fevereiro de 1992, no Teatro Municipal de São Paulo, com a participação de artistas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Durante toda semana o saguão do teatro esteve aberto ao público. Nele se encontrava uma exposição de artes plásticas com obras de Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita, Di Cavalcante, Harberg, Brecheret, Ferrignac e Antonio Moya. Nas noites de 13, 15 e 17 realizaram-se saraus com apresentação de conferências, leituras de poemas, dança e música. A primeira noite foi aberta com uma conferência de Graça Aranha intitulada ‘A emoção estética na arte moderna’, na qual o escritor pré-modernista, em linguagem tradicional e acadêmica, manifesta seu apoio à arte moderna.Seguiram- se à conferência declamação de poemas, por Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho, e execução de músicas de Ernani Braga e Villa-Lobos. Contrastando com o comportamento da platéia na primeira noite, a segunda foi a mais importante e a mais tumultuada das três noites da Semana. Foi aberta por Menotti del Picchia, com uma conferência em que era negada a filiação do grupo modernista ao futurismo deMarinetti, mas defendia a integração da poesia com os tempos modernos, a liberdade de criação e, ao mesmo tempo, a criação de uma arte genuinamente brasileira.
A importância da Semana
A Semana de Arte Moderna, vista isoladamente, não
deveria merecer tanta atenção. Os jornais da época, por exemplo, não lhe dedicaram mais do que algumas poucas colunas, e a opinião pública ficou distante. Seus participantes não tinham sequer um projeto artístico comum; unia-os apenas o sentimento de liberdade de criação e o desejo de romper com a cultura tradicional. Foi, portanto, um acontecimento bastante restrito aos meios artísticos, principalmente de São Paulo. Apesar disso, a Semana foi ganhando uma enorme importância histórica. Primeiramente porque representou a confluência das várias tendências de renovação que vinham ocorrendo na arte e na cultura brasileira antes de 1922, cujo objetivo era combater a arte tradicional. Em segundo lugar, a Semana conseguiu chamar a atenção dos meios artísticos de todo o país e, ao mesmo tempo, aproximar os artistas com idéias modernistas, que até então se encontravam dispersos. A partir daí, formaram-se grupos de artistas e intelectuais, que fundaram revistas de arte e literatura, publicaram manifestos, enfim levaram adiante e aprofundaram o debate acerca da arte moderna. Além disso, ao aproximar artistas de diferentes campos- escritores, poetas, pintores, escultores, arquitetos, músicos e bailarinos-, permitiu a troca de idéias e de técnicas, o que ampliaria os diversos ramos artísticos e os atualizaria em relação ao que se fazia na Europa. Os reflexos da Semana fizeram-se sentir em todo decorrer dos anos 20, atravessaram os anos 30 e, de alguma forma, estão relacionados com a arte que se faz hoje.