Ao começar o capítulo 3 – FAZ OQUE QUISERES - relacionamos as
acções humanas com uma vontade livre e responsável de um agente
racional, isto é, o livre arbítrio. No nosso dia-a-dia somos confrontados com experiencias que parecem revelar a inexistência do livre arbítrio, de facto não fazemos tudo aquilo que temos vontade de fazer. Muitas das vezes é nos mandado realizar certas e determinadas acções porque é costume fazê-las dessa maneira, são um meio de conseguir o que queremos ou simplesmente porque nos dá na veneta ou o capricho de as fazer como fazemos, sem mais razões, como diz o autor.
“ Algumas pessoas pensam que nunca é possível fazermos qualquer
coisa diferente daquilo que de facto fazemos neste sentido absoluto. Reconhecem que aquilo que fazemos depende das nossas escolhas, decisões e desejos e que fazemos escolhas diferentes em circunstâncias diferentes: não somos como a Terra, que roda no seu eixo com monótona regularidade. Mas afirmam que, em cada caso, as circunstâncias que existem antes de agirmos determinam as nossas acções e tornam-nas inevitáveis (…) Se estivesse determinado à partida o que as pessoas fariam, seria inevitável: não poderiam ter feito outra coisa, dadas aquelas circunstâncias prévias. Portanto, como podemos achar que são responsáveis? Thomas Nagel, Que quer dizer isto tudo?, Gradiva, Pp.49-51. Nesta parte do capitulo o autor questiona uma pergunta polémica, o porquê de realizar uma acção para beneficio próprio prejudicando os outros em vez de a realizar em nosso beneficio e das pessoas que nos rodeiam. Isto tudo relacionando com a questão do libertismo – é a corrente que defende, de modo mais radical, o livre arbítrio e a responsabilidade do ser humano – que defende que o agente não é determinado: ele tem o poder de se auto determinar.
“ Quando se é uma criança pequena, imatura, com pouco conhecimento
da vida e da realidade, a obediência, a rotina ou o pequeno capricho são insuficientes. Mas isso acontece porque a criança depende ainda de alguém, esta nas mãos de uma outra pessoa que cuide dela. Depois é preciso tornarmo-nos adultos, ou seja, tornarmo-nos capazes de inventar de certa maneira a própria vida em vez de simplesmente viver a que os outros inventaram para nós. Se quisermos aprofundar deveras a moral, se quisermos empregar bem a liberdade que temos, temos de aplicar a moral e a ética, o melhor será deixarmo-nos de ordens, costumes e caprichos.” Isto é um bom exemplo da comparação da mentalidade das crianças com os adultos em relação á maneira de estar na vida.