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A grana da destruição em massa

Alceu A. Sperança

Repentinamente, vem à
lembrança aquele velhinho louco
no centro de Curitiba, dezembro
de 1999, anunciando o
Apocalipse para a semana
seguinte.

Ele já morreu há muitas e muitas semanas. Cavou na droga o


Armagedom pessoal que propagava para a humanidade.
Pode-se imaginar o que ele diria se estivesse aqui e agora, vendo o
horror em que está metida a economia mundial, a desgraça causada
pelo descuido com o meio ambiente e a falta de respeito das grandes
corporações com os seres humanos.
Não faltarão novos malucos para trombetear as ameaças
trovejantes de sempre e assustar as crianças, mas é espantosamente
apocalíptico o buraco a que nos levou o apego excessivo ao
dinheiro, o vil metal agora plastificado.
Como dinheiro é o assunto mais presente em toda hora e lugar, já
deveríamos ter aprendido como lidar com ele, mas o que se vê é uma
ignorância só.
Há um enorme endividamento no País, um tsunami de quase dois
trilhões de reais. E 85% dos cidadãos, mesmo os que têm onde cair
mortos, confessam dificuldades para pagar as contas em dia.
Marx, com aquela mania de explicar tudo, decompunha o dinheiro
vivo em várias partes. Uma, o valor mais imaginário que real com
que os governantes enchem a boca para falar em bilhões. Depois, o
dinheiro do preço nas etiquetas dos produtos. Quase por fim, porque
há também o dinheiro morto, os caraminguás socados no fundo do
nosso bolso.
Parecem a mesma coisa e, entretanto, diferem muito. Para o
governo, pouco se lhe dá se o bilhão não se completar (daí a
execução pífia do orçamento), mas para pagar o pão e o leite de cada
dia a nossa conta tem que fechar.
Há gente que não sabe distinguir dinheiro vivo de dinheiro morto
e faz uma enorme confusão entre dinheiro e capital.
Não percebe a diferença entre gostar de gastar dinheiro, que é
coisa de trabalhador, e capitalismo, que é o contrário de gastar
dinheiro para a satisfação de necessidades e desejos naturais: é
gostar da acumulação.
Trabalhador ao receber o salário, aliás, garante que nesse dia não
haverá puta pobre.
No caso da acumulação, a esposa de Ló vira sal, não salário: o
dinheiro que não circula, sempre segundo vovô, “petrifica-se em
tesouro”, vira pedra.
Os filmes de piratas mostram esqueletos guardando tesouros que
jamais vão aproveitar. Vão deixar pobres as putas e perderão boas
peças de teatro.
A desgraça financeira do mundo é comandada pelos piratas norte-
americanos que estiveram ao lado de Bush e agora assessoram
Obama até o mundo acabar em pedra e esqueletos.
É o que se vê no filme arrasador The Inside Job (“O Gol Contra”,
numa tradução libérrima). Esse “trabalho interno” é de destruição
em massa na própria casa. Os EUA.
O filme de Charles Ferguson vale tanto pelas impagáveis
gaguejadas dos piratas que fizeram as maracutaias denunciadas, gols
contra o patrimônio da Pátria, quanto pelo silêncio das figuras
horrendas que se recusaram a falar. Seu fracasso grita por si só.
A narrativa de Matt Damon faz imediatamente pensar nas
estripulias da série Bourne, mas aquelas são ficcionais e as
malandragens financeiras dos piratas são assustadoramente reais.
Vovô estava realmente certo quanto ao dinheiro: ele nunca é o
mesmo, dependendo do ângulo que se olha.
Quando é o trabalhador que faz dinheiro, ele paga contas. Quando
é o governo que faz dinheiro, emitindo papel moeda e cobrando
impostos, aumenta a inflação, dispara a dívida e esvazia nosso bolso.

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