Os Maias são uma narrativa novelesca (intriga)que narra a história de uma familia
que se estende ao longo do século XIX: 1ªGeração – Afonso da Maia,a geração que
vive lutas liberais( miguelistas e liberais); 2ª Geração – Pedro da Maia,a geração
romântica que é de certa maneira atormentada pelo movimento cultural do
Romantismo; 3ª Geração – Carlos da Maia, a geração que vive o período da
regeneração.
Capitulo I
Os Maias eram :
• Pouco numerosa;
Agora estava reduzida a apenas dois varões : Afonso da Maia,um velho quase
antepassado(patriarca da familia) e seu neto Carlos da Maia,que estudava medicina
em Coimbra.
Afonso da Maia,decidiu vir para Lisboa,e habitar o Ramalhete, pois seu neto,era um
rapaz de gostos e de luxos e que depois de formado não queria viver nos
penhascos do Douro.Então,Afonso decidiu remodelar o Ramalhete.
• Faltava um jardim;
O que desconsolou Afonso foi a vista do terraço, que antigamente dava para ver o
mar. Agora,com as construções que foram feitas,só ve via uma estreita tira de
água.
Afonso era um pouco baixo,maciço,de ombros quadrados e fortes e com a sua face
larga de nariz aquilino,tinha uma pele corada,quase vermelha, o cabelo branco
cortado à escovinha e a barba de neve aguda e longa.Amava os seus livros,o
aconchego da sua poltrona,o seu whist ao canto do fogão.Agora já velho,as
genorisidades do seu coração iam sendo cada vez mais largas e profundas.Deu
parte dos seus rendimentos a caridades e cada vez amava mais o podre e o fraco.
Em Santa Olávia, as crianças corriam para ele.Tinha um fiel companheiro, que era
um gato pesado e branco com malhas louras. Chamava-se “Bonifácio” quando
nasceu; quando chegou à idade da caça e do amor era o “D.Bonifácio de
Calatrava”; e agora dorminhoco e obeso, é o “Reverendo Bonifácio”.
Outrora,Afonso tinha sido um apoiante do Liberalismo ao contrário de seu pai que
era Absolutista. Por esta razão,Afonso foi expulso de casa e o seu pai limitou-se a
oferecer-lhe a Quinta da Santa Olávia (por influência da mãe).
Pouco tempo depois,voltou a casa dos pais,em Benfica, e pediu dinheiro ao pai para
ir para Inglaterra. O pai deixou-o e ele ficou por lá alguns anos,tendo sido obrigado
a regressar,pois seu pai tinha falecido.
Foi então que conheceu D.Maria Eduarda Runa,que era morena e um pouco
adoentada.Casaram-se e tiveram um filho,Pedro.
Aí viveu,com grandes luxos. Meses depois sua mãe morreu,e a tia Fanny foi viver
com eles.
Eram todos felizes,mas porém a sua mulher, tinha fraca saúde e era uma católica
devota,tinha saudades do sol de Lisboa e não se conseguiu habituar ao
Protestantismo. Odiando tudo o que era inglês, não deixou que Pedro fosse estudar
para um colégio protestante,mesmo depois de Afonso lhe mostrar que se tratava de
um colégio católico.
Foi então que M.ª Eduarda,mandou vir de Lisboa o Padre Vasques, que lhe dava
uma educação demasiado tradicional e centrada da Religião. Afonso por vezes
revoltava-se e levava o filho a passar,constatando que este,de tal modo habituado
à protecção da mãe e das criadas,até tinha medo das árvores,do vento e das
sombras. Visto que a mulher estava a adoecer,Afonso por mais que lhe
custasse,não se atrevia na contrariar a sua amada mulher.
Com a morte da tia Fanny,M.ª Eduarda ficou ainda mais triste, o que obrigou Afonso
a ter de voltar para Benfica.
M.ª Eduarda ía ficando cada vez mais doente,acabando mesmo por falecer, o que
causou um enorme desgosto em Pedro,que era muito chegado à sua mãe.
Pedro começou a beber para esquecer a morte de sua mãe,mas como isso não fazia
parte da sua educação, durou pouco tempo essa sua vida boémia.Ao fim de um
ano,voltaram de novo os dias melancólicos ou sob uma árvore todo estirado de
bruços.
Um dia,estava ele no Marrare,viu parar uma caleche azul onde vinha um velho
baixote de barba muito grisalha talhado por baixo do queixo – Manuel Monforte.
Atrás desse homem,vem uma linda jovem loira de olhos azuis com um perfil grave
de estátua. – Maria Monforte.
A familia Monforte acabou por se mudar para Arroios,e Pedro e Maria acabaram por
começar a namorar.
Afonso desconfiava,mas de nada sabia,até que um dia que um dos seus amigos lhe
contara que tinha visto Pedro e Maria passeando de cavalo,e contaram-lhe também
da facada nos Açores de Manuel Monforte. Afonso pensava que ela era amante de
Pedro,e por isso nem se importou. Mas Vilaça acabou por lhe dizer,que ela era
solteira e que não era amante de Pedro mas sim,namorda.
Certo dia,Pedro visita seu pai e disse-lhe que vinha pedir licença para casar com
Maria. Afonso,não acentiu dizendo que era filha de um assassino e que este o
queria fazer corar de vergonha. Pedro acabou por sair de casa dizendo ao pai para
este ter a certeza que se ia casar com Maria. Dois dias depois,Maria e Pedro
casaram-se às escondidas e partiram para Itália,deixando Afonso sozinho e
desgostoso com a atitude do seu filho.Daí por diante, o nome de Pedro não foi
pronunciado durante muitos anos naquela casa.
Capitulo II
Pedro e Maria mudaram-se para Itália.Mas Maria suspirava por Paris,e daí a pouco
tempo, mudaram-se para lá,até Maria aparecer grávida. Nessa altura resolveram
voltar para Lisboa,mas antes de o fazerem,Pedro escreveu a seu pai,Afonso da
Maia,anunciando o seu regresso ao Ramalhete e o nascimento do seu primeiro
neto,com esperança que Afonso o perdoasse e os recebesse como familia.Contudo
quando chegaram a Lisboa,Afonso tinha partido dois dias antes para Sta. Olávia,o
que fez com que Pedro ficasse desfeito,o que provocou entre o pai e o filho uma
grande separação.
Quando nasceu sua filha,Maria Eduarda, Pedro não comunicou a Afonso tal
ocorrencia pois estava magoado com a atitude de Afonso.Para comemorar o
primeiro aniversário de Maria Eduarda,realizou-se um baile na casa de Arroios,que
agora era habitada por eles.Pedro começou a ficar farto de tanto luxo e de festa.
Maria acabou por ter outro filho,e Pedro considera a hipotese de comunicar tal facto
ao seu pai,como maneira de se reconciliar com este e resolve ir a Sta Olávia
apresentar os seus dois filhos.Pedro quis dar ao pequeno o nome de Afonso,mas
Maria não consentiu e deu-lhe o nome de Carlos Eduardo por ser um principe do
livro que ela andava a ler.Contudo essa visita foi adiada pois Pedro durante uma
caçada com os amigos,feriu acidentalmente um principe italiano,Tancredo.Por
isso,Tancredo ficou instalado em casa de Pedro da Maia o tempo suficiente para
Maria e este se apaixonarem sem que ninguém desse conta. Certo dia,Pedro
descobre que ambos fugiram e que levaram eles a sua filha,Maria Eduarda.
Pedro decide procurar consolo junto do seu pai,que o acolheu bem como ao seu
neto,Carlos, na sua casa de Benfica para onde se tinha mudado recentemente.Ao
inicio Afonso pensara que Maria tivera morrido,até que Pedro lhe contou o que se
tinha sucedido.Nesse mesmo dia,ao anoitecer,Pedro suicida-se no seu quarto e
Afonso decide fechar a casa de Benfica e voltar com o seu neto para a quinta de
Sta. Olávia.
A morte de Pedro matou espiritualmente Afonso da Maia,e o que o mantia vivo era
somente seu neto,Carlos Eduardo.
Capitulo III
Vilaça visita o procurador dos Maias em Sta Olávia,para grande alegria de Carlos.
Vilaça não concorda com este tipo de educação,pois acha que não é assim que se
deve educar um “fidalgo português”.
-As silveirinhas :
D.Ana detestava ver a sua sobrinha a brincar com Carlos,pois ele era um rapaz sem
qualquer doutrinha e muito bruto,que acaba sempre por a magoar.
Vilaça comunica a Afonso noticias de Maria de Monforte que Alencar lhe tivera
contado aquando a sua estadia em Paris.
Afonso queria muito retirar a filha a Maria,pagando mesmo a policias secretas de
Paris,de Londres,de Madrid.
Na carta que Vilaça tivera pedido a Alencar para escrever,lá dizia que Maria de
Monforte tinha mudado o seu nome para Madame de l’Estorade,que esta tinha
vivido 3 anos na Austria com Tancredo e que mais tarde se mudaram para o
Monaco,onde Tancredo foi morto,tal como o Papá Monforte.Passado uns
tempos,vem habitar para Paris onde conhece Mr. De l’Estorade,que a abandona. Ela
pobre,formosa,excessiva e doida acaba por se tornar numa prostituta.
Passado uns tempos,Afonso recebe uma carta de Vilaça com a morada de Monforte
e acrescentou também que este de novo com Alencar que lhe contou que quando
estava em Paris,foi a casa de Maria e avistou um lindo quadro a que Maria lhe disse
que era a sua filha que tinha morrido em Londres.
A EDUCAÇÃO
Tradicional Inglesa
Eusebiozinho Carlos
• Desembargador • Médico
• Isolamento,inveja,cobardia • Abertura,convivência
• Elegância e destreza
CONSEQUÊNCIAS POSTERIORES
Eusebiozinho Carlos
• Imoralidade( incesto)
• Vilaça
• Abade Custóido
• Irmãs Silveira
• Padre Vasques
• Mª Eduarda Runa
• Afonso da Maia
• Mr. Brown
Capitulo IV
Carlos recebeu com muita alegria o seu grande amigo Ega,que tinha chegado da
Foz,e este anuncia-lhe que vai publicar o seu livro “Memórias de um Átomo”. Este
livro falava da história da vida de um atomo que viveu desde o inicio da Terra até
aos tempos de hoje.
Ega conta-lhe que estava apaixonado por Madame Cohen ( Raquel Cohen),uma
judia,mulher do directo do Banco Nacional,de quem Ega não gostava nada.
• D.Diogo ;
• Sequeira;
• Taveira(empregado) ;
• Cruges (maestro,pianista);
• Marquês Souselas;
Capitulo V
Capitulo VI
Carlos tenciona fazer uma visita a Ega de surpresa,na Vila Balizar, mas tem muitas
dificuldades em encontrar e quando finalmente chega ao local, não estava ninguém
em casa para o receber.Ao encontrar Ega, dias mais tarde, este mostra-se
indignado com o sucedido e combinam a visita à sua casa,Vila Balzac.Carlos foi
muito bem recebido, com o pagem à porta, muito champanhe e Ega mostra-lhe a
sua casa. Muito exuberante e decorada tal qual o temperamento do proprietário
Ega convida-se para jantar com Carlos e quando se prepara para sair, falam sobre
a Gouvarinho e sobre o súbito desinteresse de Carlos pela senhora, após uma
grande atracção. Esta atitude de Carlos para com as mulheres, era frequente e os
dois conversam sobre o assunto.
Ega organiza um jantar no Hotel Central em honra de Cohen.
As finanças são também um tema debatido neste jantar. O país tem necessidade
dos empréstimos ao estrangeiro. Cohen demonstra o seu calculismo cínico quando,
ao ter responsabilidades pelo seu cargo, afirma que o país vai direitinho para a
banca rota.
Outro tema também focado é a história e a política, cujos intervenientes são Ega
e Alencar. O primeiro, aplaude as afirmações de Cohen, defende uma catástrofe
nacional como forma de acordar o país. Afirma que a raça portuguesa é a mais
covarde e miserável da Europa. Aplaude a instalação da república e a invasão
espanhola. Alencar, por sua vez, teme a invasão espanhola e defende o romantismo
político, esquecendo o adormecimento geral do país.
Cohen afirma que Ega é um exagerado e que nas camadas políticas ainda há gente
séria. Dâmaso diz que se acontece-se a invasão espanhola fugiria para Paris.
TEMAS TRATADOS
Finanças
A bancarrota é um dos assuntos polémicos, que critica de forma irónica o país
(pág.165,166). Identificámos como principais interveniente e que geram uma
maior desordem (neste assunto), João da Ega e Cohen.
História política
Segundo Ega, uma invasão seria a solução para a bancarrota e deste modo
Portugal sairia revolucionado.
ASPECTOS CRITICADOS
Naturalismo/Realismo
Tomás de Alencar fora o principal e mais contínuo crítico deste tema. Vejamos
algumas dessas críticas:
Carlos da Maia considera que “o mais intolerável no realismo era os seus grandes
ares científicos” (pág.164) e Ega apesar de defender o realismo concordava com
esta crítica;
Craft desaprova o realismo, pelo facto de estatelar a realidade feia das coisas
num livro;
Finanças
Este assunto espelha a crise financeira que o país passava nesta época (séc.XII).
Eça descreve-o de forma irónica através de Cohen, o representante das Finanças
ao afirmar que os “empréstimos em Portugal constituíam uma das fontes de
receita, tão regular, tão indispensável, tão sabida como o imposto”, aliás era
«cobrar o imposto» e «fazer o empréstimo» a única ocupação dos ministérios
(pág.165).
Desta forma concordavam que assim o país iria “alegremente e lindamente para
a bancarrota”. No entanto, Ega não aceitara baixar os braços e logo dera a
solução revolucionária para o problema de finanças que o país atravessava – a
invasão espanhola!
História Politica
Dada a sugestão perfeita para a bancarrota, Ega delira com a ideia e pretende
“varrer a monarquia” e o “crasso pessoal do constitucionalismo”.
A invasão espanhola leva Ega a criticar a raça portuguesa, afirma que esta é a
mais covarde e miserável da Europa, “Lisboa é Portugal! Fora de Lisboa não há
nada.” (pág.170) todos iriam fugir quando se encontrassem perante um soldado
espanhol (pág. 169). A sociedade tinha receio de perder a independência, mas só
uma sociedade tão estúpida como a do Primeiro de Dezembro pensaria que a
invasão traria esta consequência.
Ega é a principal personagem que satiriza a história política, e isso pode ser
confirmado ao longo das conversas em que Ega discute este tema.
Capitulo VII
Depois do almoço, Afonso e Craft jogam uma partida de xadrez. Carlos tem poucos
doentes e vai trabalhando no seu livro. Dâmaso à semelhança de Craft, torna-se
íntimo da casa dos Maias, seguindo Carlos para todo o lado e procurando imitá-lo.
Ega anda ocupado com a organização de um baile de mascaras na casa dos Cohen.
Carlos, na companhia de Steinbroken em direcção ao Aterro, vê, pela segunda vez,
Maria Eduarda acompanhada do marido. Carlos desloca-se várias vezes, durante a
semana, ao Aterro na esperança de ver novamente Maria Eduarda. A condessa
Gouvarinho, com a desculpa que a filha se encontrava doente, procura Carlos no
consultório. Ao serão no Ramalhete, joga-se dominó, ouve-se música e conversa-se.
Carlos convida Gruges a ir a Sintra no dia seguinte, pois tomara conhecimento, por
intermédio de Taveira, que Maria Eduarda aí se encontrava na companhia de seu
marido e de Dâmaso.
Capitulo VIII
Neste capítulo, Carlos da Maia e o seu bom amigo, o maestro Cruges, vão de visita
a Sintra. A ideia é de Carlos que arrasta o seu amigo nessa viagem. Cruges, que já
não visitava Sintra desde os 9 anos, acaba por ficar rendido à ideia e prepara-se
para desfrutar do passeio. Esta viagem tem o propósito escondido por Carlos, de
procurar um encontro fortuito com Maria Eduarda, que ele julgava em Sintra. Após
algumas horas de viagem de break, chegam a Sintra e logo se vão instalar no Hotel
Nunes, por sugestão de Carlos, que temeu que ao instalarem-se no Lawrence’s
Hotel, se cruzassem de imediato com Maria Eduarda, perdendo o seu encontro
aquele efeito de casualidade que ele lhe procurava empregar. Aí encontram o
amigo Eusebiozinho, acompanhado por um amigo, Palma “Cavalão”, e duas
senhoras espanholas, acompanhantes de ambos(prostitutas). Após um pequeno
episódio cómico, em que uma das espanholas se enfureceu, Carlos e Cruges,
partem num pequeno passeio pedestre para visitar Seteais. Pelo caminho
encontram outro amigo, Alencar, o poeta, vindo justamente de Seteais, mas que fez
questão de os acompanhar lá, fazendo aquele caminho pela segunda vez nesse dia.
Chegados a Seteais, Cruges, que não conhecia o local, ficou desapontado quando
verificou o estado de abandono em que se encontrava a construção. Depressa
Alencar o fez pensar doutro modo, ao apontar-lhe os pequenos pormenores do local
e a beleza da vista. De volta ao casario, passaram pelo Lawrence e foram ver, por
breves instantes, o Paço e o seu Palácio, após o que voltaram ao e se sentaram a
tomar um cognac. Carlos já informado sobre o destino de Maria Eduarda, que havia
deixado Sintra na véspera, depressa quis voltar para Lisboa. Resolveram jantar no
Lawrence, para evitarem o amigo Eusebiozinho e sua trupe. No entanto, como
tiveram de ir ao Nunes para pagar a conta, lá acabaram por encontrar o amigo de
quem depressa se despediram. De volta ao Lawrence, onde Alencar os esperava
para o jantar especial de bacalhau, preparado pelo próprio, mercê de especial favor
da cozinheira, iniciaram-se no belo repasto, que só acabou já passava das oito.
Depois do jantar lá se sentaram no break de volta a Lisboa, dando boleia a Alencar
que também estava de partida. Já há muito haviam passado São Pedro, quando
Cruges se lembrou de repente da promessa que havia feita a sua mãe, e agora
ficava por cumprir: esquecera-se das queijadas!
Capitulo IX
Capitulo X
Durante o jantar Carlos vai contar o seu plano para conhecer Castro Gomes a
Dâmaso: este levá-los-ia até aos Olivais para lhe mostrar a colecção de Craft e em
seguida jantariam no Ramalhete.
Depois do sarau no Ramalhete, chega o dia das corridas. Carlos vai ao hipódromo
na esperança de ver Maria Eduarda, mas fica desiludido pois ela não aparece.
É Domingo, um dia quente com o céu azul, no Hipódromo Carlos fala com a sua
velha amiga D.Maria da Cunha e conhece Clifford, que era o dono do cavalo que
tinha mais expectativas de ganhar e foi por causa dele que as corridas foram
antecipadas.
Entretanto, a Gouvarinho diz a Carlos que seu pai faz anos e ela tem de ir ao
Norte. Combina então com ele para se encontrarem na estação e seguirem juntos
no comboio ate Santarém onde passariam a noite juntos; depois, ela seguiria até
ao Porto e ele regressava a Lisboa. Carlos hesita.
Entretanto, Carlos vai falar com Dâmaso. Este conta-lhe que Castro Gomes partiu
para o Brasil e que Maria Eduarda está num apartamento no prédio do Cruges.
Em seguida, Carlos arranja a desculpa de querer falar com Cruges para ver Maria
Eduarda. Mas, quando chega, ao prédio, felizmente, a criada diz que Cruges não
está; Carlos acaba também por não ver Maria Eduarda.
Já no Ramalhete,Carlos recebe uma carta de Maria Eduarda a pedir-lhe para
consultar “uma pessoa de familia”.
Capitulo XI
Carlos vai visitar a Castro Gomes, i.e., Maria Eduarda. É a governanta, Miss Sara,
que está doente.). Examina Miss Sara.Falando com Maria Eduarda, descobre que é
portuguesa, não brasileira. “Até amanhã!” é agora no que Carlos só pensa; um
recado da Gouvarinho indispõe-no. Começa a “odiá-la”. Por sorte, o Gouvarinho
decidiu à última da hora ir com a mulher para o Porto, o que convém muito a
Carlos, assim como a morte de um tio de Dâmaso em Penafiel, deixando-lhes os
“entraves” fora de Lisboa.
Nas semanas seguintes, Carlos vai-se familiarizando com Maria Eduarda, graças à
doença de Miss Sara. Falam ambos das suas vidas e dos seus conhecidos. Dâmaso
volta de Penafiel; visita Maria Eduarda que o acha “insuportável” e que conhece o
seu tio Guimarães.“Niniche”, aninhada no colo de Carlos, rosna e ladra quando
Dâmaso tenta lhe fazer festas. “Desconfianças” de Dâmaso,que fica amuado e vai
pedir explicações a Carlos sobre a sua estadia em casa de Maria Eduarda. Sabe-se
que, por coincidência, os Cohens voltaram de Inglaterra e que Ega está para chegar
de Celorico.
Na tarde seguinte, em visita a Maria Eduarda, Carlos declara-lhe o seu amor, que
é correspondido, e ambos beijam-se pela primeira vez. Mediante o desejo de
Maria Eduarda de viver num lugar mais recatado, longe da coscuvilhice dos
vizinhos, e com espaço livre para Rosa brincar, Carlos compra a Quinta dos Olivais
a Craft, Afonso aprova o investimento, desconhecendo, contudo, o verdadeiro
motivo do mesmo. Carlos conta a Ega o seu romance com Maria Eduarda e a sua
intenção de fugir com ela; Ega pensa para ele próprio que esta mulher seria para
sempre, o seu irreparável destino.
TEMAS ABORDADOS
O espaço social permite através das falas, observar a gradação dos valores
sociais, o atraso intelectual do país, a mediocridade mental de algumas figuras da
alta burguesia e da aristocracia.
Desfilam perante Carlos as principais figuras e problemas da vida política, social e
cultural da alta sociedade lisboeta: a crítica literária, a literatura, a história de
Portugal, as finanças nacionais, etc. Todos estes problemas denunciam uma
fragilidade moral dessa sociedade que pretendia apresentar-se como civilizada.
No jantar podemos apreciar duas concepções opostas sobre a educação das
mulheres: salienta-se o facto de ser conveniente que "uma senhora seja
prendada, ainda que as suas capacidades não devam permitir que ela saiba
discutir, com um homem, assuntos de carácter intelectual" (Ega, provocador,
defende que "a mulher devia ter duas prendas: cozinhar bem e amar bem").
A falta de cultura dos indivíduos que são detentores de cargos que os inserem na
esfera social do poder – Sousa Neto (oficial superior de um cargo de uma grande
repartição do Estado, da Instituição Pública), desconhece Proudhon, começando
por responder a Ega que, provocante, lhe pergunta a sua opinião sobre o
socialista, que não se recorda textualmente, depois "que Proudhon era um autor
de muito nomeada", e finalmente, perante a insistência de Ega, sintetiza a sua
ignorância, afirmando que não sabia que "esse filósofo tivesse escrito sobre
assuntos escabrosos", como o amor, acrescentando que era seu hábito aceitar
"opiniões alheias, pelo que dispensava as discussões". Posteriormente,
perguntará a Carlos se existe literatura em Inglaterra.
O deslumbramento pelo estrangeiro – Sousa Neto manifesta a sua curiosidade em
relação aos países estrangeiros, interrogando Carlos, o que revela o
aprisionamento cultural de Sousa Neto, confinado ás terras portuguesas.
Capitulo XIII
Ega informa Carlos de que Dâmaso anda a difamá-lo e a Maria Eduarda também.
Carlos faz os preparativos para a mudança de Maria Eduarda para os Olivais.
Dias depois,Maria Eduarda visita a sua nova casa nos Olivais,a quem dão o nome de
“Toca”.Têm a sua 1ª relação sexual,e consequentemente cometem o incesto
involuntariamente.
Capitulo XIV
O avô parte para Sta. Olávia. Maria Eduarda instala-se nos Olivais. Ega parte para
Sintra por alguns dias. Carlos, só, vai passear depois do jantar. Encontra Taveira no
Grémio, que o adverte contra Dâmaso. Taveira arrasta-o até o Price, mas Carlos
pouco se demora. Ao sair, encontra Alencar e o Guimarães, tio do Dâmaso.
Sabe-se que Carlos e Maria Eduarda pretendem fugir até Outubro para Itália, mas
Carlos pensa no desgosto que dará ao avô. A sua felicidade, por fim, supera o avô
nos seus raciocínios. Descreve-se as idas de Carlos aos Olivais: os encontros com
Maria Eduarda e as relações que tinham no quiosque japonês
Isto não é o suficiente: eles querem passar as noites também. Carlos descobre uma
outra casa perto da dos Olivais, que servirá para esperar pelos encontros nocturnos
dele e de Maria Eduarda. Numa dessas noites, descobre Miss Sara a fazer sexo no
jardim da casa com o que lhe parece ser um jornaleiro. Sente vontade de contar
tudo a Maria Eduarda mas, à medida que pensa no caso, compara-o com a
furtividade do seu. Decide não dizer nada.
Chega Setembro. Craft, regressado de Sta. Olávia para o Hotel Central, diz a Carlos
que pareceu-lhe estar o avô desgostoso por Carlos não ter aparecido por lá. Carlos
diz a Maria Eduarda que vai visitar o avô. Ela pede-lhe para visitar o Ramalhete,
antes. Combinam isso para o dia em que Carlos partirá para Sta. Olávia. Maria
Eduarda visita o Ramalhete mas, misteriosamente, desanima-se; Carlos "conforta-
a".Maria Eduarda refere que às vezes Carlos faz-lhe lembrar a sua mãe,diz-lhe que
a mãe era da ilha da Madeira que casara com um austríaco e que tinha tido uma
irmãzinha, que morrera em pequena.
Chega Ega. Traz novas de Sintra. Carlos parte para Sta. Olávia. Regressa uma
semana depois. Fala a Ega do plano de "amolecer" o avô quanto à relação com
Maria Eduarda. Susto! Castro Gomes anuncia-se! Mostra uma carta anónima que
lhe haviam mandado para o Brasil, dizendo que a sua mulher tinha um amante,
Carlos. Revela não ser marido de Maria Eduarda, que lhe retirava o uso do seu
nome, deixando-a apenas como Madame Mac Gren, seu verdadeiro nome. A Carlos
"cai o queixo". Ruminando pensamentos, entre escrever uma carta de despedida ou
não, Carlos decide confrontar Maria Eduarda nos Olivais. Ao entrar, sabe por
Melanie, a criada, que o Castro Gomes já lá tinha estado. Maria Eduarda, em chôro,
pede perdão a Carlos de não lho ter contado; conta a verdadeira história da sua
vida. Depois de uma grande cena de chôro, Carlos pede-a em casamento.
Capitulo XV
Cruges e Ega vão a casa do Dâmaso. Este faz uma cena ao saber do desafio, mas
acaba por escrever uma retractação. Ega escreve-lhe a retractação e ele copia-a.
Ega entrega-a, ao sair, a Carlos. Satisfeito, Carlos devolve-lha, para usar como lhe
aprouver. No dia seguinte, Ega remói a ideia de fazer conhecer a carta do
Dâmaso. Chega uma carta anunciando que Afonso voltava ao Ramalhete. Carlos
retorna ao Ramalhete e Maria Eduarda à R. de São Francisco. No dia seguinte,
chega Afonso à estação de Sta. Apolónia. Ao almoço, Carlos e Ega falam do
projecto de uma revista. Ega vai ao Ginásio. Vê a Cohen e o Dâmaso. Sai do
Ginásio; dirige-se à redacção d'A Tarde e pede ao Neves para publicar a carta do
Dâmaso. Há um ligeiro rumor nos dias seguintes, mas tudo acalma. Dâmaso "vai
de férias" a Itália.
No início do capítulo Carlos e Maria falam sobre a eventualidade de irem para Isola
Bela para um “ninho romântico” e, quando Carlos lhe pergunta quando gostaria
de partir, Maria chama e pergunta a Rosa se ela gostaria que Carlos passasse a
ser daí em diante como o “pai”. Rosa fica muito contente e vai brincar para o
jardim. Obtendo o consentimento da pequena, Maria confessa a Carlos que tem
muito que lhe dizer e começa a contar-lhe a história da sua vida, no que toca a
Maria com o objectivo de não cometer o mesmo erro e, no que toca a Carlos, para
a conhecer e amá-la assim inteiramente.
A história da vida de Maria Eduarda resume-se então (segundo ela) aos seguintes
pontos:
• Não sabia nada do pai, a não ser que era um nobre de grande
beleza;
• Tivera uma irmã de nome Heloísa que morreu com dois anos;
• A sua mãe, já mais tarde, não tolerava que lhe perguntassem coisas
do passado.
• A casa da mãe nessa altura era uma casa de jogo (“de um luxo sério
e fino”) e foi aí que conheceu Mr. Trevernnes, um homem perigoso pela sua
sedução pessoal e por uma desoladora falta de honra e de senso até que,
num dia à noite, devido a uma desgraça se mudaram para outra casa.
• Foi nessa casa que a sua mãe conheceu Mac Gren, um gentleman
irlandês muito novo que se enamorou pela sua mãe logo com “o ardor, a
efusão, o ímpeto de um irlandês”. Entretanto Mr. Trevernes começou a
fazer exigências maiores à mãe de Maria exigindo-lhe pagamentos e
começou a olhar para Maria Eduarda dum modo que a assustava, até que,
num dia fugiram para um hotel porque tinha havido uma penhora.
O Ramalhete integra-se neste conjunto, também ele atingido pela destruição e pelo
abandono. Pode funcionar como sinédoque da cidade e do país.
Familia Maia
• Grande analepse
Esta segunda parte estende-se ao longo de 14 meses – Outono de 1875 até aos fins
de 1876. A morte de Afonso ocorre no Inverno (Cap. XVII) – principio de 1877;
“Semanas depois (...)” – Partida de Carlos e Ega para a sua viagem à volta do
Mundo.
Estes 10 anos são contados em cerca de duas páginas, e o famoso passeio final –
momento simbólico e de reflexão – ocupa o capitulo XVIII.
Personagens
• DA INTRIGA:
• Carlos da Maia
Eça terá querido personificar em Carlos o ideal da sua juventude, a que fez a “
Questão Coimbrã ” e as “Conferências de Casino”, acabando no grupo dos vencidos
da vida, de que Carlos é um bom exemplo.
• Pedro da Maia
• Afonso da Maia
É a personagem mais valorizada por Eça, e a mais simpática do romance, não se
lhe conhecendo defeitos. É um homem de carácter, culto e requintado nos gostos.
Em oposição ao pai, Caetano da Maia, partilha das suas ideias liberais, ama o
progresso, fruto de um esforço sério e não uma utopia romântica. É generoso com
os amigos e os necessitados, não abdicando dos seus sérios princípios morais. É um
modelo de autodomínio em todas as circunstâncias; é o sonho de Portugal
impossível por falta de homens capazes.
• Maria Eduarda
Desta personagem, Eça ressalta-lhe a sua enorme dignidade, ao não querer, por
exemplo, gastar o dinheiro de Castro Gomes, depois de ligada a Carlos. O seu
carácter não surge muito estudado pelo autor, contudo, o que transparece é algo de
bom, que cativa o leitor pela sua bondade, ternura, cultura, gosto requintado e
dignidade com que assume a situação trágica que atinge.
• Maria Monforte
Mulher sensual, inútil, egoísta, excessiva, leitora de novelas que apelam ao mundo
da paixão e fantasia. Revela-se leviana e amoral, e é nela que radicam todas as
desgraças da família Maia.
• João da Ega
• DA CRÔNICA DE COSTUMES
• Eusébiozinho
Personagem que tipifica o modelo opsto ao de Carlos, e que dá num adulto
“molengão e tristonho” que procura, para se distrair, a sordidez dos bordéis. É
uma figura insignificante, vítima da educação romântica, que acaba por casar
com uma mulher que é a sua antítese.
• Craft
• Tomás de Alencar
• Conde de Gouvarinho
• Condessa de Gouvarinho
• Sousa Neto
• Palma “Cavalão”
• Dâmaso Salcede
• Steinbroken
• Cohen
• Raquel Cohen
Formação britânica.
Espaço
São vários os espaços físicos que prepassam nesta obra. Assim, apresentam-se
esquematicamente aqueles que se consideram mais significativos:
Além destes, outros surgem reportados às deslocações de Carlos, tais como Sintra,
Paris e Londres. Os espaços estrangeiros aparecem como recurso para resolver
conflitos, ora de âmbito político (exílio de Afonso), ora familiar (deslocação para
Itália e Paris de Pedro e Maria Monforte, devido aos desentendimentos com Afonso
da Maia), ora sócio familiar (após o incesto, Maria Eduarda é aconselhada a ir a
Paris, local onde Carlos da Maia decide instalar-se definitivamente).
Espaço Social
A crónica de costumes remete para este tipo de espaço. Reflecte a dicotomia entre
o ser e o parecer das personagens-tipo que se apresentam nestes ambientes. Estas
pertencem à alta burguesia, à elite portuguesa, que vivia ociosamente sem precisar
de trabalhar para sobreviver. A intenção satírica do autor manifesta-se, sem dúvida,
na descrição destes espaços assim como nas situações lá vividas.
Espaço psicológico
Este tipo de espaço representa as emoções, a afectividade, o íntimo das
personagens. É traduzido sob a forma de sonhos, reflexões e visões, portanto está
ligado ao mundo interior e não ao mundo objectivo. Assume maior importância nos
momentos próximos do desenlace, pois as inquietações, os conflitos psicológicos
intensificam-se, ao nível da intriga, mais concretamente com as personagens Ega e
Carlos.
Tempo
A acção de “Os Maias” decorre, sensivelmente, entre 1820 e 1887. Entre 1820 e
1822, evidencia-se o absolutismo intolerante de Caetano da Maia, a juventude de
Afonso (período de lutas liberais). Segue-se o período romântico da Regeneração,
correspondendo à paixão e posterior suicídio de Pedro da Maia. O grande destaque
vai para a geração de Carlos a partir do Outono de 1875, altura em que neto e avô
se deslocam para o Ramalhete até 1877. Dez anos após, em 1887, dá-se o
reencontro de Carlos e Ega após a viagem pelo estrangeiro. A evolução temporal
denuncia-se, por exemplo, através de marcas de envelhecimento ocorridas em
Afonso da Maia e até no seu gato Bonifácio.
• Tempo histórico
Reporta-se aos factos inerentes à história nacional ou universal que, neste caso
concreto, se relaciona com a Regeneração.
• Tempo psicológico
Este é o tempo que reflecte a parte subjectiva, na medida em que é aquele que é
filtrado pelas vivências subjectivas das personagens. A título de exemplo, sugere-se
o arrastamento e monotonia das horas que Carlos passava no consultório ("um
longo minuto"; "passadas as longas
horas"), assim como, no último capítulo, quando Carlos diz: "É curioso! Só vivi dois
anos nesta casa, e é nela que me parece estar metida a minha vida inteira".
• Tempo do discurso
Este tipo de tempo reporta-se ao modo como o narrador o trata. Assim, por
exemplo, o tempo anterior a 1875 (referências ao passado da família), dado sob a
forma de analepse, ocupa um número de páginas bastante inferior àquele que
decorre entre o Outono de 1875 e o início de 1877 (desde a instalação dos Maias no
Ramalhete até à partida de Carlos para Santa Olávia, após a morte de Afonso). A
acção que se reporta a estes dois anos é descrita num ritmo deliberadamente lento,
tendo em conta que a intenção do autor é a de alternar episódios da comédia de
costumes da vida lisboeta com elementos da intriga, de modo a sugerir o ritmo do
quotidiano. Esta desproporção entre os longos anos da vida dos Maias (tempo da
história) e as poucas páginas que os cobrem (tempo do discurso) designam-se de
anisocronias. Estas aparecem sob a forma de resumos ou elipses, isto é, os
acontecimentos são comprimidos como acontece com a juventude de Afonso, ou
são suprimidos períodos da história, as elipses, como deixam entender expressões
como: "outros anos tranquilos passaram sobre Santa Olávia".
Focalização
• A focalização omnisciente
• A reconstrução do Ramalhete;
• A figura de Afonso da Maia;
• Os estudos de Carlos, em Coimbra;
• O retrato de Ega;
• O retrato de Eusebiozinho;
• O retrato de Dâmaso.
• A focalização interna
O adjectivo
• Adjectivação dupla
“ os seus dois olhos redondos e agoirentos.”
• Adverbiação dupla
“insensivelmente, irreversivelmente, Carlos achou-se (…)”.
• Adverbiação tripla
“insensivelmente, irresistivelmente, fatalmente, marchando (…)”.
• Efeito de superlativação
“e devia ser deliciosamente bem feita (…)”.
O verbo
• Neologismos
“gouvarinhar”; “cervejando”.
• Emprego do gerúndio
“(…) Portugal (…) e decente, estudando, pensando, fazendo civilização como
outrora.”
Então Ega protestou com vermência. Como convinha a ninguém? Ora essa! Era
justamente o que convinha a todos! Á bancarrota seguia-se uma revolução,
evidentemente. (…)”
Figuras de estilo
• Aliteração
“um moço loiro, lento, lânguido, que se curvava em silêncio diante dela.”
• Hipálege
“O poeta tirou o chapéu, passou os dedos pelos anéis fofos da grenha
inspirada…”
• Ironia
“-É possível- respondeu o inteligente Silveira.”
• Sinestesia
“…e, muito alto no ar, passava o claro repique de um sino.”
As linguagens
• Familiar
“ O Baptista, familiarmente Tista”.
• Infantil
“Teresinha, inha, inha”.
• Popular
“deu-lhe goto”;”Melanie era uma gaja”.
• Neologismos
“gouvarinhar”; “arvejar”.
ASPECTOS RELEVANTES DA PROSA QUEIROSIANA
Discurso indirecto livre: evita o abuso excessivo dos verbos introdutores do diálogo,
contribui para o tom oralizante, e confunde o leitor, propositadamente, para tornar
as críticas feitas pelas personagens mais convincentes e persuasivas; criticas essas
que são bem mais do que isso: são comentários do próprio Eça; Ironia; Hipálages,
metáforas, onomatopeias, sinestesias, gradações, personificações, repetições,
comparações; Adjectivação; Diminutivo; Neologismos, estrangeirismos; Nome (“um
cansaço, uma inércia...” – nome abstracto, com vários significados); Verbo (“ele
rosnou...”) – preferência pela fórmula gerúndio+conjugação perifrástica para dar
uma ideia de continuidade e muitas vezes, de arrastamento, no sentido de
aborrecido; Advérbios de modo.