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FACULDADE DE FARMÁCIA UNIVERSIDADE DO PORTO

Licenciatura em Ciências Farmacêuticas

Disciplina: Biotoxicologia

AFLATOXINAS
Jorge Rodrigues, Maria Rosário Lopes

INTRODUÇÃO

As micotoxinas são metabolitos secundários, altamente tóxicos, de baixo peso molecular,


produzidos por fungos filamentosos. Estes fungos são capazes de contaminar praticamente todos
os alimentos. Em condições ambientais adequadas a sua proliferação é rápida, ocorrendo
produção de grandes quantidades de micotoxinas [1, 2, 4, 5, 7, 12, 15].

A micotoxicose, designação atribuída à intoxicação por micotoxinas, é uma patologia bastante


semelhante à registada aquando da exposição a pesticidas ou resíduos de metais pesados [1].

Produzidas por várias espécies de fungos filamentosos, do género Aspergillus, as aflatoxinas são
as micotoxinas mais abundantes e mais tóxicas que se conhecem [3, 5, 6]. Estas são
mutagénicas e teratogénicas para Homem e animais, estando associados ao consumo de
alimentos contaminados. As consequências da intoxicação humana incluem toxicidade aguda,
síndrome de Reye, hepatocarcinoma, necrose aguda, cirrose e encefalopatia [1, 4, 6, 7, 10, 12,
13, 14, 20, 28]. A aflatoxina B1 é reconhecida como o carcinogénio natural mais potente [1, 4,
14].

A contaminação não é, na generalidade, visualizada a olho nu e, como tal, os produtos


prosseguem para a comercialização, veiculando desta forma compostos capazes de provocar
doença e, em ultima caso, morte [9, 18].

Como consequência da exposição contínua a pequenas doses de micotoxinas, os animais podem


desenvolver patologias que se caracterizam pela cronicidade ou toxicoses difusas [9,12]. Esta é a
forma de contaminação mais comum, na qual os animais vão ingerindo diariamente baixas doses
de contaminante. Por outro lado, a intoxicação por ingestão massiva de micotoxinas surge
raramente [8, 12].

A contaminação dos animais através da ração pode trazer graves consequências, uma vez que as
micotoxinas passam para o leite, ovos e carne, colocando em risco todos os consumidores [6, 8
23, 28]. Desta forma, o controlo da contaminação dos alimentos nas diferentes etapas
(produção, armazenamento e processamento) torna-se essencial para evitar as consequências de
uma eventual contaminação [3, 8, 12].

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HISTÓRIA

Em 1962, uma crise veterinária abateu-se sobre Londres, tendo-se registado a morte de 100 mil
perus sem razão aparente. Apresentavam sinais de anorexia, apatia, e adinamia nas asas,
morrendo no espaço de uma semana. Esta doença inexplicável ficou posteriormente conhecida
por Doença X dos Perus [1, 5, 18, 28].

Investigações subsequentes levaram ao isolamento de Aspergillus flavus nas rações, um fungo


filamentoso produtor de grandes quantidades de aflatoxinas. A descoberta alertou os cientistas
para a toxicidade dos metabolitos secundários produzidos por várias espécies de fungos
filamentosos [1,9]. A partir desta data, surge um período (1960-1975) caracterizado por um
largo interesse na pesquisa e descoberta de novas micotoxinas [1].

Em 1974, na Índia, ocorre um dos maiores surtos de aflatoxicose em humanos. Foram afectadas
397 pessoas, apresentando sintomatologia febril, icterícia, dores, vómitos e hepatomegalia,
tendo-se registado a morte de cerca de 100 indivíduos. O milho, componente maioritário da
dieta, terá sido a principal fonte de contaminação [4, 6].

Apesar da crescente preocupação em investigar e evitar estas intoxicações, são ainda registados
actualmente surtos de aflatoxicose. Em Abril de 2004, foi registado um grande surto de
aflatoxicose no Quénia, tendo-se registado 317 casos e 125 mortes [19, 26].

Actualmente são realizados esforços de forma a prevenir surtos futuros. Para tal, é importante
apostar na implementação de programas de segurança alimentar a longo prazo [26].

OCORRÊNCIA

As espécies de Aspergillus spp. são encontradas no solo como fungos saprófitos, podendo
também surgir como contaminantes da vegetação e de alimentos armazenados. Entre as várias
micotoxinas por elas produzidas citam-se: patulina, citrinina, citreovindina, ácido penicilico,
xantomeganina, ocratoxina, ácido ciclopiazónico e aflatoxinas [9, 12, 27].

A disseminação fúngica ocorre facilmente através da produção de esporos assexuados muito


resistentes a condições adversas – conídeos – sendo esta propagação difícil de controlar [9]. As
principais espécies de Aspergillus spp., que atentam contra a saúde pública causando grande
preocupação económica e ambiental são: Aspergillus flavus, A. parasiticus, A. fumigatus e A.
ochraceus [9, 23].

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Os materiais vegetais podem sofrer contaminação desde que são cultivados até ao momento da
colheita por fungos filamentosos, produtores de micotoxinas (Figura 1) [8]. São principais alvos
de contaminação por Aspergillus spp, culturas de trigo, milho, arroz, amendoins, sementes de
algodão, sorgo, cevada, soja, mandioca [6, 8, 9, 10, 17, 18].

CULTURAS
COLHEITA

CONSUMIDORES

ARMAZENAMENTO

RAÇÃO PARA ANIMAIS PROCESSAMENTO


Adaptado de Pettersson, H. - Controlling mycotoxins in animal feed - Chapter 12: Mycotoxins in food:
detection and control – Woodhead Publishing (2004), Sweden.
Figura 1 – Rede de contaminação.

A susceptibilidade das colheitas no que respeita à contaminação por estes fungos varia de acordo
com diferentes parâmetros (espécie vegetal, espécie contaminante, temperatura ambiental, teor
em água, entre outros) [8, 10, 17, 18, 27, 28]. As temperaturas mínima, óptima, e máxima,
para a produção de aflatoxinas, são respectivamente 12ºC, 27ºC e 40-42ºC [18]. Caso a
contaminação ocorra após a colheita, as condições de armazenamento desempenham um papel
fundamental, dependendo destas o desenvolvimento fúngico e a produção de micotoxinas [8,
23].

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Têm sido registados surtos de aflatoxicose em humanos em diferentes partes do mundo,


especialmente em países desenvolvidos [4, 6, 26, 27].

Estudos apontam para a ocorrência de sinergismo no aparecimento de hepatocarcinomas em


indivíduos portadores do vírus da Hepatite B e concomitantemente sujeitos à exposição de
aflatoxinas [15, 16, 17, 20].

Nas sociedades desenvolvidas o risco de micotoxicose é baixo, focando-se a principal


preocupação no potencial carcinogénico apresentado por estes compostos, quando ingeridos
continuamente em baixas doses. Actualmente existe um crescente interesse nesta temática, pela
gravidade das consequências para a saúde pública [7, 12, 27].

CONTROLO

A contaminação alimentar por aflatoxinas, causadora de um impacto económico profundo, tem


vindo a motivar o desenvolvimento e aperfeiçoamento de tecnologias que visam a monitorização
destes compostos [9].

As aflatoxinas são furanocumarinas complexas. Quando expostas à luz ultravioleta, a elevados


comprimentos de onda, emitem intensa fluorescência. Esta é uma propriedade utilizada na sua
identificação e quantificação quando presentes nos alimentos [9, 18]. As aflatoxinas B1 e B2
produzem fluorescência azul (Blue), ao passo que as aflatoxinas G1 e G2 produzem fluorescência
verde (Green) [6, 10, 18, 25].

Os métodos habitualmente utilizados na quantificação de aflatoxinas podem ser divididos em


duas categorias: métodos cromatográficos e ensaios imunoenzimáticos (ELISA - enzyme-linked
immunosorbent assays) [9].

Deve-se salientar que as técnicas normalmente utilizadas no processamento alimentar são


insuficientes para a remoção destes compostos dos produtos agrícolas sem prejuízo dos seus
valores nutricionais [18]. As aflatoxinas demonstram pequena ou nenhuma decomposição
quando sujeitas a temperaturas acima de 100ºC. Como consequência, não são eliminadas nas
condições normais de processamento dos alimentos (cozimento, pasteurização, torrefacção, entre
outros) [18].

Assim, é justificada a criação de um mecanismo de controlo que se baseie num modelo de acção
proactivo e não reactivo [3]. Surge assim, de acordo com esta perspectiva, o controlo da
contaminação por aflatoxinas em produtos alimentares através da implementação de protocolos
de HACCP (Hazard Analysis Critical Control Point) [3, 12]. Trata-se de um procedimento simples,
desenhado originalmente pela NASA em colaboração com a companhia Pillsbury e exército norte-

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americano, com o objectivo de produzir “comida totalmente segura”, que minimizasse o risco de
intoxicação dos astronautas. A eficácia e facilidade de implementação do sistema desenvolvido foi
tal, que rapidamente passou a ser aplicado pelas indústrias de processamento alimentar [3].

Neste modelo, a análise do controlo dos pontos críticos, susceptíveis de constituir perigo, é
realizada através do estudo e planeamento cuidadoso de cada uma das etapas do processamento
alimentar, regendo-se pelos sete princípios do HACCP (Tabela I) [3, 28].

Tabela I – Os Sete princípios do HACCP

Identificação dos perigos, avaliação dos riscos e descrição dos


Principio 1
métodos de controlo.
Principio 2 Identificação dos pontos de controlo críticos (PCC).
Principio 3 Estabelecimento de limites críticos.
Principio 4 Estabelecimento de procedimentos para monitorizar os PCC.
Principio 5 Estabelecimento de acções correctivas.
Principio 6 Estabelecimento de medidas correctivas.
Principio 7 Registo e documentação de todos os procedimentos.
Adaptado de - Aldred, D.; Magan, N.; Olsen, M. —The use of HACCP in the control of mycotoxins: the case of cereals - Chapter 7:
Micotoxins in Food: detection and control, Woodhead Publishing (2004), Sweden

A determinação do grau de exposição Humana às micotoxinas reveste-se de grande interesse na


protecção da saúde pública. Métodos de biomonitorização utilizando marcadores específicos,
presentes em diferentes fluidos biológicos como urina, sangue e leite, são utilizados na avaliação
do grau de exposição individual. Com o conhecimento destes parâmetros, pode predizer-se o
risco de desenvolvimento de cancro e outras doenças. Estes marcadores específicos baseiam-se
no conhecimento do metabolismo e capacidade de formação de complexos moleculares que estas
micotoxinas apresentam [12].

TOXICIDADE

As aflatoxinas estão, na maior parte das situações, presentes em concentrações muito baixas
(ng/g) nos alimentos, não alterando as propriedades organolépticas, nomeadamente o sabor e
odor. Não sendo detectadas pelos consumidores, estas podem ser ingeridas de forma sistemática
provocando situações de micotoxicose crónica [10, 18]. Já as micotoxicoses agudas ocorrem
quando as quantidades ingeridas ultrapassam concentrações na ordem dos mg/g [10, 18].

A severidade demonstrada varia de acordo com o tipo de aflatoxinas presente. Estudos


demonstraram que a toxicidade destas segue a ordem: AFB1 > AFG1 > AFB2 > AFG2 [21].

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A aflatoxina B1 é o mais potente hepatocarcinogénio conhecido em várias espécies,


nomeadamente mamíferos, aves e peixes [1, 5, 10, 11, 15, 17, 21, 28]. Potencialmente
perigosas são também as aflatoxinas B2, G1 e G2, que podem ser encontradas em simultâneo na
mesma cultura em diferentes proporções [17].

O principal órgão afectado é o fígado, embora o local dos efeitos hepáticos varie com a espécie
afectada. Estão ainda descritos efeitos tóxicos nos pulmões, miocárdio e rins, podendo ocorrer
acumulação de aflatoxinas no cérebro [28].

Para que se verifiquem efeitos carcinogénicos, é necessário que ocorra, após a ingestão,
bioactivação por metabolização [10, 15, 17, 18]. A biotransformação das aflatoxinas passa por
reacções de fase I e II (Figura 2), algumas das quais contribuem para o aumento da toxicidade
por bioactivação, enquanto outras levam à sua redução [18]. A epoxidação na dupla ligação 8-9
traduz-se numa toxicidade aguda e crónica manifestada pelas aflatoxinas [2, 15, 18, 27, 28]
(Figura 3).

O OH O OH

O O
OH

Cancro O O OMe O O OMe

Aflatoxicol (B1) Urina Aflatoxicol (M1) Urina

Formação de aductos com o


DNA ADH 17 ceto SDH Citocromo
P450
O O O O
O O

O O Citocromo P450 O
Citocromo P450 OH

O
O O OMe O O OMe O O OMe
Aflatoxina B1 -endo-8,9-epóxido
Aflatoxina B1 Aflatoxina M1 (Leite)

GST Yc2 Citocromo P450

O O
O O
Conjugação
Aflatoxina O
O O com GSH (Urina)
B1-endo-SG O
OH
O O
O
HO
O O OMe Formação de
O O OMe aductos
HO
O O OMe Aflatoxina B1 -exo- com o DNA
-8,9-epóxido Aflatoxina
Aflatoxina B1 -endo- M1 -8,9-epóxido
-8,9-dihidrodiol
GST Yc2

Cancro
O O
Aflatoxina B1 -exo-SG O

O O HO
Formação de
aductos com o DNA
O HO O O OMe

HO Aflatoxina
HO M1 -8,9-dihidrodiol
Cancro O O OMe

Aflatoxina B1 -exo-8,9-dihidrodiol

Proteínas

Figura 2 – Biotransformação das aflatoxinas B1 e M1.

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Quando as aflatoxinas B1 e B2 são ingeridas por gado produtor de leite (bovino, caprino, ovino,
entre outros), uma porção é hidroxilada e excretada no leite sob a forma de aflatoxina M1 e M2,
compostos com menor toxicidade, mas não negligenciáveis devido ao grande incentivo do
consumo de leite [6, 17, 18, 28].

As espécies animais apresentam sensibilidade diferente no que respeita à toxicidade aguda e


crónica das aflatoxinas. No entanto, para a maioria das espécies, os valores de LD50 estão
situados no intervalo de 0,5 a 10 mg/kg de peso corporal [10, 17, 25, 28].

Devido à sua toxicidade, foram estabelecidos limites em diversos países para a presença de
aflatoxinas nos alimentos [6, 10, 22].

Não existe tratamento específico para a aflatoxicose. No entanto, as pessoas infectadas e que
conseguem recuperar totalmente, normalmente não sofrem efeitos a longo prazo [10].

O O O O

O O
Epoxidação directa

O
O O OMe O O OMe
Aflatoxina B1 2,3-epóxido aflatoxina B1
Pró-carcinogénio Carcinógénio
Figura 3 – Epoxidação directa da aflatoxina B1.

A aflatoxina B1 é genotóxica formando aductos com o DNA, em humanos, animais, com


consequentes anomalias cromossomais. Em culturas celulares humanas e de animais, produz
danos no DNA, mutações de genes e anomalias cromossomais. É hepatotóxica em humanos e
animais; e nefrotóxica e imunossupressiva nos animais [27].

Não existem estudos extensivos relativos à aflatoxina B2. No entanto, sabe-se que esta, quando
administrada em ratos, forma in vivo ligação com o DNA, após conversão metabólica em
aflatoxina B1 [27].

A aflatoxina G1 liga-se ao DNA, produzindo aberrações cromossómicas quando administrada a


roedores. Em culturas celulares humanas e animais, induz danos no DNA e anomalias
cromossómicas [27]. Embora a aflatoxina G1 e M1 estejam pouco estudadas, aparentam-se
toxicologicamente com a aflatoxina B1. São no entanto consideradas hepatocarcinogéneos menos
potentes, apresentando-se mais nefrocarcinogeneas que a aflatoxina B1 [28].

Existem poucos estudos genéticos publicados sobre as aflatoxinas G2 [27].

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Teores máximos legais

REGULAMENTO (CE) N.º 2174/2003 DA COMISSÃO de 12 de Dezembro de 2003 que altera o

Regulamento (CE) n.º 466/2001 no respeitante às aflatoxinas

Teores máximos de Critérios de


Método de
aflatoxinas (µg/kg) desempenho
Produto colheita de
para os métodos
B1 (B1+B2+ M1 amostras
de análise
G1+G2)

2.1. AFLATOXINAS
2.1.1. Amendoins, frutos de casca
rija e frutos secos

2.1.1.1. Amendoins, frutos de casca


rija e frutos secos e produtos
derivados da sua transformação, Directiva
(1) (1)
Directiva
destinados ao consumo humano 2,0 4,0 — 98/53/CE da
(2)
98/53/CE
directo ou como ingrediente de Comissão
géneros alimentícios

2.1.1.2. Amendoins destinados a


serem submetidos a um método de
triagem ou a outros tratamentos
físicos antes do seu consumo humano
(1) (1)
Directiva Directiva
ou da sua utilização como ingrediente 8,0 15,0 —
98/53/CE 98/53/CE
de géneros alimentícios

2.1.1.3. Frutos de casca rija e frutos


secos destinados a serem submetidos
a um método de triagem ou a outros
tratamentos físicos antes do seu
consumo humano ou da sua utilização (1) (1)
Directiva Directiva
5,0 10,0 __
como ingrediente de géneros 98/53/CE 98/53/CE

alimentícios

2.1.2 Cereais (incluindo o trigo


mourisco, Fagopyrum sp.)

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2.1.2.1. Cereais (incluindo o trigo


mourisco, Fagopyrum sp.) e os
produtos derivados da sua
Directiva Directiva
transformação, destinados ao 2,0 4,0 —
98/53/CE 98/53/CE
consumo humano directo ou como
ingrediente de géneros alimentícios

2.1.2.2. Cereais (incluindo o trigo


mourisco, Fagopyrum sp.), com
excepção do milho, destinados a
serem submetidos a um método de
triagem ou a outros trtamentos físicos Directiva Directiva
2,0 4,0 —
antes do seu consumo humano ou da 98/53/CE 98/53/CE
sua utilização como ingrediente de
géneros alimentícios

2.1.2.3. Milho destinado a ser


submetido a um método de triagem
ou a outros tratamentos físicos antes
Directiva Directiva
do seu consumo humano ou da sua 5,0 10,0 —
98/53/CE 98/53/CE
utilização como ingrediente de
géneros alimentícios

2.1.3. Leite [leite cru, leite destinado


ao fabrico de produtos à base de leite
e leite tratado termicamente, tal
como definido pela directiva
(3)
Directiva Directiva
92/46/CEE do Conselho , com a — — 0,05
98/53/CE 98/53/CE
última redacção que lhe foi dada pelo
Regulamento (CE) n.º 806/2003(4)]

2.1.4. As seguintes espécies de


especiarias:
- Capsicum spp. (o fruto seco, inteiro
ou triturado, incluindo a malagueta, a
malagueta em pó, a pimenta de
Directiva Directiva
caiena e o pimentão-doce) 5,0 10,0 __
98/53/CE 98/53/CE
- Piper spp. (o fruto, incluindo a
pimenta branca e a pimenta preta)
- Myristica fragans (noz-moscada)
- Zingiber officinale (gengibre)
- Curcuma longa (curcuma)

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(1) Os teores máximos são aplicáveis à parte comestível dos amendoins, dos frutos de casca rija e dos frutos
secos destinada a ser consumida. Se forem analisados os frutos inteiros, ao calcular-se o teor de aflatoxina,
deve pressupor-se que toda a contaminação se encontra na parte comestível.

(2) JO L 201 de 17.7.1998, p. 93.

(3) JO L 268 de 14.9.1992, p. 1.

(4) JO L 122 de 16.5.2003, p. 1.

Em Portugal, o controlo dos teores de aflatoxinas nos alimentos é realizado pela Direcção-Geral

de Fiscalização e Controlo da Qualidade Alimentar [23].

Não existe a nível mundial uma harmonização dos teores máximos legais de aflatoxinas

presentes nos alimentos. Por exemplo, os EUA apresentam um limite de 20µg/Kg para a

quantidade total de aflatoxinas presente em alimentos como cereais e café, ao passo que na

União Europeia esse valor é de 2µg/Kg para a aflatoxina B1 e 4µg/Kg para a quantidade total de

micotoxinas. Por outro lado, a FDA e a Comunidade Europeia estipularam os limites de 0,5 e

0,05µg/Kg, respectivamente, para a aflatoxina M1 no leite e seus derivados [28].

O facto de não existirem teores máximos legais harmonizados para estes e outros compostos

tóxicos, levanta um problema de segurança alimentar causado pela possível

exportação/importação de produtos alimentares que não obedecem à legislação

nacional/comunitária.

[24,25]
AFLATOXINA B1
(6aR-cis) - 2,3,6a,9a-Tetrahidro-4-metoxiciclopenta[c]furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h][1]-benzopiran-1,11-diona

MASSA MOLECULAR: 312.274 g/mol


O O
FÓRMULA MOLECULAR: C17H12O6
O
COEFICIENTE DE PARTIlHA: 1.399

PONTO DE FUSÃO: 268-269ºC

FLUORESCÊNCIA: Azul O O OMe


[α]D : -558º (c=0,1 em CHCl3)

[α]D : -480º (c=0,1 em DMF)

UV MÁX. (ETANOL): 223, 265 e 362 nm

LD50 : 18,2µg/50g de peso corporal


(em patinho) per os

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LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal : 9,50µg/Kg de peso corporal

[24,25]
AFLATOXINA B2
(6aR-cis) - 2,3,6a,8,9,9a-Hexahidro-4-metoxiciclopenta[c]furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h][1]-benzopiran-1,11-diona

MASSA MOLECULAR: 314.289 g/mol O O


FÓRMULA MOLECULAR: C17H14O6
O
COEFICIENTE DE PARTILHA: 1.435

PONTO DE FUSÃO: 286-289ºC


O O OMe
FLUORESCÊNCIA: Azul

[α]D : -492º (c=0,1 em CHCl3)

UV MÁX. (ETANOL): 265 e 363 nm

LD50 (em patinho) per os : 84,8µg/50g de peso corporal

LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal : n.d.

[24,25]
AFLATOXINA G1
3,4,7aα, 10aα-Tetrahidro-5-metoxi-1H, 12H-furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h]pirano[3,4-c][1]-benzopiran-1,12-diona

O O
MASSA MOLECULAR: 328.273 g/mol
O O
FÓRMULA MOLECULAR: C17H12O7

COEFICIENTE DE PARTILHA: 1.443

PONTO DE FUSÃO: 244-246ºC O O OMe


FLUORESCÊNCIA: Verde

[α]D : -556º (Clorofórmio)

UV MÁX. (ETANOL): 243, 257, 264 e 362 nm

LD50 (em patinho) per os : 39,2µg/50g de peso corporal

LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal : n.d.

[24,25]
AFLATOXINA G2
3,4,7aα,9,10,10aα-Hexahidro-5-metoxi-1H, 12H-furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h]pirano[3,4-c][1]-benzopiran-1,12-diona

O O
MASSA MOLECULAR: 330.289 g/mol

FÓRMULA MOLECULAR: C17H14O7 O O

COEFICIENTE DE PARTILHA: 1.479

PONTO DE FUSÃO: 237-240ºC


O O OMe

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FLUORESCÊNCIA: Verde-azul

[α]D : -473º (c=0,084 em CHCl3)

UV MÁX. (ETANOL): 265 e 363 nm

LD50 (em patinho) per os : 172,5µg/50g de peso corporal

LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal : n.d.

NOTA: Derivado da 9,10-dihidro da Aflatoxina G1

[24,25]
AFLATOXINA M1
2,3,6a,9a-Tetrahidro-9a-hidroxi-4-metoxiciclopenta[c]furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h][1]-benzopiran-1,11-diona

MASSA MOLECULAR: 328.273 g/mol O O


FÓRMULA MOLECULAR: C17H12O7
O
OH
COEFICIENTE DE PARTILHA: 0.54

PONTO DE FUSÃO: 299ºC


O O OMe
FLUORESCÊNCIA: Azul-violeta

[α]D : -280º (c=0,1 em DMF)

UV MÁX. (ETANOL): 226, 265 e 357 nm

LD50 (em patinho) per os : 16,6µg/50g de peso corporal

LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal : n.d.

[24,25]
AFLATOXINA M2
2,3,6a,8,9,9a-Hexahidro-9a-hidroxi-4-metoxiciclopenta[c]furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h][1]-benzopiran-1,11-diona

MASSA MOLECULAR: 330.289 g/mol

FÓRMULA MOLECULAR: C17H14O7 O O


COEFICIENTE DE PARTILHA: 0.576
O
OH
PONTO DE FUSÃO: 293ºC

FLUORESCÊNCIA: Violeta
O O OMe
[α]D : n.d.

UV MÁX. (ETANOL): 221, 264 e 357 nm

LD50 (em patinho) per os : 52µg/50g de peso corporal

LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal : n.d.

NOTA: Derivado da 8,9-dihidro da Aflatoxina M1

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Universidade do Porto
Licenciatura em Ciências Farmacêuticas

[24,25]
AFLATOXINA B2A
2,3,6aα,8,9,9aα-Hexahidro-8-hidroxi-4-metoxiciclopenta[c]furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h][1]-benzopiran-1,11-diona

MASSA MOLECULAR: 330.289 g/mol


O O
FÓRMULA MOLECULAR: C17H14O7
O
COEFICIENTE DE PARTILHA: 0.269

PONTO DE FUSÃO: 240º

FLUORESCÊNCIA: n.d. HO O O OMe


[α]D : n.d.

UV MÁX. (ETANOL): n.d.

LD50 (em patinho) per os : n.d.

LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal : n.d.

[24,25]
AFLATOXINA G2A
3,4,7a,9,10,10a-Hexahidro-9-hidroxi-5-metoxi-1H,12H-furo[3’,2’:4,5]furo[2,3-h]pyrano(3,4-c)(1)-benzopiran-1,12-diona

MASSA MOLECULAR: 346.288 g/mol

FÓRMULA MOLECULAR: C17H14O8 O O

COEFICIENTE DE PARTILHA: 0.535


O O
PONTO DE FUSÃO: 190ºC

FLUORESCÊNCIA: n.d.
HO O O OMe
[α]D : n.d.

UV MÁX. (ETANOL): n.d.

LD50 (em patinho) per os : n.d.

LD50 (em ratinhos recém-nascidos) intraperitoneal : n.d.

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GLOSSÁRIO

Substância que aumenta o risco de neoplasma em humanos ou animais. Estão


incluídas nesta definição químicos genotóxicos, que afectam directamente o
Carcinogénico
DNA, e químicos não genotóxicos, que induzem neoplasmas por outro
mecanismo [24].

Neoplasma maligno constituido por células epiteliais, que tendem a infiltrar-se


nos tecidos vizinhos, dando origem a metástases. Corresponde a um género
Carcinoma
histológico de neoplasma, muitas vezes erradamente utilizado como sinónimo
de cancro [24].

Condição patológica caracterizada pela invasão de um órgão por tecido


Cirrose conjuntivo, normalmente como consequência de um processo inflamatório ou
outra lesão [24].

Hepatomegalia Aumento do volume hepático [24].

LD50 – lethal dose Quantidade de substância tóxica ou dose de radiação ionizante necessária para
50% matar 50% da população animal em estudo [24].

Processo patológico decorrente em células que sofreram danos irreparáveis. É


Necrose
consequência da acção progressiva e não controlada de enzimas líticas [24].

Forma de encefalopatia com deposição de gordura no fígado, caracterizada por

Síndrome de Reye edema cerebral e vómitos que podem rapidamente progredir para convulsões,
coma e morte. A causa principal consiste numa perda generalizada da função
mitocondrial, conduzindo a alterações no metabolismo dos ácidos gordos e
carnitina [24]

Teratogénico Agente responsável pela ocorrência de deficiências físicas no embrião [24].

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