Maio de 2009
Índice
Introdução .................................................................................................................... 3
Contextualização ............................................................................................................................ 3
Montagem e Edição........................................................................................................................ 4
Cut ................................................................................................................................................... 4
Fade ................................................................................................................................................. 6
Dissolve............................................................................................................................................ 8
Wipe................................................................................................................................................. 9
Bibliografia ................................................................................................................. 11
Introdução
As técnicas associadas há linguagem fílmica são bastante vastas, algumas das quais
provieram de outras áreas como a fotografia ou a literatura, abordam um sem número de diferentes
aspectos como o caso do som, cor, iluminação, composição, transição entre planos, etc., inseridos
nas áreas relacionadas com a criação de um filme que vai desde o esboçar da primeira ideia,
passando pela filmagem dos planos, terminando no DVD que vemos sentados confortavelmente
num sofá.
Contextualização
As imagens em movimento nasceram pelas mãos de Thomas Edison, quando este inventou
de entre tantas invenções, o Cinetógrafo, em 1891 juntamente com a película em celulóide e
partindo desta invenção Léon Bouly cria o cinematógrafo que os irmãos Lumiére desenvolveram.
Mas não foi nessa altura que nasceu a edição/montagem até 1900 os filmes eram pequenas
sequências de imagens inferiores a 1 minuto como o caso do famoso La sortie des usines Lumière
(1895), foram eles em 1989 começaram a experimentar a utilização de montagens rudimentares que
não eram mais do que a ligação sequencial de filmes que não possuíam qualquer montagem dentro
deles, o corte começa por volta da mesma altura a ser utilizado por Mélies no filme A Gata
borralheira e por Williamson, foi a partir daqui que se começou a compreender que se poderiam
criar historias ficcionais em filme, mas foi em 1900 que pelas mãos de Smith se fez a primeira
montagem quando este na mesma cena alternou entre planos gerais e grande planos (Almeida,
1990).
Foi a partir dos anos 20 que se compreendeu a importância da edição na arte de contar uma
história no cinema, ao longo dos anos foram surgindo diversas técnicas de transição, mas os
princípios básicos mantém-se ate aos nossos dias.
Montagem e Edição
A montagem é realizada depois de termos realizado as filmagem para um vídeo, é nesta fase
que é seleccionado o material filmado que nos interessa, é na montagem que se junta as várias
sequências filmadas de maneira a se obter o vídeo final, é também nesta fase que se sincroniza o
som e a imagem, que se dá fluidez, é aqui que se delineia o tamanho das cenas, as sequências, as
mudanças de plano, o ritmo entre diversos outros factores, tudo isto de forma a se contar uma
historia. (Ablam, 2002)
Como foi dito anteriormente existem diversos tipos de montagem, bem como regras a ter em
conta quando se esta a fazer a montagem de um filme no caso deste trabalho, dá-se especial atenção
aos efeitos de transição, pois estes são fundamentais para se fazer qualquer tipo de montagem.
Cut
O Cut (corte) é a técnica de transição mais comum e mais simples, serve para mudar tanto
de planos quando a acção é continua no tempo como entre cenas, utilizada em filme, tecnicamente é
Jump cuts – São cortes que se fazem entre imagens que não tem correspondência que desta
forma do um efeito de má edição do vídeo, provava desorientação em quem esta a ver o filme tanto
a nível espacial como temporal.
Continuity cuts – A partir do próprio nome quer dizer um corte que permite ligar diferentes
planos ou cenas de uma forma sequencial lógica dando continuidade a narrativa do filme de uma
forma fluida.
Match cuts – São cortes que seguem determinada acção realizada por um sujeito (tipo
Cross-cuts – São utilizados para alternar entre diferentes acções que estão a decorrer ao
mesmo tempo mas em espaços diferentes, servem para acelerar o ritmo na narrativa do filme um
excelente exemplo pode ser encontrado em toda a serie televisiva do 24 onde por vezes estão a
decorrer em simultâneo mais de 4acções em diferentes espaços que desta forma ao entrarem estes
cortes provocam um forte suspense sobre o espectador.
Montage cuts – Normalmente são utilizados para provocar nos espectadores algum
sentimento, sensação, como enjoou, angustia, horror, através de cuts sucessivos, que interligam
imagens diferentes; assenta de forma directa no efeito de Kuleshov, pois, até foram os cineastas da
escola soviética os primeiros a utilizarem este tipo de cuts.
Compilation shots – São uma compilação de diferentes imagens (shots) cortadas que ao
fazer-se a montagem vem enquadrar, explicar, impressionar o espectador, sobre algo como, um
acontecimento, lugar, como exemplo um incêndio mostra os carros de bombeiros com as sirenes
depois os paramédicos a chegar, a multidão na rua e por fim termina no prédio em chamas
Cutaways - São bastante utilizados como forma de transição entre cenas, normalmente
servem para dar avançar temporalmente na narrativa mas de uma forma como se o espectador pode-
se contar o tempo que decorre entre cenas, é bastante usado nas sitcoms americanas do género uma
cena é passada numa casa ocorre um cutway para o exterior da casa mostra exteriormente essa casa
de dia de uma forma rápida passa a ser noite no exterior da casa, volta a ficar dia um cut para o
interior da casa transmite ao espectador que passou um dia entre as duas cenas dentro da casa, ou
seja como que transporta momentaneamente o espectador para fora da acção principal da sitcom.
Fade
O fade é uma transição mais acentuado que o corte, utilizado desde os primórdios do mundo
do cinema utilizado em grande abundância ate aos anos 40 reveste-se de grande importância pois os
primeiros cineastas aperceberam-se que com a utilização deste efeito poderem compor filmes com
varias acções, para alem de que é uma forma de transição surgiu posteriormente. (Hayward, 2006).
O fade consiste em fade-in e fade-out que podem ser usados em conjunto ou separadamente.
O efeito de fade-out (figura 3) consiste num incremento de uma cor sobre uma cena ate ficar
completamente preenchido por essa cor, normalmente são utilizadas as cores brancas (fade to white)
e pretas (fade to black) mas não é obrigatório que assim seja um exemplo disso é a utilização da cor
Normalmente o efeito fade-out e fade-in são utilizados em conjunto para fazer entre a
transição de cenas, fade-out (termino de uma cena) – fade-in (início da cena), isto não quer dizer
que o fade ligue duas sequências o fade serve simplesmente para dividir de uma forma clara as
diferentes cenas de um filme.
A utilização de fades de uma forma efectiva sugerem a quem visualiza o filme um salto no
tempo e espaço (Hayweard, 2006), mexe com a percepção que temos em relação ao que estamos a
visualizar (Tillman, 1993). Por exemplo num excerto de um filme em que uma cena é na estrada
onde um individuo sofre um acidente e outra no hospital para onde é levado, utilizar para mudança
de cena um fade-out to black para dar a sensação que o individuo perdeu os sentidos pois aparece na
tela apenas escuridão que transmite a sensação do vazio, ausência de movimento e depois ocorre um
fade-in a imagem surge da escuridão da tela dando a sensação de ganho de consciência e acordar no
hospital.
Os fades não são só utilizados em mudanças de cenas podem também ser utilizados para
mudanças de planos ou mesmo para enfatizar certas situação pegando no exemplo anterior do
acidente se em vez de fazermos apenas um fade-out e um fade-in entre a cena do acidente e a do
acordar no hospital pode-se fazer um jogo com vários fade-out/in dentro das cenas, dessa forma
transmite a sensação que o individuo esta progressivamente a perder a consciência (na cena do
acidente na estrada) e progressivamente a ganha-la (na cena do hospital).
Manuel Costa Página 7 03-06-2009
Dissolve
Dissolve (conhecido também por mix ou lap-dissolve ou mesmo por lap) é tal como fade
uma forma de transição entre cenas, como o próprio nome sugere é quando uma imagem/cena
dissolve gradualmente na seguinte, esta forma de transição é também conhecida como uma
transição suave em oposição ao corte, normalmente sugere uma longa mudança temporal e é
utilizada com regularidade para assinalar a entrada de um flashback/forward (Haywerd, 2006). Mas
no fundo um dissolve não é mais que um fade-out e um fade-in sobrepostos ou seja duas cenas são
sobrepostas uma em fade-out e outra em fade-in que a meio da dissolução pode-se visualizar ambas
as imagens, permitindo influenciar a percepção de quem esta a ver a primeira imagem em relação à
segunda que esta a surgir (Tillman, 1993) como mostra a figura 5.
Figura 5 Dissolve
O dissolve tal como o fade permite diferenciar bem acções planos e cenas que estão
afastadas no tempo e em espaço, no entanto em contraste com o fade que permite distinguir bem
duas cenas no caso do dissolve ao fazer uma imagem dissolver-se sobre outra permite que o
espectador associe ambas como se fossem uma só, esta técnica é muito utilizada em alturas em que
se querem associar duas cenas que à primeira vista parecia não existir associação entre ambas
(Tillman, 1993).
Bons exemplos de dissolves acontecem no filme Citizen Kane (1941), destaco um momento
em que quando numa cena numa sala onde tem o retrato do protagonista decorre uma conversa
entre Mr. Bernstein e Mr. Thompson que falam sobre Jedediah Leland depois ocorre um dissolve
cena que mostra um edifício e uma ponte e outro dissolve cena no asilo/hospital onde Mr.
Wipe
O wipe é um efeito de transição que envolve tal como no dissolve da substituição gradual de
um plano/cena por outro, de uma forma quase instantânea como um corte, no entanto não existe a
mistura das imagens como no dissolve o que acontece é que uma imagem começa a entrar na tela e
a que la estava começa a sair, (Brice, 2002) como mostra a figura 6.
Figura 6 Wipe
No caso da figura 6 o wipe é horizontal mas existem diversos tipos de wipe como na
vertical, diagonal, com formas como em estrela, fechadura, em espiral entre muitos outros é quase
infinito o número de wipes que se podem criar a partir de qualquer ponto da tela e em qual quer
forma imaginada na direcção que se quiser impor, podem ainda ser classificados como hard ou soft
se se notar uma linha como no exemplo da figura entre ambas as imagens é hard se essa linha não
for perceptível pode-se considerar como soft. O período ate hoje onde se utilizaram wipes mais
extravagantes e estranhos foram entre a década de 30 e 40 (Kawin, 1987).
Os wipes são de todas as formar de transição aquelas mais notadas por quem esta a
visualizar o filme devido ao facto de serem a forma de transição mais mecanizada. As outras formas
de transição possuem uma correspondência a nível emocional e visual do ser humano para quem
esta a visualizar o filme, não existindo essa correspondência para os wipes, passando a exemplificar
o corte pode corresponder a um piscar de olhos, o dissolve e mesmo o fade podem corresponder a
Normalmente quem produz tem atenção quando faz um wipe em utiliza-lo de uma forma
coordenada consoante a acção, cor, e conteúdo, ritmo do som de cada plano/cena.
Um realizador que recorreu por diversas vezes a esta técnica de transição foi Akira
Kurosawa em filmes como: Ikiru (1952), Rashômon (1950) ou Seven Samurai (1954).
Considerações Finais
Estas efeitos básicos de transição continuam a ser hoje em dia utilizados uns com mais
frequência do que outros, variando de filme para filme consoante inúmeros factores como por
exemplo quanto ao género, o script, o gosto de quem edita e mesmo as tendências que no momento
existem.
Eles são fundamentais para se criar algo com consistência, sem eles não seria possível fazer-
se a montagem de sequências de imagens e dar o final cut, sem eles o cinema teria perecido nos
princípios do século XX.
Hayward, S. (2006) Cinema Studies – The Key Concepts. 3 ªed, London: Routledge.