Anda di halaman 1dari 45

SISTEMAS HÍBRIDOS EM ARQUITETURA

por Guilherme Peluci de Castro

Dissertação apresentada ao Curso de Graduação da Faculdade


de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais.

Orientador: Antônio Carlos Dutra Grillo


PUC-MG

Créditos
diagramação - Tiago C. Eiras
colaborador - Lucas A. Pinto

Belo Horizonte
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC-MG 2010
Sumário

Introdução............................................................................1

O Hibridismo no Conhecimento...........................................3

A lógica Complexa................................................................5

Morfogênese Digital ............................................................7



Design Paramétrico...........................................................20

Morfogênese......................................................................27

Os Produtos........................................................................30

Ensaios Hipotéticos........................................................... 40

Considerações Finais.........................................................41

f
INTRODUÇÃO

Um sistema pode ser considerado híbrido quando possui diferentes meios de abordagem
ou aplicação. O processo de design (planejamento) será híbrido, por exemplo, se
levarmos em consideração que lidamos com interdisciplinaridades e um conhecimento
abrangente, sendo tudo que criamos parte de uma série de memórias e de um colecionismo
de informações que guardamos ao longo da vida.

#1

Apesar de comumente nos depararmos com uma tendência contemporânea às


especializações nos diversos campos de pesquisa, a heterogeneidade de assuntos
em um processo qualquer gera campos de complexidades singulares que tornam os
produtos mais adaptáveis e interativos com o meio em questão. Esta fusão entre campos
diferenciados da ciência traz consigo a possibilidade de manipulação de ferramentas
híbridas. A combinação da programação de computadores com a biologia, por exemplo,
ou a relação entre meios digitais e analógicos nos métodos de fabricação podem, de
certa forma, inovar no processo de planejamento de espaços, criando possibilidades
topológicas e analíticas no entendimento e produção do meio arquitetônico, seja este
construído ou virtual.
1
#2

O hibridismo arquitetônico se situa, em uma convergência paulatina dos diferentes campos


da ciência, de forma a agrupar procedimentos e conhecimentos divergentes para produzir
novas abordagens nos processos de produção e análise do espaço. Podemos constar que,
indiretamente, isto já acontece se levarmos em consideração que toda representação
cartesiana parte de fundamentos de geometria analítica que, no caso, é um ramo da matemática.
Da mesma forma, a composição de um material construtivo como o concreto vem de uma
larga pesquisa físico-química, a qual define os componentes necessários daquele material
para que ele cumpra o que os planejadores esperam. Porém estamos tratando de algumas
tecnologias e métodos disponíveis que ainda são pouco utilizadas na produção de arquitetura;
o objetivo, neste caso, é agregar formas diferenciadas de articulação ligadas ao conhecimento
contemporâneo a uma base já formada da ciência arquitetônica. Para isso, podemos tanto
tentar executar experiências heurísticas baseadas nas tecnologias disponíveis, como podemos
fazer especulações que, apesar de não serem exeqüíveis numa realidade atual, podem servir
de base para uma futura articulação do tema.
O HIBRIDISMO NO CONHECIMENTO

A base do conhecimento humano é uma rede complexa de informação que interconecta


as diferentes linhas da sabedoria.

#3

O objetivo deste ensaio é vislumbrar métodos de conexão entre diversos campos da


ciência para compor raciocínios, algorítmicos. Estes raciocínios, por sua vez, geram
resultados específicos de determinada temática, esta, não necessariamente relacionada
às ciências contidas no algoritmo. Nesse trabalho, entretanto, queremos demonstrar
que podemos interligar conhecimentos distintos como Computação Gráfica e Biologia
e ainda assim gerar produtos que sejam de interesse arquitetônico, mesmo que as
infinitas lógicas possíveis possam estar relacionadas a qualquer campo de informação.

#4

3
Quântica com Nanotecnologia tal como Matemática e Geografia, por exemplo, se
colocados em uma estrutura lógica compreensível, podem produzir outras pesquisas de
interesse da arquitetura.
Sendo assim, estamos propondo uma visão diferenciada do método de se pensar a
arquitetura a partir de uma forma de raciocínio lógico, adicionando focos de conhecimento
à linha de pensamento, tornando-o mais complexo e possibilitando aplicações diversas.

No entanto, nesta
proposta em questão, como
citado acima e no intuito de
descobrir novos processos
projetuais em arquitetura,
vamos analisar especificamente
a possibilidade combinatória da
biologia, computação e matemática
e, como exemplo, vamos verificar um
conceito já utilizado na arquitetura
que interconecta estes elementos, a
Morfogênese Digital. Para isso vamos
usar destes temas e dos seus radicais
relacionados (o que não impede que outras
lógicas combinatórias funcionem da mesma
maneira). Neste caso, o conhecimento da
arquitetura em si não entra como um radical
do algoritmo (apesar estar introjetada no
conhecimento corriqueiro dos arquitetos),
mas sim como um produto. Isso, pois quando
estamos falando de método de raciocínio ou
lógica algorítmica, queremos frisar o processo
de criação assim como o entendimento das
partes. Logicamente, estes processos vão
produzir resultados específicos (no caso,
arquitetônicos), no entanto o foco deste
caderno é vislumbrar

#5
A LÓGICA COMPLEXA

A lógica complexa consiste primeiramente em assumir a multiplicidade dos sistemas e,


com isso, trabalhar de forma diversa a idéia de rede.
Em seu livro, As Conexões Ocultas, Fritjof Capra define rede como:
Uma forma de organização não linear dos componentes de um sistema, que se influenciam
reciprocamente através de diversos “caminhos”, e não segundo uma linha causal única
e exclusiva. (CAPRA, 2002, p.13)

Com base nesta definição, propomos uma maneira sistêmica e coerente de seguir uma
linha de raciocínio que tem como função organizar uma multiplicidade de idéias. Essa
multiplicidade pode ser vista a partir de infinitos campos de conhecimentos nos quais a
inteligência humana se baseia.

Estamos falando de lógicas complexas que estão cada vez mais presentes na sociedade
contemporânea. Podemos, por exemplo, fazer um paralelismo da multiplicidade do
conhecimento com a complexidade cultural vigente. Se analisarmos a tendência à
diversidade da sociedade contemporânea, vamos observar que estamos tendo mais
acesso às informações e lidando com fórmulas cada vez mais complexas tanto nos
âmbitos sociais quanto nos intelectuais. A particularidade e a complexidade é a
condição pós moderna. A própria disposição da internet no cotidiano já cria uma rede
de informações que multiplica ao infinito a universalização de idéias.

Vale lembrar que a intenção deste estudo é demonstrar como as lógicas em rede podem
diferenciar o processo de planejamento em arquitetura e torná-lo mais rico, abrangendo
campos diversos do conhecimento. Vamos como exemplo, tentar compreender através
desta lógica em rede um processo complexo de planejamento em arquitetura.
Para descrever o algoritmo vigente do ensaio, poderemos dizer que começaremos com
alguns campos da ciência, especificamente biologia, matemática e computação; em
seguida pegaremos sub-temas destes campos como design paramétrico e morfogênese,
entre outros, que se conectarão entre si e irão gerar um processo arquitetônico chamado
Morfogênese Digital. Deste processo poderemos retirar então, alguns produtos teóricos,
conceituais e físicos que são de relevância para a arquitetura contemporânea. Tais
produtos serão, assim como o processo, explicados e exemplificados melhor ao decorrer
do ensaio.

A visualização gráfica das redes pode facilitar o entendimento do sistema como um todo.
Para se compreender os sistemas complexos em geral, assim como o sistema proposto
neste trabalho, faz-se necessária uma leitura dinâmica em um método de paratexto1 .
Isto é, precisa-se de uma leitura que acompanhe a linha geral do raciocínio ao mesmo
tempo em que se vislumbra os detalhes da rede em questão.

Quando falamos então em Morfogênese Digital, faz-se necessário entender quais são
os substratos dessa teoria, no caso o design paramétrico e a morfogênese. Ao mesmo
tempo, para a compreensão do que é o design paramétrico ou a morfogênese, faz-
se necessário o entendimento de outros substratos, agora vinculados aos termos em
questão. Teremos assim uma leitura em árvore difícil de ser compreendida de forma
linear2 . Quando falamos de paratexto estamos literalmente nos referindo à hiperlinks
ou informações múltiplas agregadas à um determinado termo. Por isso o uso do algoritmo
como organização gráfica. Ou seja, se temos a possibilidade de indexar conhecimentos
em ícones ou palavras, podemos organizar lógicas complexas de maneira que possamos
entendê-las e manipulá-las.
1
texto em formato digital, ao qual agrega-se outros conjuntos de informação.
2
CAPRA.F, 2002, p.13
5
#6
#7

MORFOGÊNESE DIGITAL3
O conceito de morfogênese digital ou morfogênese computacional tem base na dicotomia
(relação) entre morfogênese e design paramétrico. De forma mais extensa, a morfogênese
digital define a combinação de um processo lógico extraído da morfogênese (biologia), e um
método tecnológico que usa como base o design paramétrico.

A morfogênese computacional é entendida como um grupo de métodos que empregam mídias


digitais (softwares de computador) que não sejam meramente ferramentas representativas para
a visualização de um produto em processo de criação (estáticas sem as mãos do manipulador),
mas ferramentas generativas, dinâmicas, para a derivação da forma e sua transformação,
normalmente em uma aspiração de expressar processos contextuais na construção da forma.

Para um melhor entendimento do tema, faz-se necessário esclarecer os termos supracitados.


Em um primeiro momento vamos descrevê-los de maneira breve, apenas para uma compreensão
geral da morfogênese digital e em seguida iremos dissertar mais longamente sobre cada um
demonstrando suas aplicações no ramo da arquitetura.

#8
julho, 2004;Versatility and Vicisscitude, AD, março/abril 2008; Proto Architecture, AD, julho/agosto, 2008; Closing The Gap,
AD, março/abril, 2009.
3
Os conceitos e teorias aqui colocados são originários uma compilação de artigos das seguintes publicações: Neoplasmatic
Design, AD, novembro/ dezembro, 2008; Techniques and Technologies in Morphogenetic Design, AD , março/abril, 2006;
Emergence: Morphogenetic Design Strategies, AD,
7
O design paramétrico ou computação paramétrica é uma vertente da computação que se
baseia na utilização do computador como ferramenta de automatização de um processo
complexo. Nesse contexto, a grande capacidade de processamento de dados de um computador
potencializa a capacidade de simulação e geração das formas.

Podemos subdividir o processo de parametricismo em três partes:

1-Input: Os dados a serem inseridos (parâmetros).

2-Processamento: O que ocorre orientado por um algoritmo.

3-Output: Resultado

#9

Um exemplo muito simples, para ilustrar. Vejamos uma situação em que temos uma pessoa e
dois pontos. Ela está no primeiro, e precisa chegar ao segundo. Esta instância seria o nosso
input; o método definido para orientar o processo de caminhada de um ponto a outro, por sua
vez, seria o nosso algoritmo. A caminhada em si, será o processo que o algoritmo possibilitou;
e por fim, o resultado será o output, visto como a conclusão do percurso trilhado.

#10
Na geometria topológica, o emprego do design paramétrico já é muito corrente. Da
mesma forma, a tendência de modernização de conceitos e automatização de processos
de criação favorece o desenvolvimento e a dilatação dessas técnicas.

Em se tratando de automatização, o design paramétrico deixa de conter um tipo de


informação abstrata, que necessita de interpretação, para conter uma informação
virtual, concreta, precisa. Ou seja, quando desenhamos um quadrado, por exemplo,
analogicamente, aplicamos linhas sobre um plano. Não significa que podemos garantir
a perfeição técnica do quadrado.

Porém, quando definimos um quadrado através de parâmetros, diremos quais são os


pontos dos vértices no espaço, e a direção (vetor) das arestas. Isso nos dá a possibilidade
reproduzir este quadrado não apenas graficamente, mas também matematicamente, o
que por sua vez, faz com que possamos transportar informações em muito menos espaço
(dados), além da decorrente precisão dos dados e possibilidade de efetivação minuciosa
da topologia.

Se traduzirmos todo tipo de grafismo em variáveis, poderemos manipular as mesmas


matematicamente e gerar produtos complexos com maior facilidade. Parametricamente
falando, para gerar uma forma relativamente simples, o processo seria muito dispendioso
e demorado. Todavia, ao falarmos de topologias complexas, um nível de automatização
torna esse processo bem mais ágil.

#11

9
* texto anexo

Matemática em arquitetura

Sempre houve proximidade entre


matemática e arquitetura, não
apenas pela dependência técnica
da arquitetura sob a matemática,
mas por estes temas sempre terem
compartilhado uma busca pela
ordem e beleza. Na arquitetura
grega a proporção áurea serviu
como um cânone para o método
de planejamento. O conhecimento
do segmento áureo remonta
pelo menos até 300 AC, quando
Euclides descreveu o método de
construção geométrica no Livro 6,
que seria a Proposição 30 do seu
livro Elementos. Esta corresponde a
uma proporção de 1: 1,618(também
conhecida como PI), considerada na
teoria da arquitetura ocidental como
“extremamente agradável”.

A matemática é indispensável
para a compreensão de conceitos
estruturais e cálculos. Também
sendo utilizada como elemento de
ordem visual ou como um meio para
alcançar a harmonia com o universo,
de forma que a geometria torna-se o
princípio orientador.

Se destrincharmos a geometria,
descobriremos um vasto campo
da matemática ligada às formas,
o qual em alguns momentos
tentará traduzi-las em equações e
possibilitar operações numéricas,
porém topológicas. O que faz com
que os projetistas possam dominar
uma lógica de raciocínio abstrato e
#12 convertê-la em objetos físicos.
* texto anexo
Geometria Analítica e Álgebra Linear

Existe uma subdivisão da Matemática chamada Geometria


Analítica, que através de processos particulares, estabelece
relações entre Álgebra e Geometria. Desse modo, uma
reta, uma circunferência ou uma figura podem ter suas
propriedades estudadas através de métodos algébricos.

Para estudos de formas complexas, a geometria analítica é


muito interessante, pois à medida que traduzimos as topologias
em números, podemos manipulá-las analiticamente e, se
combinadas à um processo computadorizado, podemos
automatizar este processo como um todo.
Álgebra linear é também um ramo da matemática na qual
são estudados matrizes, espaços vetoriais e transformações
lineares. Todos esses itens servem para um estudo detalhado
de sistemas lineares de equações, que, para nós, servirá para
transcrever equações algébricas em produtos geométricos e
vice versa.

Falando de desenho paramétrico, verificamos que se inicia em


uma programação baseada em geometria analítica e álgebra
linear. Transformando fórmulas vetoriais em topologias e
criando a possibilidade de se trabalhar com algoritmos e
dados em vez de desenhos cotados. Isto pode ser visto tanto
no processo de modelagem quanto de fabricação.

11
Os procedimentos que envolvem o design paramétrico descrevem uma lógica algorítmica
que tem, em cada uma de suas três fases, possibilidades de variações que se influenciam
entre si. Esses procedimentos partem estritamente de possibilidades advindas da
tecnologia computacional programática que traduz e transcreve substratos de dados
em produtos topológicos e/ou analíticos.

Tanto os parâmetros (variáveis), quanto os algoritmos (orientadores do processo de


análise ou geração do produto), ambos contidos no processo de computação paramétrica,
podem ter relação com a biologia. Em outras palavras, no estudo da biologia podemos
coletar elementos que podem ser aproveitados como informação (input); e/ou lógicas
generativas (algoritmo) aplicáveis em sistemas construtivos. Dessa forma, podemos
visualizar dois momentos em que a biologia pode se conectar com o parametricismo.

a) No Input (“data4”), podemos desenvolver um processo paramétrico a partir


de dados coletados de um sistema biológico identificando, por exemplo, um
comportamento de uma entidade (agente), como uma bactéria, protocélula,
plantas quaisquer, etc. e usando-o como variável da equação.

b) Outra abordagem seria no processamento


em si, onde a lógica adotada é importada da
natureza, isto é, a forma como uma planta
se desenvolve. E esse tipo de processo, pode
ser aplicado como algoritmo, que por sua
vez seria usado para o processamento de um
parâmetro não necessariamente biológico.

#14 4
O Pode ser traduzido como dados iniciais.
O conceito de morfogênese, originário da biologia e posteriormente empregado em
muitas outras disciplinas, tais qual a geologia, a cristalografia, engenharia, estudos
urbanos, artes em gera e também na arquitetural, é oriundo da junção de dois termos.

Morfo, do grego morphê, que significa “forma”, introduzida na linguagem científica


internacional a partir do século XIX5 . E a palavra gênese, do latim genesis, e do grego
génesis, ambos significando “geração”, “criação” ou “origem”. A palavra morfogenia
data do ano de 1899, em seu registro mais antigo. Ela seria então a “geração da forma”,
em uma tradução literal. Em decorrência dessa variedade de usos da palavra, diversos
entendimentos para ela foram formados.

A compreensão de morfogenia na arquitetura comporta relações de amplas analogias e


metáforas ao processo de morfogenia na natureza, mas não necessariamente adotando
ou se referindo em todos os casos aos reais mecanismos de crescimento ou adaptação.

#15
Uma forma de enxergar a finalidade prática da morfogênese digital é entender que se
procura com ela seguir a organicidade e a customização de demandas que ocorre em
massa na sociedade. O que vemos em sistemas biológicos começa a ser assimilado pelos
humanos em seus sistemas de organização relacionamento, e produção, onde se busca
a otimização na distribuição de espaços, recursos, captação e evasão de energias, o
crescimento sustentável e planejado, e a capacidade das construções, dos produtos e
dos seres, de suportar múltiplas funções e lidar com adversidades complexas. Outra
contribuição muito importante da morfogênese digital é o avanço na inspiração criativa
e a heurística, da qual falaremos mais adiante.

São inúmeros os sistemas que podemos assimilar como arquétipos da natureza e usá-
los como fonte de inspiração. Podemos observar nas formigas ou nas abelhas métodos
interessantes de organização social. Nas plantas, alguns mecanismos de alocação
de nutrientes ou disposição em relação ao sol e a água. Em bactérias, a forma de se
multiplicar.
5
De acordo com o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, Antônio Geraldo da Cunha.
13
A correlação ou interdigitação6 de disciplinas e ciências é uma realidade, e está
se intensificando cada vez mais, a partir da sedimentação na consciência dos
acadêmicos e cientistas da idéia em que não somente é possível relacionar os
campos do saber, mas existe uma necessidade de estabelecer analogias, estudar
processos, compartilhar objetos de análise, e adotar métodos já consolidados em
outras áreas.

Além de voltar os olhos somente para o próprio interior, ter atenção e observar o
que há no ambiente pode ser muito útil para a compreensão de si mesmo e reforma
de hábitos e formulação de avanços. O mesmo para a ciência que abraçamos.
Nenhuma ciência pode ser analisada separadamente. Tampouco a natureza em
geral deve ser esquecida por qualquer ramo científico.

Segundo Stanislav Roudavski, existem diversos motivos que justificam o


uso da morfogênese biológica nos estudos da arquitetura:

-A arquitetura tende a resolver desafios que já costumam estar resolvidos


pela natureza;

-A arquitetura tem como objetivo trabalhar técnicas de crescimento e


adaptação, que têm paralelos na natureza;

-A arquitetura e a biologia têm uma linguagem em comum, pois ambas têm


como foco a modelação de crescimento e adaptação (ou morfogênese).
A imersão da arquitetura e o uso das engenharias computacionais no
campo da biologia contribuem também à própria biologia:

-Primeiro, porque componentes de organismos, se desenvolvem e se


especializam sob influência de condições contextuais (como reagir à
quantidade de luz, dinâmica de cargas, ou a abalos de todo tipo);

-Segundo, porque tanto na biologia quanto na arquitetura, a computação


e os modelos programáticos estão sendo aplicados cada vez mais, e estas
técnicas estão deslanchando para horizontes cada vez maiores.
#16
Os profissionais que usam ou abordam a morfogênese digital, costumam
ter em vista não o estudo das situações existentes, mas perscrutar e
desenvolver o que possivelmente virá a se tornar uma prática disseminada
na sociedade do futuro. É confirmado, através de recente experiência
destes profissionais, que a bioinspiração é muito frutífera para esse tipo
de inovação. (ROUDAVSKI, 2009, p. 348)

#17
6
Termo usado em biologia para células e complexos celulares que penetram uns aos outros
Retomando a morfogênese digital, podemos usar o que deduzimos dos modelos
naturais como lógicas para as fórmulas que serão usadas nos processos de geração de
formas (sintetizando algoritmos). Igualmente, podemos usar os próprios elementos
naturais como verdadeiras ferramentas de geração das formas e dos complexos
desejados (por exemplo, como usar uma bactéria para o preenchimento e reparação
de uma trinca ou desgaste em pilares submersos).

Isto posto, podemos afirmar que a morfogenia digital abrange métodos de conhecimento
e de geração de conhecimentos heurísticos sendo ligado à experimentação e à prática.
A heurística, é uma forma de contato com o conhecimento, descobrindo-o através de
um sistema experimental. Sendo assim, colocamos a seguir uma forma heurística de
entender a morfogênese digital, desmembrando os termos que apresentam correlação
com a mesma, a morfogênese e o design paramétrico.

#18

15
* texto anexo

Computação em Arquitetura

Podemos definir computação como o campo de estudo interessado na construção de


modelos matemáticos e técnicas de soluções numéricas utilizando computadores
para analisar e resolver problemas. De forma prática, é a aplicação de simulação
computacional e outras formas de computação para problemas em diversas
disciplinas científicas.A computação científica é atualmente considerada como um
terceiro modo da ciência, complementando a experimentação e teoria.

#19
* texto anexo
Em um artigo nos Cadernos de Arquitetura e Urbanismo da PUC – Minas, 2001,
José dos Santos Cabral Filho disserta sobre computação em arquitetura:

Após uma etapa de resistência, na qual os arquitetos evitaram o uso do


computador em larga escala, com a chegada de software e hardware
mais adequados, a tecnologia computacional foi eventualmente aceita
como ferramenta de ajuda à prática da profissão, especialmente na área
de produção de imagem. Ranulph Glanville considera que atualmente o
uso de computadores na arquitetura acontece de três formas. De acordo
com ele “as três abordagens são:

a) o computador em si;

b) o computador como ilustrador;

c) o computador como ‘ fazer’. (Glanville, 1992)

‘O computador em si’ refere-se ao uso de computadores em arquitetura,


sendo que os computadores seriam a própria arquitetura. Nesse
uso específico, o aparato computacional e o objeto arquitetônico se
confundem. De um lado, o edifício assume funções típicas da tecnologia
computacional - capacidade de responder (reagir) ao usuário e manipular
suas expressões; de outro, o computador adquire aspectos do objeto
arquitetônico, especificamente sua espacialidade. Essa combinação da
tecnologia computacional com a arquitetura não apenas inaugura todo
o campo dos ‘edifícios inteligentes’, mas também conduz à idéia dos
ambientes computacionais imersivos.

‘O computador como ilustrador’ diz respeito ao uso de computadores como


instrumento de representação no sentido usado em sistemas de CAD
tradicionais. Glanville refere-se a esta possibilidade como “ilustração de
projetos - o desenhista autômato”.

‘O computador como fazer’ refere-se “ao uso do computador para


gerar (novidade) para nós, desde nós e conosco”. Glanville refere-se a
coisas como “combinações ou pontos de vistas improváveis, associações
estranhas, descrições ou interpretações pouco familiares, combinações
e composições peculiares, fragmentações chocantes: automatizadas
ou criadas por e entre usuários trabalhando em conjunto ou sozinhos.”
(idem, 1992)18.

18
(CABRAL, 2001)
17
* texto anexo

Este último aspecto citado por Glanville é o que queremos tentar articular neste
momento, assim podendo utilizar o computador tal como uma ferramenta, de certa
forma, programável para executar tarefas, solucionar problemas e até mesmo
tomar decisões.
Em se tratando de termos mais específicos de computação, podemos definir um
computador com dois conceitos: Hardware e Software. O primeiro dizendo respeito
à máquina em si e o segundo a manipulação da máquina. Em outras palavras, o
software é uma programação virtual que manipula os dados inseridos e controla
o hardware que por sua vez executa, literalmente falando o que o software diz.
Poderíamos facilmente fazer uma comparação, dizendo que o hardware seria nosso
cérebro, assim como o software seria a nossa lógica e pensamentos. Por último,
poderíamos chamar o nosso corpo também de hardware, se este for devidamente
relacionado a um sistema robótico. Assim teríamos um software (lógica) que
controlaria um hardware (cérebro) que, por sua vez, controlaria outro hardware
(corpo) que por fim executaria fisicamente o que foi pensado.

Scripting

#20
* texto anexo
Linguagem de script (também conhecido como linguagem de scripting,
ou linguagem de extensão) são linguagens de programação executadas
do interior de programas e/ou de outras linguagens de programação, não
se restringindo a esses ambientes. As linguagens de script servem para
estender a funcionalidade de um programa e/ou controlá-lo, acessando
sua API e, são frequentemente usadas como ferramentas de configuração
e instalação em sistemas operacionais (Shell script), como por exemplo,
em alguns sistemas operacionais da família Linux, que usam a linguagem
bash. São também frequentemente usadas em jogos, como por exemplo,
o jogo Impossible Creatures, que usa a linguagem Lua para controlar as
ações dos personagens e o ambiente de batalha19.

Todas as linguagens de script são linguagens interpretadas, porém, nem


todas as linguagens interpretadas são linguagens de script. Os programas
escritos em linguagens de script são, normalmente, referidos como scripts.

O Scripting será de serventia na arquitetura como método de programação dos


softwares, como o grasshopper e o rhinoceros, que iremos utilizar para desenhar
parametricamente.

Robótica

Robótica é um ramo da tecnologia que engloba mecânica, eletronica e computação,


que atualmente trata de sistemas compostos por máquinas e partes mecânicas
automáticas e controladas por circuitos integrados, tornando sistemas mecânicos
motorizados, controlados manualmente ou automaticamente por circuitos
eléctricos20.

Para nós, a robótica será importante em dois momentos. O primeiro


trata-se da máquina como parte do sistema construtivo, na automação
de objetos construídos e na mecânica propriamente falando dos sistemas
arquitetônicos. O segundo está relacionado ao processo de fabricação
digital que, como veremos à frente, parte de uma automatização do
processo construtivo em si, levando a construção à quase que uma linha de
montagem.

19
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_de_script> Acessado em: 20/11/2010.
20
Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Rob%C3%B3tica> Acessado em: 20/11/2010.

19
DESIGN PARAMÉTRICO

Para compreender a enorme abrangência do termo design paramétrico temos que


entender como que o computador tornou-se uma ferramenta de extrema importância
para os arquitetos. Com o advento da informática, foram abolidas as técnicas manuais
de representação (nanquim e papel vegetal), pois o procedimento digital proporciona
vantagens gráficas tanto de produção quanto na representação. No entanto até
o advento do design paramétrico, as reais possibilidades de automatização que o
computador proporciona eram ainda subutilizadas. Em um artigo recente da Revista
AU, o professor Affonso Orciuolli disserta sobre como o design paramétrico pode ser
visto como uma vanguarda na produção arquitetônica.

#21

Recentemente a programação vem se posicionando como uma das vanguardas na


arquitetura contemporânea. Técnicas como scripting e parametria estão sendo
incorporadas aos programas de desenho, mediante tecnologia proveniente da
informática, como ciência pura e dura, como podem ser as linguagens Java, C++,
Python, VBnet etc. Essa convergência entre a geometria e a programação propõe
sistemas em que a geometria seria o resultado de uma série de correlações entre
diferentes “data”, “inputs”. Dispõe-se hoje de recursos que podem fornecer
informação pertinente à temperatura do interior de um edifício ao longo do ano,
mediante agentes como a ação do vento, a radiação solar ou os materiais. É o que
se define como “atratores”. A decisão da forma pode ser o resultado de uma análise
desses fatores. O sistema é capaz de apresentar soluções ao designer. Essa relação
de retroalimentação ( feedback) entre o designer e o computador se distancia do uso
da informática como representação gráfica.
#22

A geometria poderia ser o resultado da manipulação de informações que estão


relacionadas com o lugar, recursos energéticos, materiais, cultura local etc. Essa é
a mudança paradigmática que estamos vivendo, o que poderíamos chamar de terceira
fase da evolução informática-design. Para cada necessidade ou lugar existe uma série de
respostas. O computador pode auxiliar, mediante sua capacidade de cálculo, a verificar a
eficácia de um determinado projeto. E se mudamos algum parâmetro, este se vê afetado
no conjunto. Ao final, a arquitetura é um compêndio de componentes conectados e que
colaboram entre si. (ORCIUOLLI, 2010)7

O processo de “planejamento através de parâmetros” é um grande avanço para a tecnologia


de simulação, pois, diferente dos sistemas CAD meramente representativos, o processo
parametrizado permite alterações nos dados iniciais de um algoritmo de forma que o computador
automaticamente recalcula toda a formula à cada alteração. O Design Paramétrico torna-se
extremamente valioso, pois permite uma variabilidade nas informações inicias do projeto,
como o tamanho do um componente de um sistema. Se esse valor for alterado, o computador
refaz todo o cálculo e redesenha o produto final automaticamente. Isso faz com que possamos
trabalhar com geometrias cada vez mais complexas no planejamento arquitetônico.

No entanto, o design paramétrico ultrapassa os limites da computação gráfica. Quando


inserimos a robótica como recurso deste processo, abrimos novas portas para a produção
industrial. Parte dos produtos que antes necessitavam de inúmeros detalhes, informações
complexas e dias de trabalho para serem produzidas, podem, com a fabricação digital, ser
executados com mais agilidade e precisão.

7
(ORCIUOLLI, A, Projeto Assistido por Computador: ontem, hoje e amanhã, AU 108-111, AGO 2010)
21
* texto anexo

Biologia em Arquitetura

Biologia é o estudo da vida. É um campo da ciência empírica que examina a estrutura,


função, crescimento, origem, evolução e distribuição de seres vivos. Classifica
e descreve as várias formas de organismos e sua funcionalidade/interação com
o meio. Em adição a todos dos agrupamentos básicos e campos especializados
dentro da biologia, muitos campos de aplicações da biologia são mais complexos
e envolvem, adicionalmente, muitas sub-disciplinas especializadas como a
microbiologia.

#23
* texto anexo
O campo da biologia surgiu em vários momentos como forma de agregar
conhecimento em outras cadeiras da ciência, principalmente como maneira
de entender, e recriar o nosso próprio espaço. No século XIX, o estudo das
formas dos seres vivos teve uma grande evolução, com o aparecimento
de cientistas naturalistas como Ernst Haeckel. Este dissecou e catalogou
inúmeros seres vivos e, pela primeira vez na ciência, registrou a topologia e
organização de seres microscópicos.

#24
* texto anexo

Formas complexas encontradas na natureza sempre inspiraram arquitetos de todo


o mundo em sua criação formal e estrutural. Temos como exemplo o arquiteto
espanhol Santiago Calatrava que utiliza da estética da natureza para criar suas
obras arquitetônicas.

“Frequentemente inspirado por formas orgânicas como esqueletos,


seus trabalhos elevaram o desenho de certas obras de engenharia para
novos patamares. Calatrava gosta de evidenciar o movimento das forças
que animam as construções. Introduz soluções móveis e configurações
dinâmicas, freqüentemente assimétricas.”21

Ou outro arquiteto catalão, Antoni Gaudí


que também se inspirava nas formas da
natureza não apenas para vislumbrar sua
formalidade, mas para compreender as
complexas estruturas naturais e tentar de
alguma maneira recriá-las em aplicações
arquitetônicas.

#25
“Uma parte da geometria inerente à obra de Gaudí poderia ser associada aos referentes
naturais e culturais que observou o arquiteto com uma complacência especial durante
a juventude. Em sua primeira fase, o conhecimento de estilos adquirido na biblioteca da
Escola de Arquitetura, as observações nos campos de Réus, as inúmeras excursões por
toda a Catalunha etc., constituíram uma fonte de inspiração formal, o surgimento de um
ecletismo embrionário. Manifestava tanto interesse pela natureza que, em 1871, sem
haver ainda cursado a disciplina de Mecânica racional, matriculou-se entre outras em
História natural, na qual foi aprovado, apesar de não ser matéria obrigatória do curso de
arquitetura.”22

#26

21
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Santiago_Calatrava>. Acessado em: 20/11/2010.
22
KATINSKY, J. R. 2004
* texto anexo
Agentes
Iremos utilizar dos conceitos de agentes e entidades para correlacionar os
elementos biológicos com a lógica algorítmica em que vamos desenvolvê-los.

#27

Em biologia, São entidades autônomas, que toma decisões sozinhas sem a interferência
de um sistema ou outra entidade. Um agente é capaz de interagir com o ambiente à
sua volta e com outros agentes, escolhendo confiar e cooperar ou não com os mesmos.

Em computação, O agente inteligente, é aquele que adota a melhor ação possível diante
de uma situação, está presente na resolução de uma infinidade de problemas dos
usuários comuns. Hoje, a internet conta com diversas iniciativas que utilizam agentes,
desde sites que comparam preços de produtos para compra até mecanismos de busca
inteligentes, que navegam dentro das páginas web, apresentando o resultado da busca
classificado pelo grau de acerto e relevância dos assuntos.

Um agente é definido como uma entidade computacional que funciona de forma


contínua e autônoma em um ambiente restrito, ambiente no qual, podem existir outros
agentes com características comuns ou não. Informalmente um agente é alguém ou
alguma coisa que atua como um procurador com propósito específico de realizar ações
que podem ser entendidas como benéficas dentro do contexto onde ele atua.

Um sistema poderá ser visto como um agente se for capaz de perceber seu ambiente
por meio de sensores e de agir sobre esse ambiente por intermédio de atuadores
agregando as características como autonomia, habilidade social, reatividade e pró-
atividade.23

23
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Agente_inteligente> Acessado em: 20/11/2010.
25
Da relação entre digital design, fabricação assistida por computador e novos materiais
surge a de produção de objetos com máximo controle de suas propriedades físicas e
geométricas, e de uma produção “massificada e customizada”. Destacam-se a precisão,
a rapidez, a qualidade de acabamentos e a relação entre projeto e execução, aproximando
o designer ao processo de fabricação. O desenho já é o projeto, e o mesmo desenho pode
ser construído com a informação que leva consigo.

Os arquitetos Gramazio e Kohler (www.gramaziokohler.com) do Eidgenössische Technische


Hochschule (ETH de Zurique), um dos centros acadêmicos de maior prestígio na pesquisa
e uso de tecnologias digitais, idealizaram um novo sistema de construção à base de “robô
e tijolos”.

R-O-B, o nome do robô, estende a tradicional pré-fabricação com as vantagens da


fabricação just-in-time, e no lugar da construção. Está baseado em um sistema controlado
por computador, onde um robô industrial produz elementos construtivos diretamente a
partir de informação digital (data).

O robô trabalha com total liberdade de movimento para mudar de ferramenta ou de


material. O braço do robô agarra os tijolos e os coloca seguindo as instruções do desenho.
Gramazio e Kohler experimentam as possibilidades do design, construção e máquinas-
ferramentas a partir de descobertas às vezes aleatórias e comuns em processos de design
digital. (ORCIUOLLI, A. O impacto das tecnologias de fabricação digital nos processos de
design, AU versão digital)8.

#28

Quando formos fazer a conexão entre o design paramétrico e a lógica morfogenética, a


tecnologia de fabricação digital será de extrema importância para entendermos como
pode existir a manipulação automatizada dos agentes biológicos e conseqüentemente uma
robotização de um processo construtivo que parte de entidades biológicas.

8
Disponível em: <http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/183/artigo141180-2.asp> Acesso em: 20/11/2010
MORFOGÊNESE

No campo específico da biologia, a morfogênese está diretamente ligada às tendências genéticas


da natureza, entendendo genética, ou gênese, como criação e evolução. Logo, temos morfogênese
como a lógica natural que controla tudo: desde a maneira como as moléculas se conectam até a
forma com que um ser vivo passa por um processo de metamorfose. Esta lógica define em seu
contexto todos os comportamentos sobre as variáveis que podem acontecer no percurso.

#29

Sendo um pouco mais específico, morfogênese (literalmente, “princípio da forma”), é o processo


biológico que faz com que um organismo desenvolva a sua forma. É um dos três aspectos
fundamentais da biologia do desenvolvimento ou “emergence”, juntamente com o controle do
crescimento celular e diferenciação celular.

O processo morfogenético controla a distribuição espacial organizada das células durante o


desenvolvimento embrionário de um organismo.Ele pode ocorrer também em um organismo
maduro, em cultura de células ou massas celulares dentro de um tumor. Morfogênese também
descreve o desenvolvimento de formas de vida unicelulares que não possuem uma fase
embrionária do seu ciclo de vida, ou descreve a evolução de uma estrutura de corpo.

Respostas morfogênicas podem ser induzidos em organismos por hormônios ou por agentes
químicos que variam de substâncias produzidas por outros organismos a produtos químicos
tóxicos.

27
Algumas das primeiras idéias sobre como os processos físicos e matemáticos que
afetam o crescimento biológico foram escritos por D’Arcy Wentworth Thompson9.
Estas obras postularam a presença de sinais de processos químicos e físico-
químicos, tais como difusão, ativação e desativação do crescimento celular e
orgânico. Eram até então, a melhor compreensão dos mecanismos envolvidos em
organismos reais, desencadeando a descoberta do DNA, do desenvolvimento da
biologia molecular e da bioquímica.

#30

A Morfogênese surge devido a alterações na estrutura celular e da interação


celular nos tecidos10. Quando as células interagem fisicamente, elas se movem de
forma a maximizar o contato entre as células do mesmo tipo. A sua habilidade para
fazer isso vem da adesão celular diferencial.

Durante o desenvolvimento embrionário, as células são restritas a diferentes


camadas devido a diferentes afinidades. Uma das maneiras que isso pode ocorrer
é quando as células compartilham a mesma moléculas de adesão. Por exemplo,
a adesão celular homotípica pode manter limites entre grupos de células que
possuem moléculas de adesão diferentes.

9
WENTWORTH, D. 1992.
10
GILBERT, S. 2000.
Se pegarmos a lógica tendencial que especifica os comportamentos das variáveis que existem
em qualquer entidade ou processo biológico e conseguirmos transcrevê-la e traduzir-la
em informações computacionais (parâmetros), poderemos compreender e manipular os
elementos naturais, programando-os para que ajam da maneira que desejarmos. Isto abre
um novo leque de possibilidades construtivas e analíticas para a arquitetura. Pensando
futorológicamente podemos imaginar, por exemplo, possibilidades de mutações e processos
evolutivos em objetos arquitetônicos, que veremos próximo capítulo deste ensaio.

#31
OS PRODUTOS
Neste capitulo vamos sintetizar o processo que vimos acima e demonstrar como os
elementos citados podem ser de interesse da arquitetura.

Vamos mostrar produtos arquitetônicos derivados da morfogênese digital e


de outros substratos interconectados em rede. Os primeiros produtos a serem
apresentados serão os denominados topológicos e os de manipulação.

Depois que definirmos os conceitos desses, vamos agregar a eles outros


conhecimentos e reconectá-los obtendo novas possibilidades. Esta conexão vai
produzir novos resultados, no caso, Estáticos e Dinâmicos. Isto quer dizer que,
um produto da lógica complexa não é necessariamente o ponto final do raciocínio.
Ele pode ser inserido novamente no algoritmo como variável e ser determinante de
outros “outputs”.

#32
Produtos Topológicos
São produtos que passam pelo processo de planejamento digital paramétrico e
usam como linha do processamento lógicas da natureza. Porém, apesar disso,
são estritamente formais, tendo como função principal expressar um sistema
estrutural ou estético. Em outras palavras, estamos falando de experimentações
computacionais de formalismos biológicos aplicados à arquitetura.

Temos como exemplo um projeto desenvolvido pelos estudantes Ayman Ibrahim


Basha, Noelle Osk,Qutaiba e Qadore Zena Alshebel durante o workshop “Digital
Architectural Tools as strategy for design”11 que aconteceu em 2010 no Arab
International University. Este projeto tem como base alguns sistemas biológicos,
como água e vento que constituem a espinha dorsal da idéia, influenciando
diretamente em sua estética formal. Esta, por sua vez é constituída de uma pele
(casca) estruturalmente baseada em topologias encontradas em micro estruturas.

#33

11
Disponível em: http://ditsad.wordpress.com/2010/05/29/deltadot-final-presentation/ Acessado em: 20/11/2010

31
Produtos de Manipulação
Os produtos de manipulação lidam com a programação analógica de entidades12
biológicas, isto é, se sabemos que uma bactéria se comporta de certa maneira
em um ambiente específico, podemos prover este ambiente para ela para que
intencionalmente ela se comporte da maneira que queremos. Então estaremos, de
forma controlada, programando os agentes biológicos e usando-os como matéria
prima.

Vejamos o trabalho da doutora Hunter Cole com as Bactérias Bioluminescentes13.


Ela manipula algumas bactérias com propriedades de bioluminescência para criar
desenhos e produtos emissores de luz.

#34

Acredito que, apesar desta tecnologia, hoje, ser aplicada apenas em escala de
laboratório, pode gerar produtos de grande escala aplicados diretamente à arquitetura.
Uma vez que temos uma sociedade dependente em energia elétrica, a elaboração
de componentes biológicos emissores de luz, que funcionam sem a necessidade de
eletricidade, pode revolucionar alguns aspectos da arquitetura e do urbanismo.

12
Ver “agentes” no anexo 01
13
COLE, H. 2006.
#35

#36

33
Produtos Estáticos
A estaticidade dos produtos assim denominados está vinculada à rigidez de sua
estrutura formal. Uma vez construídos, estes objetos, apesar de surgirem a partir
de reagentes biológicos, cessam seu processo evolutivo, interagindo apenas com as
intempéries naturais, tal como uma construção qualquer.
Estes produtos são uma das possíveis combinações entre as topologias criadas
a partir das lógicas naturais e das entidades biológicas usadas como reagente
principal. Isto é, pegamos um agente biológico para utilizá-lo como matéria prima e
o submetemos a uma lógica natural sintetizada em computação paramétrica.
Vejamos um exemplo, em seu projeto Dune, o arquiteto Magnus Larsson usa da
manipulação de uma bactéria para criar uma estrutura arquitetônica no deserto
da Mauritânia com o objetivo de estabelecer construções habitáveis em locais
muito áridos. Ele propõe um sistema computadorizado de fabricação digital para a
aplicação das bactérias no meio.

#37
#38

Um microorganismo em particular, Bacillus pasteurii, é liberado através do dunescape


(uma analogia pode ser feita em uma impressora 3D de grandes dimensões), o que provoca
uma reação biológica que transforma a areia em arenito sólido. As reações iniciais terminam
dentro de 24 horas e levaria cerca de uma semana para saturar a areia suficiente para
tornar a estrutura habitável. As bactérias não são patogênicas e morrem no processo de
solidificação da areia. A parte experimental do projeto baseia-se em pesquisas realizadas
pela equipe do professor Jason De Jong do Laboratório de Solos, UC Davis , bem como
conversas com o professor Ciurli Stefano na Universidade de Bolonha.

A forma arquitetônica é derivada do tafoni, uma estrutura de rocha cavernosa. Estas


formas são porosas e têm uma grande superfície de contato. A diferença de temperatura
entre o interior das dunas torna possível a criação de pontos nodais que podem tanto
apoiar a coleta de água e criar zonas de conforto térmico. Desta forma, podemos começar
a “desenvolver” oásis controlados no deserto. (LARSSON, 2010)

#39 #40 35
Um microorganismo em particular, Bacillus pasteurii, é liberado através do
dunescape (uma analogia pode ser feita em uma impressora 3D de grandes
dimensões), o que provoca uma reação biológica que transforma a areia em
arenito sólido. As reações iniciais terminam dentro de 24 horas e levaria cerca
de uma semana para saturar a areia suficiente para tornar a estrutura habitável.
As bactérias não são patogênicas e morrem no processo de solidificação da
areia. A parte experimental do projeto baseia-se em pesquisas realizadas pela
equipe do professor Jason De Jong do Laboratório de Solos, UC Davis14 , bem
como conversas com o professor Ciurli Stefano na Universidade de Bolonha.
A forma arquitetônica é derivada do tafoni, uma estrutura de rocha cavernosa.
Estas formas são porosas e têm uma grande superfície de contato. A diferença
de temperatura entre o interior das dunas torna possível a criação de pontos
nodais que podem tanto apoiar a coleta de água e criar zonas de conforto térmico.
Desta forma, podemos começar a “desenvolver” oásis controlados no deserto.
(LARSSON, 2010)

#41

Apesar de ser um projeto de cunho experimental e ainda apenas testado em escala de


laboratório, esta tese mostra o quão ricas podem ser as especulações arquitetônicas
que levam em consideração o uso de tecnologias biológicas assimiladas a sínteses
computacionais e como que estas novas tecnologias podem agregar formas
diferenciadas de aplicação da arquitetura.

14
DEJONG, J. 2006
Produtos
Dinâmicos
Ao Contrário dos produtos estáticos, estes aqui referidos possuem certo nível
de imprevisibilidade quanto ao seu resultado final. Neste processo, os agentes
biológicos, utilizados como matérias primas e sintetizados a partir do planejamento
digital, vão gerar formas e produtos mutáveis e adaptáveis ao ambiente, sendo que o
próprio meio será um fator determinante na sua topologia final.

Arquitetos ao longo dos tempos têm comparado o ambiente construído com


sistemas biológicos. No entanto, a arquitetura moderna não está viva , leteralmente
falando, pois é feita de materiais inertes que são beligerantes e desligados do
mundo natural. Entretanto a biologia é muito mais importante para a prática
da arquitetura que apenas no fornecimento da inspiração para novas formas e
estéticas. Os processos biológicos são fundamentais para a prática de arquitetura
em termos de desenvolvimento de materiais mais dinâmicos e ecologicamente
integrados. O arquiteto Neil Spillers do AVATAR(Advanced Virtual and Tecnológic
Architecture)l Research) trabalha em um grupo para investigar os materiais e
ambientes naturais de modo que a energia e o fluxo de informações transitem
livremente entre a arquitetura e a biosfera como um processo integrado.

#42
37
O desenvolvimento de materiais que possuem um metabolismo para a utilização
na prática arquitetônica pode conferir algumas das propriedades dos sistemas
vivos em nossas cidades. Estes materiais metabólicos permitem mutações na
arquitetura ao longo do tempo, utilizando de fontes locais de energia e matérias-
primas, respondendo às variações do ambiente urbano. Por exemplo, os
materiais metabólicos podem ser projetados para extrair o dióxido de carbono
e outros gases do ar e liberam oxigênio no ambiente. Esses materiais podem
ainda realizar novas funções que não são encontrados na natureza como remover
toxinas ou nanopartículas do ambiente e processá-las em substâncias mais
seguras. Gradualmente, cidades poderão corresponder aos ambientes e habitats
locais, geograficamente distintos, para criar formas metropolitanas e urbanas
cuja fisiologia especiação e variabilidade seriam comparáveis às observadas nos
sistemas biológicos. (ARMSTRONG, 2009) 15

Future Venice16 é um projeto em que a doutora Rachel Armstrong propõe uma


maneira de reestruturar os pilares da cidade de Veneza, utilizando-se da
programação biológica17 de um componente chamado protocélula. Esta protocélula
interage com o meio aquoso solidificando partículas de CO2 e, inserida no mar sob
Veneza, interagiria com os pilares formando uma camada rochosa reestruturando-
os. Entretanto a topologia final não pode ser definida ao certo, sendo que inúmeros
fatores do ambiente irão influenciar durante o processo.

#43

15
ARMSTRONG, R. 2009
16
ARCHITECTURE that repairs itself?. 2009
17
Assim como os computadores, se entendermos a lógica
dos componentes biológicos, podemos programá-los
nanotecnológicamente através de processos químicos, com o
objetivo de que executem tarefas definidas por nós.
Este projeto, testado apenas em laboratório representa, a meu ver, uma das correntes
mais contemporâneas da produção arquitetônica, proporcionando visibilidade no
campo da pesquisa e demonstrando uma interpretação livre das possibilidades do
processo de produção em arquitetura.

#44

#45 39
ENSAIO HIPOTÉTICO

Acredito que, assim como a biologia, outros campos da ciência podem ser
determinantes em alguns produtos e processos arquitetônicos, enriquecendo e
dinamizando a arquitetura contemporânea.

Da mesma forma em que vimos a combinação de biologia e computação, produtos


derivados de conexões em outros campos da ciência podem ser de mesma
relevância. Durante a elaboração deste trabalho, imaginamos outras aplicações da
lógica complexa na arquitetura. Vamos aqui exemplificar duas dessas suposições,
para demonstrar como este raciocínio pode ser aplicado em outros campos.

Combinando física, química e robótica, poderíamos imaginar um produto químico


que cristalizaria outro produto líquido qualquer formando uma rocha dura e
resistente. Essa mistura poderia ser colocada em um sistema robótico que jorraria
os dois produtos simultaneamente podendo gerar construções e espaços com um
tipo de topologia baseada nas leis da física de fluidos.

Ou então, se fizermos uma combinação entre nanotecnologia e a ciência dos


materiais, poderíamos supor estruturas moleculares programáveis, onde teríamos,
em um mesmo material, uma instância evolutiva. Por exemplo, um material que
lidasse diretamente com mudanças de temperatura e alterasse sua composição
para se adaptar a cada ambiente.

Estes exercícios futurísticos estão colocados em âmbito de exemplificar esta


maneira de raciocínio demonstrando possíveis outras conexões.

#46
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A idéia deste trabalho partiu de uma inquietação pessoal quanto aos os


processos de planejamento ensinados na escola de arquitetura. Acredito
que a experimentação de novas hipóteses e a investigação em combinações,
mesmo que à primeira vista absurdas, pode vir a acrescentar muito na
produção do conhecimento no ramo da arquitetura.

Além disso, estamos através deste estudo expondo uma tendência da


arquitetura contemporânea de usar a multiplicidade do conhecimento
para criar produtos cada vez mais complexos.
Neste ensaio, colocamos a morfogênese digital como um exemplo heurístico,
representando a maneira de seguir uma linha de raciocínio complexo para
gerar produtos arquitetônicos. Fizemos uma pequena incisão neste vasto
assunto que permeia as formas da arquitetura contemporânea. No entanto,
para chegarmos a uma conclusão mais presente, serão necessários anos
de pesquisa e análise do assunto.

Da mesma maneira que vislumbramos um potencial para a proposta


no campo da morfogênese, esperamos que outras modalidades
do conhecimento, possam vir a se agregar na prática projetual da
arquitetura. Nosso objetivo não é solucionar ou dar respostas quanto à
maneira de praticar o planejamento em arquitetura. Desejamos que ao
compreenderem as inúmeras possibilidades combinatórias dentro dos
campos da ciência, outros pesquisadores possam agregar conhecimentos
e fórmulas a esta lógica híbrida. Com isso, queremos não apenas imaginar
e produzir produtos antes não vislumbrados neste campo, mas incentivar
os arquitetos e estudantes de arquitetura a buscar por novos métodos de
planejamento e formas de se pensar a arquitetura.

41
Referências Bibliográficas

• Agente Inteligente, WIKIPEDIA, novembro 2010. Disponível em: <http://pt.wikipedia.


org/wiki/Agente_inteligente> Acessado em: 20/11/2010.
• ARCHITECTURE that repairs itself?. Rachel Armstrong. versão digital. 7:32 minutos.
TED. Londres. Julho 2009. Disponível em: <http://www.ted.com/talks/rachel_armstrong_
architecture_that_repairs_itself.html> Acessado em: 20/11/2010.
• ARMSTRONG, Rachel. Living Architecture. Londres. 2009. Disponível em: <http://www.
rachelarmstrong.me/> Acessado em: 20/11/2010
• CABRAL FILHO, José dos Santos. Tecnologia computacional: desaparecimento ou
renascimento da arquitetura. Revista da PUC – Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo
Horizonte, v. 8, n. 8, p. 117-127, fev. 2001.
• CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Ed.
Cultrix. 2002.
• CLOSING THE GAP, AD, Londres: Wiley-Academy, março/abril 2009.
• COLE, Hunter. Living Drawings Created with Bioluminescent Bacteria, Chicago, 2006.
Disponível em: < http://www.huntercole.org/artgallery/livingbacterialdrawings/index.html>
Acessado em: 20/11/2010.
• DEJONG, J. Microbial Induced Cementation to Control Sand Response to Undrained
Shear. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, 2006, Vol. 132, No. 11, pp.
1381-1392. Disponível em : <http://www.sil.ucdavis.edu/projects-bsi.htm> Acessado em:
20/11/2010.
• DELTA:DOT FINAL PRESENTATION, Publicado em 29/04/2010, Disponível em: <http://
ditsad.wordpress.com/2010/05/29/deltadot-final-presentation/>. Acessado em: 20/11/2010.
• EMERGENCE: MORPHOGENETIC DESIGN STRATEGIES, AD, Londres: Wiley-Academy,
julho 2004.
• GILBERT, Scott F. (2000). Morphogenesis and Cell Adhesion. Developmental biology (6th
ed.)Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/bv.fcgi?highlight=morphogenesis&rid
=dbio.section.372.> Acessado em: 20/11/2010.
• KATINSKY, Julio Roberto. Gaudí e o Brasil. In: Gaudi: a procura da forma.. São Paulo:
Instituto Tomie Ohtake, 2004 (Catálogo de Exposição).
• LARSSON, Magnus. Dune. AA. Londres, 2007. Disponível em: <http://www.
magnuslarsson.com/architecture/dune.asp> Acessado em: 20/11/2010.
• Linguagem de Script, WIKIPEDIA, outubro 2010. Disponível em: <http://pt.wikipedia.
org/wiki/Linguagem_de_script> Acessado em: 20/11/2010.
• NEOPLASMATIC DESIGN, AD, Londres: Wiley-Academy, novembro/ dezembro 2008.
• ORCIUOLLI, Affonso. O impacto das tecnologias de fabricação digital nos processos
de design, AU, Disponível em: <http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/183/
artigo141180-2.asp> Acesso em: 20/11/2010.
• ORCIUOLLI, Affonso. Projeto Assistido por Computador: ontem, hoje e amanhã, AU,
108-111, agosto 2010.
• PROTO ARCHITECTURE, AD, Londres: Wiley-Academy, julho/agosto 2008;
• Robótica, WIKIPEDIA, novembro 2010. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Rob%C3%B3tica> Acessado em: 20/11/2010.
• ROUDAVSKI, Stanislav. Towards morphogenesis in architecture. International Journal of
Architectural Computing, Multi-Science Publishing, 2009.
• Santiago Calatrava, WIKIPEDIA, novembro 2010. Disponível em: <http://pt.wikipedia.
org/wiki/Santiago_Calatrava > Acessado em: 20/11/2010.
• TECHNIQUES AND TECHNOLOGIES IN MORPHOGENETIC DESIGN, AD , Londres:
Wiley-Academy, março/abril 2006.
• VERSATILITY AND VICISSCITUDE, AD, Londres: Wiley-Academy, março/abril 2008.
• WENTWORTH, D’Arcy. On Growth and Form, Dover reprint, Cambridge, 1992(original de
1917)
Bibliografia das Imagens
Todas as Referências aqui colocadas foram acessadas em 20/11/2010.

1 - http://burak-arikan.com/wp-content/uploads/2010/10/antakya-biennial-artists-network-2010-burak-arikan-3b-l.
jpg
2 - http://www.springerimages.com/img/Images/Springer/PUB=Springer-Verlag-Berlin-Heidelberg/JOU=00427/
VOL=2009.219/ISU=8/ART=2009_303/MediaObjects/LARGE_427_2009_303_Fig2_HTML.jpg
3 - http://www.grasshopper3d.com/photo/ulyial6-view03?context=album&albumId=2985220%3AAlbum%3A20547
4 - http://blogs.artinfo.com/inview/files/2010/07/Roxy-Paine-Maelstrom-at-the-Met1.jpg
5 - http://api.ning.com/files/Yafo7I8RlO2WnApSlwzSXQGj5AaqzeBai7h4WqJytrX*pAi1y-fSQZN2ef8ei4B8/P1010306.JPG
6 - http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/de/Tree_of_life_by_Haeckel.jpg
7 - http://www.photoplaza.nl/lindolfi/photobloghighslide/photoblogbwgalleryNature.html
8 - http://www.photoplaza.nl/lindolfi/blogimageslarge/bones.jpg
9 - http://www.skytopia.com/project/fractal/new/full/q30/Pow3hope1.jpg
10 - http://www.enchgallery.com/fractals/fractal%20images/organized1.jpg
11 - http://www.archinect.com/images/uploads/showcase_species_of_space_14x.jpg
12 - http://www.archinect.com/images/uploads/showcase_species_of_space_03x.jpg
13 - http://www.photoplaza.nl/lindolfi/Darcy-Wentworth-Thompson.jpg
14 - http://www.flickr.com/photos/morphicx/4419395100/sizes/o/in/photostream/
15 - http://caliban.mpiz-koeln.mpg.de/haeckel/challenger/Nassellaria/400dpi/p060.jpg
16 - http://caliban.mpiz-koeln.mpg.de/haeckel/challenger/Nassellaria/400dpi/p060.jpg
17 - http://caliban.mpiz-koeln.mpg.de/haeckel/challenger/Phaeodaria/400dpi/p117.jpg
18 - http://farm1.static.flickr.com/37/104483827_c67f936d57_o.jpg
19 - http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/11/Uomo_Vitruviano.jpg
20 - http://farm4.static.flickr.com/3337/3221736401_2a44d5c7c9_o.jpg
21 - http://farm4.static.flickr.com/3391/3518685524_2479da5e8c_o.jpg
22 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/04/soundscape_04.jpg
23 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/04/soundscape_02.jpg
24 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/04/soundscape_03b.jpg
25 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/04/structure_test_01.jpg
26 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/04/structure_test_03.jpg
27 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/04/structure_test_03.jpg
28 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/02/library_07b.jpg
29 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/02/library_05b.jpg
30 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/02/library_06dd.jpg
31 - http://fachwerk.files.wordpress.com/2009/05/03_final-programmatica.jpg
32 - http://fachwerk.files.wordpress.com/2009/05/04_final-structural.jpg
33 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/08/c_07b.jpg
34 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/08/day_c_top_01b.jpg
35 - http://cdn.berryreview.com/wp-content/uploads/2010/06/3d_printed_glass_m__bius_net.jpg
36 - http://www.quadrametrics.com/portfolio/reprap/reprap_xaxis_big.JPG
37 - http://api.ning.com/files/DaYl3ecCEqKYEF2QQQsGBwEd59anRq3oj26WuMeyfFv3dGqLhWXywafanWmFOmkNTW
UZJDSBcc8cssWipxUlamwVAd9-oO-b/DSC_2295.jpg
38 - http://derekcoonan.files.wordpress.com/2009/11/model-processphotos-copy.jpg
39 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/05/03.jpg
40 - http://archimorph.files.wordpress.com/2010/10/horizontal-plane-test_003c-copy.jpg
41 - http://www.ece.illinois.edu/eshop/pcbdesign/WeidmannBoard.JPG
42 - http://2.bp.blogspot.com/_fvaenn1oNd8/TLygtgnpJrI/AAAAAAAAAiw/smTXEuFSyOY/s1600/new+voronoi+copy.png
43 - http://www.bustler.net/images/news2/world_architecture_festival_2010_winners_07.jpg
44 - http://www.australiandesignreview.com/data/images/contents/0004/2070/Machine_DSC0001.jpg
45 - http://www.google.com/imgres?imgurl=http://motjustecollective.files.wordpress.com/2009/11/dsc_0062.
jpg&imgrefurl=http://motjustecollective.wordpress.com/category/interior/&usg=__VEoh6nKunSZ441UuJpxlDKWqqJQ
=&h=2592&w=3872&sz=4235&hl=en&start=19&sig2=tOqWchX1APViQOu-GQITsw&zoom=1&tbnid=tTzNNBONsNnaX
M:&tbnh=104&tbnw=138&ei=FOnmTPH4EsH_lgfyv-yOCQ&prev=/images%3Fq%3Dparametric%2Bdesign%26hl%3D
en%26biw%3D755%26bih%3D377%26addh%3D36%26tbs%3Disch:1,isz:lt,islt:10mp&itbs=1&iact=rc&dur=455&oei=C-
nmTNycIoL68Aaul7jADA&esq=3&page=3&ndsp=9&ved=1t:429,r:2,s:19&tx=87&ty=56
46 - http://api.ning.com/files/uuE18mzLGmDqYGzrA--WgO2p5sUFgkADlVF7YzBneNf0kycWKXfuGeO0DguQXoJs3VrA5
zXCl*73gYf0C9BER2oaNR8126sG/ParametricModelling.jpg
47 - http://artpulsemagazine.com/wp-content/uploads/2010/03/tml_100208__3914-1.gif
48 - http://matei23.files.wordpress.com/2008/11/dsc_0203.jpg
49 - http://socialtechnologies2010.files.wordpress.com/2010/04/img_1108.jpg
50 - http://www.jic.ac.uk/science/cdb/Images/Dolan_Fig_Ann_report(jpg).jpg
51 - http://www.larsagundersen.no/old/illustrasjoner/HyperBig.jpg
52 - http://bluefish.openoffice.nl/screenshots/html-js-css-tooltip-matching-brackets-charmap.png
53 - http://cmuarch2013.files.wordpress.com/2009/07/calatrava-com-1-32.jpg
54 - http://www.surfthedream.com.au/__data/assets/image/0014/2435/gaudi.jpg

43

Anda mungkin juga menyukai