BRASIL-A RG EN TIN A
REG IM ES A LTERN ATIVO S E
FRAG ILID AD E E XTERN A
M IN ISTÉRIO D AS R ELAÇÕ ES E X TERIO RES
FU N D AÇÃO A LEX AN D RE D E G U SM ÃO
M inistério dasRelaçõesExteriores
Esplanada dos M inistérios,Bloco H
Anexo II,Térreo,Sala 1
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O Instituto Rio Branco (IRBr),criado em abrilde 1945,é o órgão do M inistério das Relações Exteriores
(M RE)e tem com o finalidadeo recrutam ento,aform ação eo aperfeiçoam ento dosdiplom atasbrasileiros.
O IRBrorganiza,regularm ente,o Concurso de Adm issão à Carreira de D iplom ata,e m antém o Curso de
Form ação,o Curso de Aperfeiçoam ento de D iplom atas (CAD )e o Curso de Altos Estudos (CAE).
BRASÍLIA 2004
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Prê m io M iguelO sório de Alm eida – Instituto Rio Branco -M estrado 2002-
2004
Im presso no Brasil2005
Introdução .....................................................................................................15
I. O Im pulso G lobalizante....................................................................21
1.1. Introdução............................................................................................23
1.2. Conceito de globalização ...................................................................23
1.3. G lobalização com o produto de decisão voluntária
de potê ncia hegem ônica.....................................................................25
1.4. Ideologia liberalizante com o
reação adaptativa.................................................................................29
1.5. Resum o .................................................................................................38
Conclusão ....................................................................................................133
Bibliografia ..................................................................................................139
IN TRO D UÇÃO
IN TRO D U ÇÃO
17
tom a com o tendê ncias que,se não inevitáveis,geram custos políticos e
econôm icos por dem ais elevados para os países que a elas não se
incorporam .O trabalho,portanto,é um a discussão acerca de alternativas
m acroeconôm icas no contexto da globalização econôm ica,pois pressupõe
que a escolha de um a ou outra com binação de políticas pode tornarum
paísm aisou m enosvulnerávelaosriscosa ela associados.
1
Cf.RITTN ER (2003)e O TTA (2003),bem com o osdiscursosdo senhorPresidente da República,
do senhor M inistro de Estado das Relações Exteriores e do senhor Secretário G eraldas Relações
Exterioresdisponíveisna página eletrônica do M inistério dasRelaçõesExteriores,www.m re.gov.br.
18
de convergê ncia m acroeconôm ica entre os países com ponentes de um
m esm o bloco.2 D essa form a,nada im pede que se realize no M ercosulo
cham ado two-speedapproach,com doispaísesavançando naconvergê nciade
m odo m ais rápido que seus parceiros.O s raciocínios que aplicarem os ao
Brasile a Argentina poderão,na grande m aioria doscasos,serestendidos
ao restantedo bloco sem perderdeform aalgum aavalidade.Estetrabalho,
em sum a,não éum adiscussão sobreintegração doM ercosul-poistraz um a
análise focada apenasem seuscom ponentesde m aiorpeso relativo -m as
sobre integração noM ercosul.
2
Cf.G IAM BIAG I(1997).N otarque a referê ncia é a ritmosde convergê ncia,e não ao seu sentido.
3
Estesinstrum entoscorrespondem ,de fato, à spolíticasadotadaspelo Brasilapartirdefevereiro de
1999.
19
m aiorpartedospaísesdo m undo à ssuasprem issasoperacionais.O segundo
capítulo contém o m arco teórico do trabalho,tratando da questão das
lim itações im postas pela globalização financeira à execução de políticas
m acroeconôm icaspelosgovernos.O terceiro capítulo traz um a avaliação
dos percursos recentes do Brasile da Argentina no tocante à escolha,à
condução e aos efeitos de suas políticas econôm icas.Aquicabe um a
observação:este é um trabalho teórico,que se apóia fortem ente em dados
históricosparapontuareilustrarsuasconclusõesesugestões.D essaform a,
não deve sertratado com o um trabalho histórico,dado que não procura e
nem tem com o objetivo descrever detalhada e ordenadam ente as crises
externas brasileira e argentina.N o quarto capítulo,de cunho norm ativo,
procura-se avaliar,à luz do que foidiscutido no restante do trabalho,a
adequação do atualprocesso deconvergê nciam acroeconôm icaentreBrasil
e Argentina,corroborando ou refutando a hipótese centrale sugerindo
eventuaisalteraçõesque tragam m aioreficiê ncia ao processo.
20
I-O IM PULSO G LO BALIZAN TE
I.O IM PU LSO G LO BALIZAN TE
1.1.IN TROD U ÇÃ O
23
im prensa ou o em presariado.Isso é justificável,dado que a enorm e gam a
de significados a ele atribuídos tem o potencial de gerar diferentes
interpretações e conclusões díspares a respeito de um m esm o assunto,o
que,aliás,ocorre com freqüê ncia.
24
adm itim os ser liberalizante e fruto de um processo histórico e político
dinâ m ico,envolvendo tanto governosquanto atoresprivados,tanto países
desenvolvidosquanto aquelesem viasde desenvolvim ento.
1.3.G LOBA LIZA ÇÃ O COM O PROD U TO D E D ECISÃ O V OLU N TÁ RIA D E POTÊN CIA
H EG EM ÔN ICA
9
Cf.W ALTER (2002)e G ILPIN (1987).
10
M U N H O Z (2003),p.7
11
A pud W ALTER,op.cit.
25
crescenteinfluê nciapolíticaeeconôm ico-financeiraparapôrem curso um
processo estranho enocivo à seconom iasdospaísesem desenvolvim ento.
Segundo esse autor,
12
BERN AL-M EZA (2002),pp.7-8.Tradução nossa.
26
sustentado estaparticularconcepção deEstado nacional.Assim ,aprim eira
questão foi desacreditar o princípio organizador das políticas de
desenvolvim ento autocentrado,ou seja,a “industrialização substitutiva
de im portações” , apresentando-a com o um a concepção errada e
responsável pela crise de inserção internacional dos países latino-
am ericanos” .13
13
Loc.Cit.
14
Op.cit.,p.105.
15
Cf.STIG LITZ (2002).
16
Para m aiores inform ações a respeito do significado e da história da expressão “Consenso de
W ashington” ,verW ILLIAM SO N (2004).
27
jáquenão trariarecom pensaalgum a,ao passo queaagendadeliberalização
com ercialseriainútilparaospaísesem desenvolvim ento,dado quem arcada
pela assim etria.Segundo José Antonio O cam po,a “prom essa” de geração
de crescim ento através do descarte de “estratégias ineficientes associadas
com o protecionism o ecom altosníveisdeintervenção estatal” 17,m ovendo
trabalhadores dos em pregos de baixa para os de alta produtividade,
sim plesm ente não foicum prida.Ao contrário,a liberalização teria gerado
desem prego, e a privatização, m al conduzida, levado a ineficiê ncia,
corrupção,perda de com petitividade e alta nospreços.A crítica aquitem
com o alvo,portanto,m uito m aisa im posição injusta de um a liberalização
assim étrica do que propriam ente a globalização.
17
O CAM PO (2002),p.1.Tradução nossa.
18
Para um a descrição detalhada destas interpretações,verW ALTER,op.cit.,p.8.
28
A sem elhança das correntes interpretativas aquiapresentadas se
encontra no fato de que elas reconhecem o form ato liberalizante da
globalização contem porâ nea com o um a escolha feita nos países
desenvolvidose impostaaospaísesem desenvolvim ento (ou feitanosEUA
e im posta ao resto do m undo).Q uerem os crer,entretanto,que a esta
interpretação caibam algum asqualificações:em prim eiro lugar,ainda que
ospaísesdesenvolvidos(osEUA prim ordialm ente)tenham sido,em grande
m edida,osplanejadoreseexecutoresdaglobalização contem porâ nea,eles
não o fizeram sem pre em condições de absoluta liberdade de escolha.Em
segundo lugar,ainda que a liberalização tenha sido na m aior parte das
vezes im posta aos dem ais países (especialm ente no m undo em
desenvolvim ento),em m uitoscasoselafoium adecisãovoluntáriadestespaíses.
19
A título de exem plo,cf.H ELD etalii(1999),pp.201-209,ARRIG H I(1999),pp.227-242 e LERD A
(1996),p.250.
29
efetuarem préstim os.Segundo H eld etalii,“estesfundosem ‘Eurodólares’
cresceram rapidam enteese expandiram incluindo outrasm oedas,criando
um im enso m ercado de Eurom oedas” .20
20
Op.Cit.,p.201.Tradução nossa.
21
Processo que Arrighicham a de “crise de lucratividade” das organizações capitalistas.
22
ARRIG H Iop.cit.,p.237.Tradução nossa.
30
offshore.Isto era possibilitado pela recente ,porsua vez,deu novo ím peto
ao processo de globalização financeira,dado que as referidas m udanças
nas taxas de câ m bio e de juros nas principais econom ias abriam aos
detentores de capitais em m ercados offshore a atraente oportunidade da
especulação cam bial.Segundo H eld etalii,
23
H eld etal.,op.cit.,p.426.
24
Op.Cit.,p.245.Lem bram os,entretanto,que a liberalização dosfluxosfinanceirosé o foco principal
de nossa análise.
31
plano dosgovernosdospaísescapitalistasdesenvolvidose/ou de agentes
privadosdentro dessespaísesvisando especificam enteao desencadeam ento
do processo deaum ento dosvolum esedavelocidadedosfluxosfinanceiros
que caracteriza a globalização financeira contem porâ nea.Ainda assim ,o
governo soviético tevepapelrelevanteno início desseprocesso.O m esm o
ceticism o pode,evidentem ente,ser aplicado à hipótese de que houvesse
algum tipo de planejam ento pordetrásda extinção do sistem a de Bretton
W oods, que foi, afinal, um dos pilares da ordem econôm ica global
arquitetada (m ajoritariam ente) pelos EUA ao finalda Segunda G uerra
M undialcom o form a de assegurare perpetuara sua hegem onia.Tam bém
parecepouco provávelquealgum governo ou indivíduo pudesseantecipar
osefeitosdo choquedo petróleo sobreaexpansão dosm ercadosfinanceiros
globais.
32
taisprogram asé bem conhecido e responde pelo nom e de “Consenso de
W ashington” ” .25
25
Op.Cit.,p.246.
26
Loc.Cit.O autorbatiza de “nova sabedoria convencional” precisam ente à spolíticas que identifica
com o “Consenso de W ashington” .
27
LERD A,O p.Cit,p.247,grifos nossos.
33
A tendê ncia de liberalização dos fluxos de capitalque se tornou
dom inanteno m undo contem porâ neo constitui,talvez,am elhorilustração
de m udança não prevista à qualospaísestiveram que se adaptar.Segundo
H eld etalii,ospaísesdesenvolvidosforam m uitasvezeslevadosaabandonar
oscontrolesde capitalque praticavam :
28
Op.Cit.,p.215-216,grifos nossos.
34
D ecorredo raciocínio exposto acim aqueapercepção dainocuidade
dos controles sobre capitais por parte dos governos nacionais funciona
com o um incentivopara a sua rem oção,dado que ospaísesque prom ovem
a liberalização unilateralda conta de capitalsão beneficiados pela atração
dos negócios financeiros internacionais.Isto explicaria o processo de
desregulam entação financeira com petitiva que teve lugara partirdo início
da década de 1970,sinalizando tam bém a pouca probabilidade de um
retorno à regulam entação em nívelglobal:sem pre haveria um ou m ais
países desejando oferecer um porto seguro para os capitais offshore,
configurando assim um a situação clássica de free-riding.
29
A abordagem “racionalista” ,que enfoca o papeldos grupos de interesse,foidesenvolvida nos
anos 1990,inicialm ente por Jerry Frieden e Ronald Rogowski.Ver,por exem plo,FRIED EN e
RO G O W SK I(1996)e BRU N E etal.(2001).
30
Op.cit.
35
A s instituições tam bém parecem ter, m uitas vezes, um papel
fundam entalparaaliberalização:aexistê nciadedem ocracia,porexem plo,
levaria os governos a analisara oportunidade da abertura em term os de
ganhos eleitorais:se os custos da abertura recaírem sobre grupos sociais
com fraca influê ncia política ou pouco peso eleitoral,os governos tê m
incentivo para em preender a liberalização.Caso isto não corresponda à
realidade,os governos podem escolheraceitaros custos do fecham ento
ao m ercado globalem troca dos ganhos eleitorais que disto adviriam .
D essa form a,o fecham ento continuaria se apresentando,ao m enos no
curto prazo, com o um a opção viável em alguns casos. Raciocínios
análogos tam bém podem ser desenvolvidos com relação à im portâ ncia
de BancosCentrais,M inistériosdasFinançase outrasinstituiçõespara a
definição da abertura ou não aos m ercados globais.31
31
Para m aiores detalhes cf.W ALTER,op.cit.
32
Loc.cit.,grifos nossos.
36
à justificação ideológica ex-postpara a abertura seria o reconhecim ento
de sua fragilidade ou incapacidade;aos segundos,a justificativa ex-ante
perm itia o acesso à sim aginadasbenessesdo m ercado globalde capitais.
Seem m uitoscasosaspolíticasdaglobalização foram im postasaospaíses
em desenvolvim ento pelos detentores do poder,em outros tantos fica
claro que aadesão a essaspolíticasfoivoluntária,resultado do que Stiglitz
qualificacom o apelo “irresistível” do acesso facilitado aosfluxosdecapital
externo.33
Resulta disso que atualm ente,m esm o por parte de seus críticos,
háum quaseconsenso no sentido dequeaglobalização econôm ica,ainda
que injusta,“é um jogo que precisa serjogado” .Com o afirm a O cam po,
“de vários m odos, a ordem globalizada neoliberal continua a se
aprofundar,enquanto osprocessoscontráriosavançam em passo lento” .36
Se o jogo da globalização é -com o parece -inevitável,cabe estudarsuas
33
Op.cit.Cabeadiantarque o autorlem braqueosganhosim ediatosobtidosnostem posdeexpansão
daliquidezinternacionalgeram pesadoscustosnosm om entosdecontração,em queosem prestadores
internacionais exigem taxas de juros m aiores para darcontinuidade aos fluxos de em préstim os.
34
Para dados detalhados sobre a evolução da abertura globalà m obilidade de fluxos de capital,ver
BRU N E etal.(2001)e ED ISO N etal.(2002).
35
Loc.cit.
36
O CAM PO (2002),p.1.
37
regras, especialm ente porque a países com o o Brasil caberia, neste
contexto, o papel de “ajudar a dar form ato à globalização, a fazê -la
funcionar,não apenas para os ricos do país,m as para todos” .37
1.5.RESU M O
37
STIG LITZ,Op.cit.,p.23.,tradução nossa.Consideram os,com o será discutido m ais adiante,que
um adasm aneiraspelasquaiso Brasilpoderiadesem penharessepapelseriatom ando m edidasvisando
ao fortalecim ento do M ercosul,num processo decrescenteinserção com petitivanaeconom iam undial.
38
II-G LO BALIZAÇÃO E PO LÍTICA
M ACRO ECO N Ô M ICA
II.G LO BALIZAÇÃO E PO LÍTICA
M ACRO ECO N Ô M ICA
2.1.IN TROD U ÇÃ O
41
com o resultado de fatores exógenos a estes países,com o a evolução
tecnológicaou aspressõesdapotê nciahegem ônica.M uitasvezes,adecisão
finalpela liberalização se afigura com o endógena,resultando da interação
entre o am biente institucionale os interesses e avaliações políticas de
governos e grupos de interesse constituídos.O ra,se isto é verdade e os
paísesm uitasvezestê m um papelativonaprom oção daaberturaeconôm ica,
éevidentequeaglobalização podeapresentarvantagensparaestespaísesou
para grupos dentro deles. A observação sugere,inclusive,que estas
vantagenspodem serrelevantesa ponto de se prosseguircom o processo
de abertura m esm o em face de pesados custos.W alter,por exem plo,ao
tratardospaísesem desenvolvim ento que enfrentaram crisesfinanceirase
cam biaisnosúltim osanos,observa que
38
O p.cit.,p.5
39
Estes são os dois efeitos que consideram os m ais im portantes para nossa análise,não sendo de
m aneira algum a, porém , os únicos apontados pela literatura. U m a lista com pleta incluiria o
fortalecim ento do sistem a financeiro,a dim inuição das assim etrias de inform ação,a redução no
risco proporcionadapornovasoportunidadesde diversificação,o aum ento da eficiê ncia na alocação
do capital,ganhos de especialização e outros.Para inform ações detalhadas,ver APO TEK ER e
CRO ZET (2003),p.7,e IFS (2003).
42
Isso querdizerqueelaspodem teracesso am aisfluxosdecapital,tecnologia,
im portaçõesm aisbaratas,e m aioresm ercadospara exportação” .40
40
FM I(2000)
41
Cf.porexem plo IFS (2003),FM I,op.cit,e G U N D LACH e N U N N EN K AM P (1996),pp.180-185.
O apê ndice 1 do presente capítulo trata da relação entre as contas corrente e de capital,m ostrando
com o superávitsnacontadecapitalfinanciam déficitsem contacorrente,perm itindo aum aeconom ia
crescerlançando m ão de recursos externos.
42
Cf.W O RLD BAN K (2002),IFS (2003)e SCH M ID T-H EBBEL (2003).
43
Cf.IFS (2003).O estudo que tratou da volatilidade das taxas de crescim ento dem onstrou um
período deaum ento davolatilidade im ediatam enteapósaliberalização,seguido deum aquedaabaixo
dos níveis originais.
44
O s m otivos da queda nos fluxos de capitalverificada após 1998 serão tratados m ais adiante.
43
G ráfico 2.1 – Países em D esenvolvim ento:Fluxo de Recursos
Líquidos(U S$ bilhões/ano)
45
Aqui,portanto,o estím ulo se iniciano sentido inverso,com osfluxosfinanceiros(IED )induzindo
os com erciais,que porsua vez estim ulam fluxos financeiros de outras categorias além do IED.
46
Ainda que alógica deste últim o item sejairreparável,sua “dem onstração” carece de validade,dado
quea integração financeirana Europaatendeaosrequerim entosdo Ato Ú nico Europeu,que precedeu
M aastricht.
m elhoria do padrão de vida no país em que ocorrem .47 As vantagens da
abertura com ercialprovê m principalm ente dos ganhos de especialização
no bem ou bens em que o país possuivantagem com parativa (através de
ganhos de produtividade,de m enores custos de produção,etc.) e do
conseqüente aum ento da com petitividade internacional derivado da
concentração dos esforços de inovação e de eficiê ncia produtiva nesse
m enornúm ero de bens.48
Segundo o FM I,
47
Cf.FM I (1997)e FRAN K EL e RO M ER (1999).
48
Cabe apontar,entretanto,que estasvantagenssão as principais,m asnão asúnicas.O utrosfatores
tam bém são bastante relevantes,com o a m aior variedade na oferta de bens aos consum idores
(aum entando o excedentedo consum idoresatisfazendo asua“dem andapordiferença” ),o incentivo
à prática de políticas econôm icas consistentes (do qual tratarem os m ais adiante),etc.Para um
tratam ento com pleto do tem a,verW ILLIAM SO N (1996).
49
FM I (2001),p.1.
50
Loc.cit.
46
“cercadedoisterçosdestesganhoscaberiam aospaísesindustriais.M aso
valorque caberia aospaísesem desenvolvim ento ainda seria m aisdo que
o dobro do nívelde auxílio que eles recebem atualm ente.Além disso,os
países em desenvolvim ento ganhariam m ais com a liberalização do
com ércio global do que os países desenvolvidos, em term os de
percentagem do seu PIB,porque assuaseconom iassão m aisprotegidase
porque elesenfrentam barreirasm aiores” .51
51
Loc.cit.Além disso,osrecursosdestinadosasubsidiaraprodução internapodem serredirecionados
para outros fins.
47
perm aneceriam m esm o no caso de um a liberalização absolutam ente
sim étrica.Acreditam os que a elim inação dos controles sobre capitais
representa um desafio perm anente para asautoridadesdospaísesem que
seja im plantada, especialm ente quando se trata de países em
desenvolvim ento,que tendem a necessitarde financiam ento externo com
m ais intensidade e urgê ncia do que os países desenvolvidos. É na
necessidadedecapitaisexternos,portanto,queaglobalização sem anifesta
m ais claram ente com o um fator de restrição à liberdade de escolha dos
gestoresem relação à execução da política m acroeconôm ica.
52
G U N D LACH e N U N N EN K AM P (1996),p.180.
48
2.3.O PÇÕES D E POLÍTICA M A CROECON ÔM ICA
53
Paraum aabordagem introdutóriado tem adosinstrum entosdepolíticam acroeconôm ica,conferir
M AN K IW (1995)e H ALL e TAYLO R (1989).
54
Cf.TIN BERG EN (1960)
55
D efinido por W ILLIAM SO N (1995)com o “o nívelm ais alto de dem anda com patívelcom um
controle prudente da inflação” (p.151).
56
D efinido em suaform am aisgenéricacom o equilíbrio no balanço depagam entos(W ILLIAM SO N ,
op.cit,p.151).O apê ndice 2 do presente trabalho apresenta os conceitos de equilíbrio interno e
externo em versão algébrica.
57
Q ue é o m odelo keynesiano tradicionalde equilíbrio m acroeconôm ico de curto prazo.A derivação
deste m odelo pode ser encontrada em qualquer livro-texto de econom ia,com o por exem plo em
M AN K IW ,op.cit.
58
Cf.M U N D ELL (1962)e FLEM IN G (1962),assim com o asapresentaçõesconcisasde M AN K IW
49
U m a decorrê ncia lógica do m odelo M undell-Flem ing59 reside na
im possibilidadedeseadotarsim ultaneam ente,num aeconom iaaberta,um a
política m onetária independente,um regim e de câ m bio fixo e m obilidade
de capitalde curto prazo.Argum enta-se que seja possívelescolher,no
m áxim o,duasdessasalternativassim ultaneam ente,o que perm itiria a um
paísescolherentretrê sopçõesbásicasde políticaeconôm ica.Este“trilem a”
pode serrepresentado,de m odo esquem ático,atravésdafigura2.1 abaixo,
apelidada porK rugm an de “o eterno triâ ngulo” 60:
59
Veros trabalhos do G rupo de Estudos Bellagio-Princeton sobre Reform a do Sistem a M onetário
Internacional,especialm ente de RobertM undell,além de K RU G M AN (1998).
60
Cf.K RU G M AN ,op.cit.O utrosnom escorrentesnaliteraturasão “trindadeim possível” e“trindade
incom patível” e “unholytrinity” .
50
autonom ianacondução dapolíticam onetária,típicado sistem adeBretton
W oods,não possuaseusdefensores.BarryEichengreen afirm aque“durante
décadasapósa2ªG uerraM undial,oslim itesà dem ocraciasubstituíram os
lim ites à m obilidade de capitalcom o m eio de isolam ento à s pressões do
m ercado” .61 Em 1998,PaulK rugm an afirm ava que
61
EICH EN G REEN apud K RU G M AN ,loc.cit.
62
Cf.K RU G M AN ,op.cit.,p.1. O s “esforços do Brasil para m anter a liquidez e a confiança”
perdurariam porm enosdetrê sm esesapósapublicação do artigo,term inando com a desvalorização
de janeiro de 1999.Segundo a CEPAL (2002b:122),o PIB brasileiro cresceu 0,1% em 1998 e 0,8%
em 1999.
63
FRIED M AN (1998).
51
Em consonâ ncia com aopinião de Friedm an,o que se verificahoje
é,com o vim os,um atendê ncia“definitivam enteem direção à liberalização
dos controles dom ésticos de capital” .64 Entendem os que a um país que
tenha optado pela integração aos m ercados financeiros globais,
caracterizados pela alta m obilidade de capitais especulativos,as opções
realistasde política que se apresentam estão representadas nosladosb e c
do triângulo,ou seja,aescolharelevantepassaaserentreestabilidadecam bial
e autonom ia da política m onetária.Se o governo opta,porexem plo,por
controlar o nívelde preços lançando m ão de um a â ncora cam bial(um
currencyboard,por exem plo),ele autom aticam ente abre m ão da liberdade
de condução da política m onetária,poisdeverá ajustara oferta m onetária
ao nível adequado para a m anutenção da paridade cam bial.Se,poroutro
lado,ele pretende se utilizarda política m onetária para controlara oferta
de m oeda e portanto a inflação,deverá perm itira flutuação cam bial.
64
H ELD ET AL.,op.cit.,p.216
65
Loc.cit.G rifos nossos.
66
Cf.LERD A,op.cit.,p.253
desvalorização” .67 Em outras palavras, toda vez que se receasse um
afrouxam ento na política m onetária, gerando inflação e portanto
desvalorização da m oeda nacionalfrente ao dólar,haveria fuga m aciça de
capitais.
71
Cf.LERD A,loc.cit.
72
K RU G M AN ,loc.cit.
73
Loc.cit.
54
percepção dos investidores estrangeiros a respeito do risco apresentado
pelo país,o quenoslevaà questão da“disciplina” im postapelaglobalização.
74
Op.cit.,p.6.Tradução nossa.
75
Cf.W AG N ER,loc.cit.Exem plos de outros fatores de com petitividade relevantes são a segurança
legal(direitos de propriedade,garantias de cum prim ento de contratos,etc.),a segurança social,a
estabilidade política e a infra-estrutura física (estradas,energia,etc.).
55
“a estabilidade m acroeconôm ica parece ser um a precondição necessária
paraseparticipardaglobalização.N um am bientem acroeconôm ico estável,
pode-se esperar que o investim ento seja m aior porque os riscos são
reduzidos.M aisinvestim ento aum entao estoquedecapitalportrabalhador,
aum enta a produtividade do trabalho,e produz m aioresrendasno longo
prazo” .76
76
Op.cit.,p.181.
77
W AG N ER,op.cit.,p.7.G rifos no original.
78
Loc.cit.G rifos nossos.
79
W AG N ER,op.cit.,p.10.
56
A cargatributáriaeadívidapúblicaelevadastam bém são im portantes
indicadoresdeinstabilidade,sugerindo,assim com o ainflação,um asituação
dedescontroledasfinançaspúblicas,caracterizadapordéficitsrecorrentes:
80
G U N D LACH e N U N N EN K AM P,p.180-181.
57
econôm icasdospaíses,ela induz à obtenção de resultadosm aissaudáveis
no que diz respeito aos agregados m acroeconôm icos.Algum as críticas,
entretanto,apontam paraosdanospotenciaisdessa“disciplina” ,quetraria
im plícita um a série de relações entre instrum entos e objetivos de política
econôm ica que tenderia a fazer com que os países adotassem políticas
voltadastão som enteparaaobtenção do equilíbrio financeiro,não deixando
espaço parao incentivo ao crescim ento econôm ico.O squedefendem este
tipo de posição em geralacreditam que é possível,sim -ao contrário do
que dissem os até agora – exercercontroles (ainda que parciais)sobre os
fluxosde capital,o que atenuariaasrestriçõessobreaexecução dapolítica
m acroeconôm ica que apontam osanteriorm ente.Esta crença se baseia na
idéia de que o controle sobre os fluxos de capitalde curto e curtíssim o
prazos não inibe o financiam ento externo de um país,dado que não se
im põe sobre as categorias de investim entos estrangeiros voltados à
econom ia reale não à financeira.Citando váriosestudossobre o assunto,
John W illiam son afirm a que
81
W ILLIAM SO N (2000),p.39.Tradução nossa.
82
Cf.BRAN SO N (1995)
83
Cf.BRAD FO RD (2003),p.3
problem a de trazer consigo um viés deflacionário im plícito.Afinal,para
controlara inflação de dem anda,torna-se necessário lançarm ão de um a
política fiscal contracionista. Analogam ente, um a política m onetária
contracionista é necessária para m anter a taxa de juros dom éstica m ais
elevada do que a taxa de juros internacional,e portanto atrair capitais
externos.Finalm ente,para controlar o déficit com ercialsão necessárias
desvalorizações cam biais que restringem im portações m esm o quando as
exportaçõesseexpandem .A isso sesom ao fato dequeaassociação acim a
esgotaosinstrum entosdepolíticam acroeconôm icasem quesepossatratar
do problem a da indução do crescim ento econôm ico (via expansão
m onetária ou fiscal).A sugestão do autoré que se abandone asopçõesde
política representadas pelos vértices do “triâ ngulo eterno” 84 em favorde
combinações intermediárias de políticas,possíveis m esm o sob as restrições
im postaspela globalização:
84
Cham adas porW illiam son (2000)de “cornersolutions” .
85
BRAD FO RD,op.cit.,p.13.G rifos no original.
86
Para W illiam son,na m aiorparte dospaíses os regim escam biais interm ediários seriam preferíveis
aoscornersolutionsdo câ m bio totalm entefixo ou totalm enteflutuante.Ele tendeafavorecero sistem a
de “bandas m onitoradas” ,que discutirem os m ais adiante.Cf.W ILLIAM SO N (2000),pp.47-51.
59
dicotom ia de contas de capitalinteiram ente abertas versus inteiram ente
controladas” .87 A política fiscalgarantiria não som ente a estabilidade de
preçoscomotambém aestabilidadecambial,tanto atravésdo controledireto do
nívelde preços com o do controleda taxa decâ mbio esperada.O instrum ento
adicionaldo controle decapitaisgarantiriao equilíbrio dacontadecapital,
e a política m onetária estaria livre para a prom oção do crescim ento
econôm ico e da criação de em pregos.
2.6.RESU M O
87
BRAD FO RD,op.cit.,p.14.
88
Verporexem plo W AG N ER,op.cit.,p.11 (crítica ao controle de capitais)e p.20 (crítica aosregim es
cam biais interm ediários),além de W ILLIAM SO N (2000),pp.39-45 e M U SSA etal.(2000)
60
Finalm ente, apresentam os a visão alternativa de que políticas
interm ediárias – abertura financeira parcial,desvalorizações cam biais
gerenciadas e política m onetária sem i-autônom a – podem constituirum a
form a segura de se lidar com os desafios da globalização e alcançar o
equilíbrio econôm ico.
Y = C + I+ G + N X ,
C = C (Y-T),
I= I(r),
89
Cf.M AN K IW (1995),caps.3 e 7.
61
situação de equilíbrio.É claro que,se G >T,o governo estará incorrendo
em déficit,e se G <T,ele será superavitário.
N X = Y-(C+I+G ).
S = Y-C-G ,
S = I+ N X
(I-S)+ N X = 0
62
A PÊN D ICE 2:E QU ILÍBRIO EX TERN O E EQU ILÍBRIO IN TERN O
1)Equilíbrio externo
N X + (I-S)= 0 ,
2)Equilíbrio interno
YP -A -N X = 0 ,
63
III-A S E XPERIÊN CIAS D O
BRASIL E DA A RG EN TIN A
III.A S E XPERIÊN CIAS D O
B RASIL E D A A RG EN TIN A
3.1.IN TROD U ÇÃ O
90
Cf.G REM AU D etal.(1997),CERQ U EIRA (1997)e M O TTA VEIG A (2002).
67
estim ular o crescim ento de suas econom ias com base em financiam ento
externo de baixo custo.Afinal,a liquidez internacionalera m uito grande
na época,em conseqüê ncia da “reciclagem ” dos petrodólares pela banca
internacional,num processo quetransferiaaospaísesem desenvolvim ento
oscustosdo prim eiro choque do petróleo:
91
SEN AD O FED ERAL (1989),p.6.
92
N o caso brasileiro,a estratégia de growth cum debt,que tem origem ainda um pouco antes,nosanos
70,e de fato sustentou o “m ilagre econôm ico” do período 1968-73,acelerou-se e se tornou
crescentem ente voltada ao financiam ento dos seguidos déficits em transações correntes que se
abateram sobre o paísapóso prim eiro choque do petróleo eacuriosaestratégia,adotada no IIPN D,
de am pliara captação externa num m om ento de retração da liquidez internacional(G rem aud etal.,
1997).
93
G REM AU D etal.,op.cit.
dívidasem contrapartidarealdebenseserviços.A partirdesse m om ento,
a dívida externa brasileira assum e um caráterem inentem ente financeiro:
os novos em préstim os,na verdade,são obtidos para rolar em grande
m edida e a nívelagregado osjuros e asam ortizações” .94
94
SEN A D O FED ERAL, op. cit., p.7. Ainda que a análise m ais aprofundada do processo de
endividam ento externo do Brasilnadécadade1970 fujaao escopo destetrabalho,talvezsejailustrativo
m encionarque,segundo G onçalvese Pom ar(2000:10-11),durante o governo m ilitaro crescim ento
da dívida foida ordem de 42 vezes,atingindo U S$ 105 bilhões ao finaldo período.
69
G ráfico 3.3 – Brasil:D ívida Externa e Crescim ento do PIB (1970-
1990)
70
duram ente atingidospelo problem a da deterioração em seusterm osde
troca (gráfico 3.5), o que, por si só, significou um a forte restrição
cam bial.95
95
Segundo M onica Baer,o Brasilteria sido especialm ente atingido poreste problem a,conhecendo
no período 1980-85 um a queda de 27% em seusterm osde troca,com parada a 11% para o conjunto
dos países em desenvolvim ento da Am érica.BAER apud G REM AU D etal.,op.cit.,p.221.
96
BAER apud G REM AU D etal.,op.cit.,p.221.
71
G ráfico 3.5 – Brasile Argentina:Term osde troca (1980-85)
97
SIN G ER (1997).
72
linhas gerais,os países se viram obrigados a se conform ar à s seguintes
condicionalidades:
73
Já na m etade da década a crise evoluíra de talform a a configurar
um asituação derenovado risco deinsolvê ncia,dem odo queem 1989 tê m
início,com o M éxico,a reestruturação dasdívidasexternasdospaísesem
desenvolvim ento, o que ocorre sob os auspícios do governo norte-
am ericano com o plano Brady.98
98
Para um a descrição e balanço detalhado do Plano Brady,Cf.VÁSQ U EZ (1996).
99
A posse antecipada de M enem se deveu em grande parte à desordem socialque assolava o país,
cuja m ostra m ais contundente era um a onda generalizada de saques.
100
Cf.M ACH IN EA (1996),CARCAN H O LO (2002)e H ERM AN N (2000).
74
Para enfrentar esses problem as,o recém em possado M inistério
da Econom ia101 im plem enta o “Plano BB” , baseado nos seguintes
pontos102:
101
O cupado inicialm entepelo em presário M iguelRoig,do grupo BungeyBorn,quelogo em seguida
falece,sendo substituído por N estor Rapanelli,do m esm o grupo.Em dezem bro de 1989 assum e
Antonio Erm án G onzález,que perm anece até fevereiro de 1991.
102
Cf.CARCAN H O LO (2002).
103
Em 1989 o PIB argentino encolheu 7,5% ,com o se pode verificarno gráfico 3.4.
104
Cf.CARCAN H O LO,op.cit.
75
2. Reestruturação com pulsória da dívida pública, trocando os
depósitos a prazo nos bancos por títulos dolarizados (os Bonex),com
prazo de 10 anos e diferença cam biala favordo governo.
105
Cabe apontar que o plano Bonex,ainda que fracassando em garantir a estabilidade,criou um a
série de condições que auxiliariam a posterior im plem entação do Plano de Conversibilidade:a
reestruturação dadívidam elhorou o quadro fiscaldecurto em édio prazos,asprivatizaçõesavançaram ,
e -o m ais im portante -o enxugam ento de liquidez levou o Banco Centrala intervirno m ercado de
câ m bio,visando a evitara apreciação excessiva do Austral,o que increm entou o níveldas reservas
internacionais da Argentina.
76
3.Proibição de em issão de m oeda sem o respaldo de 100 % em
reservas de livre disponibilidade em divisas estrangeiras ou ouro.Títulos
públicos denom inados em divisas estrangeiras ou ouro tam bém seriam
aceitos,desde que com putadosa valoresde m ercado (artigo 4º).106
106
A possibilidade do uso de títulos públicos,aliás,diferencia o regim e de conversibilidade de um a
caixa de conversão clássica,onde só entram ouro ou divisas em m oeda forte.
107
Cf.FREITAS e PRATES (1998).
77
aarrecadação,quetam bém erareforçadapelasreceitasdeprivatizações.Entre
os anos de 1991 e 1998,a Argentina experim entou invejáveis taxas de
crescim ento e prosperidade generalizada.
108
Através do D ecreto de D esregulam entação do M ercado de Valores,de novem bro de 1991.
109
Cf.CARCAN H O LO,op.cit.Cabe lem brar que a liberalização foilevada a cabo sem prejuízo,
entretanto,de eventuais aum entos tarifários,do uso de salvaguardas e de m edidas antidumping em
casos específicos,especialm ente contra im portações de produtos brasileiros.
110
Entre1991 e1994,essaentradatotalizou U S$44 bilhões,dosquais U S$ 12 bilhõescorrespondiam
a investim ento direto estrangeiro (dos quais U S$ 5,3 bilhões foram destinados à s privatizações).
111
A abertura com ercial,em conjunto com a forte valorização do câ m bio real-conseqüê ncia tanto
do regim e de câ m bio nom inalfixo com o da livre entrada de capitais externos – fizeram com que as
im portações quintuplicassem entre 1990 e 1994.
78
déficitem transações correntes de 2,4% do PIB,em 1992,para 3,6% ,em
1994,e 4,8% ,em 1998.O paísse tornou dependente do afluxo de capitais
externose sujeito a crises cam biais sem pre que este afluxo fosse reduzido.
N um prim eiro m om ento,aArgentinafoim uito favorecidaporum asériede
fatorespositivos:no lado financeiro,apolíticam onetáriaexpansivaadotada
pelo FederalReservegarantiu taxasdejurosedecâ m bio com petitivasparao
peso argentino,atrelado ao dólar.A renegociação da dívida argentina em
1992, no â m bito do plano Brady, som ou-se ao aum ento da liquidez
internacionalresultante da referida baixa nas taxas de juros nos EUA para
tornar a Argentina atraente aos olhos dos investidores internacionais.N o
que tange ao com ércio,a expansão da econom ia m undiale a recuperação
dospreçosdascommoditiesagrícolase do petróleo tiveram im portante papel
no aum ento dasexportaçõesargentinas.Além disso,foiextrem am entepositiva
para a balança com ercialdaquele país a iniciativa do Brasilde,a partir de
1993 e especialm ente após1995,facilitaro acesso dosprodutosargentinos
ao m ercado nacional.112 A valorização cam bialqueseseguiu à im plem entação
do Plano Realdeu aindam aisim pulso aestatendê nciaegarantiu asobrevida
dafixidez do câ m bio argentino m esm o quando ascondiçõesinternacionais
já não eram asideais.
112
O que se explica principalm ente pelo interesse brasileiro no fortalecim ento do M ercosul.
79
juros norte-am ericanas no início de 1998 e pela conseqüente apreciação do
D ólar - e ,portanto,do Peso -em relação à s m oedas européias e ao Euro,
precisam enteno m om ento em queospreçosdascommoditiesagrícolasiniciavam
um atrajetóriadebaixanosm ercadosinternacionais.N o Brasil,atransição do
regim ecam bialparaum sistem adetaxasflutuantesocasionoufortedepreciação
do Reale queda no nívelde atividade,afetando de m aneira profundam ente
negativaabalançacom ercialargentina,cujossaldosatéaquelem om ento eram
em grande partegarantidospelasexportaçõesparao m ercado brasileiro.
80
3.5.COLA PSO D O REG IM E D E CON V ERSIBILIDA D E
113
A recessão era um fenôm eno globalà época:o últim o trim estre de do ano 2000 foim arcado pela
retração globalda atividade econôm ica,processo que se m anteve em 2001 e foisubstancialm ente
reforçado pelos acontecim entos de 11 de setem bro nos EUA.
81
2001,à renúncia de José Luis M achinea e à ascensão de Ricardo López
M urphy,que até então encabeçava a pasta da D efesa,ao posto de M inistro
da Econom ia.
114
Cf.CLARÍN (2001).
115
A níveisabaixo da TEC -Tarifa Externa Com um do M ercosul,contrariando portanto asnorm as
do bloco.
82
4.Conclusão,no finalde m aio de 2001,de vultosa troca da dívida
pública,totalizando U S$ 33,3 bilhões.116
116
N esta oportunidade,quatro novostítulos foram lançados:G lobal2008,denom inado em pesose
em dólares;G lobal2018 e G lobal2031,denom inados em dólares;e BônusPagaré,com m aturidade
em 2006.
83
2.As esperanças de recuperação da econom ia se reduzem ainda
m ais em setem bro,com a perspectiva de retração da econom ia m undial
após os atentados terroristas nos EUA,e em outubro,com a derrota do
governo naseleiçõeslegislativas.
84
8.RodríguezSaáassum eapresidê nciaem 22 dedezem bro edeclara
um am oratóriaunilateraldadívidapúblicaargentina,além dafuturacriação
de um a nova m oeda para injetar liquidez na econom ia e da redução do
gabinete a apenas trê s M inistérios,rebaixando os dem ais ao status de
Secretariasde Estado.
Fonte:adaptado de www.latinfocus.com
85
3.6.A A RG EN TIN A A PÓS O FIM DA CON V ERSIBILIDA D E
86
concessão pelo Banco Centralde em préstim os de grande vulto para os
bancospúblicos.O problem apiorou aindam aisquando,em 01 defevereiro,
a Suprem a Corte derrubou parcialm ente o congelam ento dos depósitos,
obrigando o G overno a com pletara pesificação da econom ia,abolindo o
regim e de câ m bio duplo.A m anutenção do corralito porLenicov era um a
das form as de se evitar os aum entos de preços.O excesso de oferta
m onetária foiabsorvido pela desvalorização do câ m bio,pela elevação nas
taxas de juros e pela alta nos preços. Esta últim a, entretanto, foi
surpreendentem ente m oderada, especialm ente em se considerando a
abrupta queda no valor do Peso (com parar inflação e desvalorização
cam bial).Vários fatores contribuíram para que se im pedisse a volta da
hiperinflação,entreosquaism erecem destaqueadepressão dadem anda,a
pouca liquidez da econom ia e o congelam ento de algum astarifaspúblicas
(além do corralito,enquanto durou).117
117
Cf.CLIN E (2003).
87
de salários do setor público,apesar da alta inflação do período.Com o
resultado disso,a partirde julho de 2002 a situação da Argentina com eça
claram ente a m elhorar.A despesa prim ária com relação ao PIB caiu
substancialm ente, de 18,6% em 2001 para 17,1% em 2002, e o
superávit prim ário subiu de 0,54% para 0,72% do PIB no m esm o
período.A s Províncias lim itaram seus déficits prim ários a 0,5% do
PIB e interrom peram a im pressão de quase-m oeda provincial,em troca
da assunção de suas dívidas pelo governo federal. A pós algum a
expansão m onetária no últim o trim estre de 2002,o ano de 2003 se
iniciou com renovada restrição de liquidez e o fecham ento de um
acordo de transição com FM I.O BC passou a se guiarporum a m eta
m onetária e liberalizou gradualm ente oscontrolescam biais,de m odo
a garantir um a taxa de câ m bio com petitiva para o peso,garantindo
saldos positivos na balança com erciale o aum ento das receitas com
im postos sobre exportações.
118
O PIB argentino fechou o ano de 2003 com um a expansão de 8,4% .
88
3.7.A BERTU RA FIN A N CEIRA NO BRA SIL:G OV ERN OS SA RN EY,C OLLOR E
ITA M A R
119
O Brasiladere ao Plano Brady em 1994.
120
CARCAN H O LO,op.cit.
89
2.Resolução nº1460/88 do Conselho M onetário N acional, que
perm itiaaconversão detítulosdedívidaexternaem investim entosno Brasil.
121
G REM AU D ET AL.,op.cit.
122
Op.cit.,p.240
90
Com relação à abertura com ercial,o G overno Collor inverte a
tendê ncia protecionista predom inante nas décadas de 1970 e 1980,
procedendo à elim inação de barreiras não-tarifárias (regim es especiais de
im portação rem anescentes e restrições quantitativas à s im portações)e à
im plem entação de um cronogram a de fortesreduçõestarifárias,iniciando
um processo que derrubaria a tarifa m édia no Brasilde 32,2% ,em 1989,
para 14,2% em 1994.
123
Inform ação detalhada sobre o fracasso da gestão Zélia Cardoso de M ello no com bate à inflação
pode serencontrada em CARVALH O (1996).
124
A captação passou de U S$ 5 bilhões em 1990 para U S$ 9,6 bilhõesem 91,U S$ 17 bilhões em 92
e m ais de U S$ 30 bilhões a partirde 93 (G rem aud etal.,p.241).
91
A crescenteentradaderecursosexternosforçavaacom pradedólares
no m ercado pelo Banco Central,de m odo a evitara valorização da taxa de
câ m bio real. D isto resultava forte expansão m onetária, o que era
evidentem ente incom patívelcom o objetivo da autoridade econôm ica de
m anutenção detaxasdejuroselevadas.125 D essaform a,o BC seviaobrigado
a enxugara liquidez excessiva através da venda de títulos,ocasionando um
endividam ento público crescente.126 Em sum a,“osdoisobjetivosperseguidos
porM arcílio tornavam o crescim ento da dívida pública endógeno,em um
am biente em de entrada de recursos” .127
125
A liberação dos Cruzados N ovos confiscados porCollorem m arço de 1990 reforçou ainda m ais
a expansão m onetária.
126
Segundo a Andim a (1994),a dívida m obiliária federalcresceu 26,21 % entre dezem bro de 1991 e
dezem bro de 1992.
127
G REM AU D ET AL.,op cit.,p.241.
92
ao ano128,ainflação não foicontrolada129 eacom binação deaberturaexterna
com expansão dadívidapúblicatornou aeconom iabrasileiram aisvulnerável
a retraçõesna liquidez internacional.
128
Calculado a partirde dados de W O RLD BAN K (1999).
129
N a gestão Colloro IPC da Fipe registrou um a m édia de 19,98% ao m ê s.
130
G REM AU D ET AL.,op cit.,p.242.
*
Esta seção e a que se segue estão baseadas em LARA RESEN D E (1985),ARID A e LARA
RESEN D E (1985),G REM AU D ET AL.,op.cit.,BACH A (1997),e CARCAN H O LO (2002).
93
As propostas de estabilização dos acadê m icos inercialistas eram
basicam ente duas: em prim eiro lugar, havia a proposta do Choque
H eterodoxo, de autoria de Francisco Lopes, baseada nas idéias de
congelam ento e descom pressão,e que já havia sido utilizada sem sucesso
no Plano Cruzado. O congelam ento dos preços equivaleria a um a
sincronização ou sim ultaneização “definitiva” dosreajustes,elim inando o
resíduo inflacionário.Em seguida,seria possívelliberalizarnovam ente os
preçossem o risco davoltadainflação inercial,utilizando-seosinstrum entos
clássicos de política m acroeconôm ica para o enfrentam ento de eventuais
novoschoques.
131
M otivo pelo qualfoiapelidada de “Plano Larida” .
94
quefoiconstituído porm eio do cortede20% dasdestinaçõesorçam entárias
previstasnapropostaorçam entáriade1994;eo Im posto Provisório sobre
M ovim entaçõesFinanceiras(IPM F).
95
interm ediário só poderia serm antido na presença de um níveladequado
de reservas internacionais,que perm itisse a atuação do Banco Centralno
m ercado decâ m bio.D essaform a,am anutenção do sistem apassou asofrer
aam eaçaconstante deum aeventualreversão nosfluxosdecapitaisparao
paísque obrigasse aautoridadeeconôm icaase m overparaum doscorners.
N ão alheiasaesteproblem a,asautoridadeseconôm icastom aram m edidas
no sentido do aprofundamento da abertura financeira,o que dem onstra que
entendiam o aum ento da atratividade dos m ercados nacionais - e não o
controle sobre fluxos financeiros - com o a m elhor form a de precaução
contraaevasão decapitais.Asprincipaism edidasdeliberalização financeira
desde o lançam ento do Plano Realforam asseguintes:
132
O IPC da Fipe registrou um a m édia de 43,8% no prim eiro sem estre e 6,0% no segundo sem estre
de 1994.N este m esm o ano o PIB se expandiu em 5,85% .
decapitaisestrangeirosepelaredução continuadadasreservasinternacionais
do país.Este quadro positivo,entretanto,m udaria em m enosde um ano.
133
Possibilitando um m aiorritm o dedesvalorização cam bial,o quedecertaform aantecipao desfecho
de 1999,poisnão deixa de serum pequeno m ovim ento do regim e interm ediário em direção ao corner
do câ m bio flutuante.
exportações e, em consonâ ncia com a estratégia que detalham os há
pouco,o aprofundamento do grau de abertura financeira, com redução da
tributação (IO F)sobre a entrada de capitaisexternose grande elevação
das taxas dom ésticas de juros,visando ao increm ento da atratividade
externa da econom ia brasileira (gráfico 3.10). A s m edidas deram
resultado,com a reversão no fluxo de capitais,increm ento dasreservas
internacionais e dos resultados com erciais do Brasil.O custo destas
açõesem ergenciais,entretanto,foialto parao país.Além do crescim ento
acelerado da dívida pública, o choque de juros ensejou um a forte
retração do crescim ento do produto (de 4,22% em 1995 para 2,66% no
ano seguinte) e a fragilização do sistem a financeiro,o que term inaria
resultando no Proer.134
134
O s bancos,que tinham aum entado a concessão de crédito com o form a de com pensaras perdas
decorrentes da queda da inflação,sofreram forte im pacto negativo com a elevação generalizada da
inadim plê nciaqueseseguiu à desaceleração daeconom iabrasileiraapósacrisedo M éxico.O program a
de reestruturação do sistem a financeiro custou m ais de R$ 20 bilhões aos cofres públicos.Para
m aiores detalhes,cf.Resolução CM N n° 2208/95 em <www.bcb.gov.br> e o Relatório da CPI do
Proerem <www.cam ara.gov.br/albertogoldm an/arq_pdf.htm > .
98
N ão houve m uito tem po,entretanto,para a recuperação plena:a crise
asiática de 1997 engendrou nova e acentuada reversão no sentido dos
fluxos financeiros,levando o governo a elevar fortem ente as taxas de
juros,de m odo a com pensaro crescim ento no risco-Brasil(gráficos3.11
e 3.12).M ais um a vez,a fuga de capitais foi contida à s expensas do
crescim ento econôm ico e do aum ento da dívida pública.Além disso,o
G overno lançou (m as não chegou a im plem entar com pletam ente) o
cham ado “Pacote51” ,prevendo m edidasdeajustam ento fiscalviaredução
de gastos públicos e aum ento de arrecadação tributária.
99
G ráfico 3.12 – Brasil:Jurose Reservas(1996-98)
100
A desvalorização do Realfoide 64% em janeiro de 1999,e a perda de
reservas atingiu quase U S$ 11 bilhões no prim eiro trim estre do ano.A
dívida do setorpúblico,em grande parte denom inada em dólares,cresceu
em relação ao PIB.
135
Fonte:<www.infom oney.com .br>
136
O Estado de S.Paulo (2004).
137
Sem os em préstim os,o níveldas reservas caia U S$ 19 bilhões.
101
1998,o paísconseguiu um saldo positivo no balanço depagam entosmesmo
seosrecursosdoFundonãoforem considerados.138
138
D o saldo de U S$ 8,5 bilhõesem 2003,apenasU S$ 4,7 bilhõescorrespondiam a recursosdo FM I.
139
BELAISCH (2003).
140
Isto não significa,entretanto,que o Sistem a de M etas de Inflação seja incom patívelcom o
crescim ento do produto ou exija sem pre a m anutenção de altas taxas de juros para funcionarcom
sucesso,com o verem os m ais adiante.
102
G ráfico 3.14 – Brasil:D esvalorização Cam bialeInflação,em % a.m .(2001-2003)
3.11.RESU M O
103
IV -BASES PARA A IN TEG RAÇÃO
IV.B ASES PARA A IN TEG RAÇÃO
4.1.IN TROD U ÇÃ O
107
exterior,agrícola,industrial,fiscal,m onetária,cam biale de capitais,de
serviços,alfandegária,de transportes e com unicações e outras que se
acordem ” .
“isso era (...)perfeitam ente com preensível,pelo fato de que não se podia
dizerque ospaísestivessem com pletado o processo de transição rum o a
um a econom ia plenam ente estável.Crisescam biaisou am eaçasde crises,
surtosdeinflação,déficitspúblicoselevadosetc.eram questõesque,nesse
contexto,aindapovoavam o dia-a-diadessaseconom ias.Em conseqüê ncia,
as autoridades de cada país tinham até m esm o um a restrição de tem po
para se dedicara tem asde longo prazo,dada a urgê ncia e a dim ensão dos
desafiosnacionaisde curto prazo” .141
141
G IAM BIAG I(2001),p.8.
142
Para um tratam ento sucinto do tem a, cf. G IA M BIAG I (1999). Para um a descrição do
desenvolvim ento da teoria desde a década de 1960 aos dias de hoje,cf.LACU N ZA (2003).
108
essateoria,aintegração deduaseconom iasserátanto m aisfactívelquanto
m aioresassuassim ilitudesestruturais.Afinal,“quanto m aisparecidassejam
asestruturaseconôm icasm aiorsem elhançaem seusefeitosterão oschoques
externos e m ais forte será o co-m ovim ento dos ciclos” .143 Em outras
palavras,aadoção deum am oedaúnica(quenadam aisédo queo objetivo
últim o de um processo de convergê ncia m acroeconôm ica)será tão m ais
fácilquanto m aior a sim ilitude das vulnerabilidades externas dos países
envolvidos.Isto fazcom queospaísessejam afetadosdeform asim ultâ nea
e análoga pelos m esm os choques externos,elim inando a necessidade de
adoção de políticas internas conflitantes pelos candidatos à integração.
Afinal,estruturaseconôm icassem elhantesim plicam virtudes,fraquezase
necessidadestam bém sem elhantes.
143
LACU N ZA,op.cit.,p.14.
144
Fonte:IN D EC – Instituto N acionalde Estadística y Censos <www.indec.m econ.gov.ar>.
145
Para um a descrição detalhada das dificuldades desse período,verALM EID A (2002a).
146
Asatasde todasasreuniõese a íntegra de todasasnorm ativascitadaspodem serencontradasno
sítio oficialdo M ercosulna internet:<www.m ercosul.gov.br> .
109
am eaça ao próprio futuro do bloco,no sentido de reavivaro processo de
coordenação.Pode-se dizer que é a partir daíque se inicia de fato um
m ovim ento de Brasile Argentina rum o à convergê ncia m acroeconôm ica.
O sprincipaisdesenvolvim entosdesde então podem serresum idoscom o
segue:
110
a D eclaração Presidencial sobre Convergê ncia M acroeconôm ica,
com prom etendo-se com o cum prim ento dasseguintesm etas:
147
O s índices utilizados são:para o Brasil,IPCA,para a Argentina,U ruguaie Paraguai,IPC.Cf.
G M M (2000),pp.9-10.
148
D evido ao fato da m eta de inflação do Banco Centraltersido anteriorm ente definida com sendo
de 3,5% para o ano em questão ,com m argem de erro de 2 pontos percentuais.
149
N úcleo inflacionário ou core inflation é um tipo de índice de inflação que excluios efeitos de
variações sazonais de preços,com o é com um ,porexem plo,com produtos agrícolas ou energia.
111
sobre inflação da D eclaração de Florianópolis é alterado,estabelecendo
um a m eta de inflação m áxim a de 5% ao ano para todos os países,a ser
alcançada em 2006,e um a trajetória de convergê ncia para a m eta baseada
naredução anualdeum quarto dadiferençaentreainflação observadaem
2002 e a m eta m áxim a de 5% .
4.3.POLÍTICA CA M BIA L
112
deflutuação suja,com o o debandascam biais,poisam anutenção do lim ite
superiorda banda ou do ritm o de m inidesvalorizaçõesexige a atuação do
Banco Central,e portanto não dispensa a necessidade de divisas.Em
consonâ ncia com as previsões da teoria, vim os no capítulo 3 que,em
m om entos de retração da liquidez internacional, Argentina e Brasil
enfrentaram grandes dificuldades para m anter seus regim es de caixa de
conversão ou de bandascam biais,poisse viam obrigadosa elevaro nível
de suas taxas de juros internas de m odo a com pensar os aum entos nas
taxasinternacionais,m antendo um diferencialsuficientem entegrandepara
garantir a continuidade do afluxo de capitais estrangeiros.Isto teve um
pesado custo em term os fiscais,tanto no que diz respeito ao ritm o de
endividam ento quanto no que tange ao estoque da dívida pública.Além
disso,um aaltataxadejuroscontribuiparao desaquecim ento daeconom ia,
exacerbando o problem a fiscalpela queda na arrecadação.O s atrasos
cam biaisoriginadosdam anutenção ou desvalorização em ritm o insuficiente
da taxa de câ m bio nom inaltendem a se refletirnegativam ente nossaldos
com erciais,ocasionando perda de arrecadação tributária nas operações
vinculadasao com ércio exterior,aum ento do déficitcom ercialedim inuição
do estoque de reservasinternacionais.A situação de m aiorfragilidade das
contas públicas leva, por sua vez, à desconfiança dos investidores
internacionais,que passam a exigir prê m ios de risco crescentes para
continuarfinanciando a â ncora cam bial,exatam ente com o verificado nos
casos de Brasile Argentina.Além disso,a crise brasileira de 1998-99
dem onstrou claram ente o elevado risco de contágio enfrentado porum a
econom ia com câ m bio fixo: a desvalorização no Brasil aum entou
trem endam enteapressão paraqueaArgentinadeixassesuam oedaflutuar,
de m odo a restaurarsua com petitividade internacionalpela alteração nos
preçosrelativos.
150
Conhecida na literatura econôm ica com o “hollowingouthypothesis” .
113
cam biais,possivelm enteporqueaaceleração do ritm o dedesgastedo valor
internacionalda m oeda sinalize aosagenteseconôm icosdom ésticosum a
m aiorpossibilidadedecrescim ento dastaxasdeinflação,porm eio do pass-
through da taxa de câ m bio.N o caso do Brasil,a defasagem cam bialse
justificou tam bém , com o vim os, pela intenção de conter os preços
dom ésticosatravésdo barateam ento dasim portações.151 O slim itesdeum a
banda sim étrica ou assim étrica são sem pre um convite à ação dos
especuladores,que podem apostar contra a sua robustez nos m ercados
futuros,com o fizeram no Brasilno finalde 1998 e início de 1999.D essa
form a,o rom pim ento da banda passa a ser,de m odo geral,um a questão
detem po,com o ocorreu com o Brasilapósosataquesespeculativos.Jam es
Tobin sintetiza esta posição da seguinte m aneira:
151
O Realatingiu um pico de sobrevalorização de 38,8% em 1996.
152
TO BIN (1998),p.11,tradução nossa.
153
Cf.LACU N ZA,op.cit.
114
dos efeitos de choques externos sobre as econom ias do M ercosulsob
diferentesregim escam biais.Assituaçõessim uladasincluíram um aum ento
na taxa de jurosinternacionais,um a dim inuição dosfluxosde capitalpara
o M ercosuleum adim inuição no níveldepreçosinternacionais,entreoutras.
Em conform idade com o que prevê a teoria,os resultados da sim ulação
m ostraram um a capacidade de absorção de choques m uito m aior nos
regim esde câ m bio flutuante.
154
Cf.CEPAL (2002a).
155
U m trabalho já clássico sobre o assunto é o de CALVO E REIN H ART (2000).U m a abordagem
sintética pode serencontrada em FERREIRA (2003).
115
não parece ter se traduzido em grande im pulso inflacionário,dada a
disparidade entre a evolução da taxa de câ m bio e a do nívelde preços:em
2002,a inflação na Argentina foide 25,9% ,contra um a desvalorização
cam bialde 250% .Em 1999,o Brasilenfrentou um a desvalorização do
Realda ordem de 32,5% ,contra um a inflação de apenas 4,9% .Segundo
Antonio Barrosde Castro e Francisco Piresde Souza,
156
BARRO S D E CASTRO e PIRES D E SO U ZA (2001),p.98.
157
Para m aiores detalhes sobre a estratégia de redução do passivo cam bial,cf.Banco Centraldo
Brasil(2003).
158
TO BIN ,loc.cit.
116
A constatação dequeosregim esdecâ m bio flexíveldejurenem sem pre
perm item um aflutuação irrestrita,aindaquenateoriaconfigureum aposição
interm ediáriaentreoscornersolutions,napráticanão afetaem m uito aefetividade
do sistem a.Isto se deve a dois fatores principais:em prim eiro lugar,se o
Banco Central“fazdeconta” queadm inistraum sistem adecâ m bio flexível,
elenão estáobrigado aforneceraosagenteseconôm icosnenhum ainform ação
a respeito das situações em que agirá -ou com que intensidade agirá -no
m ercado de câ m bio.N este caso,com o quer Tobin,o Banco Centralnão
precisa-enem deve-sertransparenteem suasações.A diferençafundam ental
que isto cria em relação a um regim e de bandas ou a um crawling peg é
exatam enteaincerteza:asapostascontraam oedanacionalsetornam m uito
caras quando o Banco Central age nos m ercados apenas em resposta a
eventos pontuais ou em função de um a banda cam bialim plícita e não
declarada,quepode-quando m uito -serestim adapelo m ercado financeiro,
m as que não im plica nenhum tipo de certeza,na m edida em que não há
com prom isso declarado daautoridadem onetáriacom relação à m anutenção
do valorexterno da m oeda.Segundo Barrosde Castro e Piresde Souza,
159
Op.cit.,p.94.
160
Cf.BARRO S D E CASTRO E PIRES D E SO U ZA,op.cit.,p.91.
117
Tendo em vista estas duas observações,a nossa opinião é de que
intervenções eventuais e não declaradas do Banco Centralnão são um a
fonte de perturbação suficientem ente grande para fazercom que se deixe
de considerarum regim e cam bialcom o sendo de câ m bio flutuante,dado
que não alteram fundam entalm ente as características e o funcionam ento
do sistem a.
118
de jurosou em issão - é um nívelm aiselevado de inflação.161 A definição
da estabilidade dos níveis de preços com o objetivo da política m onetária
reflete esta percepção da inutilidade da política m onetária com o form a de
induziro pleno em prego.
161
Para m aiores detalhes a respeito,Cf.M AN K IW (1995)e H ALL e TAYLO R (1989).N otarque a
curva de Phillips permaneceválida nocurtoprazo.
162
Para m aiores detalhes Cf.M ISH K IN e PO SEN .(1997)e M CD O N O U G H (1997).
163
M ISH K IN e PO SEN ,op.cit.,p.13
164
Idem.
119
utilizados:o m onetarism o “clássico” friedm aniano eo inflationtargeting,ou
regim e de m etasde inflação.165 O m onetarism o “clássico” busca controlar
o níveldepreçospelarestrição daofertam onetária,atravésdo controlede
um ou m aisagregadosm onetários.Estetipo depolíticafoim uito praticado
nas décadasde 1970 e 1980,m asnosúltim os anos tem sido abandonado
por m uitos bancos centrais em favor do inflation targeting.O m otivo para
que isso esteja acontecendo decorre da superioridade do regim e de m etas
de inflação em m inim izar a variâ ncia do produto em torno de sua taxa
natural.O sistem a de m etas de inflação foia opção de política m onetária
do governo brasileiro apósam udançaderegim ecam bialem 1999.O então
Presidentedo Banco Central,Arm ínio Fraga,explicavanosseguintesterm os
a decisão tom ada:
165
Cf.VIVEK (2003).
166
LAH Ó Z (1999)
167
M ISH K IN e PO SEN ,op.cit., p.9.Tradução nossa.
120
parareduzirsuavolatilidade,ou seja,param anternostrilhosum atrajetória
detaxasdeinflação “jádom ada” .U sadasparaestefim específico,asm etas
apresentam várias vantagens:em prim eiro lugar,com o observado por
Arm ínio Fraga,está o fato de que o regim e de m etas proporciona um a
â ncora nom inalpara o nívelde preços facilm ente com preensívelpara o
público,o que cria um a situação de transparência que ajuda a m anterbaixas
asexpectativasde inflação.Além disso,o sistem a reduz a pressão sobre a
autoridade m onetária quanto à obtenção de ganhos de curto prazo no
produto,o queevitao uso depolíticam onetáriaexpansionista.Finalm ente,
asm etasdeinflação elim inam anecessidadedesefocarapolíticam onetária
na relação entre um agregado m onetário e a renda nom inal.
168
Verapê ndice.
169
O p.cit
121
que aquilo que seria esperado sem as m etas,exibindo ainda um a ligeira
tendê nciadebaixa,contraum atam bém ligeiratendê nciadealtanaregressão.
Além disso,eles verificaram que astaxas de juros observadasficaram bem
abaixo do que seria esperado,e o produto aparentem ente não foiafetado,
ficando no m esm o níveldo produto sim ulado.A conclusão é de que “em
geral,a inflação e as taxas de juros nom inais de curto prazo parecem ter
declinado desdeaadoção dasm etassem nenhum efeito m aiorno produto” .170
122
Pelos m otivos apontados acim a,a m aioria dos autores aponta a
com binação câ m bio flexível-m etasdeinflação com o aescolhade política
idealpara um futuro Banco Centraldo M ercosul.173 Entendem osque a
flexibilidade do regim e de m etas de inflação, bem com o sua
com patibilidade com um sistem a de câ m bio flutuante,sejam evidê ncias
suficientes para corroborar a segunda parte de nossa hipótese central
de trabalho: a política mais adequada para a promoção da convergê ncia
macroeconômica Brasil-A rgentina envolve a adoção de um regime de inflation
targeting.
173
A título de exem plo,cf.CLIN E,op.cit,p.6 e G IAM BIAG I (2001),p.11.
123
plano Brady.174 D esdeentão,asconseqüê nciasdesteevento tê m influenciado
diretam ente as escolhas de regim es cam biais e m onetários na Am érica
Latina.Estaassertivasetornaevidentequando seobservaque,ao contrário
dosem préstim osbancáriostradicionais,quesão em dinheiro,ospapéisde
dívidaexternatê m um mercadosecundáriono qual,tam bém deform adiferente
dos em préstim os bancários,não há nenhum tipo de arranjo institucional
ou ação pré-program ada a que osproprietáriosde títulospossam recorrer
em caso de default.D isto decorre,é claro,que o valordo spreadovertreasury
pago pelos títulos de dívida varia conform e a percepção de risco dos
investidores.O spread overtreasury,portanto,é um a medida do risco-país.O
risco-país,porsua vez,condiciona -pois restringe-a política m onetária dos
paísesdevedores.Aum entosnapercepção derisco pelosinvestidoresgeram
aum entos nem sem pre proporcionais nos spreads,pois exacerbados pelo
côm puto do custo crescente intrínseco à referida falta de m ecanism os de
ação coletivacontraosdefaults.Paraestafaltadeproporcionalidadeconcorre
aindao fato deque,num m undo deinform açõesim perfeitas,aspercepções
de risco podem serprejudicadas-e assim injustam ente am pliadas.Com o
osspreadssinalizam aosm ercadoso aum ento do risco dostítulosem itidos
porum governo,asuadilatação equivaleráaum necessário ecorrespondente
alargam ento nastaxasdejurosdom ésticas.O acesso m aiscaro aosm ercados
externo e interno determ inará,por sua vez,a dim inuição da capacidade
dos países de pagar suas dívidas.Com o isto realim enta a percepção de
risco dosinvestidores,pode-se perceberque a situação tem o potencialde
gerarum crescim ento exponencialda dívida pública,levando,m ais cedo
ou m aistarde,ao default.
174
Cf.RO JAS-SUAREZ (2003).
124
N ossa opinião é de que a hipótese da prim azia do risco cam bial
sobre a determ inação do risco-país foirefutada porabundante evidê ncia
quando doscolapsosdosregim esde bandascam biaisno Brasile caixa de
conversão naArgentina.N esseponto estam osdeacordo com LilianaRojas-
Suarez,que afirm a:
“em bora concordando que o risco default e o risco cam bial sejam
correlatos,acredito queacausalidadesedáem sentido oposto ao sugerido
pelos defensores da dolarização. O problem a com o argum ento dos
dolarizadores é que ele ignora a fonte inicialdo problem a,que reside na
presença de inconsistê nciasna política interna.Em váriascrisesrecentes
em m ercadosem ergentes,grandesestoquesde títulosde dívida de curto
prazo (internaou externa),à svezesherdadosdeadm inistraçõesanteriores
e outras vezes alim entados por grandes déficits do governo,suscitaram
dúvidasacerca da capacidade de tais paísesde pagarsuasdívidas” .175.
“aglobalizaçãopodelevaracrisesdevidoaimportâ nciadefatoresexternos,mesmoem
paísescom fundamentos[macroeconômicos]sólidosemesmonaausênciadeimperfeições
nosmercadosdecapitaisinternacionais.Seum paíssetorna dependentedo capital
estrangeiro,mudançassúbitasnosfluxosdecapitalestrangeiropodem criardificuldades
definanciamentoeretraçõeseconômicas.Estasmudançasnãodependem necessariamente
dosfundamentos[macroeconômicos]do país(...)fatoresexternossão importantesna
determinaçãodosfluxosdecapitalpara ospaísesem desenvolvimento.Em particular
(...) as taxas de juros internacionais são um determinante significativo do fim dos
fluxosdecapitalna Á sia ena A mérica Latina duranteosanos1990” .177
175
Op.cit.,p.113.
176
Cf.SCH M U CK LER (2001),p.9-10.
177
Idem.
125
D essa form a,além do risco-paísconsiderado de form a individual,a
atratividade externa relativa de outros países tam bém tem o seu papelna
determ inação dosfluxosde capitalpois,com o é de conhecim ento geral,os
investidoressão m ovidospela com binação risco-retorno.Isto significa que
os influxos de capitalem um dado país tê m dois tipos de determ inantes:
fatoresinternos(pullfactors),dosquaiso m aisim portante,com o vim os,é a
evidê nciafiscaldasolvê nciapresenteefutura,efatoresexternos(pushfactors),
dosquaiso m aisrelevanteéaliquidezinternacional.178 Entretanto,aexistê ncia
de fatores externos não altera a centralidade da questão fiscal com o
determ inanteúltim o daatratividadeinternacionaldo país.Afinal,parafazer
frente a um aum ento na taxa internacionalde juros deve-se m elhorar a
percepção de risco-retorno dos investidores internacionais,para o que há
duasopções:dim inuiro risco,o que,com o vim os,ocorrefundam entalm ente
pelo aum ento da solidez fiscal,ou aum entaro retorno,o que,para ocorrer,
exige um a folga fiscalprévia que perm ita a elevação das taxas de juros
dom ésticas sem levaro país à bancarrota.Países que praticam a disciplina
fiscalnão são invulneráveis,com o éevidente,m asestão m uito m enossujeitos
a sofrer os efeitos de crises de financiam ento externo,m esm o porque
geralm entedependem m uito pouco decapitaisdecurto prazo.Com o afirm a
Edm ar Bacha,“a form a com o,nas últim as décadas,os diversos países
em ergenteslidaram com (...)[a]restrição dedivisasseparaoscasosdesucesso
dos de fracasso de form a m uito m ais clara do que se seguiram ou não o
consenso deW ashington (...)” .179 Ao evitaradependê nciadecapitaisexternos,
torna-se m ais fácil,caso desejado,selecioná-los.N ão se trata de im pedir o
financiam ento externo - que é,com o vim os,um fatorde extrem a utilidade
paraaprom oção do crescim ento econôm ico -m asdem elhoraro seu perfil,
com aim posição decontrolesseletivos,queprivilegiem o ingresso decapitais
dem édio elongo prazosem detrim ento do hotmoney.180 A urgê nciafinanceira
dospaísesaltam enteendividadosdificultaaim plantação destetipo decontrole.
178
Cf.FIESS (2003).
179
BACH A (2002).
180
Cf.LEFO RT (2000) para um a análise positiva da aplicação de controles parciais no Chile.
Entretanto, cabe lem brarque,conform e dem onstrado porG abriela K am insky e Sergio Schm uckler
(2001),a efetividade dos controles tende a dim inuir rapidam ente com o tem po,de m odo que no
longo prazo nada substituia segurança da falta denecessidadede capitaisvoláteis.Com o afirm a Paulo
Roberto de Alm eida (2000),“os desafios da globalização – com o os das crises financeiras – devem
serenfrentados de m aneira aberta e decidida,e não m ediante um a reação defensiva de fecham ento
externo e de descolam ento da econom ia m undial” .
126
Em sum a,a política m acroeconôm ica dospaísesdeveria serguiada
porprincípiosfiscaisdelongo prazo,quefuncionassem com o seguro para
os custos sociais e econôm icos dos ajustes abruptos que se fazem
necessários após choques externos.Brasil e Argentina parecem estar
cam inhando na direção correta, com o dem onstram as Leis de
Responsabilidade Fiscalbrasileira e de Solvê ncia Fiscalargentina,que
incluem m etasplurianuaise norm asorientadasa evitaro com portam ento
procíclico da política fiscal.
U m avez corroboradaahipótesecentraldeque,dadasascondições
estruturais das econom ias brasileira e argentina,o tripé câ m bio flexível-
m etasdeinflação-disciplinafiscalconstituium conjunto ótim o depolíticas,
torna-se possívelavaliar a adequação das diretrizes do procedim ento de
convergê ncia m acroeconôm ica.O ra,a linha m estra do procedim ento
integratório resideprecisam entenosparâ m etrosdeconvergê nciadefinidos
em 2000 e atualizadosem 2002:teto para a variação anualda dívida fiscal
líquida expressa com o porcentagem do PIB,teto para a dívida líquida do
setorpúblico,tam bém expresso com o porcentagem do PIB,e teto para a
inflação anual.
127
da condição ótim a de flexibilidade cam bial,antes e depois da adoção
de um a m oeda com um .
181
O u seja,que não estabelece com o m eta um nívelespecífico de inflação,m as sim um a banda de
variação em torno de um valorcentral,com o é feito no Brasil.
182
Segundo a Cepal(2002a),osseguintes princípiosdevem seradotadospara um a boa gestão fiscal:
(i)privilégio à disciplina e à flexibilidade no planejam ento orçam entário,identificando com clareza
os fatores transitórios e assegurando a consistê ncia com um a posição financeira corrigida pelas
flutuações dos preços nacionais e internacionais;(ii)identificação antecipada de déficitsestruturais,
a fim de evitar um endividam ento público excessivo;(iii) m arco plurianualpara a política fiscal,
baseado em um horizonte de longo prazo e visando ao equilíbrio estrutural,ou ao estabelecim ento
de um a m eta para a relação dívida pública/PIB;(iv)prom ulgação de leis de responsabilidade fiscal
para evitar o privilégio à s m etas de curto prazo.N ote-se a sem elhança destes princípios com as
m edidas necessárias para o atendim ento das restrições im postas pelos parâ m etros de convergê ncia
fiscaldefinidos na D eclaração de Florianópolis.
128
4.7.RESU M O
N estecapítulo procurou-serecolherdasanálisesteóricasehistóricas
do restante do trabalho evidê ncias que perm itissem a corroboração ou
refutação desuahipótesecentral,queidentificavaapolíticam acroeconôm ica
idealparaum bloco integrando BrasileArgentinacom o sendo acom binação
de câ m bio flexível,m etas de inflação e austeridade fiscal.A hipótese foi
corroborada,com base nosindíciosteóricose em píricosda superioridade
do referido conjunto de políticas para a prom oção de um crescim ento
estávele da redução dos desequilíbrios externos,sem que isso im plique,
no entanto,na resistê ncia do bloco à integração financeira internacional.
, (1)
, (2)
183
Cf.D EBELLE (1999)
129
tserá,portanto,o produto potencialacrescido de um a fração b do desvio
do produto em t-1 em relação ao seu potencial,dim inuído deum afração g
do desvio dataxadecurto prazo em t-1 em relação à taxaneutra.O term o
ht responde pelos choques aleatórios.Assim ,as taxas de juros afetam
prim ordialm ente o produto (equação 2),e,no período seguinte,afetam a
inflação através do hiato do produto (equação 1).Segundo G uy D ebelle,
“isto está de acordo com a estrutura de hiatosem m uitaseconom ias” .184
, (3)
(4)
184
Cf.D EBELLE,op.cit.,p.3
130
Este tipo de regra de política m onetária,conhecido com o regra de
Taylor,é um bom exem plo de com o integrarasm etasde inflação à política
m onetária.É im portante notar que,apesarde levar em conta as m etas de
inflação,afunção dereação acim anãodeixadeladoapreocupaçãocom avariabilidade
doproduto.Logo,chegam osaum aconclusão im portante,ade queé possível
conduzirapolíticam onetáriade form aalevarem contam etasde inflação e
hiato do produto.Torna-seevidentequeo quevaidefiniraform adecondução
dessa política é o peso que se atribuirá a cada um :segundo D ebelle,
185
Cf.D EBELLE,op.cit.,p.3
131
A observação em píricatem dem onstrado que,defato,ospaísesque
adotaram variantes da política de m etas inflacionárias suficientem ente
flexíveispara asm anobrascitadasacim a tê m obtido sucesso em reduzira
variabilidade da inflação edo produto.186
186
Cf.D EBELLE,op.cit.,pp.6-11.Ele cita vários estudos em píricos dem onstrando que pequenos
aum entos na variabilidade da inflação podem gerarganhos bastante expressivos na estabilidade do
produto.Além disso ele argum enta que,com o o hiato do produto é fatordeterm inante na inflação
futura,a função de reação que distribuios pesos será sem pre m elhor que aquela que responde
apenas à inflação.
132
CO N CLUSÃO
134
C O N CLU SÃO
187
ALM EID A (2002b),p.1.
188
Boas e concisas descrições destas vantagens podem ser encontradas em G IAM BIAG I (1999,
2001).
135
brasileira.N ão fosse por outro m otivo,portanto,o M ercosuljá estaria
am plam ente justificado por seu im pulso à consolidação da prática
m acroeconôm ica responsávelpelos G overnos brasileiro e argentino,que
ainda tê m um a longa distâ ncia a percorrerno cam inho da recuperação da
credibilidade interna e externa.N aspalavrasde Alm eida,
189
ALM EID A (2002c),p.29.
136
m ínim os e de rendim entos m áxim os dentro dos quais podem operar.
Ajustes fiscais são difíceis e tê m custos sociais por vezes assom brosos.
Entretanto,o que Jacques D elors disse aos críticos de M aastricht vale
integralm enteparao Brasil,aArgentinaeosdem aism em brosdo M ercosul:
ao invés de culpara unificação pela exigê ncia de austeridade econôm ica,
os governos deveriam “explicar à s suas populações que o rigor dos
orçam entos é necessário para prevenir que no futuro os jovens sejam
obrigadosa pagarasdívidasdo presente” .190
190
Cf.G IAM BIAG I (1997),p.12.
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B IB L IO G R A F IA
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RegimesA lternativoseFragilidadeExterna
M ancha gráfica 11 x 18 cm