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Como citar este artigo:

Pereira, J. B. M.; Guedes, R. S.; Araújo, E.A.; Mastrângelo, J.P.; Amaral, E.F.;
Oliveira, T.K. & Bardales, N.G. Tadário Kamel de Oliveira e Nilson Gomes
PARTE 2
Bardales. Combinação de cultivos florestais com a cultura da palma de óleo no
Estado do Acre. In: Ramalho-Filho, A.; Motta, P. E. F.; Freitas, P. L.; Teixeira, W. Capítulo 12
G. Zoneamento agroecológico, produção e manejo da cultura de palma de
óleo na Amazônia. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2010. P.179-188.

Combinação de cultivos florestais com


a cultura da palma de óleo no Estado
do Acre
João Batista Martiniano Pereira, Rodrigo da Silva Guedes,
Edson Alves de Araújo, João Paulo Mastrângelo, Eufran Ferreira do Amaral,
Tadário Kamel de Oliveira e Nilson Gomes Bardales

dadas e subutilizadas no Acre podem ser


1. Introdução aproveitadas para a cultura de palma de
óleo consorciada com culturas alimenta-
A Amazônia possui aproximadamen- res de ciclo curto na fase jovem da planta,
te 70 milhões de hectares considerados possibilitando uma cobertura florestal ple-
como áreas aptas para o cultivo da palma na em sua fase adulta.
de óleo (dendezeiro – Elaeis guineensis A produção de biocombustível a par-
Jacq.). Dessa extensão potencial, somente tir de oleaginosas como a palma de óleo
39 mil hectares são utilizados efetivamen- pode trazer retorno econômico e repre-
te com a cultura, sendo que quase 85% da senta inserção social na região devido ao
área cultivada está localizada no Estado do caráter de longo prazo da atividade, uma
Pará. O Amazonas é o Estado que possui vez que fixa o agricultor e a sua família na
a maior área potencial para o plantio de área de produção, oferece renda ao longo
palma de óleo – o equivalente a 50 mi- do ano durante o ciclo da cultura e é uma
lhões de hectares. Os demais estados da atividade produtiva com reais perspectivas
Amazônia Ocidental, como Acre, Amapá, para a agricultura familiar.
Rondônia e Roraima, têm, em conjunto,
nove milhões de hectares, corresponden- Os principais problemas com relação
do a 12,9% do total de área potencialmen- ao plantio de palma de óleo referem-se à
te aproveitável. O Acre possui 2,5 milhões falta de tradição no seu cultivo, à incipien-
de hectares potencialmente favoráveis ao te infraestrutura energética e de comuni-
plantio de palma de óleo. cação na região e à necessidade de pro-
cessamento do produto em, no máximo,
O Acre, com área territorial de aproxi- 24 horas após a colheita, tornando-se in-
madamente 164.220 km2, apresenta em dispensável a instalação da agroindústria
torno de 12% de sua área total desflores- próxima ao local do plantio.
tada (ACRE, 2006). Do total desmatado,
aproximadamente 81% são utilizados com O presente capítulo objetiva tratar da
pastagens. E estima-se, também, que me- cultura da palma de óleo como alternativa
tade dessas pastagens esteja em algum para a recuperação do passivo ambiental
estágio de degradação. Essas terras degra- florestal e como alternativa econômica

Produção e Manejo Sustentáveis para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia | 179


para o produtor rural acriano. A ênfase será e luminosidade acima de 1.800 horas/ano
para sua implantação em áreas antropiza- de radiação solar (BASTOS et al., 2001).
das nas regiões de influência das BR-364 e
Para o Estado do Acre, que apresenta
BR-317 e em áreas de assentamento, deno-
índices pluviométricos variando entre 1.800
minadas pelo Zoneamento Ecológico-Eco-
mm no Vale do Acre a 2.400 mm nas Re-
nômico (ZEE) do Acre (ACRE, 2006) como
gionais do Juruá e Tarauacá/Envira, as pos-
Zona 1 ou áreas destinadas à consolidação
síveis limitações para o plantio da palma de
de sistemas produtivos sustentáveis.
óleo podem surgir em virtude do pronun-
ciado período seco, que ocorre com mais
intensidade no Vale do Acre entre os me-
ses de junho a agosto. Nas demais regiões,
2. Experiências com o as chuvas são bem distribuídas durante os
meses do ano (PEREIRA, 2009).
cultivo de palma de
A palma de óleo é uma planta toleran-
óleo no Estado do Acre te à acidez e ao elevado teor de alumínio
no solo, condição predominante nos so-
A cultura de palma de óleo pode se ca-
los amazônicos. Por ser uma planta que
racterizar como uma atividade importante
exporta grande volume de biomassa por
dentro da ótica ecológica, tendo em vista
meio dos cachos produzidos, a palma
seu ciclo perene e a alta fixação de carbo-
de óleo necessita que o estoque de nu-
no. Além disso, é uma cultura de ampla
trientes do solo seja mantido em níveis
adaptação em termos de solo que tam-
adequados por meio de adubações que
bém constitui uma importante alternativa
levem em conta o equilíbrio nutricional
para a recomposição de áreas alteradas.
das plantas.
Apesar das características edafoclimá-
As características de solo ideais para o
ticas serem propícias para o plantio da
adequado desenvolvimento da cultura são
palma de óleo, poucos são os resultados
solos profundos e bem estruturados, a fim
de pesquisas disponíveis que tratam do
de proporcionar um bom desenvolvimen-
estabelecimento dessa cultura no Estado
to do sistema radicular, além de permeá-
do Acre. Assim, é essencial avaliar a via-
veis, para que possam garantir uma boa
bilidade econômica das alternativas de
aeração e também uma boa circulação e
implantação da cultura tanto em mono-
armazenamento de água.
cultivo como em sistemas agroflorestais.
Outro aspecto relevante é que a cultura de Ações de pesquisa e validação desen-
palma de óleo necessita de uma estrutura volvidas pela Embrapa Acre com o objeti-
organizada para produção e distribuição vo de estimar a adaptabilidade da palma
de forma a atingir com competitividade os de óleo às condições edafoclimáticas do
mercados potenciais. Estado, bem como o Zoneamento Agroe-
cológico para a Cultura da Palma de Óleo
As condições climáticas ideais para o
nas Áreas Desmatadas da Amazônia Le-
alto desempenho da planta, no tocante à
gal, estão sendo levadas em consideração
produção de óleo, são: pluviometria acima
para o estabelecimento de coeficientes
de 2.000 mm, sendo ideal a ocorrência de
técnicos visando ao financiamento de em-
chuvas acima de 2.500 mm, bem distribu-
preendimentos voltados para a exploração
ídas ao longo do ano; temperatura média
da palma de óleo (Figura 1). Isso reduzirá
entre 24 e 28oC, com máxima de 33oC e
os riscos para os agricultores e deverá au-
temperatura mínima não inferior a 18oC;

180 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
mentar o nível de certeza de sucesso das Guiomard, Sena Madureira, Epitaciolân-
instituições de fomento e financiamento dia, Brasileia e Cruzeiro do Sul, com idade
(PEREIRA, 2009). Atualmente, existem 24 dos plantios variando entre dois e quatro
ha de palmares plantados no Acre, distri- anos (Figura 2).
buídos em experimentos de Avaliação de
Guedes et al. (2007) avaliaram e com-
Variedades e Unidades de Observação
pararam o desenvolvimento de plantas de
nos municípios de Rio Branco, Senador
diferentes progênies de palma de óleo nas
condições edafoclimáticas
Figura 1 – Planta de palma de óleo com quatro anos de Cruzeiro do Sul (local 1)
de idade em experimento de avaliação de progênies
e Rio Branco (local 2), no Es-
implantado na Embrapa Acre, em Rio Branco/AC
(Foto: João Batista Martiniano Pereira)
tado do Acre. As progênies
implantadas foram a C-2501,
C-2528, C-2301 e C-1001. Um
ano após o plantio, foram re-
alizadas aferições de altura e
diâmetro do colo utilizando
régua e paquímetro. Diferen-
ças significativas entre os lo-
cais de plantio 1 e 2 foram ob-
servadas, sendo que o local 1
apresentou os maiores valo-
res, tanto para a altura quanto
para o diâmetro das plantas.
Verificou-se que a altura de
plantas da progênie C-2301
diferiu significativamente das
demais. Quanto ao diâmetro,
Figura 2 – Detalhe de Unidade de Observação implan- as progênies não diferiram
tada no Município de Senador Guiomard/AC no ano estatisticamente entre si. As
de 2008, onde o produtor consorciou palma de óleo consideráveis diferenças en-
com mandioca (Foto: João Batista Martiniano Pereira) contradas entre os locais 1 e
2 são devidas, possivelmente,
às exigências naturais e nutri-
cionais da cultura da palma
de óleo, visto que esta planta
expressa seu máximo desen-
volvimento em regiões com
alto regime pluviométrico,
chegando a mais de 2.000
mm a diferença de precipita-
ção anual entre os locais es-
tudados.
Esses resultados preli-
minares servem de emba-
samento para definir quais
genótipos podem ser utiliza-

Produção e Manejo Sustentáveis para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia | 181


dos em consorciação com outras culturas as sob influência direta da rodovia BR-364
na recuperação de terras degradadas e nas quais uma parte das florestas tem sido
também qual a melhor região do Estado, substituída por: uma frente de expansão
em termos de aptidão edafoclimática, é a e consolidação de atividades agropecuá-
melhor para o plantio da palma de óleo. rias (pequenas, médias e grandes proprie-
dades rurais); agricultura familiar em as-
sentamentos de reforma agrária; e polos
agroflorestais e áreas de reserva legal com
3. Perspectivas para a atividades de manejo florestal.

cultura da palma de Essas regionais apresentam baixa den-


sidade populacional, em comparação com
óleo no Acre – Plano as demais regionais do Estado, dispondo
de Desenvolvimento do de regular infraestrutura de transporte,
energia e serviços públicos e privados.
Governo do Estado
Apesar das obras de asfaltamento da
As regionais de desenvolvimento do BR-364, que têm finalização prevista para
Juruá e Tarauacá-Envira caracterizam-se o ano de 2010 e devem concluir a inter-
pela presença de grandes áreas de flores- ligação terrestre com a regional do Baixo
tas preservadas. No entanto, existem áre- Acre, os municípios das regionais Juruá

Figura 3 – Pastagem degradada no trecho da BR 364 entre os municípios de Tarauacá e


Cruzeiro do Sul em área com predomínio de Cambissolos (Foto: Edson Alves de Araújo)

182 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
e Tarauacá-Envira ainda ficam isolados Porém, grande parte das propriedades
durante o período invernoso (geralmen- dessa regional apresenta problemas de
te entre os meses de dezembro a maio) passivo ambiental, no qual foi ultrapas-
devido ao fechamento dos trechos não sada a quantidade legalmente permitida
asfaltados. Isso tem causado uma série de de área de conversão, exigindo-se sua
transtornos às populações locais e impedi- recuperação e recomposição. Além disso,
do o escoamento da produção da região. num processo ainda comum em toda a
Amazônia, algumas dessas áreas encon-
O uso da terra é tipicamente agroflo-
tram-se na forma de pastagens degrada-
restal, com áreas antropizadas dispondo
das e capoeiras abandonadas em diversos
de mosaicos produtivos que vão de pe-
estádios de regeneração (Figuras 3 e 4),
quenas, médias e grandes propriedades
não revertendo ou agregando qualquer
agrícolas, voltadas principalmente para a
ganho para a produção agropecuária e es-
produção de carne e leite, a assentamen-
timulando a conversão de novas áreas em
tos de reforma agrária e extrativismo flo-
pastos e plantações.
restal da borracha. Também é marcante,
nessa regional, a presença de terras indí- O Zoneamento Ecológico-Econômico
genas e Unidades de Conservação, que (ZEE) (ACRE, 2006), por intermédio da Po-
propiciaram a preservação do patrimônio lítica de Valorização do Ativo Ambiental e
florestal. Florestal (ACRE, 2008), vem desenvolvendo

Figura 4 – Áreas de pastagem e capoeira potenciais para implantação da cultura de palma


de óleo no trecho da BR 364 entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul (Foto: Edson Alves de Araújo)

Produção e Manejo Sustentáveis para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia | 183


um conjunto de atividades para dar uma A diversificação da produção também
correta função social, ambiental e econô- deverá propiciar a implantação de novos
mica, regularizando e reincorporando as negócios estratégicos voltados para as ca-
áreas de propriedades que possuem pas- racterísticas intrínsecas da produção agro-
sivo ambiental florestal. Essa política tem florestal acriana, alcançando novos nichos
servido como instrumento de inclusão e de mercado e promovendo os produtos
participação social nas áreas de alta vulne- com a marca de sustentabilidade do Acre.
rabilidade ambiental.
Com o estabelecimento das florestas
O Governo do Acre busca criar a base plantadas com palma de óleo, a produção
de suprimento e promover diversificação, de óleos e outros produtos com fins indus-
modernização e industrialização da ca- triais será garantida. Dessa forma, a cadeia
deia produtiva da palma de óleo (Elaeis produtiva agroflorestal estará mais bem
guineensis) no Estado por meio de sua organizada, com excelência na gestão da
participação no mercado, gerando empre- qualidade, dispondo de melhores produtos
go e distribuição de renda tendo em vista e processos inseridos em novos mercados.
a inclusão social.
Espera-se que a exploração comercial
O estabelecimento de florestas plan- das florestas plantadas com palma de
tadas com palma de óleo nas regionais óleo atenda à demanda tanto da indústria
Juruá e Tarauacá-Envira possibilitará uma alimentícia quanto de outros derivados,
alternativa econômica viável para os pro- produzindo uma gama diversificada de
dutores através da produção de óleo e da produtos de alto valor agregado, envol-
subsequente implantação de uma agroin- vendo produtos certificados com uso de
dústria de extração, beneficiamento e en- tecnologia avançada, gerando emprego e
vasamento de óleo. O cultivo da palma de renda e diminuindo os impactos ambien-
óleo também deverá consolidar a política tais decorrentes da pressão sobre as flo-
de atração de empreendimentos de base restas nativas da região.
florestal, fortalecendo a cadeia de produ-
De acordo com as diretrizes do ZEE-AC,
tos agroflorestais e o parque tecnológico
a localização das áreas para refloresta-
do Estado através da implantação do Polo
mento com palma de óleo serão aquelas
Oleoquímico, que, por sua vez, potenciali-
localizadas no eixo de 25 km às margens
zará a produção extrativista de outros óle-
da rodovia BR-364, nas regionais Juruá e
os vegetais das florestas nativas.
Tarauacá-Envira, num raio máximo de 50
A cultura da palma de óleo deverá rein- km da agroindústria a ser instalada, con-
corporar áreas alteradas/degradadas, cola- forme se observa na Figura 5.
borando na contenção do desmatamen-
A região de interesse, onde mais de
to, pois, com a consolidação das áreas já
112 mil hectares de área estão desmata-
convertidas, os produtores não precisarão
dos no eixo de 10 km às margens da rodo-
desmatar novas áreas. Além disso, com a
via BR-364, é composta por projetos de as-
produção da palma de óleo e das outras
sentamentos, Unidades de Conservação
atividades de sua cadeia produtiva, parte
e propriedades particulares, sendo estas
dos impactos ambientais e sociais gera-
áreas estratégicas para a implantação de
dos pelas antigas políticas de ocupação
florestas com palma de óleo.
deve ser revertida, diminuindo a pressão
sobre novas áreas de florestas e gerando Os projetos de assentamento da re-
emprego e renda. gião dispõem de 56 mil hectares de áreas
desmatadas aptas para reflorestamento

184 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Figura 5 – Mapa das áreas estratégicas para reflorestamento com palma de óleo na BR-364. Fonte: ACRE (2009)

Produção e Manejo Sustentáveis para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia


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com palma de óleo, tanto do ponto de vis- Também são esperados outros efeitos
ta técnico como logístico. Em relação às menos tangíveis, mas igualmente impor-
Unidades de Conservação localizadas na tantes sob o ponto de vista do desenvolvi-
região, destaca-se o Complexo de Flores- mento sustentável. Entre eles, pode-se ci-
tas Estaduais do Rio Gregório, composto tar a redução da tensão social na região e
pelas Florestas Estaduais do Rio Liberdade, da migração para os centros urbanos por
do Mogno e do Rio Gregório. Este comple- falta de alternativa produtiva no campo.
xo possui uma área de 480 mil hectares,
sendo que mais de 11 mil hectares estão
desmatados.
Nas propriedades particulares, existem 4. Alternativas de
cerca de 10 mil hectares de área desmata-
da, localizados no eixo de 10 km às mar-
combinação de cultivos
gens da rodovia BR-364, correspondendo florestais com a cultura
a menos de 10% da área desmatada da
região. de palma de óleo
Tudo leva a crer que a instalação de Com o propósito de fazer frente ao
plantios de palma de óleo nessa região desafio de consolidar um programa vol-
vai gerar impactos positivos no meio am- tado para a cultura da palma de óleo nas
biente local, pois se propõe a recuperar e regionais do Juruá e Tarauacá-Envira, deve-
a reinserir na economia local, com efetivo se imaginar estratégias voltadas para os
plantio, 9% das áreas desmatadas da re- produtores que atuam com base em agri-
gião, sem contar a reserva legal das pro- cultura familiar de modo que eles façam
priedades incluídas no projeto que obriga- frente aos custos iniciais da implantação e
toriamente deverão ser preservadas. Isso da manutenção de um palmar com a ob-
contribuirá de forma efetiva para a redu- tenção de receitas extras.
ção do desmatamento e do uso do fogo
na lavoura, prática comum na região. Dessa forma, faz-se necessária a defi-
nição de arranjos que permitam aos pe-
Sob a ótica dos impactos sociais, a quenos produtores utilizar as entrelinhas,
partir da implantação das agroindústrias pelo menos até o terceiro ano após a
e das áreas de plantio, há uma tendência instalação da cultura. A partir do quarto
de fixação da mão de obra nas áreas ru- ano, o crescimento vegetativo da palma
rais, bem como nas cidades próximas às de óleo restringe a entrada de luz solar,
agroindústrias. Haverá, também, maior ao mesmo tempo em que há um entre-
participação de pequenos proprietários laçamento do sistema radicular das plan-
de terras e de assentados no projeto pela tas. Assim, a continuidade da exploração
formação de atividades ligadas direta ou das entrelinhas com cultivos consorciados
indiretamente aos plantios. pode prejudicar tanto o estado nutricio-
Outro importante impacto é a gera- nal das plantas de palma de óleo, que
ção de mais de 4,5 mil empregos diretos estarão entrando na fase de produção
e indiretos, resultando em um crescimen- comercial, quanto as culturas intercaladas,
to de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) que podem ter a sua produtividade com-
das regionais Juruá e Tarauacá-Envira, sem prometida em razão da competitividade
contabilizar os indicadores dos setores in- delas com a palma de óleo na busca por
dustrial e de serviços. nutrientes do solo.

186 | Zoneamento Agroecológico, Produção e Manejo para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia
Existem estudos teóricos sobre siste- de 7,80 m entre as linhas de plantio e 9,00
mas de produção para a palma de óleo m entre plantas. Nessa condição, inúme-
na Amazônia (HOMMA et al., 2000), assim ras são as possibilidades que se tem de
como experimentações agrícolas realiza- combinar culturas nas entrelinhas da pal-
das no sentido de definir modelos de pro- ma de óleo. Com o objetivo de preservar
dução agrícola consorciada com a palma a cultura principal, propõe-se que as cul-
de óleo e culturas alimentares, como, por turas consorciadas sejam plantadas com
exemplo, feijão, milho, banana, abacaxi e um afastamento mínimo de 1,00 m das
mandioca, entre outros (MONTEIRO et al., plantas de palma de óleo.
2006; ROCHA, 2007). Os consórcios testa-
Para o consórcio palma de óleo x fei-
dos apresentaram resultados bastante sa-
jão, utilizando o espaçamento de 0,50 m
tisfatórios em termos financeiros, concor-
x 0,30 m, é possível o plantio de 13 linhas
rendo para a amortização dos custos de
em cada entrelinha da palma de óleo.
implantação e de manutenção do palmar
Com essa disposição, tem-se uma densi-
até que as plantas iniciassem a fase de
dade 47.667 plantas de feijão, o equivalen-
produção.
te a 71% do stand para o feijão se fosse
Nas regionais focadas pelo Governo plantado em monocultivo.
do Acre para implantação da cultura da
Caso a cultura explorada seja o milho,
palma de óleo, são tradicionais os cultivos
em que se adota o espaçamento de 1,00
de abacaxi, banana e mandioca, predomi-
m x 0,40 m, em áreas de menor nível tec-
nando esta última, que tem grandes áre-
nológico, podem ser plantadas sete linhas
as cultivadas para a produção de farinha
de milho, proporcionando um stand de
(ACRE, 2009).
19.250 plantas, equivalendo a 77% da po-
Não deve ser desprezada a produção pulação de milho solteiro/ha.
de feijão consorciado com a palma de
A banana deve ser plantada no espaça-
óleo. Essa cultura é plantada normalmen-
mento recomendado de 3,00 m x 2,00 m.
te em monocultivo, gerando uma renda
Como essa cultura necessita de mais espa-
considerável ao agricultor local. Em pelo
ço para o adequado desenvolvimento do
menos duas das unidades de observa-
seu rizoma, seria recomendável o plantio
ção de palma de óleo conduzidas pela
de até duas linhas de banana nas entreli-
Embrapa Acre no município de Brasileia,
nhas da palma de óleo, com um stand de
agricultores vêm adotando esse consór-
1.110 covas de banana, correspondendo a
cio, demonstrando boa adaptabilidade do
67% de plantas caso a banana fosse plan-
feijão nas entrelinhas da palma de óleo.
tada em sistema solteiro, e equivalente ao
Além disso, deve também ser destacada
mesmo stand de um hectare de banana
a contribuição do feijoeiro no tocante ao
plantado no espaçamento 3,00 m x 3,00 m.
fornecimento de nitrogênio via fixação
biológica para a nutrição da palma de O abacaxi é plantado em sistema de
óleo, o que pode significar redução nos fileiras duplas, com espaçamento de 0,60
custos da adubação. No entanto, são ne- m x 0,60 m x 1,00 m. Nessa situação, seria
cessários estudos mais precisos sobre este recomendável plantar quatro fileiras du-
aspecto nutricional. plas de abacaxi consorciado com palma
de óleo, obtendo-se um stand de 7.334
A densidade mais utilizada para a cul-
plantas, o que equivale a 70% do stand do
tura da palma de óleo é de 143 plantas/
abacaxi em monocultivo.
ha, arranjadas em triângulo equilátero de
9,00 m de lado, ou seja, um espaçamento Para a cultura da mandioca, planta-se

Produção e Manejo Sustentáveis para a Cultura da Palma de Óleo na Amazônia | 187


no espaçamento de 1,00 m x 1,00 m. Para GUEDES, R. S.; BERGO, C. L.; PEREIRA, J. E. S. In-
evitar a competitividade entre os sistemas trodução e avaliação do crescimento inicial de
progênies de dendezeiro (Elaeis guineensis jacq.)
radiculares da mandioca e da palma de nas condições da Amazônia Sul Ocidental. In:
óleo, aconselha-se implantar até cinco fi- CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROENERGIA
leiras, proporcionando um stand de 5.500 E BIOCOMBUSTÍVEIS, 2007, Teresina. [Anais...] Te-
plantas, correspondente a 55% do stand resina, PI: Embrapa Meio-Norte, 2007.
de um mandiocal solteiro. HOMMA, A. K. O.; FURLAN JÚNIOR, J.; CARVALHO,
R. A. et al. Bases para uma política de desenvol-
vimento da cultura do dendezeiro na Amazônia.
In: VIEGAS, I. de J. M.; MÜLLER, A. A. A cultura
do dendezeiro na Amazônia Brasileira. Belém:
Embrapa Amazônia Oriental; Manaus: Embrapa
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gico-econômico do estado do Acre. Zoneamento cultura familiar e sua inserção na cadeia do bio-
ecológico-econômico do Acre – fase II: docu- diesel no estado do Pará. In: CONGRESSO BIODIE-
mento síntese – escala 1:250.000. Rio Branco: SEL, 2006, Brasília. Anais... [Brasília: UCB], 2006].
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PEREIRA, J. B. M., A cultura do dendezeiro como
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biental florestal: Plano de valorização do ativo tal e produção sustentável no Acre. Acre Rural, v.
ambiental florestal: programa de valorização do 2, n 3, 2009. p76-78.
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cultura familiar. Viçosa: UFV, 2007.
ACRE. Zoneamento da Produção Familiar. Rio
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BASTOS, T. X.; MÜLLER, A. A.; PACHECO, N. A.;
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n.3, p. 564-570, 2001.

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