Créditos
diagramação - Tiago C. Eiras
colaborador - Lucas A. Pinto
Belo Horizonte
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC-MG 2010
Sumário
Introdução............................................................................1
O Hibridismo no Conhecimento...........................................3
A lógica Complexa................................................................5
f
INTRODUÇÃO
Um sistema pode ser considerado híbrido quando possui diferentes meios de abordagem
ou aplicação. O processo de design (planejamento) será híbrido, por exemplo, se
levarmos em consideração que lidamos com interdisciplinaridades e um conhecimento
abrangente, sendo tudo que criamos parte de uma série de memórias e de um colecionismo
de informações que guardamos ao longo da vida.
#1
#3
#4
3
Quântica com Nanotecnologia tal como Matemática e Geografia, por exemplo, se
colocados em uma estrutura lógica compreensível, podem produzir outras pesquisas de
interesse da arquitetura.
Sendo assim, estamos propondo uma visão diferenciada do método de se pensar a
arquitetura a partir de uma forma de raciocínio lógico, adicionando focos de conhecimento
à linha de pensamento, tornando-o mais complexo e possibilitando aplicações diversas.
No entanto, nesta
proposta em questão, como
citado acima e no intuito de
descobrir novos processos
projetuais em arquitetura,
vamos analisar especificamente
a possibilidade combinatória da
biologia, computação e matemática
e, como exemplo, vamos verificar um
conceito já utilizado na arquitetura
que interconecta estes elementos, a
Morfogênese Digital. Para isso vamos
usar destes temas e dos seus radicais
relacionados (o que não impede que outras
lógicas combinatórias funcionem da mesma
maneira). Neste caso, o conhecimento da
arquitetura em si não entra como um radical
do algoritmo (apesar estar introjetada no
conhecimento corriqueiro dos arquitetos),
mas sim como um produto. Isso, pois quando
estamos falando de método de raciocínio ou
lógica algorítmica, queremos frisar o processo
de criação assim como o entendimento das
partes. Logicamente, estes processos vão
produzir resultados específicos (no caso,
arquitetônicos), no entanto o foco deste
caderno é vislumbrar
#5
A LÓGICA COMPLEXA
Com base nesta definição, propomos uma maneira sistêmica e coerente de seguir uma
linha de raciocínio que tem como função organizar uma multiplicidade de idéias. Essa
multiplicidade pode ser vista a partir de infinitos campos de conhecimentos nos quais a
inteligência humana se baseia.
Estamos falando de lógicas complexas que estão cada vez mais presentes na sociedade
contemporânea. Podemos, por exemplo, fazer um paralelismo da multiplicidade do
conhecimento com a complexidade cultural vigente. Se analisarmos a tendência à
diversidade da sociedade contemporânea, vamos observar que estamos tendo mais
acesso às informações e lidando com fórmulas cada vez mais complexas tanto nos
âmbitos sociais quanto nos intelectuais. A particularidade e a complexidade é a
condição pós moderna. A própria disposição da internet no cotidiano já cria uma rede
de informações que multiplica ao infinito a universalização de idéias.
Vale lembrar que a intenção deste estudo é demonstrar como as lógicas em rede podem
diferenciar o processo de planejamento em arquitetura e torná-lo mais rico, abrangendo
campos diversos do conhecimento. Vamos como exemplo, tentar compreender através
desta lógica em rede um processo complexo de planejamento em arquitetura.
Para descrever o algoritmo vigente do ensaio, poderemos dizer que começaremos com
alguns campos da ciência, especificamente biologia, matemática e computação; em
seguida pegaremos sub-temas destes campos como design paramétrico e morfogênese,
entre outros, que se conectarão entre si e irão gerar um processo arquitetônico chamado
Morfogênese Digital. Deste processo poderemos retirar então, alguns produtos teóricos,
conceituais e físicos que são de relevância para a arquitetura contemporânea. Tais
produtos serão, assim como o processo, explicados e exemplificados melhor ao decorrer
do ensaio.
A visualização gráfica das redes pode facilitar o entendimento do sistema como um todo.
Para se compreender os sistemas complexos em geral, assim como o sistema proposto
neste trabalho, faz-se necessária uma leitura dinâmica em um método de paratexto1 .
Isto é, precisa-se de uma leitura que acompanhe a linha geral do raciocínio ao mesmo
tempo em que se vislumbra os detalhes da rede em questão.
Quando falamos então em Morfogênese Digital, faz-se necessário entender quais são
os substratos dessa teoria, no caso o design paramétrico e a morfogênese. Ao mesmo
tempo, para a compreensão do que é o design paramétrico ou a morfogênese, faz-
se necessário o entendimento de outros substratos, agora vinculados aos termos em
questão. Teremos assim uma leitura em árvore difícil de ser compreendida de forma
linear2 . Quando falamos de paratexto estamos literalmente nos referindo à hiperlinks
ou informações múltiplas agregadas à um determinado termo. Por isso o uso do algoritmo
como organização gráfica. Ou seja, se temos a possibilidade de indexar conhecimentos
em ícones ou palavras, podemos organizar lógicas complexas de maneira que possamos
entendê-las e manipulá-las.
1
texto em formato digital, ao qual agrega-se outros conjuntos de informação.
2
CAPRA.F, 2002, p.13
5
#6
#7
MORFOGÊNESE DIGITAL3
O conceito de morfogênese digital ou morfogênese computacional tem base na dicotomia
(relação) entre morfogênese e design paramétrico. De forma mais extensa, a morfogênese
digital define a combinação de um processo lógico extraído da morfogênese (biologia), e um
método tecnológico que usa como base o design paramétrico.
#8
julho, 2004;Versatility and Vicisscitude, AD, março/abril 2008; Proto Architecture, AD, julho/agosto, 2008; Closing The Gap,
AD, março/abril, 2009.
3
Os conceitos e teorias aqui colocados são originários uma compilação de artigos das seguintes publicações: Neoplasmatic
Design, AD, novembro/ dezembro, 2008; Techniques and Technologies in Morphogenetic Design, AD , março/abril, 2006;
Emergence: Morphogenetic Design Strategies, AD,
7
O design paramétrico ou computação paramétrica é uma vertente da computação que se
baseia na utilização do computador como ferramenta de automatização de um processo
complexo. Nesse contexto, a grande capacidade de processamento de dados de um computador
potencializa a capacidade de simulação e geração das formas.
3-Output: Resultado
#9
Um exemplo muito simples, para ilustrar. Vejamos uma situação em que temos uma pessoa e
dois pontos. Ela está no primeiro, e precisa chegar ao segundo. Esta instância seria o nosso
input; o método definido para orientar o processo de caminhada de um ponto a outro, por sua
vez, seria o nosso algoritmo. A caminhada em si, será o processo que o algoritmo possibilitou;
e por fim, o resultado será o output, visto como a conclusão do percurso trilhado.
#10
Na geometria topológica, o emprego do design paramétrico já é muito corrente. Da
mesma forma, a tendência de modernização de conceitos e automatização de processos
de criação favorece o desenvolvimento e a dilatação dessas técnicas.
#11
9
* texto anexo
Matemática em arquitetura
A matemática é indispensável
para a compreensão de conceitos
estruturais e cálculos. Também
sendo utilizada como elemento de
ordem visual ou como um meio para
alcançar a harmonia com o universo,
de forma que a geometria torna-se o
princípio orientador.
Se destrincharmos a geometria,
descobriremos um vasto campo
da matemática ligada às formas,
o qual em alguns momentos
tentará traduzi-las em equações e
possibilitar operações numéricas,
porém topológicas. O que faz com
que os projetistas possam dominar
uma lógica de raciocínio abstrato e
#12 convertê-la em objetos físicos.
* texto anexo
Geometria Analítica e Álgebra Linear
11
Os procedimentos que envolvem o design paramétrico descrevem uma lógica algorítmica
que tem, em cada uma de suas três fases, possibilidades de variações que se influenciam
entre si. Esses procedimentos partem estritamente de possibilidades advindas da
tecnologia computacional programática que traduz e transcreve substratos de dados
em produtos topológicos e/ou analíticos.
#14 4
O Pode ser traduzido como dados iniciais.
O conceito de morfogênese, originário da biologia e posteriormente empregado em
muitas outras disciplinas, tais qual a geologia, a cristalografia, engenharia, estudos
urbanos, artes em gera e também na arquitetural, é oriundo da junção de dois termos.
#15
Uma forma de enxergar a finalidade prática da morfogênese digital é entender que se
procura com ela seguir a organicidade e a customização de demandas que ocorre em
massa na sociedade. O que vemos em sistemas biológicos começa a ser assimilado pelos
humanos em seus sistemas de organização relacionamento, e produção, onde se busca
a otimização na distribuição de espaços, recursos, captação e evasão de energias, o
crescimento sustentável e planejado, e a capacidade das construções, dos produtos e
dos seres, de suportar múltiplas funções e lidar com adversidades complexas. Outra
contribuição muito importante da morfogênese digital é o avanço na inspiração criativa
e a heurística, da qual falaremos mais adiante.
São inúmeros os sistemas que podemos assimilar como arquétipos da natureza e usá-
los como fonte de inspiração. Podemos observar nas formigas ou nas abelhas métodos
interessantes de organização social. Nas plantas, alguns mecanismos de alocação
de nutrientes ou disposição em relação ao sol e a água. Em bactérias, a forma de se
multiplicar.
5
De acordo com o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, Antônio Geraldo da Cunha.
13
A correlação ou interdigitação6 de disciplinas e ciências é uma realidade, e está
se intensificando cada vez mais, a partir da sedimentação na consciência dos
acadêmicos e cientistas da idéia em que não somente é possível relacionar os
campos do saber, mas existe uma necessidade de estabelecer analogias, estudar
processos, compartilhar objetos de análise, e adotar métodos já consolidados em
outras áreas.
Além de voltar os olhos somente para o próprio interior, ter atenção e observar o
que há no ambiente pode ser muito útil para a compreensão de si mesmo e reforma
de hábitos e formulação de avanços. O mesmo para a ciência que abraçamos.
Nenhuma ciência pode ser analisada separadamente. Tampouco a natureza em
geral deve ser esquecida por qualquer ramo científico.
#17
6
Termo usado em biologia para células e complexos celulares que penetram uns aos outros
Retomando a morfogênese digital, podemos usar o que deduzimos dos modelos
naturais como lógicas para as fórmulas que serão usadas nos processos de geração de
formas (sintetizando algoritmos). Igualmente, podemos usar os próprios elementos
naturais como verdadeiras ferramentas de geração das formas e dos complexos
desejados (por exemplo, como usar uma bactéria para o preenchimento e reparação
de uma trinca ou desgaste em pilares submersos).
Isto posto, podemos afirmar que a morfogenia digital abrange métodos de conhecimento
e de geração de conhecimentos heurísticos sendo ligado à experimentação e à prática.
A heurística, é uma forma de contato com o conhecimento, descobrindo-o através de
um sistema experimental. Sendo assim, colocamos a seguir uma forma heurística de
entender a morfogênese digital, desmembrando os termos que apresentam correlação
com a mesma, a morfogênese e o design paramétrico.
#18
15
* texto anexo
Computação em Arquitetura
#19
* texto anexo
Em um artigo nos Cadernos de Arquitetura e Urbanismo da PUC – Minas, 2001,
José dos Santos Cabral Filho disserta sobre computação em arquitetura:
a) o computador em si;
18
(CABRAL, 2001)
17
* texto anexo
Este último aspecto citado por Glanville é o que queremos tentar articular neste
momento, assim podendo utilizar o computador tal como uma ferramenta, de certa
forma, programável para executar tarefas, solucionar problemas e até mesmo
tomar decisões.
Em se tratando de termos mais específicos de computação, podemos definir um
computador com dois conceitos: Hardware e Software. O primeiro dizendo respeito
à máquina em si e o segundo a manipulação da máquina. Em outras palavras, o
software é uma programação virtual que manipula os dados inseridos e controla
o hardware que por sua vez executa, literalmente falando o que o software diz.
Poderíamos facilmente fazer uma comparação, dizendo que o hardware seria nosso
cérebro, assim como o software seria a nossa lógica e pensamentos. Por último,
poderíamos chamar o nosso corpo também de hardware, se este for devidamente
relacionado a um sistema robótico. Assim teríamos um software (lógica) que
controlaria um hardware (cérebro) que, por sua vez, controlaria outro hardware
(corpo) que por fim executaria fisicamente o que foi pensado.
Scripting
#20
* texto anexo
Linguagem de script (também conhecido como linguagem de scripting,
ou linguagem de extensão) são linguagens de programação executadas
do interior de programas e/ou de outras linguagens de programação, não
se restringindo a esses ambientes. As linguagens de script servem para
estender a funcionalidade de um programa e/ou controlá-lo, acessando
sua API e, são frequentemente usadas como ferramentas de configuração
e instalação em sistemas operacionais (Shell script), como por exemplo,
em alguns sistemas operacionais da família Linux, que usam a linguagem
bash. São também frequentemente usadas em jogos, como por exemplo,
o jogo Impossible Creatures, que usa a linguagem Lua para controlar as
ações dos personagens e o ambiente de batalha19.
Robótica
19
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_de_script> Acessado em: 20/11/2010.
20
Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Rob%C3%B3tica> Acessado em: 20/11/2010.
19
DESIGN PARAMÉTRICO
#21
7
(ORCIUOLLI, A, Projeto Assistido por Computador: ontem, hoje e amanhã, AU 108-111, AGO 2010)
21
* texto anexo
Biologia em Arquitetura
#23
* texto anexo
O campo da biologia surgiu em vários momentos como forma de agregar
conhecimento em outras cadeiras da ciência, principalmente como maneira
de entender, e recriar o nosso próprio espaço. No século XIX, o estudo das
formas dos seres vivos teve uma grande evolução, com o aparecimento
de cientistas naturalistas como Ernst Haeckel. Este dissecou e catalogou
inúmeros seres vivos e, pela primeira vez na ciência, registrou a topologia e
organização de seres microscópicos.
#24
* texto anexo
#25
“Uma parte da geometria inerente à obra de Gaudí poderia ser associada aos referentes
naturais e culturais que observou o arquiteto com uma complacência especial durante
a juventude. Em sua primeira fase, o conhecimento de estilos adquirido na biblioteca da
Escola de Arquitetura, as observações nos campos de Réus, as inúmeras excursões por
toda a Catalunha etc., constituíram uma fonte de inspiração formal, o surgimento de um
ecletismo embrionário. Manifestava tanto interesse pela natureza que, em 1871, sem
haver ainda cursado a disciplina de Mecânica racional, matriculou-se entre outras em
História natural, na qual foi aprovado, apesar de não ser matéria obrigatória do curso de
arquitetura.”22
#26
21
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Santiago_Calatrava>. Acessado em: 20/11/2010.
22
KATINSKY, J. R. 2004
* texto anexo
Agentes
Iremos utilizar dos conceitos de agentes e entidades para correlacionar os
elementos biológicos com a lógica algorítmica em que vamos desenvolvê-los.
#27
Em biologia, São entidades autônomas, que toma decisões sozinhas sem a interferência
de um sistema ou outra entidade. Um agente é capaz de interagir com o ambiente à
sua volta e com outros agentes, escolhendo confiar e cooperar ou não com os mesmos.
Em computação, O agente inteligente, é aquele que adota a melhor ação possível diante
de uma situação, está presente na resolução de uma infinidade de problemas dos
usuários comuns. Hoje, a internet conta com diversas iniciativas que utilizam agentes,
desde sites que comparam preços de produtos para compra até mecanismos de busca
inteligentes, que navegam dentro das páginas web, apresentando o resultado da busca
classificado pelo grau de acerto e relevância dos assuntos.
Um sistema poderá ser visto como um agente se for capaz de perceber seu ambiente
por meio de sensores e de agir sobre esse ambiente por intermédio de atuadores
agregando as características como autonomia, habilidade social, reatividade e pró-
atividade.23
23
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Agente_inteligente> Acessado em: 20/11/2010.
25
Da relação entre digital design, fabricação assistida por computador e novos materiais
surge a de produção de objetos com máximo controle de suas propriedades físicas e
geométricas, e de uma produção “massificada e customizada”. Destacam-se a precisão,
a rapidez, a qualidade de acabamentos e a relação entre projeto e execução, aproximando
o designer ao processo de fabricação. O desenho já é o projeto, e o mesmo desenho pode
ser construído com a informação que leva consigo.
#28
8
Disponível em: <http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/183/artigo141180-2.asp> Acesso em: 20/11/2010
MORFOGÊNESE
#29
Respostas morfogênicas podem ser induzidos em organismos por hormônios ou por agentes
químicos que variam de substâncias produzidas por outros organismos a produtos químicos
tóxicos.
27
Algumas das primeiras idéias sobre como os processos físicos e matemáticos que
afetam o crescimento biológico foram escritos por D’Arcy Wentworth Thompson9.
Estas obras postularam a presença de sinais de processos químicos e físico-
químicos, tais como difusão, ativação e desativação do crescimento celular e
orgânico. Eram até então, a melhor compreensão dos mecanismos envolvidos em
organismos reais, desencadeando a descoberta do DNA, do desenvolvimento da
biologia molecular e da bioquímica.
#30
9
WENTWORTH, D. 1992.
10
GILBERT, S. 2000.
Se pegarmos a lógica tendencial que especifica os comportamentos das variáveis que existem
em qualquer entidade ou processo biológico e conseguirmos transcrevê-la e traduzir-la
em informações computacionais (parâmetros), poderemos compreender e manipular os
elementos naturais, programando-os para que ajam da maneira que desejarmos. Isto abre
um novo leque de possibilidades construtivas e analíticas para a arquitetura. Pensando
futorológicamente podemos imaginar, por exemplo, possibilidades de mutações e processos
evolutivos em objetos arquitetônicos, que veremos próximo capítulo deste ensaio.
#31
OS PRODUTOS
Neste capitulo vamos sintetizar o processo que vimos acima e demonstrar como os
elementos citados podem ser de interesse da arquitetura.
#32
Produtos Topológicos
São produtos que passam pelo processo de planejamento digital paramétrico e
usam como linha do processamento lógicas da natureza. Porém, apesar disso,
são estritamente formais, tendo como função principal expressar um sistema
estrutural ou estético. Em outras palavras, estamos falando de experimentações
computacionais de formalismos biológicos aplicados à arquitetura.
#33
11
Disponível em: http://ditsad.wordpress.com/2010/05/29/deltadot-final-presentation/ Acessado em: 20/11/2010
31
Produtos de Manipulação
Os produtos de manipulação lidam com a programação analógica de entidades12
biológicas, isto é, se sabemos que uma bactéria se comporta de certa maneira
em um ambiente específico, podemos prover este ambiente para ela para que
intencionalmente ela se comporte da maneira que queremos. Então estaremos, de
forma controlada, programando os agentes biológicos e usando-os como matéria
prima.
#34
Acredito que, apesar desta tecnologia, hoje, ser aplicada apenas em escala de
laboratório, pode gerar produtos de grande escala aplicados diretamente à arquitetura.
Uma vez que temos uma sociedade dependente em energia elétrica, a elaboração
de componentes biológicos emissores de luz, que funcionam sem a necessidade de
eletricidade, pode revolucionar alguns aspectos da arquitetura e do urbanismo.
12
Ver “agentes” no anexo 01
13
COLE, H. 2006.
#35
#36
33
Produtos Estáticos
A estaticidade dos produtos assim denominados está vinculada à rigidez de sua
estrutura formal. Uma vez construídos, estes objetos, apesar de surgirem a partir
de reagentes biológicos, cessam seu processo evolutivo, interagindo apenas com as
intempéries naturais, tal como uma construção qualquer.
Estes produtos são uma das possíveis combinações entre as topologias criadas
a partir das lógicas naturais e das entidades biológicas usadas como reagente
principal. Isto é, pegamos um agente biológico para utilizá-lo como matéria prima e
o submetemos a uma lógica natural sintetizada em computação paramétrica.
Vejamos um exemplo, em seu projeto Dune, o arquiteto Magnus Larsson usa da
manipulação de uma bactéria para criar uma estrutura arquitetônica no deserto
da Mauritânia com o objetivo de estabelecer construções habitáveis em locais
muito áridos. Ele propõe um sistema computadorizado de fabricação digital para a
aplicação das bactérias no meio.
#37
#38
#39 #40 35
Um microorganismo em particular, Bacillus pasteurii, é liberado através do
dunescape (uma analogia pode ser feita em uma impressora 3D de grandes
dimensões), o que provoca uma reação biológica que transforma a areia em
arenito sólido. As reações iniciais terminam dentro de 24 horas e levaria cerca
de uma semana para saturar a areia suficiente para tornar a estrutura habitável.
As bactérias não são patogênicas e morrem no processo de solidificação da
areia. A parte experimental do projeto baseia-se em pesquisas realizadas pela
equipe do professor Jason De Jong do Laboratório de Solos, UC Davis14 , bem
como conversas com o professor Ciurli Stefano na Universidade de Bolonha.
A forma arquitetônica é derivada do tafoni, uma estrutura de rocha cavernosa.
Estas formas são porosas e têm uma grande superfície de contato. A diferença
de temperatura entre o interior das dunas torna possível a criação de pontos
nodais que podem tanto apoiar a coleta de água e criar zonas de conforto térmico.
Desta forma, podemos começar a “desenvolver” oásis controlados no deserto.
(LARSSON, 2010)
#41
14
DEJONG, J. 2006
Produtos
Dinâmicos
Ao Contrário dos produtos estáticos, estes aqui referidos possuem certo nível
de imprevisibilidade quanto ao seu resultado final. Neste processo, os agentes
biológicos, utilizados como matérias primas e sintetizados a partir do planejamento
digital, vão gerar formas e produtos mutáveis e adaptáveis ao ambiente, sendo que o
próprio meio será um fator determinante na sua topologia final.
#42
37
O desenvolvimento de materiais que possuem um metabolismo para a utilização
na prática arquitetônica pode conferir algumas das propriedades dos sistemas
vivos em nossas cidades. Estes materiais metabólicos permitem mutações na
arquitetura ao longo do tempo, utilizando de fontes locais de energia e matérias-
primas, respondendo às variações do ambiente urbano. Por exemplo, os
materiais metabólicos podem ser projetados para extrair o dióxido de carbono
e outros gases do ar e liberam oxigênio no ambiente. Esses materiais podem
ainda realizar novas funções que não são encontrados na natureza como remover
toxinas ou nanopartículas do ambiente e processá-las em substâncias mais
seguras. Gradualmente, cidades poderão corresponder aos ambientes e habitats
locais, geograficamente distintos, para criar formas metropolitanas e urbanas
cuja fisiologia especiação e variabilidade seriam comparáveis às observadas nos
sistemas biológicos. (ARMSTRONG, 2009) 15
#43
15
ARMSTRONG, R. 2009
16
ARCHITECTURE that repairs itself?. 2009
17
Assim como os computadores, se entendermos a lógica
dos componentes biológicos, podemos programá-los
nanotecnológicamente através de processos químicos, com o
objetivo de que executem tarefas definidas por nós.
Este projeto, testado apenas em laboratório representa, a meu ver, uma das correntes
mais contemporâneas da produção arquitetônica, proporcionando visibilidade no
campo da pesquisa e demonstrando uma interpretação livre das possibilidades do
processo de produção em arquitetura.
#44
#45 39
ENSAIO HIPOTÉTICO
Acredito que, assim como a biologia, outros campos da ciência podem ser
determinantes em alguns produtos e processos arquitetônicos, enriquecendo e
dinamizando a arquitetura contemporânea.
#46
CONSIDERAÇÕES FINAIS
41
Referências Bibliográficas
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