html
É constituído por:
• Texto principal composto pelas falas dos actores que é ouvido pelos
espectadores;
• Texto secundário (ou didascálio) que se destina ao leitor, ao encenador
da peça ou aos actores.
É composto:
o pela listagem inicial das personagens;
o pela indicação do nome das personagens no início de cada fala;
o pelas informações sobre a estrutura externa da peça (divisão em
actos, cenas ou quadros);
o pelas indicações sobre o cenário e guarda roupa das personagens;
o pelas indicações sobre a movimentação das personagens em palco,
as atitudes que devem tomar, os gestos que devem fazer ou a
entoação de voz com que devem proferir as palavras;
Acção – é marcada pela actuação das personagens que nos dão conta de
acontecimentos vividos.
Estrutura externa – o teatro tradicional e clássico pressupunha divisões
em actos, correspondentes à mutação de cenários, e em cenas e quadros,
equivalentes à mudança de personagens em cena.
O teatro moderno, narrativo ou épico, põe completamente de parte as normas
tradicionais da estrutura externa.
Estrutura interna:
• Exposição – apresentação das personagens e dos antecedentes da acção.
• Conflito – conjunto de peripécias que fazem a acção progredir.
• Desenlace – desfecho da acção dramática.
Classificação das Personagens:
* Quanto à sua concepção:
• Planas ou personagens-tipo – sem densidade psicológica uma vez que
não alteram o seu comportamento ao longo da acção. Representam um
grupo social, profissional ou psicológico);
• Modeladas ou Redondas – com densidade psicológica, que evoluem ao
longo da acção e, por isso mesmo, podem surpreender o espectador pelas
suas atitudes.
* Quanto ao relevo ou papel na obra:
• protagonista ou personagem principal Individuais
• personagens secundárias ou
• figurantes Colectivas
Tipos de caracterização:
• Directa – a partir dos elementos presentes nas didascálias, da descrição de
aspectos físicos e psicológicos, das palavras de outras personagens, das
palavras da personagem a propósito de si própria.
• Indirecta – a partir dos comportamentos, atitudes e gestos que levam o
espectador a tirar as suas próprias conclusões sobre as características das
personagens.
Outras características:
• Ausência de narrador.
• Predomínio do discurso na segunda pessoa (tu/vós).
http://ha2sem3.blogs.sapo.pt/4507.html
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
António Gedeão
http://www.algosobre.com.br/redacao/forma-a.html
"Designa, no interior da prosa literária (conto, novela ou romance) e do teatro, os seres fictícios construídos à imagem e semelhança dos seres
humanos: se estes são pessoas reais, aqueles são "pessoas" imaginárias, se os primeiros habitam o mundo que nos cerca, os outros movem-se
no espaço arquitetado pela fantasia do prosado!: " (Dicionário de Termos Literários - M. Moisés - Ed. Cultural)
1. Planas (lineares)
Constituídas de uma única idéia ou qualidade; carecem de profundidade. A personalidade delas é pobre, repetitiva; são previsíveis quanto ao seu
comportamento, infensas à evolução. Jamais nos surpreenderão durante ou ao final da narrativa. Podem ser subdivididas em:
a) Tipos
São personagens típicas, de contornos e características peculiares e, exatamente por isso, eternizam-se: quem se esqueceria de Sancho Pança,
em D. Quixote? Comadres fofoqueiras, homossexuais, padres, nos romances, fazem parte deste rol de personagens.
b) Caricaturas
São personagens que têm distorções propositais, a fim de ensejar o cômico, o ridículo, o satírico: Patrocínio das Neves, a "Titi" do livro A Relíquia,
de Eça de Queirós.
2. Redondas
São complexas, bem acabadas interiormente, repelem todo o intuito de simplificação. São também chamadas de multiformes, e nos surpreenderão
porque evoluem na narrativa. Dinâmicas e tridimensionais, podem ser subdivididas em:
a) Caracteres
São personagens cuja complexidade se acentua, gerando conflitos insolúveis: é o caso das personagens clássicas gregas: Édipo Rei, Prometeu,
Medéia.
b) Símbolos
São personagens que parecem ultrapassar a barreira do mero humano, transcendem. Ostentam profundidade psicológica e multiplicidade de
ações: Diadorim, de Grande Sertão: Veredas, Ulisses, da ; epopéia grega A Odisséia, de Homero.
Estas personagens, imprevisíveis em suas atitudes, rompem com a linearidade e nos provocam impactos com suas ações: Medeia, que mata os
filhos, apesar de amá-los, para vingar-se do marido que a trocara por outra mulher; Édipo, que, após ter descoberto sua verdadeira origem,
conclama a multidão e fura os olhos na frente do povo; Prometeu, que furta o fogo sagrado dos deuses e alia-se aos mortais e andróginos,
castigado, amarrado ao Cáucaso, com uma águia a lhe devorar todos os dias o fígado que cresce sem parar.
As personagens podem ser caracterizadas física ou psicologicamente, ou ainda, de ambas as maneiras simultaneamente.
Principais e secundárias
A referência serve para designar que às principais cabe sustentar, como eixo, todos os fatos inerentes à narrativa. Às secundárias cabe dar
suporte à continuidade da história, intermediando as ações e girando ao redor das principais como seres complementares.
a) Protagonistas
As que encabeçam as ações, sustentam o eixo narrativo. O mesmo que principais. Leonardo (filho) em Memórias de um Sargento de Milícias é
bom exemplo disso.
b) Antagonistas
Designação atual para o antigo vilão. Cabe a elas impedir, dificultar, atormentar a "vida" das personagens protagonistas. Como observação, seria
bom lembrar que as antagonistas não precisam ser propriamente pessoas; às vezes, são representadas por sentimentos, grupos sociais,
peculiaridades de ordem física, psicológica ou social dos indivíduos e até podem representar instituições. Suponhamos que você tenha uma
história onde dois indivíduos do mesmo sexo se amem e queiram casar. O antagonista será o Estado, a sociedade, a Constituição que os impedirá
de concretizarem seus desejos.
c) Coadjuvantes
O mesmo que secundárias. Co-auxiliam no desenvolvimento da história.
Tempo
Para o crítico Massaud Moisés, o tempo, no romance, provavelmente constitua o ingrediente mais complexo e o mais relevante: de certo modo,
tudo no romance forceja por transformar-se em tempo, que seria, em última instância, o escopo magno do romancista. Mais do que escrever uma
história, mostrar cenários, criar personagens, o seu objetivo consistiria na criação de um tempo e da sua fixação, dentro das coordenadas de um
livro. Senhor absoluto do tempo, o recepcionista pode acompanhar as personagens durante toda a sua existência. " O crítico ressalta, ainda, que
dois tipos de tempo podem ser considerados numa narrativa:
Histórico (cronológico)
Chamado também de linear, diacrônico, é mensurável e segue a organização do dia-a-dia. Tem o ritmo do calendário ou do relógio e pode, muitas
vezes, ser apontado por situações adverbiais: à noite, naquela manhã, no outono de 1997. Outros índices temporais podem ser levados em
consideração: durante a adolescência, por um instante.
Exemplo do cotidiano: Você marca um encontro, o primeiro, com quem ama, às 7 da noite. Às cinco em ponto você já tomou banho, escolheu a
roupa. Olha o . relógio que não move os ponteiros. Estas duas horas que separam vocês serão infinitamente longas, embora o tempo real tenha
sido marcado nos relógios de maneira idêntica a todas as horas.
Um outro exemplo: sentado(a) na carteira do c vestibular, com a aflição das inúmeras questões pela frente, seu relógio voa quatro horas são
céleres demais.
Espaço
Nenhuma personagem, em qualquer tipo de narrativa, está solta no espaço. A especialidade existe sob a forma de ambiente onde se insiram as
personagens. E numa classificação simplista, podem ser qualificados; de abertos (o campo, uma praça) e fechados (uma casa, um cômodo, uma
sala). Os espaços, muitas vezes, singularizam as criaturas. Veja o exemplo de Bento Santiago, em Dom Casmurro, que mandou reconstruir a casa
de sua infância; ou observe um romântico como Alencar descrevendo "os mares bravios", as praias do Ceará, a pequena floresta onde
encontramos Iracema pela primeira vez, no livro homônimo.
Em A Relíquia, o narrador cria para a "Titi" um espaço fechado, escuro e tenivel dos fanáticos religiosos. A descrição do oratório, cheio de santos,
incensos, toalhas bordadas e um Cristo crucificado; a sala imponente e sombria... Leve, ainda, em consideração o espaço criado por José Lins do
Rego, em Fogo Morto: na região do Pilar, ele indica a decadência de um Nordeste antigo e latifundiário usando como símbolo de uma estrada de
terra batida, caminho que vai para todos os lugares e traz todas as criaturas e seus sofrimentos.
O espaço é vital para a construção de boas histórias. Menos que um pano de fundo, é indicador de características humanas: O "Paraíso", em O
Primo Basílio mostra o caráter das relações entre Basílio e Luísa, assusta-a pelo feio, sujo, quando esperava o belo e romântico lugar para
encontrar"se com o amante.
Em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, é antes uma personagem, ganha corpo, é antropomorfizado, assemelhase às criaturas. Da mesma forma que a
natureza em O Guarani, de Alencar, rompe as barreiras de simples pano de fundo para as ações e passa a ocupar estatus de personagem
grandiosa.
Psicológicos
Muitas vezes, o espaço é meramente interior e reflete estados psicológicos. Principalmente nas narrativas intimistas, a especialidade tem acento
nitidamente psíquico e aponta os estados de alma das personagens.
Tomando como exemplo Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector, a personagem Joana irá embora no final da narrativa. Em espaço
aberto, pelo mar, procurará o "coração selvagem da vida", lugar desconhecido, mas intuído ou sonhado.
Ainda não entendeu o que é espaço psicológico? Vamos lá! Você, suponhamos, receberá um diploma, um prêmio. Está nervoso, inquieto.
Chamam seu nome, há centenas de pessoas olhando para você que... atravessa a pista de dança de um clube qualquer e dirige-se à mesa
principal para ser premiado, diplomado. O trajeto até a mesa será imenso, quilométrico. Quando olhado numa outra ocasião, parecerá muito menor
do que aquele que você, inquieto e nervoso, atravessou com o coração saltando pela boca. Entendeu agora?
Ação
Muito cuidado para não confundir ação com enredo, história ou argumento narrativos. Podemos definir ação como uma seqüência de
acontecimentos na narração e, como se encadeiam numa ordem natural de causa e efeito, acabam por formar o todo de que se alimenta a
história.
Dessa forma, um conjunto de ações feitas ou recebidas pelas personagens, encadeadas entre si, geram o enredo.
Horácio, poeta latino, observava que a ação, juntamente com o tempo e o espaço, formava o que conhecemos como a "lei das três unidades" que
qualquer narrativa jamais pode dispensar para ser digna de crédito.
A seqüência das ações narrativas desenvolve-se no tempo, não se esqueça disso; é um conjunto de fatos; no entanto, é preciso observar que esta
seqüência de fatos nem sempre implica uma ação. Para que isso aconteça, é preciso que tais fatos estejam "amarrados" entre si, que formem um
todo a que podemos chamar, então, de enredo.
Quando se escreve, não podemos deixar ao longo das narrativas que produzimos "fios soltos". Eles devem ser "amarrados" entre si, produzindo o
que chamamos de coerência interna. Mais do que descrever fatos, precisamos prestar atenção e produzir situações que se encadeiem, originando
daí o todo narrativo, o conjunto de circunstâncias acionais que gerem uma história na qual se creia.
Como você pode perceber, as ações implicam também verossimilhança e dão unidade e sentido à sua narração ou a qualquer texto que conte
uma história.