Cap. I – Introdução
“A TV permanece o meio de comunicação predominante em todo o mundo (…)”
Nuno Cintra Torres (2009: 334)
O presente trabalho procura estabelecer uma breve análise relativamente ao Serviço Público de
Televisão em Portugal, instigando à reflexão crítica sobre o passado, presente e provável futuro
daquele serviço.
Não existem dúvidas de que a forma de olhar para os media em Portugal e na Europa,
nomeadamente no tocante aos seus deveres ao nível do interesse público, detém não apenas
uma raiz científica mas, igualmente, uma raiz histórica, nela devendo salientar-se as relações
entre os mass media, o poder político e poder económico. De facto, os anos oitenta, marcados
pelos monopólios estatais, parecem deixar o saudosismo de uma era em que não era o
marketing (com fins económicos, pois havia-os ao nível político) a ditar os conteúdos
mediáticos do serviço estatal de televisão, mas antes o interesse comum. Já os anos noventa e a
sua abertura ao mercado privado, embora também prometessem o desejado aumento na
panóplia de conteúdos existentes e um (inicial) acréscimo da criatividade dos profissionais,
apenas tenderam para uma supremacia do económico sobre o social (Cuilenburg e Mcquail,
2003). Ainda que nenhuma destas duas fases se mostrasse perfeita, a verdade é que nos
encontramos ante uma terceira fase pautada pela confusão e orientada por regras
aparentemente opostas. Num momento de profunda crise, possível privatização de muitos dos
serviços públicos por parte do Estado e de desenfreada concorrência comercial, muitos se
questionam relativamente à manutenção dos canais televisivos “estatais”. Perante os péssimos
resultados financeiros da Rádio e Televisão de Portugal, S.A. e as permanentes acusações de
um deficitário cumprimento do interesse público, já se especulou relativamente à alienação da
RTP1. O debate, se já era premente, surge com novo vigor num contexto económico-financeiro
extremamente difícil para o Estado Português. Deverão os cidadãos manter um serviço que
parece falhar em todos os seus objectivos?
Também os grupos privados de media se insurgem contra a presente situação: o financiamento
misto da RTP S.A. constituirá, segundo aqueles, uma verdadeira situação de concorrência
desleal, criando deturpações de mercado. O que, obrigatoriamente, nos coloca ante a questão
do possível corte das apelidadas “indemnizações compensatórias” por parte do Estado ou, em
alternativa, da impossibilidade, por parte dos canais públicos, de se auto-financiarem através da
publicidade.
Se atentarmos às questões que se levantam, percebemos facilmente que todas elas exigem, na
sua génese, um necessário esclarecimento em dois campos distintos: o do interesse público e o
do financiamento. Afinal, em que consiste o interesse público? Onde poderemos aferir da sua
consentaneidade aquando das prestações de serviços de media? Estará a legislação portuguesa
a definir correctamente tal interesse? E qual será a melhor forma de, eventualmente, manter um
sistema público de televisão? Deverá ele ser financiado pelo erário público, pelo mercado
privado (publicidade, produtos financeiros e comerciais) ou por ambos?
Dada a curta dimensão da presente reflexão e o debate que actualmente se coloca, irei focar-me
essencialmente na RTP1, apenas apresentando dados relativamente à RTP2, SIC e TVI (ou
respectivos grupos) quando a análise comparativa se mostrar pertinente. Optarei, de igual
modo, por analisar a realidade até a ano de 2008, uma vez que este se afigura o último ano em
relação ao qual existem dados completos (Relatórios de Actividades e Contas dos vários
operadores, Relatórios de Regulação e Pluralismo da ERC, etc.).
Cap. II – Contextualização: a evolução da RTP e do mercado televisivo
“A sua estrutura inicial ruiu, perdeu a legitimidade de acção e inverteu os valores primários
presentes desde a sua concepção” (Sena, 2008:2507)
A RTP deu início às suas emissões em 1957, enquanto sociedade anónima concessionária de
serviço público de televisão: na altura, o Estado detinha apenas 30% do capital da empresa,
embora o seu controlo sobre a RTP fosse total, uma vez que o canal RTP1 vivia para cumprir
um papel político ao serviço do regime totalitário da altura (Oliveira Martins, 2006:91).
Após o 25 de Abril, tal como acontecia na vida social, política e económica, a estação passa
por uma fase de conturbação e procura de caminho próprio – o que apenas teria lugar no final
da década de 70. De facto, no decurso dos anos 80, assistimos a “evoluções qualitativas
importantes na programação da RTP”, tal como o lançamento das emissões a cores ou o
aparecimento da RTP Internacional (Oliveira Martins, 2006:92).O monopólio estatal manteve-
se, assim, durante décadas. Como afirma Joaquim Fidalgo, «era assumido tacitamente que a
um “serviço público” de televisão correspondia um “servidor público”, um operador de
propriedade, financiamento e controlo estatais, e a quem era reconhecido facilmente o
“estatuto formal de instituição do domínio público» (Fidalgo, 2003:14). Esta opção não foi
original, sendo, aliás, a normal decisão por parte de muitos países europeus.
Após uma fase de completa estatização, os governos de Cavaco Silva vieram abrir o mundo
televisivo à iniciativa privada. Primeiro, removendo da Constituição Portuguesa o preceito que
o impedia (1989) e, posteriormente, através da aprovação pelo Parlamento da comummente
denominada Lei da Televisão (1990). Obviamente gerando grande debate e controvérsia, o
concurso foi aberto no ano seguinte, sendo atribuídas duas frequências de televisão – à SIC e à
TVI nos anos de 1992 e 1993, respectivamente (Sousa & Santos:2003:10). Foi também em
1993 que o Governo assinou o contrato de concessão com a RTP, obrigando-a a prosseguir o
interesse público e assegurando o seu financiamento através da figura de “indemnizações
compensatórias”. Refira que é também nesta data que é abolida a taxa televisiva – aquela que
fora uma grande fonte de rendimento da RTP (Oliveira Martins, 2006:93).
Encontrava-se criado o sistema misto – sistema este, aliás, que se manifestava como a melhor
opção em muitos dos países da União Europeia já desde os anos 80 (Oliveira Martins,
2006:93). Conforme é apontado por diversos autores, este momento descurou todas as questões
satélite de uma qualquer decisão desta índole, tal como “a dimensão do mercado publicitário,
fontes alternativas de financiamento dos canais, clarificação das regras de concorrência,
limites e obrigações ao nível da informação e programação de canais públicos e privados”,
etc. (Sousa & Santos, 2003:10). Perante o abandono da confortável situação monopolista, as
reacções da RTP não se fizeram esperar:
o o alargamento das emissões – a partir do momento que as televisões privadas foram
apresentando tempos de emissão alargados, a RTP optou por seguir o mesmo caminho:
“(…) o tempo total de emissão da RTP em 1990 atingia 6073 horas, enquanto que em
2005 subiu 38,49%, isto é, a emissão atingiu 8760 horas.” – ainda que “(…) a
madrugada apresente características distintas das emissões diurnas ou mesmo do
horário-nobre e second time” (Sena,2008:2511). Será desnecessário explicar o facto de
tal decisão ter implicado um aumento dos custos de produção e emissão de conteúdos;
o a perda de exclusividade na transmissão de eventos – a RTP começou a ter que
concorrer no mercado da transmissão de eventos, em especial os desportivos. O que,
obviamente, fez diminuir em muito as audiências e aumentar os custos de transmissão;
o a partilha do mercado publicitário e desvio do interesse público – se esta situação
implicava, por si só, um decréscimo muito considerável do investimento publicitário na
emissora pública, dado o alargamento de canais no panorama televisivo português, a
verdade é que a luta por este investimento também acarretou, naturalmente, uma
inversão dos princípios orientadores da oferta pública, «deixando cada vez mais
desguarnecidas (…) áreas de programação menos susceptíveis de captar audiências
imediatas e os correlativos investimentos publicitários» (Fidalgo, 2003: 26). Tal como
Luís Oliveira Martins, poderemos afirmar que, desprovida dos financiamentos de
outrora, a televisão pública “(…) adoptou grelhas de ofertas de programas fortemente
comerciais, descurando várias vezes o seu estatuto de prestador de serviço público. E
pode dizer-se que esta situação configurou um cenário em que a RTP acabou por não
agradar “nem a gregos nem a troianos” (idem, 2006: 95).
No ano 2002 o sistema jurídico português viu surgir a obrigação, por parte do Tribunal de
Contas, de apreciar e efectuar o respectivo parecer relativamente ao trabalho prestado pela RTP
– o que, em si mesmo, em muito pouco adiantou, dado que, quer a lei, quer o contrato de
concessão do serviço público e a sua panóplia de conceitos dificilmente avaliáveis na prática
não permitem uma apreciação concreta das incumbências da empresa (Oliveira Martins,
2006:96).
Também já neste século, existiram iniciativas governamentais que procuraram reestruturar o
serviço prestado pela RTP. Falamos da reforma de 2002, iniciada pelo Governo de Durão
Barroso, ou do programa FÉNIX, que teve lugar no ano seguinte - este último, que pretendia,
essencialmente, a prestação de um verdadeiro serviço público e a redução dos custos da
empresa (Oliveira Martins, 2006:97). Se a contenção de custos foi algo melhorado nos anos
seguintes, já a concretização dos demais objectivos falharam. O mimetismo manteve-se e o
interesse público continuou descurado. Afinal, o que pretende a RTP?
1- O interesse público
“Ora, se me perguntassem quais os critérios para verificar a qualidade a que me refiro (…)
ver-me-ia obrigado a ficar calado”
Theodor Adorno, 2003.
Não poderei avançar na análise do serviço público de televisão a que aqui me proponho sem,
previamente, tentar uma aproximação à noção que lhe subjaz: a de interesse público. De facto,
em todas as opiniões científicas, textos legais ou contratos de concessão celebrados somos
confrontados com tal expressão.
A definição de interesse público não constitui uma tarefa fácil e pode ser alvo de diferentes
avaliações e perspectivas. De facto, muitos autores acreditam ser mais fácil afirmar o que o
interesse público não é do que aquilo que contempla (Croteau, 2005). Não obstante, acredito
que os apelidados Modelo de Mercado e Modelo da Esfera Pública permitem uma aproximação
às duas grandes correntes que enformam o modo de olhar o interesse público. Cada um dos
modelos defende noções completamente distintas, dado que também distintas são as suas
formas de olhar os media, as suas funções, responsabilidades e fins últimos. Os defensores do
Modelo de Mercado afiançam que “o interesse público é aquilo em que o público está
interessado” (Croteau, 2005: 33 segs.). Alicerçado na ideia do lucro como objectivo último e
dos cidadãos enquanto consumidores, este modelo defende que um meio que atinja elevadas
audiências se encontra a cumprir o interesse público. Ou seja, e como muito oportunamente
sugere o autor, segundo esta visão: “(…) os fait divers e o crime, ao serem populares, serão
necessariamente de interesse público” (Croteau, 2005: 33 e segs.). Perante tal conspecção,
pouco mais haverá a esclarecer: não existe definição possível senão a medida financeira.
Já o Modelo de Esfera Pública, assim apelidado devido a Habermas, pretende sublinhar o valor
próprio dos media, defendendo que não podem ser tratados como um mero produto, igual a
tantos outros. A noção de esfera pública, na qual os indivíduos considerados como seres
privados se reuniam para discutirem, entre si, assuntos relacionados com a regulação da
sociedade civil e a conduta do Estado”, faz crer que os mass media não só devem permitir a
divulgação da informação como incorporar as diferentes perspectivas sobre as temáticas
difundidas, permitindo a construção de um debate plural, típico das democracias baseadas na
igualdade. (Croteau, 2005; Habermas, 1962: 37-41).
No tocante àqueles que vêem nos media uma responsabilidade social, educativa e de
democrática (i.e., seguidores de um modelo mais próximo do ideal de esfera pública) posso
adiantar não ter encontrado uma definição concreta para o conceito de “interesse público”. Não
obstante, a enunciação de critérios a cumprir para que os media actuem segundo aquele
interesse ou no sentido de uma “informação de qualidade” acaba por se repetir. São eles:
• Universalidade: os media deverão encontrar-se acessíveis a todos os cidadãos. É
salientada a importância de um serviço público ao nível dos mass media, que garanta o
cumprimento deste direito (Blumer, 1992:7);
• Diversidade e Pluralismo de ideias e conteúdos: os media apenas cumprirão o seu papel
de informadores e educadores da sociedade se apresentarem temáticas e formatos diversos. Ou
seja, prosseguir o interesse público equivale a incluir o maior número de perspectivas possíveis
nas matérias apresentadas, sem menosprezar qualquer raça, classe, género ou preferências
ideológicas (Croteau, 2005; Blumer, 1992:7). Mas não serão apenas os temas a demonstrar a
existência de pluralismo: o seu conteúdo, a forma de os apresentar e os horários em que tal
ocorrerá também se tornam extremamente relevantes. Como afirma Macquail: “(…) a
informação deve ser equilibrada e justa (imparcial), descrevendo as perspectivas alternativas
de maneira não sensacionalista nem tendenciosa” (2003: 117). Desta forma, o interesse
público será prosseguido pelos media e, em especial, pelos media de serviço público, se estes
se constituírem enquanto palco onde ideias antigas podem ser examinadas e onde novas ideias
podem surgir e ser debatidas, acolhendo a discordância e contribuindo para a vida pública
democrática (Croteau, 2005);
• Informação substantiva e contextualizada: enquanto quarto poder, os media devem
contribuir para o desenvolvimento democrático da sociedade, nomeadamente através de
conteúdos com substância e recorrendo a formas inovadoras de comunicação, tornando-a mais
inclusiva. Um dos elementos essenciais à substância da informação reside, a meu ver, na
contextualização dos factos divulgados. Segundo Macquail, relativamente aos principais
requisitos de uma informação de “qualidade”, “os media (especialmente a imprensa e o
audiovisual) devem providenciar um manancial compreensível de notícias relevantes de
informação contextualizada sobre acontecimentos na sociedade e no mundo” (2003: 117).
Passível de ser apresentada das mais diversas formas, as mensagens mediáticas devem pugnar
pelo engrandecimento cultural dos cidadãos;
• Promoção da cidadania e de uma democracia participativa: trata-se de uma vertente
incontornável para que os media possam ser considerados elementos mediadores do poder
político e da sociedade civil. Ainda que acarretando todos os princípios anteriormente
invocados, poderemos dizer que apenas com uma informação diversa, plural e contextualizada
os cidadãos poderão consciencializar-se do essencial exercício de uma cidadania esclarecida
(Blumer, 1992:7);
• Desenvolvimento da literacia mediática: nesta categoria, torna-se imprescindível
enquadrar a educação para os media como um dos elementos integrantes do desenvolvimento
do interesse público. Mencionada de forma incansável num proliferar de recomendações
programáticas internacionais, europeias e nacionais, parece essencial para que os cidadãos
acedam às informações desejadas, sob pontos de vista diferentes e utilizando uma razão crítica
essencial à compreensão de uma qualquer comunicação.
Teoricamente, as preocupações estatais parecem não ter abandonado este último critério (na
acepção defendida pelo Modelo da Esfera Pública) enquanto fim último dos mass media, em
especial dos media públicos.
A título de exemplo, no Contrato de Concessão celebrado em 1993 pode ler-se que o Serviço
Público de Televisão é obrigado a “pautar a sua programação pelo respeito pelo interesse
público, por exigências de qualidade e de diversidade para assim promover o esclarecimento,
formação e participação cívica e política dos cidadão(…)”, devendo ainda “(…)contribuir
para a informação, recreio e promoção educacional e cultural do público em geral, no
respeito pela identidade nacional(…)”, para além da “(…) incumbência de promover a
produção e emissão de programas educativos ou formativos, especialmente os dirigidos a
crianças, minorias e deficientes auditivos” (v.g. Cláusula 5ª do Contrato de Concessão de
Serviço Público de Televisão).
De facto, os meios de comunicação deverão manter os cidadãos informados relativamente aos
assuntos públicos, de forma a que aqueles se encontrem devidamente integrados num processo
democrático de decisão, servindo, de igual modo, enquanto plataforma de debate aberto que
facilite a formação da opinião pública (Curran, 2005). Também todos parecem concordar que a
visão de um serviço público não pode ser medido unicamente pelas suas audiências, sendo
mais importante vê-lo como “o protótipo mais próximo do ideal de televisão generalista, onde
cabem todos os géneros ao encontro de todos os públicos” (Sena, N. M., 2008: 2509). E o
mesmo parece ser defendido pela Lei da Televisão (v.g. artº 52 nº3, alíneas a) e b)).
Claro está que as cláusulas programáticas, pejadas de conceitos indeterminados, pouco
auxiliam no estabelecimento das verdadeiras tarefas de uma estação televisiva de interesse
público. O que, inexoravelmente, conduz à continuidade das praticas passadas, não existindo
qualquer procura, por parte da RTP, de “desenvolver a sua estratégia de programação em
função dos cidadãos”, mantendo-a “muito próxima dos interesses governamentais” (Sousa, H.
e Santos, L. A., 2003: 12).
Joaquim Fidalgo apresenta alguns objectivos que, a serem plenamente atingidos, justificariam a
existência do serviço público de televisão:
3. Afigura-se muito importante que se afira da coerência do serviço público: de facto, incluir na
programação “alguns” conteúdos de interesse público não equivale a deter uma programação
desse cariz. Como afirma Joaquim Fidalgo, “o serviço público não é uma função em que se
ande “fora e dentro”, conforme as horas, os programas, as audiências” (Fidalgo, 2003:29).
Deste modo, manter a situação actual de relegar para horas tardias os programas de real
interesse cívico parecerá inaceitável. No fundo, o que se pretende é a fuga da repetição daquilo
que é emitido pelas estações comerciais, embora sem proibir que algumas das suas
programações possam coincidir nos pontos de verdadeiro interesse público (Moragas e Prado,
s/d).
4. Defendendo a existência do serviço de televisão que siga verdadeiramente o interesse
público, há que tentar estabelecer, antes de mais, como deverá ser estruturado. Falamos de um
canal que surja como uma alternativa aos conteúdos dos privados ou antes de algo de cariz
supletivo e “mais ou menos pontual” (Fidalgo, 2003:20)? Parece existir alguma unanimidade
quanto ao facto de ser necessária a criação de um verdadeiro serviço público, que cumpra um
lugar na diferença – ou, como afirmam Moragas e Prado, “pode dizer-se que na era digital se
precisa de uma televisão pública, mas só se, previamente, se lhe atribuir uma missão
específica de comunicação” (s/d). Missão esta que jamais poderá passar pela cópia dos
conteúdos das estações privadas, em especial no tocante à sua desvalorização de conteúdos de
índole cultural, educativa, histórica e de participação democrática. Em suma, há que fugir à
ideia de “serviço mínimo”, de “complemento” ou de “ghetto cultural”, procurando antes um
verdadeiro canal de “serviço-padrão”, “alternativo e exemplar”, em especial no tocante ao
cumprimento das regras éticas, ao pluralismo e aos direitos das minorias (Fidalgo, 2003:29-
30). Ideia esta que se encontra plasmada no ordenamento jurídico nacional, nomeadamente
quando se advoga que a concessionária de serviço público de televisão deverá “(…) fornecer
uma programação variada e abrangente, que promova a diversidade cultural e tenha em
conta os interesses das minorias (…)” (v.g. artº 51º, nº2, alínea a) da Lei da Televisão).
Tal como ficou bem claro, cada um dos princípios enformadores do Serviço Público de
Televisão normalmente apontados pelos autores encontra-se plasmado na lei portuguesa –
embora, alguns deles, apenas pareçam aplicar-se a parte do serviço público de televisão
(RTP2). Pegando nas palavras de Cádima, no que concerne à RTP, “confrontando a realidade
com o que está estabelecido no Contrato de Concessão, a verdade é que sentiremos uma certa
dificuldade em verificar, na prática, o cumprimento destes pressupostos que – esses sim –
fariam da RTP uma verdadeira televisão de serviço público” (idem:2002).
Cap. IV- A questão do financiamento do Serviço Público de Televisão e respectivas
consequências
“By remaining outside of market influences, public service broadcasting provides a much
needed public forum within which information dissemination can occur, aiding in the
stimulation of public debate” (Hartley, 2004: 190).
Se bem atentarmos a todas os dilemas em debate perante o actual estado do serviço público de
televisão, ser-nos-á relativamente fácil perceber que muito residirá num aspecto crucial: o do
financiamento.
Nos primeiros sistemas de Serviço Público de Televisão, o financiamento público constituía
um dos principais factores de identificação do serviço em questão. Assim, o pagamento de uma
taxa, por parte do cidadão, ou a afectação directa de parte do Orçamento de Estado para
suportar as despesas inerentes constituía um dos principais elementos de um Serviço Público
(Fidalgo, 2003: 14). A pouco e pouco, esta noção começou a ser questionada. Na verdade, a
efectivação do serviço público de televisão poderá passar por uma de três opções:
financiamento do Estado, financiamento através da publicidade e produtos televisivos e,
finalmente, financiamento através de um sistema misto, tal como aquele que existe,
actualmente, em Portugal (v.g. artº 57º nº1 da Lei da Televisão; artº 1ºnº 1, 2 e 3 da Lei de
Financiamento; cláusula 24ª do Contrato de Concessão do Serviço Público de Televisão). A
Europa parece oscilar entre estes três sistemas (Sena, 2008: 2508), o que coloca questões
deveras pertinentes:
2 – Os conteúdos
“E assim o orçamento destinado a programação comercial ou de fluxo inútil é orçamento que
não se aplica em programação de interesse para a educação e para a cultura, para o
desenvolvimento de competências, para a autonomia do indivíduo. (…)”
(Cintra Torres,2009:81)
Poderemos afirmar que a liberalização do mercado televisivo não originou, ao contrário do que
se esperava, um aumento na diversidade de conteúdos – argumento este não raro invocado por
aqueles que defendiam a produção e emissão privadas (Collins, 2002). Para além disso,
também a responsabilidade tripartida deste media (informar, formar e entreter) parece ter sido
sempre parcialmente negligenciada. Não podendo entrar em grande detalhe, atentemos apenas
a alguns dados levantados por diferentes autores relativamente aos conteúdos televisivos em
Portugal:
Fig. 1: Distribuição de tempos de emissão por grupos de programas em horário-nobre e second time (valores
em %) Base – Tempo total de emissão em horário-nobre e second time.
Não querendo, de modo algum, esgotar a leitura dos presentes dados, urge deixar algumas
considerações sobre os mesmos:
• Não existem dúvidas quanto à vertente maioritariamente recreativa dos conteúdos da
RTP1 no horário-nobre e second time no período estudado. Desde 1993 até 2005 que se
assiste ao decréscimo das emissões de ficção e ao aumento dos programas recreativos,
numa tentativa de igualar a programação emitida pela SIC (Sena, 2008:2516);
• A informação constitui o segundo grupo de conteúdos a deter maior tempo de emissão
por parte da operadora pública;
• Em relação aos documentários e informação cultural, se já eram alvo de parca atenção
por parte da emissora estatal, tal atenção foi diminuindo, sendo que apenas nos anos de
2004 e 2005 se recuperaram os níveis de 1990. A rivalização com os privados conduziu
a uma “(…) redução dos programas mais exigentes ao nível intelectual, como
documentários e programas de índole cultural e pedagógica (…)” (Sena, 2008:2518).
Pense-se que, nem com o incremento do tempo de emissão tal realidade foi corrigida;
• Nos anos de 1996, 1997 e 1998, o tempo de emissão publicitária registou níveis
bastante elevados, sendo superiores ao dispendido para a informação.
Estes dados e a consequente observância do status quo do sistema público de televisão levaram
os defensores daquele sistema a criticar algumas das decisões da RTP, entre as quais a
displicência perante a ficção nacional, os programas de conteúdo cultural e relativo às minorias
(Oliveira Martins, 2006:95).
Parecem ser evidentes as intenções editoriais de cada canal, com a perigosa proximidade do
“canal generalista” de serviço público aos canais privados: “na análise das funções
predominantes nos programas da RTP1, verifica-se que a função entreter (54,1%) é a mais
relevante, seguida da função informar (31,8%), sendo que um em cada dez programas tem
formar como função predominante” (v.g. Relatório de Regulação da ERC: Sumário Executivo,
2008).
4 – O pluralismo democrático
“(…) a intensidade democrática tem a ver com uma equilibrada representação dos grupos
sociais e com a participação no debate público”
José Ricardo Carvalheiro (2000)
Uma das bases de existência do Estado democrático reside na capacidade dos media de
respeitar e cumprir o necessário pluralismo de informação, zelando pela representação de todas
as ideias e interesses dos cidadãos. Aliás, tal é afirmado pela lei, relativamente a todos os
operadores e, naturalmente, em especial no que toca ao serviço público de televisão (v.g. artº
9º nº1, alínea c); artº 34º nº2, alínea b); artº 50º nº1 e 2; artº 51º nº2, alínea a) e j), todos eles
da Lei da Televisão).
Ora, no que respeita a esta matéria, e tendo em conta as funções prosseguidas pelos programas
apresentados, os números respeitantes a conteúdos concernentes a questões de pluralismo e
diversidade no ano de 2008 foram os seguintes:
Em termos muito gerais, poderemos verificar que a RTP2 foi o canal que mais dedicou os seus
conteúdos a estas matérias, assegurando o dito pluralismo, seguido da TVI. O primeiro canal
generalista do Estado ficou em terceiro lugar, sendo a SIC o canal que menos interesse
demonstrou por assegurar uma programação plural e diversa.
De entre as inúmeras temáticas que se incluem nas noções aqui apresentadas, surgem duas que
me parecem de extrema relevância:
a) Minorias:
A obrigação de atender aos interesses das minorias é algo exigido a todos os operadores – uma
vez mais, com maior ênfase no que toca aos canais públicos. De acordo com o Relatório de
Regulação da ERC, a RTP1 apenas transmitiu regularmente (nos dias de semana às 06h00 da
manhã) um programa especificamente dirigido a grupos minoritários: o programa “Nós”,
produzido pelo Alto Comissariado para as Imigrações e Diálogo Intercultural (ACIDI) v.g.
Relatório de Regulação da ERC: Sumário Executivo). O que, curiosamente, iguala a
preocupação da SIC neste contexto, que também se dedicou a apenas um programa desta
índole: o programa Etnias (v.g. Relatório de Regulação da ERC: Sumário Executivo, 2008:
18). De assinalar, de forma extremamente negativa, o horário de transmissão do programa
“Nós”: zelar pelos direitos, interesses e esclarecimentos das minorias exige fornecer,
efectivamente, informação àquelas. E não fazê-lo quando grande parte da população não
poderá aceder a tal informação.
Uma vez mais, é a RTP2 a demonstrar verdadeiro interesse nestas questões: trata-se do
“serviço de programas que apresenta a oferta mais regular e mais ampla de programação
dirigida a grupos minoritários presentes na sociedade portuguesa, sejam minorias étnicas,
culturais, sociais ou religiosas. Os dez programas identificados nesta categoria distribuem-se
de forma variada pelas grelhas de programação, abrangendo diferentes dias e períodos
horários, diferentes géneros e diferentes públicos” (v.g. Relatório de Regulação da ERC:
Sumário Executivo, 2008: 18). Não poderei deixar de salientar o facto deste canal público
também se dedicar ao incentivo da inclusão de pessoas com deficiência ou incapacidade física
e motora, através do programa “Consigo” (ibidem).
b) Pluralismo Político
Falamos aqui de uma questão fulcral de toda a actividade dos media e de extrema relevância,
quer para o exercício da democracia, quer para a aquisição de uma verdadeira literacia
mediática por parte dos cidadãos. Não obstante, a realidade demonstra-nos resultados algo
inquietantes.
Segundo dados da ERC para o ano de 2008, no que toca aos actores políticos presentes nos
conteúdos informativos de política nacional, apercebemo-nos que são os membros do Governo
aqueles que detêm maior protagonismo na RTP1, SIC e TVI. No que toca a peças político-
partidárias, também aqueles surgem como os actores políticos mais vistos, seguidos de
membros do PSD, com maior representatividade nos operadores privados do que no operador
público. Surgem, em terceiro lugar, os protagonistas do PS nos três operadores, em particular
na RTP1, seguidos dos membros do PCP/CDU. Finalmente, os protagonistas do CDS/PP
representam a quinta categoria nos três canais, ficando o BE como o partido com assento
parlamentar menos representado nesta categoria. Já todos os demais partidos detêm uma
“(…)expressão residual nos três operadores” (v.g. Relatório de Regulação da ERC: Sumário
Executivo, 2008: 25-26). Perante estes e outros dados, o Presidente da ERC, num outro
relatório, afirma que” o serviço público de televisão incumpriu – mais uma vez – durante o ano
de 2008 as suas obrigações no campo da representação plural da opinião política” (v.g.
Relatório do Pluralismo Político-Partidário no Serviço Público de Televisão- ERC, 2008:05).
Contudo, o pluralismo não reside apenas no protagonista da notícia, mas igualmente no número
de fontes auscultadas, nomeadamente de forma a garantir o direito ao contraditório. Deste
modo, no tocante à informação política, a principal fonte nos três operadores foi o Governo
nacional, em especial no que respeita à RTP1 e à TVI. Também estes dois operadores foram
aqueles que mais frequentemente apresentaram várias fontes informativas na mesma peça (v.g.
Relatório de Regulação da ERC: Sumário Executivo, 2008: 25-26).
Perante todos os presentes dados, sou obrigada a concordar com Sousa & Santos, quando
afirmam que, ainda hoje, a RTP é “(…) incapaz de garantir um tratamento equilibrado dos
diversos actores políticos” (idem, 2003:10). De facto, ouvir várias fontes não equivale a dar
oportunidade a diferentes agentes de demonstrarem o seu ponto de vista. E dar voz aos mesmos
agentes de sempre apenas se traduz num empobrecimento democrático, bem longe dos
princípios resultantes de uma televisão que se pretende plural.
Infelizmente, não parece ser muito difícil a leitura basilar dos presentes dados: com um
resultado líquido de -46,9 milhões de euros (-29,9%, que no ano anterior), uma redução
constante de proveitos das mais diversas índoles e um passivo bancário assustador, torna-se
óbvio que urge uma alteração da realidade. Em especial quando pensamos que se trata de um
grupo de media que sobrevive parcialmente à custa do erário público, deturpando o mercado
privado e incumprindo os seus fins últimos.
É bem verdade que nos encontramos ante uma crise económica e financeira, que tem vindo a
reduzir o investimento publicitário - com a excepção da Media Capital (v.g. Relatório de
Regulação da ERC: Sumário Executivo, 2008). A título de exemplo, as receitas consolidadas
do Grupo Impresa desceram 2,5% face a 2007, tendo as receitas de televisão atingido menos
17% que o ano anterior. Contudo, este grupo não obteve resultados negativos como aconteceu
com a RTP, conseguindo chegar aos 177.000 euros de resultados líquidos ajustados num ano
muito difícil (v.g. Relatório de Contas 2008 – Impresa). Mais ainda: o Grupo Media Capital
apresentou um total de receitas publicitárias na televisão de mais de 5% num ano em que o
total de proveitos consolidados atingiu os 287.4 milhões, o que representa um crescimento de
29% em relação ao ano anterior (v.g. Relatório de Contas da Media Capital-2008).
Sabemos que estes grupos são formados por diferentes media e detêm diferentes formas de
inserção no mercado. Mas a verdade é que, tal como o actual grupo RTP, buscam o lucro. E se
os privados conseguem atingir tal propósito, já o grupo público fica muito aquém das
expectativas.
VII - Conclusão
“À primeira vista, tudo parece estar contra a esperança de que alguma coisa desse tipo possa
ser bem sucedida. E, contudo, essa esperança tem uma probabilidade muito real de
efectivação.”
(Adorno, 2003)
No início do presente artigo, mencionei as duas formas de olhar os media: através do modelo
de mercado ou mediante o modelo da esfera pública. A realidade é que, sob qualquer um dos
prismas, o serviço público – em especial, a RTP1- nos surge como um projecto falhado.
Sabemos que “(…) a comercialização das mensagens e o entretenimento light são hoje a
única opção testada de os operadores públicos manterem um nível de audiência que os
poderes públicos considerem razoável, isto é, que justifique a despesa perante a
sociedade(…)” (Cintra Torres: 2009:80). Ora, no tocante à RTP1, as audiências não são as
mais elevadas, assim como o não são, consequentemente, os proveitos oriundos do mundo
publicitário. A gestão do grupo, em geral, também não parece ser a mais eficiente, quiçá muito
em prol das alterações de administração ao sabor de decisões políticas.
Já no que respeita ao interesse público, a verdadeira razão de ser do serviço estatal de televisão,
parece ter ficado claro que o primeiro canal generalista olvida de forma gritante pilares
basilares da sua concretização. Actualmente, e com bem aponta Joaquim Fidalgo, os “(…)
operadores públicos reagem à concorrência com uma cópia da receita cozinhada para atrair
audiências, pondo assim em dúvida o próprio papel de agentes do ‘serviço público” (Traquina,
1997: 18).
Deste modo, torna-se impossível contornar a questão: deverá ser mantido um serviço público
televisivo? Muitos autores defendem que a solução para o presente problema passa pela
reestruturação do actual sistema, nunca pelo abandono do mesmo. Isto porque, como afirma
Joaquim Fidalgo, “(…) as necessidades dos cidadãos no que toca à televisão devem colocar-
se essencialmente no mesmo plano dos serviços públicos de educação, de saúde, de segurança
social, etc.” (Fidalgo, 2003:21). O âmbito de implementação deste media na sociedade, a sua
acessibilidade, a sua força e poder aos mais variados níveis obriga a que o Estado o encare
como um direito a assegurar, que não poderá residir somente nas mãos privadas. Torna-se
fulcral que o serviço público se baseie num “(…) princípio de resistência crítica face à
mediocridade audiovisual, uma força de dissidência diante de todas as tutelas, políticas,
ideológicas e mercantis, e uma chancela de criatividade que assegure as possibilidades da
(a)ventura humana” (Martins, 2005: 11/12).
E deverá o serviço público manter canais como a RTP1? De facto, o segundo canal generalista
parece cumprir de forma mais razoável (embora não a desejável) os objectivos a que se propõe.
A manter o primeiro canal, haverá, acima de tudo, que garantir a sua idoneidade, qualidade,
pluralismo e diversidade, não deixando que um das suas funções (entretenimento) se
sobreponha às demais - até porque, como realça Cintra Torres, tornou-se impensável a
utilização de dinheiros públicos para oferecer aos cidadãos exactamente aquilo que todos os
demais operadores lhes oferecem: “fazer serviço público actualmente deveria ser fazer o que
os outros não podem ou não querem fazer” (Idem, 2009: 80). Claro está que a efectivação
deste ideal apenas será possível mediante o terminus do financiamento da RTP através de
receitas publicitárias. De outro modo, a luta pela conquista fácil de audiências minará sempre
qualquer propósito cultural, educacional ou de formação cívica que possa (e deva) advir de um
operador público. Apenas assim o bem público será assegurado e o mercado privado
encontrará o equilíbrio que lhe é devido, dentro das funções sociais que os media exigem a
qualquer operador.
Mais: torna-se imperativo que a lei portuguesa estabeleça de forma mais concisa as obrigações
de um operador público, dado que, como pudemos observar, a determinação abstracta de
deveres apenas conduz ao eterno incumprimento impune e desresponsabilizado.
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