..................................... 7
1.1 1.1 – Tipos de frases ............................................ 12
1.2 1.2 – Exemplos comentados ................................ 20
2 – O período ............................................................... 24
2.1 – A organização interna ................................... 25
2.2 2.2 – Simples e composto ................................... 28
3 – Conclusão .............................................................. 30
4 – Referências bibliográficas ..................................... 31
Referências bibliográficas
No final de tudo, é fundamental que você liste as fontes consultadas. Vale o
lembrete: relacione apenas as obras efetivamente usadas, em ordem alfabética.
Os elementos fundamentais na referência são: autor, título da obra, número da
edição, local de publicação (cidade), editora e data (ano).
E há ainda os dados complementares, que são opcionais: sobre obra traduzida, você
pode fornecer o título original e o nome do tradutor; acerca de qualquer livro, você
decide se quer informar número total de páginas, volume e nome de coleção ou série.
Vamos às normas:
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Autor
1) 1) Autoria individual: quando a obra tem só um autor, a entrada é feita pelo
último sobrenome, todo em maiúsculas, com vírgula, e o restante do nome em
ordem direta.
ALENCAR, José de. O guarani. São Paulo: Martins, 1948.
7) 7) Repetição de autoria: se você indica mais de uma obra do mesmo autor, basta
escrever uma vez o nome dele, que passa a ser identificado por seis hífens.
RIBEIRO, João. História do Brasil. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1935.
------. Floresta de exemplos. Rio de Janeiro: São José, 1959.
Título
1) 1) O título vem depois do nome do autor.
2) 2) O destaque deve ser feito somente em itálico. Com exceção do primeiro nome,
as palavras devem vir em letras minúsculas.
Atenção: as iniciais maiúsculas devem ser mantidas em nomes próprios, de lugares e
outros, mesmo se aparecerem no meio ou final do título.
4) 4) Se não utilizar a obra inteira, mas apenas um texto do livro, indique o título do
capítulo, artigo ou seção entre aspas, em minúsculas, sem marcação de itálico ou
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Publicação
A cidade de publicação da obra vem depois do título, seguida de dois-pontos e
nome da editora. Insere-se uma vírgula e, finalmente, o ano. Atenção: não há
necessidade de se escrever a palavra “editora”.
Se o livro tiver sido publicado em co-edição, escreva os nomes dos lugares e
das editoras, separando-os por vírgula.
Se há desconhecimento do lugar, a indicação é feita por [s. l.], que significa:
sine loco.
Se não há editora, a forma é [s. n.], que significa: sine nomine.
Ausência de data: s.d.
Outras observações
O volume é abreviado como “v.” (indica-se o número em algarismos romanos),
o número como “n.” e a página como “p.”.
É recomendável que se inclua o número de edição a partir da segunda.
Consultas eletrônicas
CD-ROM
Nome do autor. Título. Versão, CD-ROM. Cidade: editora (se houver), ano.
Internet
Nome do autor. Online: disponível na Internet via http://endereço eletrônico. Data da
consulta.
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Jornal ou revista
Mesma disposição já explicada nas referências bibliográficas. No final acrescenta-se o
endereço eletrônico, como descrito anteriormente.
Para elaborar o texto deste pequeno livro, partimos do conteúdo e da experiência que
havíamos acumulado na universidade, acrescidos de novos dados essenciais.
Elaboramos um sumário baseado na estrutura mais comum de um volume com a
proposta de ensinar a elaborar monografias, no qual incluímos capítulos sobre aspectos
que nos parecem igualmente importantes.
A escrita se configurou uma verdadeira criação coletiva. Cada um de nós três
desenvolveu a primeira versão de alguns capítulos e reescreveu a produção dos demais.
Livres para expressar exatamente o que achávamos, fomos integralmente ouvidos uns
pelos outros.
Uma vez fechado, o original passou por várias revisões. Após a diagramação, voltou
a ser lido integralmente. Apesar desse meticuloso processo, não sabemos se eliminamos
todas as falhas. Temos certeza apenas de que, dentro de algum tempo, estaremos
distanciados o suficiente para enxergar as passagens que poderiam ser melhor redigidas.
Confessamos isto sem constrangimento, cientes de que ocorre à maioria das pessoas
que fazem o percurso entre a pesquisa e a publicação. Uma desculpa muito comum é de
que, em outras circunstâncias, com mais tempo, faríamos melhor. Acontece que não
existem condições ideais de trabalho. Basta pensar em seu caso.
Preciosos leitores
Leitura de despedida
reservando uma margem de tempo para eventuais imprevistos, quase sempre precisamos
correr até o último momento. Mas não podemos deixar de fazer uma última leitura
completa da monografia.
O ideal é lê-la impressa. Assim, você tem uma visão mais objetiva do todo: dos
títulos às notas de rodapé. Eventualmente descobre furos terríveis, que repara sem
pestanejar. O mais provável é fazer ajustes e emendas que, por mínimos que sejam,
contribuem para transmitir seriedade e desvelo.
Mas nossa insistência para que faça essa última leitura se fundamenta sobretudo na
certeza de que, se você pesquisou a fundo e redigiu com afinco, atingiu um resultado
digno de celebração.
CERVO, Amado Luiz e BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos
estudantes universitários. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre:
McGraw-Hill, 1975.
DUARTE, Sérgio Nogueira. Língua viva. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1998.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. Trad. Gilson Cesar Cardoso de Souza. 14 ed.
São Paulo: Perspectiva, 1998.
LUFT, Celso Pedro. O escrito científico: sua estrutura e apresentação. 4 ed. Porto
Alegre: Lima, 1974.
VERA, Armando Asti. Metodologia da pesquisa científica. Trad. Maria Helena Guedes
Crespo e Beatriz Marques Magalhães. Porto Alegre: Globo, 1974.