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I - B A S E S N E U R O LÓ G I C A S

Conhecer e compreender como funcionam as diversas estruturas do cérebro não é coisa


fácil, quando não se tem acesso à sua representação concreta. Seria útil que os estudantes
pudessem ter diante de si uma daquelas reproduções do cérebro com a possibilidade de ser
montadas e desmontadas,
simulando de algum modo o que
fazem os médicos legistas com
cérebros sujeitos a dissecação.

Numa época em que ainda é


frequente a utilização de valores
estatísticos médios para inferir a
presença de situações ditas de
anormalidade em pessoas cujas
características se afastam das
médias estabelecidas, não deixa de Figura 1 – Diagrama de um Neurónio
ser perigoso confiar excessivamente no entusiasmo suscitado pelas neurociências para explicar o
pensamento humano. Com efeito, sabemos que a utilização abusiva e errada de certos dados
sobre o cérebro serviu o desenvolvimento de teses racistas. O pensamento humano é demasiado
complexo e rico para que possa ser compreendido recorrendo exclusivamente à sua dimensão
neurológica. De qualquer modo, a descoberta do conjunto dos mecanismos do pensamento
humano ainda precisa de muito tempo para adquirir a maturidade mínima que iniba a tendência
para o erro, tão comum na história das ciências. Infelizmente, não nos é possível garantir que, na
nossa época, não venhamos a assistir a abusos na utilização das neurociências, baseados nas suas
próprias insuficiências.

Não podemos, todavia, ignorar os progressos realizados no domínio das neurociências


cognitivas, se for nossa intenção perceber como acede o ser humano ao conhecimento, às
emoções e ao pensamento. Por outro lado, a melhor forma de combater os abusos na utilização
da ciência para fundamentar ideias e práticas socialmente condenáveis, é não a ignorar: a
ignorância é o perigo maior das nossas sociedades, sempre que alguém não tem consciência dela.
1 – CONCEITOS BÁSICOS

O tecido nervoso é constituído por dois grandes tipos de células: as células nervosas ou
neurónios (cerca de 100 mil milhões só no cérebro) e as células gliais (ainda mais numerosas do
que os neurónios). Os neurónios são o substrato de base de transmissão da informação nervosa;
as células gliais, embora não transmitam informação nervosa, são fundamentais para essa
transmissão.

1.1 - NEURÓNIOS

Os neurónios são as células que permitem aceder à informação do ambiente, agir sobre o
ambiente, pensar, memorizar, antecipar, programar a acção, etc.

O neurónio é composto por:

 Corpo celular (soma);

 Dendrites (prolongamentos curtos do corpo celular);

 Axónios (prolongamentos longos do corpo celular) – o axónio divide-se na sua


extremidade em ramificações muito finas (ramificações axonais ou terminações
sinápticas)

Os neurónios transmitem, através dos axónios, as informações que recebem:

 Sob a forma de impulsos eléctricos (influxo nervoso);

 Libertando, pela extremidade das suas terminações axonais, moléculas químicas (os
neurotransmissores); os neurotransmissores são captados pelo neurónio receptor
(pós-sináptico) ao nível das dendrites.

Os neurónios distinguem-se entre si pela morfologia (pela forma do soma) e pelos


prolongamentos (neuritos, isto é, os axónios e as dendrites). Relativamente aos prolongamentos,
podemos referir três categorias de neurónios:

 Neurónios multipolares – um axónio e várias dendrites;

 Neurónios bipolares – um axónio e uma dendrite, ambos terminando em


ramificações;

 Neurónios pseudomonopolares – um único prolongamento parte do soma (o


axónio) que se prolonga em duas direcções (um pólo axonal e um pólo dendrítico)

Relativamente às funções que desempenham, os neurónios podem ser divididos em três


categorias:

 Neurónios aferentes ou sensoriais – são do tipo bipolar ou pseudomonopolar;

 Neurónios eferentes – são essencialmente os grandes neurónios multipolares (moto


neurónios)
 Neurónios de associação – a categoria mais numerosa de neurónios do sistema
nervoso; garantem a ligação entre diferentes regiões do sistema nervoso; o axónio
pode ser mais ou menos longo conforme a distância da ligação.

O neurónio é envolvido pela membrana celular (ou plasmalema). A membrana celular


não é um saco inerte. Pelo contrário, é a face pública da célula que permite o seu reconhecimento
e comunicação. Tem vários orifícios para captar ou expulsar diversas substâncias. Se tivéssemos
que atribuir à membrana um princípio de acção, ele seria: mais tarde ou mais cedo, tudo o que entra terá
de sair.

A membrana está cheia de ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa que lhe
conferem uma grande flexibilidade. A estrutura em dupla camada fosfolipídica torna a membrana
impermeável a muitas moléculas hidro-solúveis. De facto, as únicas substâncias que atravessam
facilmente a membrana são as lipo-solúveis ou os gases. Tudo o resto precisa de alguma forma de
ajuda para atravessar a membrana.

1.2 - SINAPSE

Sinapse é o elemento de ligação entre neurónios1 permitindo a transmissão da informação


(transmissão sináptica). É uma ligação entre as ramificações axonais do neurónio pré-sináptico
(que transmite informação) e as dendrites do neurónio pós-sináptico (que recebe a informação).
A maioria das sinapses é de natureza química: um neurotransmissor é libertado pelas ramificações
axonais na fenda sináptica e captado pelos receptores, também químicos, das dendrites da célula
receptora.

Os neurotransmissores2 são moléculas químicas que permitem ao influxo nervoso passar de


um neurónio para outro. Existem cerca de 70 neurotransmissores conhecidos: a acetilcolina, a
serotonina, a histamina, a adenosina trifosfato (ATF), as catecolaminas (dopamina, adrenalina,
noradrenalina), os ácidos aminados (glutamato e ácido gama-aminobutírico conhecido como

1 Sinapse também pode significar a junção entre o nervo e o músculo (junção neuromuscular); não é este o
conceito que nos interessa aqui.
2 Vejamos alguns exemplos: Endorfinas e encefalinas: bloqueiam a dor, agindo naturalmente no corpo
como analgésicos. Dopamina: neurotransmissor inibitório derivado da tirosina. Produz sensações de
satisfação e prazer. Os neurónios dopaminérgicos podem ser divididos em três subgrupos com diferentes
funções. O primeiro grupo regula os movimentos: uma deficiência de dopamina neste sistema provoca a
doença de Parkinson, caracterizada por tremuras, inflexibilidade, e outras desordens motoras, e em fases
avançadas pode verificar-se demência. O segundo grupo, o mesolímbico, funciona na regulação do
comportamento emocional. O terceiro grupo, o mesocortical, projecta-se apenas para o córtex pré-frontal.
Esta área do córtex está envolvida em várias funções cognitivas, memória, planeamento de
comportamento e pensamento abstracto, assim como em aspectos emocionais, especialmente relacionados
com o stress. Distúrbios nos dois últimos sistemas estão associados com a esquizofrenia. Serotonina:
neurotransmissor, derivado do triptofano, regula o humor, o sono, a actividade sexual, o apetite, o ritmo
circadiano, as funções neuroendócrinas, temperatura corporal, sensibilidade à dor, actividade motora e
funções cognitivas. Actualmente vem sendo intimamente relacionada com os transtornos do humor, ou
perturbações emocionais e a maioria dos medicamentos chamados antidepressivos agem produzindo um
aumento da disponibilidade dessa substância no espaço entre um neurónio e outro. Tem efeito inibidor da
conduta e modulador geral da actividade psíquica. Influi sobre quase todas as funções cerebrais, inibindo-a
de forma directa ou estimulando o sistema GABA. Gaba (ácido gama-aminobutirico): principal
neurotransmissor inibitório do SNC. Está presente em quase todas as regiões do cérebro, embora a sua
concentração varie conforme a região. Está envolvido nos processos de ansiedade. O seu efeito ansiolítico
seria fruto de alterações provocadas em diversas estruturas do sistema límbico, incluindo a amígdala e o
hipocampo. A inibição da síntese do GABA, ou o bloqueio dos seus neurotransmissores no SNC, resultam
em estimulação intensa, que se manifesta através de convulsões generalizadas. Ácido glutâmico ou
glutamato: principal neurotransmissor estimulador do SNC. A sua activação aumenta a sensibilidade aos
estímulos dos outros neurotransmissores.
Gaba), os peptídeos, os gases solúveis na água como o monóxido de azoto… Alguns
neurotransmissores são estimulantes (glutamato, por exemplo) favorecendo a transmissão do
influxo nervoso, outros são inibitórios (dopamina, por exemplo) travando essa transmissão.

1.3 – CÉLULAS GLIAIS

As células gliais (glia) são responsáveis pelo suporte e nutrição das células nervosas. Ao
contrário das células nervosas, as células gliais reproduzem-se ao longo da vida. Há quatro tipos
de células gliais:

 Astrócitos – em forma de estrela, estas células contactam com os neurónios, os


capilares sanguíneos do cérebro e a células enpendimárias. Esta variedade de
contactos proporciona o transporte dos elementos nutritivos do sangue para os
neurónios. Desempenham também um papel importante na comunicação entre
neurónios, intervindo no metabolismo dos neurotransmissores e na regulação do
equilíbrio iónico. Durante o desenvolvimento do sistema nervoso no embrião, os
astrócitos orientam as migrações celulares e colaboram na formação da barreira
hematoencefálica.

 Micróglia – conjunto de células gliais muito pequenas que desempenham um papel


fundamental na defesa contra os vírus e bactérias que podem atacar os neurónios.

 Oligodendrócitos – revestem os axónios dos neurónios do sistema nervoso central3.


Fabricam a mielina que, juntamente com os nós de Ranvier4, desempenha um papel
importante na velocidade de condução do influxo nervoso através dos axónios5. A
mielinização (isto é o revestimento dos axónios) inicia-se após o nascimento e
precisa de 14 a 15 anos para ficar concluída. Constituída por uma dupla camada
lipídica, a bainha de mielina é responsável pela cor branca dos axónios que ela
envolve (daí o nome “substância branca”.

3 Os Oligodendócritos desempenham um papel idêntico ao das células de Schwann que revestem as fibras
nervosas do sistema nervoso periférico.
4 A bainha de mielina formada à volta dos neurónios não é contínua: apresenta estrangulamentos, onde o

axónio fica “nu”; a estes estrangulamentos, chama-se nós de Ranvier.


5 Quando a bainha (revestimento dos axónios) de mielina é danificada, a velocidade da condução nervosa

reduz-se, ou a condução nervosa pode ser mesmo interrompida, como acontece na esclerose em placas.

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