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Apostila atualizada em 7 de julho de 2008.


SUMÁRIO

Capítulo I - Seguridade social, 2


1. Conceituação, 2
2. Princípios constitucionais, 2
Capítulo II – Beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, 3
1. Segurados obrigatórios, 3
1.1. Segurado empregado, 3
1.2. Segurado empregado doméstico, 4
1.3. Segurado trabalhador avulso, 4
1.4. Segurado especial, 4
1.5. Segurado contribuinte individual, 6
2. Segurado facultativo, 6
3. Dependentes, 7
4. Manutenção e perda da qualidade de segurado, 7
Capítulo III - Empresa e empregador doméstico: conceito previdenciário, 8
Capítulo IV - Financiamento da seguridade social, 9
1. Receitas da União, 9
2. Receitas das contribuições sociais, 10
3. Receitas de outras fontes, 15
4. Salário-de-contribuição, 16
5. Prazo de recolhimento, 19
6. Recolhimento fora do prazo, 19
7. Obrigações acessórias, 21
Capítulo V – Exame da contabilidade, 22
Capítulo VI - Retenção e Responsabilidade solidária, 23
Capítulo VII – Constituição do crédito previdenciário, 27
Capítulo VIII – Parcelamento, 28
Capítulo IX - Decadência e prescrição, 29
Capítulo X – Restituição, compensação e reembolso de contribuições, 30
Capítulo XI - Isenção de contribuições: requisitos, manutenção e perda, 32
Capítulo XII - Prova de inexistência de débito, 33
Capítulo XIII - Crimes contra a Previdência Social, 35
Capítulo XIV - Dívida ativa, 36
Capítulo XV – Prestações do Regime Geral de Previdência Social, 38
1. Conceitos introdutórios, 39
2. Benefícios do RGPS, 42
3. Serviços do RGPS, 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, 50

Feliz o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento


(Provérbios 3.13).

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CAPÍTULO I
SEGURIDADE SOCIAL

1. CONCEITUAÇÃO

A Seguridade Social, nos termos do art. 194 da Constituição Federal, “compreende um


conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.

Seguridade Social
(CF, art. 194)

Saúde Assistência Social Previdência Social

Direito de todos e Para quem dela Direito dos


dever do Estado; necessitar; segurados e seus
Independe de Independe de dependente;
Contribuição. contribuição. Caráter contributivo
e compulsório.
2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

CF - Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa


dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social,
com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite,
com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos
órgãos colegiados.

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CAPÍTULO II
BENEFICIÁRIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

 Empregado

 Empregado Doméstico

 Obrigatórios  Contribuinte Individual


 Segurados
 Trabalhador Avulso

 Especial

 Facultativo
Beneficiários
do Regime
Cônjuge, companheiro
Geral de
(a) e filho(a) não
Previdência
emancipado de qualquer
Social  Classe I 
condição, menor de 21
anos de idade ou
inválido.
 Dependentes
 Classe II  Os pais

O irmão não
emancipado, de
 Classe III  qualquer condição,
menor de 21 anos ou
inválido.

1. SEGURADOS OBRIGATÓRIOS

1.1. SEGURADO EMPREGADO


De acordo com o inciso I do art. 11 da Lei nº 8.213/91, filia-se obrigatoriamente ao
RGPS, na qualidade de segurado empregado:
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não
eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação
específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal
regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas;
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como
empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de
carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e
repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição
consular;
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais
brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como
empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a
empresa brasileira de capital nacional;
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União,
Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais;

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h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não


vinculado a regime próprio de previdência social ; (Incluída pela Lei nº 9.506/97)
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no
Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social;
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não
vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887/2004).

1.2. SEGURADO EMPREGADO DOMÉSTICO


É aquele que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou
família, no âmbito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos (Lei nº 8.213/91, art. 11,
II).

1.3. SEGURADO TRABALHADOR AVULSO


É aquele que, sindicalizado ou não, presta serviços de natureza urbana ou rural, sem
vínculo empregatício, a diversas empresas, com a intermediação obrigatória do sindicato da
categoria ou, quando se tratar de atividade portuária, do órgão gestor de mão-de-obra
(OGMO), assim considerados:
a) o trabalhador que exerce atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e conserto de
carga, vigilância de embarcação e bloco;
b) o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério;
c) o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios);
d) o amarrador de embarcação;
e) o ensacador de café, cacau, sal e similares;
f) o trabalhador na indústria de extração de sal;
g) o carregador de bagagem em porto;
h) o prático de barra em porto;
i) o guindasteiro; e
j) o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos;

1.4. SEGURADO ESPECIAL

Segurado a) produtor, seja 1. agropecuária em área de até 4



especial é a proprietário, módulos fiscais;
pessoa física usufrutuário, possuidor,
residente no assentado, parceiro ou 2. de seringueiro ou extrativista vegetal

imóvel rural ou em meeiro outorgados, que, de modo sustentável, atua na coleta
aglomerado comodatário ou  e extração de recursos naturais
urbano ou rural arrendatário rurais, que renováveis, e faça dessas atividades o
próximo a ele que, explore atividade: principal meio de vida;
individualmente
ou em regime de b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca

economia familiar, profissão habitual ou principal meio de vida;
ainda que com o
auxílio eventual de c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 anos de idade
terceiros, na  ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b, que,
condição de: comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo.

Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos


membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento
socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e
colaboração, sem a utilização de empregados permanentes (Lei nº 8.213/91, art. 11, § 1º).
Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e os filhos
maiores de 16 anos ou os a estes equiparados deverão ter participação ativa nas atividades
rurais do grupo familiar (Lei nº 8.213/91, art. 11, § 6º).
O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo determinado
ou de trabalhador eventual, em épocas de safra, à razão de, no máximo, 120 pessoas/dia no

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ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de
trabalho (Lei nº 8.213/91, art. 11, § 7º).

Lei 8.213/91, art. 11, § 8º - Não descaracteriza a condição de segurado


especial:
I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até
50%de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 módulos fiscais, desde que
outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em
regime de economia familiar;
II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem,
por não mais de 120 dias ao ano;
III – a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade
classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural
em regime de economia familiar; e
IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que
seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo;
V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de
beneficiamento ou industrialização artesanal; e
VI – a associação em cooperativa agropecuária.

Considera-se processo de beneficiamento ou industrialização artesanal aquele


realizado diretamente pelo próprio produtor rural pessoa física, desde que não esteja sujeito à
incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI (Lei nº 8.212/91, art. 25, § 11).

Lei 8.213/91, art. 11, § 9º - Não é segurado especial o membro de grupo


familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:
I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não
supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social (vale dizer, desde
que não supere um salário mínimo);
II – benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar
instituído por entidade classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador
rural ou de produtor rural em regime de economia familiar;
III – exercício de atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso, não
superior a 120 dias, corridos ou intercalados, no ano civil;
IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de
trabalhadores rurais;
V – exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural
ou de dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais;
VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I do §
8o deste artigo;
VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo
grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda
mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da
Previdência Social; e
VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de
prestação continuada da Previdência Social (vale dizer, desde que inferior a um salário
mínimo).

1.5. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL

De acordo com o inciso V do art. 11 da Lei nº 8.213/91, filia-se obrigatoriamente ao


RGPS, na qualidade de contribuinte individual:
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer
título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 módulos fiscais; ou,
quando em área igual ou inferior a 4 módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de
empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda quando deixar de satisfazer as
condições para ser segurado especial;

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b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral -


garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos,
com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não
contínua;
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de
congregação ou de ordem religiosa;
d) (Revogado pela Lei nº 9.876, de 26.11.1999)
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual
o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por
regime próprio de previdência social;
f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de
conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o
sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em
empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa,
associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou
administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam
remuneração;
g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou
mais empresas, sem relação de emprego;
h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza
urbana, com fins lucrativos ou não.

2. SEGURADO FACULTATIVO
Pode filiar-se ao RGPS como segurado facultativo, mediante contribuição, a pessoa
física maior de 16 anos de idade, desde que não esteja exercendo atividade remunerada que
implique filiação obrigatória a qualquer regime de previdência social no País.
É vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa
participante de regime próprio de previdência social, salvo na hipótese de afastamento sem
vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo regime
próprio.
A filiação na qualidade de segurado facultativo representa ato volitivo, gerando efeito
somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento.
A inscrição do segurado facultativo não pode retroagir. Não é permitido o pagamento de
contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição. No entanto, caso o
salário-de-contribuição do segurado facultativo seja igual ao valor do salário mínimo, ele
poderá optar pelo recolhimento trimestral. Nesse caso, as contribuições relativas ao trimestre
em que se inscreveu terão vencimento no dia 15 do mês seguinte ao trimestre civil.
Após a inscrição, o segurado facultativo somente poderá recolher contribuições em
atraso quando não tiver ocorrido perda da qualidade de segurado.
O Regulamento da Previdência Social (art. 11, §
1º) apresenta uma lista de pessoas que podem filiar-se na qualidade de segurado facultativo:
I - a dona-de-casa;
II - o síndico de condomínio, quando não remunerado;
III - o estudante;
IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;
V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;
VI - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei 8.069/90, quando não esteja
vinculado a qualquer regime de previdência social;
VII - o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa de acordo com a Lei 6.494/77;
VIII - o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-
graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a
qualquer regime de previdência social;
IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer
regime de previdência social; e
X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de
país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional.

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3. DEPENDENTES

Os dependentes do segurado, considerados beneficiários do RGPS, dividem-se em três


classes:

Classe I: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de


qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido;
Classe II: os pais;
Classe III: o irmão, não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou
inválido.

Os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condições, ou seja,


o benefício (pensão por morte ou auxílio reclusão) será dividido em cotas iguais. Quando o
direito de um dependente cessar, a sua cota reverterá em favor daqueles que permanecerem
com o direito.
A existência de dependente de qualquer das classes exclui do direito às prestações os
da classe seguinte.
Equiparam-se aos filhos, mediante declaração escrita do segurado, comprovada a
dependência econômica, o enteado e o menor sob tutela, desde que não possuam bens
suficientes para o próprio sustento e educação.
No caso de filho inválido, mesmo que seja maior de 21 anos, continua sendo
dependente do segurado, desde que não seja emancipado. Todavia, se a emancipação ocorrer
por motivo de colação de grau em curso superior, o filho inválido não perde a condição de
dependente.
O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebe pensão de
alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes da classe I (Lei nº
8.213/91, art. 76, § 2º). De acordo com o entendimento do STJ, “a mulher que renunciou aos
alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido,
comprovada a necessidade econômica superveniente” (Súmula 336 do STJ).
A dependência econômica do cônjuge, companheiro(a) e do filho não emancipado de
qualquer condição, menor de 21 anos de idade ou inválido é presumida e a dos demais
dependentes deve ser comprovada.

4. MANUTENÇÃO E PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO

A manutenção e perda da qualidade de segurado são disciplinadas pelo art. 15 da Lei nº


8.213/91, conforme abaixo transcrito:

Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:


I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer
atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração;
III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de
segregação compulsória;
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar serviço militar;
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já
tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a
perda da qualidade de segurado.
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado
desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do
Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a
Previdência Social.

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§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado


no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês
imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.

CAPÍTULO III
EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO: CONCEITO PREVIDENCIÁRIO

1. EMPRESA

O art. 12, I, do RPS conceitua empresa nos seguintes termos:

I – empresa é: a firma individual ou a sociedade que assume o risco de atividade


econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e as entidades da
administração pública direta, indireta e fundacional.

Nos termos do parágrafo único do art. 12 do RPS, equiparam-se a empresa:

I - o contribuinte individual, em relação a segurado que lhe presta serviço;


II - a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, inclusive a
missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras;
III - o operador portuário e o órgão gestor de mão-de-obra de que trata a Lei 8.630/93;1 e
IV - o proprietário ou dono de obra de construção civil, quando pessoa física, em relação a
segurado que lhe presta serviço.

2. EMPREGADOR DOMÉSTICO

O art. 12, II, do RPS conceitua empregador doméstico nos seguintes termos:

“II - empregador doméstico - aquele que admite a seu serviço, mediante remuneração,
sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.”

1
A Lei nº 8.630/93 dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos portos organizados e das instalações portuárias e
dá outras providências.
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CAPÍTULO IV
FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL

No âmbito federal, o orçamento da seguridade social é composto das seguintes receitas:


da União, das contribuições sociais e de outras fontes (Lei 8.212/91, art. 11).
As contribuições sociais destinadas à seguridade social são as seguintes:
a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a
seu serviço;
b) as dos empregadores domésticos;
c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário-de-contribuição;
d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro;
e) as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos;
f) as do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar
(CF, art. 195, IV);
Os recursos provenientes das contribuições sociais previstas acima nas alíneas “a”, “b” e
“c” só podem ser utilizados para pagamento dos benefícios do Regime Geral de Previdência
Social (CF, art. 167, XI). Por isso, podemos denominá-las de “contribuições previdenciárias”.
Os recursos provenientes das contribuições sociais descritas nos itens “d” a “f” podem
ser aplicados em qualquer área da Seguridade Social (saúde, assistência social ou previdência
social).
No quadro abaixo, resumiremos as informações básicas a respeitos das receitas da
Seguridade Social no âmbito federal:

 Da União

 Dos segurados
Contribuições
 Das empresas
 Sociais
Previdenciárias
Dos empregadores

Receitas domésticos
da Das
Seguridad  Contribuições Das empresas, incidentes

e Social Sociais sobre faturamento e lucro
(no âmbito
Outras
federal) sobre a receita de
 Contribuições 
concursos de prognósticos
Sociais
do importador de bens ou

serviços do exterior

De outras

fontes

Passemos, agora, ao estudo de cada uma das receitas da Seguridade Social.

1. RECEITAS DA UNIÃO
A contribuição da União é constituída de recursos adicionais do Orçamento Fiscal,
fixados obrigatoriamente na Lei Orçamentária Anual (art. 16 da Lei 8.212/91).
A União é responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras da
Seguridade Social, quando decorrentes do pagamento de benefícios de prestação continuada
da previdência social, na forma da Lei Orçamentária Anual (Lei 8.212/91, art. 16, parágrafo
único).
O Tesouro Nacional repassará mensalmente recursos referentes às contribuições
incidentes sobre o faturamento e o lucro das empresas e sobre a receita de concursos de
prognósticos, destinados à execução do Orçamento da Seguridade Social (Lei 8.21/91, art.
19).
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2. RECEITAS DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

De acordo com o parágrafo único do art. 195 do RPS, constituem contribuições sociais:
I - as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada aos
segurados e demais pessoas físicas a seu serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
II - as dos empregadores domésticos, incidentes sobre o salário-de-contribuição dos
empregados domésticos a seu serviço;
III - as dos trabalhadores, incidentes sobre seu salário-de-contribuição;
IV - as das associações desportivas que mantêm equipe de futebol profissional,
incidentes sobre a receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em
todo território nacional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e
de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade,
propaganda e transmissão de espetáculos desportivos;
V - as incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção
rural;
VI - as das empresas, incidentes sobre a receita ou o faturamento e o lucro; e
VII - as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos.

Para fins didáticos, vamos separar as contribuições destinadas ao pagamento dos


benefícios do RGPS (contribuições previdenciárias, descritas acima nos itens I a V) das demais
contribuições para a Seguridade Social (descritas nos itens VI e VII).

2.1. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS

Estão obrigados ao pagamento destas contribuições os segurados do RGPS, a empresa,


a entidade equiparada à empresa na forma da lei e o empregador doméstico.

2.1.1. CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO

A base de cálculo da contribuição do segurado é, em regra, o seu salário-de-


contribuição. O segurado especial é a exceção: a base de cálculo da contribuição do segurado
especial é a receita bruta da comercialização de sua produção rural.

2.1.1.1. EMPREGADO, EMPREGADO DOMÉSTICO E TRABALHADOR AVULSO

A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador avulso é


calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu salário-de-contribuição
mensal, de forma não-cumulativa (Lei 8.212/91, art. 20). Em valores atualizados, a partir de
1º/03/2008, a tabela de contribuição destes segurados é a seguinte:

SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO (R$) ALÍQUOTA


Até 911,70 8%
De 911,71 até 1.519,50 9%
De 1.519,51 a 3.038,99 11%

Os valores dos salários-de-contribuição, constantes da tabela acima, serão reajustados


na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de
prestação continuada da Previdência Social (Lei. 8.212/91, art. 20, § 1º).

2.1.1.2. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL

Em regra, a alíquota de contribuição do contribuinte individual será de 20% sobre o


salário-de-contribuição (Lei nº 8.212/91, art. 21, caput). Há, porém, algumas situações em
que a alíquota é reduzida para 11%. Passemos ao estudo das várias situações:

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Contribuição do contribuinte individual


O tomador do Vencimento
Quando o contribuinte individual
serviço desconta Alíquota (no mês
presta serviço:
a contribuição? seguinte)
a) a pessoa física; ou
b) quando exerce atividade econômica
por conta própria; ou
c) quando tratar-se de brasileiro civil que Não 20% Dia 15
trabalha no exterior para organismo
oficial internacional do qual o Brasil seja
membro efetivo.
A empresa em geral Sim 11% Dia 10
A entidade beneficente de assistência
Sim 20% Dia 10
social isenta das contribuições sociais.
Sim
A empresa em geral, por intermédio de
(quem desconta é a 11% Dia 15
cooperativa de trabalho.
cooperativa)
Sim
A pessoa física, por intermédio de
(quem desconta é a 20% Dia 15
cooperativa de trabalho.
cooperativa)
A entidade beneficente em gozo de Sim
isenção, por intermédio de cooperativa (quem desconta é a 20% Dia 15
de trabalho. cooperativa)
A cooperativa de produção (mesmo que
Sim 11% Dia 10
seja associado à cooperativa).
20% (mas
pode deduzir,
da sua
contribuição,
a) a outro contribuinte individual 45% da
equiparado a empresa; ou contribuição
b) a produtor rural pessoa física; ou Não do Dia 15
c) a missão diplomática e repartição contratante,
consular de carreira estrangeiras. limitada a
9% do
salário-de-
contribuição)
.
Quando trabalha por conta própria, sem
relação de trabalho com empresa ou 11% sobre o
equiparado e optar pela exclusão do Não salário Dia 15
direito ao benefício de aposentadoria por mínimo.
tempo de contribuição.
Quando for sócio de sociedade
empresária que tenha tido receita bruta
11% sobre o
anual, no ano-calendário anterior, de até
Sim salário Dia 10
R$ 36.000,00 e optar pela exclusão do
mínimo.
direito ao benefício de aposentadoria por
tempo de contribuição.

A remuneração paga ou creditada a condutor autônomo de veículo rodoviário, ou ao


auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, pelo frete, carreto ou transporte de
passageiros, realizado por conta própria, corresponde a 20% do rendimento bruto (RPS, art.
201, § 4º).

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2.1.1.3. SEGURADO ESPECIAL

Contribuição Alíquota Base de cálculo


Para a Seguridade Social 2% Receita bruta da comercialização da produção rural.
Para o RAT 0,1% Receita bruta da comercialização da produção rural.

Além destas contribuições, o segurado especial poderá contribuir, facultativamente, com


a alíquota de 20% sobre o salário-de-contribuição, para fazer jus a benefícios com valores
superiores a um salário mínimo e para ter direito à aposentadoria por tempo de contribuição
(Lei 8.212/91, art. 25, § 1º).

2.1.1.4. SEGURADO FACULTATIVO

Direito à Aposentadoria
por tempo de Base de cálculo Alíquota
contribuição
Salário-de-contribuição, respeitados os
Com direito 20%
limites de R$415,00 a R$3.038,99
Sem direito Um salário mínimo. 11%

Se o segurado facultativo desejar ter direito à aposentadoria por tempo de contribuição,


a sua contribuição será de 20% sobre o seu salário-de-contribuição. Para o segurado
facultativo, o salário-de-contribuição é o valor por ele declarado, observado o limite máximo de
R$ 3.038,99 e o limite mínimo de um salário mínimo mensal (atualmente, R$415,00).
É de 11% sobre o valor do salário mínimo a alíquota de contribuição do segurado
facultativo que optar pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição (Lei nº 8.212/91, art. 21, § 2º).

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2.1.2. CONTRIBUIÇÃO DA EMPRESA E EQUIPARADOS

CONTRIBUIÇÃO DA EMPRESA PARA A SEGURIDADE SOCIAL


Alíquota
Associação
Institu desportiva
Produtor Produtor
Empresa - Agroin que
Base de cálculo rural – rural –
em ições - mantém
pessoa pessoa
Geral Finan- dústria equipe de
física jurídica
ceiras futebol
profissional
Remuneração paga, devida
ou creditada aos segurados
20% 22,5% _ _ _ _
empregados e
trabalhadores avulsos.
Receita bruta da
comercialização da _ _ 2% 2,5% _ _
produção rural.
Receita bruta da
comercialização da _ _ _ _ 2,5% _
produção.
Receita bruta de
espetáculo desportivo,
patrocínio, licenciamento
de uso de marcas, - - - - - 5%
propaganda, publicidade e
transmissão de
espetáculos desportivos.
Remuneração paga ou
creditada aos contribuintes 20% 22,5% 20% 20% 20% 20%
individuais.
Valor bruto da nota fiscal
ou fatura de serviço
prestado por cooperados 15% 15% 15% 15% 15% 15%
por intermédio de
cooperativa de trabalho.

CONTRIBUIÇÃO DA EMPRESA PARA O RAT


Associação
Empresa em desportiva
Produtor Produtor
Geral Agroin que
rural – rural –
Base de cálculo (inclusive, - mantém
pessoa pessoa
instituições dústria equipe de
física jurídica
financeiras) futebol
profissional
Remuneração paga, devida ou
1% - Leve
creditada aos segurados
2% - Médio - - - -
empregados e trabalhadores
3% - Grave
avulsos.
Receita bruta da
comercialização da produção - 0,1% 0,1% - -
rural.
Receita bruta da
- - - 0,1% -
comercialização da produção.

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Observações:
1) As empresas optantes pelo SIMPLES contribuem com uma alíquota incidente sobre
seu faturamento em substituição às contribuições patronais (contribuições a cargo da
empresa).
2) As entidades beneficente e de assistência social são isentas das contribuições
patronais (contribuições a cargo da empresa).
3) RAT: Contribuição destinada ao financiamento da aposentadoria especial e dos
benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente
dos riscos ambientais do trabalho.
4) O enquadramento da empresa para fins de recolhimento do RAT é feito em virtude
da atividade preponderante da empresa.
5) Atividade preponderante é aquela que ocupa, na empresa, o maior número de
segurados empregados e trabalhadores avulsos.
6) As alíquotas de RAT serão acrescidas de 12%, 9% ou 6%, respectivamente, se a
atividade exercida pelo segurado empregado ou trabalhador avulso a serviço da empresa
ensejar a concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição.
7) Será devida contribuição adicional de 9%, 7% ou 5%, a cargo da empresa tomadora
de serviços de cooperado filiado a cooperativa de trabalho, incidente sobre o valor bruto
da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, conforme a atividade exercida pelo cooperado
permita a concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos respectivamente.
8) A cooperativa de trabalho, em relação aos trabalhadores cooperados, é isenta de
contribuições. Esta contribuição fica a cargo da empresa tomadora dos serviços (15% sobre o
valor bruto da nota fiscal emitida pela cooperativa à empresa). Em relação aos segurados
empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais, a cooperativa contribui
normalmente como empresa em geral.
9) A cooperativa de produção contribui com 20% sobre as importâncias por ela
pagas, distribuídas ou creditadas aos respectivos cooperados. Será devida contribuição
adicional de 12%, 9% ou 6%, a cargo da cooperativa de produção, incidente sobre a
remuneração paga devida ou creditada ao cooperado filiado, na hipótese de exercício de
atividade que autorize a concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de
contribuição, respectivamente.
10) Quando o contribuinte individual for um transportador rodoviário autônomo, a base
de cálculo da contribuição da empresa será de 20% do valor do frete.
11) As alíquotas de que tratam os incisos I e III do art. 22 da Lei nº 8.212/91, em
relação às empresas que prestam serviços de tecnologia da informação - TI e de tecnologia da
informação e comunicação - TIC, poderão ser reduzidas pela subtração de um décimo do
percentual correspondente à razão entre a receita bruta de venda de serviços para o mercado
externo e a receita bruta total de vendas de bens e serviços, observado o disposto neste artigo
(Medida Provisória nº 428/2008, art. 14).

2.1.3. CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR DOMÉSTICO

Base de cálculo Alíquota


Salário-de-contribuição do empregado doméstico a serviço
12%
do empregador doméstico.

A responsabilidade pelo recolhimento das contribuições é do empregador doméstico,


que ficará com a obrigação de descontar e recolher a parcela do segurado, juntamente com a
sua.
Quando a empregada doméstica estiver em gozo de salário-maternidade, o empregador
ficará com a obrigação do recolhimento apenas de sua cota patronal, ou seja, os 12%
incidentes sobre o salário-de-contribuição.
Quando o salário-de-contribuição do empregado doméstico for igual a um salário
mínimo, o empregador doméstico pode optar pelo recolhimento trimestral das contribuições
previdenciárias, com vencimento no dia 15 do mês seguinte ao de cada trimestre civil,
prorrogando-se o vencimento para o dia útil subseqüente quando não houver expediente
bancário no dia 15.

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2.2. OUTRAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DESTINADAS AO FINANCIAMENTO DA


SEGURIDADE SOCIAL
O produto da arrecadação das contribuições sociais que estudaremos neste tópico será
destinado ao financiamento de qualquer uma das áreas da Seguridade Social. Assim, o produto
da arrecadação dessas contribuições sociais poderá ser utilizado para financiar a saúde, a
assistência social e a previdência social.
As contribuições sociais não-previdenciárias, destinadas ao custeio da seguridade social,
são as seguintes:

a) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS;


b) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL;
c) Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio
do Servidor Público – PIS/PASEP;
e) Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio
do Servidor Público incidente na Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços -
PIS/PASEP-Importação;
f) Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo
Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior - COFINS-Importação;
g) Contribuição sobre a receita de concursos de prognósticos.

3. RECEITAS DE OUTRAS FONTES

De acordo com o disposto no art. 27 da Lei 8.212/91, constituem outras receitas da


seguridade social:
I - as multas, a atualização monetária e os juros moratórios;
II - a remuneração recebida pela prestação de serviços de arrecadação, fiscalização e
cobrança prestados a terceiros;2
III - as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou
arrendamento de bens;
IV - as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras;
V - as doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais;
VI - 50% da receita obtida na forma do parágrafo único do art. 243 da Constituição
Federal, repassados pelo INSS aos órgãos responsáveis pelas ações de proteção à saúde e a
ser aplicada no tratamento e recuperação de viciados em entorpecentes e drogas afins;
Nota: Constituição Federal, art. 243, parágrafo único:
“Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições
e pessoal especializado no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e
custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de
tráfico dessas substâncias.”

VII - 40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria da Receita
Federal do Brasil;
VIII - 50% do valor total do prêmio recolhido pelas companhias seguradoras que
mantêm o seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de vias
terrestres (Seguro DPVAT). Este valor deve ser destinado ao Sistema Único de Saúde (SUS)
para o custeio da assistência médico-hospitalar aos segurados vitimados em acidentes de
trânsito;
Nota: apesar da Lei 8.212/91 (art. 27, parágrafo único) determinar que 50% do DPVAT
sejam destinados à Seguridade Social, o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97),
art. 78, parágrafo único, determina que 10% dos valores destinados à Seguridade
2
“A Secretaria da Receita Federal do Brasil poderá arrecadar, fiscalizar e cobrar, mediante remuneração de 3,5% do
montante arrecadado, contribuição por lei devida a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, desde que
provenha de contribuições cuja base de cálculo seja a mesma das que incidem sobre a remuneração paga, devida ou
creditada a segurados do RGPS ou instituídas sobre outras bases a título de substituição (Lei nº 11.457/2007, art.
3º).
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Social, relativos ao DPVAT, sejam repassados mensalmente ao Coordenador do Sistema


Nacional de Trânsito, para aplicação exclusiva em programas destinados à prevenção de
acidentes de trânsito. Assim, na verdade, só 45% do DPVAT são destinados à
Seguridade Social, pois 5% do DPVAT (10% dos 50% que cabem à Seguridade Social)
destinam-se a programas educacionais de prevenção de acidentes de trânsito, que não
dizem respeito à Seguridade Social.
IX - outras receitas previstas em legislação específica.

4. SALÁRIO-DE-CONTRIBUICÃO

CONCEITO DO SALÁRIO-DE- LIMITES


SEGURADO
CONTRIBUIÇÃO MÍNIMO MÁXIMO
A remuneração auferida em uma ou mais O piso
empresas, assim entendida a totalidade salarial legal
dos rendimentos pagos, devidos ou ou normativo
creditados a qualquer título, durante o da categoria
mês, destinados a retribuir o trabalho, ou, inexistido
qualquer que seja a sua forma, inclusive piso salarial,
as gorjetas, os ganhos habituais sob a o salário
Empregado e
forma de utilidades e os adiantamentos mínimo,
Trabalhador
decorrentes de reajuste salarial, quer tomado no
avulso
pelos serviços efetivamente prestados, seu valor
quer pelo tempo à disposição do mensal,
empregador ou tomador de serviços, nos diário ou
termos da lei ou do contrato ou, ainda, de horário, R$
convenção ou acordo coletivo de trabalho conforme o 3.038,99
ou sentença normativa; ajustado e o
tempo de
trabalho
A remuneração registrada na carteira
Empregado efetivo
profissional e/ou na Carteira de Trabalho e
doméstico. durante o
Previdência Social.
mês.
A remuneração auferida em uma ou mais
O salário
empresas ou pelo exercício de sua
Contribuinte mínimo
atividade por conta própria, durante o
individual mensal
mês.
(atualmente,
R$ 415,00)
Facultativo O valor por ele declarado.

4.1. PARCELAS INTEGRANTES DO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO

Dizer que um determinado valor que o segurado receba da empresa integra o salário-
de-contribuição significa dizer que sobre este valor vai incidir contribuição previdenciária, ou
seja, esse valor vai compor a base de cálculo da contribuição previdenciária.
A legislação previdenciária (Lei 8.212, art. 28, § 9º e RPS, art. 214, § 9º) relaciona
apenas as parcelas que não integram o salário-de-contribuição. Por exclusão, as parcelas que
não constarem dessa relação integram o salário-de-contribuição. A título de exemplo,
enumeramos abaixo algumas parcelas que integram o salário-de-contribuição:

I – Salário
II - Saldo de salário pago na rescisão do contrato de trabalho
III - Salário-maternidade
IV - Férias gozadas
V - 1/3 de férias gozadas (CF, art. 7º, XVII)
VI - 13º salário
VII - Horas extras

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VIII - O valor total das diárias para viagem, quando excederem a 50% da remuneração mensal
do empregado.
IX – Gorjetas (espontâneas ou compulsórias)
X - Comissões e percentagens
XI - Salário pago sob a forma de utilidades (salário in natura)
XII - Remuneração do aposentado que retornar ao trabalho
XIII – Aviso prévio.

4.2.2. PARCELAS NÃO-INTEGRANTES DO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO


Não integram o salário-de-contribuição exclusivamente as parcelas previstas no §
9º do art. 28 da Lei 8.212/91, abaixo transcrito:

§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:


a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o salário-maternidade;
b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº
5.929/73;
c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo
Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321/76;
d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional,
inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da
Consolidação das Leis do Trabalho-CLT;
e) as importâncias:
1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(indenização de 40% do montante depositado no FGTS, nos casos de despedida sem justa
causa);
2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do
empregado não optante pelo FGTS;
3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT (indenização por despedida
sem justa causa do empregado nos contratos por prazo determinado);
4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de
1973 (indenização do tempo de serviço do safrista, quando da expiração normal do contrato);
5. recebidas a título de incentivo à demissão;
6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT;
7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário;
8. recebidas a título de licença-prêmio indenizada;
9 recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de
1984 (indenização por dispensa sem justa causa no período de 30 dias que antecede a
correção salarial);
f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria;
g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança
de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT;
h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% da remuneração mensal;
i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário,
quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977;
j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo
com lei específica;
l) o abono do PIS e do PASEP;
m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa
ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em
canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada,
observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho;
n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxílio-doença,
desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa;
o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata
o art. 36 da Lei nº 4.870/65;

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p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de
previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus
empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT;
q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da
empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos,
aparelhos ortopédicos, despesas médico-hospitalares e outras similares, desde que a cobertura
abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa;
r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao
empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços;
s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago
em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de
idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas;
t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei
nº 9.394/96, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades
desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e
que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo;
u) Revogado.
v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais;
x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT (multa paga ao empregado em
decorrência da mora no pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão do
contrato de trabalho).

Observação:
As parcelas definidas como não-integrantes do salário-de-contribuição, quando
pagas ou creditadas em desacordo com a legislação pertinente, passam a integrá-lo para
todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis.

4.3. PROPORCIONALIDADE

Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado, inclusive o


doméstico, ocorrer no curso do mês, o salário-de-contribuição será proporcional ao número de
dias efetivamente trabalhados (RPS, art. 214, § 1º).
Assim, poderá haver, nestes casos, salário-de-contribuição inferior ao salário mínimo
mensal, ou seja, será calculado o salário mínimo no seu valor diário ou horário.

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5. PRAZO DE RECOLHIMENTO

PRAZO DE
CONTRIBUIÇÕES
RECOLHIMENTO
Dia 15 do mês a) As contribuições do contribuinte individual, quando recolhidas pelo
seguinte ao da próprio segurado;
competência, b) As contribuições do contribuinte individual (cooperado) quando
prorrogando-se para o descontadas e recolhidas por cooperativa de trabalho;
dia útil subseqüente c) As contribuições do segurado facultativo;
quando não houver d) As contribuições descontadas do segurado empregado doméstico;
expediente bancário. e) As contribuições a cargo do empregador doméstico;
Dia 20 de dezembro,
antecipando-se para o Contribuição incidente sobre o valor do 13º salário.
dia útil imediatamente Obs.: No caso de Rescisão de contrato de trabalho, as contribuições
anterior quando não devidas serão recolhidas no dia 10 do mês seguinte ao da rescisão,
houver expediente computando-se em separado a parcela referente ao 13º salário.
bancário.
Até 2 dias úteis A contribuição de 5% incidente sobre a receita bruta de espetáculos
após a realização do desportivos.
evento
a) As contribuições descontadas dos segurados empregados e
trabalhadores avulsos;
b) As contribuições descontadas do contribuinte individual (exceto
quando for cooperado e prestar serviço por intermédio de cooperativa
de trabalho);
Dia 10 do mês c) As contribuições da empresa incidentes sobre a remuneração de
seguinte ao da segurados empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual;
competência, d) As contribuições da empresa (15%) incidentes sobre o valor bruto
prorrogando-se o da nota fiscal ou fatura de serviço, relativo a serviços que lhe tenha
vencimento para o dia sido prestados por cooperados, por intermédio de cooperativas de
útil subseqüente trabalho;
quando não houver e) As retenções de 11% sobre o valor dos serviços contidos em nota
expediente bancário fiscal prestados mediante cessão de mão-de-obra ou empreitada;
no dia 10. f) As contribuições incidentes sobre a comercialização da produção
rural;
g) A contribuição de 5% incidentes sobre patrocínio, licenciamento de
uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de
espetáculos.

6. RECOLHIMENTO FORA DO PRAZO

As contribuições sociais previdenciárias, incluídas ou não em notificação fiscal de


lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas a:
a) Atualização Monetária;
b) Juros de mora; e
c) Multa

6.1. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA

É a recomposição do valor da contribuição devida à época, em valor atualizado quando


do seu recolhimento. Para a legislação previdenciária, a atualização monetária é exigida para
débitos relativos à competências até dezembro de 1994 (inclusive).
A atualização monetária foi extinta, a partir de janeiro de 1995, pela Lei 8.981/95,
porém ainda é aplicável para contribuições em atraso, desde que sejam referentes a
competências anteriores a esta data.

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6.2. JUROS DE MORA

Sobre as contribuições previdenciárias pagas após o vencimento, incidirão juros, de


caráter irrelevável, incidentes sobre o valor atualizado, equivalentes a:
a) 1% no mês de vencimento;
b) Taxa referencial do SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) nos meses
intermediários; e
c) 1% no mês de pagamento.

6.3. MULTA

As contribuições previdenciárias pagas com atraso, ficam sujeitas a multa variável, de


caráter irrelevável, nos seguintes percentuais:

SITUAÇÕES MULTA
Para pagamento após o vencimento de obrigação não incluída em Notificação Fiscal
de Lançamento de Débito (NFLD):
Dentro do mês de vencimento 8%
No mês seguinte; 14%
A partir do 2º mês seguinte ao do vencimento da obrigação. 20%
Para pagamento de obrigação incluída em Notificação Fiscal de Lançamento de
Débito (NFLD):
Até 15 dias do recebimento da notificação; 24%
Após o 15º dia do recebimento da notificação; 30%
Após apresentação de recurso desde que antecedido de impugnação, sendo ambos
tempestivos, até 15 dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da 40%
Previdência Social;
Após o 15º dia da ciência da decisão do CRPS, enquanto não inscrita em dívida
50%
ativa.
Para pagamento de crédito inscrito em dívida ativa:
Quando não tenha sido objeto de parcelamento; 60%
Se houver parcelamento; 70%
Para pagamento de créditos que já estão sendo cobrados judicialmente:
Após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha
80%
sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento;
Após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha
100%
sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento.

Observações:
a) Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas em GFIP, ou quando se tratar
de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado
documento, a multa de mora será reduzida em 50% (RPS, art. 239, § 11). É o caso, por
exemplo, dos recolhimentos dos segurados facultativos, dos contribuintes individuais sem
outros segurados prestando-lhes serviço. Nesta condição, o segurado está dispensado de
elaborar GFIP e, portanto, pagará a multa reduzida pela metade.
b) Nas hipóteses de parcelamento ou de reparcelamento, incidirá um acréscimo de 20%
sobre a multa de mora (RPS, art. 239, § 2º). Assim, por exemplo, a multa que seria de 20%
passaria a ser de 24%.
c) Não se aplicam as multas impostas e calculadas como percentual do crédito por
motivo de recolhimento fora do prazo das contribuições, nem quaisquer outras penas
pecuniárias, às massas falidas de que trata o art. 192 da Lei no 11.101/2005, e às missões
diplomáticas estrangeiras no Brasil e aos membros dessas missões quando assegurada a
isenção em tratado, convenção ou outro acordo internacional de que o Estado estrangeiro ou
organismo internacional e o Brasil sejam partes (RPS, art. 239, § 9º).

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7. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS

As obrigações acessórias são prestações positivas ou negativas no interesse da arrecadação ou


da fiscalização. Visam, entre outras funções, a subsidiar o fisco previdenciário na verificação da
regularidade fiscal da empresa.
O art. 225 do Regulamento da Previdência Social determina que, além da obrigação
principal, que diz respeito ao recolhimento das contribuições, a empresa é também obrigada a:
a) Preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os
segurados a seu serviço, devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva
folha e recibos de pagamentos;
b) Lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma
discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias
descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos;
c) Prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais,
financeiras e contábeis de interesse daquele órgão, na forma por ele estabelecida, bem como
os esclarecimentos necessários à fiscalização;
d) Informar mensalmente à Secretaria da Receita Federal do Brasil, por intermédio da
GFIP, na forma por ela estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição
previdenciária e outras informações de interesse daquele órgão;
e) Encaminhar ao sindicato representativo da categoria profissional mais numerosa
entre seus empregados, até o dia 10 de cada mês, cópia da Guia da Previdência Social (GPS)
relativamente à competência anterior; e
f) Afixar cópia da GPS, relativamente à competência anterior, durante o período de um
mês, no quadro de horário de que trata o art. 74 da CLT.3

7.1. GFIP
GFIP é a guia de recolhimento do FGTS e informações à Previdência Social. Como se
pode ver, a GFIP tem duas funções básicas: recolher o FGTS e prestar informações à
Previdência Social.
As informações da GFIP, prestadas à Previdência Social, servirão:
a) Como base de cálculo das contribuições arrecadadas pela Secretaria da Receita
Federal do Brasil;
b) Para composição da base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios
previdenciários;
c) Na hipótese de não recolhimento das contribuições declaradas, constituir-se-ão em
termo de confissão de dívida.

A entrega da GFIP será efetuada na rede bancária até o dia 7 do mês seguinte à
competência a que se refere. Não havendo expediente bancário no dia 7, o prazo de entrega é
antecipado para o dia útil imediatamente anterior.
A GFIP é exigida a partir de janeiro de 1999.

7.2. FOLHA DE PAGAMENTO


A empresa é obrigada a preparar uma folha de pagamento para cada estabelecimento
(filial), obra de construção civil e para cada tomador de serviço.

Requisitos da folha de pagamento:


a) Discriminar o nome dos segurados, indicando cargo, função ou serviço prestado;
b) Agrupar os segurados por categoria, assim entendido: segurado empregado,
trabalhador avulso, contribuinte individual;
c) Destacar o nome das seguradas em gozo de salário-maternidade;
d) Destacar as parcelas integrantes e não integrantes da remuneração e os descontos
legais; e
3
Consolidação das Leis do Trabalho:
Art. 74. O horário do trabalho constará de quadro, organizado conforme modelo expedido pelo Ministro do Trabalho e
afixado em lugar bem visível. Esse quadro será discriminativo no caso de não ser o horário único para todos os
empregados de uma mesma seção ou turma.
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e) Indicar o número de quotas de salário-família atribuídas a cada segurado empregado


ou trabalhador avulso.

7.3. CONTABILIDADE
Os lançamentos contábeis dos fatos gerados das contribuições, como também, das
próprias contribuições e os totais recolhidos, devidamente escriturados nos livros Diário e
Razão, serão exigidos pela fiscalização após 90 dias contados da ocorrência dos fatos
geradores das contribuições.

Requisitos da contabilidade:
a) Atender ao princípio contábil do regime de competência;
b) Registrar, em contas individualizadas, todos os fatos geradores de contribuições
previdenciárias de forma a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não
integrantes do salário-de-contribuição, bem como as contribuições descontadas do segurado,
as da empresa e os totais recolhidos, por estabelecimento da empresa, por obra de construção
civil e por tomador de serviços.
A empresa deverá manter à disposição da fiscalização os códigos ou abreviaturas que
identifiquem as respectivas rubricas utilizadas na escrituração contábil (plano de contas).

CAPÍTULO V
EXAME DA CONTABILIDADE

1. PRERROGATIVA DA FISCALIZAÇÃO

É prerrogativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil o exame da contabilidade da


empresa, ficando obrigados a empresa e o segurado a prestar todos os esclarecimentos e
informações solicitados (Lei nº 8.212/91, art. 33, § 1º).
A respeito deste tema, dispõe a Súmula 439 do STF: “Estão sujeitos à fiscalização
tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da
investigação”.
A empresa, o servidor de órgãos públicos da administração direta e indireta, o segurado
da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e
o liqüidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os
documentos e livros relacionados com as contribuições destinadas à Seguridade Social (Lei
8.212/91, art. 33, § 2º).

2. INSCRIÇÃO DE OFÍCIO
Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua
apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) pode, sem prejuízo
da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputarem devida, cabendo à
empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário (Lei nº 8.212/91, art. 33, § 3º).
Assim, a inscrição de ofício pode ocorrer quando houver:
a) Recusa – existem os documentos, mas não são apresentados;
b) Sonegação – não foram sequer elaborados os documentos; portanto, as
informações foram sonegadas;
c) Apresentação deficiente – considera-se deficiente o documento ou informação
apresentada que não preencha as formalidades legais, bem como aquele que contenha
informação diversa da realidade, ou, ainda, que omita informação verdadeira (RPS, art. 233,
parágrafo único).

Inversão do ônus da prova


Havendo a inscrição de ofício, pelos motivos acima citados, ocorre a inversão do ônus
probatório: o contribuinte é quem deve provar que aqueles valores lançados pela SRFB não
condizem com a realidade. Para isso, deve apresentar a documentação pertinente. A inscrição
de ofício gera, portanto, presunção iuris tantum no tocante ao débito incluído em notificação.

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3. AFERIÇÃO INDIRETA
Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a
fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos
segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as
contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário (Lei nº
8.212/91, art. 33, § 6º).
A aferição indireta pode ser feita mediante a fixação de parâmetros que a fiscalização
entender pertinentes. Cabe à empresa provar que o valor devido é menor que o aferido
indiretamente.
Na atividade de construção civil, este procedimento é bastante usado, já que a Lei nº
8.212/91, art. 33, § 4º, expressamente, autoriza a sua adoção, nos seguintes termos:
“Na falta de prova regular e formalizada, o montante dos salários pagos pela execução
de obra de construção civil pode ser obtido mediante cálculo da mão-de-obra empregada,
proporcional à área construída e ao padrão de execução da obra, cabendo ao proprietário, dono
da obra, condômino da unidade imobiliária ou empresa co-responsável o ônus da prova em
contrário.”

CAPÍTULO VI
RETENÇÃO E RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

1. RETENÇAO DE 11%
A retenção de 11% foi instituída pela Lei 9.711/98 e está em vigor desde fevereiro de 1999. É
adotada quando uma empresa (contratada) presta serviço a outra empresa (contratante)
mediante empreitada ou cessão de mão-de-obra.
Cessão de mão-de-obra: colocação a disposição do contratante, em suas
dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados
ou não com a atividade fim da empresa, independentemente da natureza e da forma de
contratação, inclusive por meio de trabalho temporário na forma da Lei 6.019/74 (RPS, art.
219, § 1º).
Empreitada: é a execução, contratualmente estabelecida, de tarefa, de obra ou de
serviço, por preço ajustado, com ou sem fornecimento de material ou uso de equipamentos,
realizada nas dependências da empresa contratante, nas de terceiros ou nas da empresa
contratada, tendo como objeto um resultado pretendido (IN 3/2005, art. 144).

1.1. PROCEDIMENTO DA RETENÇÃO

I - A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de


mão-de-obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá:
a) Reter 11% do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços
emitido pela contratada, a título de contribuição para a seguridade social;
b) Recolher a importância retida em nome da empresa contratada até o dia 10 do mês
seguinte ao da emissão da nota fiscal.

Observações:
1) O percentual de 11% será acrescido de 4%, 3% ou 2%, relativamente aos serviços
prestados pelos segurados empregados, cuja atividade permita a concessão de aposentadoria
especial, após 15, 20 ou 25 anos de contribuição, respectivamente (Lei 10.666, art. 6º).
Assim, nestes casos, os percentuais de retenção serão de 15%, 14% ou 13%,
respectivamente.
2) Na contratação de serviços em que a contratada se obriga a fornecer material ou
dispor de equipamentos, fica facultada ao contratado a discriminação, na nota fiscal, fatura ou
recibo, do valor correspondente ao material ou equipamentos, que será excluído da retenção,
desde que contratualmente previsto e devidamente comprovado (RPS, art. 219, § 7º). Neste
caso, a retenção de 11% incidirá somente sobre o valor dos serviços.
3) Quem recolhe a retenção é a contratante, mas no campo 5 da GPS (identificador)
deve ser identificado o CNPJ ou CEI da empresa contratada.

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4) A retenção se presumirá feita. A empresa contratante não pode alegar omissão para
se eximir do recolhimento.

II - A empresa contratada deverá:


a) Destacar na nota fiscal o valor da retenção para a seguridade social.
b) Elaborar folha de pagamento e GFIP distintas para cada obra ou estabelecimento das
empresas que contratarem seus serviços.
c) Compensar o valor retido pela contratante, quando do recolhimento de suas
contribuições para a seguridade social incidentes sobre a folha de pagamento dos segurados a
seu serviço.

Observações:
1) As importâncias retidas não podem ser compensadas com contribuições arrecadadas
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para outras entidades (terceiros). Somente podem
ser compensadas com contribuições previdenciárias.
2) Na impossibilidade de haver compensação integral na própria competência, o saldo
remanescente poderá ser compensado nas competências subseqüentes, inclusive na relativa à
gratificação natalina, ou ser objeto de restituição (RPS, art. 219, § 9º).
3) Para fins de recolhimento e de compensação da importância retida, será considerada
como competência aquela a que corresponder à data da emissão da nota fiscal, fatura ou
recibo (RPS, art. 219, § 10).

1.2. HIPÓTESES DE INCIDÊNCIA DA RETENÇÃO


De acordo com o § 2º do art. 219 do RPS, haverá retenção de 11% nos seguintes
serviços realizados mediante cessão de mão-de-obra:
I - limpeza, conservação e zeladoria;
II - vigilância e segurança;
III - construção civil;
IV - serviços rurais;
V - digitação e preparação de dados para processamento;
VI - acabamento, embalagem e acondicionamento de produtos;
VII - cobrança;
VIII - coleta e reciclagem de lixo e resíduos;
IX - copa e hotelaria;
X - corte e ligação de serviços públicos;
XI - distribuição;
XII - treinamento e ensino;
XIII - entrega de contas e documentos;
XIV - ligação e leitura de medidores;
XV - manutenção de instalações, de máquinas e de equipamentos;
XVI - montagem;
XVII - operação de máquinas, equipamentos e veículos;
XVIII - operação de pedágio e de terminais de transporte;
XIX - operação de transporte de passageiros, inclusive nos casos de concessão ou sub-
concessão;
XX - portaria, recepção e ascensorista;
XXI - recepção, triagem e movimentação de materiais;
XXII - promoção de vendas e eventos;
XXIII - secretaria e expediente;
XXIV - saúde; e
XXV - telefonia, inclusive telemarketing.

De acordo com o § 3º do art. 219 do RPS, haverá retenção de 11% nos seguintes
serviços quando contratados mediante empreitada de mão-de-obra.
I - limpeza, conservação e zeladoria;
II - vigilância e segurança;
III - construção civil;

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IV - serviços rurais;
V - digitação e preparação de dados para processamento;
Tanto em relação à cessão de mão-de-obra como à empreitada, a lista de serviços
sujeitos à retenção é exaustiva. Assim, os serviços não-listados não se sujeitarão à incidência
da retenção.

1.3. EMPRESA OPTANTE PELO SIMPLES

A empresa optante pelo SIMPLES, que prestar serviços mediante cessão de mão-de-
obra ou empreitada, está sujeita à retenção sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do
recibo de prestação de serviços emitido (IN 3/2005, art. 142).

1.4. COOPERATIVA DE TRABALHO

Não haverá retenção de 11% sobre o valor bruto da nota fiscal emitida por cooperativa
de trabalho. A empresa que contratar a cooperativa de trabalho é que fica obrigada a recolher
uma contribuição de 15% incidente sobre o valor bruto da nota fiscal. Neste caso, não se trata
de uma retenção, mas de uma contribuição a cargo da empresa contratante.

2. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

2.1. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O proprietário, o incorporador, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária cuja


contratação da construção, reforma ou acréscimo não envolva cessão de mão-de-
obra, são solidários com o construtor, e este e aqueles com a subempreiteira, pelo
cumprimento das obrigações para com a seguridade social, ressalvado o seu direito regressivo
contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de importância a este devida
para garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o
benefício de ordem (RPS, art. 220).
Não se considera cessão de mão-de-obra a contratação de construção civil em que
a empresa construtora assuma a responsabilidade direta e total pela obra ou repasse o
contrato integralmente (RPS, art. 220, § 1º). Esta situação é conhecida como empreitada
total.
Nos contratos de construção civil, mesmo que não envolvam cessão de mão-de-obra, é
admitida a retenção de 11%, porém, opcional. A contratante é quem decide se faz, ou não, a
retenção. Se a contratante fizer a retenção de 11%, fica elidida sua responsabilidade solidária.
Nos contratos de construção civil que envolvam cessão de mão-de-obra, a retenção de
11% é obrigatória.
Para melhor entendimento da responsabilidade solidária na construção civil, apresento
o quadro a seguir:
Contrato Retenção Solidariedade
Envolve cessão de
Sim (obrigatória) Não
mão-de-obra
Não envolve cessão de Sim Não
Opcional
mão-de-obra Não Sim

Exclui-se da responsabilidade solidária perante a Seguridade Social o adquirente de


prédio ou unidade imobiliária que realizar a operação com empresa de comercialização ou
incorporador de imóveis, ficando estes solidariamente responsáveis com o construtor (Lei
8.212/91, art. 30, VII).

2.1.1. A responsabilidade solidária na construção civil será elidida:


a) Pela comprovação, de acordo com o informado na folha de pagamento e na GFIP, do
recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados, incluída em

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nota fiscal ou fatura correspondente aos serviços executados, quando corroborada por
escrituração contábil;
b) Pela comprovação do recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração
dos segurados, aferidas indiretamente nos termos, forma e percentuais previstos pelo Instituto
Nacional do Seguro Social;
c) Pela comprovação do recolhimento da retenção de 11%, permitida, porém opcional.

2.2. EMPRESAS QUE INTEGRAM GRUPO ECONÔMICO


As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si,
solidariamente, pelas obrigações previdenciárias (Lei 8.212/91, art. 30, IX).
Caracteriza-se grupo econômico quando duas ou mais empresas estiverem sob a
direção, o controle ou a administração de uma delas, compondo grupo industrial, comercial ou
de qualquer outra atividade econômica (IN 3, art. 748).

2.3. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS E EMPRESÁRIOS


De acordo com o art. 13 da Lei nº 8.620/93, “o titular da firma individual e os sócios
das empresas por cotas de responsabilidade limitada respondem solidariamente, com seus
bens pessoais, pelos débitos junto à Seguridade Social”.
Estabelece, ainda, o parágrafo único do art. 13 da Lei 8.620/93 que “os acionistas
controladores, os administradores, os gerentes e os diretores respondem solidariamente e
subsidiariamente, com seus bens pessoais, quanto ao inadimplemento das obrigações para
com a Seguridade Social, por dolo ou culpa”.

2.4. PRODUTORES RURAIS INTEGRANTES DE CONSÓRCIO SIMPLIFICADO

De acordo com o disposto no art. 25-A da Lei 8.212/91, “equipara-se ao empregador


rural pessoa física o consórcio simplificado de produtores rurais, formado pela união de
produtores rurais pessoas físicas, que outorgar a um deles poderes para contratar, gerir e
demitir trabalhadores para prestação de serviços, exclusivamente, aos seus integrantes,
mediante documento registrado em cartório de títulos e documentos”.
Os produtores rurais integrantes do consórcio simplificado serão responsáveis solidários
em relação às obrigações previdenciárias (Lei 8.212/91, art. 25-A, § 3º).

2.5. OPERADOR PORTUÁRIO E OGMO


De acordo com o art. 2º da Lei 9.719/98:
I - cabe ao operador portuário recolher ao órgão gestor de mão-de-obra (OGMO) os
valores devidos pelos serviços executados, referentes à remuneração por navio, acrescidos dos
percentuais relativos a décimo terceiro salário, férias, FGTS, encargos fiscais e previdenciários,
no prazo de vinte e quatro horas da realização do serviço, para viabilizar o pagamento ao
trabalhador portuário avulso;
II - cabe ao OGMO efetuar o pagamento da remuneração pelos serviços executados e
das parcelas referentes a décimo terceiro salário e férias, diretamente ao trabalhador portuário
avulso. Ainda cabe ao OGMO o efetivo recolhimento da contribuição previdenciária, cujo valor
foi repassado pelo operador portuário.
O operador portuário e o OGMO são solidariamente responsáveis pelo pagamento dos
encargos trabalhistas, das contribuições previdenciárias e demais obrigações, inclusive
acessórias, devidas à Seguridade Social, vedada a invocação do benefício de ordem (Lei
9.719/98, art. 2º, § 4º).

2.6. ADMINISTRADORES PÚBLICOS

Os administradores de autarquias e fundações públicas, criadas e mantidas pelo Poder


Público, de empresas públicas e de sociedades de economia mista sujeitas ao controle da
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, que se encontrarem em mora, por
mais de 30 dias, no recolhimento das contribuições previdenciárias, tornam-se
solidariamente responsáveis pelo respectivo pagamento (Lei 8.212/91, art. 42).

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2.7. SITUAÇÕES NAS QUAIS NÃO HÁ RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA


Só há responsabilidade solidária nos casos em que existe expressa previsão legal. Assim,
faltando previsão legal, não haverá responsabilidade solidária.
São exemplos de situações onde não há responsabilidade solidária:
a) Nos casos de contratação de serviços por intermédio de cooperativa de trabalho;
b) Nos casos em que haja a previsão legal de retenção de 11% do valor bruto da nota fiscal,
fatura ou recibo de serviços prestados mediante cessão de mão-de-obra ou empreitada.

CAPÍTULO VII
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO

1. FORMAS DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO

O crédito tributário relativo às contribuições previdenciárias será constituído nas


seguintes formas (IN SRP 3/2005, art. 632):
I - por meio de lançamento por homologação expressa ou tácita, quando o sujeito
passivo antecipar o recolhimento da importância devida, nos termos da legislação aplicável;
II - por meio de confissão de dívida tributária, quando o sujeito passivo:
a) apresentar a GFIP e não efetuar o pagamento integral do valor confessado;
b) reconhecer espontaneamente a obrigação tributária;
III - de ofício, quando for constatada a falta de recolhimento de qualquer contribuição
ou outra importância devida nos termos da legislação aplicável, bem como quando houver o
descumprimento de obrigação acessória.

2. DOCUMENTOS DE CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO

São documentos de constituição do crédito tributário relativo às contribuições


previdenciárias (IN SRP 3/2005, art. 633):
I - GFIP, que é o documento declaratório da obrigação, caracterizado como
instrumento de confissão de dívida tributária;
II - Lançamento do Débito Confessado (LDC), que é o documento por meio do
qual o sujeito passivo confessa os débitos que verifica;
III - Auto de Infração (AI), que é o documento constitutivo de crédito, inclusive
relativo à multa aplicada em decorrência do descumprimento de obrigação acessória,
lavrado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB) e apurado mediante
procedimento de fiscalização; e
IV - Notificação de Lançamento, que é o documento constitutivo de crédito
expedido pelo órgão da Administração Tributária.

CAPÍTULO VIII
PARCELAMENTO

As contribuições devidas à Seguridade Social, incluídas ou não em notificação de débito,


poderão, após verificadas e confessadas, ser objeto de acordo para pagamento parcelado (Lei
8.212/91, art. 38).

1. NÚMERO DE PRESTAÇÕES
O parcelamento será concedido em até 4 prestações mensais por competência em
atraso, desde que o total não exceda o limite máximo de 60 prestações (RPS, art. 244).

2. CONTRIBUIÇÕES QUE NÃO PODEM SER OBJETO DE PARCELAMENTO


Não podem ser objeto de parcelamento:
a) Contribuições descontadas dos segurados empregado, trabalhador avulso e
empregado doméstico (Lei 8.212, art. 38, § 1º);
b) Contribuições descontadas do segurado contribuinte individual (Lei 10.666, art. 7º).
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c) Contribuições decorrentes da sub-rogação na comercialização de produtos rurais com


produtor rural pessoa física e com segurado especial (Lei 8.212, art. 38, § 1º);
d) Valores retidos por empresas contratantes de serviços mediante cessão de mão-de-
obra ou empreitada (Lei 8.212, art. 38, § 1º);
e) As demais importâncias descontadas na forma da legislação previdenciária (Lei
10.666, art. 7º); e
f) Dívidas de empresas com falência decretada (Lei 8.212/91, art. 38, § 11).

2.1. EMPRESA OU SEGURADO CONDENADO CRIMINALMENTE


A empresa ou segurado que tenha sido condenado criminalmente por sentença transitada
em julgado, por obter vantagem ilícita em prejuízo da seguridade social ou de suas entidades,
não poderá obter parcelamento de seus débitos, nos 5 anos seguintes ao trânsito em julgado
da sentença (Lei 8.212/91, art. 38, § 3º).

3. JUROS (Lei 8.212/91, art. 38, § 6º)


Sobre o valor de cada prestação mensal decorrente de parcelamento serão acrescidos,
por ocasião do pagamento:
a) juros SELIC, acumulados mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do mês da
concessão do parcelamento até o mês anterior ao do pagamento; e
b) 1% relativamente ao mês do pagamento.

4. DEFERIMENTO
O deferimento do parcelamento fica condicionado ao pagamento da primeira prestação
(Lei 8.212/91, art. 38, § 7º).
Não sendo paga a primeira parcela, proceder-se-á à inscrição da dívida confessada,
salvo se já tiver sido inscrita, na Dívida Ativa da União e à sua cobrança judicial (Lei 8.212/91,
art. 38, § 8º).

5. RESCISÃO

Nos termos do § 8º do art. 244 do RPS, o acordo de parcelamento será imediatamente


rescindido, inscrevendo-se o crédito em dívida ativa, salvo se já tiver sido inscrito,
procedendo-se a sua cobrança judicial, caso ocorra uma das seguintes situações:
a) falta de pagamento de qualquer parcela nos termos acordados;
b) perecimento, deterioração ou depreciação da garantia oferecida para obtenção da
Certidão Negativa de Débito (CND), se o devedor, avisado, não a substituir ou reforçar,
conforme o caso, no prazo de trinta dias contados do recebimento do aviso; ou
c) descumprimento de qualquer outra cláusula do acordo de parcelamento.

6. REPARCELAMENTO

Será admitido o reparcelamento por uma única vez (Lei 8.212/91, art. 38, § 5º).

7. PARCELAMENTO DE DÉBITO INSCRITO EM DÍVIDA ATIVA

As dívidas inscritas, ajuizadas ou não, poderão ser objeto de parcelamento, no qual se


incluirão, no caso das ajuizadas, honorários advocatícios, desde que previamente quitadas as
custas judiciais (RPS, art. 244, § 10).

8. PARCELAMENTO CELEBRADO COM ESTADOS, DISTRITO FEDERAL OU MUNICÍPIOS


O acordo celebrado com o Estado, o Distrito Federal ou o Município conterá cláusula em
que estes autorizem a retenção do Fundo de Participação dos Estados (FPE) ou do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM) e o repasse à Previdência Social do valor correspondente a
cada prestação mensal, por ocasião do vencimento desta (RPS, art. 244, § 12).

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CAPÍTULO IX
DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO

1. DECADÊNCIA EM RELAÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

O direito da Seguridade Social constituir seus créditos extingue-se após 5 anos,


contados:
I – da data da ocorrência do fato gerador (CTN, art. 150, § 4º);
II - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado (CTN, art. 173, I);
III - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício
formal, o lançamento anterior (CTN, art. 173, II);
IV – da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela
notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento
(CTN, art 173, parágrafo único)

2. PRESCRIÇÃO EM RELAÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

CTN, art. 174 – A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 anos, contados
da data da sua constituição definitiva.

Observações:
• O crédito está definitivamente constituído quando não possa mais ser modificado na via
administrativa.
• O curso da decadência termina no momento da lavratura do AI; o início do prazo de
prescrição só se inicia depois de concluído o contencioso administrativo fiscal referente
a este AI. Assim, no intervalo entre a lavratura do AI e a decisão final administrativa
não se tem nem decadência nem prescrição.

3. REVISÃO DE BENEFÍCIO
É de 10 anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou
beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês
seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar
conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo (Lei 8.213/91, art.
103).

4. PRESTAÇÕES DEVIDAS PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL


Prescreve em 5 anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e
qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas
pela previdência social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código
Civil (Lei 8.213/91, art. 103, parágrafo único).

CAPÍTULO X
COMPENSAÇÃO, RESTITUIÇÃO E REEMBOLSO

Caso haja pagamento de valores indevidos à Previdência Social, é facultado ao sujeito


passivo optar pela compensação ou pela formalização do pedido de restituição (RPS, art. 251,
§ 3º).

1. COMPENSAÇÃO
Compensação é o procedimento facultativo pelo qual o sujeito passivo se ressarce de
valores pagos indevidamente, deduzindo-os das contribuições devidas à Previdência Social.
A compensação independe de requerimento, podendo ser efetuada diretamente pelo
sujeito passivo, ficando sujeita a posterior conferência pela fiscalização previdenciária.
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A compensação somente poderá ser efetuada com parcelas de contribuição da mesma


espécie (RPS, art. 251, § 2º). Assim, a compensação deverá ser realizada com contribuições
sociais arrecadadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para a Previdência Social
(contribuições previdenciárias), sendo excluídas as destinadas para outras entidades ou
fundos.

1.1. LIMITE MÁXIMO PARA COMPENSAÇÃO


Em regra, a compensação não poderá ser superior a 30% do valor a ser recolhido à
Previdência Social em cada competência (Lei 8.212/91, art. 89, § 3º). O percentual de 30%
será calculado antes da dedução do valor relativo ao salário-família, ao salário-maternidade e
antes da compensação dos valores retidos, na competência, pelos contratantes de serviços
com cessão de mão-de-obra ou por empreitada (IN 3/2005, art. 194, III). O saldo
remanescente em favor do sujeito passivo poderá ser compensado nas competências
subseqüentes.
Todavia, não estão sujeitas ao limite de 30% as compensações relativas a:
a) Salário-família e/ou salário-maternidade pagos pela empresa e não deduzidos em
época própria (IN 3/2005, art. 212, § 2º);
b) Retenção de 11% sobre nota fiscal/fatura de serviços prestados mediante cessão de
mão-de-obra ou empreitada, seja referente a competências anteriores, seja referente à própria
competência da emissão da nota fiscal (IN 3/2005, art. 204, § 1º).

2. RESTITUIÇÃO
Restituição é o procedimento administrativo mediante o qual o sujeito passivo é
ressarcido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, de valores recolhidos indevidamente à
Previdência Social ou a outras entidades ou fundos.
Caso o sujeito passivo recolha indevidamente um valor a título de contribuição
previdenciária ou contribuição para outras entidades (SESC, SENAC, SEBRAE etc.), cabe o
pleito de restituição do montante correspondente ao pagamento indevido. O valor a ser
restituído pode corresponder ou não ao total do valor pago, pois muitas vezes apenas uma
parte era indevida.
Cabe ao sujeito passivo credor requerer sua restituição junto à Secretaria da Receita
Federal do Brasil. Este órgão é responsável pela análise e despacho conclusivo a respeito do
pedido de restituição.
Verificada a existência de débito em nome do sujeito passivo, o valor da restituição será
utilizado para extingui-lo, total ou parcialmente, mediante compensação (Lei 8.212/91, art.
89, § 8º, acrescido pela Lei 11.196, de 21/11/2005).
A restituição de contribuição ou de outra importância recolhida indevidamente, que
comporte, por sua natureza, a transferência de encargo financeiro, somente será feita àquele
que provar ter assumido esse encargo ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este
expressamente autorizado a recebê-la (RPS, art. 248).
A restituição de contribuição indevidamente descontada do segurado somente poderá
ser feita ao próprio segurado, ou ao seu procurador, salvo se comprovado que o responsável
pelo recolhimento já lhe fez a devolução (RPS, art. 249, parágrafo único).

2.1. RESTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PARA TECEIROS (SESC, SESI, SENAI, SENAC,


SEBRAE, etc.)

No caso de restituição de contribuições para terceiros, vinculada à restituição de


contribuições previdenciárias, será o pedido recebido e decidido pela Secretaria da Receita
Federal do Brasil, que providenciará a restituição, descontando-a obrigatoriamente do valor do
repasse financeiro seguinte ao da restituição, comunicando o fato à respectiva entidade (RPS,
art. 250, § 1º).
O pedido de restituição de contribuições que envolver somente importâncias relativas a
terceiros será formulado diretamente à entidade respectiva e por esta decidido, cabendo à
Secretaria da Receita Federal do Brasil prestar as informações e realizar as diligências
solicitadas (RPS, art. 250, § 1º).

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3. REGRAS APLICADAS À COMPESAÇÃO E À RESTITUIÇÃO


Admitir-se-á apenas a restituição ou a compensação de contribuição a cargo da
empresa, destinada à previdência social, que, por sua natureza, não tenha sido transferida ao
custo de bem ou serviço oferecido à sociedade (Lei 8.212/91, art. 89, § 1º).
Somente é permitida a compensação ou a restituição de valores que não tenham sido
alcançados pela prescrição (que será estudada em capítulo próprio).

3.1. ATUALIZAÇÃO E ACRÉSCIMOS LEGAIS


Na hipótese de pagamento ou recolhimento indevido, a contribuição será atualizada
monetariamente, nos períodos em que a legislação assim determinar (competências até
12/94), a contar da data do pagamento ou recolhimento até a da efetiva restituição ou
compensação, utilizando-se os mesmos critérios aplicáveis à cobrança da própria contribuição
em atraso, na forma da legislação de regência (RPS, art. 247, § 1º).
A partir de 01/01/96, a compensação ou restituição é acrescida de juros equivalentes à
taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC), acumulada
mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês
anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver
sendo efetuada (RPS, art. 247, § 2º).

4. REEMBOLSO
Reembolso é o procedimento pelo qual a Secretaria da Receita Federal do Brasil
ressarce a empresa ou o equiparado de valores de cotas de salário-família e salário-
maternidade pagos a segurados a seu serviço.
O reembolso poderá ser efetuado mediante dedução no ato do recolhimento das
contribuições devidas à Previdência Social, correspondentes ao mês de pagamento do benefício
ao segurado.
Quando o valor a deduzir for superior às contribuições previdenciárias devidas para o
mês do pagamento do benefício ao segurado, o sujeito passivo poderá deduzir o saldo a seu
favor no recolhimento das contribuições dos meses subseqüentes, ou poderá requerer o seu
reembolso à Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Caso o sujeito passivo não efetue a dedução na época própria, essas importâncias
poderão ser compensadas, ou serem objeto de requerimento de restituição. Optando pela
compensação, esta não fica sujeita ao limite de 30% do valor a ser recolhido à Previdência
Social.
O valor das cotas de salário-família ou das parcelas de salário-maternidade só poderá
ser deduzido das contribuições devidas à Previdência Social, sendo vedada a dedução das
contribuições arrecadadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para outras entidades
ou fundos.

CAPÍTULO XI
ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES: REQUISITOS MANUTENÇÃO E PERDA

O § 7º do art. 195 da Constituição Federal estabelece que "são isentas de contribuição


para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei".

1. REQUISITOS NECESSÁRIOS
As exigências às quais o dispositivo constitucional acima citado faz referência estão
previstas na Lei 8.212/91.
De acordo com o art. 55 da Lei 8.212/91, fica isenta das contribuições para a
seguridade social a entidade beneficente de assistência social que atenda, cumulativamente,
aos seguintes requisitos:
a) Seja reconhecida como de utilidade pública federal;
b) Seja reconhecida como de utilidade pública pelo respectivo Estado, Distrito Federal
ou Município onde se encontre a sua sede;

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c) Seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência


Social fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos;
d) Promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a
pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência;4
e) Não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores, benfeitores, ou
equivalentes, remuneração, vantagens ou benefícios, por qualquer forma ou título, em razão
das competências, funções ou atividades que lhes são atribuídas pelo respectivo estatuto
social.
f) Aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e
desenvolvimento de seus objetivos institucionais, apresentando, anualmente, relatório
circunstanciado de suas atividades à Secretaria da Receita Federal do Brasil;
g) Esteja em situação regular em relação às contribuições sociais (§ 6º do art. 55 da Lei
8.212/91, incluído pela Medida Provisória 2.127-13, de 24/08/2001).

2. CONTRIBUIÇÕES ISENTAS
Ou seja, a isenção atinge todas as contribuições para a seguridade social a cargo da
pessoa jurídica, mas não abrange as contribuições descontadas dos segurados empregados,
trabalhadores avulsos e contribuintes individuais.

CAPÍTULO XII
PROVA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO

O documento comprobatório de regularidade do contribuinte na Previdência Social é a


Certidão Negativa de Débito – CND (RPS, art. 257, § 7º).
Todavia, de acordo com o art. 206 do CTN, caso haja créditos não vencidos, ou créditos
em curso de cobrança executiva para os quais tenha sido efetivada a penhora regular e
suficiente à sua cobertura, ou créditos cuja exigibilidade esteja suspensa, será expedida
Certidão Positiva de Débito com Efeitos de Negativa (CPD-EN). Nestes casos, a CPD-EN terá os
mesmos efeitos da CND.
A CND e a CPD-EN serão fornecidas independentemente do pagamento de qualquer
taxa.
A CND não isenta o contribuinte da responsabilidade por dívidas posteriormente
apuradas pela fiscalização.

1. COMPETÊNCIA PARA A EMISSÃO

O documento comprobatório de inexistência de débito será fornecido pelos órgãos locais


competentes da Secretaria da Receita Federal do Brasil (Lei nº 11.457/2007, art. 2º).

2. EXIGÊNCIA DA CND OU DA CPD-EN

A autoridade responsável por órgão do poder público, por órgão de registro público ou
por instituição financeira em geral, no âmbito de suas atividades, exigirá, obrigatoriamente, a
apresentação de CND ou CPD-EN, fornecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, nas
seguintes hipóteses:

2.1. DA EMPRESA

Nos termos do inciso I do art. 257 do RPS (e do art. 47, I, da Lei 8.212/91), a CND (ou
a CPD-EN) será exigida da empresa, nas seguintes situações:
a) na licitação, na contratação com o poder público e no recebimento de benefícios ou
incentivo fiscal ou creditício concedidos por ele;
b) na alienação ou oneração, a qualquer título, de bem imóvel ou direito a ele relativo;

4 Esta exigência está suspensa pela Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.028.


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c) na alienação ou oneração, a qualquer título, de bem móvel de valor superior ao


estabelecido periodicamente mediante Portaria do MPS, incorporado ao ativo permanente da
empresa;5 e
d) no registro ou arquivamento, no órgão próprio, de ato relativo a baixa ou redução de
capital de firma individual, redução de capital social, cisão total ou parcial, transformação ou
extinção de entidade ou sociedade comercial ou civil e transferência de controle de cotas de
sociedades de responsabilidade limitada.
Não é exigível da microempresa e empresa de pequeno porte o documento
comprobatório de inexistência de débito, quando do arquivamento de seus atos constitutivos
nas juntas comerciais, inclusive de suas alterações, salvo no caso de extinção de firma
individual ou sociedade (RPS, art. 257, § 14).

2.2. DO PROPRIETÁRIO DE OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL

A CND (ou a CPD-EN) será exigida do proprietário, pessoa física ou jurídica, de obra de
construção civil, quando de sua averbação da obra no Registro de Imóveis (Lei 8.212/91, art.
47, II).
Nesta hipótese, a CND é específica da obra, tendo inclusive indicação de finalidade, já
que não leva em consideração os débitos dos demais estabelecimentos da empresa.
Quando a construção for residencial e unifamiliar, com área total não superior a 70
metros quadrados, destinada a uso próprio, do tipo econômico e tiver sido executada sem a
utilização de mão-de-obra assalariada, não será exigida a CND (nem CPD-EN), pois, neste
caso, nenhuma contribuição é devida à seguridade social (RPS, art. 278).
Quando a obra de construção civil for de responsabilidade de incorporador, a CND ou a
CPD-EN da obra independe da apresentada no Registro de Imóveis por ocasião da inscrição do
memorial de incorporação (Lei 8.212/91, art. 47, § 2º).

2.3. DO INCORPORADOR

A CND (ou a CPD-EN) será exigida do incorporador, na ocasião da inscrição de


memorial de incorporação no Registro de Imóveis (RPS, art. 257, III).

2.4. DO PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA E DO SEGURADO ESPECIAL

A CND (ou a CPD-EN) será exigida do produtor rural pessoa física e do segurado
especial quando da constituição de garantia para concessão de crédito rural e qualquer de
suas modalidades, por instituição de créditos pública ou privada, desde que comercializem a
sua produção com o adquirente domiciliado no exterior ou diretamente no varejo a consumidor
pessoa física, a outro produtor rural pessoa física ou a outro segurado especial (RPS, art. 257,
IV).

2.5. NA CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO COM INSTITUIÇÕES


FINANCEIRAS

Nos termos do art. 257, V, do RPS, a CND ou a CPD-EN será exigida na contratação,
com instituições financeiras, de operações de crédito que envolvam:
a) recursos públicos, inclusive os provenientes de fundos constitucionais e de incentivo
ao desenvolvimento regional (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte, Fundo
Constitucional de Financiamento do Nordeste, Fundo Constitucional de Financiamento do
Centro Oeste, Fundo de Desenvolvimento da Amazônia e Fundo de Desenvolvimento do
Nordeste);
b) recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); ou
c) recursos captados através de Caderneta de Poupança.

5 A partir de 1º/08/2006, esse valor é de R$ 28.923,32 (Portaria MPS 342, de 16/08/2006).


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3. PRAZO DE VALIDADE
O prazo de validade da Certidão Negativa de Débito – CND (e da CPD-EN) é de 60 dias,
contados da sua emissão, podendo ser ampliado por regulamento para até 180 dias (Lei
8.212/91, art. 47, § 5º).
Atualmente, de acordo com o § 7º do art. 257 do Regulamento da Previdência Social, o
documento comprobatório de inexistência de débito, quanto às contribuições sociais
previdenciárias e às contribuições devidas, por lei, a terceiros, tem o prazo de validade de até
180 dias, contado da data de sua emissão.

4. VERIFICAÇÃO DA AUTENTICIDADE
A prova de inexistência de débito perante a previdência social será fornecida por
certidão emitida por meio de sistema eletrônico, ficando a sua aceitação condicionada à
verificação de sua autenticidade pela Internet, em endereço específico, ou junto à previdência
social.
Fica dispensada a guarda do documento comprobatório de inexistência de débito, cuja
autenticidade tenha sido comprovada pela Internet.

5. POSSIBILIDADES DE EMISSÃO DA CND E DA CPD-EN

5.1. A CND somente será expedida nas seguintes situações:


I - Todas as contribuições devidas, os valores decorrentes de atualização monetária,
juros moratórios e multas tenham sido recolhidos; ou
II - O débito seja pago.

5.2. A CPD-EN será expedida quando houver débito em nome do sujeito passivo:
I - no âmbito do processo administrativo-fiscal:
a) e for solicitada dentro do prazo regulamentar de defesa, ou, findo este prazo, se o
débito estiver pendente de decisão administrativa em face de apresentação de defesa
tempestiva;
b) e for solicitada dentro do prazo regulamentar para apresentação de recurso ou se o
débito estiver pendente de julgamento por interposição de recurso tempestivo contra decisão
proferida em decorrência de defesa;
II - garantido por depósito integral no valor do débito atualizado, em moeda corrente;
III - em relação ao qual tenha sido efetivada a penhora suficiente garantidora do débito
em curso de execução fiscal;
IV - regularmente parcelado, desde que o sujeito passivo esteja adimplente com o
pagamento das parcelas;
V - com exigibilidade suspensa por determinação judicial;
VI - ajuizado e com embargos opostos, quando o sujeito passivo for órgão da
administração direta da União, dos estados, do Distrito Federal, dos municípios ou for
autarquia ou fundação de direito público dessas entidades estatais.

5.3. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE GFIP


A falta da declaração mensal de informações, por intermédio da GFIP, impede a emissão
da CND e da CPD-EN, mesmo que tenham sido cumpridas as demais exigências (Lei 8.212/91,
art. 32, § 10).

6. ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS


A inexistência de débito em relação às contribuições previdenciárias é condição
necessária para que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possam:
a) Receber as transferências dos recursos do Fundo de Participação dos Estados e do
Distrito Federal (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM);
b) Celebrar acordo, contrato, convênio ou ajuste com órgão ou entidade da
administração direta e indireta da União;
c) Receber empréstimo, financiamento, aval ou subvenção em geral de órgão ou
entidade da administração direta e indireta da União.

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CAPÍTULO XIII
CRIMES CONTRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL

1. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

CP - Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos


contribuintes, no prazo e na forma legal ou convencional.
Pena - reclusão de 2 a 5 anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social
que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurado, a terceiros ou arrecadada do
público;
II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas
contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido
reembolsados à empresa pela previdência;
§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o
pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a multa, se o agente for
primário e de bons antecedentes, desde que:
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento
da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais.

2. SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA

CP - Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório,


mediante as seguintes condutas:
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela
legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador
autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou
creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias.
Pena – reclusão de 2 a 5 anos, e multa.
§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as
contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na
forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for
primário e de bons antecedentes, desde que:
I – VETADO.
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais.
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa
R$ 1.510,00, o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de
multa.
§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos
mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social.

Observação: Atualmente, o valor previsto no § 3º é de R$2.682,94.6


6 Valor atualizado, a partir de 1º/03//2008, pela Portaria MPS/MF nº 77, de 11/03/2008.
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3. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO

CP - Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento


público verdadeiro.
Pena – reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-
se a pena de sexta parte.
§ 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade
comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova
perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva
produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido
escrita;
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações
da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter
constado.
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos acima mencionados nome do
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de
prestação de serviços.

CAPÍTULO XIV
DÍVIDA ATIVA: INSCRIÇÃO E EXECUÇÃO JUDICIAL

Considera-se Dívida Ativa o crédito proveniente de fato jurídico gerador das obrigações
legais ou contratuais, desde que inscrito no livro próprio, em conformidade com os dispositivos
da Lei de Execução Fiscal (Lei nº 6.830/80).

1. INSCRIÇÃO

Para que o crédito previdenciário possa ser inscrito em dívida ativa é necessário que já
esteja definitivamente constituído.
A inscrição do crédito na dívida ativa é medida preliminar necessária para que a
entidade tributante possa cobrá-lo judicialmente.
O débito original e seus acréscimos legais, bem como outras multas previstas em lei,
constituem dívida ativa da União, promovendo-se a inscrição em livro próprio daquela
resultante das contribuições previdenciárias (caput do art. 39 da Lei nº 8.212/91 c/c art. 16 da
Lei nº 11.457/2007).
Serão inscritas como dívida ativa da União as contribuições que não tenham sido
recolhidas ou parceladas resultantes das informações prestadas na GFIP (Lei nº 8.212/91, art.
39, § 3º).

2. PRERROGATIVAS DO CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO

O crédito previdenciário está sujeito, nos processos de falência, concordata ou concurso


de credores, às disposições atinentes aos créditos da União, aos quais é equiparado.

3. INDICAÇÃO DE BENS À PENHORA

Penhora é o ato judicial pelo qual são apreendidos bens do devedor, com a finalidade de
garantir a satisfação do direito do credor.
Na execução judicial da Dívida Ativa da União, suas autarquias e fundações públicas,
será facultado ao exeqüente indicar bens à penhora, a qual será efetivada concomitantemente
com a citação inicial do devedor. Os bens penhorados ficam desde logo indisponíveis.

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Efetuado o pagamento integral da dívida executada, com seus acréscimos legais, no


prazo de dois dias úteis contados da citação, independentemente da juntada aos autos do
respectivo mandado, poderá ser liberada a penhora, desde que não haja outra execução
pendente.

4. LEILÃO JUDICIAL DE BENS PENHORADOS

Nas execuções fiscais da Dívida Ativa, o leilão judicial dos bens penhorados realizar-se-á
por leiloeiro oficial, indicado pelo credor, que procederá à hasta pública:
I - no primeiro leilão, pelo valor do maior lance, que não poderá ser inferior ao da
avaliação; ou
II - no segundo leilão, por qualquer valor, excetuado o vil.

Hasta Pública: praça, leilão, venda judicial de bens penhorados.

5. PARCELAMENTO DO VALOR DA ARREMATAÇÃO

Arrematação é ato do processo de execução pelo qual os bens do devedor são alienados
em praça pública ou leilão, por uma importância certa.
Poderá o juiz, a requerimento do credor, autorizar que seja parcelado o pagamento do
valor da arrematação, na forma prevista para os parcelamentos administrativos de débitos
previdenciários.
Todas as condições do parcelamento deverão constar do edital de leilão.
O débito do executado será quitado na proporção do valor de arrematação.
O arrematante deverá depositar, no ato, o valor da primeira parcela.
Realizado o depósito, será expedida carta de arrematação, contendo as seguintes
disposições:
a) Valor da arrematação, valor e número de parcelas mensais em que será pago;
b) Constituição de hipoteca do bem adquirido, ou de penhor, em favor do credor,
servindo a carta de título hábil para registro da garantia;
c) Indicação do arrematante como fiel depositário do bem móvel, quando constituído
penhor; e
d) Especificação dos critérios de reajustamento do saldo e das parcelas, que será
sempre o mesmo vigente para os parcelamentos de créditos previdenciários.

Se o arrematante não pagar no vencimento qualquer das parcelas mensais, o saldo


devedor remanescente vencerá antecipadamente e será acrescido em 50% de seu valor a título
de multa, devendo, de imediato, ser inscrito em Dívida Ativa e executado.

6. ADJUDICAÇÃO DO BEM PENHORADO


Adjudicação é ato judicial que estabelece e declara que a propriedade de um bem
penhorado é transferida de seu primitivo dono para o credor que assume sobre tal bem todos
os direitos de domínio e posse.
Se no primeiro ou no segundo leilões não houver licitante, a União poderá adjudicar o
bem por 50% do valor da avaliação.
A União poderá contratar leiloeiros oficiais para promover a venda administrativa dos
bens, adjudicados judicialmente ou que receber em dação de pagamento.
A União, no prazo de sessenta dias, providenciará alienação do bem por intermédio do
leiloeiro oficial.
Se o bem adjudicado não puder ser utilizado pela Previdência Social e for de difícil
venda, poderá ser negociado ou doado a outro órgão ou entidade pública que demonstre
interesse na sua utilização.
Não havendo interesse na adjudicação, poderá o juiz do feito, de ofício ou a
requerimento do credor, determinar sucessivas repetições da hasta pública.
O leiloeiro oficial, a pedido do credor, poderá ficar como fiel depositário dos bens
penhorados e realizar a respectiva remoção.

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CAPÍTULO XV
PRESTAÇÕES DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

O RGPS compreende as seguintes prestações, expressas em benefícios e serviços:

 Aposentadoria por invalidez

 Aposentadoria por idade

Aposentadoria por tempo de



contribuição

Quanto ao  Aposentadoria especial



segurado
 Auxílio-doença
 Benefícios
 Auxílio-acidente
Prestações
do RGPS
 Salário-família

 Salário-maternidade

Quanto ao  Pensão por morte


 dependent
e  Auxílio-reclusão

Quanto ao  Reabilitação profissional


segurado e
 Serviços 
dependent
 Serviço social
e

Observações:
• Prestação é o gênero; benefício e serviço são as espécies.
• Benefícios são prestações pecuniárias, ou seja, são pagas em dinheiro.
• Serviços são bens imateriais postos à disposição dos beneficiários.
• Os benefícios de pensão por morte e auxílio-reclusão são direitos dos dependentes do
segurado. Os demais benefícios são direitos do segurado.
• A reabilitação profissional e o serviço social são serviços prestados tanto ao segurado como
aos seus dependentes.

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Distribuição dos benefícios e serviços, segundo a categoria dos beneficiários:

Segurado
Empregado Contribuinte
PRESTAÇÃO e individual, Dependente
Especial
Trabalhador Doméstico e
Avulso Facultativo.
Benefícios
Aposentadoria por
Sim Sim Sim Não
invalidez
Aposentadoria por idade Sim Sim Sim Não
Aposentadoria por tempo
Sim Sim (Obs. 1) Obs. 2 Não
de contribuição
Aposentadoria Especial Sim Não (Obs. 3) Não Não
Auxílio-doença Sim Sim Sim Não
Auxílio-acidente Sim Não Sim Não
Salário-família Sim Não Não Não
Salário-maternidade Sim Sim Sim Não
Pensão por morte Não Não Não Sim
Auxílio-reclusão Não Não Não Sim
Serviços
Reabilitação profissional Sim Sim Sim Sim
Serviço Social Sim Sim Sim Sim
Observações:
1) O segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta própria, sem relação de
trabalho com empresa ou equiparado, e o segurado facultativo que contribuam com a alíquota
de 11% sobre um salário mínimo, não farão jus à aposentadoria por tempo de contribuição
(Lei nº 8.213/91, art. 18, § 3º).
2) O segurado especial somente terá direito à aposentadoria por tempo de contribuição
se contribuir, facultativamente, com alíquota de 20% sobre o salário-de-contribuição.
3) A pessoa física filiada à cooperativa de trabalho ou de produção, mesmo sendo
considerado contribuinte individual, faz jus ao benefício da aposentadoria especial.

1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS

Antes de adentrarmos no estudo de cada uma das prestações do RGPS, é necessário


que conheçamos alguns conceitos introdutórios.

1.1. CARÊNCIA

Nos termos do art. 24 da Lei 8.213/91, “período de carência é o número mínimo de


contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício,
consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências”.

1.1.1. CONTAGEM DO PERÍODO DE CARÊNCIA

SEGURADO DATA DE INÍCIO DA CONTAGEM DA CARÊNCIA


Empregado e trabalhador avulso. Data de filiação ao RGPS
Empregado doméstico, contribuinte Data do efetivo recolhimento da primeira
individual e facultativo, inclusive o contribuição sem atraso, não sendo consideradas
segurado especial que contribui, para efeito de carência as contribuições recolhidas
facultativamente, com 20% sobre o com atraso referentes a competências anteriores a
salário-de-contribuição. essa data.
Segurado especial que não contribui,
A partir do efetivo exercício da atividade rural,
facultativamente, com 20% sobre o
devidamente comprovada.
salário-de-contribuição.

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1.1.2. REGRA DE TRANSIÇÃO


No caso das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial, a
carência será de 180 contribuições mensais para os segurados inscritos depois da vigência da
Lei 8.213, de 24/07/91. Todavia, para os segurados inscritos na Previdência Social Urbana até
24/07/91, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais antes amparados pela
Previdência Social Rural, observa-se a regra de transição prevista no art. 142 da Lei
8.213/91. A regra de transição levará em conta o ano em que o segurado implementar todas
as condições necessárias à obtenção do benefício, de acordo com a seguinte tabela:

Carência das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial


para os segurados inscritos até 24/7/91:
Ano de implementação das condições Meses de contribuição exigidos
1991 60 meses
1992 60 meses
1993 66 meses
1994 72 meses
1995 78 meses
1996 90 meses
1997 96 meses
1998 102 meses
1999 108 meses
2000 114 meses
2001 120 meses
2002 126 meses
2003 132 meses
2004 138 meses
2005 144 meses
2006 150 meses
2007 156 meses
2008 162 meses
2009 168 meses
2010 174 meses
2011 180 meses

1.2. SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO (SB)


Salário-de-benefício é o valor básico utilizado para cálculo da renda mensal inicial dos
benefícios, exceto o salário-família, a pensão por morte, o salário-maternidade e auxílio-
reclusão.
Em outras palavras, o salário-de-benefício é a base de cálculo das aposentadorias, do
auxílio-doença e do auxílio-acidente.

1.2.1. CÁLCULO DO SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO


BENEFÍCIO SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO (SB)
Média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição
Aposentadoria por idade e correspondentes a 80% de todo o período contributivo,
aposentadoria por tempo multiplicada pelo fator previdenciário.
de contribuição. O fator previdenciário é obrigatório na aposentadoria por tempo
de contribuição e facultativo na aposentadoria por idade.
Aposentadoria por
invalidez, aposentadoria Média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição
especial, auxílio-doença e correspondentes a 80% de todo o período contributivo.
auxílio-acidente.

Observação: Para o segurado filiado à Previdência Social até 28/11/99, véspera da


publicação da Lei 9.876/99, só serão considerados para o cálculo do SB os salários-de-
contribuição referentes às competências de julho de 1994 em diante.
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Salário-de-contribuição é a base de cálculo da contribuição previdenciária do


segurado, sobre a qual incidirá a alíquota estabelecida em lei para determinar o valor de sua
contribuição mensal.
Todos os salários-de-contribuição utilizados no cálculo do salário-de-benefício serão
reajustados, mês a mês, de acordo com a variação integral do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC), referente ao período decorrido a partir da primeira competência do
salário-de-contribuição que compõe o período básico de cálculo até o mês anterior ao do início
do benefício, de modo a preservar os seus valores reais (RPS, art. 33).
Nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o
segurado com menos de 144 contribuições mensais no período contributivo, o salário-de-
benefício corresponderá à soma dos salários-de-contribuição dividido pelo número de
contribuições apurado. Nesses casos, o salário-de-benefício será a média aritmética de todos
os salários-de-contribuição.
O valor do salário-de-benefício não será inferior ao de um salário mínimo, nem superior
ao limite máximo do salário-de-contribuição na data de início do benefício.
Para fins de apuração do salário-de-benefício de qualquer aposentadoria precedida de
auxílio-acidente, o valor mensal deste será somado ao salário-de-contribuição antes da
aplicação da correção, não podendo o total apurado ser superior ao limite máximo do salário-
de-contribuição. No caso de segurado especial que não contribui, facultativamente, com 20%
sobre o salário-de-contribuição, o valor da aposentadoria será: um salário mínimo somado ao
valor do auxílio-acidente vigente na data de início da referida aposentadoria.

1.2.2. FATOR PREVIDENCIÁRIO


O fator previdenciário será calculado considerando-se a idade, a expectativa de
sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar, mediante a fórmula:

onde:
f = fator previdenciário;
Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;
Tc = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria;
Id = idade no momento da aposentadoria; e
a = alíquota de contribuição correspondente a 0,31.
A expectativa de sobrevida do segurado na idade da aposentadoria será obtida a partir
da tábua completa de mortalidade construída pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), para toda a população brasileira, considerando-se a média nacional única
para ambos os sexos.
Para efeito de cálculo do fator previdenciário, ao tempo de contribuição do segurado
serão adicionados:
I - cinco anos, quando se tratar de mulher; ou
II - cinco ou dez anos, quando se tratar, respectivamente, de professor ou professora,
que comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio.

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2. BENEFÍCIOS DO RGPS

Aposentadoria por Invalidez


Incapacidade permanente e total para o trabalho e insuscetível de
Fato gerador reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a
subsistência.
Beneficiários Todos os segurados.
Em regra, 12 contribuições mensais. Todavia, quando a invalidez
Carência for decorrente de acidente ou de alguma doença especificada em
lista do MPS, não será exigida a carência.
I – Não-precedida de auxílio-doença – 100% do SB.
II - Precedia de auxílio-doença – 100% do SB que serviu de
base para o cálculo da renda mensal inicial do auxílio-doença,
Renda reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios em
mensal geral.
inicial Será acrescido de 25%, se o segurado necessitar da assistência
permanente de outra pessoa. Nesse caso, poderá ultrapassar o
limite máximo do salário-de-contribuição.

I - Precedida de auxílio-doença – dia imediato ao da cessação


do auxílio-doença.
II – Não-precedida de auxílio-doença:
a) Para o segurado empregado: a contar do 16º dia do
Data do
afastamento da atividade ou a partir da data da entrada do
início do
requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento
benefício
decorrerem mais de 30 dias; e
b) Para os demais segurados: a contar da data do início da
incapacidade ou da data da entrada do requerimento, se entre
essas datas decorrerem mais de 30 dias.
Retorno voluntário à atividade;
Cessação do Recuperação da capacidade laborativa;
benefício Transformação em aposentadoria por idade; e
Morte do segurado.

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Aposentadoria por Idade


Idade de 65 anos, se homem, ou 60, se mulher.
A idade será reduzida para 60 anos, se homem, ou 55, se mulher,
Fato gerador
para o trabalhador rural, bem como para o garimpeiro que trabalha
em regime de economia familiar.
Beneficiários Todos os segurados.
Em regra, 180 contribuições mensais. Para os segurados inscritos até
Carência 24/07/91, observa-se a regra de transição prevista no art. 142 da Lei
8.213/91.
Renda 70% do SB + 1% do SB para cada grupo de 12 contribuições
mensal mensais, não podendo superar 100% do SB.
I – Para os segurados empregado e empregado doméstico:
a) A partir da data do desligamento do emprego, quando requerido
no prazo de 90 dias, contados da data do desligamento; ou
Início do
b) A partir da data do requerimento, quando não houver
benefício
desligamento do emprego ou quando for requerida depois de 90
dias, contados da data do desligamento;
II - para os demais segurados, da data da entrada do requerimento.
Cessação do
Somente com a morte do segurado.
benefício

Aposentadoria por Tempo de Contribuição


Homem: 35 anos de contribuição
Mulher: 30 anos de contribuição
Fato gerador Há redução de 5 anos para o professor ou a professora que comprove,
exclusivamente, tempo de efetivo exercício em função de magistério
na educação infantil, no ensino fundamental ou no ensino médio.
Todos os segurados, exceto:
1) O segurado especial que não contribua, facultativamente, com de
20% sobre o salário-de-contribuição.
Beneficiários 2) O segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta própria,
sem relação de trabalho com empresa ou equiparado, e o segurado
facultativo que contribuam com a alíquota de 11% sobre um salário
mínimo.
Em regra, 180 contribuições mensais. Para os segurados inscritos até
Carência 24/07/91, observa-se a regra de transição prevista no art. 142 da Lei
8.213/91.
Renda
100% do salário-de-benefício
mensal
I – Para os segurados empregado e empregado doméstico:
a) A partir da data do desligamento do emprego, quando requerido no
prazo de 90 dias, contados da data do desligamento; ou
Início do
b) A partir da data do requerimento, quando não houver
benefício
desligamento do emprego ou quando for requerida depois de 90 dias,
contados da data do desligamento;
II - para os demais segurados, da data da entrada do requerimento.
Cessação do
Somente com a morte do segurado.
benefício

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Aposentadoria Especial
Exposição contínua e habitual a agentes nocivos físicos, químicos ou
Fato gerador biológicos, prejudiciais à saúde ou à integridade física, durante 15,
20 ou 25 anos.
Segurados empregado e trabalhador avulso.
O cooperado, filiado a cooperativa de trabalho ou de produção,
Beneficiários
embora seja contribuinte individual, também tem direito ao
benefício.
Em regra, 180 contribuições mensais. Para os segurados inscritos
Carência até 24/07/91, observa-se a regra de transição prevista no art. 142
da Lei 8.213/91.
Renda
100% do salário-de-benefício.
mensal
I – Para o segurado empregado:
a) A partir da data do desligamento do emprego, quando requerido
no prazo de 90 dias, contados da data do desligamento; ou
Início do b) A partir da data do requerimento, quando não houver
benefício desligamento do emprego ou quando for requerida depois de 90
dias, contados da data do desligamento;
II - para o trabalhador avulso e o cooperado filiado a cooperativa de
trabalho ou de produção: a partir da data do requerimento.
Em regra, com a morte do segurado. Mas também cessará se o
Cessação do
segurado retornar a atividade que o sujeite aos agentes nocivos,
benefício
que prejudiquem sua saúde ou integridade física.

Auxílio-doença
Incapacidade temporária para o trabalho ou para a atividade
Fato gerador
habitual por mais de 15 dias consecutivos.
Beneficiários Todos os segurados
Em regra, 12 contribuições mensais. Todavia, quando a
Carência incapacidade for decorrente de acidente ou de alguma doença
especificada em lista do MPS, não será exigida a carência.
Renda
91% do salário-de-benefício.
mensal
I - Quando requerido até o 30º dia do afastamento da atividade:
a) para o segurado empregado: a contar do 16º dia do
afastamento da atividade;
Início do b) para os demais segurados: a contar da data do início da
benefício incapacidade.
II - quando requerido após o 30º dia do afastamento da atividade:
a contar da data de entrada do requerimento, para todos os
segurados.
(a) Recuperação da capacidade; (b) transformação em
Cessação do aposentadoria por invalidez; (c) transformação em auxílio-
benefício acidente; (d) transformação em aposentadoria por idade; ou (e)
morte do segurado.

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Auxílio-acidente
Seqüela decorrente de acidente de qualquer natureza que implique
Fato gerador na redução da capacidade para o trabalho que o segurado
habitualmente exercia.
Beneficiários Empregado, trabalhador avulso e segurado especial.
Carência Não é exigida.
Renda 50% do salário-de-benefício que deu origem ao auxílio-doença.
mensal Pode ser inferior a um salário mínimo.
Início do
A partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença.
benefício
a) Aposentadoria do segurado;
Cessação do
b) Morte do segurado; ou
benefício
c) Emissão da certidão de tempo de contribuição.

Quadro Resumo – Salário-família


Ser segurado de baixa renda (SC de até R$710,08); e
Fato gerador
Ter filho (ou equiparado) até 14 anos de idade ou inválido.
a) Segurado empregado e trabalhador avulso;
b) Aposentado por invalidez ou por idade; e
Beneficiários
c) Demais aposentados a partir dos 65 anos de idade, se homem,
ou 60 anos de idade, se mulher.
Carência Não é exigida.
Uma cota em relação a cada filho (ou equiparado) até 14 anos de
idade ou inválido. O valor da cota é de:
Renda I - R$24,23, para o segurado com remuneração mensal não
mensal superior a R$472,43; e
II - R$17,07, para o segurado com remuneração mensal superior a
R$472,43 e igual ou inferior a R$710,08.
Será pago mensalmente:
a) Pela empresa – ao empregado em atividade;
Pagamento b) Pelo sindicato ou OGMO – ao trabalhador avulso em atividade;
c) Pelo INSS – ao segurado que tenha direito ao salário-família e
esteja em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria.
A partir da data da apresentação da certidão de nascimento do filho
ou da documentação relativa ao equiparado, estando condicionado
Início do
à apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória, até 6
benefício
anos de idade, e de comprovação semestral de freqüência à escola
do filho ou equiparado, a partir dos 7 anos de idade.
(a) por morte do filho ou equiparado, a contar do mês seguinte ao
do óbito; (b) quando o filho ou equiparado completar 14 anos de
idade, salvo se inválido, a contar do mês seguinte ao da data do
Cessação do
aniversário; (c) pela recuperação da capacidade do filho ou
benefício
equiparado inválido, a contar do mês seguinte ao da cessação da
incapacidade; (d) pelo desemprego do segurado; ou (e) pela morte
do segurado.

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Salário-maternidade
a) Parto;
b) Aborto não-criminoso; ou
Fato gerador
c) Adoção ou guarda judicial para fins de adoção de criança de até
8 anos de idade.
Beneficiárias Todas as seguradas.
a) Contribuinte individual e facultativa: 10 contribuições mensais;
b) Segurada especial: exercício de atividade rural nos últimos 10
meses anteriores à data do parto ou do requerimento do benefício,
Carência quando requerido antes do parto, mesmo que de forma
descontínua;
c) Empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica:
independe de carência.
a) Empregada e trabalhadora avulsa: remuneração integral,
limitada ao subsídio dos Ministros do STF;
b) Empregada doméstica: seu último salário-de-contribuição;
Renda
c) Segurada especial: um salário mínimo;
mensal
d) Contribuinte individual e facultativa: 1/12 da soma dos 12
últimos salários-de-contribuição, apurados em período não superior
a 15 meses.
a) Será pago pela empresa à segurada empregada;
b) Para as demais seguradas, será pago diretamente pela
Pagamento previdência social.
c) No caso de adoção de criança, será pago diretamente pela
previdência social, mesmo que a adotante seja empregada.
I – Em caso de parto: 120 dias (com início 28 dias antes e término
91 dias depois do parto). Em casos excepcionais, os períodos de
repouso anterior e posterior ao parto podem ser aumentados de
mais duas semanas, mediante atestado médico específico.
Período de
II - Em caso de aborto não-criminoso: duas semanas.
duração
III - Em caso de adoção ou guarda judicial para fins de adoção:
a) se a criança tiver até 1 ano completo: 120 dias;
b) a partir de 1 ano até 4 anos completos:60 dias;
c) a partir de 4 anos até completar 8 anos: 30 dias.
a) Após o decurso do prazo legal (período de duração);
b) Pelo óbito da segurada;
Cessação do
c) Para a segurada empregada, pela dispensa sem justa causa
benefício
durante o período de estabilidade, ou pela dispensa por justa causa
ou a pedido após a gestação (RPS, art. 97).

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Pensão por morte


a) Morte do segurado.
b) Sentença declaratória de ausência, expedida por autoridade
judiciária;
Fato gerador
c) Desaparecimento do segurado por motivo de catástrofe,
acidente ou desastre, mediante apresentação de prova hábil. Neste
caso, é dispensada a decisão judicial.
Os dependentes do segurado falecido (respeitada a ordem das
Beneficiários
classes).
Carência Não é exigida.
100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou
Renda
daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez
mensal
na data de seu falecimento.
I – Regra Geral:
a) Data do óbito, quando requerida até 30 dias depois deste;
b) Data do requerimento, quando requerida após os 30 dias.
Início do II – Nos casos de morte presumida:
benefício a) Data da sentença declaratória de ausência, expedida por
autoridade judiciária; ou
b) Data da ocorrência do desaparecimento do segurado por motivo
de catástrofe, acidente ou desastre, mediante prova hábil.
a) pela morte do pensionista;
b) para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, ao completar
21 anos, salvo se for inválido, ou pela emancipação, ainda que
Cessação do
inválido, exceto, neste caso, se a emancipação for decorrente de
pagamento
colação de grau científico em curso de ensino superior;
da cota
c) para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez,
individual
verificada em exame médico-pericial a cargo da previdência social;
d) pela adoção, para o filho adotado que receba pensão por morte
dos pais biológicos.
a) Com a extinção da cota do último pensionista, a pensão por
Cessação do morte será encerrada;
benefício b) No caso de morte presumida, verificado o reaparecimento do
segurado, o pagamento da pensão cessa imediatamente.

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Auxílio-reclusão
Recolhimento à prisão do segurado de baixa renda (SC de até
R$710,08) que não receber remuneração da empresa nem estiver
Fato gerador
em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de
permanência em serviço.
Os dependentes do segurado recolhido à prisão (respeitada a
Beneficiários
ordem das classes).
Carência Não é exigida.
100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou
Renda
daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez
mensal
na data em que foi recolhido à prisão.
Início do Data do efetivo recolhimento do segurado à prisão, se requerido
benefício até 30 dias depois desta, ou na data do requerimento, se posterior.
Período de O auxílio-reclusão será mantido enquanto o segurado permanecer
duração detento ou recluso.
No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura
Suspensão
do segurado, será restabelecido a contar da data em que esta
do benefício
ocorrer, desde que esteja ainda mantida a qualidade de segurado.
a) pela morte do dependente;
b) para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, ao completar
Cessação do
21 anos, salvo se for inválido, ou pela emancipação, ainda que
pagamento
inválido, exceto, neste caso, se a emancipação for decorrente de
da cota
colação de grau científico em curso de ensino superior;
individual
c) para o dependente inválido, pela cessação da invalidez,
verificada em exame médico-pericial a cargo da previdência social.
a) Na data do livramento do segurado;
b) Na data do falecimento do segurado;
Cessação do
c) Se o segurado passar a receber aposentadoria; ou
benefício
d) Se o segurado passar a cumprir pena em regime aberto,
trabalhando para determinada empresa com vínculo trabalhista.

2.1. ABONO ANUAL

Será devido abono anual ao segurado e ao dependente que, durante o ano, recebeu
auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria, salário-maternidade, pensão por morte ou
auxílio-reclusão (RPS, art. 120).
Como fica evidente, o único benefício previdenciário que não dá origem ao abono anual
é o salário-família.

2.1.1. FORMA DE CÁLCULO

O abono anual corresponde ao valor da renda mensal do benefício no mês de dezembro


ou no mês da alta ou da cessação do benefício (IN 11/2006, art. 301).
O recebimento de benefício por período inferior a doze meses, dentro do mesmo ano,
determina o cálculo do abono anual de forma proporcional.
O período igual ou superior a quinze dias, dentro do mês, será considerado como mês
integral para efeito de cálculo do abono anual.
O valor do abono anual correspondente ao período de duração do salário-maternidade será
pago, em cada exercício, juntamente com a última parcela do benefício (RPS, art. 102, § 2º).

2.1.2. QUANDO É PAGO


O abono anual é pago:
a) No mês de Dezembro; ou
b) No mês de cessação do benefício (por exemplo: alta do auxílio-doença, término da
licença-maternidade), juntamente com a última parcela.

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3. SERVIÇOS DO RGPS
Serviços são prestações previdenciárias de natureza imaterial postas à disposição dos
segurados e dos dependentes do RGPS.7

3.1. HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL


A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário
incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os
meios para a (re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para participar do
mercado de trabalho e do contexto em que vive (Lei 8.213/91, art. 89).

3.1.1. BENEFICIÁRIOS
Cabe ao INSS promover a prestação deste serviço aos segurados, inclusive
aposentados, e, de acordo com as possibilidades administrativas, técnicas, financeiras e as
condições locais do órgão, aos seus dependentes, preferencialmente mediante a contratação de
serviços especializados (RPS, art. 136, § 1º).

3.1.2. CARÊNCIA
A concessão de habilitação e de reabilitação profissional independe de carência (Lei
8.213/91, art. 26, V).

3.1.3. OBRIGAÇÃO DAS EMPRESAS


De acordo com o disposto no art. 93 da Lei 8.213/91, a empresa com 100 ou mais
empregados está obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários
reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
I - até 200 empregados, dois por cento;
II - de 201 a 500 empregados, três por cento;
III - de 501 a 1.000 empregados, quatro por cento; ou
IV - mais de 1.000 empregados, cinco por cento.
A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo
determinado de mais de 90 dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer
após a contratação de substituto de condição semelhante (Lei 8.213/91, art. 93, § 1º).

3.2. SERVIÇO SOCIAL


Compete ao serviço social esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os
meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos
problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da
instituição como na dinâmica da sociedade (Lei 8.213/91, art. 88).
O serviço social constitui atividade auxiliar do seguro social e visa prestar ao
beneficiário orientação e apoio no que concerne à solução dos problemas pessoais e familiares
e à melhoria da sua inter-relação com a previdência social, para a solução de questões
referentes a benefícios, bem como, quando necessário, à obtenção de outros recursos sociais
da comunidade (RPS, art. 161).

3.2.1. BENEFICIÁRIOS
São beneficiários todos os segurados e seus dependentes.

3.2.2. PRIORIDADE NO ATENDIMENTO


Será dada prioridade aos segurados em benefício por incapacidade temporária e
atenção especial aos aposentados e pensionistas (Lei 8.213/91, art. 88, § 1º).

3.2.2. CARÊNCIA
A concessão deste serviço independe de carência (Lei 8.213/91, art. 26, IV).

7 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Op. cit., p. 598.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIVRO AUTOR EDITORA


Manual de Direito Previdenciário, 2ª edição Hugo Medeiros de Goes Ferreira
Resumo de Direito Previdenciário Hugo Medeiros de Goes Ferreira
Direito Previdenciário CESPE/UnB Hugo Medeiros de Goes Ferreira
Direito Previdenciário ESAF, 2ª edição Hugo Medeiros de Goes Ferreira
Curso de Direito Previdenciário Fábio Zambitte Ibrahim Impetus
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