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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA

EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA COMARCA DE


POMERODE

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA


CATARINA, por seu Promotor de Justiça ao final assinado, com
fundamento nos arts. 127 e 129, III, da Constituição da República,
bem como no art. 82, I, do Código de Defesa do Consumidor, no art.
5º da Lei nº 7.347/85 e na Lei Estadual nº 10.501/1997, propõe
AÇÃO CIVIL PÚBLICA, em defesa do direito à segurança dos
consumidores de serviço bancário em Pomerode, em face de:

BANCO DO BRASIL S.A., pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob o nº 00.000.000/1126-66, com
endereço comercial na rua DO Comércio, 45, Centro, Seara.

1. Objetivo da ação

Esta ação civil pública tem por objetivo obter provimento


jurisdicional que determine ao requerido a adoção de providências
imediatas para atendimento integral do disposto na Lei Estadual nº
10.501/1997, que “dispõe sobre normas de segurança para o
funcionamento de estabelecimentos financeiros e dá outras
providências”.

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Mais especificamente, objetiva esta ação obter


provimento que obrigue a instituição financeira a contratação de
apólices de seguro que incluam indenização por morte ou invalidez,
e, ainda, indenização em decorrência de saques, assaltos ou roubos
nas suas dependências.

2. Fatos

Chegou ao conhecimento da Promotoria de Justiça de


Seara o descumprimento da Lei Estadual nº 10.501/97 pelas
instituições financeiras instaladas na Comarca, notadamente no que
tange aos sistemas de filmagem em todos os ambientes, à
contratação de seguro em favor dos consumidores e à utilização de
portas giratórias.

Instaurou-se assim o Procedimento Preparatório nº


82/2008, em que se determinou ao Procon de Seara a realização de
vistoria em todos os estabelecimentos financeiros da Comarca.

E, de fato, constatou-se que o Banco do Brasil, em suas


agências de Seara e Xavantina, não possuem apólices de seguro em
favor dos consumidores que eventualmente venham a ser
assaltados ou de qualquer forma venham a sofrer danos em
decorrência do uso dos serviços fornecidos.

Na verdade, dispõem as agências apenas de seguro


patrimonial ou seguro pessoal em favor de seus funcionários, mas
não, como determina a Lei Estadual nº 10.501/97, em favor dos
consumidores.

Na Comarca de Seara, vale lembrar, nos últimos anos as


agências bancárias vêm sendo alvo de furtos cada vez mais
audaciosos, um deles em que – apesar de existir sistema de
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filmagem – a quadrilha conseguiu tranqüilamente furtar grande


quantidade de dinheiro.

E, apesar de a estatística criminal catarinense apontar


para redução dos roubos a bancos, reconhece o boletim da
Secretaria de Segurança Pública que “a redução expressiva no
número de casos está ligada a vários fatores importantes, como por
exemplo: instalação de portas detectoras de metais nas agências
bancárias por força da lei estadual 10.501 e da lei federal 7.102, de
1983; novas tecnologias de investigação [...]” (doc. anexo).

Notificados a contratarem o seguro e a se adequarem à


Lei nº 10501/97, os gerentes das agências mantiveram-se calados,
sem apresentar resposta alguma à Promotoria de Justiça.

Não há outra solução, portanto, se não a propositura


desta ação civil pública, visando a compelir as agências a
contratarem o seguro exigido pela lei, de modo a proteger o
consumidor dos serviços bancários na Comarca de Seara.

3. Direito

A Constituição da República assegura a todos, “sem


distinção de qualquer natureza”, o “direito à vida”, como é claro o
caput do art. 5º, ao enunciar os direitos individuais. Também
assegura, agora como direito social, “a saúde” e a “segurança”, na
redação do caput do art. 6º da Carta Magna.

Igualmente a Constituição, quando trata da ordem


econômica, impõe como fundamentos “a valorização do trabalho
humano” e a “livre iniciativa”, sempre tendo por fim “assegurar a
todos existência digna”, observado o princípio da “defesa do
consumidor” (art. 170).
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O Código de Defesa do Consumidor, por sua vez, institui a


Política Nacional das Relações de Consumo, indicando como objetivo
o respeito à “dignidade, saúde e segurança” do consumidor. E, para
tanto, exige o atendimento ao princípios da “vulnerabilidade do
consumidor no mercado de consumo” e exige também “ação
governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor
[...] pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados
de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho” (art. 4º da Lei
nº 8.078/90).

O mesmo Código de Defesa do Consumidor eleva à


categoria de “direitos básicos do consumidor”, entre outros, “a
proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por
práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados
perigosos ou nocivos”.

Especifica ainda a Lei nº 8.078/90 que é direito básico do


consumidor a “efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais
e morais, individuais, coletivos e difusos” (art. 6º, VI).

Lembre-se que “serviço é qualquer atividade fornecida no


mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária” (art. 3º, §2º,
da Lei nº 8.078/90).

Luiz Antônio Rizzatto Nunes, estudioso do Código de


Defesa do Consumidor, leciona que o princípio da segurança “está
em consonância com o princípio maior da Carta Magna, da
intangibilidade da dignidade da pessoa humana”.

E, de fato, não há como pensar a existência de Estado


Democrático de Direito se não se pensar no ser humano como

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substância e fim, nunca como meio. Deve-se, em outras palavras,


fazer valer o que há muito Immanuel Kant já enunciava na forma de
imperativo categórico: “Age por forma a que uses a humanidade,
quer na tua pessoa como de qualquer outra, sempre ao mesmo
tempo como fim, nunca meramente como meio”.

É que, dito de outro modo, com a prática reiterada das


instituições financeiras em desrespeitar direitos do consumidor – não
só direitos contratuais, mas também direitos fundamentais como o
protegido por esta ação –, acaba-se por considerar o ser humano
apenas como um meio para a obtenção de lucro pelas empresas1,
não como um fim em si mesmo, ou seja, como sujeito de direitos
que deve ser protegido acima de tudo.

Atenta a este fato, e dando concretude aos dispositivos


constitucionais e infraconstitucionais vigentes, a Lei Estadual nº
10.501/1997 determinou o seguinte:

Art. 1º - Fica, no âmbito do Estado de Santa Catarina, vedado o


funcionamento de estabelecimentos financeiros que não
possuam, concomitantemente, todos os sistemas de
segurança elencados nesta Lei.
Parágrafo único. São considerados estabelecimentos
financeiros, para os efeitos desta Lei, bancos oficiais ou
privados, caixas econômicas, sociedades de crédito e
associações de poupança, suas agências, subagências, postos
e caixas eletrônicos.

Art. 2º - O sistema de segurança prescrito nesta Lei


compreende:
I - vigilantes treinados;

1
Lucro dos requeridos no primeiro semestre de 2006: Besc – R$ 50,5 milhões, 141% a
mais que no ano anterior; Bradesco – R$ 3,132 bilhões, 19,5% a mais que no ano
anterior; HSBC – US$ 8,73 bilhões, 15% a mais que no ano anterior. Vide notícias anexas.

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II - alarmes capazes de permitir comunicação entre o


estabelecimento financeiro e outro da mesma instituição ou
empresa e órgão policial mais próximo;
III - equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagem que
possibilitem a identificação de assaltantes;
IV - portas eletrônicas de segurança individualizadas (PESI);
V - cabines blindadas, que assegurem melhor desempenho das
atividades profissionais dos vigilantes.

Art. 6º - As instituições financeiras em funcionamento deverão


manter apólices de seguro que incluam a indenização por
morte ou invalidez, e, ainda, indenização em decorrência de
saques, assaltos ou roubos nas suas dependências, com valor
mínimo de prêmio equivalente a 100.000 (cem mil) Unidades
Fiscais de Referências - UFIR, sem prejuízo da responsabilidade
civil e criminal.

A Lei Estadual nº 10.501/1997 nada mais faz, portanto,


que dar vazão ao comando constitucional, repetido também no
Código de Defesa do Consumidor, que exige o respeito integral à
segurança dos consumidores bem como a garantia de efetiva
reparação de danos patrimoniais e morais.

E assim o faz legitimamente, porque, embora seja


competência privativa da União legislar sobre “política de crédito,
câmbio, seguros e transferência de valores” (art. 22, VII, da CR/88),
cabe aos Municípios e também aos Estados legislar sobre políticas
públicas locais, principalmente de consumo.

O argumento comum às instituições financeiras quando


litigam em casos como o dos autos é o de que a legislação estadual
ou municipal que imponha obrigações às agências bancárias fere a
competência da União de legislar sobre “política de crédito”.

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No entanto, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal


há muito já fixou entendimento de que na “política de crédito”, que
abarca a chamada “segurança bancária específica”, ou seja,
segurança sobre os procedimentos de trânsito de dinheiro entre
instituições, não se incluem as restrições locais sobre segurança “da
população usuária destes estabelecimentos”. O argumento é que aí
se está diante de “questão relativa à política urbana” 2, que por
razões evidentes não pode ser disciplinado de modo igual para todos
os Estados.

Por outro lado, quando se observa que a questão dos


autos é afeta ao “consumo” e à “responsabilidade por dano ao
consumidor”, cabe invocar o art. 24, V e VIII, da própria Constituição
da República: “compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre: V – produção e consumo; VIII –
responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens
e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico”.

E, note-se que o §2º de referido art. 24 determina que “a


competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados”.

Diz-se isso porque também é comum invocarem as


instituições financeiras as antigas regras da Lei Federal nº
7.102/1983, que exigem apenas vigilância e alarme e, pelo menos
mais um dos seguintes dispositivos: “equipamentos elétricos,
eletrônicos e de filmagens que possibilitem a identificação dos
assaltantes; artefatos que retardem a ação dos criminosos,

2
RE nº 240.406-1/RS, rel. Min. Carlos Velloso, j. 25.11.2003.

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permitindo sua perseguição, identificação ou captura; e cabina


blindada com permanência ininterrupta de vigilante durante o
expediente para o público e enquanto houver movimentação de
numerário no interior do estabelecimento”.

Ou seja, diante da vetusta legislação federal, dizem


comumente as instituições que obedecem à Lei nº 7.102/83 se
dispuserem tão-somente de vigilância, alarme e “artefatos que
retardem a ação dos criminosos”, por exemplo. No entanto, diante
da vagueza semântica da expressão “artefatos que retardem a ação
dos criminosos”, pode-se compreender na regra desde uma simples
escadaria – retarda a ação dos criminosos! – até vidros à prova de
balas.

É evidente, contudo, que a Lei Federal nº 7.102/83


disciplinou apenas normas gerais, permitindo que os Estados, na
competência legislativa suplementar, especificassem as regras e
impusessem, como se fez em Santa Catarina, a obrigatoriedade das
câmeras filmadoras e seguros para todas as agências.

Vale observar mais de perto a distinção entre as duas


leis: a Lei Estadual nº 10.501/1997 exige “concomitantemente, todos
os sistemas de segurança” que enumera: “vigilantes treinados;
alarmes capazes de permitir comunicação entre o estabelecimento
financeiro e outro da mesma instituição ou empresa e órgão policial
mais próximo; equipamentos elétricos, eletrônicos e de filmagem
que possibilitem a identificação de assaltantes; portas eletrônicas de
segurança individualizadas (PESI); cabines blindadas, que assegurem
melhor desempenho das atividades profissionais dos vigilantes”.

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A Lei Federal nº 7.102/83, por sua vez, exige apenas


vigilância e alarme, mais um só dos outros dispositivos. Em outras
palavras, admite a Lei Federal que um estabelecimento bancário
opere com um vigia, um alarme e algum “artefato” que retarde a
ação dos criminosos...

A legislação estadual, por sua vez, em evidente


reconhecimento do direito básico do consumidor à efetiva reparação
de danos, além dessa proteção exige também a manutenção de
apólices de seguro que incluam “indenização por morte ou invalidez,
e, ainda, indenização em decorrência de saques, assaltos ou roubos
nas suas dependências”.

Claramente, a Lei Estadual é mais completa, mais precisa


e protege melhor o consumidor dos serviços bancários. Só isso já
bastaria para, numa interpretação material do Direito Constitucional,
dar maior prevalência à lei estadual, já que vige entre nós, segundo
a doutrina, o princípio da máxima efetividade dos direitos
fundamentais e sociais.

Ingo Wolfgang Sarlet, ilustre magistrado e


constitucionalista gaúcho, ensina que “das normas definidoras de
direitos fundamentais, podem e devem ser extraídos diretamente,
mesmo sem uma interposição do legislador, os efeitos jurídicos que
lhe são peculiares e que, nesta medida, deverão ser efetivados, já
que, do contrário, os direitos fundamentais acabariam por se
encontrar na esfera da disponibilidade dos órgãos estatais. De modo
especial no que diz com os direitos fundamentais sociais, e
contrariamente ao que propugna ainda boa parte da doutrina, tais
normas de direitos fundamentais não podem mais ser considerados

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meros enunciados sem força normativa, limitados a proclamações


de boas intenções e veiculando projetos que poderão, ou não, ser
objeto de concretização, dependendo única e exclusivamente da boa
vontade do poder público, em especial, do legislador”3.

Deste modo, quer na interpretação literal da Lei Estadual


nº 10.501/1997, quer a partir de análise material do conteúdo do
direito à segurança (art. 5º, e art. 6º) e do princípio da defesa do
consumidor (art. 170, V), o ordenamento jurídico nacional impõe
também às agências bancárias situadas em Pomerode a obrigação
de instalar sistema interno de filmagem, com gravação, de modo a
possibilitar a identificação de assaltantes.

O mesmo ordenamento jurídico exige também a


manutenção de apólices de seguro para o caso de morte, invalidez,
saques, assaltos e roubos, obrigação da qual não podem ser furtar
os requeridos.

4. Antecipação da tutela

Constatado o descumprimento da legislação aplicável e a


possibilidade mais do que concreta de danos aos consumidores por
conta dessa omissão, impõe-se a concessão da tutela específica da
obrigação de fazer, sob pena de pôr-se em risco o direito à
segurança aqui tutelado.

Incide aqui o art. 461 do Código de Processo Civil, que


determina que “na ação que tenha por objeto o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica
da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências
3
SARLET, Ingo Wolfgang. Algumas considerações em torno do conteúdo, eficácia e
efetividade do direito à saúde na Constituição de 1988. Revista Diálogo Jurídico. Salvador,
janeiro de 2002. Acesso por: http://saudepublica.bvs.br/lildbi/docsonline/6/4/046-
Ingo_Sarlet.pdf.

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que assegurem o resultado prático equivalente ao do


adimplemento”.

E, segundo o §3º do art. 461, “sendo relevante o


fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia
do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente
ou mediante justificação prévia, citado o réu”. Complementa a regra
o §4º, autorizando o juiz a “impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente e
compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para
cumprimento do preceito”.

Por fim, autoriza o §5º: “Para efetivação da tutela


específica ou a obtenção de resultado prático equivalente, poderá o
juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas
necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso,
busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de
obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com
requisição de força policial”.

O fundamento da demanda, como se vê, é relevante,


porque pautado pela infringência de legislação estadual vigente e
plenamente aplicável. Não bastasse isso, o descumprimento da
obrigação legal gera insegurança à toda a população consumidora
dos serviços bancários na cidade, já que torna o local mais suscetível
de ações criminosas de toda a sorte. A falta de apólice de seguro,
por outro lado, torna inefetiva a proteção dada pelo Código de
Defesa do Consumidor à reparação dos danos morais e materiais.

Vale observar que o fato de nos últimos tempos não se


ter notícia de assaltos às instituições financeiras instaladas na

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comarca não implica a perda da relevância da fundamentação e a


ineficácia do provimento final, porque a prática vem se tornando
cada vez mais comum e ousada na região, principalmente nas
cidades menores, como é o caso de Pomerode.

Ainda quanto ao receio de ineficácia do provimento final,


cumpre dizer que acaso não instalado de imediato o sistema de
filmagem tal qual imposto pela legislação estadual, qualquer
tentativa de furto ou roubo nas instituições levará a dano
irreparáveis, não apenas para os consumidores, mas também aos
próprios funcionários das agências.

Não é por outro motivo que ações semelhantes vêm


sendo propostas pelo Ministério Público do Trabalho, em defesa do
ambiente de trabalho dos bancários, que, não é raro, sentem-se
acossados pela falta de segurança no dia-a-dia de suas funções.

Em outras palavras: deixando de instalar imediatamente


o sistema de filmagem, qualquer dano porventura causado aos
consumidores por si só já representará a total ineficácia do
provimento final, porque não se poderá jamais reparar plenamente o
dano moral daquele que foi vítima de crimes como os que se tem
visto na região e que terá que conviver com o medo por toda a sua
vida.

E, pior: em caso de efetivo dano ao consumidor, acaso


não contratado o seguro, sua reparação se dará a muito custo e via
procedimento judicial que, sabe-se bem, será de todas as formas
postergado pelas instituições financeiras, impedindo a reparação
completa.

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Para cumprimento razoável da legislação, portanto,


entende o Ministério Público do Estado de Santa Catarina suficiente
a determinação aos requeridos que instalem sistema de filmagem e
gravação em suas agências bancárias, bem como contratem seguro
nos termos da legislação vigente.

5. Pedidos

Comprovada a ilegalidade da omissão das instituições


financeiras de Pomerode, bem como a necessidade de provimento
antecipado que garanta aos consumidores do município a segurança
no fornecimento do serviço bancário, requer o Ministério Público:

a) o recebimento e processamento da presente ação civil


pública;

b) a concessão de liminar, inaudita altera pars, para


determinar que os requeridos, sob pena de multa diária de R$
10.000,00: b1) instalem em trinta dias sistema completo de
filmagem e gravação ambiental, que permita a identificação de
assaltantes em todos os ambientes da agência, notadamente no
setor de auto-atendimento, no atendimento, nos caixas, na sala do
cofre e em todos os demais ambientes; b2) contrate seguro que
inclua a indenização por morte ou invalidez, e, ainda, indenização
em decorrência de saques, assaltos ou roubos nas suas
dependências, com valor mínimo de indenização equivalente a
100.000 (cem mil) Unidades Fiscais de Referências - UFIR, sem
prejuízo da responsabilidade civil e criminal;

c) a citação dos requeridos para, querendo, apresentarem


a defesa que entenderem pertinente;

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d) a produção de todos os meios de prova admitidos,


notadamente a prova pericial, documental e testemunhal, se for
necessário, com a inversão do ônus da prova;

e) a convalidação da antecipação de tutela para o fim de


constituir os requeridos na obrigação de instalarem sistema
completo de filmagem e gravação ambiental, que permita a
identificação de assaltantes em todos os ambientes da agência,
notadamente no setor de auto-atendimento, no atendimento
pessoal, nos caixas, na sala do cofre e em todos os demais
ambientes;

f) a condenação dos requeridos em custas, despesas


processuais e honorários advocatícios (estes conforme art. 4º do
Decreto Estadual nº 2.666/04, em favor do Fundo de Recuperação
de Bens Lesados do Estado de Santa Catarina).

Dá-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Pomerode, 17 de agosto de 2006

Eduardo Sens dos Santos


Promotor de Justiça Substituto

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