PIRATA – Nossa como o Sitio do Pica-pau Amarelo está mudado.Mas esse sitio é danado
de bonito! Também faz pelomenos uns quinze anos anos que eu não venho aqui. Ou serao
dezesseis? Só não me lembro da...Ah, a canastrinha! Se não me engano ela ficava bem por
aqui...
TIA NASTÁCIA – Ei... quem é o senhor? O que é que o senhor tá precurando por aqui?
(analisando o pirata) E que roupa mais esquisita é essa? Ah já sei, o senhor ta
fantasiado...fantasiado de pirata. Uai, mas o carnavá já passou!
PIRATA – Grande Nastácia! Salve, salve, aleluia Nastácia! Você não se lembra de mim?
TIA NASTÁCIA – (faz o sinal da cruz) Eu hein? Deus me livre! Eu nem num gosto de
carnavá. Nunca pulei em nenhum broco de carnavá. Como é que eu iria me alembrá do
sinhô?
PIRATA – Como não Nastácia? Eu sou o senhor Jocenildo Jaçanã de Orelhã e Bragança,
lembra?
TIA NASTÁCIA – Ói seu pirata, eu cunheço muitas oreia. Oreia de porco, oreia de burro,
oreia de taioba, mas oreia de bregança, eu num me alembro de nenhuma não.
PIRATA – Minha boa e preta Nastácia, como sempre muito esquecida. E daquela
canastrinha que ficava bem ali, encima daquele móvel a senhora se lembra?
TIA NASTÁCIA – Ai, craro que me alembro, aquela canastrinha da Emília, aquilo é o
xodó daquela boneca, (desconfiada) mas...
PIRATA – E onde foi que a boneca colocou aquela canastrinha, hein Nastácia?
TIA NASTÁCIA – Óia aqui seu oreia de porco, eu num tô gostando nada do interesse do
senhor pela canastrinha da Emília não viu?
PIRATA – Por que não Nastácia? Eu sou um colecionador de canastras Nastácia. E o meu
interesse pela canastrinha é puramente comercial. Adoro canastras, canastrinhas, canastroes.
Não posso ver uma canastra que já fico logo louco por ela. Me apaixono perdidamente...
1
TIA NASTÁCIA – (dando vassouradas no pirata) Sai pra lá seu, seu doido varrido. É o
sinhô só pode ser doido mesmo. Cum essa roupa esquisita e ainda por cima, apaixonado por
canastras... Deve de tê fugido de argum hospício...
PIRATA – (perdendo o paciencia) Minha doce e bela Nastácia,de uma vez por todas, onde
foi que a tal Emília colocou aquela bendita canastrinha?
TIA NASTÁCIA – Num sei, num quero saber e tenho réiva de quem sabe. E acho mió o
sinhô ir dando o fora daqui. Vai, vai, vai, vai procurá sua turma seu oreia de porco. Vai vê se
incontra argum bróco de carnavá pru sinhô se diverti, vai. (vai colocando o pirata pra
fora)
PIRATA – Minha senhora, isso daqui não é uma fantasia, eu sou um...
PIRATA – (o pirata volta) Está bem, eu vou, mas eu volto. (fala para o público) Essa
velha é louca.
TIA NASTÁCIA – (muito brava) Louca eu? Louco é ocê seu pirata de meia tigela...(agora
é que eu vou te mostrar a loucura da minha vassoura seu fio duma égua!(saem os dois de
cena)