1 — SEDE — A posição ou sede do "ictus" tem grande valor propedêutico, variando em condi-
ções fisiológicas e patológicas.
a) Condições fisiológicas — Normalmente, no adulto, a sede do "ictus" é no quinto intercosto
esquerdo, um pouco para dentro da linha hemiclavicular esquerda.
A sensação táctil do "ictus cordis", em condições normais, é de extensão pequena, menor que
duas polpas digitais, sem forma característica, com a simples sensação de algo que toca os
dedos indicador e médio do observador, sem a sensação de impulso.
Semiotecnicamente, localiza-se o intercosto sede de "ictus cordis", pela palpação do intercosto
logo abaixo do ângulo de Louis, que corresponde ao segundo intercosto. A partir deste,
contam-se os intercostos, um a um, em direção ao "ictus" palpado, (Fig. VI-5).
A sede poderá variar com:
a1) Tipo morfológico — mais para dentro no longilíneo, mais para fora no brevilíneo, porém,
sempre para dentro da linha hemiclavicular esquerda.
a2) Idade — na criança, no quarto intercosto; no adulto, no quinto intercosto, e no velho, no
sexto intercosto, por abaixamento do diafragma, podendo não ser visto, nem palpado quando
situado atrás de uma costela.
a3) Estado de nutrição — bem visível e palpável nos magros, e mal percebido, ou até ausente,
nos indivíduos gordos ou edemaciados.
a4) Desce na inspiração e sobe na expiração. Estas variações com a respiração não têm
expressão propedêutica. Tem grande valor simplesmente para localizar a sede nos indivíduos
normais, e se verificar da ausência do "ictus" pela manobra de Valsalva — apneia expiratória
com a glote fechada e com a flexão do tronco (para a frente) — que determinará a palpação dos
"ictus" pouco perceptíveis, ou confirmará a sua ausência.
a5) Posição corporal — A mobilidade do coração pelos decúbitos faz variar a sede e a
extensão; no decúbito lateral esquerdo até 3 cm, podendo chegar até 7 ou 9 cm; no decúbito la-
teral direito, de 2 a 3 cm.
a6) Excitações psíquicas — As emoções tornam o "ictus" mais visível e mais extenso, pela
taquicardia psicógena.
a7) Dextro cárdias fisiológicas — inversão visceral — e patológicas, retração da pleura direita
e nos derrames líquidos ou gasosos da pleura esquerda.
b1) Em formas patológicas de tórax, sendo os desvios mais acentuados no tipo cifo-escoliótico.
b2) Derrames de qualquer das pleuras.
b3) Enfisema ou atelectasia, volumosos.
b4) Tumores do mediastino anterior e posterior, tornando o "ictus" mais extenso e
aparentemente mais intenso.
b5) Tumores abdominais, gravidez, e todas as outras causas de aumento da pressão
intra-abdominal.
4 — MOBILIDADE
5 — AUSÊNCIA
Para a afirmação da ausência do "ictus", devem ser realizadas as manobras de Valsalva, com a
flexão do tronco já mencionada, e mais a pesquisa palpatória em decúbito lateral esquerdo ou
decúbito de Pachon.
A ausência do "ictus" pode ser fisiológica ou patológica.
A fisiológica ocorre quando o ventrículo esquerdo está situado atrás de costelas, no tórax
7 — RITMO
O ritmo observado na inspeção e palpação do "ictus" poderá ser bradicárdico, taquicárdico,
bigeminado, ritmo extrassistólico e o da fibrilação atrial ou ventricular.
Durante a investigação do ritmo do "ictus", observam-se também as formas do mesmo, que já
foram citadas:
cupuliforme, ou choque "en dôme" de Bard — intensidade aumentada, duração normal, forma
de "cúpula", de segmento de elipse;
globoso, intensidade aumentada, duração aumentada, extensão maior que o cupuliforme, de
segmento de esfera;
báscula ou balancim, observado nos bloqueios de ramo;
escalariforme "ou em escada", nos galopes proto-diastólicos.