O que é um argumento?
Lógica é o estudo de argumentos. Argumento é uma sequência de enunciados na qual um
dos enunciados é a conclusão e os demais são premissas, que servem de evidência para conclusão.
Exemplo:
“Todos os homens são mortais. Sócrates é um homem. Portanto, Sócrates é mortal.”
Os dois primeiros enunciados são premissas que servem para provar a conclusão, Sócrates é
mortal.
As premissas e a conclusão de um argumento são sempre enunciados ou proposições –
significando idéias expressáveis por sentenças declarativas. Enunciados são espécie de idéias
verdadeiras ou falsas.
Os não-enunciados são interrogações, comandos ou exclamações, que não são verdadeiras
ou falsas.
Exercícios:
Alguns dos enunciados seguintes são argumentos. Identifique as premissas e a sua
conclusão:
Identificando os argumentos
Um argumento ocorre somente quando se pretende sustentar ou provar uma conclusão, a
partir de um conjunto de premissas, através dos indicadores de inferência.
Indicadores de inferência são palavras ou frases usadas para assinalar a presença de um
argumento. Eles são duas espécies: indicadores de conclusão, que assinalam a sentença que contêm
ou nos quais eles se prefixam é uma conclusão de premissas previamente estabelecida; e
indicadores de premissas, os quais assinalam que a sentença na qual eles se prefixam é uma
premissa.
“Você não precisa se preocupar com temperaturas abaixo de zero, em junho, mesmo nos
picos mais altos. Nunca faz frio nos meses de verão e portanto provavelmente nunca
ocorrerá.”
Lógica formal: é o estudo das formas de argumento. Uma forma de argumento codifica a
composição interna das premissas e da conclusão. Uma forma típica de argumento é exibida abaixo:
Se P, então Q
~P
∴Q
As letras “P” e “Q” são variáveis que representam proposições (enunciados). Estas duas
variáveis podem ser substituídas por qualquer par de sentenças declarativas para produzir um
argumento específico.
Lógica informal: é o estudo de argumentos particulares em linguagem natural e do contexto
na qual eles ocorrem.
Avaliação de um argumento
A lógica tradicional, afirma que o argumento dedutivo vai do geral ao particular, e o indutivo
do particular ao geral. Por exemplo:
Argumento indutivo
A prata é bom condutor de eletricidade.
A platina é bom condutor de eletricidade.
O cobre é com condutor de eletricidade.
Todos os metais são bons condutores de eletricidade.
Argumento dedutivo
Todo mamífero tem um coração.
Todos os cavalos são mamíferos.
Todos os cavalos tem um coração.
Repara, agora, no seguinte argumento:
Premissa 1: Todos os números primos são pares.
Premissa 2: Nove é um número primo.
Conclusão: Logo, nove é um número par.
Este argumento é válido, apesar de quer as premissas quer a conclusão serem falsas.
Continua a aplicar-se a noção de validade dedutiva anteriormente apresentada: é impossível que as
premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. A validade de um argumento dedutivo depende da
conexão lógica entre as premissas e a conclusão do argumento e não do valor de verdade das
proposições que constituem o argumento. Como vês, a validade é uma propriedade diferente da
verdade. A verdade é uma propriedade das proposições que constituem os argumentos (mas não dos
argumentos) e a validade é uma propriedade dos argumentos (mas não das proposições).
Como podes determinar se um argumento dedutivo é válido? Podes seguir esta regra:
Mesmo que as premissas do argumento não sejam verdadeiras, imagina que são verdadeiras.
Consegues imaginar alguma circunstância em que, considerando as premissas verdadeiras, a
conclusão é falsa? Se sim, então o argumento não é válido. Se não, então o argumento é válido.
Lembra-se: num argumento válido, se as premissas forem verdadeiras, a conclusão não pode
ser falsa.
Argumentos indutivos são aqueles que permitem afirmar a conclusão com alguma
probabilidade. Nos argumentos indutivos a conclusão enuncia alguma coisa que ultrapassa a
informação contida nas premissas.
A validade de um argumento depende, portanto, apenas de sua forma e não de seu conteúdo
ou da verdade e falsidade das proposições que o compões.
O argumento:
Todos os arués são bobós.
Todos os caiapós são arués.
Todos os caiapós são bobós.
É válido, não importando o significado de arués, bobós e caiapós, não importando portanto
se as proposições são verdadeiras ou falsas. Logo a forma define a validade ou não do argumento.
Dizer que um argumento é válido é dizer que o mesmo tem forma válida.
Nessas condições a única maneira de refutar um argumento válido, é discutindo a
veracidade de suas premissas.
Para mostrar que este argumento é não válido, ou é um argumento de forma não válida,
vamos substituir A por mamíferos, B por mortais e C por cobras. Fazendo isso, teremos o
argumento:
(3)Todos os mamíferos são mortais. (verdadeira)
Todas as cobras são mortais. (verdadeira)
Todas as cobras são mamíferos. (falsa)
O argumento (3) tem a mesma forma que o (1), mas as premissas do (3) são verdadeiras e a
conclusão é falsa. Como premissas verdadeiras e conclusão falsa nunca pode ocorrer num
argumento de forma válida, este argumento tem forma não válida, isto é, é não válido.
Sócrates é um filósofo.
Logo, Kant é alemão.
Em suma:
1. Um argumento dedutivo não é válido por ter premissas e conclusão verdadeiras.
2. Um argumento pode ter premissas e conclusão verdadeiras e ser inválido.
3. Um argumento dedutivo pode ser válido apesar de ter premissas e conclusão falsas.
4. Das três situações anteriores depreende-se o seguinte: a verdade distingue-se da
validade; a validade é uma propriedade da conexão entre premissa e conclusão, e não
uma propriedade de cada premissa nem da conclusão; num argumento dedutivo
válido só há uma impossibilidade, que é a impossibilidade de as premissas serem
verdadeiras e a conclusão falsa. Aliás, esta é a condição para que argumento seja
dedutivamente válido.
Um argumento de forma não válida é chamado de falácia. As falácias perigosas, aquelas que
merecem maior atenção, são aquelas que tem aspecto enganoso, se assemelham às formas válidas
podendo assim ser confundidas com argumentos válidos.
Outros exemplos:
Outra falácia que ocorre com freqüência é a conhecida por “falácia da negação do
antecedente”.
CÁLCULO PROPOSICIONAL
Exemplo:
As cinco expressões 'não é o caso que', 'e', 'ou', 'se ... então' e 'se somente se', são chamadas
operadores lógicos ou conectivos lógicos. Muitas formas são construídas a partir dessas expressões
simples, e algumas delas estão entre as regras de raciocínio amplamente usadas.
O operador 'não é o caso que' que prefixa uma sentença para formar uma nova sentença, a
qual é chamada negação da primeira. Assim, a sentença 'Não é o caso que ele é fumante' é a
negação da sentença 'Ele é fumante'. Existem muitas variações gramaticais da negação. Por
exemplo, as sentenças 'Ele é não-fumante', 'Ele não é fumante' são modos de expressar a negação de
'ele é fumante'.
Os outros quatro operadores ligam dois enunciados para formar um enunciado composto.
Esses operadores são chamados operadores binários.
Uma composição constituindo-se de duas sentenças ligadas por 'e' chama-se conjunção, e
suas duas sentenças componentes são chamadas conjuntos. A conjunção também pode ser expressa
por palavras como 'mas', 'todavia', 'embora', 'contudo', 'no entanto', 'visto que', 'enquanto', 'além
disso', as quais compartilham com 'e' a característica de ligar as duas sentenças.
Um enunciado composto de dois enunciados ligados por 'ou' chama-se disjunção. Os dois
enunciados são chamados disjuntos.
Os enunciados formados por 'se .. então' chamam-se condicionais. O enunciado subsequente
a 'se' é chamado antecedente; o enunciado restante, consequente. Os condicionais também podem
ser expressos em ordem inversa consistindo numa simples variante gramatical.
Os enunciados formados por 'se somente se' chamam-se bicondicionais. Uma bicondicional
pode ser considerado como uma conjunção de dois condicionais. A seguir cada operador lógico é
representado por símbolos especiais.
Formalização
O processo de formalização converte uma sentença ou argumento em uma forma sentencial
ou uma forma de argumento, uma estrutura composta de letras sentenciais e operadores lógicos. As
letras sentenciais em si não têm significado; mas no contexto de um problema, elas podem ser
interpretadas como expressando proposições ou enunciados definidos. De fato num processo de
formalização, estaremos interessados em associar uma proposição qualquer a um símbolo
proposicional, justamente para poder trabalhar com este símbolo independente de conteúdo a ele
associado.
Exercício 3: Utilize as regras de formação para determinar quais das seguintes fórmulas são wffs e
quais não são.
a) ~ ~ ~R b) (~R) c) PQ
d) P→ Q e) (P→ Q) f) ~(P→ Q)
g) ((P ∧ Q) → R) h) (P ∧ Q) → R i) ~(~P ∧ Q)
j) ((P ∧ Q) ∨ (R ∧ S)) k) ((P) → (Q)) l) (P ∨ Q ∨ R)
m) (~P ↔ (Q ∧ R)) n) ~(P «(Q ∧ R)) o) ~ ~(P ∧ P)
p) ~(~P) q) P ~Q r) (P → P)
s) P → P t) ~ ~ ~ (~P ∧ Q) u) ((P → Q))
v) ~(P ∧ Q) ∧ ∼R w) (P ↔ (P ↔ (P ↔ P))) x) (P → (Q → (R ∧ S)))
z) (P → (Q ∨ R ∨ S))
Exercício 5: Formalize os seguintes argumento num formato horizontal, usando as letras sentenciais
indicadas. Utilize os indicadores de premissa e conclusão para distinguir as premissas das
conclusões:
a) Se Deus existe, então a vida tem significado. Deus existe. Portanto, a vida tem significado.
(D,V)
b) Deus não existe. Pois, se Deus existisse, a vida teria significado. Mas a vida não tem
significado. (D,V)
c) Se o avião não tivesse caído, nós teríamos feito contato pelo rádio. Não fizemos contato pelo
rádio. Portanto, o avião caiu. (C,R)
d) Como hoje não é quinta-feira, deve ser sexta-feira. Hoje é quinta-feira ou sexta-feira.(Q, S)
e) Se hoje é quinta-feira, então amanhã será sexta-feira. Se amanhã for sexta-feira, então
depois de amanhã será sábado. Consequentemente, se hoje for quinta-feira, então depois de
amanhã será sábado. (Q,S1,S2).
f) Hoje é um fim de semana se e somente se hoje é sábado ou domingo. Portanto, hoje é um
fim de semana, desde de que hoje é sábado.(F,S,D)
g) Hoje é um fim de semana se hoje é sábado ou domingo. Mas, hoje não é um fim de semana.
Portanto, hoje não é sábado e hoje não é domingo. (F,S,D)
h) Hoje é um fim de semana somente se hoje é sábado ou domingo. Hoje não é sábado. Hoje
não é domingo. Portanto, hoje não é um fim de semana. (F,S,D)
i) A proposta de auxílio está no correio. Se os árbitros a receberem até sexta-feira, eles a
analisarão. Portanto, eles a analisarão porque se a proposta estiver no correio, eles a
receberão até sexta-feira. (C,S,A)
j) Ela ão está em casa ou não está atendendo ao telefone. Mas, ela não está em casa, então ela
foi sequestrada. E se ela não está atendendo ao telefone, ela está correndo algum outro
perigo. Portanto, ou ela foi sequestrada ou ela está correndo um outro perigo. (C,T,S,P)
.
Operções Lógicas sobre Proposições
Quando pensamos, efetuamos muitas vezes certas operações sobre proposições chamadas
operações lógicas. Estas obedecem as regras de um cálculo, denominado cálculo proposicional.
A lógica é uma linguagem, assim como a línguas naturais, que carecem de uma definição
que lhes seja adequada de “significado” para os elementos que as compõem.
Em primeiro lugar a lógica formal está interessada em analisar os conteúdos de verdade de
certos raciocínios ou agumentos.
Em segundo lugar é definido um alfabeto na qual os elementos devem ser interpretados. Os
elementos básicos são os símbolos proposicionais, as constantes lógicas e os conectivos.
Semântica
Uma semântica deverá fornecernos um mecanismo simbólico pelo qual possamos fornecer a
uma dada fórmula bem formada complexa lógica, ou também um argumento, o seu valor de
veradade, baseados apenas nos valores de verdade.
Para fornecer a cada elemento que constitui seu valor verdade de uma fbf da lógica precisa
se ter um aparato formal.
Definições de Interpretação
A função interpretação de uma fórmula bem formada “H”, simbolizada por I[H], é uma
função que tem por domínio o conjunto infinito das fbf's de lógica proposicional e que tem por
contradomínio o conjunto {V,F}, ou seja I:C → {V,F}, onde C é o conjunto infinito das fbf's da
lógica formal.
A interpretação dos diversos elementos do alfabeto é dada por (H e G são fbf's):
a) I[verd]=V, I [falso]=F;
b) Se “p” é símbolo proposicional, então I[p] Є {V,F};
c) Se H=~G, então I [H]=V se, e somente se I[G]=F e I[H]=F se, e somente se I[G]=V.
d) Se H=GR, então I[H]=F se, e somente se I[G]=F e I[H]=V se, e somente se I[G]=V ou
I[R]=V;
e) Se H=GR, então I[H]=F se, e somente se I[G]=F ou I[R]=F e I[H]=V se, e somente se
I[G]=V e I[R]=V;
f) Se H=GR, então I[H]=F se, e somente se I[G]=V e I[R]=F e I[H]=V se, e somente se
I[G]=F ou I[R]=V;
g) Se H=GR, então I[H]=V se somente se I[G]=I[R] e I[H]=F se somente se I[G]#I[R].
Intepretação dos Conectivos
A intenção que acompanha a definição da semântica dos conectivos é,
declaradamente, a de dar a eles uma “estrutura de funcionamento” que corresponda às nossas
intuições quando os usamos na linguagem natural. Afinal, a lógica no que concerne aos
argumentos em geral, pretende justamente incidir sobre falas construídas em linguagem
natural.
Semântica dos Conctivos Lógicos
O conectivo central na semântica da lógica proposicional é o valor verdade. Os enunciados
verdadeiros têm o valorverdade verdadeiro, e os enunciados falsos tem o valorverdade falsos.
Nenhum enunciado tem mais que um valorverdade. Um enunciado não pode ser simultaneamente
verdadeiro e falso, é o chamado princípio da nãocontradição, da bivalência. Toda proposição ou só
é verdadeira ou só falsa, nunca ocorrendo um terceiro caso. Logo, toda proposição admite um e um
só dos valores V ou F, é o chamado princípio do terceiro excluído.
Muitas das proposições que encontramos na prática podem ser consideradas como
construídas a partir de uma, ou mais, proposições mais simples por utilização de instrumento lógico,
a que se costuma dar o nome de conectivo, de tal modo que o valor verdade da proposição inicial
fica determinada pelos valores verdade da, ou das proposições, mais simples que contribuiram para
a sua formação.
Os conectivos podem ser classificados em: negação, conjunção, disjunção, implicação
(condicional), equivalência (bicondicional).
A negação de uma proposição é uma nova proposição que é verdadeira se a primeira for falsa
e é falsa se a primeira for verdadeira. A negação muitas vezes aparece na linguagem corrente através
das palavras “não” ou “não é o caso que”, disfarçada em várias formas. Utilzando as abreviações
“V” para verdadeiro e “F” para falso, podemos resumir:
H ~H
V F
F V
A conjunção de duas proposições é uma nova proposição que é verdadeira se as duas
premissas o forem e que é falsa, quer no caso em que as duas premissas são falsas, quer no caso em
que uma delas é verdadeira e outra é falsa.
A conjunção aparece muitas vezes na linguagem corrente através da utilização da palava
“e”, embora por vezes ela esteja disfarçada sob outras formas.
A tabelaverdade para conjunção é, igualmente, simples.
H G HG
V V V
V F F
F V F
F F F
A disjunção de duas proposições é uma nova proposição que é falsa no caso em que as
premissas são ambas falsas e que é verdadeira, quer no caso em que uma das premissas é verdadeira
e a outra é falsa, quer naquele em que as duas premissas são ambas verdadeiras. A disjunção
aparece frequentemente na linguagem corrente assinalada pela palavra ”ou”.
H G HG
V V V
V F V
F V V
F F F
Há também uma acepção de disjunção na qual “ou P ou Q” significa”P ou Q mas não
ambos”. Essa é a acepção da disjunção exlcusiva, ao contrário dda inclusiva, que é caracterizada
pela tabelaverdade acima.
H G HG
V V V
V F V
F V V
F F F
A implicação entre duas proposições, a primeira a antecedente e uma segunda o
consequente, é uma nova proposição que é verdadeira nos casos em que:
● O antecedente é verdadeiro e o consequente é verdadeiroç
● O antecedente é falso e o consequente é verdadeiro
● O antecedente é falso e o consequente é falso.
É falsa no caso em que :
● O antecedente é verdadeiro e o consequente é falso.
H G HG
V V V
V F F
F V V
F F V
A equivalência(bicondicional) entre duas proposições é uma nova proposição que é
verdadeira, quer no caso em que as premissas são ambas verdadeiras, quer no caso em que estas são
ambas falsas, e que é falsa no caso em que uma das premissas é verdadeira e a outra é falsa.
H G HG
V V V
V F F
F V F
F F V
Tabelasverdade para fbf's
O número de linhas numa tabelaverdade é determinado pelo número de letras sentenciais na
fórmula ou fórmulas a serem consideradas.
Se houver uma só letra sentencial, existirão duas possibilidades: a sentença pode ser
verdadeira ou falsa. Assim, a tabela terá duas linhas. Se existirão duas letras sentenciais, termos
quatro combinações possíveis de verdade e falsidade, e a tabelaverdade terá quatro linhas. Em
geral, se o número de letras sentenciais for n, o número de linhas será 2n. Assim,se uma fórmula
contém três letras sentenciais, a sua tabelaverdade terá 23 = 8 linhas, e assim por diante. Ao 1o
símbolo proposicional atribuiemse 2n1 valores V seguidos de 2n1 valores F. Ao 20 símbolo
proposicional atribuemse 2n2 valores V seguidos de 2n2 valores F. Este passo se repete até que esta
coluna esteja completamente preenchida.
1o 2o 3o
H G R
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F
Utilizando as tabelasverdade para os operadores lógicos, calculase os valoresverdade da
fórmula determinandose primeiramente os valores para as suas menores subfbf's, obtendose,
então, os valores para as subfbf's cada vez maiores, até que os valores de toda a fórmula estejam
estabelecidos. A coluna para qualquer fbf ou subfbf é sempre escrita de seu operador principal.
Circundase a coluna abaixo do operador principal de toda a fórmula para mostrar que essa é a
coluna ds valoresverdade da fórmula.
P Q R P (Q ~R)
V V V V V V V F
V V F V V V V V
V F V V F F F F
V F F V V F V V
F V V F V V V F
F V F F V V V V
F F V F V F F F
F F F F V F V V
Proposições Simples e proposições compostas
A proposição simples ou proposição atômica é aquela que não contém nenhuma oura
proposição como parte integrante de si mesma. Geralmente são designadas as letras minúsculas
p,r,s,...Ex.:
p: Carlos é Careca.
q: Pedro é estudante.
s: O número 25 é quadrado perfeito.
A proposição composta ou proposição molecular é formada pela combinação de duas ou
mais proposição. A proposições compostas geralmente são designadas pelas letras latinas
maiúsculas P, Q, R, S,..., chamadas também de letras proposicionais. Ex.:
P: Carlos é careca e Pedro é estudante.
Q: Carlos é careca ou Pedro é estudante.
R: Se Carlos é careca, então é infeliz
As proposições compostas são uma combinação de proposições simples p,q,r,s...,
escrevendose P(p,q,r,...).
Tabelaverdade para formas de argumento
Uma forma de argumento é válido se e somente se todas as suas instâncias são válidas. Uma
instância de uma forma é válida se é impossível que a sua conclusão seja falsa enquanto as suas
premissas são verdadeiras, isto é, se não houver sistução possível na qual a sua conclusão é falsa
enquanto as suas premissas são verdadeiras.
Se uma forma for válida, onde todas as instâncias são válidas, então qualquer instância dela
deve ser igualmente válida. Daí, podemos utilizar tabelasverdade para estabelecer a validade não
só de formas de argumento, mas também de argumentos específicos. Consideremos, por exemplo,
osilogismo disjuntivo:
A princesa ou a rainha cmoparecerá à cerimônia.
A princesa não comparecerá.
A rainha comparecerá.
Podemos formalizálos como:
PQ, ~P ⊥ Q
P Q P Q ~P Q
V V V V V F V
V F V V F F F
F V F V V V V
F F F F F V V
Uma tabela da mesma maneira foi construida assim como para uma só fbf, mas exibindo
três fbf separadas.
Tautologia
Chamase tautologia toda a proposição composta cuja última coluna da sua tabelaverdade
encerra somente como Verdade (V). Toda tautologia composta por P(p,q,r,...) cujo valor lógico é
sempre V (Verdade), quaisquer que sejam os valores lógicos das proposições simples.
As tautologias são também denomiadas proposições tautológicas ou proposições
logicamente verdadeiras.
Se P(p,q,r,...) é uma tautologia e sejam P0(p,r,s,...), Q0(p,r,s,...), R0(p,r,s,...) então
P(R0, R0, R0 ...) também é uma tautologia.
Contradição
Contradição é toda proposição composta cuja última coluna da sua tabelaverdade encerra
somente com falsidade(F).
A contradição é toda proposta composta por P(p,q,r,...) cujo valor lógico é sempre F(falso),
quaisquer que sejam os valores lógicos das proposições simples.
p q ((pq) ~(p q))
V V V F F
V F F F F
F V F F F
F F F F V
Se P(p,q,r,...) é uma contradição e sejam P0(p,r,s,...), Q0(p,r,s,...), R0(p,r,s,...) então
P(R0, R0, R0 ...) também é uma contradição.
Contingência
Contingência é toda proposição composta cuja última coluna da sua tabelaverdade figuram
letras V e F cada uma pelo menos uma vez.
É toda proposição composta que não é tautologia nem contradição. As contingências são
denominadas proposiçãoes contingentes ou proposições indeterminadas.
p q (p q) p
V V V
V F V
F V F
F F V
Resumo dos Conectivos Lógicos
(AB)
Se A, então B;
Se A, isto significa que B;
Tendose A, então B;
Quando A, então B;
Sempre que A, B;
B,sempre que se tenha A;
B, contanto que A;
A é condição suficiente para B;
B é condição necessária para A;
Uma condição suficiente para B é A;
Uma condição necessária para A é B;
B, se A;
B, quando A;
B, no caso de A;
A, só se B;
A, somente quando B;
A, só no caso de B;
A implica de B;
A acarreta B;
B é implicada por A;
(AB)
A se só se B;
A se e somente se B;
A quando e somente quando B;
A equivale a B;
(A B) A ou B ou ambos
(A B)
A e B;
A,embora B;
A,assim como B;
A e, além disso, B;
Tanto A como B;
A e também B;
Não só A, mas também B;
A, apesar de B.
(~A)
Não A;
Não se dá que A;
Não é fato que A;
Não é verdade que A;
Não é que A;
Não se tem A;
Exercício 1: Dadas as sentenças abaixo, escrever por meiode símbolos:
a = “Ela é bonita”
b =” Ela é intelegente”
c = “Ela é rica”
d = “Ela é jovem”
e = “Ela gosta de mim”
f = ”Quero casar com ela”
a) Ela é pobre.
b) Ela é rica ou jovem
c) Ela é inteligente e anciã.
d) Não é que ela é burra.
e) Se ela é rica, então quero casar com ela.
f) Ela é inteligente, bonita, rica, jovem e ela gosta de mim.
g) Quero casar com ela, mas ela não gosta de mim.
h) Uma condição necessária para casar cp, ela é que ela seja bonita.
i) Uma condição suficiente para casar com ela é que ela seja rica.
j) Ela é feia, burra, pobre, anciã, mas quero casar com ela.
k) Quero casar com ela só se ela gosta de mim.
l)Uma condição necessária e suficiente para casar com ela é que ela goste de mim.
m) Se ela é jovem então ela é bonita.
n) Quero casar com ela, exceto se ela é burra.
Exercício 2: Traduza as sentenças abaixo, dado aqui o seguinte esquema:
a = ganho um livro
b = ganho uma revista
c = posso ler
d = estou motivado
e = sou aprovado no exame
a) (c (ab))
b (d (~c))
c) (d ((~c)(ab)
d) ((~d) (e(ab)))
e) ((~d)(c(ab))
f) (((~c)a)(e(~d)))
Exercício 3: Traduza as sentenças abaixo, dados o seguinte esquema:
a = há nuvens
b = choverá
c = ventará
d= fará bom tempo amanhã
a) (ab)
b) (a(~d))
c) ((~d) (b c)))
d) ((~a)d)
e) (a(bc))
f) ((ab)c)
g) (a(bc))
h) ((ab)c)
i) ((ab)((~c)d))
j) (a((bc)d))
Exercício 4: Símbolo as sentenças abaixo, dado o seguinte esquema:
a= O estudante comete erros;
b= Há motivação para o estudo;
c= O estudante aprende a matéria;
a) Se não há motivação para o estudo, então o estudante comete erros ou não aprende a
matéria.
b) Se o estudante comete erros, então, se não há motivação para o estudo, o estudante não
aprende a matéria.
c) O estudante comete erros; além disso, há motivação para o estudo e o estudante aprende a
matéria.
d) Não há motivação para o estudo se e somente se o estudante comete erros e não aprende
a matéria.
e) Se há motivação para o estudo e o estudante não comete erros, então o estudante aprende
a matéria se há motivação.
Exercício 5: Construa as tabelas verdades das sentenças dos exercícios acima.
A LÓGICA DOS ENUNCIADOS CATEGÓRICOS
ENUNCIADOS CATEGÓRICOS
A lógica proposicional trata das relações lógicas geradas pelos operadores funcional-
veritativos, ou seja, das expressões ‘não’, ‘e’, ‘ou’, ‘se… então’ e ‘se e somente se’. Essas relações são
fundamentais, contudo elas dão conta somente de pequena parte do principal assunto da lógica. A
lógica dos enunciados categóricos considera uma outra parte – as relações lógicas geradas pelas
expressões: ‘todo’, ‘nenhum’ e ‘algum’.
A validade de alguns argumentos válidos não depende unicamente dos operadores funcional-
veritativos. Tais argumentos não podem ser justificados somente com base na lógica proposicional. Ex:
O seguinte argumento é válido; porém, sua validade é uma função dos significados das expressões
‘todo’ e ‘algum’:
Nenhum dos enunciados desse argumento são compostos por operadores funcional-veritativos.
Do ponto de vista da lógica proposicional, esses enunciados carecem de estrutura interna. Se tentarmos
formalizar esse argumento na lógica proposicional, o melhor que podemos obter é: P, Q |-- R
Mas, essa forma é inválida, pois quaisquer enunciados P, Q e R com P e Q verdadeiros e R falso
constitui-se num contra-exemplo.
A partir de uma perspectiva mais minuciosa, os enunciados do exemplo anterior têm estruturas
internas, as quais constituem uma forma válida. Entretanto, essas estruturas não se compõem de
relações funcional-veritativas entre os enunciados tal como na lógica proposicional, mas, de relações
entre atributos que denotam conjuntos ou classes com os próprios enunciados. Para a compreensão
desse fato, representaremos a forma do argumento do seguinte modo:
Algum F é G.
Todo G é H.
∴Algum F é H.
As letras ‘F’, ‘G’ e ‘H’ não representam sentenças como na lógica proposicional, mas, sim,
classes de atributos, tais como: ‘gnu’, ‘herbívoro’ e ‘quadrúpede’. Uma classe de atributos denota um
conjunto de objetos. Assim, o termo ‘herbívoro’ denota o conjunto de todos os herbívoros. Nos
enunciados, as classes de atributos estão, muitas vezes, relacionadas com uma outra por meio das
expressões ‘todo’ e ‘algum’, denominadas quantificadores. Os quantificadores, bem como os
operadores funcional-veritativos, são operadores lógicos, mas em vez de indicarem relações entre
sentenças, eles expressam relações entre os conjuntos designados pelas classes de atributos. Enunciados
da forma ‘Todo A é B’, afirmam que o conjunto A é um subconjunto do conjunto B, ou seja, que todos
os elementos de A são, também, elementos de B. Por convenção, universalmente empregada em lógica,
enunciados da forma ‘Algum A é B’ estabelecem que o conjunto A tem pelo menos um elemento em
comum com o conjunto B.
Além dos quantificadores ‘todo’ e ‘algum’, também podemos considerar o quantificador negado
‘nenhum’. Enunciados da forma ‘nenhum A é B’ afirmam que os conjuntos A e B são disjuntos, isto é,
não têm elementos em comum. A única expressão que ocorre na forma anterior é ‘é’. Essa expressão
(bem como suas variantes gramaticais, ‘são’, ‘está’, ‘foi’, ‘eram’, etc) chama-se elo, pois ela liga ou
une um sujeito a um predicado.
Designação Forma
A Todo S é P
E Nenhum S é P
I Algum S é P
O Algum S não é P
Aqui, ‘S’ representa o termo sujeito e ‘P’ o termo predicado, descrevendo, em linhas gerais, a
lógica dos enunciados categóricos. Tal lógica é o ramo mais antigo da lógica, tendo sido elaborada e
desenvolvida por Aristóteles no século IV a.C.
EXERCÍCIOS
1. Algumas das seguintes sentenças expressam enunciados categóricos, outras não. Formalize
aquelas que são e indique qual das quatro formas (ou suas negações) elas exemplificam.
a) Todo peculatário é repulsivo
b) Não é o caso que todo peculatário é repulsivo
c) Todo peculatário é não repulsivo
d) Algum peculatário não é repulsivo
e) Se Jack é um peculatário, então Jack é repulsivo
f) Todo homem não é racional
g) Poucos mineradores não eram fumantes
O CÁLCULO DE PREDICADOS
QUANTIFICADORES E VARIÁVEIS
Todo S é P.
Usando a letra ‘x’ como uma variável para representar objetos individuais, expressamos tal
enunciado por:
∀x (Sx → Px).
Isto é:
∀x( Sx → ~Px).
Adotamos o símbolo ‘∃’ para significar “para pelo menos um”, ou , abreviadamente, “para
algum”. Reescrevemos a proposição I como:
∃x (Sx ∧ Px).
Uma maneira equivalente de expressar o significado de ‘∃’ é “existe … tal que”. Assim, a
fórmula acima pode, também, ser lida como:
EXERCÍCIOS
1. Interpretando pela letra ´C´ a sentença ´Está chovendo´ e pelas letras ´R´, ´V´, ´S´ e ´I´ os
predicados ´é uma rã´, ´é verde´, ´é saltitante´ e ´é iridescente´, respectivamente, formalize as seguintes
sentenças:
Nem todos os enunciados contêm quantificadores. Existem, por exemplo, enunciados do tipo
sujeito-predicado, os quais atribuem uma propriedade a uma pessoa ou coisa. Podemos interpretar as
letras minúsculas do início e do meio de nosso alfabeto como nomes próprios para indivíduos, e
adotamos a convenção, usual em lógica, de escrever o sujeito depois do predicado. Assim a sentença
Jones é um ladrão é formalizada por: Lj. No qual ‘j’ é interpretada como o nome próprio ‘Jones’ e ‘L’
como o predicado ‘é ladrão’.
Alguns predicados podem ser combinados com dois ou mais nomes próprios para formar uma
sentença. Isso é verdade, por exemplo, para os verbos transitivos como ‘bater’, ‘amar’ ou ‘diferir’,
os quais exigem um sujeito e um objeto. A seguir são apresentadas algumas sentenças escritas em
notação lógica, na ordem predicado-sujeito-objeto.
Sentença Formalização
Bob ama Cathy Abc
Cathy ama Bob Acb
Verbos transitivos são uma subclasse da classe geral de predicados de relação, predicados que
combinam dois ou mais nomes próprios para formar uma sentença. A seguir, temos alguns exemplos de
predicados de relação: ‘é perto de’, ‘é mais alto do que’, ‘é menos que’. Alguns predicados de relação
exigem três ou mais nomes. A expressão ‘…dá… para…’, exige três. Na formalização de sentenças
que envolvem esses predicados, as letras que representam nomes são escritas depois da letra de
predicado e na ordem em que ocorrem na sentença, a não ser que se especifique outra ordem. O
enunciado Cathy deu lulu para Bob é formalizado por: Dclb.
EXERCÍCIOS
2 Formalize os seguintes enunciados interpretando ´b´ e ´c´ como nomes próprios; ´M´, ´E´ e
´C' como os predicados unários ´é mecânico´, ´é enfermeira´ e ´é cachorro´; ´L´ e ´T´ como os
predicados binários ama e ´é mais alto que´; ´D´ como o predicado ternário ´dá...para...´.
a) Cathy é mecânica
b) Bob e Cathy são mecânicos
c) Cathy é mecânica ou enfermeira (ou ambos)
d) Cathy é mais alta do que Bob
e) Existe alguém que tanto Bob quanto Cathy amam
f) Existe alguém que ama todo mundo
g) Bob deu um cachorro para Cathy
- Todo mundo é amado por alguém (não necessariamente a mesma pessoa em cada caso).
Essas sentenças mais prolixas, mas menos ambíguas, têm formalizações não-equivalentes. A
diferença no significado é revelada, formalmente, pela ordem diferente dos quantificadores. As
formalizações dessas sentenças não são ambíguas.
5) A ordem dos quantificadores consecutivos afeta o significado somente quando
quantificadores universal e existencial são misturados. Ocorrências consecutivas de quantificadores
universal podem ser permutadas, sem contudo, mudar o significado; o mesmo acontece com
ocorrências consecutivas de quantificadores existencial. Por exemplo, ‘∃x∀yLxy’ e ‘∀y∃xLxy’ têm
significados diferentes, ao passo que ‘∃x∃yLxy’ e ‘∃y∃xlxy’ significam, ambas, simplesmente e não
ambiguamente, ‘alguém ama alguém’.
REGRAS DE FORMAÇÃO
A seguir, definimos, de modo mais preciso, a linguagem formal, exemplificada nas seções
anteriores. Tal como no cálculo proposicional, dividimos o vocabulário dessa linguagem em duas
partes: os símbolos lógicos (cuja interpretação permanece fixa em todos os contextos) e os símbolos
não-lógicos (cuja interpretação varia de problema para problema).
Símbolos Lógicos
Símbolos Não-lógicos
Para garantir que temos símbolos não-lógicos suficientes para qualquer formalização,
permitimos a adição de subscritos numéricos aos símbolos dados. Assim, ‘a3’ considera-se como uma
letra nominal e ‘P147’ como uma letra predicativa. Símbolos não-lógicos com subscritos raramente são
necessários.
Uma fórmula atômica é uma letra predicativa seguida por zero ou mais letras nominais.
Fórmulas atômicas com somente uma letra predicativa seguida por zeros letras nominais são,
exatamente, as letras sentenciais (fórmulas atômicas) do cálculo proposicional. Elas são usadas para
simbolizar sentenças quando não há necessidade de se representar as suas estruturas internas. Se o
número de letras nominais que vêm em seguida de uma letra predicativa, numa fórmula atômica, é n,
então essa letra representa um predicado n-ário. (Letras sentenciais podem ser pensadas como
predicados zero-ário).
As regras 2 e 3 são as mesmas que as do cálculo proposicional. A regra 1 é a mais ampla; ela
nos permite mais tipos de fórmulas atômicas. A regra 4 é nova; ela gera fórmulas quantificadas a partir
de uma fórmula dada, φ, não-quantificada. Seja φ a fórmula ‘(Fa ∧ Gab)’. (Podemos dizer que φ é uma
wff, pois ‘Fa’ e ‘Gab’ são wffs, pela regra 1; assim, ‘(Fa ∧ Gab)’ é uma wff pela regra 3). φ contém
duas letras nominais, ‘a’ e ‘b’. Ambas satisfazem, igualmente, o que a regra chama de α. Consideremos
‘a’. A regra permite escolher uma variável β que não ocorre em φ. Qualquer variável serve, pois φ não
contêm variáveis; seja β a variável ‘x’. Então, existem três fórmulas da forma φβ/α que resultam da
substituição de uma ou mais ocorrências de α (que é ‘a’) em φ (que é ‘Fa ∧ Gab) por β (que é ‘x’).
Estas fórmulas, em si, não são wffs, mas a regra 4 estabelece que o resultado de prefixá-las com
um quantificador universal seguido por ‘x’ , que é ∀βφβ/α, é uma wff. Assim,
∀x(Fx ∧ Gxb)
∀x(Fx ∧ Gab)
∀x(Fa ∧ Gxb)
são wffs, pela regra 4. A regra também permite prefixá-las com um quantificador existencial,
seguido por ‘x’, que é ∃βφβ/α. Portanto,
∀x(Fx ∧ Gxb)
∀x(Fx ∧ Gab)
∀x(Fa ∧ Gxb)
são também, wffs. Assim, temos seis wffs quantificadas geradas a partir da wff não-quantificada, ‘(Fa
∧ Gab)’, pela aplicação da regra 4. Podemos gerar outras usando a letra nominal ‘b’ para α ou outras
variáveis, que não seja ‘x’, para β. A regra 4 pode ser reaplicada. Por exemplo, como ‘∀x(Fx ∧ Gxb)’ é
uma wff, podemos aplicar, pela segunda vez a regra 4, usando ‘b’ para α e ‘y’ para β a fim de obter
‘∀y∀x(Fx ∧ Gxy)’ ou ‘∃y∀x(Fx ∧ Gxy)’.
Observe que a regra 4 é a única que permite introduzir variáveis numa wff. Podemos introduzir
só uma variável por vez prefixando a fórmula com o quantificador para essa variável. Assim, qualquer
fórmula contendo uma variável sem o quantificador correspondente (por exemplo, ‘Fx’) não é uma wff.
Analogamente, qualquer fórmula contendo um quantificador seguido de uma variável, sem ocorrência
adicional dessa variável (por exemplo, ‘∃xP’), não é uma wff.
A regra 4, a restrição ‘por alguma variável β que não ocorre em φ’, assegura que os
quantificadores usando a mesma variável não se sobrepõem numa mesma parte da fórmula. Por
exemplo, embora ‘∃xLxa’ seja uma wff pelas regras 1 e 4, esta cláusula não permite adicionarmos um
outro quantificador em x para obter, por exemplo, ‘∀x∃xLxx’, que como mencionamos anteriormente,
é mal formada. Observe que essa cláusula ainda evita que uma fórmula, como ‘∀x(Fx ∧ ∃xGx)’, seja
bem formada. Pela regra 4, ela poderia ser obtida somente de uma outra, tal como a wff ‘(Fa ∧ ∃xGx)’,
que já contém ‘x’. Contudo, não são proibidas fórmulas tais como ‘(∃xFx ∧ ∃xGx)’, onde os
quantificadores não se sobrepõem , na mesma parte da fórmula. Essa fórmula é uma wff, pois ela é
obtida, pela regra 3, de ‘∃xFx’ e ‘∃xGx’, que são wffs, pelas regras 1 e 4.
Em geral, para mostrar que uma fórmula é uma wff, mostramos que ela pode ser construída
estritamente a partir das regras de formação.
Esta regra é, algumas vezes, chamada instanciação universal. Ela é usada, por exemplo, para
provar a validade de:
Todos os homens são mortais
Sócrates é mortal
∴Sócrates é mortal
Usando ‘H’ para ‘é um homem’, ‘M’ para ‘é mortal’ e ‘s’ para ‘Sócrates’, formalizamos esse
argumento por:
∀x(Hx → Mx), Hs Ms
Introdução do Universal (IU): estabelece o que é verdadeiro para uma determinada pessoa
particular deverá ser verdadeiro para qualquer pessoa.
Para uma wff φ contendo uma letra nominal α que não ocorre em qualquer uma das premissas
ou em qualquer hipótese vigente na linha em que φ ocorre, podemos inferir uma wff da forma ∀βφβ/α,
onde φβ/α é o resultado de se substituir todas as ocorrências de α em φ por uma variável β que não
ocorra em φ.
Neste caso, φ é Ca e α é a.
EXERCÍCIOS
3 Prove:
a) ∀x(Fx ∧ Gx) ∀xFx ∧∀xGx
b) ∀x(Fx → (Gx ∨ Hx)), ∀x~Gx ∀xFx → ∀xHx
c) ∀xFax, ∀x∀y(Fxy → Gyx) ∀xGxa
Introdução do Existencial (IE): dada uma wff φ contendo uma letra nominal α, podemos
inferir uma wff da forma ∃βφβ/α, onde φβ/α é o resultado de se substituir uma ou mais ocorrências de
α em φ por uma variável β, que não ocorra em φ.
Ex: Fa ∧ Ga ∃x(Fx ∧ Gx)
1 Fa ∧ Ga P
2 ∃x(Fx ∧ Gx) 1 IE
Ex:
1 Fa ∧ Ga P
2 ∃x (Fx ∧ Ga) 1 IE
Ex:
1 Fa ∧ Ga P
2 ∃x (Fx ∧ Gx) 1 IE
EXERCÍCIOS
4 Prove:
a) ∀x(Fx ∨ Gx) ∃x(Fx ∨ Gx)
b) ~∃xFx ∀x~Fx
c) ~∃x(Fx ∧ ~Gx) ∀x(Fx → Gx)
Eliminação do Existencial (EE): dada uma wff quantificada existencialmente ∃βφ e uma
derivação de alguma conclusão ψ de uma hipótese da forma φα/β (o resultado de se substituir cada
ocorrência da variável β em φ por uma letra nominal α que não ocorra em φ), podemos descartar φα/β
e reafirmar ψ. Restrição: a letra nominal α não pode ocorrer em ψ, nem em qualquer premissa, nem em
qualquer hipótese vigente na linha em que EE é aplicada.
Ex: ∃x(Fx ∧ Gx) ∃xFx
1 ∃x(Fx ∧ Gx) P
2 |Fa ∧ Ga H p/ EE
3 |Fa 2∧E
4 |∃xFx 3 IE
5 ∃xFx 1, 2-4 EE
Neste caso, ∃βφ = ∃x(Fx ∧ Gx), β = x, α = a, φα/β = Fa ∧ Ga e ψ = ∃xFx.
4) α não pode ocorrer em qualquer hipótese vigente na linha em que EE será aplicada.
Semelhante a regra anterior, mas aplicada para hipóteses em vez de premissas.
Ex:
1 ∃xGx P
2 |Fa H p/ PC
3 | |Ga H p/ EE
4 | |Fa ∧ Ga 2,3 ∧ I
5 | |∃x(Fx∧Gx) 4 IE
6 | ∃x(Fx∧Gx) 1, 3-5 EE – Incorreta
7 Fa → ∃x(Fx∧Gx) 2-6 PC
EXERCÍCIOS
5 Prove:
a) ∀x(Fx → Gx), ∃xFx ∃xGx
b) ∃x(Fx ∨ Gx) ∃xFx ∨ ∃xGx
c) ∃xFx ∨ ∃xGx ∃x(Fx ∨ Gx)
d) ∃x∀yLxy ∀x∃Lyx