Bi blioGi
Duas datas, dois poemas
Liberdade
Pai, a Minha Sombra és Tu
O poema é
a cadeira está vazia, um corpo ausente
A liberdade
não aquece a madeira que lhe dá forma
Um poema não se programa
e não ouço o recado que me quiseste dar Porém a disciplina
nem a tua voz forte que grita meninos — Sílaba por sílaba —
na hora de acordar O acompanha
ouço o teu abraço, no corredor em gaia
Sílaba por sílaba
e os olhos molhados pela inusitada despedida
O poema emerge
— Como se os deuses o dessem
o sol foge
O fazemos
mas o crepúsculo desenha a sombra que
tenho colada aos pés Sophia de Mello Breyner Andresen
ou o espelho, coberto com a tua face
Sobre um Poema
pai, digo-te
Um poema cresce inseguramente
a minha sombra és tu
na confusão da carne,