Para montar esta obra de 151 páginas a autora reuniu textos resultantes de palestras
proferidas nos principais congressos educacionais realizados no Brasil, nos últimos
anos. Estes textos foram organizados em nove capítulos seguindo uma lógica e
mantendo o seu foco narrativo que é descrever as influências das tecnologias no ensino
presencial e a distância.
Kenski inicia sua obra fazendo uma análise do termo Tecnologia e como a sociedade
vem se adaptando às transformações proporcionadas pelas tecnologias ao longo dos
tempos. Dando continuidade a sua reflexão sobre as alterações no espaço e tempo
trazido pelas tecnologias a autora caminha para a tais influências nas formas de ensinar
e aprender.
Para melhor compreender a atual conjuntura das formas de ensinar e aprender, Kenski
traz um capítulo comentando sobre as mudanças que se fazem necessárias nas
instituições de ensino e no trabalho docente. Dentre tais mudanças ela aponta: a
melhoria na infraestrutura tecnológica, mudança na forma de pensar a educação que
deveria passar pela formação adequada dos professores para atuarem nesta nova lógica
pedagógica que exige do profissional da educação habilidades docentes específicas para
o trabalho com as novas tecnologias e por fim a mudança no que diz respeito a gestão
destas instituições não ficando apenas restrito aos aspectos administrativos e sim uma
gestão que contemple essa nova lógica educacional.
A atuação do docente é o tema de um dos capítulos desta obra onde a autora retoma a
fala sobre as influências das tecnologias na educação ressaltando que esta perspectiva de
educação tecnológica exige a superação de alguns desafios tais como: reestruturação das
teorias educacionais, da percepção e da ação educativa a fim de perceber que a
possibilidade do desenvolvimento de redes de aprendizagem criou a internacionalização
da educação. Para que o professor esteja articulado com este momento da educação é
necessário que ele perceba a sua atualização permanente como condição fundamental
para sua prática docente.
Nesta obra Kenski dedica três capítulos para tratar da nova lógica do ensino e da
aprendizagem na sociedade da informação. Analisando as novas conjunturas na
sociedade e como a velocidade com que as informações são compartilhadas, múltiplas
formas de comunicação entre as pessoas trazem uma mudança para os paradigmas da
educação tradicional onde a concepção da educação como compulsória e massiva não
satisfazem mais. A nova lógica da educação traz o professor para o meio do grupo de
alunos onde ele passa a ser mais um na equipe de trabalho que irá lançar os desafios e
servirá como o mediador da aprendizagem com diversas possibilidades de interação
conectadas em rede através de comunidades que tenham um objetivo em comum tendo
como característica a cooperação e colaboração para o desenvolvimento pleno da
aprendizagem. Kenski reflete sobre a aprendizagem tradicional e a aprendizagem
colaborativa e monta um quadro sinótico com as características de cada um.
Para finalizar sua obra a autora traz nas considerações finais uma análise sobre o papel
do professor e o papel do aluno nesta nova conjuntura da educação. Para Kenski
professor, aluno e tutor não podem ser definidos como papéis isolados e estratificados
hierarquicamente, pois a possibilidade de permanente diálogo e de colaboração de todos
com todos através das tecnologias de informação e comunicação traz uma nova forma
de tratar tais atores do sistema educacional para a autora o maior desafio desta nova
lógica educacional seria fazer com que estes atores educacionais repensassem e
transformassem as suas práticas no ambiente educacional.
Neste livro a autora traz com uma linguagem de fácil compreensão e usando exemplos
do cotidiano através de suas vivências uma análise das transformações trazidas pelos
avanços das tecnologias nas formas de ensinar e de aprender. Concordo com alguns
desafios apontados pela autora como fatores fundamentais para fazer uma educação de
qualidade para todos que corresponda às necessidades da sociedade na atualidade dentre
tais pontos destacaria a formação docente.
A formação docente sem dúvida pode não ser o único desafio, mas é sobremaneira o
mais relevante quando pensamos na inclusão das tecnologias na educação. Não se trata
apenas ensinar o professor a usar os recursos e aparatos tecnológicos disponibilizados
pelas instituições de ensino, é necessário que o professor repense o seu papel de docente
e comece a perceber que a função de professor detentor do saber não cabe mais na nova
lógica da educação. Talvez cursos de preparação com leituras e novas práticas
possibilitem esta mudança, mas ainda penso que estamos engatinhando para um dia,
quem sabe, possamos ter uma nova educação que considere o aluno como produtor de
conhecimento lembra-me da fala do professor André Lemos quando comenta que
estamos vivendo na sociedade da escrita e que nunca produzimos tantos escritos quanto
hoje, desta forma, cabe a nós, professores nos apropriarmos das tecnologias e
auxiliarmos nossos alunos para que eles possam transformar tantas informações em
conhecimento.
Esta resenha foi elaborada por Lívia Oliveira Villas Bôas, aluna do curso de Pós
Graduação em Tecnologias e Novas Educações na Universidade Federal da Bahia.