Aliás, a desconsideração da
personalidade jurídica, nos casos em que a mesma é utilizada para a prática
de ilegalidades ou fraudes, já de há muito, mesmo antes do advento do
Código de Defesa do Consumidor, era aceita pela doutrina. 1
O pedido de desconsideração da
personalidade jurídica, por óbvio, só terá cabimento quando se intentar
atingir bens de pessoas que integram os quadros da suposta “Cooperativa”.
1
Veja in “ Curso de Direito Comercial”, de RUBENS REQUIÃO, Saraiva, 1981, a Doutrina do
Superamento da Personalidade Jurídica (Disregard of Legal Entity), pag 267/269.
integram a pretensa “Cooperativa”, podendo e devendo responder
diretamente pelos atos praticados.
Em se tratando de atividade de
incorporação imobiliária travestida de Cooperativa Habitacional, a oferta, a
publicidade e/ou o contrato procurarão induzir o consumidor a acreditar
que está ingressando para uma associação, o que não corresponde à
verdade, podendo em tese se caracterizar as outras espécies penais
tipificadas no art.65 da Lei nº 4591/64, mais especificamente o crime de
afirmação falsa sobre a alienação das frações ideais do terreno ou
sobre a construção das edificações (art.65, “caput”, e parágrafo 1º, inciso
I, da Lei 4591/64), ou ainda, dependendo das circunstâncias do caso
concreto, e subsidiariamente aos delitos mais graves ora citados, os crimes
de oferta ou publicidade enganosas tipificados nos artigos 66 e 67 do
Código de Defesa do Consumidor.