A sensação é o primeiro acesso ao mundo exterior, é uma vivência simples, produzida pela
acção de um estimulo (interno ou externo) sobre um órgão sensorial, transmitida ao cérebro
através do sistema nervoso e por isso possibilita o contacto e o acesso aos objectos (reais e
físicos), apreendendo-os assim. Contudo, uma sensação não é pura pois é a base da nossa
percepção. Quando recebemos um estímulo, essa sensação apresenta-se como uma forma mais
complexa, a forma da percepção onde o ser humano descodifica, configura, interpreta e atribui
sentido ás coisas, faz juízos de valor, trabalhando assim com os dados sensoriais; conclui-se
assim que a sensação e a percepção têm conectividade.
A percepção depende dos dados sensoriais e da própria subjectividade do sujeito, pois este
organiza os dados sensoriais numa totalidade de acordo com certos factores como a
personalidade, sistema nervoso, o contexto, a educação, a cultura, etc.
Ao apreender o objecto, o sujeito não apreende o “objecto” em si, mas sim uma imagem ou
representação daquilo que o sujeito apreende. As qualidades não são retiradas ao objecto,
entrando fisicamente na consciência do sujeito, sob forma de imagem. Essa imagem tem de ser
alguma relação com o objecto, mas não é o objecto em si. Por conseguinte, a actividade sujeito
na construção da representação do objecto não exclui, mas antes exige, a transcendência do
objecto em relação á consciência que o representa. Deste modo, no conhecimento, o objecto
não se altera, mas sim o sujeito: nasce nele a consciência do objecto.
O Realismo Ingénuo é uma doutrina filosófica segundo a qual a mente humana apreende as
características do mundo exterior tal e qual como ele é.
No realismo ingénuo, o sujeito tem a realidade espelhada em si, portanto, não pode dar
opiniões, apenas se limita a retratar o que vê. Deste modo, o sujeito é passivo, pois possui a
informação e transmite-a, mas não tem a oportunidade de a processar e interpretar.
Ao contrário do realismo ingénuo, temos a percepção, que se adequa mais com a realidade. O
sujeito apreende as características do objecto (exterior ao sujeito e nunca imanente), elabora
uma representação mental desse mesmo objecto e faz as suas interpretações. Para cada
objecto pode haver diferentes percepções, dado que o sujeito é livre de expressar a sua opinião
e pode interpretar da sua maneira, sendo assim um sujeito activo.
A análise fenomenologica não interessa se se conhece com os sentidos, com a razão, por
intuição ou dedução, etc., nem que tipo de conhecimento é. Interessa sim o facto de como é
que tivemos a consciência. Assim, a fenomenologia do conhecimento considera apenas o
conhecimento em si mesmo, a sua estrutura essencial.
Tipos de Conhecimento:
A definição de Conhecimento
O conhecimento é um estado no qual uma pessoa está em contacto cognitivo com a realidade.
É, portanto, uma relação entre o sujeito e o objecto do conhecimento. Todo o conhecimento
envolve uma crença, pois ao acreditarmos nela quer dizer que a sabemos, logo é conhecimento.
Uma crença é qualquer tipo de convicção que uma pessoa possa ter e resulta da relação entre
o sujeito que tem a crença e o objecto dessa crença. Porém, acreditar apenas em algo não a faz
disso uma verdade. Para que se possa saber algo, não temos somente que acreditar nisso, como
também tem de ser verdade. A crença é uma condição necessária para o conhecimento, no
entanto, não é suficiente: saber e acreditar são coisas distintas.
Contudo, uma crença que se revele verdadeira também não é conhecimento. O conhecimento é
factivo, ou seja, não se pode conhecer falsidades, mas não significa que não possamos saber
algo que é falso. É diferente pensar que se saber algo que é falso. É diferente pensar que se sabe
algo do que realmente saber, pois aí já temos garantia de que é verdade. A verdade é assim
uma condição necessária para o conhecimento. Para haver conhecimento, não se pode ter
apenas sorte em acreditar naquilo que é verdadeiro; tem de haver algo mais que distinga o
conhecimento da mera crença verdadeira. Assim, segundo Platão, para alem de verdadeira, a
crença tem de ser justificada, para que realmente possa haver conhecimento. Tem de haver
provas, razoes, justificações que suportem a crença verdadeira.
Posto isso, a definição tradicional de conhecimento é que, para se ter conhecimento tem de se
ter uma crença verdadeira justificada. Apesar de, separadamente, nenhuma das condições ser
suficiente para o conhecimento, tomadas juntas parecem ser suficientes. No entanto, este é um
tema para um estudo mais aprofundado, pois existem exemplos que reúnam esta definição
tradicional de conhecimento.
- Um conhecimento é a priori quando se sabe algo pelo nosso pensamento, pela nossa razão;
- Um conhecimento é a posteriori quando se sabe algo através de experiências.
Não resta dúvida de que todo o nosso conhecimento começa pela experiência. Nenhum
conhecimento precede em nós a experiência e é com esta que o conhecimento tem inicio. Se,
porem, todo o conhecimento se inicia com a experiência, isso não prova que todo ele derive da
experiência.
Pressupostos do Cepticismo:
Pressupostos do Dogmatismo
- o sujeito é passivo;
- o sujeito conhece a realidade em si porque apenas recebe, sem processar e interpretar o
objecto real em si.
_________
O fundacionismo defende que as crenças básicas são o que constituem os nossos fundamentos,
isto é, são os alicerces do “edifício do saber”. São as bases do nosso conhecimento que não
precisam de ser justificadas por outras crenças, refutando a regressão de que os cépticos falam.
A duvida metódica
O objectivo de Descartes é encontrar os fundamentos de todo o conhecimento. Para mostrar
que os cépticos estão errados, Descartes propõe um método: a duvida metódica.
A duvida metódica constitui um método de investigação da verdade, tomando como falsas
todas as nossas crenças, de forma a encontrar primeiros princípios que possam servir de
fundamento, sendo o principal objectivo da duvida metódica, encontrar uma crença
indubitável (não se pode duvidar dela)
A duvida é hiperbólica porque considera como absolutamente falso o que for minimamente
duvidoso, ou seja, vai colocar tudo em causa, incluindo o próprio eu, enquanto ser pensante. É
uma dúvida radical pois aplica-se a tudo.
Como é que eu sei se aquilo que estou a ver não é senão um sonho? Qual será o critério de
distinção? Não temos critérios convincentes, dado que aquilo que vivemos no sonho é igual à
suposta realidade. Deste modo surge a suspeita de que tudo o que nós consideramos como real,
não seja mais do que uma ilusão.
Há que colocar tudo em causa, desde o sentidos, desde a certeza dos conhecimentos
matemáticos, etc.
“Penso logo existo” é a primeira verdade pois é impossível falar do acto de duvidar sem supor
como sua possibilidade a existência do sujeito que realiza esse acto;
Descartes fala na primeira pessoa na medida em que, cada um sabe sem dúvida possível que
pensa, logo, existe, mas daí não se segue que possa saber o mesmo acerca de qualquer outra
coisa além de si.
O cogito é uma crença indubitável e uma ideia clara e distinta, pois apresenta-se com tal
evidência no nosso espírito que não podemos duvidar da sua verdade.
Deus existe
Ao ser um ser que duvida, sou imperfeito, não tenho a certeza dos conhecimentos. Como posso
ter em mim a ideia da perfeição?
A ideia da perfeição surge com a existência de Deus. Descartes não poderia ter consciência de
que é um ser imperfeito se não tivesse noção da ideia de perfeição. Conclui que tem de haver
um ser perfeito, ou seja, Deus existe. Considera assim demonstrada a existência de Deus.
Provada a existência de Deus, Descartes chega á conclusão que a suspeita do génio maligno não
faz sentido, pois Deus sendo perfeito, não nos engana (enganar é sinonimo de imperfeição)
sendo até a garantia da verdade das nossas evidencias e dos nossos conhecimentos.
Apenas Deus pode criar em nós a ideia de perfeição, logo existe. O saber firme e seguro só pode
ser assegurado pela veracidade divina. Deus surge como garantia das verdades matemáticas e
racionais, acabando por ser a verdadeira raiz da árvore do saber. Como Deus é uma realidade
absoluta, metafísica e garante a verdade dos nossos conhecimentos, diremos que o saber
recebe uma fundamentação metafísica.